Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
VEGANO
O guia completo do veganismo
1
Material organizado por: Tiago Henrique Rezende Fonseca.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Independente da forma de como este livro chegou até você, acredite, ele
poderá transformar a sua vida significativamente.
Cordialmente,
Tiago Henrique | Fevereiro de 2018.
2
SUMÁRIO
Página / Título
Capítulo 1
O essencial
INTRODUÇÃO
05 Veganismo
09 Especismo
11 Senciência
NUTRIÇÃO
14 Nutrientes
15 Proteínas
17 Cálcio
19 Ferro
21 Carboidratos
22 Fibras
24 Vitamina D
27 Vitamina B12
30 Sem glúten e vegano
32 Academia: antes e depois
RESPOSTAS
51 Sobre Jesus
68 Sobre plantas
76 Sobre religião
80 Sobre carnívoros
84 Cadeia alimentar
89 Lã, seda, vestuário
92 Fome e exploração
93 Sustentabilidade
98 Ser evoluído
99 Embates de socialização
MATERNIDADE
103 Gestação
106 Infância
111 Adolescência
3
CURIOSIDADES
115 Soja
127 Peso saudável
131 Animais de estimação
PARA ATIVISTAS
139 Pode conter traços
Capítulo 2
Minha trajetória no veganismo
ATIVISMO
143 Primeiros socorros
146 O mundo precisa mudar
Por amor a vida
147 Diplomas valem mais que o amor
148 Clipping
149 Entrevista
LETRAS DE MÚSICA
161 Spiritist vegan
162 Para o nosso futuro
163 Como nós
164 Todos à mesa
165 Deixa eles viverem
166 Eles estão
167 o seu amor
168 Abolição animal
169 Século XXI
LITERATURA
170 Comemorando assassinatos
171 Construindo
Eles não precisam morrer
172 Ir além é preciso
173 O mundo pelo qual vivo
Por favor me entenda
Incompreensão
A seguir
INTRODUÇÃO
4
Veganismo
Publicação original: Wikipedia.
Em 1997, três por cento da população americana anunciou não ter usado
nenhum produto de origem animal nos últimos dois anos. Em 2007, dois por
cento da população inglesa se declarou como veganos. O número de
restaurantes veganos está crescendo, de acordo com o Oxford Companion to
American Food and Drink (2007). Tem sido mostrado que pessoas em dietas
que incluem comidas de origem animal têm mais probabilidades de terem
doenças degenerativas, principalmente doenças cardiovasculares. A
Associação Dietética Americana (The American Dietetic Association) e os
Nutricionistas do Canadá (Dietitians of Canada) consideram a dieta vegetariana
apropriada para todos os estágios do ciclo de vida, embora eles ainda alertem
que uma dieta vegetariana mal planejada pode ser deficiente em vitamina B12,
ferro, vitamina D, cálcio, iodo, e ácidos graxos ômega 3.
Etimologia
O termo inglês vegan (pronuncia-se vígan) foi criado em 1944, numa reunião
organizada por Donald Watson (1910–2005) envolvendo 6 pessoas (após se
desfiliarem da The Vegetarian Society por diferenças ideológicas), onde ficou
decidido criar uma nova sociedade (The Vegan Society) e adotar um novo termo
para definir a si próprios.
Ideologia
Veganismo significa os princípios pelos quais o ser humano viva sem explorar
os animais. É a prática e busca ao fim do uso de animais para alimentação,
apropriação, trabalho, caça, vivissecção, confinamento e todos os outros usos
que envolvam exploração da vida animal.
5
Os veganos procuram abolir qualquer prática que explore animais, zelando pela
preservação da liberdade e integridade animal.
Também boicotam qualquer produto de origem animal (seja alimentar ou não),
além de produtos que tenham sido testados em animais ou que incluam qualquer
forma possível de exploração animal nos seus ingredientes. Ou seja, não utilizam
produtos de beleza, de higiene pessoal, de limpeza, etc. que não estejam isentos
de crueldade.
Alimentação
Veganos fazem uso da dieta vegetariana estrita, ou seja, excluem, da sua
alimentação, carnes e embutidos (enchidos), banha, vísceras, músculos,
gelatina, peles, cartilagens, laticínios, ovos e ovas, insetos, mel e derivados,
frutos do mar e quaisquer alimentos de origem animal. Consomem basicamente
cereais, frutas, legumes, vegetais, hortaliças, algas, cogumelos e qualquer
produto, inclusive industrializados, que não contenha ingredientes que
dependam de uso animal em sua produção.
6
Argumentos de Saúde
Pessoas que possuem dietas que incluem comidas de origem animal têm
mostrado ter maior probabilidade de ter doenças degenerativas, incluindo
doenças do coração. De acordo com o Guia de Nutrição para Americanos de
2010, um relatório emitido pelo Departamento de Agricultura Americano e o
Departamento de Saúde e Serviços Humanos Americano, uma dieta vegetariana
é associada com baixos níveis de obesidade e risco reduzido de doenças
cardiovasculares. De acordo com um estudo da European Prospective
Investigation into Cancer and Nutrition-Oxford, uma dieta vegetariana fornece
grandes quantidades de cereais, grãos, nozes, frutos e vegetais, e, assim sendo,
uma dieta rica em carboidratos, ômega 6, fibra dietética, carotenoides, ácido
fólico, vitamina C, vitamina E, e magnésio.
Dean Ornish é um dos médicos que recomendam uma dieta vegana de pouca
gorduras para prevenir e reverter certas doenças degenerativas. Os médicos
John A. McDougall, Caldwell Esselstyn, Neal D. Barnard, Dean Ornish, Michael
Greger e o bioquímico nutricional T. Colin Campbell argumentam que altas
gorduras animais e dietas de proteínas, como a dieta padrão americana, são
prejudiciais para a saúde, e que uma dieta vegetariana de baixa gordura pode
prevenir e reverter doenças degenerativas como a doença arterial coronariana e
a diabetes. Uma pesquisa de 2006 da Barnard descobriu que, em pessoas com
diabetes tipo 2, uma dieta vegetariana de baixas gorduras reduziu o peso, o
colesterol total e o colesterol LDL, e foi muito melhor do que a dieta prescrita pela
Associação Americana de Diabetes (American Diabetes Association).
7
que o baixo índice de proteção para veganos comparado com ovo-lacto-
vegetarianos está ligado com os altos níveis de homocisteína, que é causado
por insuficiência da vitamina B12, e acredita-se que veganos que consomem
níveis suficientes de vitamina B12 devem mostrar níveis de risco de doenças
isquêmicas do coração menores ainda do que ovo-lacto-vegetarianos. Nenhuma
diferença significativa de mortalidade por outras causas foi encontrado.
Entretenimento
Circos com animais, rodeios, vaquejadas, touradas, zoológicos ou qualquer
coisa que explore os animais de algum modo, também são boicotados pelos
veganos pois estas práticas implicam escravidão, posse, deslocamento do
animal de seu habitat natural, privação de seus costumes e comunidades,
adestramento forçoso e sofrimento. Veganos não caçam, não promovem
nenhum tipo de pesca, e boicotam qualquer “esporte” que envolva animais “não
humanos”.
Documentários
O número de adeptos tem crescido de forma gradual, com o auxílio de
documentários que denunciam o especismo e ensinam direitos animais.
8
Especismo
Publicação original: Wikipedia.
9
ORIGEM
O termo foi cunhado pelo psicólogo britânico Richard D. Ryder, quando o usou
pela primeira vez em um panfleto em 1970. Mais tarde foi largamente adotado
por autores de obras sobre direitos animais.
“Eu uso a palavra ‘especismo’,” explicou dois anos mais tarde, “para descrever
a discriminação habitual que é praticada pelo homem contra outras espécies (c)
Especismo e racismo ignoram ou subestimam as semelhanças entre o
discriminador e aqueles que são discriminados.”
O filósofo Peter Singer também recorreu ao conceito de especismo para
desenvolver os argumentos do seu célebre livro Liberação Animal, que
familiarizou um público muito mais vasto com esse termo.
Tipos de especismo
Existem basicamente dois tipos de especismo. O mais comum, o especismo
elitista é o preconceito para com todas as espécies que não a humana. Este tipo
de especismo tem ligação bastante próxima com o antropocentrismo muito
disseminado em culturas ocidentais.
Consequências do especismo
A consequência do especismo, segundo alguns teóricos, é a consideração dos
animais não-humanos como meras propriedades do homem, que pode dispor
deles a seu desejo, desde mantendo-os fechados em uma jaula até torturando-
os para satisfazer a curiosidade, ou privando-os de sua vida para satisfazer o
paladar, para vestir-se com sua peles ou por diversão. Isto vem sendo feito
legalmente desde, pelo menos, o Império Romano, que em seu direito
considerava os animais como propriedades com capacidade de mover-se, ainda
que seja algo que venha realizando-se desde muito antes, provavelmente desde
o desenvolvimento da capacidade moral.
10
Senciência
Publicação original: Wikipedia.
Senciência Animal
As sensações como a dor ou a agonia, ou as emoções, como o medo ou a
ansiedade, são estados subjetivos próximos do pensamento e estão presentes
na maior parte das espécies animais.
11
prudente, além de ser moralmente importante, assumir que todos os animais têm
algum grau — pelo menos, um grau mínimo — de senciência.
Tem-se descoberto cada vez mais que, seres que se pensava não serem
sencientes ou serem apenas basicamente sencientes, são mais complexamente
sencientes e mesmo mais inteligentes do que se podia imaginar. Tem vindo a
crescer cada vez mais o número de provas que sustentam a ideia de que as
capacidades cognitivas dos animais são muito maiores, mais complexas e
profundas do que tradicionalmente se tem acreditado.
Existem, porém, outros sinais exteriores que evidenciam que outras espécies de
animais experimentam o mundo de forma individual, como a existência de órgãos
sensoriais que evidenciam uma necessidade de interpretar imagens, sons ou
odores captados a partir dos respectivos sentidos. Esse conceito abrange não
apenas animais vertebrados, mas também animais invertebrados como os
insetos, moluscos e aracnídeos e, portanto, corresponde a todos os animais que
12
são tradicionalmente usados pelo ser humano. Por esta definição, apenas
esponjas seriam animais não sencientes.
Pode-se ainda usar o conceito como uma forma de definir todos os seres do
reino animal: é também provável que o conceito de senciência esteja vinculado
à própria condição de ser um animal — seres que se separam da sua fonte de
provimento ao nascer e precisam buscar o alimento por movimento próprio.
A seguir
NUTRIÇÃO
13
Nutrientes
Publicação original: Alimentação saudável
Macronutrientes
14
Micronutrientes
“Micro” significa pequeno, e é por isso que os micronutrientes são todos aqueles
que são necessários em quantidades mais pequenas. Estes incluem várias
vitaminas, divididas em solúveis em água ou solúveis em gordura, dependendo
do meio no qual se dissolvem, e também minerais que devem ser incluídos numa
alimentação saudável.
Proteínas
Publicação original: Veggi & Tal.
15
Diz-se que este “terrorismo” em relação à necessidade de proteínas teve como
base estudos realizados com animais, que induziram a erros para transposição
em seres humanos. Pesquisas mais recentes mostram claramente as diferenças
que ocorrem em seres humanos com relação aos animais, mas infelizmente
alguns profissionais ainda estão defasados em relação à este assunto.
Leguminosas, como feijão, grão de bico e ervilha; entre eles, destaca-se a soja
e derivados; Cereais integrais e derivados, como arroz, trigo, centeio, cevada;
As sementes oleaginosas, como amendoim, gergelim, castanha de caju e
girassol;
Cogumelos (que são fungos, e estão inclusos nas dietas vegetarianas e veganas)
possuem quantidade de proteína e nutrientes que podem ser comparadas às da
carne e do leite.
Leguminosas, como feijão, grão de bico e ervilha; entre eles, destaca-se a soja
e derivados; Cereais integrais e derivados, como arroz, trigo, centeio, cevada;
As sementes oleaginosas, como amendoim, gergelim, castanha de caju e
girassol; Frutas , verduras e legumes também possuem proteínas, como brócolis
e vegetais verde escuros, também há proteína no abacate, coco, batata, nas
algas (alga nori por exemplo) e cogumelos.
16
Cálcio
Alimentos vegetais ricos em cálcio.
Dr. George Guimarães, nutricionista especializado em dietas vegetarianas.
Janeiro de 2007 | www.nutriveg.com.br
A noção de que o leite e derivados são a melhor (se não a única) fonte de cálcio
é tão arraigada na nossa sociedade que a maioria das pessoas tem dificuldade
em aceitar a idéia de que é possível ter ossos saudáveis sem o consumo de
laticínios. Mas o fato é que o cálcio não é exclusividade do produto secretado
pelas glândulas mamárias dos animais mamíferos.
17
No que diz respeito à saúde óssea, as vantagens de se obter o cálcio dos
alimentos de origem vegetal não param por aí, pois uma dieta isenta de produtos
de origem animal (inclusive os laticínios) tem muitos outros aspectos que
favorecem a saúde dos ossos. Quando um nutriente tem efeito positivo na
retenção do cálcio no organismo, dizemos que o balanço de cálcio é positivo. O
inverso vale para o termo balanço negativo. Os fatores dietéticos que afetam
positivamente o balanço de cálcio são a vitamina K, o potássio, um pH sangüíneo
alcalino e, é claro, o próprio cálcio. Os fatores que afetam negativamente o
balanço de cálcio são o consumo excessivo de sódio, proteínas e vitamina A.
Uma dieta vegana é mais rica em vitamina K e potássio, enquanto ela é mais
pobre em sódio. Ela também é mais provavelmente abundante em alimentos
alcalinizantes ao mesmo tempo em que não excede com facilidade a quantidade
recomendada de proteínas. Além disso, a dieta vegana não excede na ingestão
de vitamina A. Na verdade, ela é isenta desta vitamina, fornecendo o beta-
caroteno, que é convertido pelo organismo em vitamina A (retinol) apenas na
quantidade necessária, evitando assim o seu excesso. Do ponto de vista
dietético, a eliminação dos produtos de origem animal, concomitante com o
aumento da ingestão de alimentos de origem vegetal, favorece em muito a saúde
óssea.
Vale notar que quando optamos por ingerir o cálcio a partir de fontes vegetais,
estamos optando por ingerir alimentos que são também boas fontes de ferro,
fibras e outros nutrientes importantíssimos e que não são encontrados nos
laticínios. Aqueles que ainda acreditam que o leite é um produto adequado à
alimentação de mamíferos adultos devem estudar mais a fundo os benefícios
resultantes da eliminação deste alimento do cardápio, inclusive e especialmente
no que diz respeito ao cálcio e outros fatores relacionados à boa saúde óssea.
18
damasco, uva-passa) e as castanhas e sementes (nozes, avelãs, amêndoas,
castanha-do-Pará, semente de girassol, gergelim, entre outras) são fontes
bastante concentradas deste mineral.
Fonte: www.bit.ly/fontesdecalcio
Ferro
Alimentos vegetais ricos em ferro.
Dr George Guimarães, nutricionista especializado em dietas vegetarianas
Fevereiro de 2008 | www.nutriveg.com.br
Se não for o mais recorrente de todos os mitos, o ferro certamente está entre os
mais frequentes quando o tema é a nutrição vegetariana. No entanto, a
incidência de anemia ferropriva (por deficiência de ferro) não é maior na
população vegetariana quando comparada à população onívora. Na verdade, ela
é a deficiência nutricional mais comum em todo o mundo — estima-se que 500
milhões de pessoas sejam anêmicas. As mulheres estão em maior risco e as
fases da vida de maior vulnerabilidade são: até os 4 anos de idade, durante a
adolescência, durante a vida reprodutiva da mulher e durante a gestação. Esses
grupos de risco precisam de atenção redobrada.
Por que é então que existe o mito com relação ao ferro na dieta vegetariana? De
fato, parte do ferro encontrado nos produtos de origem animal é mais bem
absorvido do que o ferro encontrado nos produtos de origem vegetal e de fato
algumas fontes animais de ferro são muitíssimo superiores quando comparadas
às fontes vegetais do mineral. Mas isto não significa que as fontes vegetais de
ferro não sejam suficientes para suprir a necessidade do organismo humano. O
fato de haver uma alternativa superior não faz da outra uma alternativa
insatisfatória. No caso do ferro, a alternativa vegetal é satisfatória, mas alguns
cuidados ajudam a garantir a ingestão e adequados. Esses cuidados
compreendem a seleção de boas fontes do mineral, a inclusão de alimentos que
melhoram a sua absorção e a exclusão de alimentos que a atrapalham.
Boas fontes vegetais de ferro são as leguminosas (com destaque para a lentilha,
o grão-de-bico, a soja e o tofu), as castanhas e sementes (com destaque para
as sementes de abóbora, de gergelim e a castanha de caju), os vegetais verde-
escuros (especialmente a couve), as frutas secas (damasco, ameixa e uva-
passa) e o melaço da cana-de-açúcar. Alguns cereais integrais também ajudam
a complementar a ingestão de ferro entre os vegetarianos. Todos esses
alimentos devem estar presentes em abundância na dieta vegetariana.
É notável que estes mesmos alimentos ricos em ferro sejam também boas fontes
de cálcio e muitos deles também de proteínas. Ou seja, uma dieta vegetariana
que esteja adequada em proteínas e em cálcio, estará necessariamente
adequada em ferro. Há, no entanto, uma exceção a essa regra: se o cálcio
estiver vindo primariamente dos laticínios, a ingestão de ferro poderá ser
19
prejudicada, pois os laticínios estão entre as fontes mais pobres de ferro que
existem. Toda vez que um vegetariano escolhe usar os laticínios como fonte de
proteína ou de cálcio, ele opta por consumir uma fonte pobre em ferro. Isso é o
mesmo que dizer que ele deixa de consumir uma boa fonte de ferro, já que essa
proteína ou cálcio poderiam ter vindo acompanhados do ferro tivesse ele
escolhido, por exemplo, uma castanha, uma leguminosa ou o tofu no lugar do
derivado lácteo. Esse é um ponto crucial na questão do ferro na dieta vegetariana:
a maioria dos vegetarianos que desenvolve anemia ferropriva o faz porque inclui
na dieta uma quantidade grande de um alimento pobre em ferro (laticínios), o
que acaba por roubar o espaço de outro alimento que poderia ter sido escolhido
dentre as boas fontes de ferro. O alerta é bastante claro: os lacto-vegetarianos
e os ovo-lacto-vegetarianos têm maior probabilidade de desenvolver anemia
ferropriva do que os veganos. Alimentos refinados como o açúcar branco e a
farinha também são fontes nulas de ferro. Prefira as versões integrais e o seu
aporte de ferro aumentará.
Depois de sabermos quais são os alimentos vegetais que contêm bastante ferro
e quais são fontes pobres do mineral, devemos nos atentar aos fatores que
afetam a sua biodisponibilidade, ou seja, a eficiência com que ele é absorvido
pelo organismo. Antes disso, precisamos entender qual é a diferença entre o
ferro encontrado nos vegetais e aquele encontrado nos produtos de origem
animal.
O ferro encontrado nas carnes é composto em 40% pelo ferro do tipo heme e
60% pelo ferro do tipo não-heme. Já o ferro encontrado nos vegetais é composto
em sua totalidade pelo ferro do tipo não-heme. O ferro do tipo heme é mais bem
absorvido do que o ferro do tipo não-heme, derivando daí a noção de que o ferro
da carne é de melhor qualidade. Mais uma vez, o fato de um tipo ser mais bem
absorvido não significa que o outro tipo seja absorvido de maneira insuficiente.
O que ocorre com o ferro do tipo não-heme é que o organismo possui uma
melhor habilidade de controlar o quanto irá absorver dependendo do status de
ferro no organismo e da quantidade de ferro ingerida em uma única refeição. Já
com o ferro do tipo heme, o organismo absorve uma taxa fixa, com uma menor
capacidade de reduzi-la quando a oferta de ferro é muito alta, podendo inclusive
ocasionar uma absorção exagerada do mineral. Ademais, apenas 40% do ferro
contido na carne é do tipo que é mais bem absorvido (heme), sendo o restante
do mesmo tipo que o ferro encontrado nos vegetais (não-heme).
Para melhorar a absorção do ferro não-heme, uma boa fonte de vitamina C deve
ser incluída na dieta. A lista de alimentos fontes de vitamina C vai além dos sucos
cítricos frescos, estendendo-se a outras frutas como o morango e a goiaba, entre
tantas outras, além de hortaliças frescas (como a couve, por exemplo). A maioria
dos alimentos que são frescos, são ricos em vitamina C. Para que a vitamina C
tenha ação na absorção do ferro, é importante que ela seja consumida na mesma
refeição rica em ferro, e não em uma refeição separada. A distribuição dos
alimentos fontes de ferro ao longo de refeições distintas (ao invés de
concentrados em uma única refeição) é outro fator importante para otimizar a
absorção do ferro não-heme.
20
Uma dieta vegetariana variada e abundante em alimentos frescos é
suficientemente rica em vitamina C ao ponto de melhorar a absorção do ferro
encontrado nos vegetais. Vemos ainda que muitos alimentos fontes de ferro são
também alimentos fontes de vitamina C, como é o caso dos vegetais verde-
escuros, por exemplo.
Boas fontes vegetais de ferro são as leguminosas (com destaque para a lentilha,
o grão-de-bico, a soja e o tofu), as castanhas e sementes (com destaque para
as sementes de abóbora, de gergelim e a castanha de caju), os vegetais verde-
escuros (especialmente a couve), as frutas secas (damasco, ameixa e uva-
passa) e o melaço da cana-de-açúcar. Alguns cereais integrais também ajudam
a complementar a ingestão de ferro entre os vegetarianos. • Fonte:
www.bit.ly/fontesdeferro
Carboidratos
Simples e Complexos.
Publicação original: Quero viver bem.
21
CARBOIDRATOS SIMPLES
CARBOIDRATOS COMPLEXOS
Se você está fazendo dieta para perder peso, opte pelos carboidratos de baixo
índice glicêmicos, além de serem muito mais nutritivos e conterem fibras,
vitaminas e minerais, te proporcionam a sensação de saciedade por mais tempo.
São alguns deles:
Arroz, macarrão e pães integrais, Mandioca, Batata doce, Grão de bico, Abóbora,
Aveia, Brócolis, Milho, Ervilha, Linhaça, Tomate (vegetais em geral).
Acesso em 24/01/2018.
Fibras
Alimentos vegetais ricos em fibras.
Publicação original: Bem Estar GNT
22
mesmo na prevenção e no combate à obesidade, segundo o nutricionista Bruno
Yamada, gerente de produtos dos restaurantes Seletti.
Outros grãos.
Além do feijão, ervilha (8g de fibras a cada xícara); grão-de-bico (8g a cada ¾
de xícara) (foto); e lentilhas (15,6g de fibras a cada xícara) são outras
possibilidades para variar o consumo diário de grãos.
Sementes e cereais.
A chia (6,2g de fibras por colher de sopa); a linhaça (33,5g de fibras em 100g);
e a aveia crua(9,1g de fibras em 100g do produto) são boas fontes de fibras
alimentares e podem ser acrescentadas a iogurtes, saladas, sucos, vitaminas,
cereais e massas de pão e bolo.
Frutas.
Algumas delas são ótimas fontes de fibras, como a goiaba (10g de fibras a cada
unidade), maçã (5g de fibra em uma unidade média), pera (5,5g de fibra em uma
unidade média) e abacate (10g de fibras por unidade). Uma dica é consumi-las
com as cascas, desde que bem lavadas, no caso de maçãs, peras e goiabas. O
23
abacate também é fonte de gorduras monoinsaturadas, que ajudam a aumentar
o colesterol bom e diminuem o risco de doenças cardíacas.
Vitamina D
A vitamina do Sol.
24
significa dizer que os vegetarianos estejam condenados a ter uma deficiência da
vitamina e nem tampouco é indicativo de que a dieta vegetariana não seja natural
à espécie humana.
Para uma pessoa de pele clara, uma exposição diária de 20 minutos, de mãos e
rosto, é suficiente para realizar a síntese da vitamina D em quantidade adequada.
Para peles mais escuras (que são mais resistentes à radiação solar),
recomenda-se até uma hora de exposição diária para que se produza o estímulo
desejado.
Mas qualquer que seja a cor da pele, vale observar o horário de exposição:
quanto mais distante do meio-dia, melhor. Isto é muito importante para evitar
uma exposição que possa causar queimaduras ou favorecer o desenvolvimento
de um câncer de pele. No entanto, apesar de ser muito recomendável que se
evite a exposição ao sol quando ele está mais alto no céu, deve-se considerar
que para produzir um estímulo eficiente, o sol não pode estar abaixo dos 40
graus da linha do horizonte, altura na qual seus raios são bloqueados pela
25
atmosfera de maneira significativa. O horário mínimo para que ele esteja
suficientemente elevado varia de região para região. Nas regiões tropicais e
subtropicais o sol passa a maior parte do dia acima dos 40 graus de elevação, o
que não é verdadeiro para alguns países europeus, por exemplo, onde ele passa
a maior parte do inverno bastante baixo, mais próximo à linha do horizonte. Para
medir se o sol está alto o suficiente para proporcionar a síntese da vitamina D,
observe o tamanho da sua sombra: quando o sol está acima de 40 graus da linha
do horizonte, a sombra do seu corpo é sempre mais curta do que a sua própria
altura.
Para aqueles que por algum motivo não podem expor-se ao sol de maneira
satisfatória (pessoas com dificuldade de locomoção ou problemas de pele, por
exemplo), ou ainda aqueles que vivem em regiões onde o sol pouco se eleva, a
solução é o uso de um suplemento de vitamina D. São duas as formas
empregadas na formulação de suplementos alimentares ou na fortificação de
alimentos. A mais comum é a vitamina D3 (colecalciferol), obtida a partir da
exposição de peles de animais (mortos) à ação da radiação ultravioleta. Ela pode
também ser sintetizada a partir do colesterol. Em ambos os casos, a vitamina D3
é sempre de origem animal. A alternativa para os vegetarianos está na vitamina
D2 (ergocalciferol), que é obtida a partir de fontes vegetais. No entanto, por ser
menos utilizada pela indústria farmacêutica, esta forma vegetal da vitamina D é
mais difícil de ser encontrada.
IMPORTANTE
Consulte um nutricionista, se necessário você poderá ir a uma farmácia de
manipulação para produzir a fórmula do seu pedido de modo 100% vegetal.
Fonte: https://goo.gl/Cf378x
26
Vitamina B12
A vitamina da memória.
A maioria dos que optaram pela dieta vegetariana sabe que os vegetarianos
vivem mais, têm menor incidência de câncer e menor risco de ataques e doenças
do coração. As refeições vegetarianas (e vegans inclusive) fornecem as
quantidades adequadas de todos os nutrientes que precisamos — com a possivel
exceção da Vitamina B-12, que é importante na produção de hemácias e na
manutenção do sistema nervoso.
27
Entretanto, os vegans podem sofrer de deficiência de B-12 se não fizerem o
esforço consciente de incluir uma fonte confiável de B-12 em suas dietas.
As leveduras nutritivas enriquecidas, tais como a Red Star T6635 (uma colher
de sopa fornece 4 mcg) tambem são uma fonte excelente. Esses produtos
podem ser encontrados em algumas lojas de alimentação integral, como o
Harmony Farms, Wellspring Grocery, e Weaver Street Market.
____________
[1] Herbert, V. (1988) Vitamina B-12: fontes vegetais, doses necessárias e
análise. (Vitamin B12: Plant Sources, Requirements, and Assay) Am J Clin Nutr
1988, 48:852–858.
[2] Messina, M. and Messina, V. (1996) no livro O Guia do Nutricionista para as
Dietas Vegetarianas, Questões e Aplicações (The Dietitian’s Guide to Vegetarian
Diets, Issues and Applications). Aspen Publishers, Inc., Gaithersburg, MD, pag.
168. Tradução: Fernando Mendes. Publicação original: https://goo.gl/Yrdn3z
Em uma história de fantasia, a vitamina B12 poderia ser usada como uma poção
mágica capaz de transformar um personagem em uma pessoa mais inteligente.
Na vida real, ela é quase isso. Fundamental para as funções de todo o sistema
nervoso, inclusive para melhorar a memória, essa vitamina é literalmente comida
pelo cérebro à medida que a atividade intelectual aumenta. Aliás, além de ajudar
o cérebro a funcionar, a B12 o protege de agressões e doenças, como o mal de
Alzheimer. “A vitamina B12 é importante para formar a capa que envolve os
nervos. Quando ela está deficiente, a função dos neurônios fica prejudicada, a
pessoa perde vigor mental (concentração, memória e atenção), pode ter
depressão e alterações que simulam problemas psiquiátricos, como transtorno
obsessivo compulsivo”, alerta o médico nutrólogo Dr. Eric Slywitch.
28
Porém, os únicos alimentos fontes de vitamina B12 são os de origem animal,
como carnes, ovos e leite. Daí a importância de os veganos suplementá-la,
mesmo que usem alimentos e bebidas fortificados disponíveis no supermercado.
Isso, porém, acaba se tornando um espinho para os vegetarianos. O fato de a
B12 só ser encontrada nesses alimentos de origem animal vira motivo para muita
gente e médicos desinformados difundirem preconceitos em relação à
alimentação sem carnes. Como se a deficiência de B12 fosse exclusividade de
veganos. Não é!
Mais informações:
http://www.mudaomundo.org/nutricao/vit_b12/veganos_b12
IMPORTANTE
Consulte um nutricionista, se necessário você poderá ir a uma farmácia de
manipulação para produzir a fórmula do seu pedido de modo 100% vegetal.
29
Sem glúten e vegano
Publicado originalmente por Adriane Rodriguez.
Para outros estudiosos, e também pela linha de pensamento que sigo em meu
trabalho e que vou explicar aqui neste post, muito desses problemas de saúde
estão relacionados ao consumo excessivo de alimentos ricos em glúten como
pães, biscoitos, macarrão e bolos. Existem até queijos embutidos compostos por
esse nutriente. Você pode estar pensando agora: “mas e o que comer no lugar
desses alimentos?”. “Mandioca, milho e arroz no lugar do trigo importado, que
faz tanto mal a saúde”.
Como explico sempre para meus pacientes: não é preciso ser celíaco (portador
da intolerância total ao Glúten) para sofrer com a irritabilidade do Glúten: o corpo
responde de diversas maneiras: obesidade, síndrome de resistência à insulina,
deficiência de cálcio, alergias, diarréias e doenças auto-imunes. O excesso de
glúten sinaliza com um metabolismo lento, favorecendo bactérias que gostam de
calor e estagnação.
30
pãozinho mas o excesso pode alterar todo o seu metabolismo, baixar a
imunidade do organismo e levar doenças.
Fonte:
• www.revistacontemgluten.com.br
• www.glutenfreebrasil.com
• http://saude.ig.com.br/alimentacao/dossie-gluten/n1596963519378.html
31
Sugestões para a academia
Antes e depois do treino.
Pão integral, aveia, arroz integral, quinoa, cereais integrais, batata doce,
amendoim, soja, maçã, damasco secoc o ideal é fazer refeições por pelo menos
30 minutos a 1 hora antes de fazer exercícios. Durante as atividades beba
bastante água.
Logo após o treino: leite vegetal batido com quinoa em flocos, frutas e cacau.
Após 30 minutos, fazer uma refeição mais completa, como: pão com pasta de
grão de bico, tofu, verduras, arroz, feijão, ervilha, soja PTS e frutas.
SUPLEMENTOS VEGANOS PARA MUSCULAÇÃO
Lojas online:
• Vegan Way https://veganway.com.br
• Growth http://www.gsuplementos.com.br/vegano
Antes do exercício
De acordo com este, este e este estudo, alimentar-se antes de fazer exercícios
com carboidratos complexos, ou seja, carboidratos de baixo índice glicêmico (ou
de lenta absorção), melhora a queima de gordura durante o exercício e aumenta
32
a recuperação do músculo quando comparado com a ingestão de carboidratos
de alta absorção. Esses carboidratos com baixo índice glicêmico também são
capazes de saciar mais e, com isso, fazer com que demoremos mais a sentir
fome. Alguns exemplos de carboidratos de lenta absorção são: pão integral,
aveia, arroz integral, quinoa, cereais integrais, batata doce, amendoim, soja,
maçã, damasco seco etc. Saiba mais neste link.
O ideal é fazer refeições por pelo menos 30 minutos a 1 hora antes de fazer
exercícios. E não comer nada muito gorduroso, doce ou pesado.
33
No entanto, ainda faltam mais estudos para fazer tal afirmação. Como exemplos
de carboidratos simples, se destacam a dextrose (ou glucose) e a maltodextrina,
conforme este e este estudos publicados. É possível comprar esses carboidratos
puros em pó comercialmente.
Lembre-se que essas são sugestões e que cada pessoa tem preferências e
experiências diferentes. Se tiver condições financeiras, não deixe de ir em uma
nutricionista. Lista de nutricionistas com conhecimento em alimentação
vegana/vegetariana: http://www.vista-se.com.br/nutricao/
A seguir
Peixes fazem parte dos vertebrados e do reino animal, mas, apesar disso, as
pessoas ainda teimam a não entender isso, estranhando o fato de veganos não
comerem peixes também. A famosa pergunta “nem peixe?” é mais do que
frequente na vida de um vegano e tornou-se até motivo de piada, mas como ela
ainda é tão comum, ainda são precisos numerosos argumentos de que peixes
sentem sim dor e, por que não, emoções mais complexas, como tristeza!
De fato, cientistas da Royal Society of Open Science não só notaram que peixes
se recusam a nadar em tanques de aprisionamento, como bóiam e até cometem
suicídio. Segundo a Royal Society, a química neuronal destes animais é similar
a de humanos deprimidos e extremamente estressados e encontrou-se altos
níveis do hormônio cortisol em peixes com comportamento anômalo, um
hormônio geralmente envolvido em estresse crônico e doenças relacionadas.
Clique aqui para acessar pesquisa completa.
De acordo com Dr. Culum Brown, da Macquerie University, peixes são mais
inteligentes e sensíveis do que aparentam. Em muitas áreas, como memória e
outras funções cognitivas, peixes são até superiores do que primatas não
humanos, segundo ele.
Você já deve estar pensando, mas e os peixes livres, tem problema comê-los?
Claro que sim! Todos os anos, toneladas de animais são mortos de maneira cruel
por redes de arraste e navios super potentes. Durante a pesca, muitos morrem
esmagados com o peso de seus vizinhos também caçados. Outros sofrem danos
nos olhos e órgãos, com a súbita mudança de pressão. Por fim, para aqueles
que sobrevivem, segundo Dr. Brown, eles passam por uma lenta morte de
sufocamento, a qual é ainda mais longa do que um afogamento humano, o que
aumenta o sofrimento em dobro.
E para nossa alegria, existem muitos substitutos vegetais com gosto de mar,
principalmente quando temperados com algas. Não deixe de experimentar os
quitutes veganos com sabor de mar! São uma delícia!
Os peixes são animais fantásticos que merecem viver plenamente suas vidas.
35
E PEIXE, VOCÊ COME?
Publicação original: Veggi & Tal.
Diversos estudos demonstram que peixes são conscientes, sentem dor, medo,
são capazes de aprender e memorizar — ao contrário do que diz o senso comum.
Segundo a bióloga marinha Victoria Braithwaite, não existe um motivo lógico por
que as pessoas não devam tratar esses animais com a mesma consideração
que dão aos mamíferos e pássaros (bem como os demais seres sencientes,
acrescentamos).
Estima-se que a indústria pesqueira recolha dos mares a cada ano algo em torno
de 30 milhões anuais de pescado para o consumo humano. Nesse ritmo, muitas
espécies podem desaparecer. E tudo leva a crer que isso não deva demorar
muito para acontecer. Os cientistas acreditam que, nos próximos 50 anos, a
maioria das espécies hoje ameaçadas poderá estar extinta com consequências
ambientais bem difíceis de prever.
Os cientistas receiam que alguns dos estragos feitos até aqui jamais possam ser
revertidos. Um estudo feito no Canadá com quase 100 espécies de peixe revelou,
por exemplo, que populações de espécies marinhas reduzidas em mais de 60%
podem nunca mais se recuperar. Segundo Jeffrey Hutchings, professor de
Biologia da Universidade de Dalhousie e um dos responsáveis pela pesquisa, a
recuperação das populações avaliadas foi acompanhada ao longo de 15 anos,
em áreas onde a pesca industrial havia sido proibida. “Mesmo depois desse
tempo todo, a população de algumas espécies não voltou a ser o que era antes”,
afirma o pesquisador. Dos animais capturados nas redes, aqueles que não são
visados ( 25% ), são devolvidos ao mar morrendo ou já mortos. Em algumas
áreas de pesca, há um sério problema de pesca acidental de mamíferos
marinhos e aves. A maioria das pessoas infelizmente não se dá conta que
ecossistemas marinhos frágeis estão sendo ameaçados ou destruídos.
36
Ovo
Publicação original: Cantinho Vegetariano.
Por: Vera Regina Cristofani
37
Embora as galinhas sadias possam viver pelo menos cinco anos, mesmo as
poedeiras que são criadas “livres de gaiolas” são consideradas “gastas” pela
indústria após um ano de postura, quando, então, são abatidas para serem
aproveitadas em comidas processadas.
Os ovos são da galinha — mesmo ovos não fecundados não são produzidos para
nosso consumo. Não há qualquer necessidade de consumirmos ovos. Tanto
pelo aspecto nutricional quanto pelo culinário, os ovos são plenamente
substituíveis.
Os problemas são muitos. Quando animais são tratados como mero recurso a
ser utilizado para obtenção de lucro, seus interesses estarão sempre em último
plano.
As galinhas podem ter sido criadas fora de pequenas gaiolas, mas possivelmente
em ambientes imundos e superlotados.
38
É verdade que galinhas botam ovos naturalmente, mas não indefinidamente.
Galinhas põem ovos em uma pequena janela de tempo, de 1 a 2 anos. Mesmo
criações “humanitárias” tem por objetivo o lucro, e se uma galinha não está
botando o suficiente, ela precisa ser substituída. Simplesmente não há
capacidade para se manter galinhas “aposentadas” (vivendo o restante de suas
vidas de aproximadamente 10 anos), enquanto se adiciona novas galinhas para
substituir as antigas. As galinhas que não botam mais são mortas precocemente,
muitas vezes nos mesmos matadouros e sob as mesmas terríveis condições do
que as galinhas de granjas industriais.
Mas se for “ovo de galinha feliz da vovó”, pode? Por que você faria isso, colher
ovos de galinhas, se elas estiverem ali apenas para viver sua vida galinácea e
não para servir a qualquer propósito seu? “Ah! Porque se o ovo só for recolhido
e comido, a gente não torturou a galinha!” É verdade. Mas como é que se tem
galinhas por ali, botando ovos, se por detrás disso não está ainda, bem arraigado,
o conceito de que galinhas botam ovos para nos alimentar? E, caso a galinha
esteja na sua área porque você a resgatou de algum sistema, ainda assim, ela
só está agora sob a sua tutela porque há um sistema que precisa ser abolido,
este que formou em nós a noção de que galinhas servem para botar ovos para
nós.
“Mas se tem ovo por ali, por que não podemos apenas colhê-los?” Em primeiro
lugar, pela desnecessidade de tal consumo. Se você se alimenta direito, e essa
responsabilidade é sua, as galinhas não estão aí para fechar sua contabilidade
nutricional, não precisa esperar que uma galinha ponha algum ovo para
complementar seus aminoácidos essenciais, pois você já os obtém de alimentos
vegetais ricos neles também. Em segundo lugar, porque ovos são para alimentar
pintinhos antes do seu nascimento; não humanos, seja lá em qual idade for.
“Mas se mantenho a galinha feliz, por que não posso usar os ovos que ela põe?”
Porque, se você sustenta uma galinha e depois usa os ovos que ela põe, você
está obtendo benefício dela. E se os ovos que a galinha põe estão bem à sua
vista, isso significa que a galinha está aprisionada por você, o que deve bastar
para tirar de você o direito de pensar que está sendo bonzinho com ela e, por
isso, pode obter algum benefício pessoal. Se você deixar os ovos de suas
galinhas felizes, soltos e felizes por ali, não tenha receio, eles serão bem
aproveitados por outros animais que não têm como ir ao supermercado e se
prover de certos aminoácidos essenciais. Você tem essa escolha. E se esses
ovos estiverem fecundados (galados), eles poderão transformar-se em novas
vidas. As galinhas saberão como fazer isso, basta você dar proteção a elas, se
necessário, sem cobrar seus ovos em troca.
Por fim, se você vive no sítio e come os ovos das galinhas que você mantém, já
não pode dizer que come ovos de galinhas suas quando viaja ou come fora de
casa. E se você habitua seu corpo a ter certos aminoácidos essenciais, usando
ovos de galinhas, em vez de alimentos vegetais, quando estiver com fome fora
de casa, você sempre botará seu olho em alimentos que contenham ovos ou
39
seus derivados, porque terá sido esta a informação que você enviou ao seu
cérebro, a de que naquele alimento está algum aminoácido que ele precisa
mandar sintetizar para formar a cadeia final proteica em seu corpo.
O respeito pela vida e pela liberdade específica de todos os animais não inclui
qualquer contabilidade ou negócio feito à custa do animal para benefício humano.
Não admitimos que algo do gênero seja feito conosco e com o que está em nosso
corpo, cumprindo propósitos nossos, não alheios. Como é que pensamos em ser
éticos, ignorando que o princípio ético cobra de nós respeito por todos os animais,
ainda que nenhum deles nos “sirva” para propósito algum?
Entretanto, o direito à liberdade e à vida não tem nada a ver com a utilidade que
elas possam ter para outros. A vida e a liberdade de expressão próprias de um
ser senciente só precisam ter utilidade para ele. Isto não inclui o direito de usar
qualquer outro ser senciente como meio útil para avançar sobre vantagens que
nos beneficiam.
O mínimo que temos o dever moral de conceder aos outros animais é da mesma
ordem: que suas vidas sejam úteis e cumpram a finalidade para a qual se
destinam. Sua evolução não indica que estejam aí para nos servir. De nós, o que
temos que esperar, é que não escravizemos nem exploremos ou matemos
ninguém para “servir” aos nossos propósitos, propiciar-nos benesses e acumular
utilidades e futilidades. É tempo de abolir a ideia de que animais estão aí por sua
utilidade para nós.
40
Leite
Publicação original: Muda o mundo.
Por isso, para manter uma produção quase ininterrupta de leite, as vacas têm de
ser repetidamente forçadas a engravidar e a dar à luz a um filho. Costumam ser
engravidadas através de inseminação artificial na ocasião do cio, o que envolve
a introdução forçada de um braço no recto da vaca para posicionamento do útero,
enquanto um instrumento para depósito do sémen é empurrado pela vagina.
As vacas são animais extremamente sociais e com fortes laços familiares, mas
são constantemente obrigadas a ver os filhos recém-nascidos serem-lhes tirados,
para que os humanos possam ficar com o leite que era destinado aos seus
bezerros. O processo de separação é agonizante e traumatizante tanto para a
mãe como para o filho, e é comum ambos gritarem um para o outro enquanto
são afastados. Algumas vacas emitem sons de lamento durante vários dias após
lhes serem retirados os filhos. Para elas, como para a maioria das mães, não há
maior dor que a perda de um filho.
Com estas quantidades massivas de leite, por volta dos 6 anos de idade, que
seria apenas o princípio da idade adulta na natureza, as vacas estão esgotadas
física e psicologicamente, e isso reflete-se no declínio da produção de leite. Dado
que a margem de lucro é para manter, as vacas extenuadas são rapidamente
vendidas para abate.
41
Após terem passado por diversas inseminações forçadas, partos dolorosos,
separações angustiantes e ordenhas sem descanso, espera-as agora o
aterrorizante matadouro com o seu característico e nauseabundo cheiro de
morte. Mas, antes disso, falta ainda passar pelo calvário do transporte para o
matadouro. O transporte costuma ser particularmente penoso para as sofridas
vacas leiteiras, uma vez que muitas padecem de dolorosas inflamações no tecido
mamário (mastite) e de osteoporose. Muitas vacas ficam tão debilitadas, que
nem são capazes de andar quando chegam ao matadouro.
Cada compra de produtos com leite, queijo, iogurte ou outros laticínios contribui
para esta terrível exploração, independentemente de ser proveniente de
pecuária convencional ou pecuária dita “humanizada”.
Consumir produtos de origem animal é consumir violência, seja qual for o rótulo
simpático e alegre com que a embalagem é disfarçada. Está nas mãos de cada
um de nós não compactuar com esta exploração e morte. Desliga-te da
exploração e violentação dos outros animais, abraça o veganismo!
42
Mel de abelhas
Publicação original: Martha Follain / Anda.
Uma abelha inicia o processo de produção de mel quando colhe o néctar de uma
planta. O néctar das flores é similar à água com açúcar (sucrose). O néctar entra
no sistema digestivo das abelhas, onde é misturado a enzimas que convertem
seu açúcar em frutose. Há cerca de 20 mil espécies diferentes, e as do gênero
“Apis mellifera” são as que melhor se prestam à polinização.
Como as abelhas não carregam baldinhos como nos desenhos animados, o mel
é o vômito desses insetos — o mel nada mais é do que isso.
43
resultando em um alimento (alimento das abelhas) resistente a mofo, fungos e a
várias bactérias durante anos.
44
quaisquer produtos que tenham sido testados em animais), confinamento,
apropriação, rodeios, circos, zoológicos e qualquer tipo de entretenimento
utilizando animais, comércio, trabalho dos bichos. Não usa couro, peles, lã,
penas, camurça, seda, enfim, qualquer prática que signifique exploração de
animais. Veganismo não é só dieta. É um conjunto de práticas com base nos
Direitos dos Animais.
O termo inglês “vegan” foi criado em 1944, numa reunião organizada por Donald
Watson (1910–2005), carpinteiro, envolvendo seis pessoas, após desfiliarem-se
da “The Vegetarian Society” por diferenças ideológicas, onde ficou decidido criar
uma nova sociedade (“The Vegan Society”) e adotar um novo termo para definir
a si próprios (wikipédia) — “vegetarian”.
O mel não é tão inocente quanto parece. No Brasil, a ANVISA, “Agência Nacional
de Vigilância Sanitária”, não recomenda a ingestão por crianças abaixo de um
ano de idade, por perigo de contaminação por esporos do bacilo “Clostridium
botulinum”, responsáveis pelo botulismo.
Ciência:
– fumigação — o apicultor usa fumaça, pode ser com palha e sabugo de milho,
para deixar as abelhas atordoadas e intoxicadas e poder manusear mais
facilmente a colmeia. A morte das abelhas não acontece apenas por asfixia pela
fumaça, mas também pelo calor, pois a fumaça é muito quente, matando os
insetos queimados. Além disso, na extração de favos, os apicultores esmagam
abelhas com suas próprias mãos;
45
inseminação é feita com abelhas importadas italianas, alemães e africanas, que
produzem mais mel, e causam devastação nas abelhas nativas;
– apicultores grampeiam as asas da rainha para que ela não possa abandonar
sua colmeia, levando consigo muitas das operárias. As abelhas também podem
criar uma nova rainha, a princesa, para perpetuar a espécie criando um novo
enxame. O apicultor, percebendo que a produção de mel irá baixar com a saída
dessas operárias, além de grampear a rainha, mata a princesa ainda em forma
de larva. A colmeia fica superlotada, as abelhas produzindo muito mel, que é
retirado e comercializado, após o que, as abelhas são mortas de fome ou
envenenadas (ou para substituir o mel que foi furtado, as abelhas são
alimentadas com pólen artificial e calda de açúcar branco, inteiramente
desprovidos de nutrientes), recomeçando um novo ciclo;
– em alguns países, como por exemplo no Japão, abelhas sofrem radiação para
fazer com que os ferrões caiam, “fabricando-se” abelhas sem ferrões que se
tornam inofensivas, para um manuseio mais fácil;
Sim, abelhas e outros insetos sentem dor, segundo o fisiologista Gilberto Xavier,
pesquisador da USP, “Universidade São Paulo”: os insetos possuem
terminações nervosas similares às que nós, humanos, temos. Por isso, é
razoável supor que eles possuem algum tipo de percepção sensorial equivalente
ao que nós chamamos de dor. Além disso, o animal é capaz de fazer uma
aprendizagem de esquiva, afastando-se de algo que lhe causa desconforto. Os
insetos possuem receptores nervosos convergentes — suas terminações
nervosas são na pele e possuem ainda mecanismos de bloqueio de dor
diferentes e mais eficientes que os dos humanos. Graças a esses mecanismos,
uma barata continua a andar mesmo depois de ter uma perna arrancada. Se
possuem mecanismos de bloqueio da dor, é porque sentem dor.
O mel é das abelhas!
46
Camarão
Um camarãozinho de vez em quando?
Não se esqueça “frutos do mar” são animais.
Definições no wikipedia.
Camarão:
Estes animais pertencentes à classe dos crustáceos, com exoesqueleto de
quitina. Seu corpo é dividido em duas partes: cefalotórax e abdómen. São
animais que apresentam um aparelho digestivo completo, ou seja, com duas
aberturas para entrada pela boca e saída pelo ânus de alimentos. Também
possuem sexos separados e sua reprodução é sexuada.
Os camarões, bem como os insetos, aranhas, siris etc. são animais pertencentes
ao filo Arthropoda. Todos os animais pertencentes a esse filo possuem sistema
nervoso, formado por gânglios cerebrais bem desenvolvidos, de onde parte o
cordão nervoso central ganglionar. Seus órgãos dos sentidos são muito
especializados e situados na cabeça. O seu coração situa-se na cabeça. Pode
parecer estranho, mas os camarões também se comunicam entre si através de
emissão de bolhas de ar, uma maneira adequada para a comunicação
interespécie em meio a águas marinhas.
Frutos do mar
ARTIGO
Só um peixinho ou um camarão de vez em quandoQ
Publicação original: Martha Follain / Anda (2011).
Para começar: qualquer animal que possua sistema nervoso sente dor.
47
lagostas também não dispõem de um mecanismo do qual dispõem os humanos
(entre outros animais), que faz com que, em caso de dor extrema, um choque
intervenha para fazer um curto-circuito na sensação.
Por facilidade, mas também para evitar que sujem as caixas e aquários com
dejetos, elas não são alimentadas durante todo esse tempo; por essa razão, com
receio de que, esfomeadas, acabassem por se comer umas às outras, deixam-
nas sempre com as pinças ligadas com fita adesiva. Atualmente existem muito
poucas lagostas grandes e idosas devido à intensa exploração a que estão
sujeitas. Junto às costas, quase já não se encontram estes crustáceos. Os
pescadores têm de usar um número cada vez maior de armadilhas para manter
o mesmo nível de captura. A procura mundial de marisco está, pois, a dizimar os
ecossistemas. No mundo inteiro, em cada ano, mais de 80 milhões de lagostas
passam por este sofrimento. São consideradas um alimento de luxo, motivo pelo
qual são bastante consumidas em épocas festivas como o Natal e a Passagem
de Ano”.
“É óbvio que, quando um caranguejo é cozido vivo, está sentindo dor, pois, à
semelhança de outros animais, incluindo os humanos, tenta de todas as formas
escapar. Os caranguejos, que são naturalmente territorialistas, são apanhados
juntos e colocados em contentores ou caixas onde esperam pelo seu destino —
assustados e confusos, muitas vezes chegam a lutar uns com os outros. Muitos
partem as patas quando são apanhados de forma abrupta pelos pescadores.
Uma boa parte deles morre antes de chegar aos locais de venda. O fim destes
animais ocorre quando são atirados vivos para dentro de panelas de água
fervendo — lutam tanto para fugir desta experiência horrível, que muitas vezes as
suas pinças partem-se.”
48
Segundo o Centro Vegetariano: “O sistema nervoso dos peixes é complexo e
sofisticadoc O olfato está também muito desenvolvido em algumas espécies.
Os salmões e outros peixes migradores apresentam o fenômeno “homing”, ou
seja, voltam sempre ao rio onde nasceram para se reproduzirem. Está
cientificamente provado que estas espécies “memorizam” o odor da água do rio
onde nasceram, para um dia poderem voltar. Em muitas espécies, as papilas
gustativas não se limitam à cavidade bucal, estão também noutras partes do
corpo. Os ouvidos, além de permitirem a percepção de sons, funcionam também
como órgãos do equilíbrio. Os peixes têm sistemas organizados de comunicação
entre si. Emitem substâncias de alarme em presença de predadoresc”
Afinal, os peixes sofrem?
“Pelo acima exposto, e que tem sido consubstanciado por estudos levados a
cabo nomeadamente por cientistas ingleses, a resposta é simples: sim, os peixes
sofrem. Enquanto criaturas do reino animal, dotadas de um sistema nervoso
central, os peixes possuem um sistema de dor que é anatômica, fisiológica e
biologicamente semelhante ao das aves e outros animais. Os peixes reagem a
sensações de dor e de prazer e, na verdade, partilham até semelhanças com o
sistema nervoso dos seres humanos, já que algumas espécies possuem
neurotransmissores como as endorfinas, que induzem à sensação de bem-estar
e de alívio da dor.
E, embora inaudíveis para os seres humanos, alguns peixes emitem sons para
exprimir a sua agonia, conforme concluem pesquisas conduzidas por várias
universidades dos Estados Unidos. Sabe-se hoje que os peixes são animais
inteligentes e que algumas espécies apresentam fenômenos interessantes ao
nível da memória, da capacidade de aprendizagem e até da antecipação do
sofrimento. Com efeito, alguns dos estudos feitos constataram que os peixes não
só emitiam uma espécie de grunhido ao serem submetidos a choques elétricos,
como grunhiam à simples visão do eletrodo, numa clara antecipação do
sofrimento que dessa forma lhes ia ser infligido”.
Por favor, se você come um peixinho de vez em quando, crustáceos etc., você
não é vegetariano. Pelo menos, tenha a dignidade de não se declarar como tal.
Penso que sim, claro, cada um come o que quiser, e isso pode não ter nada a
ver com a índole da pessoa. Masc todos nós sabemos que a pecuária faz mal,
muito mal ao planeta — desmatamentos, exorbitante quantidade de água gasta
etc.
49
E, ninguém pode negar a DOR e o MEDO que os animais não humanos sentem
ao serem abatidos ou pescados para consumo. Sinto-me melhor ao não
contribuir para as duas situações e tantas outras.
Quem não pensa assim, não faça. E também que não se declare vegetariano,
por achar que “está na moda”. Não quero brigar com ninguém, mas também
estou saturada desses argumentos. “Vegetarianos não são melhores que
carnívoros etc.” — estou tão enfastiada desses argumentos, como os dos que se
dizem vegetarianos comendo peixinho e camarão.
A seguir
RESPOSTAS
50
Sobre Jesus
EXEMPLOS E INTERPRETAÇÕES
Por: Tiago Henrique
Jesus era vegetariano. Ãnh!? Mas ele comeu peixe. Será? Polêmico, sobretudo
histórico e cultural. Vai dizer que você nunca leu sobre as barbaridades que a
Igreja acobertou e fez como via de lei sagrada? O Protestantismo não se originou
do acaso. Imagina no tempo de Cristo e logo após sua crucificação. Quantas
mentiras a serviço do poder, legalizadas sob a luz da imoralidade, da ignorância
e da má fé, convenientes aos que queriam controlar ao invés de instruir a
multidão.
Uma vez li que a história é contada por aqueles que enforcam os heróis, você
tem dúvidas de que os tiranos, imperadores e reis, tanto quanto os governos
corruptos não fizeram curvas na palavra reta, no exemplo exímio? É importante
começar a investigar os seus próprios padrões, a refletir por si mesmo e a buscar
respostas na sua consciência.
Sobre Jesus ser vegetariano ou não, não cabe em minha teologia, busco apenas
um campo de observação em sua análise. Leia sobre a última ceia, procure ler
algumas pesquisas e outras teorias. Não vá me dizer que você tem medo de
leitura, ou que você sabe de tudo e já tem as respostas prontas, acabadas e
imutáveis.
Quando você quer mudar, você não procura por desculpas e justificativas à
fundamentar o apedeutismo, você deseja se esclarecer, ainda que os outros se
esforcem para te manter vedado. As correntes da ignorância são mais fortes que
as grades da prisão. A sua decisão é a maior importância que você pode
conquistar e suas escolhas refletem a sua própria harmonia entre a fé autêntica
e a dúvida cruel.
Sendo ou não Jesus vegetariano, ele veio há dois mil anos com um propósito
transcendente, de acordo com uma missão imersa em um espaço e tempo, onde
haviam necessidades específicas e propósitos universais, lançados ao passado,
presente e futuro, preparados em sabedoria maior para não se perder a
complexidade pura e fiel de seus exemplos. Mesmo assim, para o bem e para o
mal, muito de sua palavra foi corrompida pelos homens, distantes de sua
divindade ou enterrados por suas percepções assertivas, fraternas e
revolucionárias.
Observando tudo, devemos ter sapiência para estudar o tempo e seu progresso,
considerando o amor, a evolução espiritual e o desenvolvimento da humanidade.
O que se passou ha vinte séculos e outros mais, é um retrato que nos leva a
51
interpretações diversas, entretanto, é uma inspiração que cabe a cada um de
nós experimentar no âmago de nossos próprios sentimentos.
A saber, outros mártires que aprecio nem foram vegetarianos, alguns dos meus
ídolos se perderam nos vezos da Terra e outros exemplos que admiro na
contemporaneidade não são necessariamente veganos, contudo, extraio a
melhor mensagem deles, que trazem outras e tantas dimensões de paz, amor e
intelecto. Acredito que assim podemos avançar em nossos valores, na soma de
toda a experiência que podemos absorver à nossa evolução, pautada sempre no
amor incondicional, como sem divergências nos ensinou Jesus Cristo.
LEITURA ADICIONAL
- Jesus era vegetariano
- A última ceia
Como vocês usam as escrituras para provar que Jesus era vegetariano, ao
passo que desconsideram referências escriturais que não concordem com seu
ponto-de-vista?
Existe um velho adágio que diz: “A Bíblia pode ser usada para justificar qualquer
posição”. Até certo ponto, essa afirmação é justa. Ao ler as escrituras deparamos
com muitas mensagens que não podem coexistir. É aí onde a teologia entra —
para interpretar e dar sentido aos textos sagrados, procurando discernir o
verdadeiro significado da divindade e existência.
Jeus não come peixe depois da ressurreição, e serve peixe durante o milagre da
multiplicação?
52
Então quão verdadeiras são as histórias de peixe?
Os Pães e os Peixes
E ainda, alguns estudiosos afirmam que a palavra grega para o inglês “fishweed”
(um tipo de alga seca), tem sido traduzida erradamente nesta história como
“peixe” (vide Rosen, Estudos Eruditos). Certamente é verdade que algas secas
seriam bem mais prováveis numa cesta com pão, e “fishweed” continua sendo
um alimento popular entre os camponeses palestinos tais como as pessoas a
quem Jesus falava.
Conclusão
Então o quê Jesus definitivamente tinha a dizer sobre pescar? Jesus chama uma
multidão de pescadores para longe de sua ocupação de matar animais e suplica
que mostrem misericórdia para com todos seres, citando Oséias: “Eu desejo
misericórdia, e não sacrifício”. Em cada instância, eles abandonam
imediatamente sua ocupação de pescar para seguirem Jesus (i.e. Mc 1:16–20).
Isto se assemelha ao chamado de Jesus a outros que estão ocupados em
53
atividades que não se coadunam com a mensagem dele de misericórdia e
compaixão.
É natural matar para comer. Animais se matam uns aos outros na natureza.
Porque nós não deveríamos fazê-lo também?
Nós não buscamos junto aos animais nossas indicações morais em outras áreas.
Por exemplo, alguns animais lutam até a morte por uma companheira, cometem
estupro, ou comem seus filhotes. Tais eventos “naturais” não significam que
vamos legalizar o estupro, assassinato ou infanticídio.
A atual demanda elevada por produtos lácteos requer que as vacas sejam
estimuladas além de seus limites naturais, e submetidas a engenharia genética
além de receber hormônios de crescimento a fim de produzir enormes
quantidades de leite. Mesmo os poucos fazendeiros que escolhem não criar
animais intensivamente são obrigados a eliminar o bezerro (que de outro modo
beberia o leite) e eventualmente mandar a mãe para o matadouro depois que a
produção leiteira dela decresce.
Comer carne é natural. Tem sido assim por milhares de anos. Nós evoluímos
dessa maneira.”
Na verdade, nós não evoluímos para comer carne. Animais carnívoros possuem
presas curvas, garras, e um trato digestivo curto. Seres humanos evoluíram sem
garras ou presas. Nós temos molares achatados e um trato digestivo longo mais
adaptado para uma dieta de vegetais, frutas, e grãos. Comer carne é perigoso
para nossa saúde, contribui para doenças cardíacas, e uma legião de problemas
de saúde.
Não sei. Seres humanos chegam aos extremos para salvar suas próprias vidas,
mesmo se isto significa lesar alguém inocente. (As pessoas até mesmo comeram
gente em situações horrendas.) Este exemplo, contudo, não é relevante para
nossas escolhas do dia-a-dia. Para a maioria de nós, não há circunstâncias que
ameacem nossa vida e nenhuma desculpa para matar animais como alimento.
Tantos cereais que produzimos são dados para os bichos comer a fim de
engordá-los para o consumo que, se todos nós virarmos vegetarianos,
poderíamos produzir suficiente alimento para alimentar o mundo inteiro. Nos
Estados Unidos os animais recebem mais de 80% do milho que plantamos e
mais de 95% da aveia. Só o gado mundial consome uma quantidade igual às
54
necessidades calóricas de 8,7 bilhões de pessoas — mais que toda população
humana da Terra.
Fazendeiros tem que tratar bem seus animais, ou eles não produzirão tanto leite
ou ovos.
Quantidades tão grandes de animais são criados para alimento que é mais
lucrativo para os fazendeiros absorver algumas perdas que prover condições
humanas.
Se todos virassem vegetarianos seria pior para os animais porque muitos deles
nem nasceriam.
A vida nas fazendas intensivas é tão miserável, assim é difícil ver como estamos
fazendo um favor aos animais trazendo-os à existência, confinando e
estressando-os, abusando deles, e depois assassinando-os.
55
devem ser guardiões e administradores, protegendo e respeitando os seres com
quem dividimos a dádiva da criação.
Se Deus não ordena comer carne, porque existem tantas leis sobre que carne é
e não é impura, e porque Jesus não condena comer carne abertamente?
As Escrituras Hebraicas tem sido usadas ao longo dos anos para justificar muitas
práticas cruéis e violentas (tais como abuso conjugal e de crianças, escravatura,
e guerra). É um infortúnio que ainda continuem a ser usadas para justificar a
exploração de animais.
Contudo, nos quatro Evangelhos incluídos em nosso Cânone, Jesus não é visto
condenando escravatura, subjugação de mulheres e crianças, ou muitas outras
injustiças. E assim, estas e outras injustiças tem sido justificadas pelos Cristãos
ao longo dos anos. Porém a mensagem central de Jesus, ou seja misericórdia e
compaixão, não pode ser reconciliada com o que sabemos que ocorre nas
fazendas intensivas e matadouros, talvez os locais mais violentos e sem
misericórdia nesta Terra.
56
Paulo estava escrevendo a uma igreja profundamente dividida quanto a uma
variedade de assuntos. Por qualquer razão, ele advogava escravatura (ICor
7:20–24, Eph 6:5, Col 3:22, I Tim 6:1–2, Tito 2:9–10, Phil 1), subjugação de
mulheres, celibato, e completa obediência para as crianças. Os escritos de Paulo
tem sido usados ao longo dos anos para justificar escravatura, propriedade sobre
esposa e crianças e abuso dos mesmos (até mesmo assassinato), e a expansão
ocidental e assassinato de nativos americanos. É muito importante que sejamos
excepcionalmente cuidadosos em não utilizar mal os escritos de Paulo para
justificar o abuso grosseiro de animais, inerente à criação e assassinato deles
para alimento.
As Escrituras Hebraicas:
As Escrituras Hebraicas tem sido usadas ao longo do tempo para justificar muitas
atrocidades, desde escravatura até queimar bruxas passando pela Inquisição,
até abuso de esposa e crianças. Galileu foi condenado pelo Papa a ser torturado
até retirar a heresia de que a Terra gira em torno do sol, o que contradiz Gênesis.
Segundo Levítico, bruxas devem ser queimadas, e adúlteros, crianças
desobedientes, e pessoas que violam o Sabá devem ser apedrejadas até a morte.
Leprosos e os inválidos eram impuros e não deviam entrar no templo. Um pobre
indivíduo no livro de Números (16) foi apedrejado até a morte por catar madeira
no Sabá. Ele é morto por Moisés e os israelitas enquanto Deus dá as ordens.
Lot é considerado justo, mesmo depois de oferecer suas filhas virgens aos
homens fora do portão na história de Gênesis (19).
57
O ponto aqui não é que Deus é violento e cruel. Deus é amor, como Suas
palavras através dos profetas mostram claramente. O velho Testamento é mais
uma história do que uma explicação da intenção de Deus, com exceção do
Jardim de Eden (o mundo ideal de Deus, o qual somos todos chamados a buscar)
e as visões proféticas (em que Ele nos diz que conhecê-Lo é ser justo,
misericordioso, e humilde). Comer carne é parte da criação caída, tal como
apedrejar em caso de adultério e uma “moralidade de olho-por-olho”, que ambos
não são exigidas por Deus segundo uma leitura provincial das Escrituras
Hebraicas, mas são denunciadas pelos profetas, e condenadas por Jesus como
interpretações errôneas.
As Escrituras Cristãs:
No tempo de Jesus, sacrifício animal era considerado por muitos como sendo o
único método de ser perdoado por pecados. Os judeus radicalmente
vegetarianos se inspiraram na eterna lei de Deus, a lei do Jardim de Eden e dos
Profetas (i.e. Oséias 2:18, Isaías 11:6–9) e instituíram o batismo para perdão dos
pecados. Assim, no decorrer de seu ministério, Jesus fala múltiplas vezes,
citando os profetas, que seus seguidores devem aprender a compreender o que
Deus quer dizer quando Ele diz através do profeta Oséias: “Eu desejo
misericórdia, e não sacrifício.” (Mt9:13, 12:6–7). Deus ali está falando de
sacrifício animal.
Conclusão:
Este argumento foi usado para reinvindicar que a raça negra estava melhor como
escravos nas plantações que como homens e mulheres livres. O mesmo poderia
ser dito de pessoas na prisão, contudo a prisão é considerada uma das punições
mais duras da sociedade.
58
Animais em gaiolas nas fazendas intensivas ou em laboratórios não sofrem tanto
porque nunca conheceram nada mais.
A última ceia
Publicação original: O livro de Urantia.
59
1. O Desejo de Ter Preferência
(1937.3) 179:1.5 Com as posições mais altas e as mais baixas assim ocupadas,
o restante dos apóstolos escolheu lugares, alguns perto de Judas e alguns perto
de Pedro, até que todos estavam nos seus lugares. Eles estavam sentados à
mesa em forma de U, nesses divãs reclinados, na seguinte ordem: à direita do
Mestre, João; à esquerda, Judas, Simão zelote, Mateus, Tiago Zebedeu, André,
os gêmeos Alfeus, Filipe, Natanael, Tomé e Simão Pedro.
60
(1937.4) 179:1.6 Estavam juntos para celebrar ali, ao menos em espírito, uma
instituição que antecedia mesmo a Moisés e que se referia aos tempos em que
os seus pais eram escravos no Egito. Nessa ceia, que foi o último encontro com
Jesus, apesar de um quadro tão solene, sob a liderança de Judas, os apóstolos
foram levados uma vez mais a dar vazão à sua antiga predileção pelas honrarias,
pela preferência e pela exaltação pessoal.
(1937.6) 179:1.8 Estavam agora prontos para começar a ceia, exceto que os
seus pés ainda estavam por lavar e que o humor deles era qualquer coisa de
nada agradável. Quando o Mestre chegou, estavam ainda empenhados em fazer
observações pouco elogiosas entre si, para não mencionar nada sobre os
pensamentos de alguns que haviam tido o controle emocional suficiente para
abster-se de expressar publicamente os seus sentimentos.
2. Começando a Ceia
(1937.7) 179:2.1 Por alguns instantes, após o Mestre haver ido para o seu lugar,
nem uma palavra foi dita. Jesus olhou para todos e aliviou a tensão com um
sorriso para dizer: “Eu desejei muito compartilhar esta Páscoa convosco. Uma
vez mais gostaria de cear convosco, antes do meu sofrimento e, compreendendo
que a minha hora chegou, eu organizei esta ceia convosco nesta noite, pois, no
que concerne ao amanhã, estamos todos na mão do Pai, cuja vontade eu vim
cumprir. Eu não comerei convosco novamente até que vos assenteis comigo no
Reino que o meu Pai me dará quando eu tiver concluído o que Ele enviou-me
para fazer neste mundo”.
(1938.2) 179:2.3 Jesus começou assim a falar aos seus apóstolos, porque sabia
que a sua hora havia chegado. Compreendeu que aquele era o momento em
que devia voltar ao Pai; e que a sua obra na Terra estava quase concluída. O
Mestre sabia que havia revelado o amor do Pai na Terra e proclamado a Sua
misericórdia à humanidade; e que havia completado aquilo que tinha vindo fazer
no mundo, até mesmo receber todo o poder e autoridade no céu e na Terra.
Sabia também que Judas Iscariotes havia decidido finalmente que o entregaria,
naquela noite, nas mãos dos seus inimigos. Jesus compreendia inteiramente que
essa entrega traidora era o trabalho de Judas, mas que também agradava a
Lúcifer, a Satã e a Caligástia, o príncipe das trevas. Jesus, todavia, não temia a
nenhum dos que buscavam sua derrota espiritual, como não temia àqueles que
61
iriam encarregar- se da sua morte física. O Mestre não tinha senão uma
ansiedade, e esta era quanto à segurança e salvação dos seus seguidores
escolhidos. E assim, com o pleno conhecimento de que o Pai havia colocado
todas as coisas sob a Sua autoridade, o Mestre agora se preparava para colocar
em prática a parábola do amor fraterno.
3. Lavando os Pés dos Apóstolos
62
(1939.2) 179:3.4 O apelo dramático dessa cena inusitada, a princípio, tocou até
o coração de Judas Iscariotes; mas, quando o seu intelecto vaidoso fez um
julgamento do espetáculo, ele concluiu que esse gesto de humildade era apenas
mais um episódio para provar conclusivamente que Jesus nunca se qualificaria
para ser o Libertador de Israel, e que ele não havia cometido nenhum erro com
a decisão de desertar a causa do Mestre.
(1939.6) 179:3.8 “Realmente podeis compreender o que eu fiz para vós? Vós me
chamais de Mestre, e estais certos, pois eu o sou. Se, então, o Mestre lavou os
vossos pés, por que não estáveis dispostos a lavar os pés uns dos outros? Que
lição deveríeis aprender dessa parábola na qual o Mestre, com tão boa
disposição, faz o serviço que os seus irmãos não queriam fazer uns para os
outros? Em verdade, em verdade, eu vos digo: Um servo não é maior do que o
seu senhor; nem aquele que é enviado é maior do que aquele que o envia. Vós
vistes o caminho do serviço pela minha vida entre vós, e abençoados sois vós
que tereis a coragem graciosa de servir. Mas por que sois tão lentos para
aprender que o segredo da grandeza no Reino espiritual não é como os métodos
do poder no mundo material?
(1940.1) 179:3.9 “Nesta noite, quando eu entrei nesta sala, não vos contentando
em recusar por orgulho a lavar-vos os pés uns dos outros, também caístes na
disputa de quem deveria ter os lugares de honra à minha mesa. Tais honras são
buscadas pelos fariseus e pelos filhos deste mundo, e não devia ser assim,
63
todavia, entre os embaixadores do Reino celeste. Não sabeis que não pode
haver lugares preferenciais à minha mesa? Acaso não compreendeis que eu
amo a cada um de vós como amo todos os outros? Não sabeis que o lugar mais
perto de mim, como os homens encaram essas honras, pode não significar nada
no que diz respeito à vossa posição no Reino do céu? Sabeis que os reis dos
gentios têm a soberania sobre os seus súditos, enquanto aqueles que exercem
essa autoridade, algumas vezes, são chamados de benfeitores. Mas não será
assim no Reino do céu. Aquele que quer ser grande entre vós, que se torne como
que o mais jovem; enquanto aquele que quer ser o dirigente, que se transforme
em alguém que serve. Quem é o maior, aquele que se senta para comer, ou
aquele que serve? Não é comumente considerado maior aquele que se senta
para comer? Mas vós ireis observar que eu fico entre vós como aquele que serve.
Se quiserdes tornar- vos os meus companheiros de serviço fazendo a vontade
do Pai, no Reino que está por vir, sentar-vos-eis comigo no poder, fazendo
também a vontade do Pai na glória futura”.
(1940.4) 179:4.2 Quando os doze ouviram isso, tendo sido tirado deles muito da
sua segurança e autoconfiança, com a parábola do lava-pés e com o discurso
subseqüente do Mestre, eles começaram a olhar uns para os outros, enquanto
em tom desconcertado perguntavam hesitantes: “Serei eu?” E então, quando
eles todos se haviam perguntado isso, Jesus disse: “Já que é preciso que eu vá
para o Pai, não havia a necessidade de que um de vós se tornasse um traidor,
para que a vontade do Pai fosse cumprida. Isso é devido à maturação do fruto
do mal, escondido no coração daquele que não conseguiu amar a verdade com
toda a sua alma. Quão enganador é o orgulho intelectual que precede a queda
espiritual! Um amigo meu de muitos anos, que ainda agora compartilha comigo
do meu pão, está prestes a trair-me, este mesmo que agora coloca a sua mão
junto comigo no prato”.
64
de novo perguntou: “Serei eu?” Jesus, segurando o pão no prato das ervas,
passou-o a Judas, dizendo: “Tu o disseste”. Os outros, entretanto, não ouviram
Jesus falar a Judas. João, que estava reclinado no divã à mão direita de Jesus,
inclinou-se para perguntar ao Mestre: “Quem é? Deveríamos saber quem é que
se mostrou infiel à confiança nele depositada”. Jesus respondeu: “Eu já vos disse,
o mesmo a quem eu dei o pão empastado”. Era tão natural, entretanto, o anfitrião
assim passar um pedaço de pão àquele que se assentava próximo a ele à
esquerda, que nenhum deles notou isso, ainda que o Mestre tivesse dito tão
claramente. Mas Judas estava dolorosamente consciente do significado das
palavras do Mestre ligadas ao seu ato, tornando-se temeroso de que os seus
irmãos estivessem agora também cientes de que era ele o traidor.
(1941.1) 179:4.4 Pedro encontrava-se bastante agitado com aquilo que havia
sido dito e, inclinando- se para a frente sobre a mesa, dirigiu-se a João:
“Pergunte-lhe quem é; ou, se ele tiver dito a ti, dize-me quem é o traidor”.
(1941.4) 179:4.7 Jesus sabia agora que nada poderia ser feito para impedir que
Judas se tornasse um traidor. Ele começara com doze — agora estava com onze.
Escolhera seis dentre esses apóstolos, e ainda que Judas estivesse entre
aqueles indicados pelos próprios apóstolos escolhidos inicialmente, mesmo
assim o Mestre aceitara- o, e havia, até esta mesma hora, feito tudo o que era
possível para santificá-lo e salvá-lo, do mesmo modo que havia trabalhado para
a paz e a salvação dos outros.
(1941.5) 179:4.8 Essa ceia, com os seus episódios de ternura e com os seus
toques de brandura, foi o último apelo de Jesus ao desertor Judas; mas esse
apelo resultou em vão. Uma vez que o amor esteja realmente morto, a
advertência, mesmo quando ministrada da maneira mais cuidadosa e transmitida
com o espírito mais bondoso, via de regra, apenas intensifica o ódio e acende a
determinação maldosa de efetuar integralmente os próprios projetos egoístas.
65
5. Instituindo a Ceia da Lembrança
66
matemática de uma fórmula estabelecida. De todos os ensinamentos de Jesus,
nenhum se tornou mais padronizado pela tradição.
(1943.1) 179:5.8 E essa ocasião grandiosa teve lugar na sala do andar superior
da casa de um amigo. Nem a ceia nem a casa apresentavam qualquer forma
sagrada de consagração cerimonial. A ceia da lembrança foi organizada sem a
sanção eclesiástica.
(1943.2) 179:5.9 Depois que Jesus estabeleceu assim a ceia da lembrança, ele
disse aos apóstolos: “E, sempre que fizerdes isso, fazei em lembrança de mim.
E quando vos lembrardes de mim, primeiro olhai para a minha vida na carne,
lembrai-vos de que eu estive certa vez entre vós e, então, pela fé, podeis saber
que todos vós ireis algum dia cear comigo no Reino eterno do Pai. Esta é a nova
Páscoa, que eu deixo convosco; a da memória à minha vida de auto-outorga, a
palavra da verdade eterna; e do meu amor por vós, da efusão do meu Espírito
da Verdade sobre toda a carne”.
67
As plantas sentem dor?
Para uma resposta rápida clique aqui.
É uma pergunta frequente que fazem aos veganos. Na verdade, não conheço
nenhum vegano que não a tenha ouvido pelo menos uma única vez, e a maioria
de nós já ouviu esta pergunta várias vezes.
É evidente que quem costuma fazer esta pergunta sabe muito bem que existe
uma diferença entre, digamos, uma galinha e um pé de alface. Ou seja, se no
próximo jantar você cortar um pé de alface na frente dos seus convidados, eles
reagirão de um modo totalmente diferente se você, ao invés disso, fatiar uma
galinha viva na frente deles.
Se, ao caminhar em seu jardim, eu pisar de propósito em uma flor, você terá toda
razão em se zangar comigo, mas se eu chutar o seu cachorro de propósito, você
ficará zangado comigo de uma maneira bem diferente. Ninguém considera estas
duas ações equivalentes. Sabemos muito bem que existe uma grande diferença
entre uma planta e um cachorro, o que faz com que chutar este último seja
moralmente muito mais repreensível do que pisar em uma flor.
68
“precisa” ou “necessita” de um pouco de óleo. Trocar o óleo do meu carro pode
ser do meu interesse, mas nunca do interesse do carro, pois este não tem
interesses.
Uma planta pode reagir à luz do sol e a outros estímulos, mas isso não significa
que ela seja senciente. Se eu descarregar uma corrente elétrica em um fio
amarrado a um sino, o sino tocará. Mas isso não significa que o sino seja
senciente.
E tudo isso faz sentido do ponto de vista científico. Por que elas teriam a
necessidade evolucionária de desenvolver a senciência se elas não podem fazer
nada para reagir a um ato danoso? Se você atear fogo a uma planta, ela não
poderá sair correndo, ela permanecerá no mesmo lugar até queimar. Agora se
você atear fogo a um cachorro, ele reagirá exatamente da mesma forma como
você reagiria: ele urrará de dor e tentará se livrar das chamas.
Não estou querendo dizer com isso que não existe nenhuma obrigação moral de
nossa parte referente às plantas, mas sim que não temos nenhuma obrigação
moral para com as plantas. Ou seja, podemos ter a obrigação moral de não cortar
uma árvore, mas esta é uma obrigação que não temos para com a árvore. Uma
árvore não é o tipo de entidade com a qual nós podemos ter obrigações morais.
Podemos ter obrigações morais para com todas as criaturas sencientes que
vivem em uma árvore ou dependem dela para a sua sobrevivência. Podemos ter
obrigações morais para com os outros seres humanos e para com os outros
animais não humanos que habitam o planeta no que se refere à não destruição
de árvores a torto e a direito. Mas não podemos ter nenhuma obrigação moral
para com uma árvore, pois só podemos ter obrigações morais para com criaturas
sencientes e uma árvore não é nem senciente nem possui interesses, pois ela
não tem preferências, vontades nem desejos.
Uma árvore não é o tipo de entidade que se preocupa com o que fazemos com
ela. Uma árvore é um “objeto”. Já o esquilo e os pássaros que vivem nela sem
dúvida têm o interesse de que nós não a derrubemos, mas a árvore não. Pode
ser moralmente repreensível derrubar uma árvore por capricho, mas este tipo de
ação é qualitativamente diferente do ato de atirar em um cervo.
69
considerando inclusive os animais não humanos como um “recurso” a ser
preservado.
E isso é um grande problema para aqueles como nós que não consideram os
animais não humanos como “recursos” destinados ao nosso uso. Árvores e
outras plantas são recursos que podemos utilizar. Temos a obrigação de usar
estes recursos com sabedoria, mas esta é uma obrigação que nós temos apenas
para com as outras pessoas, sejam elas humanas ou não humanas.
No caso dos insetos, pode ser difícil traçar o limite, mas isso não significa que
este limite não possa ser traçado com precisão na maioria dos casos. Matamos
e comemos pelo menos dez bilhões de animais terrestres todos os anos apenas
nos Estados Unidos. Esta cifra não inclui todos os animais marinhos que
matamos e comemos. Talvez possa haver alguma dúvida se animais como
mariscos ou mexilhões sejam mesmo sencientes, mas sem dúvida todas as
vacas, porcos, galinhas, perus, peixes, etc. são sencientes. Os animais não
humanos dos quais tiramos o leite e os ovos sem dúvida são sencientes.
O fato de não sabermos ao certo se os insetos são sencientes não significa que
devemos ter qualquer dúvida sobre o fato de que todos estes outros animais não
humanos são sencientes, pois estamos absolutamente certos quanto a isso. E,
ao dizer que o fato de que não estamos certos se os insetos são sencientes nos
impede de avaliar a moralidade de se comer carne ou de usar produtos oriundos
de animais não-humanos que sabemos sem sombra de dúvida serem sencientes
ou de avaliar a moralidade de trazer estes animais não humanos à existência
com o objetivo de usá-los como nossos “recursos” evidentemente é um absurdo.
E as plantas carnívoras?
Por Bruno Müller / Seres livres
Por mais absurda que seja a questão, e por mais que eu esteja convencido que
ela raramente é posta com propósito sincero, vale a pena se debruçar sobre ela,
até para demonstrar a desonestidade de quem a coloca. Ela raramente é
70
motivada por uma dúvida sincera sobre a diferença (ou não) nas implicações
éticas do uso de animais e plantas por seres humanos. Geralmente é um álibi
dos onívoros para justificar seus hábitos: “se não podemos ser éticos em igual
medida com animais e plantas, então seria arbitrário poupar apenas um deles,
sendo mais lógico e justo vitimar ambos”. Como veremos, há um oceano de
distância nas implicações éticas do uso de animais e de plantas. Os pretensos
defensores das plantas — que eu jocosamente chamo de “alfascistas” (conjunção
de “alface” com “fascista”) — na verdade guardam parentesco com os relativistas
e os realistas políticos. Como os primeiros, diante da impossibilidade de justificar
seus desvios éticos, buscam apontar o dedo acusador para seus críticos,
julgando que os erros que eles também cometem — mesmo que apenas
presumidos — eximem-nos de responsabilidade pelos seus próprios erros. Como
os realistas, sugerem que a impossibilidade de chegar a padrões mínimos de
moralidade e ética não apenas invalidam a busca por estes padrões, como
justificam a ação totalmente desvinculada de ambos.
2. As plantas não têm sistema nervoso central, logo é impossível para elas
sofrerem e sentir dor.
71
4. Responder a estímulos não é igual a ter senciência. Até organismos não-vivos
como células e proteínas respondem a estímulos. Mesmo que as plantas tenham
algum tipo de sensibilidade, ela seria muito diferente da senciência dos animais.
Mesmo os estudos que tratam da sensibilidade das plantas constatam isso. Elas
podem ter mecanismos de defesa, atração, estratégias de dispersão de
sementes ou mesmo captura de presas. Mas nada indica que elas experimentem
dor ou sentimentos.
5. É provado que podemos viver sem explorar, matar, comer animais. Mas
podemos viver sem plantas? Lembrando que usamos plantas não só na
alimentação, mas para fazer várias outras coisas, desde produtos de higiene e
limpeza, medicamentos, até roupas e utensílios domésticos e móveis. Viver sem
usar plantas, se não for impossível, exigiria que voltássemos a viver na selva.
No caso das plantas, portanto, pode-se alegar com muito mais propriedade que
nossas vidas dependem dela — o que não é de modo algum verdadeiro no caso
dos animais não-humanos.
6. Se a pessoa ainda assim acha que não há diferença entre usar plantas e
animais — e acredite-me, ela só dirá isso se estiver competindo, e não dialogando,
pois qualquer pessoa com bom senso (não precisa nem inteligência) é capaz de
perceber a diferença — então pode-se dizer duas coisas:
6a. Podemos optar por causar mais dano ou menos dano. É sempre preferível,
quando o dano é inevitável, causar menos dano. Creio que qualquer pessoa, a
menos que seja nazista ou coisa parecida, terá que concordar com este princípio.
E o fato indiscutível é que comer e usar plantas diretamente causa menos dano,
porque se temos que infligi-lo, e podemos optar em fazê-lo a animais E plantas
ou só a plantas, o melhor a fazer é causar dano só às plantas. Até porque, afinal,
os animais também comem vegetais e derivados, e um boi, alguns porcos ou
muitas galinhas comem muito mais vegetais do que um ser humano comum. Se
considerarmos o tanto de animais para consumo que existem no planeta,
veremos quantas toneladas de vegetais nós lhes damos para os comê-los depois,
o que será revertido numa quantidade bem menor de carne, que além de tudo é
um alimento mais pobre. Aqui percebe-se como até de uma pergunta banal,
provavelmente debochada, pode-se extrair uma reflexão relevante. Se esse
interlocutor hipotético acha mesmo que devemos consideração às plantas, ainda
assim teria de ser vegetariano: produz-se e consome-se muito menos plantas se
nos alimentamos diretamente delas, causando, consequentemente, menos dano
não só aos animais, mas às próprias plantas e a todo o ecossistema. Tantas
plantas sendo dadas a animais é desperdício de comida e uma pressão extra
sobre as florestas remanescentes. É mais racional, sob todos os aspectos,
alimentar-se diretamente de fontes vegetais. Além de poupar os animais, desse
temos mais excedente de alimentos (ajudando no combate à fome, que é um
fenômeno político) e ajudamos a reduzir a dependência da importação de
alimentos e a derrubada de florestas.
6b. Se, em todo caso, a pessoa DE FATO se preocupa em poupar a vida dos
vegetais, ela tem a opção de adotar o frugivorismo (frutos e frutas), que embora
restrito e requeira muito cuidado, é viável. Não há, sob qualquer prisma, em
qualquer sistema de crenças, qualquer dilema ético na alimentação frugívora,
72
afinal, as frutas não são seres vivos, são parte do sistema reprodutor dos
vegetais, e EXISTEM PARA SEREM COMIDOS, pois é ao comê-los que os
animais espalham as sementes dos vegetais, permitindo assim que nasça uma
nova geração deles. De todo modo, a maior parte da nossa alimentação se dá
pelo consumo de sementes, frutos, tubérculos, leguminosasc Muito pouco do
que a gente come tem que ser “morto”. Mas daí cabe a ressalva do que
mencionei no item 5: para ser coerente, o “frugívoro ético” não pode usar nenhum
produto de origem vegetal, que é justamente o que os veganos fazem em relação
aos animais, e este seria o verdadeiro “dilema ético” de usar vegetais.
Quis ser o mais abrangente possível neste texto, para dar argumentos aos
vegetarianos confrontados com essa “pegadinha” dos onívoros. Minha
experiência mostra que raramente precisamos usar todos esses contra-
argumentos. Depois de um ou dois deles, as pessoas desistem de nos
questionar, diante da fragilidade de seus próprios “argumentos”.
Fonte: http://sereslivres.blogspot.com.br/search/label/Vegetais
Quem quiser saber mais sobre os estudos sobre a sensibilidade das plantas e
sua contestação: http://brazil.skepdic.com/plantas.html
E as alfaces?
Publicação original: Cultura Veg
Mas, claro que este argumento vem em último caso: no caso das plantas
sentirem realmente algum tipo de sofrimento. Este é o caso?
Vamos começar pensando sobre o que é dor. Dor é uma reação negativa gerada
pelo sistema nervoso do organismo, em relação a algum evento, objeto ou
substância que esteja danificando algum tecido. Esta reação tem a função de
ajudar o organismo a associar a sensação desprazerosa à substância ou evento
nocivo, gerando um aprendizado e evitando que a aproximação do indivíduo para
junto da substância ocorra novamente, podendo levar à morte do animal. É
73
importante lembrar que o conceito de dor está mais ligado à sensação negativa
do que ao reflexo motor de afastamento do objeto, ou seja, seria possível existir
reflexo sem sensação negativa (tirar a mão do fogo como um auto-reflexo), mas
neste caso, porém, não ocorrerá aprendizado, pois não haverá associação entre
o estímulo que danifica (fogo) e a sensação ruim. Ou seja, a dor é muito
importante, pois evita que repitamos o ato de se aproximar de objetos,
substâncias e ocasiões potencialmente perigosas para a vida.
É preciso um sistema nervoso para que haja dor? Bem, é preciso que exista
alguma rede de células que consiga capturar a informação de que o tecido está
sendo danificado. No ser humano, por exemplo, existem neurônios
especializados em gerar impulsos (ou potenciais de ação, tecnicamente falando)
somente quando há dano no tecido. Em seguida, é preciso que a informação vá
para uma rede central de neurônios que possa associar esta informação de dano
a uma sensação desprazerosa — que pode ser a diminuição de substâncias que
geram prazer ou que mantenham o corpo em equilíbrio (chamadas de
neurotransmissores). É preciso que a resposta de associação seja imediata e
que uma resposta de afastamento (reflexo de tirar a mão do fogo, por exemplo)
ocorra.
Claro que tudo está muito resumido, mas é necessário entender que é preciso
ocorrer comunicação entre o ambiente externo e interno do organismo, gerando
respostas de afastamento motor (movimento), emoções (medo — aumento da
frequência cardíaca, por exemplo), sensação negativa de incômodo e
associação desta sensação com o objeto danoso, gerando aprendizado.
Um dos livros mais famosos é o “The secret life of plants”, de Peter Tompkins e
Christopher Bird. Neste livro alega-se, inclusive consciência em plantas.
74
Eu acredito que é possível sim que exista algum tipo de senciência em todos os
reinos vegetais, minerais e animais, mas isso não é nada científico, mas apenas
uma expressão do reflexo do que considero ser o universo. Se existir de fato
uma conexão entre os seres vivos e não-vivos, é possível sim que todas as
formas se conectem de alguma maneira, mas no que se refere à dor como
conceito científico — seu significado fisiológico e seu possível papel adaptativo
na seleção natural — não faz sentido que plantas sintam, de fato, dor. Se sentem
algo diferente, não sei, mas dor como os animais conhecem, não sentem.
Bem, isso não é uma justificativa para sair matando e desrespeitando a vida das
plantas ou até de outras formas, como fungos, bactérias ou animais que alguns
considerem possuir sistemas nervosos mais simples. O que devemos considerar
é o sagrado da vida, ou para os mais céticos, o simples fato de que a vida é
muito rara neste universo (pelo menos até o que sabemos). Se é assim, não
existe motivo nenhum para matar e destruir qualquer criatura ou mesmo sair
bravejando contra pedaços de pedra, simplesmente porque não se tem respeito
a nada.
Ser vegano é muito ético, mas nem todo vegano considera o boicote aos
transgênicos, aos agrotóxicos, ao óleo de palma, à poluição ambiental que seus
hábitos vegetarianos podem causar se não realizados de maneira consciente.
Assim, vamos tentar expandir o veganismo para algo ainda mais global, em que
a vida e o equilíbrio dos ecossistemas seja também colocado em questão.
No fim, acredito que o veganismo seja apenas o passo inicial e de resto, falar de
alfaces que choram e de legumes assassinados ainda não apaga o sangue, o
terror e o genocídio que a gula da nossa sociedade faz com os animais. Vamos
lembrar sempre disso: é pouco provável que as plantas sintam dor como a
conhecemos, mas é totalmente provado cientificamente que os animais — que
não temos necessidade de matar e torturar — sentem dor, medo e pavor, por isso,
vamos dar um basta à violência que causamos!
75
existe também a possibilidade de que a teoria da evolução não esteja correta.
Apesar disso, a probabilidade de que ela esteja correta e de que não faça sentido
que plantas sintam dor é muito alta, portanto dei um peso maior a esta hipótese
do que a outra, em que teria que desconsiderar o peso da seleção natural.
76
te mandar para o inferno” se você virar vegano. Aliás, para mim ser vegano é
uma escolha baseada na compaixão, na paz, na compreensão de que toda vida
tem valor. A religião não é um fator determinante nesse assunto. “Bem-
aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.”Mateus
5:7.
É muito evidente que nos dias atuais o veganismo tem servido para aglutinar
denuncias legítimas em relação à teia de crueldade e exploração dos animais e
as devidas reivindicações justas em defesa dos seus direitos. Mas, mais que um
veículo, não único obviamente, para a conquista desses direitos, é em si um
conceito que idealiza uma condição e modo de vida de estar vegano e com isso
evitar hábitos e práticas que impliquem o sofrimento e a dor alheia a seres
indefesos e sencientes. Para uns, movimento ativista que tenta romper
paradigmas culturais moldados no antropocentrismo e especismo “civilizatório”
e para outros o cotidiano traduzido numa ética prática de se fazer o dever de
casa. É claro que ambas situações/condições se mesclam e se fundem na vida
de muitos que assim assumem esse modo de vida vegano.
É preciso ter em mente que cada indivíduo decreta a sua “Lei Áurea” aqui e
agora, e a soma desses decretos individuais é que transformarão a grande
estrutura desse sistema perverso.
O veganismo não é religião. E se assim for encarado, daí sim terá mais desafios
e problemas para além daqueles intrínsecos ao mesmo. E a cartilha com
mandamentos e deveres a serem cumpridos serão cobradas e patrulhadas,
principalmente por colegas de dentro da “Igreja”. E ai daquele irmão que pecar
77
e ainda tiver um resquício pregresso de conduta não vegana, seja por um detalhe
em algum calçado ou vestimenta, seja pelo consumo desinformado de um
produto (ainda que isentos de origem animal), porém de uma marca não vegana,
seja por ocasião de uma confraternização entre familiares ou amigos e for visto
entrando num restaurante do “mal”, seja por beber desinformadamente uma
marca de bebida que patrocina eventos de exploração animal.
78
JORNALISMO CULTURAL
NÃO É CORRETO RELACIONAR VEGANISMO COM RELIGIÃO
Por: David Arioch
“Me diga quais religiões que lutaram de fato pela libertação animal?”
VOCABULÁRIO
Doutrina: Reunião dos preceitos básicos que compõem um sistema (religioso,
político, social, econômico etc.). Reunião dos fundamentos e/ou ideias que, por
serem essenciais, devem ser ensinadas.
Seita: Grupo religioso dissidente, que deixa de participar de uma religião por não
concordar com suas normas e objetivos. Grupo com uma organização própria,
geralmente restrito e fechado.
79
Somos carnívoros?
Publicação original: Veg go
INTESTINO
TAMANHO
Carnívoros e Onívoros: De 3 a 6x o tamanho do corpo. Herbívoros: De 10 a 12x
o tamanho do corpo. O do homem é semelhante ao dos herbívoros.
FORMA
Carnívoros e Onívoros: Liso como um cano para facilitar a passagem da carne.
Herbívoros: Possuem vários compartimentos para a máxima absorção dos
nutrientes. O do homem é semelhante ao dos herbívoros
ACIDEZ ESTOMACAL
O estômago dos animais carnívoros é em torno de 20x mais ácido que o dos
herbívoros. O do homem é semelhante ao dos herbívoros.
FIBRAS
Carnívoros e Onívoros: Não precisam de fibras para moverem o alimento através
de seus curtos e lisos intestinos. Herbívoros: Precisam de fibra dietética para
mover a comida através dos longos e obstruídos intestinos. O do homem tem os
mesmos requisitos dos herbívoros.
COLESTEROL
O colesterol não é problema nenhum para o sistema digestivo de animais
carnívoros. Um leão pode lidar com altíssimas taxas de colesterol sem qualquer
dano à saúde. Colesterol apenas pode ser encontrado em comida animal. Uma
dieta baseada restritamente em vegetais tem colesterol zero. O do homem
possui as mesmas características dos herbívoros.
PRESAS E DENTES
Carnívoros: Possuem presas, dentes afiados frontais capazes de subjugar suas
presas e nenhum molar para ficar mastigando. Herbívoros: Não possuem presas
e dentes afiados para subjugar as presas, mas têm molares chapados para a
mastigação. O do homem possui as mesmas características dos herbívoros.
SALIVA
A saliva do carnívoro e do onívoro não contém enzimas digestivas. A saliva do
homem é como a saliva dos herbívoros, é alcalina, contendo as enzimas
digestivas dos hidratos de carbono.
80
JORNALISMO CULTURAL
Por que não somos carnívoros?
Publicação original: David Arioch
Em seu livro “The 80/10/10/ Diet”, o escritor Douglas N. Graham explica por que
não somos carnívoros. Graham discorre sobre características que vão desde as
fórmulas dentárias à tolerância à gordura.
Andar: Nós temos duas mãos e pés e andamos eretos. Todos os carnívoros têm
quatro patas e fazem sua locomoção usando as quatro.
Garras: Nossa falta de garras para rasgar a pele e a carne torna esta tarefa
extremamente difícil. Possuímos unhas retas e muito mais fracas ao invés das
garras.
81
Nascimento: Humanos dão à luz a uma criança de cada vez. Carnívoros
normalmente dão à luz a ninhadas.
Perspiração: Humanos suam através dos poros pelo corpo inteiro. Carnívoros
suam através das suas línguas apenas.
Bebendo: Se precisamos beber água, podemos sugar com nossos lábios, mas
não podemos empurrá-la para dentro. As línguas dos carnívoros são
protuberantes para fora a fim de poderem jogá-la para dentro, quando precisam
beber.
82
Movimento da mandíbula: Nossa habilidade de moer nossos alimentos é
exclusiva dos herbívoros. Carnívoros não possuem o movimento lateral de suas
mandíbulas.
Tolerância à gordura: Nós não conseguimos lidar com mais do que pequenas
quantidades de gordura também. Carnívoros prosperam em uma dieta
hiperlipídica.
Apetite natural: Nossa boca saliva com a visão e o cheiro das frutas. Mas o cheiro
de animais geralmente nos dá náuseas. A boca dos carnívoros saliva ao ver a
presa, e eles reagem ao cheiro dos animais como se sentissem a comida.
83
O topo da cadeia alimentar
A ignorância frente ao veganismo.
MATÉRIA Nº2
Fonte: Your Vegan Fallacy Is
84
MATÉRIA Nº3
Fonte: Veganagente por Robson Fernando de Souza.
Um argumento é utilizado há décadas por muitos que tentam justificar não serem
veganos ou vegetarianos: o de que o ser humano “precisa” comer carne por ser
“o topo da cadeia alimentar”.
Mas esse argumento faz sentido mesmo? Existe realmente uma cadeia
alimentar natural e inescapável que obriga os seres humanos a comer carne e
lhes dá o título de “majestade do reino animal”?
Convido você a saber a resposta neste artigo, que fará você pensar na realidade
sobre a alimentação humana e na escolha que essa crença acaba escondendo
de você.
O que é, realmente, uma cadeia alimentar?
Fonte: EBM Pe. João Alfredo Rohr
Caso descubra não saber, ou ter uma ideia mais vaga do que imaginava do que
ela se trata, então apresento a você o conceito de cadeia alimentar, segundo
Yara Laiz Souza, no Info Escola:
O ser vivo produtor: uma planta, que produz o próprio alimento, por meio da
fotossíntese e da absorção de nutrientes do solo;
O consumidor primário: um animal que come essa planta, podendo ser um
herbívoro ou um onívoro;
O consumidor secundário: um animal que caça e come o consumidor primário,
podendo ser um onívoro ou um carnívoro;
O consumidor terciário: um animal que caça e come o consumidor secundário,
geralmente um carnívoro posto no topo dos desenhos mais tradicionais;
E, finalmente, os decompositores: fungos, bactérias e protozoários que
decompõem e consomem o cadáver de todos os produtores e decompositores,
sintetizam e lançam no solo os nutrientes que serão absorvidos pelas plantas.
85
Ou seja, mesmo que costume ser desenhada como uma hierarquia “governada”
pelo consumidor terciário, a cadeia alimentar é representada de maneira mais
fiel por um ciclo, sem início nem fim.
Quem criou a cadeia alimentar que você defende como “natural”?
E o mais perturbador desse fato é que todas elas foram criadas e são
administradas pelos próprios seres humanos, por meio da agricultura, da
pecuária, da caça, da pesca e da coleta. Nesse contexto, mesmo as cadeias
alimentares mais primitivas, de algumas centenas de milhares de anos atrás,
foram determinadas pela escolha de quais espécies de animais seriam caçadas
e quais espécies de vegetais seriam colhidas no meio selvagem.
Aliás, uma das grandes razões da evolução humana ao longo dessas centenas
de milênios é a versatilidade alimentar, o poder de escolher quem (animais) e o
que (vegetais) comer, como maneira de lidar com alterações no ambiente local,
como aquelas de ordem climática, ou com as novas necessidades trazidas pela
migração.
Portanto, aquela refeição cheia de carne na sua mesa não foi escolhida e ditada
para você pela Mãe Natureza, mas sim determinada por seres humanos.
Nas sociedades de hoje, quem escolhe o que os seres humanos vão comer é
toda uma categoria de pessoas com poder de ditar os costumes culturais. São:
86
Os políticos que criam, aprovam e sancionam leis que proíbem ou regulamentam
o consumo de determinados alimentos;
Sua família, que ditava para você na infância o que deveria comer e o que não
poderia;
E o mais impressionante: você mesmo, caso seja adolescente ou adulto e tenha
a devida consciência de que alguns alimentos são mais nocivos para você e
outros seres sencientes (humanos e não humanos) do que outros.
Mas há uma boa notícia no meio disso tudo: você não é obrigado a aderir a
nenhuma cadeia alimentar específica. No contexto atual de expansão do
veganismo, está sendo apresentada a você a possibilidade de optar por se
desligar das centenas de cadeias alimentares que envolvem pecuária, pesca,
caça e outras formas de exploração animal para consumo e aderir a uma
diversidade de milhares de outras cadeias, nas quais você é o consumidor
primário e, assim, obtém toda a energia diretamente das plantas.
Mas não somos o topo das nossas cadeias alimentares?
Como foi dito anteriormente, é mais realístico descrever a cadeia alimentar como
um ciclo, não uma hierarquia com início nas plantas produtoras e fim nos animais
consumidores terciários. Afinal, por mais “majestoso” que o consumidor terciário
seja, seu corpo será devorado após a morte pelos decompositores, e estes
estarão ajudando a nutrir as plantas, assim reiniciando o ciclo.
E quanto a nós humanos? Somos ou não o último elemento das nossas cadeias
alimentares antes dos decompositores? Somos, afinal de contas, majestosos
consumidores terciários que têm o direito de dominar a Natureza?
A resposta da primeira pergunta é que somos sim esse último elemento. Afinal,
dentro das cidades ou dos cercados rurais não seremos devorados por nenhum
predador carnívoro. Há uma probabilidade quase certa de que nossos corpos
serão devorados apenas por decompositores no túmulo do cemitério, ou
desintegrados mediante cremação.
87
terciários aqueles que vivem da caça e/ou pesca de animais que comem outros
animais.
Além de, em nossa grande maioria, não sermos consumidores terciários, nada
nas cadeias alimentares às quais pertencemos indica que temos o direito natural
de comer animais.
Ou seja, você não come carne porque é “o topo da cadeia alimentar”. Mas sim
porque sua cultura — incluindo as forças capitalistas que a influenciam — dita que
você coma sem questionar.
Considerações finais
Imagem: Fabio Chaves/Seja Vegano/Vista-se.
Nós estamos numa posição confundível com o “topo da cadeia alimentar” porque
não temos predadores naturais. Mas a ausência de predadores não nos dá
nenhum direito natural de comer carne — quem faz isso é a cultura.
E a boa notícia nisso tudo é que nada disso é imposto de maneira que você não
possa se recusar a acatar. Com a ascensão do veganismo e do vegetarianismo,
hoje é mais possível do que nunca você optar por abandonar os alimentos de
origem animal. Razões éticas, ambientais, humanitárias e de saúde para essa
mudança de hábito alimentar não faltam.
Então desencane: você não é nenhum “rei da selva” por comer a carne que os
pecuaristas, os pescadores e a indústria alimentícia querem que você coma. A
Natureza não lhe deu esse título. Essa crença de que você é “superior” aos
demais animais por ter o direito legal de comer parte deles não passa de um
detalhe da cultura humana à qual você pertence.
Não sendo nenhum majestoso carnívoro obrigado pela Natureza a comer carne,
você tem o poder de escolher abandonar o consumo desse e de outros produtos
animais, que fazem mal para você, para os animais não humanos, para outros
seres humanos e para o meio ambiente.
88
Lã, Seda, Vestuário
Publicação original: O direito à vida
1. As ovelhas não precisam ser tosquiadas. Não por nossa culpa, mas somos
induzidos a crer, erroneamente, que as “ovelhas precisam ser tosquiadas.” A
realidade é muito mais complexa. Ovinos naturalmente produzem apenas a
quantidade de lã que eles precisam para se proteger de condições climáticas
extremas. É devido à engenharia genética e à manipulação de produção de lã
de ovelha que deixamos esses animais indefesos terem que depender da
interferência humana.
3. A indústria da lã é repleta de morte e doença. Para lhe dar uma ideia melhor,
somente na Austrália, cerca de dez milhões de cordeiros morrem a cada ano
antes de completarem mais do que alguns dias de vida. Por quê? Rebanhos
geralmente consistem de milhares de indivíduos, o que torna impossível dar bom
atendimento e atenção às ovelhas individualmente. Ao invés de reduzir o número
de ovelhas num esforço para mantê-las em melhores condições, procriam-se
mais ovelhas de modo a nascerem mais cordeiros para compensar as mortes.
89
5. Tosquiadores de ovelhas são pagos pelo volume. A maioria dos tosquiadores
de ovelhas são pagos pelo volume, ao contrário de por hora, incentivando o
trabalho rápido sem se preocupar com o bem-estar das ovelhas. Isso resulta em
manuseio e lesão durante o processo.
8. Ovelhas são gentis, amáveis e sensíveis e são capazes de sentir uma gama
de emoções. Amplos estudos foram realizados comprovando que as ovelhas têm
uma vida emocional muito mais rica do que nós lhes damos crédito.
9. Cinco milhões de cangurus são mortos a cada ano como resultado da indústria
dos lanifícios. Número excessivos de ovinos tem-se alimentado da flora nativa,
da qual os cangurus se alimentam, fazendo com que estes últimos se tenham
tornado uma espécie em extinção. Estes animais nativos são agora vistos como
pragas prejudiciais e que o governo australiano permite o abate de cerca de 5
milhões de cangurus em cada ano.
10. Cada ovelha tosquiada acabará por ser enviada para abate. Quando diminui
a produção de lã de um carneiro, eles são vendidos para o abate. Esta provação
terrível e assustadora exige ás ovelhas que percorram longas distâncias em
condições extremamente apertadas e lotadas. Muitas ovelhas morrem durante a
viagem de exaustão, desidratação, stress e lesões, e cordeiros recém-nascidos
durante a viagem muitas vezes são pisoteados até a morte.
As ovelhas não são os únicos animais explorados pela lã. Cabritos, coelhos e
alpacas também são comumente usados para a fabricação de angorá, cashmere
e lã de alpaca.
Você não tem de contribuir para essa indústria abusiva. Verifique os rótulos
antes de comprar e use alternativas, como o algodão, flanela de algodão, acrílico
macio, fibras de poliéster e shearling sintético.
90
E a seda?
Publicação original: Veggi & Tal
É bem claro por que tantas pessoas optam por não comer alimentos de origem
animal ou usar peles, mas por que alguém não usa seda é incompreensível para
muitos. Aqui se encontram as razões. Quando pensamos em seda imaginamos
belos vestidos, roupas íntimas delicadas e mobiliário luxuoso. O que
definitivamente não visualizamos é o bicho da seda sendo mergulhado vivo em
tanques de água fervente — porque esta imagem não nos motiva a comprar
produtos.
A situação do bicho-da-seda
Ahisma é outro método de produção de seda que não inclui a morte para os
insetos. Embora não resultando em morte, ainda existem questões éticas em
torno da domesticação e da agricultura, como o de mariposas adultas serem
incapazes de voar porque seus corpos são muito grandes, e os machos
incapazes de comer devido a partes da boca subdesenvolvidas. Alguns tentarão
alegar que bicho da seda não tem importância e que eles são apenas insetos.
Embora seja verdade que nós temos uma profunda limitação na compreensão
de insetos, o que sabemos é que eles têm a capacidade de sentir e o direito de
viver livres de dor e sofrimento.
Alternativas
Peace Silk é a única seda cruelty-free. Ela é fabricada na Índia, colhida dos
casulos da mariposa Eri selvagem e nativa. Os casulos são recolhidos na floresta
após a mariposa eclodir e voar para longe, ou seja, não mantida em cativeiro.
Mas existem alternativas veganas disponíveis: liocel, seda de algodão, fibra de
ceiba e fibra de serralha são todas opções ecológicas à seda tradicional. O
mundo obscuro e perturbador do bicho da seda não recebe muita atenção da
mídia porque a indústria acredita que nós simplesmente não nos importamos o
suficiente, mas não tem que ser assim. Você pode rejeitar essas práticas
desumanas e optar por comprar alternativas livres de crueldade. Nós não
precisamos explorar insetos, ou qualquer outro animal, e nenhum alvejante
justificará o uso desses pequenos seres como recursos para nossos próprios
fins.
91
A fome no mundo
Publicação original: Guia Vegano
As guerras e a fome são terríveis — mas não tem nada a ver com veganismo. Se
você quer ajudar a acabar com as guerras, faça isso! Se quer acabar com a fome,
se envolva na causa! Nada impede que, ao mesmo tempo, você siga uma dieta
e filosofia vegana.
Matar animais não ajuda em nada essas crianças — ser vegano também não.
As vezes eu vejo pessoas com uma atitude do tipo: “Ah, tem muita coisa errada
no mundo. Então eu desisto, vou fumar, usar drogas, comer carne, explorar
trabalho escravo, ser corrupto, etc”.
Ninguém é perfeito, todo mundo comete hipocrisias o tempo todo. Mas isso não
é motivo para desistir de querer ser melhor!
Humanos x Animais
Publicação original: Beleza vegana
92
mesmo tempo, não precisamos esperar que um se resolva para podermos enfim
nos preocupar com o “próximo” problema.
Se todos os seres humanos, seja qual for a sua capacidade cognitiva, têm direito
em igual medida à vida e à integridade física justamente porque são capazes de
desfrutar da vida e têm o interesse em não sofrer, por que é que os outros
animais, que têm exatamente os mesmos interesses, não teriam estes mesmos
direitos? Uma causa não anula a outra.
Veganismo e
sustentabilidade
Publicação original: Veganjá
A gente sabe que é praticamente impossível viver neste mundo sem deixar
nenhum tipo de rastro nosso no meio ambiente. Porém, a gente também sabe
que é possível repensar as nossas atitudes para diminuir os efeitos negativos —
e quem sabe até mudar isso.
Por isso, neste artigo, vamos falar sobre:
93
• Optar por menos e melhores embalagens.
• Como viver sem prejudicar o meio ambiente.
Vamos lá?
SUSTENTABILIDADE E ALIMENTAÇÃO
Aí está um bom exemplo do que estamos falando. Esta é uma pequena parte do
infográfico que a Rosana Silva fez sobre o documentário Cowspiracy. Ele será
apresentado algumas vezes ao longo do texto.
Vamos fazer um pequeno exercício: pare e reflita sobre a sua alimentação nos
últimos dias.
Alguns deles, como a carne, por exemplo, demandam muito mais recursos para
ser produzidos. Isso inclui água, florestas e nutrientes do solo, gerando um
grande desequilíbrio ambiental. Tudo está interligado. Mas nós podemos, ao
mesmo tempo, cuidar melhor de nós mesmos, e também do planeta onde
vivemos. Vem ver como a adoção de um estilo de vida vegetariano estrito pode
ajudar a minimizar os danos que causamos ao nosso planeta!
Todas as nossas escolhas geram uma consequência. E quando elas são feitas
de forma não-consciente e se transformam em hábitos, elas podem gerar
grandes danos a longo prazo. É o caso da nossa alimentação. Desde pequenos,
o mundo externo influencia diretamente no que nós comemos. Geralmente, a
cultura do lugar onde vivemos acaba fazendo com que a gente consuma
alimentos sem pensar de onde eles vieram, ou quais consequências foram ou
são geradas. É o caso da carne, dos ovos, do leite e de muitos outros
ingredientes de origem animal. Mas a boa notícia é que todos eles, como os
laticínios, por exemplo, podem ser facilmente substituídos por opções vegetais.
Ainda bem, né?
A pecuária é uma das atividades humanas que mais agridem o meio ambiente,
pois ela consome quantidades enormes de água, grãos, combustíveis fósseis e
pesticidas. Para você ter uma ideia, 80% dos grãos de milho e soja produzidos
são destinados a alimentação destes animais. Ou seja, o meio ambiente é
degradado duas vezes, para produzir a comida dos animais que depois servirão
para o nosso alimento. De acordo com a revista Conservation, da Universidade
94
de Washington, a produção de carnes e derivados animais é responsável por ¼
da emissão global de gases que agravam o efeito estufa.
Por outro lado, para sustentar cada pessoa vegetariana é necessário entre 12 e
30 vezes menos terra do que para sustentar um indivíduo que baseie sua
alimentação em carnes.
AVÍCOLAS E GRANJAS
FRUTOS DO MAR
95
MAIS QUE UMA DIETA, UMA FILOSOFIA
Tem gente que acredita que o vegetarianismo estrito é apenas a escolha de não
consumir alimentos de origem animal.
Caso você queira usar mais produtos veganos em sua rotina, a gente elaborou
um artigo super legal sobre cosméticos veganos para você se cuidar, mas sem
crueldade. Quando você adota uma vida vegana, está ajudando a si mesmo, os
animais e, mais do que nunca, o meio ambiente. O que impede a maior parte
das pessoas de manter uma alimentação baseada em plantas (ou plant-based)
são, em geral:
Mas só parece tão difícil mudar porque temos uma forte tendência em manter os
hábitos que já são cômodos para nós. No entanto, quando enxergamos alguns
anos no futuro e levamos em consideração os recursos escassos do planeta
Terra, estas mudanças se tornam bem pequenas. Você concorda?
96
Talvez você tenha pensado: “ah, as vezes eu separo o lixo reciclável e o lixo
orgânico”. E isso é ótimo, mas você pode fazer muito mais com o seu lixo —
principalmente reduzir a quantidade. Na próxima vez em que for ao
supermercado, perceba quantas embalagens você coloca no carrinho e leva pra
casa. É embalagem atrás da outra, muitas vezes até dentro da outra!
TÁ ESPERANDO O QUÊ?
Seja a mudança que você quer ver no mundo. Dê o exemplo, traga esse assunto
em pauta e dialogue sobre ele. O mundo muda quando há informação e
compaixão. Ele é a nossa única casa por aqui. Vamos cuidar bem dele?
97
“Não sou evoluído o
suficiente para aderir ao
veganismo”
Publicação original: Veganagente.
Não sou vegano porque não sou evoluído o suficiente para aderir ao veganismo.
Admiro muito o grau de evolução de quem já é vegan, mas infelizmente não
cheguei nesse nível ainda.
Se você acredita que está num “grau de evolução inferior” aos veganos, está se
autodepreciando e subestimando sua capacidade de entender um assunto de
compreensão e assimilação relativamente fáceis. Diante das demandas éticas
pela adesão ao veganismo, pense nos animais não humanos, e também nos
seres humanos prejudicados pela agroindústria da exploração animal. Quando
você souber o porque de existir o veganismo, qualquer crença em “graus
evolutivos” diferenciados entre vegans e não vegans se tornará irrelevante diante
da necessidade de respeitar os seres sencientes.
“Eu não me acho um ser evoluído. Eu acho que todos somos seres iguais,
inclusive os animais”.
98
Embates de socialização
Diplomacia vegana
Respostas para assuntos variados.
• Revista dos Vegetarianos em 13/02/2017
• Redação: Samira Menezes.
Entendo que para defender uma causa é preciso muita força e determinação, o
que pode levar o pessoal mais exaltado a atitudes antipáticas, mas por mais
correto que você esteja, às vezes é mais vantajoso manter a calma a entrar em
uma discussão desse tipo. É natural que onívoros enxerguem na carne o
elemento principal das refeições, e cabe a um vegetariano (quando questionado)
explicar como e por que isso é desnecessário. Isso não significa, porém, que
você tenha que ficar calado e aguentar provocações todos os dias. Responda
somente se você estiver disposto a manter uma cansativa conversa que no fim
das contas parecerá mais com uma competição de braço de ferro do que com
uma reflexão sobre o uso dos animais. Do contrário, tudo bem ignorar
completamente o provocador.
99
conte histórias pessoais e pare de falar quando perceber que a conversa já deu
o que tinha que dar.
Para dar uma ideia do que onívoros inseguros costumam dizer, reuni algumas
das perguntas clássicas, muitas vezes feitas em tom provocatório. Quem é
vegetariano de longa data com certeza já ouviu alguma destas perguntas em
algum momento da vida e provavelmente tem respostas diferentes.
Sabia. Aliás, da última vez que o arranquei do pé pude ver seu olhar de
desespero e ouvir seus gritos de dor. Enquanto isso, percebi que seu filhote
alfacinho chorava desesperado porque sua mãe tinha sido morta.
Os animais foram feitos para servir o homem, está até na Bíblia.
Também está na Bíblia que não devemos matar e que devemos praticar a
misericórdia e o amor ao próximo, que, do meu ponto de vista, pode ser
estendido para outros seres vivos como os animais. Não me lembro, porém, de
ter lido na Bíblia sobre a cristandade de fazendas e granjas industriais que
produzem carne em série e obrigam animais a viverem em condições
degradantes.
Com tanta gente passando necessidade no mundo, por que se preocupar com
os animais?
Uma coisa não exclui a outra. O fato de eu me preocupar com os animais não
me impede de ajudar o próximo ou de oferecer minha ajuda a uma causa
humanitária. Por falar nisso, quantas pessoas passando necessidade você
realmente ajudou essa semana?
Se comer animais é uma tradição, por que devo parar de comer carne?
Se você tivesse que salvar entre o meu bebê ou o seu, qual você salvaria
primeiro? Eu salvaria o meu e não o seu, com certeza.
Se animais não têm alma nem consciência, por que você acha que eles têm
direitos?
100
Se eles não tivessem consciência, por que se desesperam quando se sentem
em perigo de morte? E mesmo que eles não tenham alma, isso não me impede
de respeitar suas vidas. Ou você vai negar que eles são seres vivos?
Se os animais comem uns aos outros, por que nós não podemos comê-los
também? Afinal, estamos no topo da cadeia alimentar.
Nem todos os animais são carnívoros. As vacas são herbívoras, assim como as
girafas e os elefantes. Não sei você, mas eu não sigo o comportamento de outros
animais, porque, se assim o fizesse, eu teria que defecar na rua e copular em
público caso resolvesse seguir os hábitos de um cachorro.
Hitler era vegetariano.
Assim como Mahatma Gandhi, Albert Einstein, Brad Pitt, Bill Clinton, Alanis
Morissette, Joaquin Phoenix, Paul McCartney, Kate Mossc A lista de
vegetarianos é enorme. Por falar no Einstein, uma vez ele disse: “Que época
infeliz é essa em que vivemos, meus amigos! Está mais difícil quebrar um
preconceito do que um átomo”.
Os seres humanos são carnívoros.
Não é verdade. Os carnívoros têm sistema digestivo mais curto, caninos mais
longos, garras mais afiadasc Os seres humanos são onívoros e não vão morrer
se ficarem sem comer carne. Se ainda assim você tem dúvidas em relação a
isso, coloque um bebê humano junto com um coelhinho fofo e uma fruta. Se o
bebê comer o coelho, pode ter certeza de que, no mínimo, ele não é humano.
A carne é essencial para a saúde.
Para essa afirmação, você pode responder de um jeito sério ou com ironia, caso
domine perfeitamente essa arte. Se quiser responder seriamente, diga que não
existe nenhum nutriente da carne que não possa ser encontrado em outros
alimentos. Mesmo a vitamina B12 pode ser obtida de outra forma, com
suplementos que custam menos do que a carne e não contêm pesadas e
gordurosas calorias. Se quiser ser irônico, responda que nesse momento quem
fala é seu espectro, já que você ficou doente e morreu depois que adotou o
vegetarianismo.
Se você vivesse no Alasca, seria vegetariano?
(Essa pergunta é uma variante daquela que meu amigo onívoro fez durante o
jantar em sua casa). Não posso afirmar com certeza. Primeiro porque eu não
vivo no Alasca e talvez nunca o visite na minha vida. E mesmo que eu fosse para
lá, imagino que sendo um Estado pertencente aos Estados Unidos, ele também
faça parte daquela rede de globalização que me permite consumir produtos
produzidos em outras partes do mundo.
O homem pré-histórico só evoluiu porque comeu carne.
101
consumo dos alimentos de origem animal a doenças crônicas não faltam. Isso é
mais ou menos o conceito por trás do que diz o antropólogo Marvin Harris. Ele
afirma que as escolhas alimentares dos povos e dos indivíduos sempre foram
determinadas por um cálculo (mais ou menos consciente) das vantagens e
desvantagens consequentes. Talvez esteja na hora de dar mais ouvidos a esse
cálculo instintivo e começar a diminuir o consumo de carne.
Esse texto foi retirado do livro Confesso que comi, de Samira Menezes,
publicado pela Editora Europa.
Veja mais respostas para argumentos sem sentido que pessoas usam para
justificar seu consumo de carne. Acesse: EcolhaVeg / Beleza Vegana / Papo de
Homem / Conectando o ser / Veganagente.
A seguir
MATERNIDADE
102
Maternidade vegana
Publicação original: Maternidade vegana.
Por: Monica Vitorino
O veganismo na gestação.
Está certo que muitas dúvidas persistem, na grande maioria das pessoas, sobre
a eficácia da alimentação vegan durante a gravidez, mas estas incertezas não
devem existir nos profissionais da área de saúde. A dieta vegana é
absolutamente segura para gestantes e para os bebes. A alimentação
vegetariana estrita está ligada a inúmeros benéficos para a saúde. Vitamina B12,
ácido fólico, ferro devem ser suplementados em grávidas vegetarianas ou não.
O motivo destas suplementações é de origem metabólica e não devido a opção
alimentar. Cálcio e outros nutrientes importantes serão solicitados de acordo
com a avaliação dos dados laboratoriais e a suplementação ocorrerá ou não para
vegetarianos e não vegetarianos.
103
SAIBA MAIS NOS SITES
☼ Maternidade Vegana
☼ Vegana é a sua mãe
Desde o nascimento do meu filho, um universo novo surgiu dentro de mim, muita
pesquisa ligada a amamentação, alimentação natural e sustentabilidade.
Sempre amei animais com todas as minhas forças, sempre amei nosso planeta
e queria contribuir de alguma forma. Comer carne me fazia mal, além de muitos
enjoos, quase todo mês ficava mal do estomago, mas nunca entendi o porquê
disso. Meu psicológico também não ficava bem depois de engolir pedaços de
animais, eu sabia o que era e tinha muita vontade de mudar, mas comia mesmo
assim, tapava os olhos, fingia que não ouvia nem via, só engolia. Até que em um
certo dia meu filho com quase 2 anos estava almoçando e eu ofereci um pedaço
de peixe, insisti porque ele nunca queria comer e a mãe ingênua falou: come
filho, faz bem, e o filho esperto falou: Não vou comer peixe, peixe vive!
ccPRONTO!
Foi o dia que eu me senti livre, o dia que consegui enxergar uma mega limpeza
energética em mim e no meu filho. OK, não dei o peixe e pensei: Por que não
ser sincera com meu próprio filho e falar o que é e da onde vem a carne? Peixe
ele já sabe porque oferecemos as crianças com o mesmo nome, diferente da
carne.
Então, falei: Filho, você sabe o que é a carne? É um animal morto, pessoas
mataram pra comer.
E ele respondeu curto e grosso: Então por que você me dá um animal morto pra
comer?
Respondi: Desculpa filho, não vou mais dar, obrigada meu amor!
Depois de milhares de perguntas do meu filho, como por exemplo, por que
pessoas fazem isso, por que destroem as famílias dos animaisc
104
Mudamos da água para o vinho, sem transição. Pra ele foi super fácil, ele só
comia o que eu comia e o que eu dava então posso dizer que foi fácil, minha
mãe que era a pessoa que cozinhava pra nós, também se tornou vegana,
aprendeu muitas receitas e fez o melhor que podia, então graças a ela nos
alimentávamos muito bem.
Agora, meu filho tem 4 anos ainda amamento, estamos morando na Nova
Zelândia com o pai dele, que não é vegano, parou de comer carne bovina e suína,
porém ainda come peixes, ovos e laticínios, ele está aprendendo a lidar com
essa situação. Antes de sair do Brasil eu falei pra ele sobre a nossa alimentação,
que não vamos mudar e pra ele não oferecer e nem tentar mudar isso. A princípio
está dando super certo, ele está respeitando mesmo sem estar totalmente
confiantes sobre a saúde. Apesar de eu sempre explicar.
Meu filho está com a cabeça formada, acredito eu, sempre que oferecem algo
pra ele, ele pergunta se é vegano. Antes de ir em festas, de ver a família
comendo carnes, explicava o que ia acontecer, levava a nossa comida separada,
falava e falo o porque não devemos aceitar coisas de origem animal, sempre
falando o que há por trás daquele alimento que parece ser bonitinho pra quem
vê mas que na real era um ser que queria viver e lutou pela sua vida.
Quando viajamos sempre levo muita comida pra nós, tipo snacks. No avião peço
a opção vegana, alguns voos a comida é péssima, mas comemos, aceitamos o
que tem, não sendo de origem animal tá tranquilo pra matar a fome.
105
Infância vegana
Publicação original: Veggi & Tal
Por: Dr. George Guimarães
VEGANISMO NA INFÂNCIA
Podemos criar uma criança com uma dieta vegana desde o nascimento? Sim,
com o devido planejamento nutricional, podemos. Note-se que planejamento
nutricional é essencial para qualquer estilo alimentar, não sendo esta
necessidade um sinal negativo em relação ao veganismo. Para começar, as
crianças veganas devem receber aleitamento materno até os seis meses de
idade. Se por ventura isto não for possível, apenas fórmulas infantis
industrializadas, adequadas a esta fase da vida, devem ser oferecidas ao recém-
nascido. A partir do início da alimentação sólida, os nutrientes que merecem
atenção em uma dieta vegana infantil são a vitamina B12 (encontrada em
alimentos fortificados ou suplementos), o ômega-3 (encontrado no óleo de
linhaça), a proteína (encontrada nas leguminosas e nas castanhas), o ferro
(abundante nas frutas, vegetais verde-escuros, no melado-de-cana, nas
castanhas e nas leguminosas) e o cálcio (encontrado nas mesmas fontes de
ferro, basicamente).
106
(University of Georgia) e já que estamos falando em pediatria, Kids Health
(Nemours Foundation). A American Dietetic Association e Dietitians of Canada
são enfáticas em afirmar que os profissionais da área de nutrição têm o dever de
apoiar e encorajar os que demonstram interesse em seguir uma dieta
vegetariana. Os alimentos utilizados para a obtenção dos nutrientes numa dieta
vegana são muito mais diversificados do que os utilizados por onívoros (Christel
e col, 2005). Isso demonstra que a dieta vegana (estrita) não é restrita.
REVISTA CRESCER
Criança pode ser vegana?
Por Andrezza Duarte, atualizada em 09/03/2017 15h58
(Foto: Thinkstock)
Na casa da família Nascimento não entra carne. Também não entra leite, ovos
ou mel. “Animal em casa, só o Boris, nosso cachorro vira-lata”, diz Daniela
Nascimento, 37 anos, adepta do veganismo há 17. A falta desses alimentos na
geladeira da família deu lugar às frutas, legumes, soja, tofu e leite vegetal. Mãe
de Inácio, 4, e Laila, 1, Daniela escolheu transmitir seu estilo de vida para as
crianças, que nunca experimentaram alimentos de origem animal. “Acredito que
o exemplo é a melhor forma de educar. Se quando forem mais velhos, quiserem
incluir carne e leite na alimentação, terão toda a liberdade. Não proíbo, mas
também não incentivo”, diz.
Daniela e sua família estão entre os quase 5 milhões de brasileiros que praticam
o veganismo — que, é importante destacar, não se limita à alimentação: “Ser
veganosignifica não consumir nenhum produto de origem animal ou testado em
animais, desde alimentos até roupas, cosméticos, acessórios”, esclarece a
nutricionista americana especializada em nutrição vegana e vegetariana Reed
Mangels, professora do Departamento de Nutrição da Escola de Saúde Pública
e Ciências da Saúde da Universidade de Massachusetts. O que significa que, da
mesma forma que a carne, leite e ovos estão banidos da lista de supermercado,
aquela malha de lã ou bolsa de couro também não têm espaço no guarda-roupa.
Sim, é uma escolha (e uma transição!) radical. Mas seja por uma questão de
saúde ou por solidariedade aos animais, como é o caso de Daniela, ser vegano
é cada vez mais comum. “A dieta tem sido mais abordada, principalmente nos
últimos cinco anos. Além de um crescente interesse pelo bem-estar dos animais,
a população está envelhecendo e convivendo mais com doenças crônicas e, por
isso, busca uma alimentação mais saudável”, diz a nutróloga Andrea Pereira, do
Hospital Israelita Albert Einstein (SP).
107
dieta. Em artigo científico publicado em dezembro de 2016, a Academia de
Nutrição e Dietética endossa a dieta vegana para pessoas de qualquer idade,
inclusive crianças e gestantes, afirmando que é saudável, nutricionalmente
adequada e que pode proporcionar benefícios na prevenção e tratamento de
certas doenças, como diabetes, doenças cardíacas, hipertensão arterial,
obesidade e alguns tipos de câncer.
Sim, os benefícios existem! Mas não dá para negar que, por não aceitar qualquer
alimento de origem animal, a dieta se torna altamente restritiva e, se não for feita
de forma correta, pode trazer problemas à saúde. Afinal, a falta de leite e
derivados pode aumentar a deficiência de cálcio, enquanto a ausência das
carnes brancas e vermelhas prejudica o consumo adequado de ferro, proteínas
e vitaminas B12 e D. Por esse motivo, a Sociedade Brasileira de Pediatria faz
ressalvas sobre o veganismo.
Mas então, é ou não recomendável para as crianças? “Desde que seja feito um
controle anual das taxas de nutrientes no sangue e um acompanhamento regular
com pediatras e nutricionistas, a dieta vegana traz, sim, benefícios como a
prevenção de doenças crônicas e pode ser adotada em qualquer faixa etária”,
diz a nutróloga Andrea. Daniela Nascimento conta que faz marcação cerrada
com exames regulares e acompanhamento regular com uma nutricionista infantil:
“Assim que Inácio nasceu, procurei informação e orientação, pois nem sabia se
o veganismo era saudável para crianças. Mas é! Meus filhos não adoecem mais
do que crianças que seguem uma alimentação comum. São inteligentes e muito
saudáveis”, diz Daniela. “O veganismo é, para a minha família, a receita para
uma vida mais saudável e para exames médicos com resultados excelentes”,
completa.
108
A quantidade de cada vitamina e alimento varia de criança para criança. O ideal
é fazer um acompanhamento regular com um nutricionista e pediatra para que,
juntos, elaborem um cardápio que minimize as deficiências:
Ferro
Pode ser encontrado em vegetais verde-escuros e leguminosas. O organismo
absorve melhor o ferro na presença de vitamina C, por isso, acrescente frutas
cítricas como laranja, acerola, maracujá e abacaxi nas refeições das crianças.
O que comer: feijão, amêndoas, lentilha, castanha de caju e castanha-do-pará,
quinoa, melado de cana, folhas verde-escuras e sementes de girassol, linhaça e
chia.
Cálcio
Fundamental na formação e desenvolvimento dos ossos, o cálcio pode ser
encontrado nas frutas, verduras e feijão, porém, a capacidade de absorção dos
alimentos não lácteos pode variar entre 5% (espinafre) e 50% (repolho ou
brócolis). O que comer: Tofu, grão-de-bico, brócolis, couve-flor, couve, escarola,
repolho, mostarda, espinafre, gergelim.
Vitamina D
É estimulada quando tomamos sol e auxilia na absorção do cálcio. Uma dieta
vegana contém pouca ou nenhuma vitamina D, a não ser pela ingestão de
alimentos enriquecidos ou de suplementos. O ideal é a exposição segura ao sol.
O que comer: Cogumelos.
Proteína
Uma das três principais fontes de energia (além de gorduras e carboidratos), a
proteína é facilmente substituída na dieta. Tofu e soja fazem parte da lista de
possíveis trocas, mas atenção: “Alimentos à base de soja não devem ser
oferecidos para crianças menores de 1 ano devido aos hormônios vegetais”, diz
Reed. “Fórmulas infantis de soja, diferentes de bebidas à base de soja, estão
liberadas, pois são balanceadas exclusivamente para suprir as necessidades de
bebês”, completa. O que comer: para suprir a deficiência, combine o grupo de
grãos (composto por trigo, arroz, aveia) com as leguminosas (feijões, lentilha,
ervilha). Abacate, nozes, amendoim, cacau em pó sem açúcar e gergelim
também devem entrar no cardápio.
Zinco
Mineral que ajuda no crescimento e desenvolvimento do organismo. As fontes
mais ricas de zinco para quem não consome alimentos de origem animal são os
cereais integrais, feijões e castanhas. Porém, o ácido fítico, presente em alguns
vegetais e também no feijão, atrapalha a absorção dessa substância. Uma
sugestão dos especialistas é deixar os grãos do feijão de molho por cerca de 12
horas e trocar a água na hora de cozinhar. O que comer: Feijão, grão-de-bico,
nozes, lentilha, arroz integral, sementes de girassol e de abóbora, trigo, aveia.
Dicas de alimentação para a criança vegana:
- O leite materno ou fórmula infantil são uma parte importante da nutrição do seu
filho até pelo menos 1 ano de idade;
109
- Cereais matinais costumam ser fortalecidos com vitamina B12. Mas vale
apostar nos feitos em casa: prepare um mingau grosso e acrescente um pouco
de óleo vegetal aos grãos cozidos para aumentar o conteúdo calórico;
- Lentilha, feijão e ervilha são uma boa fonte de energia e proteína. Cozinhe-os
bem e amasse-os até formar um purê. Cozinhar bem lentilhas, feijões e ervilhas
e amasse-os até formar um purê;
- Misture melado de cana nos alimentos, como purê de lentilha ou tofu, para
aumentar a ingestão de ferro e cálcio. Fazer melaço é fácil: ferva o líquido
extraído da cana de açúcar até virar um xarope. Depois que a água e parte do
açúcar evaporam, o líquido restante é altamente rico em ferro, cálcio, magnésio
e potássio!
- Todo vegetal de cor verde é uma excelente fonte de ferro, cálcio e antioxidantes.
Para deixar o preparo mais gostoso e apetitoso para a criança, acrescente molho
de tomate ou prepare sucos com vegetais mais doces, como cenoura;
- Aposte no tofu: 120 gramas do alimento têm a mesma quantidade que um copo
de leite de vaca;
110
Adolescência vegana
Publicação original: Espaço Saúde
111
ferro absorvida a uma refeição, inclua um alimento rico em vitamina C, logo após
a refeição. Frutas cítricas e sucos de frutas cítricas, tomates e brócolis são todos
boas fontes de vitamina C. Alimentos com um rico conteúdo de ferro são: brócolis,
abóbora, melancia, espinafre, grão-de-bico e feijão.
É difícil obter todos os nutrientes de alimentos que você precisa comendo apenas
uma vez ao dia. Se você sentir que não pode controlar o seu comportamento
alimentar ou se você perde muito peso, você deve discutir estas coisas com o
seu médico. Muitas vezes simplesmente não temos tempo o suficiente para
comer. Desenvolva algumas ideias para lanches que você pode levar de casa
incluindo: Maçãs, laranjas, bananas, uvas, pêssegos, ameixas, frutas secas,
biscoitos com pasta de amendoim, palitos de cenoura ou outros vegetais crus,
você pode incluir também pipoca, suco de frutas e inclusive pode levar o seu
almoço ou jantar para comer onde for.
WIKI-HOW
Como ser um adolescente vegano.
Veganismo não é uma dieta, é um estilo de vida. Mas para os adolescentes que
estão em um momento em que acham que essa é uma mudança necessária na
vida, este artigo é para vocês!
Seja claro sobre o que o veganismo realmente é, caso seja questionado por
amigos e família. (Veja na seção Dicas para mais ajudar ao lidar com as pessoas
com quem você vive). Um vegano é alguém que se abstém de fazer dano a todas
as criaturas vivas na vida. Para ser mais técnico, aqui estão as coisas que, como
um vegano, você deve evitar: carne (sim, isso inclui peixes e frango), produtos
derivados do leite (incluindo manteiga), ovos, mel, couro, pérolas, camurça, e
vários outros. Basicamente, se foi um animal vivo em um ponto ou outro, evite.
112
Agora que você retirou o ruim, vamos acrescentar o bom! Dê um passeio na sua
loja local de alimentos saudáveis ou até mesmo em um mercado. A proteína é
MUITO importante. Veganos comem muitos produtos de soja, embora não sejam
necessários, mas para essa opção pesquise e experimente tofu ou misô. Esteja
aberto a tentar novas coisas! Se você está sempre correndo, tente uma barra de
proteínas. Só não se esqueça de ler a lista de ingredientes para ter certeza que
está na dieta vegana. Se estiver comendo em um lugar vegetariano, o produto
pode ser marcado vegano. Se não, leia os ingredientes. Orgânicos são sempre
um toque a mais! Lembre-se, só porque é “tecnicamente” vegano, não significa
que você deve necessariamente comer. Vegetais aos montes são necessários;
eles têm milhares de vitaminas incríveis.
Depois que você se acostumar à sua dieta vegana, pode começar com as outras
coisas que fazem de um vegano, um vegano! Vá ao seu guarda-roupas e (se for
uma menina) ao porta-jóias. Retire todos os itens que sejam à base de animais,
como couro, camurça, ostras, ossos, seda, pérolas e outras coisas. É nesse
momento que começa a ficar difícil. Alguns, quando se convertem ao veganismo,
decidem jogar fora ou doar todas as roupas “nojentas”. No entanto, como o
desperdício é um grande ponto para os veganos, alguns decidem ficar com as
roupas. Este é o momento em que você precisa se decidir. Por exemplo, se tem
um colar de herança que foi passado de geração para geração, provavelmente
vai querer ficar com ele. No entanto, se for um cinto de couro que comprou há
alguns anos atrás e que simplesmente abandonou no fundo do armário, ou as
botas de couro que são meio pequenas, livre-se deles! Sempre que for comprar
coisas novas, procure itens veganos.
113
Avisos
Você pode até fazer sobremesas veganas. Tudo o que precisa é leite de soja,
não usar ovos e algumas vezes adicionar alfarroba (um substituto vegano para
chocolate lácteo). Os que precisam de café com leite, use um leite como soja ou
arroz. Existem também chocolates veganos, como Lindt 70% chocolate amargo.
Produtos de soja são importantes na dieta vegana, mas não são essenciais,
as proteínas podem ser obtidas de diversos alimentos vegetais. Existe a teoria
de que produtos de soja não são saudáveis em grandes quantidades. Então,
tente limitar essa escolha e opte por alimentos com alto teor de proteínas, como
nozes (um ótimo petisco e baixo em gorduras trans e saturadas). Boas opções
também: são amêndoas, castanhas, amendoins, torradas integrais com geleia
(margarina não-láctea se quiser, mas não manteiga!), vitaminas, saladas,
manteiga de amendoim, suco de frutas, arroz integrais, vegetais grelhados, feijão
e obviamente frutas cruas como maçãs, laranjas, uvas, peras, ameixas e mangas.
Lembre-se de que você deve comer muitas frutas, vegetais e grãos.
Aos que gostam de doces, não é difícil encontrar sobremesas veganas. Você
não tem que parar com o açúcar, então procure sobremesas veganas no
mercado ou restaurantes preferencialmente orgânicos.
Tornar-se vegano pode tomar tempo para se acostumar, mas no fim, muitos
acham que vale a pena.
Certifique-se de que está ingerindo todas as vitaminas! Se precisar, tome
suplementos ou multivitamínicos.
Se você é constantemente questionado pelas pessoas sobre por que é vegano,
simplesmente diga “Eu tenho meus motivos e eles não envolvem você. É meu
estilo de vida e isso não importa a ninguém além de mim.” Isso vai dar às
pessoas um sinal para te deixarem em paz.
Perder peso não deve ser um motivo para se tornar um vegano. Apesar de
que muitos veganos acabam perdendo bastante peso, é um efeito secundário e
não a intenção principal.
Fale com seu médico sobre seu novo estilo de vida.
Para muitos, ser um vegano é mais do que eliminar produtos animais, é ter
uma nova perspectiva do mundo. Uma perspectiva que nem imaginavam antes.
Para a maioria das pessoas, ser vegano é quase impossível e parece uma tortura.
Para outras é um uma escolha sensata, amorosa e inteligente.
A seguir
CURIOSIDADES
114
Soja
Mitos, Verdades, Polêmica.
# 1ª MATÉRIA
Traduzido do site: http://adaptt.org/veganism.html
A menos que você é alérgico a ela, a soja pode ser um ótimo complemento para
sua dieta, pois contém todos os aminoácidos, proteínas, cálcio, ferro, B1, B2, B3,
B5, B6, B12, ácido fólico e muito mais! Alimentos de soja também contêm
isoflavonas e fitoestrógenos (estrógenos à base de plantas), que podem prevenir
e tratar muitas doenças. Ao contrário do que muita desinformação fixado no
conteúdo de estrogênio da soja, fitoestrógenos não agridem o corpo humano.
Estrogénios animais, por outro lado, são prejudiciais à saúde (consulte os
seguintes artigos: Hormônios no leite pode ser perigoso e estrógeno: um dos
fatores de risco em leite para câncer de próstata ). Carne e produtos lácteos têm
a mesma-se o dobro da quantidade de estrógenos de origem animal como a
quantidade de fitoestrógenos na soja. Alguns estudos ainda sugerem que os
fitoestrógenos pode realmente inibir os efeitos deletérios de estrógenos animais.
Sempre tente comprar orgânicos (não-GM) de soja, e se concentrar mais em
soja não transformados (edamame) e as versões fermentadas (tempeh e miso),
como eles fornecem todos os nutrientes citados acima, mais pró-bióticos natural
que banham seus intestinos em bondade.
115
Se você ainda não está convencido de que a soja é seguro por causa de toda a
propaganda negativa, a soja não tem que ser parte de sua dieta. No entanto,
uma vez que 95 por cento de toda a soja GM na América é reservada para a
alimentação animal, você ainda tem que tomar a rota vegan porque os animais
nas indústrias de carne, laticínios e ovos são soja alimentado. A carne de soja,
queijo e leite substitutos estão disponíveis porque as pessoas estão
irremediavelmente viciado no sabor, cheiro e textura de carne animal, e as coisas
que vêm de animais. Se você pode vencer o vício, e chegar ao coração do
veganismo por consumir apenas frutas, legumes, nozes, sementes, legumes e
grãos (trigo evitar se você tem uma alergia ao glúten), então mais poder para
você.
Soja e Saúde
Estudos mostram que as mulheres que incluem produtos de soja em sua rotina
são menos propensos a desenvolver câncer de mama, em comparação com
outras mulheres. Em janeiro de 2008, pesquisadores da Universidade do Sul da
Califórnia descobriram que as mulheres com média de um copo de leite de soja
ou cerca de meia xícara de tofu por dia têm cerca de 30 por cento menos risco
de desenvolver câncer de mama, em comparação com as mulheres que têm
pouco ou nenhum produtos de soja em suas dietas. 2 No entanto, para ser eficaz,
o consumo de soja pode ter que ocorrer no início da vida, como o tecido da mama
está se formando durante a adolescência. 3,4 A 2014 University of Southern
California estudo também mostrou os efeitos mortais de proteína animal.
116
as inconsistências na pesquisa anterior pode ser atribuída à comparativamente
baixo consumo de soja nos Estados Unidos, fazendo com que os efeitos
benéficos mais difícil de identificar. 6 Na China, o consumo de soja é maior e as
dietas tendem a incluir alimentos fontes tradicionais de soja, ao invés de soja
suplementos. Outros estudos descobriram que não havia nenhum efeito ou um
efeito favorável sobre a densidade do tecido mamário em mulheres que
consomem soja. 7
Por que produtos de soja reduz o risco de câncer? A maioria das pesquisas se
concentra em fitoestrógenos encontrados na soja. ( Phyto significa “planta”.)
Estes compostos são de certa forma semelhante aos estrógenos (hormônios
femininos) na corrente sanguínea de uma mulher, mas são muito mais fracos.
Alguns têm sugerido que eles podem manter os níveis de estrogênio sob controle,
pois pode atuar tanto como um estrogênio fraco quando os níveis de estrogênio
do corpo são baixos e podem inibir os efeitos do estrogênio quando os níveis de
estrogênio do corpo são elevados. 8
Por analogia, os estrógenos no corpo de uma mulher são como jumbos que
pousaram em um aeroporto. Os fitoestrogênios são como pequenos aviões
particulares que estão ocupando os jetways, bloqueando os jatos jumbo de
anexar. Esta explicação é provavelmente demasiado simplista, mas pode servir
para ilustrar como fracos compostos hormonais da soja podem ter efeitos
benéficos.
Fertilidade
Além disso, adultos que tinham sido alimentados com fórmula infantil de soja
como crianças foram encontrados para ter nenhuma diferença na sua saúde
reprodutiva, quando comparados com os adultos que tinham sido fórmula de leite
de vaca alimentada. 11
Hormonas masculinas
Miomas
117
Produtos de soja pode reduzir o risco de miomas, nós de tecido muscular que se
formam dentro da camada muscular fina que se encontra abaixo do revestimento
do útero. Um estudo sobre as mulheres japonesas descobriram que quanto mais
as mulheres de soja comeu, menos provável é que eles estavam a precisar de
uma histerectomia, o que sugere que miomas foram menos freqüentes. 14 Em
um estudo de mulheres no estado de Washington, a soja não parecem ajudar ou
prejudicar, talvez porque as mulheres americanas comer muito pouco de soja,
em comparação com os seus homólogos japoneses. 15 O que fez ter um grande
efeito no presente estudo foram lignanas, um tipo de fitoestrogênios encontrados
na semente de linhaça e cereais integrais. As mulheres que consumiram a maior
quantidade desses alimentos tinham menos da metade do risco de miomas, em
comparação com as mulheres que geralmente ignorados esses alimentos. Então,
mais uma vez, os fitoestrógenos parecem benéfico, contrariando os efeitos de
estrogênios naturais de uma mulher, embora, neste caso, a vantagem vem de
outros alimentos do que a soja.
Saúde da tireóide
Hipernutrição
118
Resumo
# 2ª MATÉRIA
Publicação original: Dr. Paulo Maciel.
Soja: efeitos nocivos (entrevista com Sonia Hirsch)¹
Nunca fui a favor, a não ser nas formas fermentadas: misso, shoyu, tempê, natô.
Já no meu primeiro livro, Prato feito, que é de 1983, aviso que a soja não deve
ser consumida como feijão.
Tofu é bom de vez em quando, porque parte da acidez da soja sai no soro. O
tofu é feito de leite de soja talhado. Funciona muito bem para substituir o queijo
quando a gente está querendo parar de comer laticínios, mas não dá para abusar.
O mundinho natural e macrô adora, mas eu mesma como pouco, porque minha
pele não gosta.
Essa receita foi uma exceção, é a única que você encontra em todo o meu
trabalho. Está lá como uma homenagem ao Bira, cozinheiro macrô que morou
muito tempo no Rio e ficou famoso pelo picadinho. Eu mesma já não gostava de
carne de soja na época, início dos anos 80; achava aquele negócio muito
esquisito. Mas o Bira fez o picadinho num evento do Circo Voador na Quinta da
Boa Vista, a galera gostou e eu pensei: vou botar a receita, afinal ele merecec
Depois fiz a autocrítica no próprio livro, a partir da décima edição. Demorouc
Estou revoltada com o uso que estão fazendo dela. Porque o consumo liberal de
soja é muito prejudicial à saúde, tanto em forma de comida e bebida quanto em
fórmulas farmacêuticas para suplementação hormonal.
O cultivo da soja na Ásia é muito antigo, tanto que ela é um dos cinco grãos
sagrados dos chineses, junto com arroz, trigo, cevada e painço; mas não para
119
fins alimentares. Seu dom é agrícola. Por ser muito rica em proteínas, a soja,
que é uma leguminosa como todos os feijões, é também muito rica em nitrogênio,
elemento essencial para a fertilidade do solo. Plantar a soja entre as outras
culturas e cortá-la quando as favas de feijão se formam, deixando-a apodrecer
no solo, traz o maior benefício para a lavoura. Sem ela a terra se esgotaria. Como
alimento, porém, ela tem inúmeros inconvenientes. Como todos os feijões, mas
muito mais acentuados.
Hipócrates já dizia que os feijões são tão ricos em nutrientes que poderíamos
viver só deles — se não fossem tão tóxicos. Por isso, recomendava comer os
feijões em pequena quantidade e sempre acompanhados por algum cereal, para
equilibrá-los. A uma pessoa doente, Hipócrates proibia os feijões. O dr. Barcellos,
médico, em sua dieta contra o câncer e todas as alergias, proíbe os feijões todos.
Inclusive o amendoim e os feijões verdes, como a vagem, a ervilha fresca, o
petit-pois. Aponta como problema a qualidade extremamente ácida e tóxica das
proteínas dos feijões. E realmente, se você pára de comer feijão as indisposições
melhoram. Feijão é coisa para gente saudável!
Mas e a soja?
Então, a soja é o mais protéico de todos os feijões, por isso o mais tóxico. Hoje
existem muitos estudos esclarecendo vários pontos.
Um: a soja contém altos níveis de ácido fítico, ou fitatos, que reduzem a
assimilação de cálcio, magnésio, cobre, ferro e zinco em adultos e crianças,
prejudicando a saúde e o crescimento. E os métodos convencionais, como deixar
de molho, germinar os grãos ou cozinhar longamente em fogo baixo, não
neutralizam o ácido fítico da soja; somente a fermentação tem esse poder.
Três: desde 1953 é conhecido o impacto negativo das isoflavonas sobre a saúde
humana. A esse respeito, você encontra uma lista de 150 estudos científicos que
não podem ser ignorados em
www.westonaprice.org/soy/dangersisoflavones.html#studies .
Nesse caso, as mulheres japonesas, que consomem tanta soja, não deveriam
estar mal de saúde?
120
Pra começar, elas não consomem tanta soja; vivem muito mais de arroz, algas
marinhas, vegetais, peixes e frutos do mar. Da soja usam basicamente misso,
que é a massa fermentada e salgada de soja; shoyu ou tamari, que são molhos
fermentados de soja; e nattô, que é o próprio feijão de soja fermentado, com
gosto e sabor fortíssimos. Aqui, ao contrário, as pessoas estão usando qualquer
coisa de soja achando que é bom — leite de soja, tofu, proteína de soja, extratos
de soja. Uma japonesa obtém da soja uma média de 10 mg de isoflavonas por
dia. As brasileiras estão ingerindo por dia 150 mg de isoflavonas (genisteína,
genistina, daidzaína) em cápsulas, ou seja, dez vezes mais do que a média das
japoneses consome.
A vitamina B12 só existe nos organismos animais. A gente produz B12 dentro do
corpo. Nos vegetais você a encontra em uma ou outra microalga, ou então em
forma análoga. Acontece que os análogos da vitamina B12 que a soja contém
não são absorvidos e ainda aumentam a necessidade de B12 no organismo. Pior:
comidas à base de soja aumentam também a necessidade de vitamina D.
Não entendo por que alguém vai querer uma proteína tão desnaturada, já que é
processada em alta temperatura até virar proteína isolada de soja, proteína
vegetal texturizada. O processamento da proteína de soja resulta na formação
da tóxica lisinoalanina e das altamente carcinogênicas nitrosaminas. Fora um
conteúdo extra de alumínio em grande quantidade — e o alumínio é tóxico para
o sistema nervoso, para os rins, para a medula ósseac
121
entre as quais se inclui o aspartame. Ainda assim, esse derivado da soja está
espalhado por inúmeros produtos industrializados (bem como o aspartame). E
nos próprios alimentos à base de soja, mais glutamato é adicionado para realçar
o sabor sem que seja preciso avisar no rótulo, já que se trata de um derivado
“natural” da soja, então a lei dispensa.
¹ http://correcotia.com/soja/soja-entrevista.htm
# 3ª MATÉRIA
Publicação original: SVB.
122
saúde ou no ambiente. A controvérsia instalou-se e é um exemplo de debates
ainda não solucionáveis da ciência.
Benefícios nutricionais
Fatores anti-nutricionais
Isoflavonas
123
especialmente na menopausa, mas também no cancro. O estrogénio é uma
hormona com função proliferativa e que, em doses elevadas, aumenta o risco de
certos tipos de cancro, como o da mama. Porém, quando os fitoestrogénios se
ligam a estes recetores a própria hormona fica de alguma forma impossibilitada
de exercer os seus efeitos. A sua absorção varia com a dieta, sensibilidade
individual, perfil genético, processamento industrial e composição do produto,
um dado que contribui para a incoerência dos resultados das pesquisas. O
interesse sobre as isoflavonas tem sido enorme e a questão benefício/efeito
adverso coloca-se quando se tenta determinar a sua segurança quando
consumido e se seguro, quanto consumir! Os estudos são muitos, e torna-se
difícil compreender e interpretar a enorme quantidade de pesquisas associadas
à soja já realizadas, torando-se um desafio compreender as forças e fraquezas
de uma ampla variedade de modelos experimentais. Esta incoerência pode estar
associada ao facto de os estudos epidemiológicos da Ásia, que associam a soja
de forma benéfica à saúde, serem realizados com produtos de soja usados no
dia-a-dia, como tofu, leite, miso, e serem comparados com os estudos clínicos
que associam o consumo de soja aos efeitos adversos na saúde, que são quase
exclusivamente produzidos com proteína isolada de soja ou suplementos de
isoflavonas de soja.
124
como estimulante do crescimento tumoral. Outra das preocupações é o
problema de feminização no homem e redução da testosterona circulante, que
têm sido estudadas mas sem conclusões consistentes. Existem referências à
diminuição do número de espermatozoides em homens com excesso de peso
ou obesos, mas sem influência na motilidade espermática, morfologia
espermática e volume ejaculado. Relativamente à influência da soja na tiróide,
não existe relação comprovada entre o consumo de soja e efeitos adversos
sobre o bom funcionamento da tiróide. Existem no entanto duas situações que
devem ser tidas em atenção, o caso de pessoas com deficiência de iodo e
pessoas com hipotiroidismo subclínico (T3 e T4 normais e níveis elevados de
TSH). No primeiro caso a recomendação vai no sentido de normalizar o consumo
de iodo e não de retirar a soja da alimentação, no segundo será conveniente
retirar a soja da alimentação. À exceção das crianças com hipotiroidismo
congénito, as conclusões referem que a soja não tem efeito negativo sobre a
função da tiróide. A delicada questão da soja na alimentação do lactente, tem
sido largamente discutida, e apesar das fórmulas infantis à base de soja serem
usadas há já várias décadas, não existem relatos de alterações no
desenvolvimento, maturação sexual ou fertilidade. Os estudos publicados são na
maioria em animais ou in vitro e estudos em humanos impõem questões práticas
e éticas que dificultam a pesquisa dos efeitos dos fitoestrogénios no
desenvolvimento humano e na reprodução. A Associação Americana de
Pediatria não recomenda as fórmulas infantis de soja para bebés prematuros,
pela demonstração de fraco crescimento ósseo em crianças alimentadas com
estas fórmulas, quando comparadas com fórmulas de leite de vaca projetadas
para crianças prematuras. Referem no entanto que não existe contraindicação
para bebés nascidos a termo, quando a fórmula de leite de vaca está
contraindicada ou quando os pais são vegan. Nas questões relativas à função
cognitiva, os estudos que referem existir relação positiva entre o consumo de
soja e declínio cognitivo, são estudos controversos com limitações apontadas,
como no caso do estudo realizado na Indonésia, em que no tofu é usado
formaldeído como conservante, toxina conhecida por afetar a memória em
roedores. Neste momento nenhuma conclusão sobre a relação entre soja e
cognição pode ser feita, apesar de alguns estudos também referirem potenciais
benefícios cognitivos da soja.
125
humana. Como uma cultura enquadrada num sistema de produção moderno,
com práticas agrícolas de grande impacto ambiental, tem consequências na
fertilidade do solo, na diversidade biológica da flora e fauna, na poluição dos
recursos hídricos e no clima. As grandes áreas de plantação da leguminosa
afetam ecossistemas com grande diversidade biológica pelo desmatamento,
como a Floresta Amazónica, causam evasão de povos nativos dessas regiões,
pequenos agricultores veem-se dependentes das empresas produtoras de soja,
existindo referências sobre o trabalho escravo nestas plantações. No entanto,
este impacto ambiental não seria minimamente necessário para o consumo
humano de soja. Mais de 80% da produção de soja no mundo destina-se à
alimentação de animais e à produção pecuária.
A soja como alimento é uma boa fonte de proteínas e pode ter efeitos benéficos
sobre a saúde, reduzindo os níveis de colesterol e ajuda as mulheres na
menopausa diminuindo as “ondas de calor”. Esta leguminosa tem características
nutricionais importantes e pode fazer parte de um regime alimentar saudável e
variado. Os avanços tecnológicos no processamento da soja eliminaram total ou
parcialmente os anti nutrientes dos derivados da soja e as isoflavonas têm
aplicações interessantes na saúde. Outros efeitos são reclamados, tanto
positivos como negativos, mas permanecem controversos. Este é um tema
complexo que abarca na sua dinâmica questões políticas, sociais e económicas
que fazem com que se torne difícil diluir as controvérsias no caminho de uma
posição clara da soja na saúde. Todos sabemos, ou deveríamos saber, que a
dieta e o estilo de vida têm o maior impacto na nossa saúde e que a mesma não
será alcançada à custa de apenas um alimento, por melhores qualidades que
tenha, válido para a soja ou outro alimento qualquer. A alimentação vegetariana,
com ou sem soja, deve ser variada e equilibrada do ponto de vista nutricional e
preferível a uma dieta com alimentos de origem animal, por uma variedade de
razões. Ao oparmos pela soja devemos preferir a que não é geneticamente
modificada, pelos seus efeitos na saúde e no ambiente, uma vez que este último
está cada vez mais ligado a uma vida saudável.
126
Peso saudável
RIO — Dietas têm muitos nomes, mas a única que leva a uma radical perda de
peso é a vegetariana. E isto vale especialmente para quem nunca fez. Esta é a
conclusão dos médicos americanos Susan E. Berkow e Neal Barnard, depois de
analisarem 40 estudos diferentes relacionando hábitos vegetarianos e massa
corporal. Os dois notaram que as mulheres vegetarianas pesam de 6% a 17%
menos do que as que são carnívoras. E o mesmo vale para os homens: os que
não comem carne são de 8% a 17% mais magros. INFOGRÁFICO: O prato do
brasileiro
127
A alimentação deve ser equilibrada e fracionada:
Bia Rique, da Clínica Ivo Pitanguy, autora de “Comer para emagrecer” (Editora
Casa da Palavra), concorda com Marcela e comenta que os vegetarianos que
se alimentam de forma balanceada, com orientação de nutricionista, tendem a
ser mais magros.
Só que não basta cortar do cardápio as proteínas de origem animal, lembra Bia.
Mas a perda de peso nos vegetarianos tem um limite, que depende de cada
metabolismo. Isso faz parte de um processo natural do próprio organismo, como
lembra o endocrinologista Amelio Godoy-Matos. Quando a pessoa começa a
restringir muito a alimentação, o corpo lança contrarreguladores do peso, ou
mecanismos de proteção. O mais conhecido é a diminuição da produção de
leptina, um hormônio produzido pela gordura corporal e que inibe a fome e
aumenta o gasto de energia. Este contra-ataque mantém a fome e a pessoa não
consegue sustentar a sua perda de peso.
# 2ª Matéria:
Publicação original: Redação Minha Vida em 21/5/2008.
Fuja dos erros que engordam quem resolve virar vegetariano.
Saiba como viver bem; sem ganhar peso mesmo com limitações no consumo de
proteínas. O vegetarianismo está cada vez mais popular. E existem muitas
variações nesse grupo: desde os que não comem carne vermelha até os que
não se alimentam de nada que tenha origem animal (incluindo leite e ovos). Em
torno desse hábito de vida, existem muitas polêmicas, começando pelo
abandono definitivo do consumo de carne, que pode levar a uma aneimia, caso
não haja outra boa fonte de proteína na alimentação.
128
Mesmo sem as carnes, ainda há uma lista imensa de alimentos, muitos deles
engordativos, que fazem parte do cardápio dos vegetarianos. E é a escolha
errada deles e algumas combinações que levam ao ganho de peso.
“Como toda dieta, não existe milagre! A alimentação dos vegetarianos deve ser
balanceada assim como qualquer outra. Excessos podem causar aumento de
peso. Um erro muito comum é o excesso de massas e de gordura na alimentação,
já que se restringe o consumo de carnes”, diz a nutricionista Michele Ferreira de
Simone, também de São Paulo (SP).
129
PARA GANHO DE PESO
# 1ª Matéria: Como ganhar massa seguindo a dieta vegana?
Publicação original: Menu Vegano.
Pergunta (de Leonardo): Olá, Dr. Eric! Eu gostaria de conhecer algumas dicas
para ganhar massa. Enquanto a maioria das pessoas tem dificuldade para
emagrecer, o meu caso é exatamente o contrário, e com a alimentação vegana
parece ser um pouco mais difícil. Muito obrigado, Leonardo.
Enquanto muitas pessoas têm peso para perder, existem pessoas que querem
ganhar peso! Estar abaixo do peso pode ser tão prejudicial quanto estar acima.
Está dieta gira em torno de consumir 500 calorias adicionais por dia, o que muitos
especialistas concordam é a quantia ideal para um ganho controlado de peso.
Se comendo 500 calorias extras não parecer estar fazendo efeito após algumas
semanas, é possível aumentar para 700 calorias.
Um exemplo de café da manhã em uma dieta para ganhar peso incluiria granola,
nozes, uma banana, leite e suco.
O almoço teria 1/2 abacate, proteína, duas fatias de tomate, saladas com óleo
de oliva, sementes de girassol (na salada) e biscoitos salgados. Na dieta também
é permitido lanchinhos entre as refeições (café da manhã, almoço, janta), além
de um jantar bem generoso.
A chave para formular qualquer refeição para essa dieta é se concentrar em
alimentos que tenham carboidratos complexos, proteína e gorduras naturais.
Quando você está tentando ganhar peso é muitas vezes benéfico que se coma
varias pequenas refeições durante o dia todo ao invés de grandes porções nas
principais refeições.
Comendo várias refeições durante o dia junto com exercícios (quem diria)
encoraja o corpo a produzir músculos.
130
Para ganhar peso algumas pessoas podem decidir comer vários alimentos
gordurosos, fast foods etc, mas essa é definitivamente a rota errada a se tomar
se você deseja continuar saudável durante a dieta.
O foco deve ser em comer alimentos nutritivos de vários tipos diferentes. Alguns
recomendam o consumo de vitaminas e outros suplementos alimentares, porém
estes não são de forma alguma necessários, se você mantiver uma dieta
balanceada e ingerir mais calorias do que perde durante o dia, você com certeza
ganhará peso. Geralmente seguindo essa dieta costuma-se ganhar 1 a 2 kg por
semana.
Animais de estimação
Publicação original: Centro Vegetariano.
Tanto aos cães adultos como aos muito jovens pode ser administrado um regime
vegano, desde que equilibrado e atendendo às necessidades de cada idade. Os
cães não apresentam qualquer insuficiência em digerir a proteína vegetal.
Alguns veganos desconhecem estes aspecto e não sabem que os cães podem
ser saudáveis com um regime estritamente vegetariano. E por isso, ao alimentá-
los com carne, abrem uma excepção moral baseada na ideia de que não existem
alternativas alimentares saudáveis para os seus amigos.
As comidas enlatadas e rações comerciais (à excepção das comidas biológicas
como as da marca Yarrah, sem químicos, hormonas, etc..) são, sem dúvida
alguma e a longo prazo, terríveis para a saúde dos cães. Este estilo alimentar
caracteriza-se por ter um alto teor de gorduras saturadas, açúcares, pesticidas,
hormonas, espessantes, conservantes, tecidos cancerígenos provenientes de
partes de animais não direccionadas para consumo humano. Afinal de contas,
nós somos os protectores dos nossos animais e queremos certamente o seu
bem estar. Existem, portanto, alternativas perfeitamente viáveis, e ao estarmos
a assegurar uma vida melhor aos cães estaremos também a eliminar das nossas
cozinhas produtos animais e, acima de tudo, não estaremos a contribuir
financeiramente para a morte e tortura de seres sencientes.
Cães adultos
- Se o cão for idoso a transição deve ser combinada com chás digestivos (ou
suplementos veganos para cães que tenham esse fim) e deve ocorrer muito
lentamente. Ou seja, aos poucos vão-se adicionando cada vez mais alimentos
131
veganos às refeições de carne, até esta ser definitivamente eliminada da dieta
dos cães.
- As refeições mais leves devem ser mais frequentes e ajudam a reduzir a fome
e, consequentemente, a ansiedade e possíveis complicações gástricas advindas
da mesma. Este tipo de alimentação mais equilibrada e repartida é igualmente
benéfica na absorção de nutrientes a nível intestinal.
- Os cães geralmente vivem bem com duas refeições diárias: um pequeno
almoço reduzido mas bastante energético (à base de cereais) e uma refeição
principal à tarde ou ao anoitecer. As raças mais pequenas devem ser
alimentadas com três ou quatro refeições ligeiras e intervaladas.
- Se o teu cão for muito activo procura equilibrar os gastos de energia com o
consumo de hidratos de carbono.
- Não alimentes o cão com uma refeição pesada antes de qualquer exercício
extenuante.
(As seguintes sugestões são apenas alguns exemplos e não referências fixas.
Existem centenas de refeições diferentes que podes fazer para o teu amigo de
quatro patas. Vê mais abaixo as fontes de nutrientes para saber quais os
alimentos que deves dar ao animal, para que se mantenha saudável).
Sugestões
Pequeno-almoço
(à tarde ou ao anoitecer)
Fazer uma selecção do seguinte:
132
Os ácidos oleicos são essenciais para manter o pêlo saudável e brilhante. Por
isso deves dar diariamente à boca do cão, ou misturada na comida, uma colher
de chá de óleo vegetal (não aquecido nem cozinhado), como o óleo de girassol
ou azeite. Esta quantidade é indicada para cães médios como os cocker spaniel.
Para cães maiores deve administrar-se uma colher e meia de óleo de girassol
ou azeite. Aos cães de pequeno porte devem dar-se apenas 4 -5 gotas.
Cachorros
(As seguintes sugestões são apenas alguns exemplos e não referências fixas.
Existem centenas de refeições diferentes que podes fazer para o teu amigo de
quatro patas. Vê mais abaixo as fontes de nutrientes para saber quais os
alimentos que deves dar ao animal para que se mantenha saudável).
Sugestões
Elimina uma refeição, por exemplo a das 8 horas da manhã, e passa a dar uma
maior quantidade de alimentos nas 3 restantes refeições.
Dos oito meses até à idade adulta:
Alimenta os jovens cães com uma dieta para adultos, geralmente duas refeições
por dia. Aos cães de porte pequeno: 3 ou quatro refeições diariamente.
Nutrientes — onde os procurar para obter uma alimentação equilibrada?
Hidratos de Carbono: Cereais e seus produtos (farinha, pão, bolos, massas, etc.),
bananas, castanhas, leguminosas, pêras, frutos secos, batatas, etc.
133
Proteínas: (os cães requerem uma maior quantidade de proteínas que os
humanos. Portanto, em todas as refeições que fizeres para o teu cão não te
esqueças de adicionar sempre os alimentos que estão mencionados abaixo).
Tofu, farinha de soja, rebentos de soja, leite de soja, millet, tamari, molho de soja,
seitan, queijo vegano, lentilhas, grão, feijão, ervilhas, cogumelos, cereais inteiros,
gérmen de trigo, sementes de girassol, sementes de sésamo, amêndoa,
amendoim, avelã, nozes, pinhão, castanha, acerola (ou cereja das Antilhas),
banana, azeitonas, carambola, cerejas, coco, damasco, maçã, melão, morango,
tâmara.
Vitaminas:
Vitamina E: Cereais (trigo e milho), vegetais com folhas (agriões, couve, grelos,
nabiças, espinafre, alface), abacate, banana, coco, groselhas, manga, morango,
nozes, toranja, uva.
134
- Insaturados: óleo de girassol, óleo de sésamo, óleo
de soja e margarinas com alto teor de poli-insaturados.
Alguns Minerais:
Tratar da dentição
135
Bons cozinhados e boa sorte na transição dos teus amigos para o regime vegano!
Referências: http://www.vegetariandogs.com
Copyright Centro Vegetariano. Reprodução permitida desde que indicando o
endereço: http://www.centrovegetariano.org/Article-284-
O%2Bque%2Bfazer%2Bpara%2Btornar%2Bos%2Bc%25E3es%2Bveganos.ht
ml
Que tal mostrar seu amor ao seu amigo mais fiel, preparando para ele algo
diferente, como um delicioso café da manhã ou um suculento jantar?
Confira as sugestões a seguir e aproveite esse carinho que pode ser bom para
todo mundo. Para a saúde dos bichos e para quem prepara os pratos. Lembre-
se de amornar os alimentos antes de servi-los.
Basicão
Ingredientes:
6 xícaras de água
1 xícara de aveia em flocos
1 xícara de flocos de trigo prensados
1/2 xícara de trigo para quibe
Preparo:
Numa panela grande, coloque todos os ingredientes para cozinhar em fogo alto.
Assim que ferver, abaixe o fogo e cozinhe por mais 20 minutos ou até os grãos
ficarem suaves, mas não moles.
Vegetais especiais
Ingredientes:
1/2 xícara de água
2 cenouras picadas
2 talinhos de aipo picados
1 abobrinha picada
2 colheres (sopa) de gérmen de trigo
1 colher (sopa) de manteiga de amendoim ou tahine
1 colher (chá) de melado de cana
136
Preparo:
Bata por um minuto no liquidificador ou no processador de alimentos, a água, a
abobrinha e a cenoura. Adicione os demais ingredientes e bata por mais um
minuto.
Jantar de batata e cereal
Ingredientes:
7 batatas pequenas
1 xícara de cereal básico (ver “Basicão”)
1 colher (sopa) de tahine
Preparo:
Lave e corte as batatas em cubos. Cozinhe-as na panela de pressão por cinco
minutos após a fervura. Amasse as batats ligeiramente e adicione os demais
ingredientes. Misture bem e sirva morno.
Jantar de tofu e abacate
Ingredientes:
i xícara e meia de tofu amassado
1/2 abacate amassado
Preparo:
Misture tudo e sirva.
Rações Vegetarianas
Não faz muito sentido ser vegetariano ou vegano se você ajuda a sustentar
a indústria da carne comprando rações de carne para seu cão ou gato.
Felizmente já existe no Brasil uma ração 100% vegetariana para cães. Trata-se
da FriDog Premium Vegetarian, fabricada pela Fri-Ribe. Um alimento completo
com 25% de proteínas, palatável e de ótima digestibilidade, para cães de todas
as raças e níveis de atividade. Saiba tudo sobre a FriDog Vegetariana no site:
www.racao.vegetariana.pop.com.br
(Representante vegano, não trabalha com rações de carne)
No caso dos gatos é possível ter uma ração vegetariana, apesar destes animais
serem carnívoros, desde que esta contenha “Taurina”. No Brasil ainda não existe
um fornecedor de ração vegetariana para gatos.
137
O fabricante Italiano AMÍ (http://www.aminews.net/), planeja entrar no Brasil, eles
trabalham exclusivamente com rações vegetarianas para cães e gatos. A AMÍ é
uma empresa 100% vegana, não executando experimento com animais (nem
mesmo através de terceiros) muito menos vivissecção.
Ingredientes:
1/2 kg da abóbora
1/2 kg de cenoura ou beterraba
1 molho de espinafre batido no liquidificador
2 xícaras de arroz integral
Preparação:
Misture tudo e cozinhe bem até a abóbora, fica bem mole.
Esta mistura não deve ser congelada e aguenta, em média, 5 dias na geladeira.
A seguir
PARA ATIVISTAS
138
Pode conter traços
Texto: Tiago Henrique
Eu já não podia mais ir contra minha consciência. Há um ditado que diz: Cuidado!
A leitura pode causar sérios danos a ignorância. Acho que por isso muitos têm
medo de ler, de pesquisar e de encontrar respostas, preferem acobertar suas
ignorâncias porque as vezes dói em seus egos e a verdade contraria as suas
confortáveis paixões.
Muitos não vêm problema nesse fator desde que a listagem de ingredientes seja
100% vegetal, passando a considerar esses alimentos como vegano. Outros
como eu consideram que não são veganos porque existe no tal produto vestígios
de derivados animais; ilustradamente como você pode ver nos sinais de
acentuação gráfica como adverti no princípio da redação. É inegável que eles
estejam no texto. Suponhamos que as letras são vegetais e os acentos os traços
de origem animal, esse produto não é 100% vegano, não na minha concepção
e eu não estou sozinho nesse conceito.
Isso tem me chamado atenção. Você pode ir a uma pizzaria e pedir uma pizza
vegetariana, a definição é vulgarmente tão extensa que você pode comer uma
pizza com massa de ovos, quatro queijos com borda catupiri e quem sabe até
com peixes se fosse comum em pizzas. O termo vegetariano é popularmente tão
amplo que em último caso é estrito. Me assombra correr esse risco com o
veganismo e pior é que já estamos correndo, falarei disso daqui dois parágrafos.
139
Eu já trabalhei em indústria alimentícia, de modo geral sei como funcionam as
coisas em uma produção, conheço alguns maquinários e certas rotinas de
limpeza, tanto quanto enxergo o que é um traço e ele não é invisível, não
senhoras e senhores: ele não está nos utensílios que foram cuidadosamente
lavados em uma residência. Por favor não se façam cegos, não se acomodem.
A acomodação ativista gera comodismo empresarial, gera comodismo militante
e gera pontos divergentes no que deve ser unido.
Não posso me dar por satisfeito, meu ativismo não acaba aqui. Como diria um
debatedor nesses fóruns: somos humanos com traços de especismo por esse
motivo aceitamos os traços. Ao meu ver quando consumimos um produto (e eu
não estou dizendo uma marca, não estou nessa amplitude de questão) apenas
me refiro a uma unidade produzida que contenha traços de origem animal, noto
que no mínimo há traços de exploração ali e se eu posso evitar me alimentar
desse contingente, eu continuarei evitando e sobretudo defendendo o direito de
ser informado da possibilidade de incorrer nesse consumo aceito como vegano
aos olhos de muitos mas percebido como não vegano por outros.
Aos extremistas, digo: erra aquele que acha que porque não pode fazer tudo não
deve fazer nada ou um pouco mais. Se eu posso boicotar os traços, vou boicotar.
Se eu não posso evitar comprar de uma multinacional que explora animais, eu
vou optar por comprar ou usar o seu produto vegano desde que não contenha
traços de origem animal, os traços configuram a contaminação de princípios.
Embora nesse cenário eu ainda não possa deixar de comprar de determinada
empresa posso escolher um produto livre de crueldade. É simples, é uma
decisão, ninguém vai morrer porque deixou de comer determinados chocolates,
snacks e afins; onde há mercado tem sacolão.
Veja, eu também sou um pobre mortal que tem uma rotina, que vive em um
centro urbano e que está sob as mesmas condições da maioria, vem a calhar
140
um provérbio bem conhecido: quem quer encontra um meio, quem não quer
arranja uma desculpa.
Me esforço para controlar as palavras tentando ser amável para não ofender o
direito de ninguém, mas também não quero que ofendam meu direito, afinal
somos livres para pensar, eu as vezes penso que a consciência precisa de um
choque, é sabido que uns vão pelo amor outros pela dor. Tento aprender com o
espiritismo que não impõe nada e educa pela fraternidade, mas outras vezes
meus impulsos tomam a energia daqueles a quem vão chamar de radical, e quer
saber: que seja enquanto ainda me lapido para compreender as opiniões
diversas ao ponto em que algo me parece claro. Eu sei que preciso aprender
com a humildade daqueles que nada cobram, mas sou um sujeito comum, um
yin-yang, espírita mas também vegano e sabe o que é mais legal nesses inter-
meios: uma verdade nunca se sobrepõe a outra, isso é maravilhoso!
Por fim, sei que divaguei entre o concreto e o abstrato, assim é a minha literatura:
livre, sem a pretensão de provar A ou B, apenas com a intenção de provocar a
reflexão e não de definir o outro, como alguns se assustam e logo atacam para
defender. É preciso lembrar que estamos discutindo ideias e não a
particularidade das pessoas.
A seguir
CAPÍTULO 2
141
Tiago Henrique Rezende Fonseca
MINHA TRAJETÓRIA NO VEGANISMO
142
PRIMEIROS SOCORROS
PARA UMA VIDA MAIS ÉTICA E SAUDÁVEL
Perguntas mais frequentes sobre o veganismo.
Que bom que você está pensando nessa direção, quando parte do próprio
indivíduo é um ótimo sinal, pois com informação e vontade não tenho dúvidas de
que você encontrará as respostas e os alimentos que lhe serão saborosos.
Tenho uma cronologia de textos sobre o meu processo de mudança, você pode
ler:
Depois, vasculhe e tenha o site Vista-se guardado. No Brasil ele é o maior guia
sobre o vegetarianismo e o maior incentivador da filosofia vegana. O criador do
vista-se é o Fábio Chaves siga-o pelo facebook, ele sempre está atualizado.
Aconselho também que você possa assinar a Revista dos Vegetarianos ela é
orientadora e esclarecedora, de vários mitos que rondam nosso imaginário
quando se fala de alimentos e nutrição. Para conhecimento consulte o
vegetarianismo tem cinco níveis de consideração. Se tratando de alimentação,
o vegano assume o vegetarianismo estrito.
Penso que cada pessoa tem uma maneira de mudar, um jeito de agir, um período,
uma fase, uma necessidade diferente, isso deve ser respeitado e levado em
consideração, o importante é ler bastante em fontes seguras, sanar todas as
143
suas dúvidas com segurança e satisfação. Fazendo isso, toda mudança será
uma consequência saudável.
Observando alguns pensamentos sobre as causas vegetarianas, vejo que há
também o ponto de vista não fraterno (indiferente a causa animal), que pensa
apenas na própria saúde, pois quem estuda o assunto sabe que a alimentação
vegana é extremamente SAUDÁVEL ao ser humano e realmente é a melhor para
o nosso organismo. Aliado a este fator, se preferir, mesmo assim
inconscientemente ou involuntariamente há o benefício de não fazer o mal e não
contribuir para a exploração e toda a matança de animais.
Nesse trajeto, para eu ficar despreocupado procurei uma nutricionista, mas, não
fui compreendido, então tive que buscar informações de outra maneira, pois há
todo um sistema e uma cultura em torno do hábito da alimentação animal. Não
se pode esperar que todos nos compreendam. Contudo é realmente importante
que você faça um check-up anual para verificar sua saúde, isso normalmente é
indicado para que todos façam, independente da dieta alimentar, e é bom que
saibamos como vão as coisas. Fiz um check-up assim que parei de comer carne
e há alguns dias fiz um novo exame, para minha alegria os resultados
melhoraram do ano de 2012 para 2013 mesmo eu estando um ano mais velho.
Ao mudar sua alimentação/seu vestuário, tudo o que posso dizer é para que não
tenha pressa, que continue pesquisando e se informando sobre todo o
desconhecido mundo vegano, você vai perceber que é seguro, que não é
nenhuma loucura como pintam e nem é tão difícil quanto parece, existem opções
acessíveis. Ser vegano, dentre outros atributos, é um sinal de lucidez, compaixão,
paciência e boa vontade. É um processo longo e valioso, deguste-o em cada
etapa com fome de conhecimento.
144
Concluindo esse incentivo — apenas para ilustrar — sabe aquelas pessoas que
estiveram próximas da morte e que dizem que é como se tivessem nascido de
novo? Em mim o veganismo foi semelhante, é como se eu tivesse renascido.
NOTA DE GRATIDÃO
Recordo-me e agradeço a bondade de Fábio Chaves ao responder minhas
questões sobre a vida e as escolhas de um vegano; do mesmo modo agradeço
à minha namorada Mariana Chaves, que me impulsionou a ter um motivo para
eu deixar de comer carne por um período e desde então parei de consumir esse
hábito progredindo para o não consumo de produtos de origem animal; tanto
quanto agradeço a Claudemir Ferreira, por ter escrito uma redação que incitou
uma das melhores mudanças da minha vida. Leia: Amor para com os animais.
Agradeço as pessoas que não me julgam, aos que me apóiam e aos que
respeitam mesmo não estando de acordo. Por todos que passaram e passarão
em meu destino: compreendendo, ajudando e orientando todas as escolhas, o
meu muito obrigado a toda gentileza oferecida, a toda solução e cuidado disposto.
A cada gesto de amor em torno dessa atitude e, por que não: a todo
acontecimento contrário, afinal uma resposta negativa ou colocação diferente,
move o pensamento em direção ao percurso almejado.
Por fim, obrigado por sua leitura, que essas palavras possam acender uma luz
em seu caminho.
ATENÇÃO!
Pesquise a fundo todas as questões. Os conceitos aqui escritos e abordagens
indicadas são apenas um caminho para a reflexão. Alguns embates podem
inclusive ter comprovações mais atualizadas, pois este texto se mantém
inalterado desde a sua publicação original em julho de 2013, estabelecido de
acordo com as informações que eu encontrei na ocasião de cada pesquisa.
145
O MUNDO PRECISA MUDAR
Por natureza, determinadas carnes não me vão bem ao paladar, questão de
organismo. Há tempos começo a ter remorso de ainda comer alguns tipos de
carne, seja porque o modo de preparo me é degustavelmente melhor, seja
porque culturalmente pratos saborosos são preparados, incluindo quitutes,
petiscos e variados modos de apresentação do hábito carnívoro.
146
DIPLOMAS VALEM MAIS QUE O AMOR
“Meu médico me mandou comer carne branca” foi a frase mais triste que ouvi
nesses últimos dias, posterior a sentença “comi peixe essa semana”. Em outras
palavras, eu leio o mundo assim: “meu médico me mandou matar e autorizei o
assassinato de um peixe por sufocamento, tendo decepado o seu corpo ainda
vivo para servir em meu prato no almoço”.
Que loucura não é? Mais louco, que eu serei o louco acusado por essa
sociedade enferma. Paradoxo: hoje mesmo me veio a oração — a falta de amor
adoece. Estamos todos doentes. Porque fomos criados assim; devemos ser
assim até o fim da vida?
O ser humano é prepotente, regado em uma fé rasa e distorcida que não enxerga
além de si mesmo. De que vale os joelhos no chão, o Cristo no altar, os Santos,
Pastores e Padres que pregam a boa palavra mas agem em contradição? De
que vale o fiel obediente que conhece vários ritos e uma diversidade de histórias
bíblicas mas ignora todo bom exemplo que Jesus ensinou?
Diplomas são pedaços de papel, o amor, o amor não está à venda. Jesus Cristo
é vendido nas religiões e eu não preciso delas para compreender sua palavra. A
tradição é especialista em se assenhorear das novas demandas, vesti-las de
passado e fingir que é presente. O capitalismo é mestre em se apropriar das
novas tendências, furta-las a alma e vendê-las com as embalagens da mesma
ganância antiga regada na cobiça e na escuridão que só enxerga o próprio
umbigo. Por debaixo dos rótulos o dinheiro seduz as consciências frágeis que
hora ou outra retornam a sua matriz de ilusão. Compreensível; afinal, a
correnteza é mais forte para quem deixa o seu barco a deriva, navegando nesse
mar nebuloso e hipócrita.
147
Angustiado com o mundo, entristecido com a humanidade, mas não abatido!
Abatido, torturado, escravizado eu já teria sido se eu fosse: gado, porco, galinha,
peixe ou qualquer outro animal na mira dessa sociedade que consome a alma
dos inocentes pela paixão dos dentes, o vício do paladar e a insensatez do
estômago.
Nessa toada, o que esperar de pais que reproduzem suas mazelas e ensinam
suas crianças a subjugar, inverter a lógica e minimizar o amor? O que se espera
dessa nossa humanidade não pode ser diferente do papel que esse mesmo
médico exerce sob a autoridade comprada de toda a nossa estúpida sociedade.
O diagnóstico para toda essa verborragia-especista que se espalha é simples:
continuaremos assim enquanto não houver amor suficiente para irrigar a nossa
consciência, embora dito isso, a realidade é que muita gente vai continuar
preferindo tomar remédio que essas palavras.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
CLIPPING
Veganismo com Tiago Henrique.
CARREIRA ARTÍSTICA
☼ Música
☼ Literatura
☼ Composições
Música: Visto uma camisa com estampa vegan na capa do primeiro álbum da
Nostreis, sendo eu integrante da banda como vocalista e compositor.
Literatura: Redigi um capítulo exclusivo sobre a cultura vegana no livro Cartas
para a humanidade.
Composições: Escrevi músicas pró abolicionismo animal para reflexão social
com respeito, paz e amor a todos os seres sencientes, além do link acima você
pode ver também no Youtube.
PESSOAL
☼ Tv Betim
☼ Manual do veganismo
148
OS BASTIDORES DE UMA ENTREVISTA
Nome do entrevistado:
Tiago Henrique | site: www.thvirtual.com
Entrevistadora: Renata Nunes | Revista Mais Betim.
Profissão:
Escritor, Músico, Professor e Empresário do ramo de alimentos veganos. (Onde,
como você comercializa? Me explique por aqui, por favor) Como fábrica distribuo
para comerciantes do ramo ou não em Betim e Região e para lojas veganas em
todo o Brasil. Também faço vendas online para o consumidor final no site da
empresa Nogui Alimentos.
Idade:
28 anos
Decidi parar de comer carne e pela primeira vez senti repulsa ao ver o próximo
deglutindo animais abatidos em cima de uma pizza. (Como assim? Comeram
carne e depois comeram pizza?) Me refiro a carne na própria pizza como:
Lombinho, Linguiça Calabresa, Presuntoc essas coisas que fizeram se tornar
comestíveis mas que em sua origem nada mais são que o corpo de um animal.
Foi simples?
Irresistivelmente sim. (Antes você não comia muita carne, não gostava? Por isso
foi tão simples??) Eu tinha hábitos comuns, apesar de não exagerar na carne,
149
com algumas exceções, eu comia como qualquer pessoa e gostava de churrasco,
assim como gostava de queijo, derivados do leite, omelete e as várias receitas
com ovos, como bolo, pãesc mas só de escrever essas linhas meu estômago
embrulha ao lembrar do passado inconsciente; eu queria que essa consciência
vegan tivesse se despertado antes em mim, por sorte, quando veio foi inevitável,
graças a Deus se expandiu com velocidade e como eu disse, de maneira
irresistível. Gosto desse termo que encontrei no espiritismo, outra filosofia que
pautou mudanças significativas em meu ser, me ajudando a desenvolver um
amor mais amplo, acrisolando meu caráter e o respeito ao próximo de uma
maneira mais prática e não teórica, me impulsionando a praticar o bem em todas
as esferas de meus atos, conforme posso ver em sintonia com a paz.
Eu notei que de fato eu não só estava me cuidando bem com um hábito vegano,
como positivamente passei a me cuidar melhor e a ter hábitos mais saudáveis.
(quais hábitos? Somente alimentação?) Além da alimentação, quis cuidar melhor
da minha alma e do corpo, é curioso como tudo está conectado. Passei a fazer
atividades físicas com bicicleta regularmente, além de caminhar mais, noto que
corporalmente tenho mais disposição que antes. Também passei a ler sobre a
150
doutrina espírita que de alguma maneira emergiu em um período simultâneo ao
veganismo, onde encontrei uma fonte de exercícios para a alma, corpo e mente.
Nesse sentido: corpo, mente e alma se unificam com mais sintonia e a força
espiritual emerge com mais propriedade. (Explique isso melhor, por favorc) é
uma ideia que une todas as forças vitais que nos mantém de pé e com um
propósito existencial, é enxergar o ser humano como parte do todo e não como
centro das coisas, é se entender como responsável pelos mais frágeis e
contribuinte das coisas maiores. Somos pequenos seres dotados de inteligência
mas com a ausência de uma moral mais elevada a usamos para propósitos
inversos a benevolência de Deus, por isso acredito que quando unificamos
nossos pensamentos com as nossas atitudes, elevamos nosso estado espiritual
para o progresso individual e coletivo, não só da humanidade mas para toda vida
e forma que nos rodeia. O veganismo é um desses passos, não se pode
conceber alguém que tenha tamanha sensibilidade para com o próximo,
independente de sua espécie, agindo de maneira rude e contrária aos princípios
da paz.
Descreva o seu cardápio.
Me explica algumas coisas: (1º) O leite de vaca, mesmo que a vaca não
tenha passado por sacrifícios para produzi-loQ (2º) não há morte para
extrair o leite, e mesmo assim por que vocês não consomem leite de vaca?
Desculpa se eu estiver sendo ignorante, mas é porque eu não entendo nada
mesmo sobre o assunto. O mesmo acontece com (3º) o ovo da galinha?
Por que não consomem?
151
Tem uma frase que ilustra isso com maior simplicidade:
“Os animais do mundo existem para seus próprios propósitos. Não foram
feitos para os seres humanos, do mesmo modo que os negros não foram feitos
para os brancos, nem as mulheres para os homens” Alice Walker.
152
Terceiro, por que não consomem? Contesto com uma outra pergunta: por que
consomem? Encontro algumas respostas que dizem “porque é gostoso” eu
entendo, nosso paladar foi acostumado a vida inteira a identificar esses sabores,
mas convenhamos, por prazer nós temos direito a explorar outra vida? É preciso
despertar, por isso uso a palavra: sensibilize-se! O amor precisa superar o seu
paladar, e por experiência própria digo, você vai descobrir sabores incríveis e
outros antes não apreciados que irão ser mais agradáveis que antes, com alegria
isso vai mexer com você. E esses mesmos sabores que hoje você cultiva vai
representar uma grande tristeza e nojo pelo quanto estamos sendo abusivos e
desrespeitosos com os animais, você vai se enxergar dentro do problema e a
saída correta é a sua escolha, através dessa atitude você ameniza todo esse
problema embora ele vá permanecer ainda por um tempo, tal como foi com os
outros abusos históricos da humanidade. O conselho: faça sua parte, há muito
ao seu alcance.
153
E sua família, apoia?
Sim, inicialmente ficaram chocados, mas com o convívio entendem e com o
tempo passam a se relacionar melhor com o fato de você ser vegano mesmo
que eles discordem em algum momento. Há apoio verbal e apoio efetivo, minha
mãe por exemplo cozinha perfeitamente, e minha namorada me faz alguns
agrados culinários que são uma delícia. (O que ela prepara?) Sanduíches, Bolos,
Tortas, versões salgadas e docesc Não é coisa de outro mundo manter uma
dieta vegana, inclusive é mais fácil, aromático e saboroso, além de ser
incrivelmente mais saudável. É um benefício multilateral em respeito a vida.
Como é sua vida vegana? Explique tudo? Não come o que, não veste o que,
não usa o que?
O Veganismo exclui qualquer consumo obtido de exploração a vida animal.
Desde alimentação, passando pelo vestuário, higiene, beleza e englobando
outras atividades que envolvam a escravização ou aprisionamento de seres para
entretenimento, como circos, zoológicos e afins com propósitos comerciais,
como também visa boicotar a compra de marcas e empresas que testam seus
produtos em animais. É uma causa pela libertação animal em todos os aspectos
em que há a crueldade ou uso de uma vida para se obter mercadorias ou
soluções a custo do sofrimento de um ser dominado estupidamente pelo Homem.
154
Qual a sua filosofia de vida?
Não fazer o mal e não participar de algo que faça mal ao próximo, sabendo que
o nosso próximo não é apenas o Ser Humano, mas todo o meio que ele engloba,
desde as vidas sencientes ao espaço que habitamos.
155
que a produziu. Prefiro não me alimentar quando não sei o que estou comendo,
e isso é uma importância que nem paramos para refletir quando simplesmente
nos deixamos ser levados pela onda. Um pouco de cautela e cuidado não faz
mal a ninguém, já o contrário, pode inclusive fazer mal a saúde, se não a curto
prazo, a médio e longo com certeza. Observo que o incômodo não é meu, mas
daqueles que não podem ver o quão pouco exigimos para obter uma informação
clara e precisa. Eu sou um sujeito tímido mas para as significâncias que tenho
vocação consigo me expressar e agir sem constrangimento. Não vejo porque me
calar ou ocultar parte do meu pensamentoc se me oferecem seja lá o que for
eu digo: não, obrigado. Se há insistência digo com serenidade que não como, se
há perguntas, respondo. Acredito que podemos sensibilizar aquelas pessoas
que se questionam com suas escolhas, não vejo empecilhos em dialogar com
aqueles que querem ouvir.
156
necessária ao ser humano. Ou seja, de um modo ou de outro todo mundo
suplementa, o que muda é a forma de obter a vitamina.
Ainda gostaria de dizer que: eu entendo esse costume alimentar, passei 25 anos
assim e meu único arrependimento é não ter enxergado toda essa barbaridade
antes, os sinais estavam ali o tempo todo, mas não posso julgar, eu poderia
ainda estar agindo e reagindo do mesmo modo. Então tenho a paciência de
compreender, mesmo que isso me doa e me faça conviver com esse
entendimento. No meu caso é um sofrimento por compaixão, já para os animais,
não há a mesma sorte, é o sofrimento e a perda de uma vida, e isso por vezes
me desespera, pois sempre sinto que eu preciso fazer algo mais para ajudar a
iluminar os corações e as mentes dos que estão se sintonizando nesse
movimento, principalmente para aqueles que precisam que a informação chegue
a sua consciência. É por meio da educação que podemos elevar essa dádiva;
às vezes me sinto frágil por não poder com uma palavra mudar a vida de alguém,
de outro ser, dos animais, porém sigo confiando e exercendo o meu simples ato
de ser como eu gostaria de ver o mundo, então encontro a esperança que me
diz que: realmente a verdade e o amor sempre irão triunfar pois tudo começa
dentro da gente, do individual ao coletivo. Tudo progride com o tempo, para nós
basta decidir quando começa a mudança.
Sensibilize-se!
Assista: Terráqueos e a Carne é Fraca, depois leia o Manual do Veganismo.
157
Saudável e sem crueldade
Publicação original: Revista Mais.
Fotos: Müller Miranda
NÃO COMER NENHUM tipo de carne, ovos, mel ou laticínios, além de não vestir
roupas derivadas de animais, incluindo sapatos de couro. Essa é a vida de um
vegano, uma filosofia que contempla há-bitos alimentares vegetarianos estritos.
A explicação, segundo os adeptos, está na consciência do sofrimento submetido
aos animais.
158
O culinarista e empresário Paulo Re-nato Rabelo, 34, é proprietário de dois
estabelecimentos que comprovam isso: um trailer de lanches veganos,
localizado na praça Mendes Júnior, ao lado da rua da Bahia, e do restaurante
Espaço Veg, ambos na capital. Receitas tradicionais, diferentes e que agradam
pelo cheiro, aspecto e sabor fazem parte do cardápio do espaço: feijão-tropeiro,
canelone, lasa-nha, nhoque e bacalhoada adaptada são alguns dos pratos sem
nenhum produto de origem animal do Espaço Veg, que há cerca de dois meses
vem conquistando o belo-horizontino. Ele conta que utili-za carne de soja,
proteína do trigo e de mandioca para compor as iguarias. “Tam-bém uso outros
tipos de proteína vege-tal, como seitan (carne vegetal) e salami-nhos à base de
batata-baroa, que vêm de outro Estado.”
“Há 10 anos, decidi buscar e comer-cializar alimentos desse tipo. Era difícil
encontrar comida vegetariana em BH e, quando achava, só eram os mesmos
pro-dutos, sempre na linha ‘natureba’. Resol-vi inovar. Queria levar o veganismo
para outro patamar, que fosse atrativo a todos. Comecei vendendo para amigos,
depois, prestava serviço de bufê e, aos poucos, fui ficando conhecido”,
comemora o em-presário.
OPINIÃO DE ESPECIALISTA
Silvana salienta ainda que o ideal é que veganos tenham uma orientação para a
suplementação, porque podem fazê-la de forma inadequada e desfavorecer o
or-ganismo com excesso ou doses menores que o necessário. “Exames
159
bioquímicos de vitamina B12, ácido fólico e homocis-teína são necessários para
saber a real ne-cessidade da suplementação de vitamina B12. Muitas vezes, são
necessárias tam-bém outras vitaminas, como a B6, B9, B2, além de ferro, zinco
e cobre, para equili-brar o corpo. É preciso que o profissional faça a
suplementação de forma persona-lizada, pois variam muito a quantidade e a
variedade de nutrientes que cada um precisa”, informa.
Para Poliane, a carne não faz falta e, mesmo adepta ao veganismo, ela sempre
é convidada para churrascos. “Se vou a um, como arroz, vinagrete e, quando
pos-sível, farofa. Se vou a um barzinho, peço porção de batatas e azeitonas e
acompa-nho o pessoal na bebida, porque o álcool é liberado ao vegano. Não sei
dizer se já deixaram de me convidar por ser vegana, mas, se o fizeram, perderam
uma excelen-te companhia”, brinca.
Seguir
LETRAS DE MÚSICA
160
SPIRITIST VEGAN
161
PARA O NOSSO FUTURO
Tenha certeza
O mundo todo muda
Somos agentes nessa evolução
Vamos resistir
Não vamos esperar uma outra vida
Podemos avançar amando toda vida
Sem escravizar
Sem julgar
Sem manipular
Sem prender
162
COMO NÓS
Dê a liberdade a eles
Liberte os animais
Eles estão sofrendo
Você pode impedir
Dê a liberdade a eles
Liberte-se também
De pensamentos tão antigos
E hábitos nocivos
Amplie o seu amor
Seja a própria paz
Amplie o seu amor
Pelos animais.
163
TODOS À MESA
Se eu pudesse te mostrar
Um caminho melhor
Se eu pudesse te iluminar
164
DEIXA ELES VIVEREM
Permita a liberdade
Dê-lhes liberdade
Pare com essa barbárie
Pare, pare!
165
ELES ESTÃO
166
O SEU AMOR
Liberdade de escolha
Por que você não deixa eles viverem?
Não tenha medo do que te faz pensar
Não tenha medo do que te faz sair da ignorância
167
ABOLIÇÃO ANIMAL
Os elefantes e as girafas
Tem os ossos bem formados
Sem precisar deglutir
Nenhum animal
168
SÉCULO XXI
A seguir
LITERATURA
169
DO LIVRO CARTAS PARA A HUMANIDADE
COMEMORANDO ASSASSINATOS
Brasil, 12 de junho de 2014, abertura de copa do mundo.
Noto uma postagem comemorativa com pessoas felizes fazendo churrasco com
carne, não consigo ser indiferente. Eu sei que grande parte dos brasileiros fazem
o mesmo nesse instante e isso me dói no coração.
Com respeito, tento não ofender a ninguém, apenas não posso me calar, os
animais estão sofrendo para alimentar uma paixão imbecil, para entreter uma
plateia míope, para servir a um pensamento escravista e é incrível como
demoramos para enxergar isso; hoje muita gente já pode ver, e falta pouco para
olharmos com uma razão diferente para todo esse cenário.
Sensibilize-se “seja a mudança que você deseja para o mundo” já dizia Gandhi
que também expressou de lembrar-se “de que em toda a história a verdade e o
amor sempre venceram. Houve tiranos e assassinos e, por um tempo, pareciam
invencíveis mas, no final, sempre caíram”. Hoje nós precisamos derrubar a nós
mesmos, nossos pensamentos ultrapassados, nossos apegos mesquinhos.
Necessitamos de informação, quando ela chegar até você não ignore, não
desconverse, não deixe de assumir a sua responsabilidade, não deixe de fazer
a sua parte, não fazê-la é tão perigoso como concordar, se você não parar com
o erro, ele continua. Pense, reflita, encontre em seu peito um caminho para se
desvincular dessa situação doente, queira enxergar, se abale, quando você
buscar a iluminação, iluminado será e então conseguirá clarear algumas mentes,
iluminar alguns passos, iluminar o mundo e isso te dará uma luz que convencerá
a escuridão.
170
CONSTRUINDO
Por vezes quando volto aos domingos da casa da minha namorada presencio
um grande caminhão levando porcos, certamente para o abate. Frágeis criaturas
apertadas em gaiolas de ferro, talvez saibam ou não do seu triste fim. Criadas
numa vida inteira de miséria, escravizadas pelo bel prazer do Homem. Droga!
Eles não são um bacon, não são um lombo, eles não são comida.
O que há de tão difícil pra entender? Que mundo ilusório nós vivemos? Nos
apropriamos da vida alheia e brincamos de Deus ou de diabo; qualquer que seja
a nossa estupidez é mesquinha demais para continuar sem entender a liberdade.
Demos ao livre arbítrio uma justiça humana e desequilibramos a verdade que
agora mora entre uma palavra e outra ao invés de residir na própria natureza de
verdade.
Somos infelizes Homens que andam pela Terra fazendo caso e descaso
segundo nossas paixões e nisso tudo erramos feio e só poderemos alçar ao céu
quando tivermos a compreensão larga e ampla do amor, indescritível no
vocabulário dos povos.
Deus o que posso fazer para que isso pare? Por favor eu não quero que
nenhuma vida seja tirada para saciar o que as pessoas ainda não entendem. Por
que tem que ser assim? Por que eu mesmo fui assim por tanto tempo? Ó Deus
me ajude a colocar no coração das pessoas um amor ilimitado que enxergue a
valiosidade de qualquer outro ser. Eu não quero viver sabendo que o mundo
continua a assassinar tantas almas inocentes. Eu não quero presenciar vidas
sendo tiradas por um humano que não sabe o que faz.
Isso não é justo Deus, por que tenho que ver pedaços dos meus amigos sendo
mastigados sem nenhuma piedade? Por que a vida se reduz a tanto na tigela de
uma cozinha, no espeto de um churrasco, na mesa da minha família? Por favor:
ajude-me a parar tudo isso.
171
IR ALÉM É PRECISO
Por que não enxergar um pouco mais? Virá o dia em que a sociedade se dará
conta de situações tão iguais e carentes de respeito, tantos animais sofrendo e
sendo mortos para alimentar o ego e algumas falsas paixões do Homem... que
a boa lei seja aplaudida mas que a visão pequena se amplie, com olhos abertos
gosto da máxima de Gandhi porque "quando me desespero, lembro-me de que
em toda a história a verdade e o amor sempre venceram. Houve tiranos e
assassinos e, por um tempo, pareciam invencíveis mas, no final, sempre caíram".
VEJA
A Lei n. 9.605/1998 determina que a pena para quem praticar ato de abuso,
maus-tratos, ferir ou mutilar animais é crime com pena de 3 meses a um ano e
multa. Veja o artigo 32 da lei:
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º – Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em
animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem
recursos alternativos.
§ 2º – A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
Quando foi que a justiça se deu ao direito de fazer distinção entre todas as
espécies de animais? Nós não temos o direito de matar, de explorar, de usar
outra vida. Nós não precisamos ser formados para entender isso, a burocracia
em que vivemos nos transporta a uma ilha da fantasia onde somos educados a
amar gatos e cachorros enquanto comemos boi, frango, peixe, enquanto
tomamos leite, mel e usamos ovos de seres confinados por um bárbaro costume
da nossa impensada cultura, tomamos o próximo como propriedade e se
tratando de vida, isso é no mínimo cruel.
172
O MUNDO PELO QUAL VIVO
É uma barbaridade que tantos animais tenham que morrer para matar a
saciedade estúpida das pessoas. É uma tristeza sentir que uma vida se perde
para ser colocada na boca de uma pessoa. É um horror que tantos pedaços de
animais tenham que ir a mesa para contentar a cultura de uma pessoa.
Eu tenho pena de todos que ainda não abriram os olhos do coração, eu me sinto
um grãozinho de areia querendo que o mundo pare com isso. Andei tanto tempo
fazendo o mesmo sem sequer ter uma fagulha de luz que me dissesse: ei, pare
para pensar, parece justo que uma vida tenha que ser tirada para você comer?
Deus, ilumine cada coração a minha volta e que eu seja Homem o bastante para
mostrar ao mundo que nós precisamos mudar, que o que nós estamos fazendo
não é certo. Ah! Deus, ensina-me a educar a humanidade, eu não quero que o
mundo sofra tanto, eu não quero passar uma vida em vão sem dizer nada ao
coração das pessoas. Eu quero encontrar uma faísca de sensibilidade em cada
pessoa e transformá-la numa fonte irradiante de amor, então não me
entristecerei mais porque nenhum ser humano matará, nenhum ser humano
empunhará ou apontará uma arma para qualquer vida que seja.
INCOMPREENSÃO
173
www.manualvegano.com
174