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Veganismo e Vegetarianismo: nova onda

A alimentação brasileira está mudando. Abrindo espaço para os legumes e


hortaliças, até os pratos tradicionais nas nossas mesas (como a feijoada, o baião de dois e
até o churrasco) têm encontrado suas versões vegetarianas e veganas. Segundo o IBOPE,
em 2018 cerca de 30 milhões de pessoas se intitulam vegetarianas. Em 2012, esse número
era metade do que é hoje. Além disso, entre 4% e 7% das população tem se adaptado a um
estilo de vida totalmente vegano.
Nesse ano, o jornal americano The New York Times destacou a mudança alimentar
no país que é o maior exportador de carne bovina do mundo. A reportagem também aponta
como empresas, restaurantes e mercados já têm se adaptado para os novos hábitos e
lucrado com alimentos à base de plantas, soja e outras variedades.
Mesmo com o aumento desses números, grande parte dessas novas dietas se dá
nas grandes capitais e entre pessoas com maior grau de instrução. Quando vamos a
regiões mais pobres e periféricas, vemos que muitos ainda não conhecem essa nova onda,
e não sabem quais são as restrições. No Ano Internacional das Frutas e dos Vegetais,
decidimos explicar o que são essas dietas que se baseiam nesses produtos de origem
vegetal, os tais veganismo e vegetarianismo.

Mas afinal, o que é o vegetarianismo e o veganismo?

O vegetarianismo, apesar de sua recente popularização, é antigo entre nós. No


Egito, cerca de 3.200 a.C, grupos religiosos adotavam uma dieta sem carne acreditando
que ajudaria na purificação da alma e na reencarnação. Já em 500 a.C, Pitágoras defendia
que uma dieta vegetariana era necessária para a existência pacífica entre seres humanos e
os outros animais, e que o abate de animais embrutecia a alma das pessoas.
Apesar de ter vários relatos na história, o termo “vegetariano” só surge e começa a
ser popularizado em meados de 1800, quando surge a primeira Sociedade Vegetariana, na
Inglaterra. Desde 2003, temos também a Sociedade Vegetariana Brasileira.
Já o veganismo tem uma história bem mais curta. É só no século XX que começa a
surgir o movimento vegano, com a criação da Sociedade Vegana em 1944. Segundo eles:

“O veganismo é uma forma de viver que busca excluir, na medida do possível e do


praticável, todas as formas de exploração e de crueldade com animais, seja para
alimentação, vestuário ou qualquer outra finalidade (...) é uma dieta baseada em vegetais,
evitando todos os alimentos de origem animal, como: carne, laticínios, ovos e mel, bem
como produtos como o couro e qualquer produto testado em animais.”
Hoje em dia há várias formas de adotar essa dieta. Abaixo, uma pequena tabela que explica
o que significa todos esses novos termos que têm surgido:

Pessoas que não consomem carne, mas


ainda fazem uso de derivados, como leite,
Ovolactovegetariano ovo e mel.
Pessoas que além de não consumir
nenhum tipo de carne, não utiliza nenhum
Vegetariano estrito derivado animal.
É considerado não só uma dieta, mas um
estilo de vida. Além da dieta vegetariana,
não consome nada que já tenha passado
Vegano por exploração animal, como produtos
testados em animais, roupas de couro e lã,
e até certos vinhos.

Ok, entendi! Mas por que as pessoas têm virado vegetarianas?

Saúde

Uma das grandes razões entre os vegetarianos é a preocupação com a saúde.


Vários estudos apontam os malefícios que o consumo exagerado de carne pode trazer.
Especialistas garantem que, para pessoas que comem carne, o consumo não deve passar
de 75 g por dia, número que é extrapolado por cerca de 80% dos brasileiros. O alto
consumo de carne é associado ao maior risco de câncer, além de problemas
cardiovasculares, diabetes e obesidade. O cuidado deve ser redobrado com carnes
vermelhas (notícia triste pros adoradores de picanha) e triplicado com os embutidos, como o
presunto e o bacon.
“Mas o nosso corpo precisa de proteínas!”. Verdade! Mas você sabia que os
alimentos de origem vegetal já tem quantidade suficiente de proteína para uma alimentação
saudável? O consumo exagerado desse nutriente pode inclusive gerar problemas para os
rins e para o fígado.
Oleaginosas, cereais, verduras e leguminosas são ótimas fontes de proteínas. O
grão-de-bico, por exemplo, tem a mesma quantidade de proteína que a carne de vaca. Além
disso, a tradicional dieta brasileira já garante uma quantidade de nutrientes muito boa para
nós. Porém é preciso, não só para os vegetarianos mas para todos que buscam uma dieta
equilibrada, que se combine alimentos de diferentes grupos alimentares. O arroz e o feijão,
por exemplo, adicionados à uma saladinha, são uma ótima mistura para uma alimentação
saudável.

Religião

Muitas pessoas também diminuem o consumo animal por razões ligadas à espiritualidade.
Acredita-se que o consumo de carne nos torna impuros, pensamento muito associado à
crueldade animal que acontece no abatimento. É importante lembrar que em grandes
indústrias essa crueldade não acontece apenas no momento da morte, mas em toda a vida
do animal, que vive em condições extremas de precariedade.
Entretanto, mesmo as religiões que sugerem o vegetarianismo diferem nos motivos. A igreja
adventista, por exemplo, adota a dieta pela preocupação com a saúde. Já no Jainismo, o
princípio de não violência é o que motiva a mudança alimentar. Os rastafáris, por outro lado,
não restringem totalmente o consumo da carne, mas buscam uma alimentação baseada em
ervas e alimentos puros, evitando o cozimento e os conservantes.

Preocupação ambiental

Outra grande motivação está relacionada à preocupação ecológica. As grandes


queimadas, que como vimos no último ano tem crescido de forma jamais vista, tem grande
relação com a atividade pecuária. Cerca de 80% do desmatamento da Amazônia tem esse
objetivo. Esse desmatamento traz diversos problemas para o meio ambiente. Em primeiro
lugar, a queimada que serve para dar lugar ao pasto torna o solo extremamente pobre em
nutrientes, tirando a maior parte da biodiversidade que ali existia e impossibilitando que a
fauna e a flora possam voltar a habitar ali, favorecendo à extinção de determinadas
espécies. Esse processo pode ser tão agressivo a ponto de não conseguir servir nem ao
próprio gado, tornando esses espaços grandes desertos.
Além disso, a produção de gado é responsável pelo maior consumo de água. Em
2017, a agropecuária chegou a ser responsável por assustadores 97,4% do consumo total
de água, segundo o IBGE.

Como faço para adotar uma dieta vegetariana ou vegana?


Apesar dos benefícios, é importante lembrar a necessidade de sempre ter um
acompanhamento nutricional. Em dietas veganas é preciso ficar de olho principalmente nas
taxas de vitamina B12 e ômega 3, escassas em alimentos de origem vegetal, e se
necessário fazer uso de suplementos vitamínicos. Porém, com esse mercado cada vez
maior, a tendência é que os mercados e as indústrias se adaptem à essa realidade, e será
cada vez mais fácil encontrar alimentos veganos que sejam suficientes (e gostosos) para
uma alimentação completa.
As receitas são várias! Há um mundo de possibilidades para experimentar, podendo criar
novas receitas, como o hambúrguer de grão de bico, ou fazendo pratos já tradicionais,
como o guacamole. A seguir, algumas receitas para quem quer experimentar:

Referências (não finalizado)

Referências:

MAGALHÃES, Márcia Pimentel; DE OLIVEIRA, José Carlos. Veganismo: aspectos históricos.


Revista Scientiarum Historia, v. 2, p. 8-8, 2019.

Alimentação vegetariana - https://www.svb.org.br/livros/alimentacao-vegetariana.pdf

Le végétarisme en marche au Brésil - https://www.lepoint.fr/gastronomie/le-vegetarisme-en-


marche-au-bresil-03-01-2021-2407984_82.php#

Brazil Is Famous for Its Meat. But Vegetarianism Is Soaring. -


https://www.nytimes.com/2020/12/26/world/americas/brazil-vegetarian.html

Número de brasileiros com diabetes aumentou 31 nos últimos dois anos -


https://saude.abril.com.br/medicina/numero-de-brasileiros-com-diabetes-aumentou-31-nos-
ultimos-dois-anos/

Dados da pesquisa do IBGE mostram aumento de obesidade no Brasil -


https://www.uol.com.br/vivabem/colunas/sophie-deram/2020/10/28/dados-da-pesquisa-do-
ibge-mostram-aumento-de-obesidade-no-brasil.htm

O Vegetarianismo ao longo da história - https://www.avp.org.pt/o-vegetarianismo-ao-longo-


da-historia-da-humanidade/
Veganismo: aspectos históricos -
http://revistas.hcte.ufrj.br/index.php/RevistaSH/article/view/68

Defition of veganism -
https://www.vegansociety.com/go-vegan/definition-veganism

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27040312/

https://www.hcor.com.br/imprensa/noticias/excesso-de-proteina-pode-sobrecarregar-os-rins-
alerta-nefrologista-do-hcor/#:~:text=Entre%20as%20principais%20consequ%C3%AAncias
%20do,prote%C3%ADnas%20que%20se%20deve%20comer.

https://mercyforanimals.org.br/blog/como-as-religies-veem-o-consumo-de-carne-2/#:~:text=
%C3%89%20uma%20religi%C3%A3o%20que%20respeita%20todas%20as%20formas
%20de%20vida.&text=Os%20princ%C3%ADpios%20do%20hindu%C3%ADsmo
%20ensinam,por%20isso%20adotam%20o%20vegetarianismo.&text=Seus%20l
%C3%ADderes%20religiosos%20permanecem%20vegetarianos,de%20pureza%20e
%20consci%C3%AAncia%20espiritual.

https://www.svb.org.br/205-vegetarianismo/saude/artigos/17-vegetarianismo-e-conserva-
ambiental

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