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♥ MANUAL

VEGANO
O guia completo do veganismo

1
Material organizado por: Tiago Henrique Rezende Fonseca.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O Manual vegano é um guia simples e completo para quem busca respostas


sobre os impactos das nossas ações no mundo.

Essa é uma publicação originalmente virtual, portanto você encontrará inúmeras


referências indisponíveis neste livro, mas que estão disponibilizadas no site:
www.manualvegano.com

Todo o material se trata de um conteúdo livre e disponível na internet. Esta obra


é gratuita e sem fins lucrativos.

Eu organizei nesta publicação todos os textos que pesquisei ou produzi para


conhecer e divulgar o veganismo desde que me tornei vegano em 2012. A minha
intenção é simplificar o acesso e direcionar todos aqueles que procuram
informação, compreensão e expansão de suas consciências por meio de uma
ação fraterna, racional e inteligente em busca de lucidez, respeito e
sustentabilidade para um caminho de saúde, paz e amor.

Independente da forma de como este livro chegou até você, acredite, ele
poderá transformar a sua vida significativamente.

É comum se ouvir dizer que existe um único arrependimento quando nos


tornamos veganos: o de não ter feito isso antes. Onde quer que você esteja: vá
no seu passo, acompanhe a sua consciência e siga a sua intuição.

Cordialmente,
Tiago Henrique | Fevereiro de 2018.

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SUMÁRIO
Página / Título

Capítulo 1
O essencial

INTRODUÇÃO
05 Veganismo
09 Especismo
11 Senciência

NUTRIÇÃO
14 Nutrientes
15 Proteínas
17 Cálcio
19 Ferro
21 Carboidratos
22 Fibras
24 Vitamina D
27 Vitamina B12
30 Sem glúten e vegano
32 Academia: antes e depois

POR QUE NÃO?


35 Peixe
37 Ovo
41 Leite
43 Mel
47 Camarão

RESPOSTAS
51 Sobre Jesus
68 Sobre plantas
76 Sobre religião
80 Sobre carnívoros
84 Cadeia alimentar
89 Lã, seda, vestuário
92 Fome e exploração
93 Sustentabilidade
98 Ser evoluído
99 Embates de socialização

MATERNIDADE
103 Gestação
106 Infância
111 Adolescência

3
CURIOSIDADES
115 Soja
127 Peso saudável
131 Animais de estimação

PARA ATIVISTAS
139 Pode conter traços

Capítulo 2
Minha trajetória no veganismo

ATIVISMO
143 Primeiros socorros
146 O mundo precisa mudar
Por amor a vida
147 Diplomas valem mais que o amor
148 Clipping
149 Entrevista

LETRAS DE MÚSICA
161 Spiritist vegan
162 Para o nosso futuro
163 Como nós
164 Todos à mesa
165 Deixa eles viverem
166 Eles estão
167 o seu amor
168 Abolição animal
169 Século XXI

LITERATURA
170 Comemorando assassinatos
171 Construindo
Eles não precisam morrer
172 Ir além é preciso
173 O mundo pelo qual vivo
Por favor me entenda
Incompreensão

A seguir

INTRODUÇÃO
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Veganismo
Publicação original: Wikipedia.

Veganismo é um movimento a respeito dos direitos animais. Por razões éticas,


os veganos são contra a exploração dos animais. O boicote a atividades e
produtos que são contra os direitos dos animais é uma das principais ações
praticadas por quem adere ao movimento.

Em 1997, três por cento da população americana anunciou não ter usado
nenhum produto de origem animal nos últimos dois anos. Em 2007, dois por
cento da população inglesa se declarou como veganos. O número de
restaurantes veganos está crescendo, de acordo com o Oxford Companion to
American Food and Drink (2007). Tem sido mostrado que pessoas em dietas
que incluem comidas de origem animal têm mais probabilidades de terem
doenças degenerativas, principalmente doenças cardiovasculares. A
Associação Dietética Americana (The American Dietetic Association) e os
Nutricionistas do Canadá (Dietitians of Canada) consideram a dieta vegetariana
apropriada para todos os estágios do ciclo de vida, embora eles ainda alertem
que uma dieta vegetariana mal planejada pode ser deficiente em vitamina B12,
ferro, vitamina D, cálcio, iodo, e ácidos graxos ômega 3.

Etimologia
O termo inglês vegan (pronuncia-se vígan) foi criado em 1944, numa reunião
organizada por Donald Watson (1910–2005) envolvendo 6 pessoas (após se
desfiliarem da The Vegetarian Society por diferenças ideológicas), onde ficou
decidido criar uma nova sociedade (The Vegan Society) e adotar um novo termo
para definir a si próprios.

Trata-se de uma corruptela da palavra “vegetarian”, em que se consideram as 3


primeiras letras e as 2 últimas, excluindo o etari para formar a palavra vegan.

Em português, se consideram as três primeiras e as três últimas letras


(vegetariano), excluindo o etari, na formação do termo vegano (substantivo
masculino, significando “adepto do veganismo” — feminino, vegana).

A definição oficial de veganismo é:

“O veganismo é uma forma de viver que busca excluir, na medida do possível e


do praticável, todas as formas de exploração e de crueldade contra animais, seja
para a alimentação, para o vestuário ou para qualquer outra finalidade”.

Ideologia
Veganismo significa os princípios pelos quais o ser humano viva sem explorar
os animais. É a prática e busca ao fim do uso de animais para alimentação,
apropriação, trabalho, caça, vivissecção, confinamento e todos os outros usos
que envolvam exploração da vida animal.

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Os veganos procuram abolir qualquer prática que explore animais, zelando pela
preservação da liberdade e integridade animal.
Também boicotam qualquer produto de origem animal (seja alimentar ou não),
além de produtos que tenham sido testados em animais ou que incluam qualquer
forma possível de exploração animal nos seus ingredientes. Ou seja, não utilizam
produtos de beleza, de higiene pessoal, de limpeza, etc. que não estejam isentos
de crueldade.

Veganos referem-se às outras espécies como “animais não humanos” ou “seres


sencientes”. Para um vegano, é incorreto distinguir os restantes animais usando
o termo “animais irracionais”, uma vez que se baseiam na capacidade de
consciência semelhante à consciência humana que se encontra declarada como
verificada nos animais não humanos, e reconhecida na “Declaração de
Cambridge sobre a Consciência” de 2 de Julho de 2012, emitida na conferência
“Consciência nos animais humanos e não humanos”, na Cambridge College, na
Universidade de Cambridge, em Cambridge, no Reino Unido.

É muito importante diferenciar a ideologia vegana da dieta vegetariana.


Veganismo não é dieta. É um conjunto de práticas focadas nos Direitos dos
Animais que, por consequência, adota uma alimentação estritamente
vegetariana. Entende-se que os animais têm o direito de não serem usados
como propriedade, e que o veganismo é a base ética para levar a sério esse
direito, pelo mínimo de respeito a eles.

Vestuário, adornos e afins


Artigos em peles, couro, lã, seda, camurça ou outros materiais de origem animal
(como adornos de pérolas, plumas, penas, ossos, pelos, marfim etc.) são
preteridos, pois implicam a morte e/ou exploração dos animais que lhes deram
origem. Sendo assim, um vegano se veste de tecidos de origem vegetal (algodão,
linho etc.) ou sintéticos (poliéster etc.).

Alimentação
Veganos fazem uso da dieta vegetariana estrita, ou seja, excluem, da sua
alimentação, carnes e embutidos (enchidos), banha, vísceras, músculos,
gelatina, peles, cartilagens, laticínios, ovos e ovas, insetos, mel e derivados,
frutos do mar e quaisquer alimentos de origem animal. Consomem basicamente
cereais, frutas, legumes, vegetais, hortaliças, algas, cogumelos e qualquer
produto, inclusive industrializados, que não contenha ingredientes que
dependam de uso animal em sua produção.

O número de restaurantes e empresas especializadas em alimentação vegana


vem crescendo, assim como o número de adeptos. A principal queixa dos
veganos iniciantes era a dificuldade de encontrar produtos e receitas veganas, o
que atualmente não acontece devido à facilidade que a Internet proporciona para
encontrar receitas veganas e à expansão do mercado de produtos veganos. Não
é mais incomum encontrar, nos mercados, produtos marcados como veganos. A
conscientização quanto à causa animal é outro fator que tem impulsionado o
aumento de pessoas que buscam o veganismo como estilo de vida.

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Argumentos de Saúde
Pessoas que possuem dietas que incluem comidas de origem animal têm
mostrado ter maior probabilidade de ter doenças degenerativas, incluindo
doenças do coração. De acordo com o Guia de Nutrição para Americanos de
2010, um relatório emitido pelo Departamento de Agricultura Americano e o
Departamento de Saúde e Serviços Humanos Americano, uma dieta vegetariana
é associada com baixos níveis de obesidade e risco reduzido de doenças
cardiovasculares. De acordo com um estudo da European Prospective
Investigation into Cancer and Nutrition-Oxford, uma dieta vegetariana fornece
grandes quantidades de cereais, grãos, nozes, frutos e vegetais, e, assim sendo,
uma dieta rica em carboidratos, ômega 6, fibra dietética, carotenoides, ácido
fólico, vitamina C, vitamina E, e magnésio.

Dean Ornish é um dos médicos que recomendam uma dieta vegana de pouca
gorduras para prevenir e reverter certas doenças degenerativas. Os médicos
John A. McDougall, Caldwell Esselstyn, Neal D. Barnard, Dean Ornish, Michael
Greger e o bioquímico nutricional T. Colin Campbell argumentam que altas
gorduras animais e dietas de proteínas, como a dieta padrão americana, são
prejudiciais para a saúde, e que uma dieta vegetariana de baixa gordura pode
prevenir e reverter doenças degenerativas como a doença arterial coronariana e
a diabetes. Uma pesquisa de 2006 da Barnard descobriu que, em pessoas com
diabetes tipo 2, uma dieta vegetariana de baixas gorduras reduziu o peso, o
colesterol total e o colesterol LDL, e foi muito melhor do que a dieta prescrita pela
Associação Americana de Diabetes (American Diabetes Association).

O estudo vegetariano de 12 anos da Universidade de Oxford com 11.000


pessoas recrutadas entre 1980 e 1984 indicou que veganos tinham menores
concentrações de colesterol total e LDL quando comparados a carnívoros. Os
índices de morte eram menores em pessoas que não comiam carne em relação
aos que comiam; a mortalidade por doenças isquêmicas do coração era
positivamente associada com o consumo de gorduras animais e com o nível de
colesterol na dieta. O estudo também sugeriu que os veganos no Reino Unido
podem estar com risco de deficiência de iodo por causa de deficiências no solo.

De acordo com o Associação Dietética Americana (The American Dietetic


Association) e os Nutricionistas do Canadá (Dietitians of Canada), dietas que
evitam carne tendem a ter níveis baixos de gorduras saturadas, colesterol e
proteína animal, e tendem a ter níveis maiores de carboidratos, fibras, magnésio,
potássio, ácido fólico e antioxidantes como as vitaminas C e E e fitoquímicos.
Pessoas que evitam carne têm reportado terem índice de massa corporal inferior
ao de pessoas numa dieta americana ou canadense, além de possuírem baixos
índices de morte por doenças isquêmicas do coração, baixo nível de colesterol
no sangue, baixa pressão sanguínea, e baixos índices de hipertensão, diabetes
tipo 2 e câncer de próstata e colo de útero.

Uma metanálise de 1999 de cinco estudos comparando os índices de


mortalidade de vegetarianos e não vegetarianos em países do leste descobriu
que a mortalidade por doenças isquêmicas do coração era 26% menor entre
veganos comparado com a maioria dos não vegetarianos, mas 34% menor entre
ovo-lacto-vegetarianos (vegetarianos que comem laticínios e ovos). Se acredita

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que o baixo índice de proteção para veganos comparado com ovo-lacto-
vegetarianos está ligado com os altos níveis de homocisteína, que é causado
por insuficiência da vitamina B12, e acredita-se que veganos que consomem
níveis suficientes de vitamina B12 devem mostrar níveis de risco de doenças
isquêmicas do coração menores ainda do que ovo-lacto-vegetarianos. Nenhuma
diferença significativa de mortalidade por outras causas foi encontrado.

Uma grande pesquisa de 15 anos que investigou, no Reino Unido, a associação


da dieta e o risco de catarata relacionada com a idade descobriu uma diminuição
progressiva no risco de catarata partindo-se dos grandes consumidores de carne,
passando pelos pequenos consumidores de carne, e chegando nos veganos.
Descobriu-se que veganos tinham 40% menor risco de ter catarata em
comparação aos consumidores de carne.

Medicamentos, cosméticos, higiene e limpeza


Veganos evitam o uso de cosméticos, produtos de higiene e limpeza que tenham
sido testados em animais. O vegano defende o surgimento de alternativas para
experiências laboratoriais, como testes in vitro, cultura de tecidos e modelos
computacionais. São divulgadas, entre a comunidade vegana, extensas listas de
marcas e empresas de cosméticos, produtos de limpeza e higiene pessoal não
testados em animais.

Entretenimento
Circos com animais, rodeios, vaquejadas, touradas, zoológicos ou qualquer
coisa que explore os animais de algum modo, também são boicotados pelos
veganos pois estas práticas implicam escravidão, posse, deslocamento do
animal de seu habitat natural, privação de seus costumes e comunidades,
adestramento forçoso e sofrimento. Veganos não caçam, não promovem
nenhum tipo de pesca, e boicotam qualquer “esporte” que envolva animais “não
humanos”.

Dia Mundial Vegano


O dia 1 de Novembro é marcado pelo Dia Mundial Vegano (“World Vegan Day”,
em inglês), que é comemorado desde 1994, quando a Vegan Society da
Inglaterra comemorou 50 anos de criação. Em 2004, o evento marcou o 60º
aniversário da sociedade, e o 10º aniversário do feriado.

Documentários
O número de adeptos tem crescido de forma gradual, com o auxílio de
documentários que denunciam o especismo e ensinam direitos animais.

Documentários como Cowspiracy (2014), Meet your Meat (“Conheça sua


Carne”), Earthlings (“Terráqueos”), Chew on This (“Pense Nisso”) e o pioneiro
brasileiro A Carne é Fraca, seguido de Não Matarás e “What the Health?”, têm
causado polêmica e, de uma forma geral, ganhado adeptos em todo o mundo.

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Especismo
Publicação original: Wikipedia.

Especismo (Espécie + ismo) é o ponto de vista de que uma espécie, no caso a


humana, tem todo o direito de explorar, escravizar e matar as demais espécies
por considerá-las inferiores.

É a atribuição de valores ou direitos diferentes a seres dependendo da sua


afiliação a determinada espécie. O termo foi criado e é usado principalmente por
defensores dos direitos animais para se referir à discriminação que envolve
atribuir a animais sencientes diferentes valores e direitos baseados na sua
espécie, nomeadamente quanto ao direito de propriedade ou posse.

O especista acredita que a vida de um membro da espécie humana, pelo


simples fato do indivíduo pertencer à espécie humana, tem mais peso e mais
importância do que a vida de qualquer outro ser. Os fatores biológicos que
determinam a linha divisória de nossa espécie teriam um valor moral — nossa
vida valeria “mais” que a de qualquer outra espécie.

O especista sustenta a sua opção com seis grandes linhas de justificação. A


primeira centra-se no facto de a espécie humana ser onívora desde que existe
como tal, manifestando essa diversidade de fontes alimentares no sucesso da
sua presença desde os polos ao Equador, desde os litorais às altas montanhas.
A segunda linha diz respeito ao controlo de pragas nas cidades, onde vive mais
de metade da população humana; formigas, baratas, ratos, pulgas e outras
espécies ditas sencientes têm impactos severos na saúde pública se não forem
controladas. A terceira linha refere-se ao fato de a superioridade da espécie
humana ter permitido o desenvolvimento de conceitos civilizacionais, tais como
o Direito, que ora se pretendem estender a outras espécies (que os
desconhecem); o que por si só ratifica essa superioridade. A quarta linha assenta
na contradição de os alegados defensores dos animais não reconhecerem
direitos a espécies não animais — uma discriminação objetiva — valorizando a
vida de uma formiga acima da de uma sequoia (árvore) gigante. A quinta linha
refere-se à alimentação dos animais de companhia de muitos alegados
defensores dos animais, na sua grande maioria feita com carne de outros
animais. A sexta linha de justificação é o paradoxo absoluto de os alegados
defensores dos animais estarem preocupados pelos alegados abusos
alimentares dos humanos em relação aos animais; quando toda a ecologia da
Terra está assente em cadeias alimentares; o exemplo da baleia que mata
milhares de indivíduos do krill¹ em cada refeição que faz é gritante.

¹Krill é o nome colectivo dado a um conjunto de espécies de animais


invertebrados semelhantes ao camarão.

De modo similar ao sexismo e ao racismo, a discriminação especista pressupõe


que os interesses de um indivíduo são de menor importância pelo mero fato de
se pertencer a uma determinada espécie. De acordo com a igual consideração
de interesses, sua semelhança implica deverem ser respeitados
independentemente da espécie considerada.

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ORIGEM
O termo foi cunhado pelo psicólogo britânico Richard D. Ryder, quando o usou
pela primeira vez em um panfleto em 1970. Mais tarde foi largamente adotado
por autores de obras sobre direitos animais.

“Eu uso a palavra ‘especismo’,” explicou dois anos mais tarde, “para descrever
a discriminação habitual que é praticada pelo homem contra outras espécies (c)
Especismo e racismo ignoram ou subestimam as semelhanças entre o
discriminador e aqueles que são discriminados.”
O filósofo Peter Singer também recorreu ao conceito de especismo para
desenvolver os argumentos do seu célebre livro Liberação Animal, que
familiarizou um público muito mais vasto com esse termo.

Tipos de especismo
Existem basicamente dois tipos de especismo. O mais comum, o especismo
elitista é o preconceito para com todas as espécies que não a humana. Este tipo
de especismo tem ligação bastante próxima com o antropocentrismo muito
disseminado em culturas ocidentais.

A outra forma de especismo é o especismo eletivo, ou seja, aquele que escolhe


alguma(s) espécie(s) em particular como alvo da discriminação. Por exemplo,
algumas pessoas podem acreditar que nunca deva se tirar uma vida de um cão
e gato, mas ao mesmo tempo podem ignorar o direito à vida de um boi ou um
porco, se alimentando destes. Alguns também são capazes inclusive de matar
insetos simplesmente por estarem diante de algum.

Consequências do especismo
A consequência do especismo, segundo alguns teóricos, é a consideração dos
animais não-humanos como meras propriedades do homem, que pode dispor
deles a seu desejo, desde mantendo-os fechados em uma jaula até torturando-
os para satisfazer a curiosidade, ou privando-os de sua vida para satisfazer o
paladar, para vestir-se com sua peles ou por diversão. Isto vem sendo feito
legalmente desde, pelo menos, o Império Romano, que em seu direito
considerava os animais como propriedades com capacidade de mover-se, ainda
que seja algo que venha realizando-se desde muito antes, provavelmente desde
o desenvolvimento da capacidade moral.

O especismo também produziria um grande impacto ecológico indireto, devido à


alteração dos ecossistemas das espécies discriminadas como meio de aumentar
a produção destas, ou a grande quantidade de contaminadores produzidos pela
massificação de animais.

Por outro lado, o impacto ambiental negativo da produção maciça de cereais


(nomeadamente, da soja) em ecossistemas de relevância mundial não pode ser
ocultado e decorre de uma maior procura mundial. Este fato está diretamente
ligado à produção de ração animal. Sabe-se que pouco mais da metade da
produção de cereais são destinados à produção de rações animais, se esses
fossem direcionados diretamente para a alimentação humana, não seriam um
potencial problema ecológico.

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Senciência
Publicação original: Wikipedia.

Senciência é a capacidade dos seres de sentir sensações e sentimentos de


forma consciente. Em outras palavras: é a capacidade de ter percepções
conscientes do que lhe acontece e do que o rodeia.

A palavra senciência é muitas vezes confundida com sapiência, que pode


significar conhecimento, consciência ou percepção. Essas palavras podem ser
diferenciadas analisando-se suas raízes latinas: sentire é “sentir” e sapere é
“saber”.

Senciência, portanto, é a capacidade de sentir.


Os filósofos chamados “novos misterianistas”, acreditam que a senciência não
poderá jamais ser entendida, não importa quanto progresso seja feito pela
neurociência na compreensão do funcionamento do cérebro. O mais famoso
misterianista é Colin McGinn. Eles não negam que a maioria dos outros aspectos
da consciência esteja sujeita à investigação científica, da criatividade à sapiência
ou autoconsciência, mas acreditam que ela não pode ser amplamente
compreendida cientificamente.

Senciência Animal
As sensações como a dor ou a agonia, ou as emoções, como o medo ou a
ansiedade, são estados subjetivos próximos do pensamento e estão presentes
na maior parte das espécies animais.

Um animal é um ser senciente porque tem a capacidade de sentir. Não se


questiona que os humanos são seres sencientes — experienciamos, de forma
consciente, sentimentos de muitos tipos diferentes. A questão que tem vindo a
ser colocada é sobre se essa mesma capacidade de possuir percepções
conscientes dos acontecimentos e da realidade poderá ou não acontecer de
igual forma com os outros animais. Enquanto a mente de um humano é, como
se pressupõe, mais complexa do que as mentes dos outros animais, alguns
autores defendem que estas diferenças são apenas em grau e não em gênero,
como defendeu Charles Darwin, o precursor da biologia moderna.

Do ponto de vista biológico, a função mais importante do cérebro é a de gerador


de comportamentos que promovam o bem-estar. Nem todos os comportamentos
precisam de um cérebro. No entanto, o controle sofisticado do comportamento
baseado num sistema sensorial complexo requer a capacidade de integração de
informações de um cérebro centralizado. Como nós, humanos, os outros animais
são também detentores de uma mente complexa, apesar de diferirem da mente
humana pelo fato de ser uma mente menos complexa (do mesmo modo que a
mente de uma criança é menos complexa do que a mente de um adulto humano),
não diferindo porém de gênero ou tipo de mente.

Tem-se vindo a descobrir cada vez mais acerca da senciência e das


características sencientes de um número cada vez maior de espécies animais.
Com evidências fortes de que muitos animais são sencientes, é razoável e

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prudente, além de ser moralmente importante, assumir que todos os animais têm
algum grau — pelo menos, um grau mínimo — de senciência.

A circunstância de assumir que um animal não é senciente, sem qualquer provas


que sustentem essa presunção, condicionará inevitavelmente um problema a
enfrentar sobre a questão moral e ética individual. Portanto, assumir que todos
os animais são sencientes é o raciocínio mais coerente a considerar.

Tem-se descoberto cada vez mais que, seres que se pensava não serem
sencientes ou serem apenas basicamente sencientes, são mais complexamente
sencientes e mesmo mais inteligentes do que se podia imaginar. Tem vindo a
crescer cada vez mais o número de provas que sustentam a ideia de que as
capacidades cognitivas dos animais são muito maiores, mais complexas e
profundas do que tradicionalmente se tem acreditado.

Organismos sencientes não apenas apresentam reações químicas diante dos


processos que afetam o seu corpo (sensibilidade), mas também possuem
estados mentais positivos ou negativos associados a esses processos. É,
portanto, um indício de que existe um “eu” que vivencia e experimenta as
sensações. É o que diferencia indivíduos vivos de meras coisas vivas.

O modo como as pessoas veem os outros animais é influenciado pela educação


que tiveram e pelas tendências do seu tempo. O filósofo francês René Descartes
(1596–1650) deixou uma duradoura influência com a sua opinião de que os
animais eram “máquinas” sem alma.

A senciência é uma característica que está presente apenas em seres do reino


animal. O sinal exterior mais amplamente reconhecido de senciência é a dor e,
dessa forma, este conceito — ou a sua ideia — tem sido usado, há algum tempo,
como fundamento para a defesa da proteção dos animais não humanos contra
o sofrimento, ou para a atribuição de direitos morais aos mesmos. Por exemplo,
Jeremy Bentham (1748-1832), já dizia que o que deveria ser considerado no
debate sobre o dever de compaixão dos seres humanos perante animais não
humanos não era se estes eram dotados de razão ou linguagem, mas se eram
capazes de sofrer. Como ele, Charles Darwin (1809–1882) acreditava que a
“atividade mental” dos animais era semelhante à dos humanos.

A senciência é amplamente reconhecida em todos os animais vertebrados —


 portadores de sistema nervoso central, o que inclui quase todos os animais
utilizados comumente pelo ser humano nas suas atividades.
O que está em muito relacionado com a exploração animal. Esta definição,
porém, enfatiza apenas um critério para a existência de senciência: a
manifestação (a nós, perceptível) da dor.

Existem, porém, outros sinais exteriores que evidenciam que outras espécies de
animais experimentam o mundo de forma individual, como a existência de órgãos
sensoriais que evidenciam uma necessidade de interpretar imagens, sons ou
odores captados a partir dos respectivos sentidos. Esse conceito abrange não
apenas animais vertebrados, mas também animais invertebrados como os
insetos, moluscos e aracnídeos e, portanto, corresponde a todos os animais que

12
são tradicionalmente usados pelo ser humano. Por esta definição, apenas
esponjas seriam animais não sencientes.

Pode-se ainda usar o conceito como uma forma de definir todos os seres do
reino animal: é também provável que o conceito de senciência esteja vinculado
à própria condição de ser um animal — seres que se separam da sua fonte de
provimento ao nascer e precisam buscar o alimento por movimento próprio.

Não se deve confundir senciência com autoconsciência, que é o conceito que


define a consciência que o “eu” tem de ser um indivíduo pensante, separado dos
demais seres. Este conceito de origem kantiana é enfatizado principalmente por
Peter Singer, que o emprega para estabelecer um critério hierárquico entre os
seres sencientes cujos interesses entrem em conflito.

Por outro lado, a escola behaviorista da psicologia do século XX considerava


que apenas o comportamento devia ser estudado, em vez de qualquer emoção
ou raciocínio que possa estar na base deste, acerca dos animais. Isto deixou
também uma duradoura influência no estudo sobre o comportamento animal.

A seguir

NUTRIÇÃO
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Nutrientes
Publicação original: Alimentação saudável

Conheça a função dos nutrientes.

Um nutriente é uma substância usada pelo metabolismo de um organismo que


pode ser adquirido a partir do meio envolvente. Os organismos não autotróficos
adquirem os nutrientes geralmente através da ingestão de alimentos. Os
métodos para ingestão de nutrientes variam, com os animais a possuírem um
sistema digestivo interno, enquanto que as plantas digerem os nutrientes
externamente. Os efeitos dos nutrientes dependem em grande parte da
quantidade da dose ingerida.

Os nutrientes orgânicos incluem carboidratos, gorduras, proteínas (ou outros


elementos construtores, como os aminoácidos), e vitaminas. Os compostos
químicos inorgânicos incluem os minerais ou água. Os nutrientes são essenciais
para o perfeito funcionamento do organismo e todos os que não podem ser
sintetizados pelo próprio organismo têm de ser obtidos de fontes externas. Os
nutrientes necessários em grandes quantidades são denominados por
“macronutrientes” e os necessários em pequenas quantidades por
“micronutrientes”.~

• Macronutrientes: Proteínas, Carboidratos, Gorduras, Gordura Saturada, Fibras


• Vitaminas: Vitamina A, Vitamina B1, Vitamina B2, Vitamina B6, Vitamina B12,
Vitamina C, Vitamina E, Folatos
• Minerais: Cálcio, Ferro, Fósforo, Magnésio, Potássio, Sódio, Zinco.

Macronutrientes

“Macro” significa grande, por isso os macronutrientes são os nutrientes mais


necessários, conhecidos por proteínas, gorduras e carboidratos e exceptuando
os alimentos com zero calorias, todos os outros possuem variações em
quantidade destes mesmos nutrientes. Apesar da popularidade de algumas
dietas, que requerem que se reduza drasticamente a ingestão destes
macronutrientes, todos eles são de extrema importância para a sua saúde e
devem ser incluídos na alimentação diária.

As proteínas são necessárias para a construção dos tecidos do corpo incluindo


dos músculos, órgãos, pele e também as partes do sistema imunitário. O corpo
pode usar as proteínas em excesso para converter em energia ou em gordura.
Os carboidratos incluem os açúcares, amido e fibras, com os dois primeiros a
serem fundamentais para o fornecimento de energia que possibilita o
funcionamento do corpo. Os carboidratos em excesso são convertidos em
gordura, gordura esta que forma as membranas que envolvem todas as células
do corpo, desde o normal funcionamento do cérebro, sistema nervoso ou
hormonal. Tal como as proteínas, a gordura extra pode ser utilizada pelo corpo
para produzir energia, ou, em casos de sedentarismo, para armazenamento de
gorduras.

14
Micronutrientes

“Micro” significa pequeno, e é por isso que os micronutrientes são todos aqueles
que são necessários em quantidades mais pequenas. Estes incluem várias
vitaminas, divididas em solúveis em água ou solúveis em gordura, dependendo
do meio no qual se dissolvem, e também minerais que devem ser incluídos numa
alimentação saudável.

As vitaminas solúveis em água incluem vitamina C e o complexo de vitaminas B,


como vitamina B1, vitamina B2, vitamina B6, vitamina B12 ou folatos, com todas
elas a possuírem uma variedade de funções essenciais para a saúde. As
vitaminas solúveis em gordura incluem a vitamina A, vitamina D, vitamina E e
vitamina K. As vitaminas A e E são absorvidas unicamente através dos alimentos
ingeridos, enquanto que as vitaminas D e K podem ser sintetizadas pelo próprio
organismo.
Apesar de ser extremamente difícil obter quantidades massivas destas vitaminas
através dos alimentos, o corpo pode apresentar níveis de toxicidade e graves
problemas de saúde caso se ingira de uma forma descontrolada suplementos
vitamínicos em excesso.

Os minerais incluem Cálcio, Fósforo, Ferro, Magnésio, Potássio, Sódio ou Zinco,


entre outros. Os minerais são importantes para a saúde dos dentes, dos ossos,
músculos, equilíbrio hídrico do corpo e um conjunto de outras funções para o
bom funcionamento do organismo.
Embora uma alimentação saudável e rica em fruta, legumes, frutos secos,
vegetais, leguminosas, carne, peixe e produtos lácteos seja uma excelente forma
de garantir a ingestão de todos os micronutrientes que precisa, existem algumas
pessoas que podem necessitar da ajuda de suplementos dietéticos, como
mulheres em risco de osteoporose ou pessoas com doenças de visão
relacionadas com a idade. Aconselha-se sempre o uso de suplementos
dietéticos de acordo com as instruções da embalagem e sob aconselhamento
médico.

Proteínas
Publicação original: Veggi & Tal.

Alimentos vegetais ricos em proteínas.

Um grande mito, que assombra os recém tornados vegetarianos e veganos, bem


como suas famílias,é o da proteína. Muita gente acredita não ser possível obter
boas quantidades de proteína sem alimentar-se de carne e produtos de origem
animal. Entretanto, segundo especialistas, isso não corresponde à realidade, e
é raríssimo que um vegetariano ou vegano apresente este tipo de deficiência.
Isto porque a quantidade de proteína de que nosso organismo necessita é baixa,
e a proteína presente nos alimentos de origem vegetal é o suficiente para suprir
as necessidades dessa substância.

15
Diz-se que este “terrorismo” em relação à necessidade de proteínas teve como
base estudos realizados com animais, que induziram a erros para transposição
em seres humanos. Pesquisas mais recentes mostram claramente as diferenças
que ocorrem em seres humanos com relação aos animais, mas infelizmente
alguns profissionais ainda estão defasados em relação à este assunto.

Não há necessidade de ingerir proteínas de origem animal em nenhuma fase da


vida humana. Também estão presentes nas proteínas vegetais todos os
aminoácidos que se encontram nas proteínas animais.

A recomendação mais aceita atualmente, estabelece que a proteína forneça


cerca de 10 a 15% das calorias da dieta. Assim, numa dieta com 2.000 calorias,
200 a 300 calorias devem ser provenientes da proteína, e as calorias restantes
de carboidratos e gorduras. Basta que tenhamos em mente o conceito básico de
que do total de calorias ingeridas na dieta, 10% pelo menos, seja proveniente de
proteínas.

Alimentos vegetais ricos em proteína:

Leguminosas, como feijão, grão de bico e ervilha; entre eles, destaca-se a soja
e derivados; Cereais integrais e derivados, como arroz, trigo, centeio, cevada;
As sementes oleaginosas, como amendoim, gergelim, castanha de caju e
girassol;

Frutas , verduras e legumes também possuem proteínas, como brócolis, vegetais


verde escuros, abacate, coco, batata, etc.

Algas são alimentos riquíssimos em proteínas, dentre outros importantes


nutrientes. A alga nori por exemplo, contém 2 vezes mais proteína do que a carne.

Cogumelos (que são fungos, e estão inclusos nas dietas vegetarianas e veganas)
possuem quantidade de proteína e nutrientes que podem ser comparadas às da
carne e do leite.

É possível mensurar, através de exames de sangue, além de dados de


composição corporal, os marcadores de nutrição proteica.

Não há motivos para o vegetariano/vegano temer deficiência proteica.


Procurando manter uma dieta natural e variada, além de consumir proteínas,
vocẽ estará absorvendo muitos outros nutrientes e substâncias essenciais de
alimentos saudáveis e nutritivos.

RESUMO | FONTES ACESSÍVEIS DE PROTEÍNA

Leguminosas, como feijão, grão de bico e ervilha; entre eles, destaca-se a soja
e derivados; Cereais integrais e derivados, como arroz, trigo, centeio, cevada;
As sementes oleaginosas, como amendoim, gergelim, castanha de caju e
girassol; Frutas , verduras e legumes também possuem proteínas, como brócolis
e vegetais verde escuros, também há proteína no abacate, coco, batata, nas
algas (alga nori por exemplo) e cogumelos.

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Cálcio
Alimentos vegetais ricos em cálcio.
Dr. George Guimarães, nutricionista especializado em dietas vegetarianas.
Janeiro de 2007 | www.nutriveg.com.br

Cálcio na Dieta Vegana

A noção de que o leite e derivados são a melhor (se não a única) fonte de cálcio
é tão arraigada na nossa sociedade que a maioria das pessoas tem dificuldade
em aceitar a idéia de que é possível ter ossos saudáveis sem o consumo de
laticínios. Mas o fato é que o cálcio não é exclusividade do produto secretado
pelas glândulas mamárias dos animais mamíferos.

A noção de que o cálcio é exclusividade do leite da vaca é fruto de um elaborado


trabalho de propaganda por parte das indústrias de laticínios. Apesar de não
poderem afirmar diretamente que o leite de vaca é a única fonte de cálcio (isto
seria propaganda enganosa) a indústria busca passar esta noção ao consumidor.
Faz pouco mais de um ano que a Vegan Society do Reino Unido processou uma
multinacional que lançou uma campanha que trazia a frase: “Leite — essencial
para ossos saudáveis”. Em poucos dias, a campanha foi tirada do ar, pois
essencial é aquilo que não pode ser substituído, o que não é o caso dos laticínios
como sendo fonte de cálcio.

Se uma associação de feirantes pudesse desenvolver uma campanha para


promover os alimentos vegetais como boas fontes de cálcio, o que eles
promoveriam? Os vegetais verde-escuros (brócolis, couve e quiabo) são
excelentes fontes de cálcio e estão acompanhados de uma série de outros
nutrientes importantes para o metabolismo do cálcio, como o potássio e a
vitamina K. As frutas secas (figo, damasco, uva-passa) e as castanhas e
sementes (nozes, avelãs, amêndoas, castanha-do-Pará, semente de girassol,
gergelim, entre outras) são fontes bastante concentradas deste mineral e são
muito fáceis de serem armazenadas, transportadas e consumidas. Já as
leguminosas (soja, tofu, lentilha, ervilha, grão-de-bico, feijões), muitas delas tão
presentes no cardápio do brasileiro, são também boas fontes e o melado-de-
cana completa a lista oferecendo uma grande concentração de cálcio. Estas são
as principais fontes de cálcio em uma dieta livre de produtos de origem animal.

Assim como quando discutimos sobre a existência de boas fontes vegetais de


proteína e ferro, uma vez demonstrada a possibilidade da dieta vegetariana
fornecer estes nutrientes em quantidades adequadas, a questão que segue é
sobre a sua qualidade, ou biodisponibilidade. De fato, há uma diferença com
relação à eficiência com que o organismo humano aproveita o cálcio dos
alimentos de origem vegetal quando comparada à eficiência com que
aproveitamos o cálcio de origem animal. Esta diferença é que o cálcio dos
alimentos vegetais é mais bem absorvido. Isto é demonstrado por muitos estudos
científicos: os alimentos de origem vegetal oferecem um cálcio que é mais bem
utilizado pelo organismo do que o cálcio que tem origem no leite e derivados.
Isso significa dizer que, quando a ingestão se dá em quantidade adequada, a
qualidade do cálcio vegetal não deixa nada a desejar ao cálcio de origem animal.

17
No que diz respeito à saúde óssea, as vantagens de se obter o cálcio dos
alimentos de origem vegetal não param por aí, pois uma dieta isenta de produtos
de origem animal (inclusive os laticínios) tem muitos outros aspectos que
favorecem a saúde dos ossos. Quando um nutriente tem efeito positivo na
retenção do cálcio no organismo, dizemos que o balanço de cálcio é positivo. O
inverso vale para o termo balanço negativo. Os fatores dietéticos que afetam
positivamente o balanço de cálcio são a vitamina K, o potássio, um pH sangüíneo
alcalino e, é claro, o próprio cálcio. Os fatores que afetam negativamente o
balanço de cálcio são o consumo excessivo de sódio, proteínas e vitamina A.

Uma dieta vegana é mais rica em vitamina K e potássio, enquanto ela é mais
pobre em sódio. Ela também é mais provavelmente abundante em alimentos
alcalinizantes ao mesmo tempo em que não excede com facilidade a quantidade
recomendada de proteínas. Além disso, a dieta vegana não excede na ingestão
de vitamina A. Na verdade, ela é isenta desta vitamina, fornecendo o beta-
caroteno, que é convertido pelo organismo em vitamina A (retinol) apenas na
quantidade necessária, evitando assim o seu excesso. Do ponto de vista
dietético, a eliminação dos produtos de origem animal, concomitante com o
aumento da ingestão de alimentos de origem vegetal, favorece em muito a saúde
óssea.

Além do aspecto alimentar, devemos considerar a vitamina D e a atividade física.


A vitamina D pode ser produzida pelo organismo e tem papel fundamental para
o balanço positivo de cálcio. Ela é sintetizada quando ocorre a exposição
adequada da pele à luz solar. Para pessoas de pele clara, uma exposição de
cerca de 20 minutos em uma pequena porção de pele (mão e rosto, por exemplo)
quando o Sol está a um ângulo acima de quarenta graus do horizonte é o
suficiente para estimular a produção de vitamina D em quantidade adequada.
Pessoas de pele escura devem estender este tempo de exposição para até uma
hora. A atividade física também é muito importante para uma boa saúde óssea.
Pense nos seus ossos como se fossem os seus músculos: se você os utilizar
pouco, eles se desenvolverão pouco. Uma dieta vegana está relacionada a
alguns aspectos que favorecem a prática de atividades físicas, como por
exemplo um índice de massa corpórea mais próximo do saudável, e por isso o
vegano ganha mais uma vantagem com relação à sua saúde óssea, já que a
dieta como um todo favorece a prática de atividades físicas.

Vale notar que quando optamos por ingerir o cálcio a partir de fontes vegetais,
estamos optando por ingerir alimentos que são também boas fontes de ferro,
fibras e outros nutrientes importantíssimos e que não são encontrados nos
laticínios. Aqueles que ainda acreditam que o leite é um produto adequado à
alimentação de mamíferos adultos devem estudar mais a fundo os benefícios
resultantes da eliminação deste alimento do cardápio, inclusive e especialmente
no que diz respeito ao cálcio e outros fatores relacionados à boa saúde óssea.

RESUMO | FONTES ACESSÍVEIS DE CÁLCIO

Os vegetais verde-escuros (brócolis, couve e quiabo) são excelentes fontes de


cálcio e estão acompanhados de uma série de outros nutrientes importantes para
o metabolismo do cálcio, como o potássio e a vitamina K. As frutas secas (figo,

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damasco, uva-passa) e as castanhas e sementes (nozes, avelãs, amêndoas,
castanha-do-Pará, semente de girassol, gergelim, entre outras) são fontes
bastante concentradas deste mineral.

Fonte: www.bit.ly/fontesdecalcio

Ferro
Alimentos vegetais ricos em ferro.
Dr George Guimarães, nutricionista especializado em dietas vegetarianas
Fevereiro de 2008 | www.nutriveg.com.br

Ferro na Dieta Vegetariana

Se não for o mais recorrente de todos os mitos, o ferro certamente está entre os
mais frequentes quando o tema é a nutrição vegetariana. No entanto, a
incidência de anemia ferropriva (por deficiência de ferro) não é maior na
população vegetariana quando comparada à população onívora. Na verdade, ela
é a deficiência nutricional mais comum em todo o mundo — estima-se que 500
milhões de pessoas sejam anêmicas. As mulheres estão em maior risco e as
fases da vida de maior vulnerabilidade são: até os 4 anos de idade, durante a
adolescência, durante a vida reprodutiva da mulher e durante a gestação. Esses
grupos de risco precisam de atenção redobrada.

Por que é então que existe o mito com relação ao ferro na dieta vegetariana? De
fato, parte do ferro encontrado nos produtos de origem animal é mais bem
absorvido do que o ferro encontrado nos produtos de origem vegetal e de fato
algumas fontes animais de ferro são muitíssimo superiores quando comparadas
às fontes vegetais do mineral. Mas isto não significa que as fontes vegetais de
ferro não sejam suficientes para suprir a necessidade do organismo humano. O
fato de haver uma alternativa superior não faz da outra uma alternativa
insatisfatória. No caso do ferro, a alternativa vegetal é satisfatória, mas alguns
cuidados ajudam a garantir a ingestão e adequados. Esses cuidados
compreendem a seleção de boas fontes do mineral, a inclusão de alimentos que
melhoram a sua absorção e a exclusão de alimentos que a atrapalham.

Boas fontes vegetais de ferro são as leguminosas (com destaque para a lentilha,
o grão-de-bico, a soja e o tofu), as castanhas e sementes (com destaque para
as sementes de abóbora, de gergelim e a castanha de caju), os vegetais verde-
escuros (especialmente a couve), as frutas secas (damasco, ameixa e uva-
passa) e o melaço da cana-de-açúcar. Alguns cereais integrais também ajudam
a complementar a ingestão de ferro entre os vegetarianos. Todos esses
alimentos devem estar presentes em abundância na dieta vegetariana.

É notável que estes mesmos alimentos ricos em ferro sejam também boas fontes
de cálcio e muitos deles também de proteínas. Ou seja, uma dieta vegetariana
que esteja adequada em proteínas e em cálcio, estará necessariamente
adequada em ferro. Há, no entanto, uma exceção a essa regra: se o cálcio
estiver vindo primariamente dos laticínios, a ingestão de ferro poderá ser

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prejudicada, pois os laticínios estão entre as fontes mais pobres de ferro que
existem. Toda vez que um vegetariano escolhe usar os laticínios como fonte de
proteína ou de cálcio, ele opta por consumir uma fonte pobre em ferro. Isso é o
mesmo que dizer que ele deixa de consumir uma boa fonte de ferro, já que essa
proteína ou cálcio poderiam ter vindo acompanhados do ferro tivesse ele
escolhido, por exemplo, uma castanha, uma leguminosa ou o tofu no lugar do
derivado lácteo. Esse é um ponto crucial na questão do ferro na dieta vegetariana:
a maioria dos vegetarianos que desenvolve anemia ferropriva o faz porque inclui
na dieta uma quantidade grande de um alimento pobre em ferro (laticínios), o
que acaba por roubar o espaço de outro alimento que poderia ter sido escolhido
dentre as boas fontes de ferro. O alerta é bastante claro: os lacto-vegetarianos
e os ovo-lacto-vegetarianos têm maior probabilidade de desenvolver anemia
ferropriva do que os veganos. Alimentos refinados como o açúcar branco e a
farinha também são fontes nulas de ferro. Prefira as versões integrais e o seu
aporte de ferro aumentará.

Depois de sabermos quais são os alimentos vegetais que contêm bastante ferro
e quais são fontes pobres do mineral, devemos nos atentar aos fatores que
afetam a sua biodisponibilidade, ou seja, a eficiência com que ele é absorvido
pelo organismo. Antes disso, precisamos entender qual é a diferença entre o
ferro encontrado nos vegetais e aquele encontrado nos produtos de origem
animal.

O ferro encontrado nas carnes é composto em 40% pelo ferro do tipo heme e
60% pelo ferro do tipo não-heme. Já o ferro encontrado nos vegetais é composto
em sua totalidade pelo ferro do tipo não-heme. O ferro do tipo heme é mais bem
absorvido do que o ferro do tipo não-heme, derivando daí a noção de que o ferro
da carne é de melhor qualidade. Mais uma vez, o fato de um tipo ser mais bem
absorvido não significa que o outro tipo seja absorvido de maneira insuficiente.
O que ocorre com o ferro do tipo não-heme é que o organismo possui uma
melhor habilidade de controlar o quanto irá absorver dependendo do status de
ferro no organismo e da quantidade de ferro ingerida em uma única refeição. Já
com o ferro do tipo heme, o organismo absorve uma taxa fixa, com uma menor
capacidade de reduzi-la quando a oferta de ferro é muito alta, podendo inclusive
ocasionar uma absorção exagerada do mineral. Ademais, apenas 40% do ferro
contido na carne é do tipo que é mais bem absorvido (heme), sendo o restante
do mesmo tipo que o ferro encontrado nos vegetais (não-heme).

Para melhorar a absorção do ferro não-heme, uma boa fonte de vitamina C deve
ser incluída na dieta. A lista de alimentos fontes de vitamina C vai além dos sucos
cítricos frescos, estendendo-se a outras frutas como o morango e a goiaba, entre
tantas outras, além de hortaliças frescas (como a couve, por exemplo). A maioria
dos alimentos que são frescos, são ricos em vitamina C. Para que a vitamina C
tenha ação na absorção do ferro, é importante que ela seja consumida na mesma
refeição rica em ferro, e não em uma refeição separada. A distribuição dos
alimentos fontes de ferro ao longo de refeições distintas (ao invés de
concentrados em uma única refeição) é outro fator importante para otimizar a
absorção do ferro não-heme.

20
Uma dieta vegetariana variada e abundante em alimentos frescos é
suficientemente rica em vitamina C ao ponto de melhorar a absorção do ferro
encontrado nos vegetais. Vemos ainda que muitos alimentos fontes de ferro são
também alimentos fontes de vitamina C, como é o caso dos vegetais verde-
escuros, por exemplo.

Acrescentamos a isso a noção de que os alimentos vegetais ricos em proteína e


cálcio são os mesmos alimentos ricos em ferro, e podemos concluir que uma
boa ingestão de ferro é mera conseqüência de uma dieta vegetariana
balanceada em outros nutrientes. Lembrando que essa afirmação é verdadeira
apenas se a dieta for isenta de laticínios, que acrescentam pouco e ainda
interferem de negativamente na nutrição do vegetariano.

RESUMO | FONTES ACESSÍVEIS DE FERRO

Boas fontes vegetais de ferro são as leguminosas (com destaque para a lentilha,
o grão-de-bico, a soja e o tofu), as castanhas e sementes (com destaque para
as sementes de abóbora, de gergelim e a castanha de caju), os vegetais verde-
escuros (especialmente a couve), as frutas secas (damasco, ameixa e uva-
passa) e o melaço da cana-de-açúcar. Alguns cereais integrais também ajudam
a complementar a ingestão de ferro entre os vegetarianos. • Fonte:
www.bit.ly/fontesdeferro

Carboidratos
Simples e Complexos.
Publicação original: Quero viver bem.

A principal função do carboidrato é fornecer energia para o organismo.

O Carboidrato é de extrema importância para o nosso organismo, pois uma de


suas funções é a geração de energia. Quando ingerido ele se transforma em
glicose e glicogênio. A glicose é armazenada nos músculos (gerando energia e
assim, força muscular).

Mas as fibras musculares têm um limite de armazenamento e o que se excede


vira glicogênio (e gera energia para as células), ingerido em grande quantidade
serão encaminhadas para as células adiposas (células de gordura).

E aí está o “problema”. Ao iniciarmos uma dieta, qual a primeira coisa que


pensamos ou ouvimos? Cortar o carboidrato das refeições. Mas pense que,
fazendo isso, estará bloqueando a entrada de uma importante fonte energética
do seu corpo, e possibilitando o aparecimento de males como indisposição,
irritabilidade, dores de cabeça e mal humor. Por isso que o grande segredo é se
alimentar adequadamente e com quantidades adequadas de carboidrato.

Antes de iniciar qualquer dieta — seja de perda ou de ganho de peso — é


essencial conhecer os 2 tipos de carboidratos: simples e complexos.

21
CARBOIDRATOS SIMPLES

(DE ALTO ÍNDICE GLICÊMICO) São fontes de energia imediata e facilmente


digeridos pelo organismo, aumentando os níveis de glicose na corrente
sanguínea. Recomendado antes de treinos rápidos e intensos.

Mas se a intenção é perder peso, procure evitá-los, os carboidratos de alto índice


glicêmicos, quando não eliminados, se transformam em gordura. Alguns
exemplos deles são:

Arroz branco, Macarrão, Pão branco, Açúcares, Refrigerante, Doces


Biscoitos, Pipoca, Sorvete, Bebidas isotônicas, Chocolates.

CARBOIDRATOS COMPLEXOS

(DE BAIXO ÍNDICE GLICÊMICO) São digeridos mais lentamente pelo


organismo, distribuindo energia aos poucos e aumentando menos e
gradativamente os níveis de glicemia no sangue.

Se você está fazendo dieta para perder peso, opte pelos carboidratos de baixo
índice glicêmicos, além de serem muito mais nutritivos e conterem fibras,
vitaminas e minerais, te proporcionam a sensação de saciedade por mais tempo.
São alguns deles:

Arroz, macarrão e pães integrais, Mandioca, Batata doce, Grão de bico, Abóbora,
Aveia, Brócolis, Milho, Ervilha, Linhaça, Tomate (vegetais em geral).

Agora que você já sabe a importância do carboidrato e a diferença dos simples


e dos complexos, fique atento ao iniciar uma dieta. Escolha o alimento certo para
seu tipo de programa alimentar e atividade física. Lembre-se, eles não devem
ser eliminados da nossa vida!

Acesso em 24/01/2018.

Fibras
Alimentos vegetais ricos em fibras.
Publicação original: Bem Estar GNT

Alimentos ricos em fibras: conheça os 10 tipos que não podem faltar na


sua dieta. “Principal função é ajudar no funcionamento mais rápido do
organismo”, diz médico.

As fibras são famosas por seus benefícios ao trânsito intestinal — mas não é só


isso. De origem vegetal, elas ainda auxiliam na prevenção e tratamento de
doenças cardiovasculares e diabetes; no controle do colesterol sanguíneo; e até

22
mesmo na prevenção e no combate à obesidade, segundo o nutricionista Bruno
Yamada, gerente de produtos dos restaurantes Seletti.

O endocrinologista Alfredo Cury, do Spa Posse do Corpo, explica ainda que as


fibras podem ser de dois tipos.“As solúveis (se transformam em gel,
permanecendo mais tempo no estômago e dando uma sensação maior de
saciedade) e as insolúveis, que dão textura firme a alguns alimentos, como o
farelo de trigo, frutas, legumes e verduras. Estas ajudam o intestino a funcionar
melhor, pois retêm uma quantidade maior de água”, diz.

“Como a industrialização de alimentos tem levado ao consumo cada vez maior


de produtos processados, pobres em fibras alimentares, faz-se muito necessário
o consumo de alimentos ‘in natura’ e produtos ricos em fibras”, alerta a
nutricionista funcional Cinthia Leitão. Segundo o departamento norte-americano
de controle de alimentos e medicamentos, o FDA, o consumo ideal de fibras
deve ser superior a 25g por dia. Mas como inserir esse nutriente na alimentação?

O ideal, segundo Cinthia, é incluir as fibras alimentares na dieta gradativamente,


para evitar a sensação de inchaço ou dores provocadas por gases; e consumir
os alimentos ricos nestas substâncias junto com água — o que dilui as fibras
solúveis formando o “gel” responsável por melhorar o trânsito intestinal e trazer
os outros benefícios ao corpo. Aliás, as fibras não oferecem calorias ao nosso
corpo, já que não são absorvidas pelo organismo. Assim, elas são uma arma até
para ajudar o emagrecimento. Abaixo, Alfredo Cury e Cinthia Leitão sugerem:

Lista de alimentos ricos em fibras.


Feijão preto (15g de fibras a cada xícara).
Além de rico em fibras, ele tem a mesma quantidade de proteínas e sua cor
escura sinaliza um alto teor de flavonoides, potentes antioxidantes.

Outros grãos.
Além do feijão, ervilha (8g de fibras a cada xícara); grão-de-bico (8g a cada ¾
de xícara) (foto); e lentilhas (15,6g de fibras a cada xícara) são outras
possibilidades para variar o consumo diário de grãos.

Sementes e cereais.
A chia (6,2g de fibras por colher de sopa); a linhaça (33,5g de fibras em 100g);
e a aveia crua(9,1g de fibras em 100g do produto) são boas fontes de fibras
alimentares e podem ser acrescentadas a iogurtes, saladas, sucos, vitaminas,
cereais e massas de pão e bolo.

Batata Doce (5g de fibra em uma unidade média do alimento).


Além de fibras, ela também é fonte de ferro, vitaminas A e C e potássio, e tem
alto teor de vitamina E.

Frutas.
Algumas delas são ótimas fontes de fibras, como a goiaba (10g de fibras a cada
unidade), maçã (5g de fibra em uma unidade média), pera (5,5g de fibra em uma
unidade média) e abacate (10g de fibras por unidade). Uma dica é consumi-las
com as cascas, desde que bem lavadas, no caso de maçãs, peras e goiabas. O

23
abacate também é fonte de gorduras monoinsaturadas, que ajudam a aumentar
o colesterol bom e diminuem o risco de doenças cardíacas.

Brócolis (5,1g de fibras em cada xícara do alimento cozido, segundo o


endocrinologista). “Pesquisas recentes apontam que o brócolis ajuda a prevenir
o câncer”, alerta Cury. Uma boa dica é misturar o vegetal a outros preparos,
como na receita de arroz de brócolis.

Milho (3,5g de fibras em 3 xícaras de milho cozido).


“Na hora de escolher um petisco na praia ou preparar um lanchinho em casa,
pode aproveitar as fibras do milho cozido.

Alcachofra (10,3g de fibras em uma unidade cozida).


O alimento é rico em silimarina, um antioxidante que pode melhorar a saúde do
fígado.

Abóbora (3g de fibra por xícara do alimento cozido).


Com ela você também obtém vitamina A em grande quantidade, além das
vitaminas C e E, e potássio.

Soja (2,5g em 40g do alimento).


Auxilia também na redução dos níveis do colesterol ruim, o LDL, e ajuda a elevar
os níveis de HDL, o colesterol bom. O alimento também possui isoflavonas,
substâncias que ajudam a atenuar os efeitos da menopausa e evitar a perda de
massa óssea.

Vitamina D
A vitamina do Sol.

As pessoas que não se expõem adequadamente aos raios solares estão em


risco de ter deficiência de Vitamina D. Quando os seus níveis estão reduzidos
no sangue, pode haver maior possibilidade de desenvolvimento de algumas
alterações, como dor e fadiga muscular, hipertensão arterial e doenças
cardiovasculares, câncer de mama, cólon e próstata, diabetes, esclerose
múltipla, artrite reumatoide e lúpus.

Vitamina D: Uma Questão Natural


Dr George Guimarães, nutricionista especializado em dietas vegetarianas / abril
de 2007 / www.nutriveg.com.br

A vitamina D tem demonstrado ter um papel importante na prevenção do


diabetes tipo I e do câncer de mama e de próstata. Ela também tem sido
apontada como um fator importante no alívio dos sintomas da TPM e na
prevenção da síndrome do ovário policístico. Mas a sua função mais importante
e conhecida é o seu papel em favor da boa saúde óssea.

Uma questão freqüente é se a dieta vegetariana seria deficiente em vitamina D.


A resposta é sim, a dieta vegetariana é pobre em vitamina D. Mas isto não

24
significa dizer que os vegetarianos estejam condenados a ter uma deficiência da
vitamina e nem tampouco é indicativo de que a dieta vegetariana não seja natural
à espécie humana.

É importante entendermos que a vitamina D pode ser obtida naturalmente por


duas vias: a dietética (especialmente nos produtos de origem animal ou
suplementos) ou pela exposição da pele à luz solar, o que estimula o organismo
a sintetizá-la. Para os vegetarianos e veganos, a segunda alternativa é a que
prevalece, tendo como segunda opção os suplementos alimentares. Sendo
assim, desde que a pessoa tenha uma exposição adequada ao sol, o argumento
de que a dieta vegetariana é deficiente em vitamina D, apesar de verdadeiro,
não tem grande importância prática,visto que a vitamina pode ser sintetizada
pelo próprio organismo.

À medida que expandíamos a nossa presença no planeta, a espécie humana foi


distanciando-se das regiões tropicais, onde tivemos nossa origem. Essa
migração para ambientes menos naturais à nossa espécie coloca em risco
alguns aspectos da saúde. A modernização da dieta e dos nossos hábitos de
vida impõem uma importante restrição na obtenção da vitamina B12, por
exemplo, a qual os nossos ancestrais obtinham pela ingestão de alimentos
contaminados por bactérias.

A vitamina D é mais um desses nutrientes que têm a sua disponibilidade


comprometida à medida que os nossos hábitos distanciam-se das nossas
origens. No entanto, no caso da vitamina D, o principal impedimento não está
em uma questão dietética, mas na redução do tempo a que estamos expostos à
luz solar, especialmente na intensidade predominante em regiões tropicais e
subtropicais.

Felizmente, no Brasil não temos dificuldade em encontrar sol intenso ao longo


de todo o ano, salvo algumas regiões onde, apesar do sol estar brilhando acima
das nuvens, predomina um clima nublado. Ainda assim, somos muito
afortunados por ter um sol intenso, mesmo durante o inverno. Mas não basta o
sol estar brilhando lá fora, é preciso ir ao encontro dele. Eu costumo recomendar
aos meus pacientes que levem o seu animal de estimação para passear
diariamente, mesmo que eles não tenham um animal de estimaçãoc

Para uma pessoa de pele clara, uma exposição diária de 20 minutos, de mãos e
rosto, é suficiente para realizar a síntese da vitamina D em quantidade adequada.
Para peles mais escuras (que são mais resistentes à radiação solar),
recomenda-se até uma hora de exposição diária para que se produza o estímulo
desejado.

Mas qualquer que seja a cor da pele, vale observar o horário de exposição:
quanto mais distante do meio-dia, melhor. Isto é muito importante para evitar
uma exposição que possa causar queimaduras ou favorecer o desenvolvimento
de um câncer de pele. No entanto, apesar de ser muito recomendável que se
evite a exposição ao sol quando ele está mais alto no céu, deve-se considerar
que para produzir um estímulo eficiente, o sol não pode estar abaixo dos 40
graus da linha do horizonte, altura na qual seus raios são bloqueados pela

25
atmosfera de maneira significativa. O horário mínimo para que ele esteja
suficientemente elevado varia de região para região. Nas regiões tropicais e
subtropicais o sol passa a maior parte do dia acima dos 40 graus de elevação, o
que não é verdadeiro para alguns países europeus, por exemplo, onde ele passa
a maior parte do inverno bastante baixo, mais próximo à linha do horizonte. Para
medir se o sol está alto o suficiente para proporcionar a síntese da vitamina D,
observe o tamanho da sua sombra: quando o sol está acima de 40 graus da linha
do horizonte, a sombra do seu corpo é sempre mais curta do que a sua própria
altura.

Para aqueles que por algum motivo não podem expor-se ao sol de maneira
satisfatória (pessoas com dificuldade de locomoção ou problemas de pele, por
exemplo), ou ainda aqueles que vivem em regiões onde o sol pouco se eleva, a
solução é o uso de um suplemento de vitamina D. São duas as formas
empregadas na formulação de suplementos alimentares ou na fortificação de
alimentos. A mais comum é a vitamina D3 (colecalciferol), obtida a partir da
exposição de peles de animais (mortos) à ação da radiação ultravioleta. Ela pode
também ser sintetizada a partir do colesterol. Em ambos os casos, a vitamina D3
é sempre de origem animal. A alternativa para os vegetarianos está na vitamina
D2 (ergocalciferol), que é obtida a partir de fontes vegetais. No entanto, por ser
menos utilizada pela indústria farmacêutica, esta forma vegetal da vitamina D é
mais difícil de ser encontrada.

A exposição das mãos e do rosto ao sol, por 20 minutos, estimula o corpo a


produzir em torno de 5 a 10 microgramas da vitamina D3. Quando se considera
o uso de um suplemento, a dose segura para um adulto é de (justamente) 5 a 10
microgramas por dia da vitamina D3. Como a vitamina D2 tem apenas a metade
da eficiência da vitamina D3, sempre que se ajustar uma fórmula para a forma
vegetal da vitamina, a dose deverá ser dobrada. Nesse caso, o uso de 10 a 20
microgramas por dia da vitamina D2 é recomendado para adultos que estejam
incapacitados de se exporem ao sol de maneira satisfatória. Gestantes, recém-
nascidos, crianças e idosos têm necessidades especiais para a vitamina D.
Nesses casos, a atenção deve ser dobrada.

É importante ressaltar que o uso exagerado da vitamina D na forma de


suplementos pode trazer graves prejuízos à saúde. Em qualquer idade, o uso de
suplementos de vitamina D deve ser feito apenas sob orientação individualizada,
supervisionada por um nutricionista ou médico capacitado. Mesmo diante da
possibilidade de uma alternativa farmacêutica produzida a partir de matérias-
primas vegetais, a fonte mais segura da vitamina D continua sendo a exposição
diária da pele à luz solar, permitindo que o organismo faça a sua própria síntese.
Nesse caso, ela nunca é produzida em excesso. Além de ser mais seguro do
que os suplementos, esse hábito traz ainda outros benefícios à saúde do corpo
e da mente. Sem contar que contribui para a alegria do seu animal de estimação!

IMPORTANTE
Consulte um nutricionista, se necessário você poderá ir a uma farmácia de
manipulação para produzir a fórmula do seu pedido de modo 100% vegetal.

Fonte: https://goo.gl/Cf378x

26
Vitamina B12
A vitamina da memória.

Fundamental para as funções de todo o sistema nervoso, inclusive para melhorar


a memória, essa vitamina é literalmente comida pelo cérebro à medida que a
atividade intelectual aumenta. Aliás, além de ajudar o cérebro a funcionar, a B12
o protege de agressões e doenças, como o mal de Alzheimer. “A vitamina B12 é
importante para formar a capa que envolve os nervos”.

Mitos e fatos sobre a vitamina B12


Por Valerie CopelandDe TVS

A maioria dos que optaram pela dieta vegetariana sabe que os vegetarianos
vivem mais, têm menor incidência de câncer e menor risco de ataques e doenças
do coração. As refeições vegetarianas (e vegans inclusive) fornecem as
quantidades adequadas de todos os nutrientes que precisamos — com a possivel
exceção da Vitamina B-12, que é importante na produção de hemácias e na
manutenção do sistema nervoso.

A B-12 é uma vitamina essencial que é produzida somente por microorganismos


tais como bactérias, fungos e algas; animais e plantas não podem sintetizar B-
12 (os animais são fontes de B-12 para os não-vegetarianos porque animais
ingerem microorganismos).

Os vegetais que não são lavados também podem conter quantidades


significativas se estiverem contaminados com bactérias produtoras de B-12. No
entanto, em países desenvolvidos, onde os vegetais são lavados durante a
colheita, essas bactérias são facilmente perdidas.

A necessidade da Vitamina B-12 é pequena. A dose diária recomendada é de 2


microgramas (mcg), e os estudiosos acreditam que 1 mcg/dia pode ser suficiente
[1]. A deficiência é rara, já que nossos organismos normalmente armazenam
suprimentos de B-12 para vários anos, conservando-a e reabsorvendo-a dos
nossos resíduos.

De longe, o problema mais comum com relação à B-12 não é a deficiência na


dieta, mas sim a incapacidade que uma minoria de pessoas tem de absorvê-la
devido à deficiências enzimáticas; essas pessoas podem receber injeções
periódicas de B-12. Devemos consultar um médico se sentirmos que pode haver
uma deficiência de B-12 em nosso organismo.

A dose necessaria é pequena e a deficiência é rara c As fontes de B-12 incluem


cereais enriquecidos, leite de soja enriquecido, suplementos e levedura nutritiva
enriquecida.

Os lacto-ovo-vegetarianos que ingerem uma variedade de alimentos não têm


problema em atender todas as necessidades vitamínicas, incluindo a B-12. Os
lacto-vegetarianos também têm pouca dificuldade em obter B-12 em suas dietas.

27
Entretanto, os vegans podem sofrer de deficiência de B-12 se não fizerem o
esforço consciente de incluir uma fonte confiável de B-12 em suas dietas.

Vários do alimentos que se pensava que continham B-12, na realidade não a


contêm, ou contêm apenas substâncias similares à B-12 mas que não possuem
atividade biológica e podem até inibir a absorção de B-12.

Os seguintes alimentos não contêm B-12 ou contêm apenas substâncias


similares à B-12 [2]:

Tempeh, Amarante (Pau-roxo), Tamari, Shoyu, Espinafre, Misô, Alfafa


Nabo, Ameixa Japonesa (Umeboshi), Alga, Legumes, Tofu, Espirulina (tipo de
alga), Amendoim, Malte de Cevada, Confrey, Feijão de Soja, Pão Sourdough
Água de Chuva, Cogumelos Shiitake.

As fontes confiáveis de B-12 podem ser encontradas facilmente em vários


cereais enriquecidos, leite de soja enriquecido (como o Eden Soy Extra), alguns
substitutos da carne (“carne” e “hamburguer” vegetais) e todos os suplementos
multivitamínicos comuns (veja se o rótulo consta do seu nome científico
“Cianocobalamina”).

As leveduras nutritivas enriquecidas, tais como a Red Star T6635 (uma colher
de sopa fornece 4 mcg) tambem são uma fonte excelente. Esses produtos
podem ser encontrados em algumas lojas de alimentação integral, como o
Harmony Farms, Wellspring Grocery, e Weaver Street Market.

____________
[1] Herbert, V. (1988) Vitamina B-12: fontes vegetais, doses necessárias e
análise. (Vitamin B12: Plant Sources, Requirements, and Assay) Am J Clin Nutr
1988, 48:852–858.
[2] Messina, M. and Messina, V. (1996) no livro O Guia do Nutricionista para as
Dietas Vegetarianas, Questões e Aplicações (The Dietitian’s Guide to Vegetarian
Diets, Issues and Applications). Aspen Publishers, Inc., Gaithersburg, MD, pag.
168. Tradução: Fernando Mendes. Publicação original: https://goo.gl/Yrdn3z

Para uma boa manutenção do sistema nervoso.


Por: Samira Menezes

Em uma história de fantasia, a vitamina B12 poderia ser usada como uma poção
mágica capaz de transformar um personagem em uma pessoa mais inteligente.
Na vida real, ela é quase isso. Fundamental para as funções de todo o sistema
nervoso, inclusive para melhorar a memória, essa vitamina é literalmente comida
pelo cérebro à medida que a atividade intelectual aumenta. Aliás, além de ajudar
o cérebro a funcionar, a B12 o protege de agressões e doenças, como o mal de
Alzheimer. “A vitamina B12 é importante para formar a capa que envolve os
nervos. Quando ela está deficiente, a função dos neurônios fica prejudicada, a
pessoa perde vigor mental (concentração, memória e atenção), pode ter
depressão e alterações que simulam problemas psiquiátricos, como transtorno
obsessivo compulsivo”, alerta o médico nutrólogo Dr. Eric Slywitch.

28
Porém, os únicos alimentos fontes de vitamina B12 são os de origem animal,
como carnes, ovos e leite. Daí a importância de os veganos suplementá-la,
mesmo que usem alimentos e bebidas fortificados disponíveis no supermercado.
Isso, porém, acaba se tornando um espinho para os vegetarianos. O fato de a
B12 só ser encontrada nesses alimentos de origem animal vira motivo para muita
gente e médicos desinformados difundirem preconceitos em relação à
alimentação sem carnes. Como se a deficiência de B12 fosse exclusividade de
veganos. Não é!

Onívoros e ovo-lacto vegetarianos também estão suscetíveis à deficiência dessa


vitamina. Dependendo do estado de saúde, o corpo não a absorve
corretamente — mesmo que ela seja ingerida por meio da alimentação. Por
exemplo, pessoas que tomam antiácido ou que passaram por uma cirurgia de
redução do estômago são suscetíveis à deficiência, porque a B12 só é liberada
do alimento com a ação do ácido gástrico. É também no estômago que a
vitamina irá se ligar ao fator intrínseco — uma substância fundamental para a
absorção, que vai acontecer lá no intestino delgado. “Ainda não foi encontrada
nenhuma dieta que não necessite de suplementação em pelo menos alguma
fase da vida para torná-la mais segura”, observa Dr. Eric. Desde a geração de
um feto até a infância e a fase adulta, é preciso estar atento ao aporte de
vitaminas e seguir a recomendação do nutricionista ou do médico nutrólogo em
relação à suplementação.

Outro ponto importante é que já está comprovado que uma alimentação


vegetariana bem equilibrada e com a devida suplementação de B12 é capaz de
prevenir doenças cada vez mais comuns, como diabetes, obesidade e
problemas cardíacos.

É pelo exame de sangue que se identificam os níveis de vitamina B12. Os mais


eficazes são o que dosa a B12 sérica e o que avalia a homocisteína — um
composto que se eleva na deficiência das vitaminas B12 e B9 (ácido fólico).

Suplementos orais de vitamina B12 são elaborados em laboratório a partir de


cultura de bactérias.

Leia na íntegra esta reportagem na Revista dos Vegetarianos edição 85:


http://www.revistavegetarianos.com.br/noticias/b12-a-vitamina-da-memoria/

Mais informações:
http://www.mudaomundo.org/nutricao/vit_b12/veganos_b12

IMPORTANTE
Consulte um nutricionista, se necessário você poderá ir a uma farmácia de
manipulação para produzir a fórmula do seu pedido de modo 100% vegetal.

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Sem glúten e vegano
Publicado originalmente por Adriane Rodriguez.

Por intolerância ou opção alimentar.

A VIDA SEM GLÚTEN


Há algum tempo venho observando alguns sintomas comuns entre meus
pacientes e, lendo artigos sobre alimentação e comportamento fisiológico de
nutrientes no corpo, resolvi fazer um teste e sentir “na pele” como seria a
alimentação sem glúten. Tanto socialmente quanto fisicamente.

Quero deixar bem claro que segundo a opinião de alguns especialistas a


DOENÇA CELÍACA é o único problema de saúde que exige a retirada total do
glúten da alimentação. Segundo eles “Não existe base científica para condenar
esse componente do trigo”, à não ser no caso da doença celíaca, não há
evidências de que o glúten seja uma proteína ruim para o organismo de
indivíduos saudáveis nem que tenha a ver com a obesidade.”

Para conhecimento geral, o Glúten é uma proteína encontrada no trigo, no


centeio, na aveia e na cevada. Segundo médicos e especialistas, ao chegar no
intestino o glúten transforma-se em uma espécie de cola, aderindo-se nas
paredes intestinais. Com o passar do tempo, provoca saturação do aparelho
digestivo, aumento da gordura na região do abdome, dores articulares, alergias
cutâneas e depressão.

Para outros estudiosos, e também pela linha de pensamento que sigo em meu
trabalho e que vou explicar aqui neste post, muito desses problemas de saúde
estão relacionados ao consumo excessivo de alimentos ricos em glúten como
pães, biscoitos, macarrão e bolos. Existem até queijos embutidos compostos por
esse nutriente. Você pode estar pensando agora: “mas e o que comer no lugar
desses alimentos?”. “Mandioca, milho e arroz no lugar do trigo importado, que
faz tanto mal a saúde”.

Como explico sempre para meus pacientes: não é preciso ser celíaco (portador
da intolerância total ao Glúten) para sofrer com a irritabilidade do Glúten: o corpo
responde de diversas maneiras: obesidade, síndrome de resistência à insulina,
deficiência de cálcio, alergias, diarréias e doenças auto-imunes. O excesso de
glúten sinaliza com um metabolismo lento, favorecendo bactérias que gostam de
calor e estagnação.

A exclusão ou restrição ao glúten está sendo bastante utilizada, pois o


emagrecimento e a redução de gordura na área abdominal é comprovada na
prática. A alimentação é normal, existem pães de aipim e de milho, macarrão de
arroz e cookies de soja.

Atualmente estou fazendo essa restrição, que chamo de dessensibilização ao


glúten, por um período de três meses no qual não estou ingerindo nenhum dos
4 cereais — trigo, centeio, cevada e aveia. “A ideia inicial é apenas retirar o glúten
de alguns momentos do dia, ir progredindo aos poucos. Você pode comer um

30
pãozinho mas o excesso pode alterar todo o seu metabolismo, baixar a
imunidade do organismo e levar doenças.

Intestino sem glúten permite maior produção de serotonina, consequentemente


diminuem sintomas de irritabilidade, depressão, cansaço e inchaço. As
dificuldades no começo desta nova etapa (não gosto da palavra dieta) podem
aparecer apenas em momentos sociais, por isso uma boa dica para ter o sucesso
esperado é a ingestão constante de frutas frescas e secas, que além de leves
são nutritivas e de baixa caloria.

Sinceramente, não tive nenhuma dificuldade, até o momento, nem mesmo, e


justamente por ser corredora, no “jantar de massas” que todos temos na véspera
da competição. Encontrei diversos tipos de macarrão (a base de milho e arroz,
ou mandioca) e receitas de molhos saudáveis, sem precisar ingerir glúten ou
prejudicar a performance.

A melhor escolha é ir ao nutricionista e solicitar a ele os alimentos sem glúten,


receitas, substitutos, quantidades e opções de convívio social.
Problemas relacionados ao consumo de glúten:

· Intolerância alimentar: o glúten é uma cola que adere as paredes intestinais e


vai bloqueando o funcionamento do intestino. Os primeiros sintomas são
intolerância alimentar, desconforto abdominal, gases e retenção de líquidos.

· Obesidade: Com o metabolismo lento não se processa devidamente os


alimentos tendo como consequência o acúmulo de gordura abdominal.

· Baixa imunidade: afeta o sistema imunológico favorecendo doenças


autoimunes.

· Intoxicação e enxaqueca: o metabolismo estagnado dificulta a eliminação das


toxinas elevando o risco de doenças como dores de cabeça e enxaquecas.

· Açúcar: Como o glúten é aliado do açúcar, sequestrador do cálcio, aumentam


os riscos de osteoporose, cáries, ranger de dentes, insônia, hipertensão e
colesterol alto.

Fonte:
• www.revistacontemgluten.com.br
• www.glutenfreebrasil.com
• http://saude.ig.com.br/alimentacao/dossie-gluten/n1596963519378.html

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Sugestões para a academia
Antes e depois do treino.

SUGESTÕES PARA ANTES DA ACADEMIA


Opte por carboidratos complexos:

Pão integral, aveia, arroz integral, quinoa, cereais integrais, batata doce,
amendoim, soja, maçã, damasco secoc o ideal é fazer refeições por pelo menos
30 minutos a 1 hora antes de fazer exercícios. Durante as atividades beba
bastante água.

SUGESTÕES PARA DEPOIS DA ACADEMIA


Opte por uma fonte rica em proteína e carboidratos simples:

Logo após o treino: leite vegetal batido com quinoa em flocos, frutas e cacau.
Após 30 minutos, fazer uma refeição mais completa, como: pão com pasta de
grão de bico, tofu, verduras, arroz, feijão, ervilha, soja PTS e frutas.
SUPLEMENTOS VEGANOS PARA MUSCULAÇÃO

Lojas online:
• Vegan Way https://veganway.com.br
• Growth http://www.gsuplementos.com.br/vegano

Saiba mais com a matéria publicada por Eliana Castro:

Dicas do que comer e beber antes e após o exercício


Uma das dúvidas que eu sempre tive foi o que comer antes e depois de voltar
da musculação/corrida de forma a melhorar os resultados. A maioria dos sites
sobre musculação foca em dietas que levam ovos, carnes e laticínios. Por isso
resolvi fazer esse post me baseando em alguns artigos científicos que encontrei
e explicações de nutricionistas.

Dizem que para o sucesso de uma dieta de perda de gordura e aumento de


massa muscular, a alimentação é responsável por cerca de 70% e os outros 30%
são resultados dos exercícios físicos e, obviamente, da genética. Você pode até
malhar pesado, mas se a alimentação não contém proteína suficiente, se é alta
em ingestão de gorduras ou não é equilibrada em nutrientes, não vai obter os
melhores resultados possíveis.

Para conseguir um melhor aproveitamento da alimentação + treino, existem


algumas formas de se alimentar antes e depois de malhar (chamada de “janela
de oportunidade”), além, é claro, da alimentação adequada e rica em proteína
ao longo do dia como um todo.

Antes do exercício
De acordo com este, este e este estudo, alimentar-se antes de fazer exercícios
com carboidratos complexos, ou seja, carboidratos de baixo índice glicêmico (ou
de lenta absorção), melhora a queima de gordura durante o exercício e aumenta

32
a recuperação do músculo quando comparado com a ingestão de carboidratos
de alta absorção. Esses carboidratos com baixo índice glicêmico também são
capazes de saciar mais e, com isso, fazer com que demoremos mais a sentir
fome. Alguns exemplos de carboidratos de lenta absorção são: pão integral,
aveia, arroz integral, quinoa, cereais integrais, batata doce, amendoim, soja,
maçã, damasco seco etc. Saiba mais neste link.

Em outras palavras, antes de malhar o corpo precisa de energia que seja


liberada lentamente. Caso contrário, há uma chance de sentir fome durante o
exercício.

Sugestões de refeições contendo carboidratos de baixo IG antes do treino:


 — aveia/granola com morango, banana e melado
 — suco de açaí com granola
 — batata doce grelhada, brócolis e castanhas
 — pão integral com pasta de amendoim e uma maçã
 — shake de leite vegetal com banana, morango, farinha de linhaça, aveia e
gengibre
 — panqueca de farinha integral, proteína isolada de arroz e linhaça com frutas
 — barra de cereais (sem açúcar ou com pouco açúcar) e iogurte de soja
 — pão integral com pasta de grão de bico (hummus) e verduras

O ideal é fazer refeições por pelo menos 30 minutos a 1 hora antes de fazer
exercícios. E não comer nada muito gorduroso, doce ou pesado.

Durante a prática de exercícios, o recomendado é tomar bastante água.

Logo depois da musculação

Depois da prática de exercícios, o corpo precisa de proteína para regeneração e


desenvolvimento muscular. O corpo passou por um desgaste e precisa se
recuperar. Caso não haja proteína disponível para abastecer o que foi gasto
durante a musculação, o organismo retira os aminoácidos do próprio músculo
(processo chamado de catabolismo), o que não é o desejado. E não basta
somente ser uma fonte de proteína, são necessários uma grande gama de
aminoácidos essenciais, compostos, dentre outros, por BCAA (Brached Chain
Amino Acids — Aminoácidos de cadeia ramificada, que são: Leucina, Isoleucina
e Valina). Geralmente os suplementos de proteína vegetal isolada de boa
qualidade já contém esses aminoácidos. Citei vários suplementos veganos
nesse link.

O ideal é tomar um shake proteico imediatamente (ou o quanto antes) após o


exercício, já que a absorção de líquidos é mais rápida que a de alimentos sólidos.
E nesse momento, o consumo de fibras e gorduras não são indicados, uma vez
que as fibras e as gorduras possuem lenta digestão e podem atrapalhar a
absorção da proteína.

A questão ainda é controversa, mas além de uma fonte rica em proteína, há


alguns estudos que sugerem a ingestão de um carboidrato simples, que é
responsável por levar a proteína ao músculo, fazendo a reposição de glicogênio.

33
No entanto, ainda faltam mais estudos para fazer tal afirmação. Como exemplos
de carboidratos simples, se destacam a dextrose (ou glucose) e a maltodextrina,
conforme este e este estudos publicados. É possível comprar esses carboidratos
puros em pó comercialmente.

Outros estudos mostram, ainda, que não há necessidade de se tomar esses


carboidratos caso não pratique exercícios por mais de 1 hora e meia, por
exemplo, ou se a alimentação antes do treino já teve muitos carboidratos
complexos, que são liberados em energia de forma gradativa, como mostrado
anteriormente.

Sugestões de pós treino:

 — Shake com 2 colheres de sopa (~20 a 30g) de proteína isolada de soja, do


arroz ou da ervilha (ou um blend delas) + (opcional) 2 colheres de dextrose ou
maltodextrina batido com água. Nesse post eu cito alguns suplementos veganos
de proteína vegetal isolada.
 — Um copo de 400 ml leite de soja com achocolatado, caso não queira/possa
tomar suplementos de proteína isolada.
 — Smoothie de leite vegetal batido com quinua em flocos, frutas e cacau

Após aproximadamente 30 minutos, fazer uma refeição mais completa,


contendo alimentos sólidos, como:

 — pão com pasta de grão de bico e/ou tofu e verduras


 — arroz, feijão ou ervilha, soja PTS e verduras

Obs: As referências estão linkadas ao longo do texto.

Lembre-se que essas são sugestões e que cada pessoa tem preferências e
experiências diferentes. Se tiver condições financeiras, não deixe de ir em uma
nutricionista. Lista de nutricionistas com conhecimento em alimentação
vegana/vegetariana: http://www.vista-se.com.br/nutricao/

Inspirações: Sarah Russert — vegan bodybuilder


• Para discussões e dicas, recomendo o grupo de musculação vegana no
Facebook: https://www.facebook.com/groups/musculacaovegana
• Informações interessantes com mais dicas: http://naturalvibe.com.br/ganhar-
musculos-vegano/ e http://veganbodybuilding.com/ • Fonte: http://goo.gl/XChhKh
• Se inspirou? Confira algumas receitas fitness.

SAIBA MAIS COMO É A DIETA VEGANA DE UM ATLETA DE ELITE E LEIA


SOBRE FISICULTURISMO VEGANO.

A seguir

POR QUE NÃO?


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Peixe
Publicação original: CulturaVeg | “Nem peixe?”

Peixes fazem parte dos vertebrados e do reino animal. Cientistas


demonstram que peixes confinados sofrem de depressão e se suicidam.

Peixes fazem parte dos vertebrados e do reino animal, mas, apesar disso, as
pessoas ainda teimam a não entender isso, estranhando o fato de veganos não
comerem peixes também. A famosa pergunta “nem peixe?” é mais do que
frequente na vida de um vegano e tornou-se até motivo de piada, mas como ela
ainda é tão comum, ainda são precisos numerosos argumentos de que peixes
sentem sim dor e, por que não, emoções mais complexas, como tristeza!

De fato, cientistas da Royal Society of Open Science não só notaram que peixes
se recusam a nadar em tanques de aprisionamento, como bóiam e até cometem
suicídio. Segundo a Royal Society, a química neuronal destes animais é similar
a de humanos deprimidos e extremamente estressados e encontrou-se altos
níveis do hormônio cortisol em peixes com comportamento anômalo, um
hormônio geralmente envolvido em estresse crônico e doenças relacionadas.
Clique aqui para acessar pesquisa completa.

Em tanques, peixes são obrigados a viver em pequenos espaços, convivendo


com grande quantidade de outros animais, numa condição similar àquela dos
porcos, galinhas e animais criados em confinamento.

De acordo com Dr. Culum Brown, da Macquerie University, peixes são mais
inteligentes e sensíveis do que aparentam. Em muitas áreas, como memória e
outras funções cognitivas, peixes são até superiores do que primatas não
humanos, segundo ele.

Você já deve estar pensando, mas e os peixes livres, tem problema comê-los?
Claro que sim! Todos os anos, toneladas de animais são mortos de maneira cruel
por redes de arraste e navios super potentes. Durante a pesca, muitos morrem
esmagados com o peso de seus vizinhos também caçados. Outros sofrem danos
nos olhos e órgãos, com a súbita mudança de pressão. Por fim, para aqueles
que sobrevivem, segundo Dr. Brown, eles passam por uma lenta morte de
sufocamento, a qual é ainda mais longa do que um afogamento humano, o que
aumenta o sofrimento em dobro.

Felizmente, o veganismo está aí para proteger a vida marinha também! Se você


está deixando de comer animais, pense no sofrimento dos peixes! Peixes são
seres extremamente sensíveis e não faz nenhum sentido colocá-los em uma
categoria à parte do sofrimento!

E para nossa alegria, existem muitos substitutos vegetais com gosto de mar,
principalmente quando temperados com algas. Não deixe de experimentar os
quitutes veganos com sabor de mar! São uma delícia!

Os peixes são animais fantásticos que merecem viver plenamente suas vidas.

35
E PEIXE, VOCÊ COME?
Publicação original: Veggi & Tal.

Vegetarianos não comem peixe. Entenda os motivos.

É comum que vegetarianos se deparem com este tipo de questionamento, ou


mesmo que algumas pessoas se considerem vegetarianas e consumam peixes
e outros pescados. Culturalmente, o peixe é visto como um símbolo de estupidez;
para muitos, não é sequer considerado como carne ou animal. Entretanto, não é
porque esses animais são chamados de “frutos do mar” que sejam vegetais!

Diversos estudos demonstram que peixes são conscientes, sentem dor, medo,
são capazes de aprender e memorizar — ao contrário do que diz o senso comum.
Segundo a bióloga marinha Victoria Braithwaite, não existe um motivo lógico por
que as pessoas não devam tratar esses animais com a mesma consideração
que dão aos mamíferos e pássaros (bem como os demais seres sencientes,
acrescentamos).

Por desconhecimento da senciência destes animais, a maioria dos peixes


capturados morre em agonia -asfixiados, esmagados ou feridos.
Impacto na biodiversidade e no meio ambiente

Estima-se que a indústria pesqueira recolha dos mares a cada ano algo em torno
de 30 milhões anuais de pescado para o consumo humano. Nesse ritmo, muitas
espécies podem desaparecer. E tudo leva a crer que isso não deva demorar
muito para acontecer. Os cientistas acreditam que, nos próximos 50 anos, a
maioria das espécies hoje ameaçadas poderá estar extinta com consequências
ambientais bem difíceis de prever.

Estima-se que a população mundial de tubarões tenha sido reduzida a apenas


10% do que era no início da década de 1970. Mesmo assim, mais de 70 milhões
de tubarões são capturados todo ano, principalmente para abastecer o mercado
asiático de barbatanas.

Os cientistas receiam que alguns dos estragos feitos até aqui jamais possam ser
revertidos. Um estudo feito no Canadá com quase 100 espécies de peixe revelou,
por exemplo, que populações de espécies marinhas reduzidas em mais de 60%
podem nunca mais se recuperar. Segundo Jeffrey Hutchings, professor de
Biologia da Universidade de Dalhousie e um dos responsáveis pela pesquisa, a
recuperação das populações avaliadas foi acompanhada ao longo de 15 anos,
em áreas onde a pesca industrial havia sido proibida. “Mesmo depois desse
tempo todo, a população de algumas espécies não voltou a ser o que era antes”,
afirma o pesquisador. Dos animais capturados nas redes, aqueles que não são
visados ( 25% ), são devolvidos ao mar morrendo ou já mortos. Em algumas
áreas de pesca, há um sério problema de pesca acidental de mamíferos
marinhos e aves. A maioria das pessoas infelizmente não se dá conta que
ecossistemas marinhos frágeis estão sendo ameaçados ou destruídos.

Já a piscicultura polui a água, o solo e a atmosfera. Por fim: Vegetarianos não


comem nenhum animal. Nem peixe. || Referências: R7 — Super — prp.ufla.br

36
Ovo
Publicação original: Cantinho Vegetariano.
Por: Vera Regina Cristofani

E se eu criar a galinha solta?


O que há de errado em comer ovos?

Quando conversamos com as pessoas sobre o veganismo, é comum


concordarem que é errado causar sofrimento, dor e matar os animais para
produzir carne e laticínios, mas muitas delas não veem nenhum problema em
comer ovos, porque isso não envolve sofrimento e a morte de animais.

Todavia, ao nos informarmos sobre o assunto, entendemos que há inúmeros


problemas, e eles são verdadeiramente horríveis, envolvidos nesse hábito. Um
deles, por exemplo, é que os pintinhos machos são moídos vivos, mortos com
gás, eletrocutados ou sufocados, pois eles não têm valor comercial para a
indústria por não produzirem ovos e não crescerem rápido o suficiente para
virarem carne. Outras práticas comuns da indústria de ovos é a debicagem que
consiste em cortar uma parte do bico sem o uso de anestésico e a manipulação
do ciclo de postura das galinhas pela privação de alimento que causam
sofrimento horrendo às aves.

No Brasil, milhões de galinhas poedeiras são mantidas em gaiolas de arame


superlotadas, as chamadas gaiolas em baterias, onde cada galinha tem um
espaço de chão menor do que uma única folha de papel tamanho carta. Elas não
podem realizar a maior parte dos seus comportamentos naturais, como
empoleirar, fazer ninho, tomar banho de areia, ciscar, explorar o ambiente, correr,
alongar e bater as asas ou simplesmente caminhar. As galinhas sofrem estresse
psicológico e muitos danos físicos, que incluem fraqueza e quebra dos ossos,
perda de penas e outras doenças. Essa severa restrição ao movimento físico
leva à má formação dos pés e à distúrbios metabólicos, incluindo osteoporose e
danos hepáticos.

Para tentar melhorar essa situação — que, na verdade, só pode ser realmente


melhorada quando pararmos de consumir e usar os animais como mercadorias,
como produtos, como escravos e adotar o veganismo– há campanhas para
encorajar a indústria a adotar a produção de ovos de galinhas “livres de gaiolas”.
Entretanto, essas campanhas apenas buscam uma mera redução no sofrimento
das galinhas poedeiras, pedindo que elas sejam retiradas do confinamento
intensivo das gaiolas em bateria.

Essas campanhas têm focado principalmente na capacidade da galinha de abrir


as suas asas. Contudo, os ovos de aves “livres de gaiolas” continuam sendo
produzidos por aves cujos bicos são amputados até quase pela metade sem
anestesia. Além disso, as galinhas poedeiras, embora “livres” das gaiolas de
bateria, não ficam livres. Normalmente, elas são colocadas em enormes galpões
onde ficam espremidas entre outras dezenas de milhares de aves, vivendo sobre
o próprio estrume e vitimadas por uma série de doenças dolorosas relacionadas
à postura de ovos intensiva e ao confinamento, e até pelo canibalismo.

37
Embora as galinhas sadias possam viver pelo menos cinco anos, mesmo as
poedeiras que são criadas “livres de gaiolas” são consideradas “gastas” pela
indústria após um ano de postura, quando, então, são abatidas para serem
aproveitadas em comidas processadas.

Assim, não se engane. Há problemas em comer ovos, e há problemas com o


uso de animais em geral. O interesse do animal é de não ser usado, explorado
e morto para o nosso benefício, seja na alimentação, em testes, em
entretenimento ou de qualquer outra forma.

Podemos dizer “não” ao ciclo de violência, injustiça e morte de animais que


sofrem, sentem dor, prazer e querem viver ao adotar o veganismo, e participar,
dessa maneira, do processo de abolição da escravidão animal, porque isso é, o
mínimo, que eles merecem.

Fonte: ANDA — Foto: Reprodução — 10.09.2013

E se eu criar a galinha solta em um sítio?


Publicação original: Veggi & Tal

Os ovos são da galinha — mesmo ovos não fecundados não são produzidos para
nosso consumo. Não há qualquer necessidade de consumirmos ovos. Tanto
pelo aspecto nutricional quanto pelo culinário, os ovos são plenamente
substituíveis.

Ovos parecem ser um ponto de atrito bastante significativo para as pessoas


considerando o veganismo. Ao contrário de vacas, que não produzem leite a
menos que tenham sido engravidadas, galinhas produzem ovos naturalmente. É,
de fato, uma função corporal natural nelas. Então, qual é o problema? Galinhas
irão produzir ovos de qualquer maneira, e se forem criadas em granjas caipiras
ou orgânicas, que tem de errado?

Os problemas são muitos. Quando animais são tratados como mero recurso a
ser utilizado para obtenção de lucro, seus interesses estarão sempre em último
plano.

De acordo com a legislação brasileira, a produção de ovos caipiras ou orgânicos


deve atender a algumas regras, como a proibição do uso de gaiolas e
determinados cuidados na alimentação e tratamento dos animais. É preciso ter
em mente que estas regras atendem sobretudo aos interesses do consumidor,
não dos animais.

Nestes sistemas é proibido o uso de remédios e antibióticos, o que significa que


o animal que sofrer, por exemplo, uma lesão ou outra condição que exija o uso
de medicamentos não receberá o tratamento devido;

As galinhas podem ter sido criadas fora de pequenas gaiolas, mas possivelmente
em ambientes imundos e superlotados.

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É verdade que galinhas botam ovos naturalmente, mas não indefinidamente.
Galinhas põem ovos em uma pequena janela de tempo, de 1 a 2 anos. Mesmo
criações “humanitárias” tem por objetivo o lucro, e se uma galinha não está
botando o suficiente, ela precisa ser substituída. Simplesmente não há
capacidade para se manter galinhas “aposentadas” (vivendo o restante de suas
vidas de aproximadamente 10 anos), enquanto se adiciona novas galinhas para
substituir as antigas. As galinhas que não botam mais são mortas precocemente,
muitas vezes nos mesmos matadouros e sob as mesmas terríveis condições do
que as galinhas de granjas industriais.

PORTAL DO VEGANISMO | POR: SONIA T. FELIPE


PERGUNTAS E RESPOSTAS

Mas se for “ovo de galinha feliz da vovó”, pode? Por que você faria isso, colher
ovos de galinhas, se elas estiverem ali apenas para viver sua vida galinácea e
não para servir a qualquer propósito seu? “Ah! Porque se o ovo só for recolhido
e comido, a gente não torturou a galinha!” É verdade. Mas como é que se tem
galinhas por ali, botando ovos, se por detrás disso não está ainda, bem arraigado,
o conceito de que galinhas botam ovos para nos alimentar? E, caso a galinha
esteja na sua área porque você a resgatou de algum sistema, ainda assim, ela
só está agora sob a sua tutela porque há um sistema que precisa ser abolido,
este que formou em nós a noção de que galinhas servem para botar ovos para
nós.

“Mas se tem ovo por ali, por que não podemos apenas colhê-los?” Em primeiro
lugar, pela desnecessidade de tal consumo. Se você se alimenta direito, e essa
responsabilidade é sua, as galinhas não estão aí para fechar sua contabilidade
nutricional, não precisa esperar que uma galinha ponha algum ovo para
complementar seus aminoácidos essenciais, pois você já os obtém de alimentos
vegetais ricos neles também. Em segundo lugar, porque ovos são para alimentar
pintinhos antes do seu nascimento; não humanos, seja lá em qual idade for.

“Mas se mantenho a galinha feliz, por que não posso usar os ovos que ela põe?”
Porque, se você sustenta uma galinha e depois usa os ovos que ela põe, você
está obtendo benefício dela. E se os ovos que a galinha põe estão bem à sua
vista, isso significa que a galinha está aprisionada por você, o que deve bastar
para tirar de você o direito de pensar que está sendo bonzinho com ela e, por
isso, pode obter algum benefício pessoal. Se você deixar os ovos de suas
galinhas felizes, soltos e felizes por ali, não tenha receio, eles serão bem
aproveitados por outros animais que não têm como ir ao supermercado e se
prover de certos aminoácidos essenciais. Você tem essa escolha. E se esses
ovos estiverem fecundados (galados), eles poderão transformar-se em novas
vidas. As galinhas saberão como fazer isso, basta você dar proteção a elas, se
necessário, sem cobrar seus ovos em troca.

Por fim, se você vive no sítio e come os ovos das galinhas que você mantém, já
não pode dizer que come ovos de galinhas suas quando viaja ou come fora de
casa. E se você habitua seu corpo a ter certos aminoácidos essenciais, usando
ovos de galinhas, em vez de alimentos vegetais, quando estiver com fome fora
de casa, você sempre botará seu olho em alimentos que contenham ovos ou

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seus derivados, porque terá sido esta a informação que você enviou ao seu
cérebro, a de que naquele alimento está algum aminoácido que ele precisa
mandar sintetizar para formar a cadeia final proteica em seu corpo.

O respeito pela vida e pela liberdade específica de todos os animais não inclui
qualquer contabilidade ou negócio feito à custa do animal para benefício humano.
Não admitimos que algo do gênero seja feito conosco e com o que está em nosso
corpo, cumprindo propósitos nossos, não alheios. Como é que pensamos em ser
éticos, ignorando que o princípio ético cobra de nós respeito por todos os animais,
ainda que nenhum deles nos “sirva” para propósito algum?

Exigimos respeito de todos os humanos por nós. E, se contabilizarmos o que


fazemos em troca, favorecendo a todos eles, qual é o benefício que eles têm
com o fato de estarmos vivos? O único benefício que fazemos a todos os outros
é justamente o de não privá-los de sua liberdade nem matá-los para servir a
qualquer impulso ou desejo nosso. Fora isso, pouco, ou mesmo nenhum
benefício os outros têm com nossa presença no mundo. Isso é replicado no caso
dos outros animais. Ou eles não têm benefício algum da nossa presença na vida
deles, ou eles só têm malefícios, ou eles têm algum benefício porque nos
aproveitamos deles para extrair algo para nós.

Entretanto, o direito à liberdade e à vida não tem nada a ver com a utilidade que
elas possam ter para outros. A vida e a liberdade de expressão próprias de um
ser senciente só precisam ter utilidade para ele. Isto não inclui o direito de usar
qualquer outro ser senciente como meio útil para avançar sobre vantagens que
nos beneficiam.

O mínimo que temos o dever moral de conceder aos outros animais é da mesma
ordem: que suas vidas sejam úteis e cumpram a finalidade para a qual se
destinam. Sua evolução não indica que estejam aí para nos servir. De nós, o que
temos que esperar, é que não escravizemos nem exploremos ou matemos
ninguém para “servir” aos nossos propósitos, propiciar-nos benesses e acumular
utilidades e futilidades. É tempo de abolir a ideia de que animais estão aí por sua
utilidade para nós.

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Leite
Publicação original: Muda o mundo.

O leite da vaca é para o filhote da vaca.


As Vacas “Felizes”, o Leite e o Queijo:

A esmagadora maioria das pessoas julga que as vacas têm leite


espontaneamente, mas a realidade é bem mais mundana. À semelhança de
qualquer outro mamífero, as vacas só têm leite para alimentação dos seus filhos
recém-nascidos. Tal como as mulheres só geram leite com o nascimento dos
seus filhos, as fêmeas usadas na produção de leite só geram leite com o
nascimento das suas crias.

Por isso, para manter uma produção quase ininterrupta de leite, as vacas têm de
ser repetidamente forçadas a engravidar e a dar à luz a um filho. Costumam ser
engravidadas através de inseminação artificial na ocasião do cio, o que envolve
a introdução forçada de um braço no recto da vaca para posicionamento do útero,
enquanto um instrumento para depósito do sémen é empurrado pela vagina.

As vacas são animais extremamente sociais e com fortes laços familiares, mas
são constantemente obrigadas a ver os filhos recém-nascidos serem-lhes tirados,
para que os humanos possam ficar com o leite que era destinado aos seus
bezerros. O processo de separação é agonizante e traumatizante tanto para a
mãe como para o filho, e é comum ambos gritarem um para o outro enquanto
são afastados. Algumas vacas emitem sons de lamento durante vários dias após
lhes serem retirados os filhos. Para elas, como para a maioria das mães, não há
maior dor que a perda de um filho.

Muitos destes filhos, considerados um subproduto da produção de leite, são


mortos pouco após o nascimento por não terem interesse econômico. Outros
são mortos mais tarde para serem vendidos como carne de vitela. As bezerras
podem ser vendidas para carne de vitela ou ficar na exploração para substituírem
vacas leiteiras esgotadas.

As vacas costumam ser novamente engravidadas logo no terceiro mês de


lactação. Este ciclo de inseminação, gravidez, parto e lactação é repetido
anualmente.

Através de reprodução seletiva, manipulação genética e alimentação especial,


as vacas leiteiras podem produzir hoje cerca de 10 vezes mais leite que um
bezerro seu beberia se fosse alimentado exclusivamente com leite materno.

Com estas quantidades massivas de leite, por volta dos 6 anos de idade, que
seria apenas o princípio da idade adulta na natureza, as vacas estão esgotadas
física e psicologicamente, e isso reflete-se no declínio da produção de leite. Dado
que a margem de lucro é para manter, as vacas extenuadas são rapidamente
vendidas para abate.

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Após terem passado por diversas inseminações forçadas, partos dolorosos,
separações angustiantes e ordenhas sem descanso, espera-as agora o
aterrorizante matadouro com o seu característico e nauseabundo cheiro de
morte. Mas, antes disso, falta ainda passar pelo calvário do transporte para o
matadouro. O transporte costuma ser particularmente penoso para as sofridas
vacas leiteiras, uma vez que muitas padecem de dolorosas inflamações no tecido
mamário (mastite) e de osteoporose. Muitas vacas ficam tão debilitadas, que
nem são capazes de andar quando chegam ao matadouro.

No matadouro, as vacas são atordoadas com uma pistola que dispara um


êmbolo retrátil que lhes causa uma lesão grave no cérebro e, se tiverem sorte, a
perda dos sentidos. Em seguida, são içadas por uma das patas traseiras e
degoladas enquanto ainda têm o coração a bater, de modo a que o sangue seja
expelido para fora do corpo. Por vezes, as vacas ainda estão conscientes
quando são degoladas.

Livres de exploração, em santuários, as vacas podem viver vidas felizes durante


mais de 20 anos.

Cada compra de produtos com leite, queijo, iogurte ou outros laticínios contribui
para esta terrível exploração, independentemente de ser proveniente de
pecuária convencional ou pecuária dita “humanizada”.

Consumir produtos de origem animal é consumir violência, seja qual for o rótulo
simpático e alegre com que a embalagem é disfarçada. Está nas mãos de cada
um de nós não compactuar com esta exploração e morte. Desliga-te da
exploração e violentação dos outros animais, abraça o veganismo!

Esta é a realidade que nos recusamos a encarar. A indústria alimentar é


responsável por 99% de toda a exploração, sofrimento e morte que causamos
aos outros animais. Ajudar estes animais não está nas mãos das organizações
de proteção animal, não está nas mãos dos políticos, não está nas mãos dos
tribunais, não está nas mãos da polícia. Ajudar estes animais está nas mãos de
cada um de nós, aqui e agora. Abraça o veganismo e faça a diferença!

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Mel de abelhas
Publicação original: Martha Follain / Anda.

Por que veganos não consomem mel?

O mel é um produto encontrado em estado líquido viscoso e açucarado


produzido pelas abelhas a partir do néctar recolhido de flores e processado pelas
enzimas digestivas desses insetos, sendo armazenado em favos em suas
colmeias para servir-lhes de alimento. Elas trabalham diligentemente durante o
verão inteiro para produzir alimento suficiente para sobreviverem durante o
inverno.

Uma abelha inicia o processo de produção de mel quando colhe o néctar de uma
planta. O néctar das flores é similar à água com açúcar (sucrose). O néctar entra
no sistema digestivo das abelhas, onde é misturado a enzimas que convertem
seu açúcar em frutose. Há cerca de 20 mil espécies diferentes, e as do gênero
“Apis mellifera” são as que melhor se prestam à polinização.

Abelhas polinizam de 50% a 80% dos vegetais que utilizamos.

Como as abelhas não carregam baldinhos como nos desenhos animados, o mel
é o vômito desses insetos — o mel nada mais é do que isso.

Abelhas estão presentes nas mitologias de várias culturas, aparecendo também


em imagens religiosas e em estandartes reais. Em Valência, Espanha, há
representações gráficas de arte rupestre de abelhas datadas do período neolítico
em cavernas. Na mitologia egípcia as abelhas representam as lágrimas do deus
Rá (o sol) quando caíram na areia do deserto. Na mitologia hindu o deus do amor
Kamadeva carrega um arco feito de abelhas. Inspirado na mitologia grega,
Virgílio (15/11–70 a.C. — 21/09–19 a.C.), poeta e pensador romano, em seu 4º
livro das “Geórgicas” relata que o personagem Aristeu teria sido o primeiro
apicultor e que cultivava abelhas em carcaças de animais. A Maçonaria tem
como um de seus símbolos a colmeia.

Porém o ser humano sempre usou o fruto do trabalho desses insetos. O


manuseio de abelhas, atividade lucrativa e gananciosa exercida por seres
humanos para furtar o mel, é chamada de apicultura e remonta ao ano 2400 a.C.,
entre os egípcios e gregos. Lorenzo Langstroth, (25/12–1810 –06/10–1895),
apicultor americano, desenvolveu a chamada apicultura moderna.

As abelhas, parentes de formigas e vespas, existem há mais de 20 milhões de


anos. O mel já era conhecido pelos sumérios (talvez a mais antiga sociedade)
desde 5 mil a.C.. As abelhas, naturais da Europa e Américas, foram introduzidas
no Brasil no século XVIII pelos jesuítas, no noroeste do Rio Grande do Sul.

Para o mel ser produzido, duas situações acontecem: as abelhas produzem


enzimas que transformam a sucrose em frutose. E, a maior parte dessa mistura
deve ser evaporada, restando somente 18% de água na composição final,

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resultando em um alimento (alimento das abelhas) resistente a mofo, fungos e a
várias bactérias durante anos.

As abelhas são insetos sociais de cerca de dois centímetros de comprimento,


listradas em preto e amarelo. Possuem cinco olhos: dois maiores na frente e três
menores no topo da cabeça. Possuem também duas antenas, dois pares de asas
e uma língua para sugar o néctar das flores.

Junto com outros insetos, pássaros e pequenos mamíferos polinizam plantas,


pois quando se alimentam nas flores levam o pólen, possibilitando a reprodução
das mesmas. As abelhas vivem em colmeias construídas no topo de árvores,
cavernas, etc., e podem chegar a 80 mil indivíduos. As colmeias são locais de
extrema organização, onde existem uma única rainha, muitos zangões e
operárias: Abelha Rainha: toda colmeia possui só uma abelha rainha, que é a
responsável pela reprodução da espécie, botando mais de mil ovos por dia,
chegando a viver até 5 anos. Ela é alimentada com a geleia real, seu único e
exclusivo alimento. A partir de seu 9º dia de vida já está apta a ser fecundada
por zangões. Quando nascem duas abelhas rainhas, em uma única colmeia, elas
lutam até a morte, pois só uma assumirá a missão de garantir a reprodução da
colônia; Abelha Zangão: a função dos zangões nas colmeias é a fecundação das
abelhas rainhas, o que ocorre 1 vez ao ano. Eles não possuem ferrão e vivem
em torno de 3 meses. No voo para fecundação da rainha, uma média de oito
zangões conseguem realizar a cópula. Logo após a cópula, o zangão morre, pois
seu genital fica preso à rainha; Abelha Operária: realiza todo o trabalho dentro
da colmeia — higieniza, garante alimento e água para todos coletando pólen e
néctar, produz cera e mel e elabora a própolis, que é uma substância
desinfetante. Uma abelha operária pode produzir, em média, cinco gramas de
mel por ano. Vive em torno de quatro meses. Nas colmeias as abelhas possuem
uma rígida hierarquia entre operárias, zangões e rainha.

Além do mel, são produtos gerados pelas abelhas nas colmeias:

Cera: produzida por glândulas especiais das abelhas é o resultado da


reelaboração do mel sendo usada como estrutura básica dos favos. O formato
hexagonal do favo permite que sua parede fina de 1/3 milímetro de espessura
suporte 30 vezes o seu peso; Própolis: substância resinosa, é usado pelas
abelhas para vedar orifícios e desinfetar a colmeia — é um antibiótico natural e
antifúngico. Sua composição é de 55% resinas vegetais; 30% cera de abelhas;
oito a 10% de óleos essenciais; e 5% de pólen aproximadamente; Pólen:
alimento para as abelhas; Geleia real: é a única fonte de alimento para a abelha
rainha por toda a sua vida — secreção produzida pelas glândulas de jovens
abelhas operárias.

E o que há de errado em consumir mel segundo o veganismo?

Veganismo é a filosofia segundo a qual, deve-se viver sem explorar os outros


animais, sob nenhum aspecto. O vegano vive sem se alimentar de animais não
humanos e os produtos deles derivados (ovos, leite, laticínios, gelatina, corantes
como a cochonilha, etc.), repudia a caça, a vivissecção (veganos boicotam

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quaisquer produtos que tenham sido testados em animais), confinamento,
apropriação, rodeios, circos, zoológicos e qualquer tipo de entretenimento
utilizando animais, comércio, trabalho dos bichos. Não usa couro, peles, lã,
penas, camurça, seda, enfim, qualquer prática que signifique exploração de
animais. Veganismo não é só dieta. É um conjunto de práticas com base nos
Direitos dos Animais.

O termo inglês “vegan” foi criado em 1944, numa reunião organizada por Donald
Watson (1910–2005), carpinteiro, envolvendo seis pessoas, após desfiliarem-se
da “The Vegetarian Society” por diferenças ideológicas, onde ficou decidido criar
uma nova sociedade (“The Vegan Society”) e adotar um novo termo para definir
a si próprios (wikipédia) — “vegetarian”.

Obviamente o mel é um produto criado pelas abelhas para sua própria


alimentação e bastaria isso para não ser consumido por veganos.

Nem a “Vegan Society” nem a “American Vegan Society” consideram o uso de


mel ou outros produtos de insetos como apropriados para veganos. Seres
humanos podem substituir o mel por melado de cana, melado de beterraba,
agave azul, mel de figo, etc.

ALERTA PARA O CONSUMO HUMANO

O mel não é tão inocente quanto parece. No Brasil, a ANVISA, “Agência Nacional
de Vigilância Sanitária”, não recomenda a ingestão por crianças abaixo de um
ano de idade, por perigo de contaminação por esporos do bacilo “Clostridium
botulinum”, responsáveis pelo botulismo.
Ciência:

Num relato da revista eletrônica de veterinária “Animal Welfare”, o cientista C. M.


Sherwin, da Escola Veterinária de Bristol, em 2001, analisou experiências
científicas realizadas em insetos e procurou interpretar as suas reações. Foi
avaliada a capacidade de memória e aprendizagem através da observação, a
presença de percepção espacial, respostas operativas, testes de preferência,
dor, entre outros. Sherwin concluiu que as respostas apresentadas por diversos
invertebrados como abelhas, aranhas, etc., que nós consideramos automáticas,
rígidas e fixas estão afinal sob algum controle voluntário.
A crueldade que envolve a dita “apicultura” é enorme:

– fumigação — o apicultor usa fumaça, pode ser com palha e sabugo de milho,
para deixar as abelhas atordoadas e intoxicadas e poder manusear mais
facilmente a colmeia. A morte das abelhas não acontece apenas por asfixia pela
fumaça, mas também pelo calor, pois a fumaça é muito quente, matando os
insetos queimados. Além disso, na extração de favos, os apicultores esmagam
abelhas com suas próprias mãos;

– as abelhas rainhas são inseminadas artificialmente, (o apicultor utiliza ganchos


e seringas) com o sêmen de zangões decapitados, porque o ato de arrancar a
cabeça do zangão e espremer o tórax faz com que eles ejaculem e as rainhas
são mortas quando sua capacidade de produção de ovos decai. Essa

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inseminação é feita com abelhas importadas italianas, alemães e africanas, que
produzem mais mel, e causam devastação nas abelhas nativas;

– apicultores grampeiam as asas da rainha para que ela não possa abandonar
sua colmeia, levando consigo muitas das operárias. As abelhas também podem
criar uma nova rainha, a princesa, para perpetuar a espécie criando um novo
enxame. O apicultor, percebendo que a produção de mel irá baixar com a saída
dessas operárias, além de grampear a rainha, mata a princesa ainda em forma
de larva. A colmeia fica superlotada, as abelhas produzindo muito mel, que é
retirado e comercializado, após o que, as abelhas são mortas de fome ou
envenenadas (ou para substituir o mel que foi furtado, as abelhas são
alimentadas com pólen artificial e calda de açúcar branco, inteiramente
desprovidos de nutrientes), recomeçando um novo ciclo;

– na manipulação dos favos muitas abelhas morrem esmagadas. As abelhas são


separadas de suas colmeias sendo sacudidas violentamente ou por jatos de ar,
o que provoca a perda de suas asas e pernas, gerando dor e morte;

– abelhas também são submetidas à vivissecção e muitas experiências são


realizadas para aumentar a produção de mel, o que garante a ganância dos
apicultores;

– em alguns países, como por exemplo no Japão, abelhas sofrem radiação para
fazer com que os ferrões caiam, “fabricando-se” abelhas sem ferrões que se
tornam inofensivas, para um manuseio mais fácil;

– apicultores instalam armadilhas para captura e matança de tatus e iraras, pois


esses animais silvestres se alimentam do mel das abelhas.
Os insetos sentem dor?

Sim, abelhas e outros insetos sentem dor, segundo o fisiologista Gilberto Xavier,
pesquisador da USP, “Universidade São Paulo”: os insetos possuem
terminações nervosas similares às que nós, humanos, temos. Por isso, é
razoável supor que eles possuem algum tipo de percepção sensorial equivalente
ao que nós chamamos de dor. Além disso, o animal é capaz de fazer uma
aprendizagem de esquiva, afastando-se de algo que lhe causa desconforto. Os
insetos possuem receptores nervosos convergentes — suas terminações
nervosas são na pele e possuem ainda mecanismos de bloqueio de dor
diferentes e mais eficientes que os dos humanos. Graças a esses mecanismos,
uma barata continua a andar mesmo depois de ter uma perna arrancada. Se
possuem mecanismos de bloqueio da dor, é porque sentem dor.
O mel é das abelhas!

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Camarão
Um camarãozinho de vez em quando?
Não se esqueça “frutos do mar” são animais.

Definições no wikipedia.

Camarão:
Estes animais pertencentes à classe dos crustáceos, com exoesqueleto de
quitina. Seu corpo é dividido em duas partes: cefalotórax e abdómen. São
animais que apresentam um aparelho digestivo completo, ou seja, com duas
aberturas para entrada pela boca e saída pelo ânus de alimentos. Também
possuem sexos separados e sua reprodução é sexuada.

Os camarões, bem como os insetos, aranhas, siris etc. são animais pertencentes
ao filo Arthropoda. Todos os animais pertencentes a esse filo possuem sistema
nervoso, formado por gânglios cerebrais bem desenvolvidos, de onde parte o
cordão nervoso central ganglionar. Seus órgãos dos sentidos são muito
especializados e situados na cabeça. O seu coração situa-se na cabeça. Pode
parecer estranho, mas os camarões também se comunicam entre si através de
emissão de bolhas de ar, uma maneira adequada para a comunicação
interespécie em meio a águas marinhas.
Frutos do mar

Na culinária tradicional o termo frutos do mar designa animais que geralmente


possuem uma concha ou carapaça, como os crustáceos e moluscos, que vivem
no mar ou em água doce. Apesar de não fazer parte da definição estrita, os
peixes são usualmente incluídos nesta categoria.

ARTIGO
Só um peixinho ou um camarão de vez em quandoQ
Publicação original: Martha Follain / Anda (2011).

Vegetarianismo é muito mais do que não comer nenhuma espécie de carne. É


idealismo, é amor ao planeta, à espécie humana e às outras espécies animais.
E qual é a diferença entre comer peixe, caranguejo ou vaca? Alguns
“vegetarianos” até confessam que ontem jantaram “arroz com camarão”, como
se “frutos do mar” dessem em árvores. Mas só de vez em quandoc

Para começar: qualquer animal que possua sistema nervoso sente dor.

Camarões são crustáceos, como lagostas e caranguejos.

Segundo o Centro Vegetariano: as lagostas são crustáceos que podem viver


mais de um século e têm uma vida social complexa. O seu sistema nervoso
sofisticado torna-as sensíveis à dor: está disperso por todo o corpo e não apenas
centralizado no cérebro. Tal significa que sofrem até que o seu sistema nervoso
seja completamente destruído. Separar a sua medula espinal e o cérebro em
dois faz com que sintam a mesma dor em cada uma das partes ainda vivas! As

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lagostas também não dispõem de um mecanismo do qual dispõem os humanos
(entre outros animais), que faz com que, em caso de dor extrema, um choque
intervenha para fazer um curto-circuito na sensação.

Segundo o Dr. Robb, da Universidade de Bristol, uma lagosta mergulhada


diretamente em água a ferver permanece viva cerca de quarenta segundos.
Colocada em água fria levada à ebulição, pode sobreviver durante 5 minutos.
Morta pelo método industrial, que consiste em imergi-la simplesmente em água
doce, agoniza durante duas horas. Desde a sua captura (feita por mergulhadores
especializados ou por armadilhas) até a sua morte, as lagostas são ainda
obrigadas a suportar outros sofrimentos. Suportam uma privação quase total de
movimentos durante semanas em minúsculas caixas metálicas nos portos, nos
aeroportos, depois nas câmaras frigoríficas, e mais tarde dentro de aquários das
lojas e restaurantes.

Por facilidade, mas também para evitar que sujem as caixas e aquários com
dejetos, elas não são alimentadas durante todo esse tempo; por essa razão, com
receio de que, esfomeadas, acabassem por se comer umas às outras, deixam-
nas sempre com as pinças ligadas com fita adesiva. Atualmente existem muito
poucas lagostas grandes e idosas devido à intensa exploração a que estão
sujeitas. Junto às costas, quase já não se encontram estes crustáceos. Os
pescadores têm de usar um número cada vez maior de armadilhas para manter
o mesmo nível de captura. A procura mundial de marisco está, pois, a dizimar os
ecossistemas. No mundo inteiro, em cada ano, mais de 80 milhões de lagostas
passam por este sofrimento. São consideradas um alimento de luxo, motivo pelo
qual são bastante consumidas em épocas festivas como o Natal e a Passagem
de Ano”.

“É óbvio que, quando um caranguejo é cozido vivo, está sentindo dor, pois, à
semelhança de outros animais, incluindo os humanos, tenta de todas as formas
escapar. Os caranguejos, que são naturalmente territorialistas, são apanhados
juntos e colocados em contentores ou caixas onde esperam pelo seu destino —
 assustados e confusos, muitas vezes chegam a lutar uns com os outros. Muitos
partem as patas quando são apanhados de forma abrupta pelos pescadores.
Uma boa parte deles morre antes de chegar aos locais de venda. O fim destes
animais ocorre quando são atirados vivos para dentro de panelas de água
fervendo — lutam tanto para fugir desta experiência horrível, que muitas vezes as
suas pinças partem-se.”

Camarões: são também crustáceos muito delicados. Partilham a mesma


capacidade básica para experienciar o sofrimento que outros crustáceos, como
os caranguejos e as lagostas”.
E o “peixinho”?

Os peixes agonizam em asfixia depois de retirados da água. Morrem por falta de


oxigênio. E, não há coisa pior que a tal “pesca esportiva” — a sensibilidade da
boca dos peixes é comparável à sensibilidade em nossos órgãos genitais. O que
você acharia de ser “pescado”, várias vezes, pelos seus genitais e depois
devolvido à sua casa? Além da dor, o estresse sempre renovado.

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Segundo o Centro Vegetariano: “O sistema nervoso dos peixes é complexo e
sofisticadoc O olfato está também muito desenvolvido em algumas espécies.
Os salmões e outros peixes migradores apresentam o fenômeno “homing”, ou
seja, voltam sempre ao rio onde nasceram para se reproduzirem. Está
cientificamente provado que estas espécies “memorizam” o odor da água do rio
onde nasceram, para um dia poderem voltar. Em muitas espécies, as papilas
gustativas não se limitam à cavidade bucal, estão também noutras partes do
corpo. Os ouvidos, além de permitirem a percepção de sons, funcionam também
como órgãos do equilíbrio. Os peixes têm sistemas organizados de comunicação
entre si. Emitem substâncias de alarme em presença de predadoresc”
Afinal, os peixes sofrem?

“Pelo acima exposto, e que tem sido consubstanciado por estudos levados a
cabo nomeadamente por cientistas ingleses, a resposta é simples: sim, os peixes
sofrem. Enquanto criaturas do reino animal, dotadas de um sistema nervoso
central, os peixes possuem um sistema de dor que é anatômica, fisiológica e
biologicamente semelhante ao das aves e outros animais. Os peixes reagem a
sensações de dor e de prazer e, na verdade, partilham até semelhanças com o
sistema nervoso dos seres humanos, já que algumas espécies possuem
neurotransmissores como as endorfinas, que induzem à sensação de bem-estar
e de alívio da dor.

Logicamente, se os seus sistemas nervosos produzem analgésicos naturais, é


porque estão predeterminados a sentirem dor. Os referidos estudos constatam
que a morte por laceração dos tecidos, sangramento e asfixia (que caracterizam
a pesca) é extremamente cruel, porque fonte de grande sofrimento para estes
animais, não só físico, mas também psicológico. Ao reagirem à dor, os peixes
sentem também estresse emocional e apresentam uma série de espasmos e
movimentos de contorção muito semelhantes ao comportamento dos
vertebrados superiores, como os mamíferos, em iguais circunstâncias.

E, embora inaudíveis para os seres humanos, alguns peixes emitem sons para
exprimir a sua agonia, conforme concluem pesquisas conduzidas por várias
universidades dos Estados Unidos. Sabe-se hoje que os peixes são animais
inteligentes e que algumas espécies apresentam fenômenos interessantes ao
nível da memória, da capacidade de aprendizagem e até da antecipação do
sofrimento. Com efeito, alguns dos estudos feitos constataram que os peixes não
só emitiam uma espécie de grunhido ao serem submetidos a choques elétricos,
como grunhiam à simples visão do eletrodo, numa clara antecipação do
sofrimento que dessa forma lhes ia ser infligido”.

Por favor, se você come um peixinho de vez em quando, crustáceos etc., você
não é vegetariano. Pelo menos, tenha a dignidade de não se declarar como tal.

Para os do contra de plantão:

Penso que sim, claro, cada um come o que quiser, e isso pode não ter nada a
ver com a índole da pessoa. Masc todos nós sabemos que a pecuária faz mal,
muito mal ao planeta — desmatamentos, exorbitante quantidade de água gasta
etc.

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E, ninguém pode negar a DOR e o MEDO que os animais não humanos sentem
ao serem abatidos ou pescados para consumo. Sinto-me melhor ao não
contribuir para as duas situações e tantas outras.

Sou vegetariana porque acredito no que prático ou vice-versa. Simples assim.


Acredito que o regime vegetariano é melhor para o planeta, para os animais não
humanos e para o organismo de animais humanos.

Quem não pensa assim, não faça. E também que não se declare vegetariano,
por achar que “está na moda”. Não quero brigar com ninguém, mas também
estou saturada desses argumentos. “Vegetarianos não são melhores que
carnívoros etc.” — estou tão enfastiada desses argumentos, como os dos que se
dizem vegetarianos comendo peixinho e camarão.

A seguir

RESPOSTAS
50
Sobre Jesus
EXEMPLOS E INTERPRETAÇÕES
Por: Tiago Henrique

Jesus era vegetariano. Ãnh!? Mas ele comeu peixe. Será? Polêmico, sobretudo
histórico e cultural. Vai dizer que você nunca leu sobre as barbaridades que a
Igreja acobertou e fez como via de lei sagrada? O Protestantismo não se originou
do acaso. Imagina no tempo de Cristo e logo após sua crucificação. Quantas
mentiras a serviço do poder, legalizadas sob a luz da imoralidade, da ignorância
e da má fé, convenientes aos que queriam controlar ao invés de instruir a
multidão.

Uma vez li que a história é contada por aqueles que enforcam os heróis, você
tem dúvidas de que os tiranos, imperadores e reis, tanto quanto os governos
corruptos não fizeram curvas na palavra reta, no exemplo exímio? É importante
começar a investigar os seus próprios padrões, a refletir por si mesmo e a buscar
respostas na sua consciência.

Sobre Jesus ser vegetariano ou não, não cabe em minha teologia, busco apenas
um campo de observação em sua análise. Leia sobre a última ceia, procure ler
algumas pesquisas e outras teorias. Não vá me dizer que você tem medo de
leitura, ou que você sabe de tudo e já tem as respostas prontas, acabadas e
imutáveis.

Para conhecer, é importante avaliar não só um ponto de vista ou crença, é


necessário ser humilde e estar aberto ao raciocínio, a lógica, a ética, a moral; é
preciso ver de frente: as virtudes e os vícios, os defeitos e as qualidades. É
preciso estar livre, ser livre para compreender e ser desprendido para confiar no
amor, no progresso e na verdadeira paz.

Quando você quer mudar, você não procura por desculpas e justificativas à
fundamentar o apedeutismo, você deseja se esclarecer, ainda que os outros se
esforcem para te manter vedado. As correntes da ignorância são mais fortes que
as grades da prisão. A sua decisão é a maior importância que você pode
conquistar e suas escolhas refletem a sua própria harmonia entre a fé autêntica
e a dúvida cruel.

Sendo ou não Jesus vegetariano, ele veio há dois mil anos com um propósito
transcendente, de acordo com uma missão imersa em um espaço e tempo, onde
haviam necessidades específicas e propósitos universais, lançados ao passado,
presente e futuro, preparados em sabedoria maior para não se perder a
complexidade pura e fiel de seus exemplos. Mesmo assim, para o bem e para o
mal, muito de sua palavra foi corrompida pelos homens, distantes de sua
divindade ou enterrados por suas percepções assertivas, fraternas e
revolucionárias.

Observando tudo, devemos ter sapiência para estudar o tempo e seu progresso,
considerando o amor, a evolução espiritual e o desenvolvimento da humanidade.
O que se passou ha vinte séculos e outros mais, é um retrato que nos leva a

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interpretações diversas, entretanto, é uma inspiração que cabe a cada um de
nós experimentar no âmago de nossos próprios sentimentos.

Eu não estou reivindicando o vegetarianismo de Jesus, estou apenas me


esforçando para abrir a sua mente com essa ilustração, porque de uma coisa eu
sei: o espírito mais evoluído que veio ao mundo, não me julgará por eu estar
tentando despertar as vias do amor e do mais amplo respeito a vida.

A saber, outros mártires que aprecio nem foram vegetarianos, alguns dos meus
ídolos se perderam nos vezos da Terra e outros exemplos que admiro na
contemporaneidade não são necessariamente veganos, contudo, extraio a
melhor mensagem deles, que trazem outras e tantas dimensões de paz, amor e
intelecto. Acredito que assim podemos avançar em nossos valores, na soma de
toda a experiência que podemos absorver à nossa evolução, pautada sempre no
amor incondicional, como sem divergências nos ensinou Jesus Cristo.

LEITURA ADICIONAL
- Jesus era vegetariano
- A última ceia

Jesus era vegetariano


Publicação original: Angelfire.com
Leia a história de Jesus no Wikipedia.

Como vocês usam as escrituras para provar que Jesus era vegetariano, ao
passo que desconsideram referências escriturais que não concordem com seu
ponto-de-vista?

Existe um velho adágio que diz: “A Bíblia pode ser usada para justificar qualquer
posição”. Até certo ponto, essa afirmação é justa. Ao ler as escrituras deparamos
com muitas mensagens que não podem coexistir. É aí onde a teologia entra —
 para interpretar e dar sentido aos textos sagrados, procurando discernir o
verdadeiro significado da divindade e existência.

Jeus não come peixe depois da ressurreição, e serve peixe durante o milagre da
multiplicação?

As únicas escrituras que retratam Jesus comendo ou fornecendo carne de


qualquer tipo envolvem peixe: o Jesus pós-ressurreição é retratado comendo
peixe com os discípulos; durante sua vida ele é retratado multiplicando pães e
peixes para alimentar os camponeses que se reuniam para ouví-lo pregar.

Pensando nessas histórias à luz das evidências de que Jesus era um


vegetariano que levava a compaixão pelos animais muito a sério, é de auxílio
lembrar que Jesus falava aramaico, os Evangelhos foram escritos gerações após
a ressurreição, em hebraico, e as versões mais antigas que temos são traduções
gregas do século IV — mais de 300 anos, duas traduções, e muitas transcrições
depois da ressurreição.

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Então quão verdadeiras são as histórias de peixe?

As evidências indicam que as histórias pós-ressurreição são adições mui tardias


aos Evangelhos, e que os relatos mais antigos do milagre da multiplicação (a
história dos pães e dos peixes) originalmente não incluía peixe.

Consumo de Peixe Pós-Ressurreição

A maioria dos estudiosos concorda que as histórias pós-ressurreição de Jesus


comendo peixe foram adicionadas aos Evangelhos muito tempo depois destes
terem sido escritos, a fim de decidir várias cismas na Igreja primitiva (i.e.
marcionites e outros cristãos primitivos acreditavam que Jesus não tinha
retornado na própria carne e osso. Que maneira melhor de provar que o fizera,
do que retratá-lo comendo?) Os escribas que adicionaram as histórias não eram,
aparentemente, aversivos a comer peixe. Mas como esta é a única ocasião
encontrada nos Evangelhos em que Jesus é retratado comendo quaisquer
animais de todo, parece que fica claro que ele era vegetariano.

Os Pães e os Peixes

Embora não fosse contradizer a definição técnica de um vegetariano o fato de


multiplicar peixes que já estavam mortos para alimentar pessoas que não se
opõe a comer peixe, há alguns pontos interessantes para tomar nota nesta
história. Primeiro, os discípulos perguntam a Jesus onde poderiam conseguir
suficiente pão para alimentar as multidões, jamais pensando em comprar peixe
ou outros produtos animais, e sequer sugerindo uma expedição pesqueira,
apesar de estarem bem junto ao mar.(i.e. Mt 16:9–10, Mc 8:19–20, João 6:26).

Peixes foram adicionados à história por escribas gregos, provavelmente porque


a palavra grega para peixe, ixous, é uma acronímia da frase “Jesus Cristo Filho
de Deus Salvador”. De fato, o peixe ainda é um símbolo do Cristianismo até hoje.
Nesta interpretação bastante provável, a multiplicação representa uma previsão
do desenvolvimento da Igreja, e não tem nada a ver com comer animais.

E ainda, alguns estudiosos afirmam que a palavra grega para o inglês “fishweed”
(um tipo de alga seca), tem sido traduzida erradamente nesta história como
“peixe” (vide Rosen, Estudos Eruditos). Certamente é verdade que algas secas
seriam bem mais prováveis numa cesta com pão, e “fishweed” continua sendo
um alimento popular entre os camponeses palestinos tais como as pessoas a
quem Jesus falava.

Conclusão

Então o quê Jesus definitivamente tinha a dizer sobre pescar? Jesus chama uma
multidão de pescadores para longe de sua ocupação de matar animais e suplica
que mostrem misericórdia para com todos seres, citando Oséias: “Eu desejo
misericórdia, e não sacrifício”. Em cada instância, eles abandonam
imediatamente sua ocupação de pescar para seguirem Jesus (i.e. Mc 1:16–20).
Isto se assemelha ao chamado de Jesus a outros que estão ocupados em

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atividades que não se coadunam com a mensagem dele de misericórdia e
compaixão.

É natural matar para comer. Animais se matam uns aos outros na natureza.
Porque nós não deveríamos fazê-lo também?

Nós não buscamos junto aos animais nossas indicações morais em outras áreas.
Por exemplo, alguns animais lutam até a morte por uma companheira, cometem
estupro, ou comem seus filhotes. Tais eventos “naturais” não significam que
vamos legalizar o estupro, assassinato ou infanticídio.

Permanece o fato: fazendas de criação intensiva e matadouros são locais


violentos, sangrentos. Todos nós compreendemos que é imoral causar dano a
um cachorro ou gato. É igualmente imoral pagar alguém para causar dano a uma
galinha, vaca, porco, peru, ou qualquer outro animal.

A atual demanda elevada por produtos lácteos requer que as vacas sejam
estimuladas além de seus limites naturais, e submetidas a engenharia genética
além de receber hormônios de crescimento a fim de produzir enormes
quantidades de leite. Mesmo os poucos fazendeiros que escolhem não criar
animais intensivamente são obrigados a eliminar o bezerro (que de outro modo
beberia o leite) e eventualmente mandar a mãe para o matadouro depois que a
produção leiteira dela decresce.

Comer carne é natural. Tem sido assim por milhares de anos. Nós evoluímos
dessa maneira.”

Na verdade, nós não evoluímos para comer carne. Animais carnívoros possuem
presas curvas, garras, e um trato digestivo curto. Seres humanos evoluíram sem
garras ou presas. Nós temos molares achatados e um trato digestivo longo mais
adaptado para uma dieta de vegetais, frutas, e grãos. Comer carne é perigoso
para nossa saúde, contribui para doenças cardíacas, e uma legião de problemas
de saúde.

Se você estivesse morrendo de fome num barco no mar, e houvesse um animal


no barco, você o comeria?

Não sei. Seres humanos chegam aos extremos para salvar suas próprias vidas,
mesmo se isto significa lesar alguém inocente. (As pessoas até mesmo comeram
gente em situações horrendas.) Este exemplo, contudo, não é relevante para
nossas escolhas do dia-a-dia. Para a maioria de nós, não há circunstâncias que
ameacem nossa vida e nenhuma desculpa para matar animais como alimento.

Se todos passarem para vegetais e grãos, haverá suficiente para comermos?

Tantos cereais que produzimos são dados para os bichos comer a fim de
engordá-los para o consumo que, se todos nós virarmos vegetarianos,
poderíamos produzir suficiente alimento para alimentar o mundo inteiro. Nos
Estados Unidos os animais recebem mais de 80% do milho que plantamos e
mais de 95% da aveia. Só o gado mundial consome uma quantidade igual às

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necessidades calóricas de 8,7 bilhões de pessoas — mais que toda população
humana da Terra.

Fazendeiros tem que tratar bem seus animais, ou eles não produzirão tanto leite
ou ovos.

Animais em fazendas intensivas não ganham peso, botam ovos, e produzem


leite por estarem confortáveis, contentes e bem cuidados, mas sim, porque foram
especificamente manipulados para fazerem estas coisas através da genética,
remédios, hormônios, e técnicas de criação. Além disso, animais criados para
ser alimento hoje em dia são assassinados em idades muito jovens, antes que a
doença e miséria tenham dizimado eles.

Quantidades tão grandes de animais são criados para alimento que é mais
lucrativo para os fazendeiros absorver algumas perdas que prover condições
humanas.

Seres humanos não precisam comer carne para permanecer saudáveis?

Tanto o U.S. Department of Agriculture como o American Dietetic Association


endossaram dietas vegetarianas. Estudos tem demonstrado que vegetarianos
possuem sistemas imunológicos mais fortes que carnívoros, e que os carnívoros
tem quase duas vezes mais probabilidade de morrer de doenças cardíacas, 60%
mais probabilidade de morrer de câncer, e 30% mais probabilidade de morrer de
outras doenças. O consumo de carne e produtos lácteos tem sido associado
conclusivamente a diabete, artrite, osteoporose, artérias entupidas, obesidade,
asma, bem como também impotência.

Se todos virassem vegetarianos seria pior para os animais porque muitos deles
nem nasceriam.

A vida nas fazendas intensivas é tão miserável, assim é difícil ver como estamos
fazendo um favor aos animais trazendo-os à existência, confinando e
estressando-os, abusando deles, e depois assassinando-os.

Deus deu aos homens o domínio sobre animais?

Historicamente, as escrituras foram usadas para justificar a escravidão, abuso


infantil, abuso conjugal, e poligamia, portanto devemos ser cuidadosos de não
as utilizar erroneamente para justificar assassinato de animais.

Segundo o livro de Gênesis, Deus criou todos os animais, inclusive seres


humanos, no sexto dia. Em Gênesis 1:28, Deus diz: “Dominai sobre os peixes
do mar, sobre as aves do céu e sobre tudo que se move sobre a Terra”.
Imediatamente após, em Gênesis 1:29, Deus declara: “Vêde, Eu vos dei cada
planta que dá sementes que está sobre a face de toda terra, e cada árvore com
semente e seus frutos; e os tereis por alimento”. Seja o que for que a palavra
“domínio” significa, ela não significa que temos o direito de comer animais. De
fato, a maioria dos teólogos reconhece que esta palavra é mais acuradamente
traduzida como “administração” e que o significado deste texto é que os homens

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devem ser guardiões e administradores, protegendo e respeitando os seres com
quem dividimos a dádiva da criação.

Se Deus não ordena comer carne, porque existem tantas leis sobre que carne é
e não é impura, e porque Jesus não condena comer carne abertamente?

As Escrituras Hebraicas (Velho Testamento):

As Escrituras Hebraicas tem sido usadas ao longo dos anos para justificar muitas
práticas cruéis e violentas (tais como abuso conjugal e de crianças, escravatura,
e guerra). É um infortúnio que ainda continuem a ser usadas para justificar a
exploração de animais.

As Escrituras Cristãs (Novo Testamento):

A condenação de Jesus do sacrifício animal e do templo, ambos fortemente


associados a comer carne na cultura palestina do primeiro século, teria sido
entendida por seus ouvintes como uma oposição a comer carne.

Contudo, nos quatro Evangelhos incluídos em nosso Cânone, Jesus não é visto
condenando escravatura, subjugação de mulheres e crianças, ou muitas outras
injustiças. E assim, estas e outras injustiças tem sido justificadas pelos Cristãos
ao longo dos anos. Porém a mensagem central de Jesus, ou seja misericórdia e
compaixão, não pode ser reconciliada com o que sabemos que ocorre nas
fazendas intensivas e matadouros, talvez os locais mais violentos e sem
misericórdia nesta Terra.

Finalmente, Jesus falava em aramaico, os Evangelhos foram escritos


originalmente em Hebraico, e nossas traduções mais antigas são versões gregas
do século IV aprovadas e alteradas pelo carnívoro Imperador Constantino. Todas
versões anteriores foram destruídas como heresia. Segundo alguns estudiosos,
Jesus condena comer carne, mas nos Evangelhos que foram suprimidos e
passagens que foram retiradas por escribas comedores de carne na igreja antiga.
O “Essene Gospel os Peace” (Evangelho Essênio da Paz) é um exemplo, e está
disponível ainda em inglês na nossa seção de download.

Paulo não disse que podemos comer carne?

Há muita controvérsia acerca dos escritos de Paulo, com alguns Cristãos


aceitando tudo como correto, e a maioria dos estudiosos concordando que
algumas cartas foram escritas muitos anos após a morte de Paulo. Paulo
certamente estava escrevendo para uma comunidade específica num período
específico da história. Seus escritos sobre comer carne indicam um desejo de
incluir tanto os convertidos gentios (em sua maior parte carnívoros) e os
discípulos judeus-cristãos diretos de Cristo (a maioria vegetarianos). Paulo tem
um grande desejo de acomodar senhores de escravos (Philemon) e carnívoros,
apesar da contradição direta entre o comer carne e escravatura, versus o
conselho de Jesus de que seres humanos devem ser compassivos e
misericordiosos.

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Paulo estava escrevendo a uma igreja profundamente dividida quanto a uma
variedade de assuntos. Por qualquer razão, ele advogava escravatura (ICor
7:20–24, Eph 6:5, Col 3:22, I Tim 6:1–2, Tito 2:9–10, Phil 1), subjugação de
mulheres, celibato, e completa obediência para as crianças. Os escritos de Paulo
tem sido usados ao longo dos anos para justificar escravatura, propriedade sobre
esposa e crianças e abuso dos mesmos (até mesmo assassinato), e a expansão
ocidental e assassinato de nativos americanos. É muito importante que sejamos
excepcionalmente cuidadosos em não utilizar mal os escritos de Paulo para
justificar o abuso grosseiro de animais, inerente à criação e assassinato deles
para alimento.

Deus não pede sacrifício animal?

Não. Tanto as Escrituras Hebraicas (“Velho”) e Cristãs (“Novo Testamento”)


opõe-se a matar animais, desde seu início até o final. Nas Escrituras Hebraicas,
Deus é amor — desde o pacífico Jardim de Eden até as visões do fim dos tempos
dos profetas, onde o leão irá se deitar com o carneiro. Nas Escrituras Cristãs, o
ministério inteiro de Jesus ataca sacrifício animal, desde seu primeiro ato
(batismo) até sua ação final (crucificação). Interessantemente, a questão do
sacrifício animal está no coração da questão do vegetarianismo de Jesus, porque
ao sacrifício animal seguia-se o banquetear-se com os corpos dos animais
sacrificados.

As Escrituras Hebraicas:

Não há sacrifício animal no mundo ideal de Deus, conforme representado no


Jardim de Eden e na montanha sagrada de Deus prevista pelos profetas (Isaías
11). De fato, o Jardim é inteiramente vegetariano (Gênesis 1:29), e Deus nunca
pediu sacrifício animal (Jeremias 7:22).

Micah, Amos, Isaías, Jeremias, e Oséias todos condenam sacrifício animal.


Oséias e Jeremias declaram explicitamente que seres humanos criaram o
sacrifício animal como desculpa para consumirem carne: “Eles oferecem
sacrifícios a mim porque eles são os que comem carne, porém Yahweh não
aceita seus sacrifícios, pois Ele está atento ao pecado deles e lembra de sua
maldade (Oséias 8:13).

As Escrituras Hebraicas tem sido usadas ao longo do tempo para justificar muitas
atrocidades, desde escravatura até queimar bruxas passando pela Inquisição,
até abuso de esposa e crianças. Galileu foi condenado pelo Papa a ser torturado
até retirar a heresia de que a Terra gira em torno do sol, o que contradiz Gênesis.
Segundo Levítico, bruxas devem ser queimadas, e adúlteros, crianças
desobedientes, e pessoas que violam o Sabá devem ser apedrejadas até a morte.
Leprosos e os inválidos eram impuros e não deviam entrar no templo. Um pobre
indivíduo no livro de Números (16) foi apedrejado até a morte por catar madeira
no Sabá. Ele é morto por Moisés e os israelitas enquanto Deus dá as ordens.
Lot é considerado justo, mesmo depois de oferecer suas filhas virgens aos
homens fora do portão na história de Gênesis (19).

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O ponto aqui não é que Deus é violento e cruel. Deus é amor, como Suas
palavras através dos profetas mostram claramente. O velho Testamento é mais
uma história do que uma explicação da intenção de Deus, com exceção do
Jardim de Eden (o mundo ideal de Deus, o qual somos todos chamados a buscar)
e as visões proféticas (em que Ele nos diz que conhecê-Lo é ser justo,
misericordioso, e humilde). Comer carne é parte da criação caída, tal como
apedrejar em caso de adultério e uma “moralidade de olho-por-olho”, que ambos
não são exigidas por Deus segundo uma leitura provincial das Escrituras
Hebraicas, mas são denunciadas pelos profetas, e condenadas por Jesus como
interpretações errôneas.

As Escrituras Cristãs:

No tempo de Jesus, sacrifício animal era considerado por muitos como sendo o
único método de ser perdoado por pecados. Os judeus radicalmente
vegetarianos se inspiraram na eterna lei de Deus, a lei do Jardim de Eden e dos
Profetas (i.e. Oséias 2:18, Isaías 11:6–9) e instituíram o batismo para perdão dos
pecados. Assim, no decorrer de seu ministério, Jesus fala múltiplas vezes,
citando os profetas, que seus seguidores devem aprender a compreender o que
Deus quer dizer quando Ele diz através do profeta Oséias: “Eu desejo
misericórdia, e não sacrifício.” (Mt9:13, 12:6–7). Deus ali está falando de
sacrifício animal.

A morte de Jesus na cruz é, para os Cristãos, o sacrifício final, e os seguidores


de Jesus continuam a celebrar Sua memória com alimento vegetariano, pão e
vinho.

Conclusão:

Sacrifício animal nunca foi parte do plano de Deus, conforme declarado em


Gênesis 1. Sacrifício animal foi condenado por Deus através dos profetas e por
Jesus durante sua vida inteira. A oposição de Jesus ao sacrifício animal é forte
evidência de sua dieta vegetariana.

Condições nas fazendas de criação intensiva ou fazendas de curtumes não são


piores que a selva, onde os animais morrem de fome, doença, ou predadores.
Pelo menos animais em fazendas intensivas são alimentados e protegidos.

Este argumento foi usado para reinvindicar que a raça negra estava melhor como
escravos nas plantações que como homens e mulheres livres. O mesmo poderia
ser dito de pessoas na prisão, contudo a prisão é considerada uma das punições
mais duras da sociedade.

Animais em fazendas intensivas sofrem tanto que é inconcebível que pudessem


estar pior na selva. A selva não é “selvagem” para os animais que ali vivem; é o
lar deles. Ali eles tem sua liberdade e podem se ocupar em suas atividades
naturais. O fato de que poderiam sofrer na selva não é razão para garantir que
sofram no cativeiro.

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Animais em gaiolas nas fazendas intensivas ou em laboratórios não sofrem tanto
porque nunca conheceram nada mais.

Ser impedido de realizar os comportamentos instintivos mais básicos causa


tremendo sofrimento. Mesmo animais engaiolados desde o nascimento sentem
a necessidade de se movimentar, se assear, esticar seus membros ou asas, e
exercitar-se. Animais de rebanho e animais de bando se tornam atormentados
quando são forçados a viver no isolamento ou quando são colocados em grupos
grandes demais para que consigam reconhecer outros membros. Além disso,
todos animais confinados sofrem intenso tédio — alguns tão severamente que
isto os leva à auto-mutilação ou comportamento auto-destrutivo.

A última ceia
Publicação original: O livro de Urantia.

DURANTE a tarde dessa quinta-feira, quando Filipe lembrou ao Mestre sobre a


aproximação da Páscoa e perguntou a respeito dos seus planos para essa
celebração, Jesus tinha em mente a ceia de Páscoa que se devia realizar na
noite do dia seguinte, sexta-feira. O costume era começar as preparações para
a celebração da Páscoa nunca depois do meio-dia do dia anterior. E, já que os
judeus consideravam o dia como começando no entardecer, isso significava que
a ceia do sábado de Páscoa seria celebrada na sexta-feira à noite, um pouco
antes da meia-noite.

(1936.2) 179:0.2 Os apóstolos ficaram, portanto, inteiramente sem entender o


anúncio do Mestre de que eles iriam celebrar a Páscoa um dia antes. E
pensaram, ao menos alguns deles, que ele sabia que seria preso antes do
momento da ceia da Páscoa, na noite de sexta-feira, e que por isso estava
convidando-os para uma ceia especial nessa quinta-feira à noite. Outros
pensaram que essa seria meramente uma ocasião especial que devia preceder
a celebração corriqueira da Páscoa.

(1936.3) 179:0.3 Os apóstolos sabiam que Jesus havia celebrado outras


Páscoas sem o cordeiro; eles sabiam que ele não participava pessoalmente de
qualquer serviço de sacrifício do sistema judeu. Por várias vezes ele havia
partilhado do cordeiro pascal como um convidado, mas sempre, quando ele era
o anfitrião, nenhum cordeiro era servido. Não teria sido uma grande surpresa
para os apóstolos verem o cordeiro suprimido mesmo na noite de Páscoa e,
posto que essa ceia estava sendo celebrada um dia antes, a ausência de um
cordeiro passou despercebida.

(1936.4) 179:0.4 Após receber os cumprimentos de boas-vindas, dados pelo pai


e pela mãe de João Marcos, os apóstolos foram imediatamente para a sala de
cima, enquanto Jesus permanecia embaixo para falar com a família Marcos.

(1936.5) 179:0.5 Combinou-se de antemão que o Mestre iria celebrar essa


ocasião apenas com os seus doze apóstolos; e, portanto, nenhum serviçal foi
chamado para servi-los.

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1. O Desejo de Ter Preferência

(1936.6) 179:1.1 Quando os apóstolos foram conduzidos ao andar de cima, por


João Marcos, eles viram uma sala ampla e confortável, completamente
mobiliada para a ceia; e observaram que o pão, o vinho, a água e as ervas
estavam todos prontos em uma extremidade da mesa. A não ser pela
extremidade na qual foram colocados o pão e o vinho, essa longa mesa estava
cercada de treze divãs para reclinar, exatamente como aconteceria em uma
celebração da Páscoa na casa de uma família judaica de boa posição.

(1936.7) 179:1.2 Ao entrarem nessa sala do andar de cima, todos os doze


perceberam, perto da porta, os cântaros de água, as bacias e as toalhas para a
lavação dos seus pés poeirentos; e, já que nenhum criado havia sido
providenciado para prestar esse serviço, os apóstolos começaram a entreolhar-
se logo que João Marcos os deixou, e cada qual passou a pensar com ele mesmo:
quem lavará os nossos pés? E cada um do mesmo modo pensou que não seria
ele próprio quem iria atuar como servo dos outros.

(1937.1) 179:1.3 Enquanto estavam ali, com os seus corações agitados e


debatendo em seus assentos, eles olharam o arranjo dos assentos junto à mesa
e perceberam que o divã mais alto, do anfitrião, tinha um assento à direita e mais
onze, dispostos em volta da mesa até o lado oposto a esse segundo assento de
honra à direita do anfitrião.

(1937.2) 179:1.4 Eles esperavam que o Mestre chegasse a qualquer momento,


mas estavam em um dilema quanto a se assentar ou esperar a sua vinda e
depender de que ele lhes designasse os lugares. Enquanto hesitavam, Judas
avançou sobre o assento de honra, à esquerda do anfitrião, indicando que tinha
a intenção de reclinar- se ali como o convidado preferido. Esse ato de Judas
provocou imediatamente uma disputa acirrada entre os outros apóstolos. Mal
havia Judas apossado-se do assento de honra e João Zebedeu pretendeu o
próximo assento de distinção, aquele à direita do anfitrião. Simão Pedro ficou tão
furioso com essa pretensão de escolha de posições de Judas e de João que,
sob o olhar enraivecido dos outros apóstolos, dando a volta na mesa,
encaminhou-se para tomar o assento no divã mais baixo, no final da ordem de
assentos e exatamente em frente ao assento escolhido por João Zebedeu.
Desde que os outros se tinham apoderado dos assentos altos, Pedro pensou em
escolher o mais baixo, e ele o fez, não meramente em protesto contra o orgulho
inconveniente dos seus irmãos, mas com a esperança de que Jesus, quando
viesse e o visse no lugar de menos honra, o chamasse para um lugar de mais
honra, desalojando assim um daqueles que haviam tido a presunção de dar a si
próprio certa honra.

(1937.3) 179:1.5 Com as posições mais altas e as mais baixas assim ocupadas,
o restante dos apóstolos escolheu lugares, alguns perto de Judas e alguns perto
de Pedro, até que todos estavam nos seus lugares. Eles estavam sentados à
mesa em forma de U, nesses divãs reclinados, na seguinte ordem: à direita do
Mestre, João; à esquerda, Judas, Simão zelote, Mateus, Tiago Zebedeu, André,
os gêmeos Alfeus, Filipe, Natanael, Tomé e Simão Pedro.

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(1937.4) 179:1.6 Estavam juntos para celebrar ali, ao menos em espírito, uma
instituição que antecedia mesmo a Moisés e que se referia aos tempos em que
os seus pais eram escravos no Egito. Nessa ceia, que foi o último encontro com
Jesus, apesar de um quadro tão solene, sob a liderança de Judas, os apóstolos
foram levados uma vez mais a dar vazão à sua antiga predileção pelas honrarias,
pela preferência e pela exaltação pessoal.

(1937.5) 179:1.7 Quando o Mestre apareceu na porta, eles ainda empenhavam-


se em lançar recriminações irritadas; e ali o Mestre permaneceu por um
momento, enquanto uma expressão de desapontamento lentamente surgia no
seu rosto. Sem comentários Jesus foi para o seu lugar e não perturbou a
disposição dos assentos ocupados.

(1937.6) 179:1.8 Estavam agora prontos para começar a ceia, exceto que os
seus pés ainda estavam por lavar e que o humor deles era qualquer coisa de
nada agradável. Quando o Mestre chegou, estavam ainda empenhados em fazer
observações pouco elogiosas entre si, para não mencionar nada sobre os
pensamentos de alguns que haviam tido o controle emocional suficiente para
abster-se de expressar publicamente os seus sentimentos.
2. Começando a Ceia

(1937.7) 179:2.1 Por alguns instantes, após o Mestre haver ido para o seu lugar,
nem uma palavra foi dita. Jesus olhou para todos e aliviou a tensão com um
sorriso para dizer: “Eu desejei muito compartilhar esta Páscoa convosco. Uma
vez mais gostaria de cear convosco, antes do meu sofrimento e, compreendendo
que a minha hora chegou, eu organizei esta ceia convosco nesta noite, pois, no
que concerne ao amanhã, estamos todos na mão do Pai, cuja vontade eu vim
cumprir. Eu não comerei convosco novamente até que vos assenteis comigo no
Reino que o meu Pai me dará quando eu tiver concluído o que Ele enviou-me
para fazer neste mundo”.

(1938.1) 179:2.2 Após o vinho e a água haverem sido misturados, trouxeram o


cálice a Jesus, que, ao recebê-lo da mão de Tadeu, segurou-o, enquanto
oferecia agradecimentos. E, quando acabou de fazer o agradecimento, ele disse:
“Tomai deste cálice e compartilhai-o entre vós e, quando beberdes dele,
compreendereis que eu não beberei de novo convosco do fruto da vinha, pois
esta é a nossa Última Ceia. Quando nos assentarmos novamente deste modo,
será no Reino que virá”.

(1938.2) 179:2.3 Jesus começou assim a falar aos seus apóstolos, porque sabia
que a sua hora havia chegado. Compreendeu que aquele era o momento em
que devia voltar ao Pai; e que a sua obra na Terra estava quase concluída. O
Mestre sabia que havia revelado o amor do Pai na Terra e proclamado a Sua
misericórdia à humanidade; e que havia completado aquilo que tinha vindo fazer
no mundo, até mesmo receber todo o poder e autoridade no céu e na Terra.
Sabia também que Judas Iscariotes havia decidido finalmente que o entregaria,
naquela noite, nas mãos dos seus inimigos. Jesus compreendia inteiramente que
essa entrega traidora era o trabalho de Judas, mas que também agradava a
Lúcifer, a Satã e a Caligástia, o príncipe das trevas. Jesus, todavia, não temia a
nenhum dos que buscavam sua derrota espiritual, como não temia àqueles que

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iriam encarregar- se da sua morte física. O Mestre não tinha senão uma
ansiedade, e esta era quanto à segurança e salvação dos seus seguidores
escolhidos. E assim, com o pleno conhecimento de que o Pai havia colocado
todas as coisas sob a Sua autoridade, o Mestre agora se preparava para colocar
em prática a parábola do amor fraterno.
3. Lavando os Pés dos Apóstolos

(1938.3) 179:3.1 Depois de beber o primeiro cálice da Páscoa, era do costume


judeu que o anfitrião saísse da mesa e lavasse as próprias mãos. Mais tarde,
durante a refeição e depois da segunda taça, todos os convidados também
deviam levantar-se e lavar as próprias mãos. Já que os apóstolos sabiam que o
seu Mestre nunca observava esses ritos do cerimonial de lavar as mãos, ficaram
curiosos para saber qual a intenção tinha quando, após haverem eles
compartilhado desse primeiro cálice, ele se levantou da mesa e silenciosamente
foi até perto da porta, onde tinham sido colocados os cântaros de água, as bacias
e as toalhas. E aquela curiosidade chegou ao assombro quando viram o Mestre
retirar o seu manto externo, guarnecer-se com uma toalha, e começar a jogar
água em uma das bacias para o lava-pés. Imaginai o assombro desses doze
homens, que se haviam há pouco recusado a lavar os pés uns dos outros, e que
haviam entrado naquelas disputas inconvenientes das posições de honra à mesa,
quando eles viram-no tomar a direção da extremidade não ocupada da mesa,
indo para o assento mais baixo da festa, onde Simão Pedro estava reclinado, e,
ajoelhando-se na atitude de um servo, preparar-se para lavar os pés de Simão.
Quando o Mestre ajoelhou- se, todos os doze se levantaram ao mesmo tempo
como se fossem um só; até mesmo o traidor Judas esqueceu-se da sua infâmia,
por um momento, enquanto levantava-se com os seus companheiros apóstolos
nessa expressão de surpresa, de respeito e de total assombro.

(1938.4) 179:3.2 Lá se encontrava Simão Pedro, olhando para baixo, vendo o


rosto voltado para cima do seu Mestre. Jesus não disse nada; não era necessário
que ele dissesse. A sua atitude revelava plenamente que estava disposto a lavar
os pés de Simão Pedro. Não obstante a sua fragilidade da carne, Pedro amava
o Mestre. Esse pescador galileu foi o primeiro ser humano a crer de todo o
coração na divindade de Jesus e a fazer uma confissão pública dessa crença. E
Pedro nunca havia duvidado realmente da natureza divina do Mestre. E, posto
que Pedro reverenciava e honrava a Jesus no seu coração, não era estranho
que a sua alma se ressentisse com o pensamento de Jesus ajoelhado lá diante
dele, na humilde atitude de um servo e propondo-se a lavar os seus pés, como
o faria um escravo. Logo que Pedro acalmou-se o suficiente para dirigir-se ao
Mestre, ele expressou os sentimentos que passavam pelo coração de todos os
seus companheiros apóstolos.

(1939.1) 179:3.3 Após alguns momentos, nesse grande embaraço, Pedro


perguntou: “Mestre, realmente pretendes lavar os meus pés?” E então, olhando
no rosto de Pedro, Jesus respondeu: “Tu podes não compreender plenamente o
que eu estou na iminência de fazer, mas no futuro tu saberás o significado de
todas essas coisas”. Então Simão Pedro, suspirando profundamente, disse:
“Mestre, nunca lavarás os meus pés!” E cada um dos apóstolos acenou com a
sua aprovação à firme declaração de Pedro, recusando-se a permitir que Jesus
se humilhasse, assim, diante deles.

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(1939.2) 179:3.4 O apelo dramático dessa cena inusitada, a princípio, tocou até
o coração de Judas Iscariotes; mas, quando o seu intelecto vaidoso fez um
julgamento do espetáculo, ele concluiu que esse gesto de humildade era apenas
mais um episódio para provar conclusivamente que Jesus nunca se qualificaria
para ser o Libertador de Israel, e que ele não havia cometido nenhum erro com
a decisão de desertar a causa do Mestre.

(1939.3) 179:3.5 Enquanto, estupefatos, todos continham a respiração, Jesus


disse: “Pedro, eu declaro que, se eu não lavar os teus pés, tu não terás nenhuma
participação comigo na obra que eu estou na iminência de realizar”. Quando
Pedro ouviu essa declaração, combinada ao fato de que Jesus continuava
ajoelhado, lá, aos seus pés, ele tomou uma dessas decisões de aquiescência
cega, de submissão ao desejo de alguém a quem ele respeitava e amava. E
como começou a surgir em Simão Pedro a compreensão de que, ligada a essa
ação proposta de serviço, estava alguma significação que determinava a ligação
futura com a obra do Mestre, ele não apenas reconciliou-se com o pensamento
de permitir a Jesus lavar os seus pés, como, à sua maneira característica e
impetuosa, ele disse: “Então, Mestre, lava não apenas os meus pés mas também
as minhas mãos e a minha cabeça”.

(1939.4) 179:3.6 Ao começar a lavar os pés de Pedro, o Mestre disse: “Aquele


que já está limpo necessita apenas que tenha os seus pés lavados. Vós que
sentais comigo nesta noite estais limpos — não todos, contudo. Mas o pó dos
vossos pés deveria ter sido lavado antes de vos sentardes para a refeição
comigo. E, além disso, eu gostaria de prestar esse serviço a vós, tal como uma
parábola para ilustrar o significado de um novo mandamento que eu em breve
dar-vos-ei”.

(1939.5) 179:3.7 De um modo semelhante, o Mestre contornou a mesa, em


silêncio, lavando os pés dos seus doze apóstolos, não fazendo exceção nem de
Judas. Quando terminou de lavar os pés dos doze, Jesus recolocou a sua túnica,
voltou ao seu lugar de anfitrião e, depois de olhar para os seus desnorteados
apóstolos, disse:

(1939.6) 179:3.8 “Realmente podeis compreender o que eu fiz para vós? Vós me
chamais de Mestre, e estais certos, pois eu o sou. Se, então, o Mestre lavou os
vossos pés, por que não estáveis dispostos a lavar os pés uns dos outros? Que
lição deveríeis aprender dessa parábola na qual o Mestre, com tão boa
disposição, faz o serviço que os seus irmãos não queriam fazer uns para os
outros? Em verdade, em verdade, eu vos digo: Um servo não é maior do que o
seu senhor; nem aquele que é enviado é maior do que aquele que o envia. Vós
vistes o caminho do serviço pela minha vida entre vós, e abençoados sois vós
que tereis a coragem graciosa de servir. Mas por que sois tão lentos para
aprender que o segredo da grandeza no Reino espiritual não é como os métodos
do poder no mundo material?

(1940.1) 179:3.9 “Nesta noite, quando eu entrei nesta sala, não vos contentando
em recusar por orgulho a lavar-vos os pés uns dos outros, também caístes na
disputa de quem deveria ter os lugares de honra à minha mesa. Tais honras são
buscadas pelos fariseus e pelos filhos deste mundo, e não devia ser assim,

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todavia, entre os embaixadores do Reino celeste. Não sabeis que não pode
haver lugares preferenciais à minha mesa? Acaso não compreendeis que eu
amo a cada um de vós como amo todos os outros? Não sabeis que o lugar mais
perto de mim, como os homens encaram essas honras, pode não significar nada
no que diz respeito à vossa posição no Reino do céu? Sabeis que os reis dos
gentios têm a soberania sobre os seus súditos, enquanto aqueles que exercem
essa autoridade, algumas vezes, são chamados de benfeitores. Mas não será
assim no Reino do céu. Aquele que quer ser grande entre vós, que se torne como
que o mais jovem; enquanto aquele que quer ser o dirigente, que se transforme
em alguém que serve. Quem é o maior, aquele que se senta para comer, ou
aquele que serve? Não é comumente considerado maior aquele que se senta
para comer? Mas vós ireis observar que eu fico entre vós como aquele que serve.
Se quiserdes tornar- vos os meus companheiros de serviço fazendo a vontade
do Pai, no Reino que está por vir, sentar-vos-eis comigo no poder, fazendo
também a vontade do Pai na glória futura”.

(1940.2) 179:3.10 Quando Jesus terminou de falar, os gêmeos Alfeus trouxeram


o pão e o vinho com as ervas amargas e a pasta de frutas secas, como o próximo
prato da Última Ceia.
4. Últimas Palavras ao Traidor

(1940.3) 179:4.1 Por alguns minutos os apóstolos comeram em silêncio, mas,


sob a influência do comportamento jovial do Mestre, logo foram levados a
conversar e a refeição passou a transcorrer como se nada de fora do comum
houvesse acontecido que interferisse no bom humor e na harmonia social dessa
ocasião extraordinária. Depois de algum tempo, mais ou menos na metade da
segunda parte da refeição, Jesus, olhando-os a todos, disse: “Eu declarei a vós
o quanto eu desejava realizar esta ceia convosco e, sabendo como as forças do
mal e das trevas conspiraram para a morte do Filho do Homem, eu determinei
compartilhar esta ceia convosco, nesta sala secreta, e um dia antes da Páscoa,
pois eu não mais estarei convosco amanhã a esta hora. Eu já vos disse
repetidamente que devo retornar ao Pai. Agora a minha hora chegou; e não se
faria necessário que um de vós me traísse entregando-me nas mãos dos meus
inimigos”.

(1940.4) 179:4.2 Quando os doze ouviram isso, tendo sido tirado deles muito da
sua segurança e autoconfiança, com a parábola do lava-pés e com o discurso
subseqüente do Mestre, eles começaram a olhar uns para os outros, enquanto
em tom desconcertado perguntavam hesitantes: “Serei eu?” E então, quando
eles todos se haviam perguntado isso, Jesus disse: “Já que é preciso que eu vá
para o Pai, não havia a necessidade de que um de vós se tornasse um traidor,
para que a vontade do Pai fosse cumprida. Isso é devido à maturação do fruto
do mal, escondido no coração daquele que não conseguiu amar a verdade com
toda a sua alma. Quão enganador é o orgulho intelectual que precede a queda
espiritual! Um amigo meu de muitos anos, que ainda agora compartilha comigo
do meu pão, está prestes a trair-me, este mesmo que agora coloca a sua mão
junto comigo no prato”.

(1940.5) 179:4.3 E quando Jesus acabou de dizer isso, eles começaram


novamente a perguntar: “Serei eu?” E Judas, assentado à esquerda do Mestre,

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de novo perguntou: “Serei eu?” Jesus, segurando o pão no prato das ervas,
passou-o a Judas, dizendo: “Tu o disseste”. Os outros, entretanto, não ouviram
Jesus falar a Judas. João, que estava reclinado no divã à mão direita de Jesus,
inclinou-se para perguntar ao Mestre: “Quem é? Deveríamos saber quem é que
se mostrou infiel à confiança nele depositada”. Jesus respondeu: “Eu já vos disse,
o mesmo a quem eu dei o pão empastado”. Era tão natural, entretanto, o anfitrião
assim passar um pedaço de pão àquele que se assentava próximo a ele à
esquerda, que nenhum deles notou isso, ainda que o Mestre tivesse dito tão
claramente. Mas Judas estava dolorosamente consciente do significado das
palavras do Mestre ligadas ao seu ato, tornando-se temeroso de que os seus
irmãos estivessem agora também cientes de que era ele o traidor.

(1941.1) 179:4.4 Pedro encontrava-se bastante agitado com aquilo que havia
sido dito e, inclinando- se para a frente sobre a mesa, dirigiu-se a João:
“Pergunte-lhe quem é; ou, se ele tiver dito a ti, dize-me quem é o traidor”.

(1941.2) 179:4.5 Jesus colocou um fim àqueles sussurros dizendo: “Entristeço-


me de que esse mal tenha acontecido e até este momento eu esperei que o
poder da verdade pudesse triunfar sobre o engano causado pelo mal, mas essas
vitórias não são ganhas sem a fé do amor sincero à verdade. Eu gostaria de não
ter de dizer essas coisas, nesta que é a nossa Última Ceia, mas desejei prevenir-
vos sobre esses sofrimentos e, desse modo, preparar-vos para o que nos espera.
Eu vos disse isso porque desejo que vos lembreis, depois que eu me for, de que
eu sabia sobre todas essas conspirações maldosas, e que vos preveni sobre a
traição feita contra mim. E tudo isso eu faço apenas para que sejais fortalecidos
contra as tentações e provações que estão pela frente”.

(1941.3) 179:4.6 Depois de falar assim, Jesus, inclinando-se para o lado de


Judas, disse: “O que decidiste fazer, faze-o rapidamente”. E quando Judas ouviu
essas palavras, ele levantou-se da mesa e apressadamente deixou a sala,
saindo pela noite a fim de executar o que havia decidido cumprir. Quando os
outros apóstolos viram Judas apressar-se e sair depois que Jesus falou com ele,
pensaram que ele havia saído à procura de algo complementar para a ceia, ou
para cuidar de alguma mensagem para o Mestre, pois supunham que ele ainda
estivesse com a bolsa.

(1941.4) 179:4.7 Jesus sabia agora que nada poderia ser feito para impedir que
Judas se tornasse um traidor. Ele começara com doze — agora estava com onze.
Escolhera seis dentre esses apóstolos, e ainda que Judas estivesse entre
aqueles indicados pelos próprios apóstolos escolhidos inicialmente, mesmo
assim o Mestre aceitara- o, e havia, até esta mesma hora, feito tudo o que era
possível para santificá-lo e salvá-lo, do mesmo modo que havia trabalhado para
a paz e a salvação dos outros.

(1941.5) 179:4.8 Essa ceia, com os seus episódios de ternura e com os seus
toques de brandura, foi o último apelo de Jesus ao desertor Judas; mas esse
apelo resultou em vão. Uma vez que o amor esteja realmente morto, a
advertência, mesmo quando ministrada da maneira mais cuidadosa e transmitida
com o espírito mais bondoso, via de regra, apenas intensifica o ódio e acende a
determinação maldosa de efetuar integralmente os próprios projetos egoístas.

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5. Instituindo a Ceia da Lembrança

(1941.6) 179:5.1 Quando lhe trouxeram o terceiro cálice de vinho, o “cálice da


bênção”, Jesus levantou-se do divã e, tomando o cálice nas suas mãos,
abençoou-o, dizendo: “Tomai deste cálice, todos vós, e bebei dele. Este será o
cálice da lembrança de mim. Este é o cálice da bênção de uma nova
dispensação de graça e verdade. E será, para vós, o emblema do outorgamento
e da ministração do divino Espírito da Verdade. E eu não beberei novamente
deste cálice convosco até que, em uma nova forma, possa beber convosco no
Reino eterno do Pai”.

(1942.1) 179:5.2 Os apóstolos todos sentiram que alguma coisa de fora do


ordinário estava acontecendo, enquanto bebiam desse cálice da bênção em
reverência profunda e em perfeito silêncio. A velha Páscoa comemorava a
emergência dos seus pais, de um estado de escravidão racial para a liberdade
individual; agora o Mestre estava instituindo uma nova ceia da lembrança como
um símbolo da nova dispensação, na qual o indivíduo escravizado emerge do
aprisionamento ao cerimonialismo e ao egoísmo, para a alegria espiritual da
fraternidade e da irmandade dos filhos libertados do Deus vivo.

(1942.2) 179:5.3 Quando terminaram de beber dessa nova taça da lembrança,


o Mestre tomou do pão e, após dar as graças, partiu-o em pedaços e, mandando
que o passassem adiante, disse: “Tomai este pão da lembrança e comei-o. Eu
vos disse que sou o pão da vida. E este pão da vida é a vida unida do Pai e do
Filho, em uma só dádiva. A palavra do Pai, como revelada no Filho, é de fato o
pão da vida”. Depois de haverem comido do pão da lembrança, o símbolo da
palavra viva da verdade encarnada à semelhança da carne mortal, todos se
sentaram.

(1942.3) 179:5.4 Ao organizar esta ceia de lembrança, o Mestre, como era


sempre do seu hábito, recorreu a parábolas e a símbolos. Ele empregou
símbolos porque queria ensinar algumas grandes verdades espirituais, de uma
tal maneira que tornasse difícil para os sucessores apegarem-se a
interpretações precisas e significados definidos para as suas palavras. Desse
modo ele buscou impedir gerações sucessivas de cristalizarem o seu
ensinamento e de ligarem os seus significados espirituais às correntes mortas
da tradição pelo dogma. Ao estabelecer a única cerimônia ou sacramento ligado
à missão de toda a sua vida, Jesus tomou um grande cuidado em sugerir os seus
significados mais do que em comprometer-se com definições precisas. Ele não
queria destruir o conceito individual de comunhão divina, estabelecendo uma
forma precisa; nem desejava limitar a imaginação espiritual do crente,
paralisando-a formalmente. Ele buscava mais deixar livre a alma do homem
renascido, nas asas jubilosas de uma liberdade espiritual nova e viva.

(1942.4) 179:5.5 Não obstante o esforço do Mestre, de estabelecer assim esse


novo sacramento da lembrança, aqueles que o seguiram, nos séculos seguintes
se encarregaram de opor-se a que o seu desejo expresso fosse efetivamente
satisfeito, naquilo em que o simbolismo espiritual simples daquela noite na carne
teria sido reduzido a interpretações precisas e submetido à precisão quase

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matemática de uma fórmula estabelecida. De todos os ensinamentos de Jesus,
nenhum se tornou mais padronizado pela tradição.

(1942.5) 179:5.6 Essa ceia da lembrança, quando compartilhada por aqueles


que são crentes dos Filhos e conhecedores de Deus, não precisa ter quaisquer
das interpretações malfeitas e pueris dos homens ligadas ao seu simbolismo, a
respeito do significado da divina presença, pois em todas essas ocasiões o
Mestre está presente realmente. A ceia da lembrança é um encontro simbólico
do crente com Michael. Quando vós vos tornais assim conscientes do espírito, o
Filho está realmente presente, e o seu espírito confraterniza-se com o fragmento
residente do seu Pai.

(1942.6) 179:5.7 Após haverem entrado em meditação, por alguns momentos,


Jesus continuou falando: “Quando fizerdes essas coisas, relembrai-vos da vida
que eu vivi na Terra entre vós e rejubilai, pois eu devo continuar a viver na Terra
convosco, servindo por vosso intermédio. Como indivíduos, não tenhais entre
vós disputas sobre quem será o maior. Sede como irmãos. E, quando o Reino
crescer e abranger grandes grupos de crentes, do mesmo modo deveríeis
abster-vos de disputas pela grandeza e de buscar a preferência entre tais
grupos”.

(1943.1) 179:5.8 E essa ocasião grandiosa teve lugar na sala do andar superior
da casa de um amigo. Nem a ceia nem a casa apresentavam qualquer forma
sagrada de consagração cerimonial. A ceia da lembrança foi organizada sem a
sanção eclesiástica.

(1943.2) 179:5.9 Depois que Jesus estabeleceu assim a ceia da lembrança, ele
disse aos apóstolos: “E, sempre que fizerdes isso, fazei em lembrança de mim.
E quando vos lembrardes de mim, primeiro olhai para a minha vida na carne,
lembrai-vos de que eu estive certa vez entre vós e, então, pela fé, podeis saber
que todos vós ireis algum dia cear comigo no Reino eterno do Pai. Esta é a nova
Páscoa, que eu deixo convosco; a da memória à minha vida de auto-outorga, a
palavra da verdade eterna; e do meu amor por vós, da efusão do meu Espírito
da Verdade sobre toda a carne”.

(1943.3) 179:5.10 E concluíram essa celebração da velha Páscoa, que, sem


derramamento do sangue de sacrifício, estabelecia a inauguração da nova ceia
da lembrança, cantando todos juntos o salmo cento e dezoito.

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As plantas sentem dor?
Para uma resposta rápida clique aqui.

Publicação original: Gato Verde.


Gary L. Francione (Tradução de Claudio Godoy) em 2006.

É uma pergunta frequente que fazem aos veganos. Na verdade, não conheço
nenhum vegano que não a tenha ouvido pelo menos uma única vez, e a maioria
de nós já ouviu esta pergunta várias vezes.

É evidente que quem costuma fazer esta pergunta sabe muito bem que existe
uma diferença entre, digamos, uma galinha e um pé de alface. Ou seja, se no
próximo jantar você cortar um pé de alface na frente dos seus convidados, eles
reagirão de um modo totalmente diferente se você, ao invés disso, fatiar uma
galinha viva na frente deles.

Se, ao caminhar em seu jardim, eu pisar de propósito em uma flor, você terá toda
razão em se zangar comigo, mas se eu chutar o seu cachorro de propósito, você
ficará zangado comigo de uma maneira bem diferente. Ninguém considera estas
duas ações equivalentes. Sabemos muito bem que existe uma grande diferença
entre uma planta e um cachorro, o que faz com que chutar este último seja
moralmente muito mais repreensível do que pisar em uma flor.

A diferença entre um animal e uma planta diz respeito à senciência. Ou seja, os


animais não humanos, ou pelo menos aqueles que exploramos rotineiramente,
sem dúvida são conscientes de sua percepção sensorial. Criaturas sencientes
possuem mentes, logo têm preferências, desejos ou vontades. Isso não significa
que as mentes dos animais não humanos sejam parecidas com as nossas. Por
exemplo, a mente dos humanos, que fazem uso da linguagem simbólica para
interagir com o seu mundo, pode ser bem diferente da mente dos morcegos, que
se valem da ecolocalização para interagir com o seu mundo. É difícil saber com
precisão.

Mas também é irrelevante, pois tanto os humanos quanto os morcegos são


sencientes. Ambos são criaturas que possuem interesses, no sentido em que
ambos têm preferências, desejos ou vontades. Um humano e um morcego
podem pensar de um modo diferente sobre esses interesses, mas não pode
haver a menor dúvida de que ambos possuem interesses, inclusive o interesse
de evitar a dor e o sofrimento e o interesse de permanecerem vivos.

Já as plantas são qualitativamente diferentes dos humanos e dos outros animais


sencientes. Sem dúvida as plantas são seres vivos, mas não são sencientes,
pois não possuem interesses. Uma planta não pode ter desejos, vontades ou
preferências porque ela não possui uma mente para que possa se ocupar com
estas atividades cognitivas.

Quando dizemos que uma planta “precisa” ou “necessita” de um pouco de água,


não estamos nos referindo ao seu status mental do mesmo modo que não
estamos nos referindo à mente de um carro quando dizemos que o seu motor

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“precisa” ou “necessita” de um pouco de óleo. Trocar o óleo do meu carro pode
ser do meu interesse, mas nunca do interesse do carro, pois este não tem
interesses.

Uma planta pode reagir à luz do sol e a outros estímulos, mas isso não significa
que ela seja senciente. Se eu descarregar uma corrente elétrica em um fio
amarrado a um sino, o sino tocará. Mas isso não significa que o sino seja
senciente.

As plantas não possuem sistemas nervosos, receptores de benzodiazepina


ou quaisquer características que estejam relacionadas à senciência.

E tudo isso faz sentido do ponto de vista científico. Por que elas teriam a
necessidade evolucionária de desenvolver a senciência se elas não podem fazer
nada para reagir a um ato danoso? Se você atear fogo a uma planta, ela não
poderá sair correndo, ela permanecerá no mesmo lugar até queimar. Agora se
você atear fogo a um cachorro, ele reagirá exatamente da mesma forma como
você reagiria: ele urrará de dor e tentará se livrar das chamas.

A senciência é uma característica que evoluiu em algumas criaturas para que


elas pudessem ser capazes de sobreviver ao fugir de um estímulo nocivo. A
senciência não teria nenhuma serventia para uma planta, pois elas não podem
“fugir”.

Não estou querendo dizer com isso que não existe nenhuma obrigação moral de
nossa parte referente às plantas, mas sim que não temos nenhuma obrigação
moral para com as plantas. Ou seja, podemos ter a obrigação moral de não cortar
uma árvore, mas esta é uma obrigação que não temos para com a árvore. Uma
árvore não é o tipo de entidade com a qual nós podemos ter obrigações morais.

Podemos ter obrigações morais para com todas as criaturas sencientes que
vivem em uma árvore ou dependem dela para a sua sobrevivência. Podemos ter
obrigações morais para com os outros seres humanos e para com os outros
animais não humanos que habitam o planeta no que se refere à não destruição
de árvores a torto e a direito. Mas não podemos ter nenhuma obrigação moral
para com uma árvore, pois só podemos ter obrigações morais para com criaturas
sencientes e uma árvore não é nem senciente nem possui interesses, pois ela
não tem preferências, vontades nem desejos.

Uma árvore não é o tipo de entidade que se preocupa com o que fazemos com
ela. Uma árvore é um “objeto”. Já o esquilo e os pássaros que vivem nela sem
dúvida têm o interesse de que nós não a derrubemos, mas a árvore não. Pode
ser moralmente repreensível derrubar uma árvore por capricho, mas este tipo de
ação é qualitativamente diferente do ato de atirar em um cervo.

Quando se fala em “direitos” para as árvores, como querem alguns, procura-se


igualar as árvores aos animais não humanos e este tipo de comparação só pode
se dar em detrimento destes últimos. De fato, é comum ouvir ambientalistas falar
sobre a nossa responsabilidade na preservação de nossos recursos naturais,

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considerando inclusive os animais não humanos como um “recurso” a ser
preservado.

E isso é um grande problema para aqueles como nós que não consideram os
animais não humanos como “recursos” destinados ao nosso uso. Árvores e
outras plantas são recursos que podemos utilizar. Temos a obrigação de usar
estes recursos com sabedoria, mas esta é uma obrigação que nós temos apenas
para com as outras pessoas, sejam elas humanas ou não humanas.

Para finalizar, existe uma variação da pergunta sobre as plantas: “e os insetos,


eles são sencientes?” Até onde eu posso saber, ninguém ainda sabe com
certeza. Mas certamente eu concedo aos insetos o benefício da dúvida. Eu não
mato insetos em minha casa e procuro sempre evitar pisar em um deles quando
caminho.

No caso dos insetos, pode ser difícil traçar o limite, mas isso não significa que
este limite não possa ser traçado com precisão na maioria dos casos. Matamos
e comemos pelo menos dez bilhões de animais terrestres todos os anos apenas
nos Estados Unidos. Esta cifra não inclui todos os animais marinhos que
matamos e comemos. Talvez possa haver alguma dúvida se animais como
mariscos ou mexilhões sejam mesmo sencientes, mas sem dúvida todas as
vacas, porcos, galinhas, perus, peixes, etc. são sencientes. Os animais não
humanos dos quais tiramos o leite e os ovos sem dúvida são sencientes.

O fato de não sabermos ao certo se os insetos são sencientes não significa que
devemos ter qualquer dúvida sobre o fato de que todos estes outros animais não
humanos são sencientes, pois estamos absolutamente certos quanto a isso. E,
ao dizer que o fato de que não estamos certos se os insetos são sencientes nos
impede de avaliar a moralidade de se comer carne ou de usar produtos oriundos
de animais não-humanos que sabemos sem sombra de dúvida serem sencientes
ou de avaliar a moralidade de trazer estes animais não humanos à existência
com o objetivo de usá-los como nossos “recursos” evidentemente é um absurdo.

Gary L. Francione © 2006 Gary L. Francione / Fonte: Consciência Blog.

E as plantas carnívoras?
Por Bruno Müller / Seres livres

Como propriamente é nomeada é uma planta.

Voltando a abordar as questões mais recorrentes que vegetarianos e veganos


enfrentam, quero tratar de uma das mais populares entre os onívoros.
Uma pergunta que sempre aparece, com variações: “mas e as plantas? Elas
também não sentem dor? Porque devemos ter compaixão pelos animais e não
por elas?”

Por mais absurda que seja a questão, e por mais que eu esteja convencido que
ela raramente é posta com propósito sincero, vale a pena se debruçar sobre ela,
até para demonstrar a desonestidade de quem a coloca. Ela raramente é

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motivada por uma dúvida sincera sobre a diferença (ou não) nas implicações
éticas do uso de animais e plantas por seres humanos. Geralmente é um álibi
dos onívoros para justificar seus hábitos: “se não podemos ser éticos em igual
medida com animais e plantas, então seria arbitrário poupar apenas um deles,
sendo mais lógico e justo vitimar ambos”. Como veremos, há um oceano de
distância nas implicações éticas do uso de animais e de plantas. Os pretensos
defensores das plantas — que eu jocosamente chamo de “alfascistas” (conjunção
de “alface” com “fascista”) — na verdade guardam parentesco com os relativistas
e os realistas políticos. Como os primeiros, diante da impossibilidade de justificar
seus desvios éticos, buscam apontar o dedo acusador para seus críticos,
julgando que os erros que eles também cometem — mesmo que apenas
presumidos — eximem-nos de responsabilidade pelos seus próprios erros. Como
os realistas, sugerem que a impossibilidade de chegar a padrões mínimos de
moralidade e ética não apenas invalidam a busca por estes padrões, como
justificam a ação totalmente desvinculada de ambos.

Geralmente a questão vem na forma da afirmação: “os vegetais também são


seres vivos”. É aqui que começa a se mostrar a fragilidade de seus “argumentos”.
De fato os vegetais são seres vivos. Mas alguns vegetais sequer precisam ser
mortos para serem comidos. Tira-se a folha, ou o fruto, e o vegetal continua lá
vivo. Também se pode deixar a raiz e o vegetal vai continuar a crescer. Agora,
quando se tira o vegetal pela raiz, é inegável, ele morre.

A outra forma mais famosa de confrontar os vegetarianos é dizer: “os vegetais


também sentem”. Essa, que na verdade é a questão central, não é de melhor
valia para os alfascistas. Aqui entra a questão da senciência, que qualquer
pessoa que se dê ao trabalho de investigar as razões do veganismo deveria
conhecer. Senciência é o termo que usamos para explicar porque somos
veganos. Resumindo, dizemos que os vegetais não têm senciência, ou seja, não
sofrem. Agora, algumas pessoas mais bem informadas ou mais espertas ou mais
interessadas em nos confrontar, podem alegar que existem estudos sobre a
capacidade das plantas de “sentir” a agressividade do ambiente, ou o fato delas
responderem a estímulos (como a planta dormideira, que se fecha ao ser tocada).

Eis algumas formas de responder estas questões:

1. Os estudos sobre a sensibilidade das plantas são inconclusivos, nunca foram


repetidos (pré-requisito para um experimento científico ter validade) e alguns
cientistas consideram-nos como verdadeiras fraudes.

2. As plantas não têm sistema nervoso central, logo é impossível para elas
sofrerem e sentir dor.

3. As plantas são fixadas na terra; elas não podem fugir de um predador, no


máximo ter espinhos; o sistema nervoso e a sensação de dor servem justamente
de alerta para que os animais fujam de perigo iminente — se a planta não pode
fugir, pra que precisaria sentir dor? Senciência, para elas, é desnecessário; seria
mesmo contraditório com sua própria condição.
Sobre as plantas carnívoras

71
4. Responder a estímulos não é igual a ter senciência. Até organismos não-vivos
como células e proteínas respondem a estímulos. Mesmo que as plantas tenham
algum tipo de sensibilidade, ela seria muito diferente da senciência dos animais.
Mesmo os estudos que tratam da sensibilidade das plantas constatam isso. Elas
podem ter mecanismos de defesa, atração, estratégias de dispersão de
sementes ou mesmo captura de presas. Mas nada indica que elas experimentem
dor ou sentimentos.

5. É provado que podemos viver sem explorar, matar, comer animais. Mas
podemos viver sem plantas? Lembrando que usamos plantas não só na
alimentação, mas para fazer várias outras coisas, desde produtos de higiene e
limpeza, medicamentos, até roupas e utensílios domésticos e móveis. Viver sem
usar plantas, se não for impossível, exigiria que voltássemos a viver na selva.
No caso das plantas, portanto, pode-se alegar com muito mais propriedade que
nossas vidas dependem dela — o que não é de modo algum verdadeiro no caso
dos animais não-humanos.

6. Se a pessoa ainda assim acha que não há diferença entre usar plantas e
animais — e acredite-me, ela só dirá isso se estiver competindo, e não dialogando,
pois qualquer pessoa com bom senso (não precisa nem inteligência) é capaz de
perceber a diferença — então pode-se dizer duas coisas:

6a. Podemos optar por causar mais dano ou menos dano. É sempre preferível,
quando o dano é inevitável, causar menos dano. Creio que qualquer pessoa, a
menos que seja nazista ou coisa parecida, terá que concordar com este princípio.
E o fato indiscutível é que comer e usar plantas diretamente causa menos dano,
porque se temos que infligi-lo, e podemos optar em fazê-lo a animais E plantas
ou só a plantas, o melhor a fazer é causar dano só às plantas. Até porque, afinal,
os animais também comem vegetais e derivados, e um boi, alguns porcos ou
muitas galinhas comem muito mais vegetais do que um ser humano comum. Se
considerarmos o tanto de animais para consumo que existem no planeta,
veremos quantas toneladas de vegetais nós lhes damos para os comê-los depois,
o que será revertido numa quantidade bem menor de carne, que além de tudo é
um alimento mais pobre. Aqui percebe-se como até de uma pergunta banal,
provavelmente debochada, pode-se extrair uma reflexão relevante. Se esse
interlocutor hipotético acha mesmo que devemos consideração às plantas, ainda
assim teria de ser vegetariano: produz-se e consome-se muito menos plantas se
nos alimentamos diretamente delas, causando, consequentemente, menos dano
não só aos animais, mas às próprias plantas e a todo o ecossistema. Tantas
plantas sendo dadas a animais é desperdício de comida e uma pressão extra
sobre as florestas remanescentes. É mais racional, sob todos os aspectos,
alimentar-se diretamente de fontes vegetais. Além de poupar os animais, desse
temos mais excedente de alimentos (ajudando no combate à fome, que é um
fenômeno político) e ajudamos a reduzir a dependência da importação de
alimentos e a derrubada de florestas.

6b. Se, em todo caso, a pessoa DE FATO se preocupa em poupar a vida dos
vegetais, ela tem a opção de adotar o frugivorismo (frutos e frutas), que embora
restrito e requeira muito cuidado, é viável. Não há, sob qualquer prisma, em
qualquer sistema de crenças, qualquer dilema ético na alimentação frugívora,

72
afinal, as frutas não são seres vivos, são parte do sistema reprodutor dos
vegetais, e EXISTEM PARA SEREM COMIDOS, pois é ao comê-los que os
animais espalham as sementes dos vegetais, permitindo assim que nasça uma
nova geração deles. De todo modo, a maior parte da nossa alimentação se dá
pelo consumo de sementes, frutos, tubérculos, leguminosasc Muito pouco do
que a gente come tem que ser “morto”. Mas daí cabe a ressalva do que
mencionei no item 5: para ser coerente, o “frugívoro ético” não pode usar nenhum
produto de origem vegetal, que é justamente o que os veganos fazem em relação
aos animais, e este seria o verdadeiro “dilema ético” de usar vegetais.

Quis ser o mais abrangente possível neste texto, para dar argumentos aos
vegetarianos confrontados com essa “pegadinha” dos onívoros. Minha
experiência mostra que raramente precisamos usar todos esses contra-
argumentos. Depois de um ou dois deles, as pessoas desistem de nos
questionar, diante da fragilidade de seus próprios “argumentos”.

Fonte: http://sereslivres.blogspot.com.br/search/label/Vegetais
Quem quiser saber mais sobre os estudos sobre a sensibilidade das plantas e
sua contestação: http://brazil.skepdic.com/plantas.html

E as alfaces?
Publicação original: Cultura Veg

Algumas vezes os veganos e vegetarianos são vítimas de provocações a


respeito do direito das plantas. Assim, muitas pessoas que comem carne alegam
que os vegetais (e principalmente as alfaces) também sentem dor e que os
vegetarianos e veganos não são tão melhores do que eles, pois estão matando
e causando sofrimento, da mesma maneira que eles causam.

Este argumento é bastante infundado cientificamente, mas parece ter bastante


força, principalmente para quem come carne. Ele serve como uma auto-
justificativa de que está tudo bem e de que a escolha pelo churrasco não é anti-
ética e apenas uma necessidade para sobreviver. Isso pode afagar o ego das
pessoas, mas mesmo que as plantas sentissem algum tipo de sofrimento quando
são mortas é de se pensar que o argumento ainda assim é infundado por uma
simples questão matemática: se ambas as plantas e os animais sofrem ao serem
mortos para alimentação, comer plantas ainda sim é menos danoso, já que para
comer animais é preciso, da mesma maneira, matar plantas para alimentá-los.
Ou seja, quando se come animais se mata duas vezes mais e se causa duas
vezes mais sofrimento do que quando se come diretamente a planta.

Mas, claro que este argumento vem em último caso: no caso das plantas
sentirem realmente algum tipo de sofrimento. Este é o caso?

Vamos começar pensando sobre o que é dor. Dor é uma reação negativa gerada
pelo sistema nervoso do organismo, em relação a algum evento, objeto ou
substância que esteja danificando algum tecido. Esta reação tem a função de
ajudar o organismo a associar a sensação desprazerosa à substância ou evento
nocivo, gerando um aprendizado e evitando que a aproximação do indivíduo para
junto da substância ocorra novamente, podendo levar à morte do animal. É

73
importante lembrar que o conceito de dor está mais ligado à sensação negativa
do que ao reflexo motor de afastamento do objeto, ou seja, seria possível existir
reflexo sem sensação negativa (tirar a mão do fogo como um auto-reflexo), mas
neste caso, porém, não ocorrerá aprendizado, pois não haverá associação entre
o estímulo que danifica (fogo) e a sensação ruim. Ou seja, a dor é muito
importante, pois evita que repitamos o ato de se aproximar de objetos,
substâncias e ocasiões potencialmente perigosas para a vida.

É preciso um sistema nervoso para que haja dor? Bem, é preciso que exista
alguma rede de células que consiga capturar a informação de que o tecido está
sendo danificado. No ser humano, por exemplo, existem neurônios
especializados em gerar impulsos (ou potenciais de ação, tecnicamente falando)
somente quando há dano no tecido. Em seguida, é preciso que a informação vá
para uma rede central de neurônios que possa associar esta informação de dano
a uma sensação desprazerosa — que pode ser a diminuição de substâncias que
geram prazer ou que mantenham o corpo em equilíbrio (chamadas de
neurotransmissores). É preciso que a resposta de associação seja imediata e
que uma resposta de afastamento (reflexo de tirar a mão do fogo, por exemplo)
ocorra.

Claro que tudo está muito resumido, mas é necessário entender que é preciso
ocorrer comunicação entre o ambiente externo e interno do organismo, gerando
respostas de afastamento motor (movimento), emoções (medo — aumento da
frequência cardíaca, por exemplo), sensação negativa de incômodo e
associação desta sensação com o objeto danoso, gerando aprendizado.

Em primeiro lugar a função de comunicação não deve ocorrer necessariamente


através de neurônios, ou seja, apesar das plantas não terem neurônios é bem
possível que elas possuam células que comuniquem algum dano ocorrido em
seu tecido. Aqui, eu falo algo que não é necessariamente cientificamente
provado, mas é mais uma possibilidade filosófica, pois seria sim possível que
outros tipos de células, que não neurônios, assumissem a mesma função que
eles. Assim, é possível sim que exista uma espécie de rede difusa de células
que comuniquem dano de tecido em plantas gerando uma resposta.

O problema é que apesar das plantas se moverem (em um ritmo quase


imperceptível para nossos sentidos), a resposta que seria gerada não seria
rápida suficiente para levar ao afastamento ou adaptação da planta ao agente
nocivo — por exemplo, a um inseto que come suas folhas. Assim, não faz muito
sentido que se tenha evoluído um sistema que gere um estímulo desagradável
na planta, mas que não é eficiente, no sentido de não gerar uma resposta
realmente significativa para a defesa e sobrevivência da planta.

Existem alguns relatos de pseudociência (estudos que alegam ser científicos,


mas que não conseguem ser devidamente validados) que alegam que as plantas
sentem dor.

Um dos livros mais famosos é o “The secret life of plants”, de Peter Tompkins e
Christopher Bird. Neste livro alega-se, inclusive consciência em plantas.

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Eu acredito que é possível sim que exista algum tipo de senciência em todos os
reinos vegetais, minerais e animais, mas isso não é nada científico, mas apenas
uma expressão do reflexo do que considero ser o universo. Se existir de fato
uma conexão entre os seres vivos e não-vivos, é possível sim que todas as
formas se conectem de alguma maneira, mas no que se refere à dor como
conceito científico — seu significado fisiológico e seu possível papel adaptativo
na seleção natural — não faz sentido que plantas sintam, de fato, dor. Se sentem
algo diferente, não sei, mas dor como os animais conhecem, não sentem.

Bem, isso não é uma justificativa para sair matando e desrespeitando a vida das
plantas ou até de outras formas, como fungos, bactérias ou animais que alguns
considerem possuir sistemas nervosos mais simples. O que devemos considerar
é o sagrado da vida, ou para os mais céticos, o simples fato de que a vida é
muito rara neste universo (pelo menos até o que sabemos). Se é assim, não
existe motivo nenhum para matar e destruir qualquer criatura ou mesmo sair
bravejando contra pedaços de pedra, simplesmente porque não se tem respeito
a nada.

Ainda estamos longe de considerarmos a sacralidade da vida humana, de


animais não humanos nem se fala, o que dirá de plantas, mas isso não é
desculpa para ignorarmos seus direitos, mesmo que elas não sintam dor como
nós entendemos.

No final, levando em conta a sacralidade da vida e mínimo respeito ao planeta e


suas associações, sempre devemos refletir sobre nossos atos e as
consequências para os outros seres vivos e associações de ecossistemas.
Comer animais não é nenhum pouco necessário do ponto de vista biológico e,
portanto, não pode ser ético de nenhuma maneira. Comer plantas, entretanto, já
é uma necessidade e mantendo o respeito pela vida devemos então considerar
como causar o menor dano possível ao seu direito de existência, afinal, todas as
criaturas deveriam ter o direito a sua vida. Considerando isso, fica então aberta
a questão sobre a mutilação que nossos hábitos vêm causando no planeta.

Ser vegano é muito ético, mas nem todo vegano considera o boicote aos
transgênicos, aos agrotóxicos, ao óleo de palma, à poluição ambiental que seus
hábitos vegetarianos podem causar se não realizados de maneira consciente.

Assim, vamos tentar expandir o veganismo para algo ainda mais global, em que
a vida e o equilíbrio dos ecossistemas seja também colocado em questão.

No fim, acredito que o veganismo seja apenas o passo inicial e de resto, falar de
alfaces que choram e de legumes assassinados ainda não apaga o sangue, o
terror e o genocídio que a gula da nossa sociedade faz com os animais. Vamos
lembrar sempre disso: é pouco provável que as plantas sintam dor como a
conhecemos, mas é totalmente provado cientificamente que os animais — que
não temos necessidade de matar e torturar — sentem dor, medo e pavor, por isso,
vamos dar um basta à violência que causamos!

Observação: de um ponto de vista filosófico não existe verdade absoluta,


portanto existe uma pequena probabilidade de que plantas sintam dor, afinal

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existe também a possibilidade de que a teoria da evolução não esteja correta.
Apesar disso, a probabilidade de que ela esteja correta e de que não faça sentido
que plantas sintam dor é muito alta, portanto dei um peso maior a esta hipótese
do que a outra, em que teria que desconsiderar o peso da seleção natural.

Texto autorizado pela autora: Camila Victorino / Pensando ao contrário /


http://www.pensandoaocontrario.com.br

Veganismo não é religião!


Significado de religião: ¹Crença de que existem forças superiores (sobrenaturais),
sendo estas responsáveis pela criação do universo; crença de que essas forças
sobrenaturais regem o destino do ser humano e, por isso, devem ser respeitadas.

NÃO HÁ NADA DE SOBRENATURAL NO VEGANISMO

Leia mais definições dicionarizadas sobre religião: ²Comportamento moral e


intelectual que é resultado de crença religiosa. Reunião dos princípios, crenças
e/ou rituais particulares a um grupo social, determinado de acordo com certos
parâmetros, concebidos a partir do pensamento de uma divindade e de sua
relação com o indivíduo.

No veganismo não há nenhuma fé no âmbito religioso, a filosofia não se baseia


em uma crença em Deus ou crença nos santos ou em qualquer outra forma de
convicção doutrinária. Não existem rituais no veganismo tampouco uma
divindade.

A seguir apresento outros autores e suas publicações esclarecendo que o


veganismo não é religião.
GUIA VEGANO

Perguntas e respostas sobre o veganismo:


É UMA QUESTÃO DE OPINIÃO — COMO RELIGIÃO?

As religiões são baseadas em escrituras, tradições, dogmas e superstições


milenares. Eu sou cristão e acredito em Deus, mas se você é ateu (como eu era)
então poderia dizer que a religião não tem provas concretas. Isso é sua opinião.

No entanto, o veganismo é baseado em fatos concretos e inegáveis para


qualquer ser humano. O abuso dos animais é real, bilhões de animais são mortos
diariamente. Isso não é uma opinião. Se você tem alguma consideração pela
vida dos animais e um desejo de não machucá-los ou matá-los, então não faz
sentido continuar pagando pelo seu sofrimento.

DEUS CRIOU OS ANIMAIS PARA NOS SERVIR, LI NA BÍBLIA.


Quando eu li a Bíblia, em nenhum lugar encontrei nada dizendo que você é
OBRIGADO a matar e comer animais. Acho que ninguém acredita que “Deus vai

76
te mandar para o inferno” se você virar vegano. Aliás, para mim ser vegano é
uma escolha baseada na compaixão, na paz, na compreensão de que toda vida
tem valor. A religião não é um fator determinante nesse assunto. “Bem-
aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.”Mateus
5:7.

VEGANISMO NÃO TEM NADA A VER COM RELIGIÃO


Publicação: Márcio Linck / ANDA

É muito evidente que nos dias atuais o veganismo tem servido para aglutinar
denuncias legítimas em relação à teia de crueldade e exploração dos animais e
as devidas reivindicações justas em defesa dos seus direitos. Mas, mais que um
veículo, não único obviamente, para a conquista desses direitos, é em si um
conceito que idealiza uma condição e modo de vida de estar vegano e com isso
evitar hábitos e práticas que impliquem o sofrimento e a dor alheia a seres
indefesos e sencientes. Para uns, movimento ativista que tenta romper
paradigmas culturais moldados no antropocentrismo e especismo “civilizatório”
e para outros o cotidiano traduzido numa ética prática de se fazer o dever de
casa. É claro que ambas situações/condições se mesclam e se fundem na vida
de muitos que assim assumem esse modo de vida vegano.

Como conceito que abrange essas inúmeras possibilidades pertinentes a uma


decisão individual por escolhas de consumo que não impliquem
exploração/utilização de animais é possível substituir o termo “vegano” por
libertador ou abolicionista, pois na prática é esse o resultado mais imediato que
se deseja, o de interromper esse sistema de escravização dos animais.

É preciso ter em mente que cada indivíduo decreta a sua “Lei Áurea” aqui e
agora, e a soma desses decretos individuais é que transformarão a grande
estrutura desse sistema perverso.

O grande perigo de todo e qualquer idealismo é o apego aos rótulos que o


identificam e com o veganismo não está sendo diferente. Assim como o “hábito
não faz o monge”, apenas o rótulo “vegano(a)” não torna necessariamente
alguém “superior” ou melhor que os outros. Se o espelho estiver embaçado e
não for possível um olhar para si, basta a convivência real ou virtual com nossos
pares de causa. Nesse sentido o veganismo acaba tendo semelhança com uma
espécie de seita ou religião, onde o recém “convertido” tenta impor na marra sua
crença ou mensagem de salvação, esquecendo sua condição “pecadora” pré-
vegana! E muitas vezes a pregação pode mais afastar do que trazer “fiéis” para
a causa e o fanatismo acaba sendo pior apenas para os animais. Nesse sentido
basta reparar o que acontece nas redes sociais ou grupos de discussão. Se
quiseres afastar um simpatizante ou futuro vegano para a causa basta colocá-lo
num desses grupos.

O veganismo não é religião. E se assim for encarado, daí sim terá mais desafios
e problemas para além daqueles intrínsecos ao mesmo. E a cartilha com
mandamentos e deveres a serem cumpridos serão cobradas e patrulhadas,
principalmente por colegas de dentro da “Igreja”. E ai daquele irmão que pecar

77
e ainda tiver um resquício pregresso de conduta não vegana, seja por um detalhe
em algum calçado ou vestimenta, seja pelo consumo desinformado de um
produto (ainda que isentos de origem animal), porém de uma marca não vegana,
seja por ocasião de uma confraternização entre familiares ou amigos e for visto
entrando num restaurante do “mal”, seja por beber desinformadamente uma
marca de bebida que patrocina eventos de exploração animal.

Enfim, há muitos exemplos desses “pecados” alvo de patrulhamento e


condenação, que conforme o contexto, tornam-se piores que os ataques
oriundos dos “infiéis não convertidos”. Até parece que os “puros” não frequentam
mercados ou estabelecimentos que ofereçam produtos com ou sem exploração
animal; que se utilizam de ferramentas da internet como as redes sociais que
abrem espaço ou patrocínio também para a indústria da exploração! Interessante
é que muitos veganos tem gasto mais energia entre si do que com aqueles que
exploram e se beneficiam da vida animal.

É de suma importância que nessa caminhada alguém possa auxiliar o


simpatizante, o protovegetariano e o vegano com alguma informação e
esclarecimento (que implique ou não dar um passo adiante) a respeito de alguns
produtos, marcas ou instituições que explorem ou não os animais, mas com uma
didática respeitosa que não aponte o dedo arrogante de um “pastor” ou juiz da
vida alheia. Impor modelo único de conduta e comportamento é coisa de religião.
O contexto psicológico, familiar, social e local é extremamente diverso e
complexo para ser encaixado ou engessado num único modelo a considerar-se
“válido”. A vida de um vegano numa pequena cidade do interior, por exemplo,
terá um modelo diferente comparado com a de um vegano de uma cidade grande
ou de uma metrópole, onde este conta com inúmeras alternativas de produtos e
comércio apropriado à disposição. Outra questão que não implica estar “certo”
ou o “errado”, mas sim ter posturas distintas frente a uma mesma situação é
daquele vegetariano ou vegano que é convidado a ir num almoço ou janta que
terá animais ou derivados destes na refeição: Um prefere não frequentar esse
ambiente e o outro decide levar um generoso prato vegano e mostrar que se
pode comer saborosamente bem sem crueldade animal. Bem, ambas posturas
devem ser respeitadas e nenhuma está sendo mais ou menos vegana. Porém,
não faltará algum “guru” para julgar que um vegano “autêntico” não deva
frequentar lugares profanos com rituais “pecaminosos”. Pois é, coisa de seita. E
no fundo nem preciso dizer qual dos dois casos trará mais simpatia e
possibilidades de adesão para a causa animal! Mas, ambos deverão ser
respeitados em suas condutas.

Estar vegano ou ter propósitos veganos, ou ainda propósitos abolicionistas e


libertários em prol dos animais? O que é mais razoável levando em conta que
apenas as escolhas individuais não resolvem em sua totalidade os mecanismos
de exploração animal e que devemos também atuar de modo coletivo a fim de
um dia atingir um ideal 100% “vegano”? E nesse momento estou me referindo
apenas ao ideal vegano sem entrar no ecoveganismo, que não só amplia como
aprofunda a questão! Daí sim, parafraseando um ensinamento religioso, não
sobraria um para atirar a primeira pedra.

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JORNALISMO CULTURAL
NÃO É CORRETO RELACIONAR VEGANISMO COM RELIGIÃO
Por: David Arioch

“Me diga quais religiões que lutaram de fato pela libertação animal?”

Não acho correto relacionar veganismo com religião. O veganismo surgiu no


Ocidente e a sua única defesa é pelos direitos animais. Afinal, não existia nada
nos moldes atuais antes do veganismo, e a literatura relacionada aos direitos
animais está aí para provar isso.

E se alguém me pergunta, mas e as religiões que condenam o consumo de


animais? Eu respondo com outra pergunta: Me diga quais religiões que até agora
lutaram de fato pela libertação animal? Elas normalmente dialogam com os seus,
não com os outros. E mesmo quando seus adeptos não consomem animais, eles
não realizam de fato um trabalho abrangente contra a objetificação animal, como
o defendido pelos ativistas dos direitos animais.

É um caminho perigoso esse de relacionar vegetarianismo místico ou religioso


com veganismo, e simplesmente porque religião e veganismo não são a mesma
coisa. Uma pessoa pode ser religiosa e vegana, isso é normal, mas não
concordo quando dizem que sua religião é vegana, porque veganismo não tem
nada a ver com religião; porque o veganismo é o reconhecimento do direito
animal à vida e a luta pelo abolicionismo animal. E a verdadeira transformação
tem acontecido a partir daí.

SE VOCÊ TEM MAIS DÚVIDAS CONSULTE O GUIA DIPLOMÁTICO VEGANO.


E PESQUISE TUDO NO MANUAL DO VEGANISMO.

VOCABULÁRIO
Doutrina: Reunião dos preceitos básicos que compõem um sistema (religioso,
político, social, econômico etc.). Reunião dos fundamentos e/ou ideias que, por
serem essenciais, devem ser ensinadas.

Dogma: Ponto fundamental ou mais importante de uma doutrina religiosa que


se apresenta como algo indiscutível ou inquestionável.

Seita: Grupo religioso dissidente, que deixa de participar de uma religião por não
concordar com suas normas e objetivos. Grupo com uma organização própria,
geralmente restrito e fechado.

79
Somos carnívoros?
Publicação original: Veg go

Todos sabemos que, em termos biológicos, o homem é classificado como


Onívoro pois tem a capacidade de lidar com alimentos de diferentes fontes. Mas
estar preparado, não significa precisar desses alimentos. Independente da
definição do termo que se use, podemos observar o seguinte:

INTESTINO

TAMANHO
Carnívoros e Onívoros: De 3 a 6x o tamanho do corpo. Herbívoros: De 10 a 12x
o tamanho do corpo. O do homem é semelhante ao dos herbívoros.

FORMA
Carnívoros e Onívoros: Liso como um cano para facilitar a passagem da carne.
Herbívoros: Possuem vários compartimentos para a máxima absorção dos
nutrientes. O do homem é semelhante ao dos herbívoros

ACIDEZ ESTOMACAL
O estômago dos animais carnívoros é em torno de 20x mais ácido que o dos
herbívoros. O do homem é semelhante ao dos herbívoros.

FIBRAS
Carnívoros e Onívoros: Não precisam de fibras para moverem o alimento através
de seus curtos e lisos intestinos. Herbívoros: Precisam de fibra dietética para
mover a comida através dos longos e obstruídos intestinos. O do homem tem os
mesmos requisitos dos herbívoros.

COLESTEROL
O colesterol não é problema nenhum para o sistema digestivo de animais
carnívoros. Um leão pode lidar com altíssimas taxas de colesterol sem qualquer
dano à saúde. Colesterol apenas pode ser encontrado em comida animal. Uma
dieta baseada restritamente em vegetais tem colesterol zero. O do homem
possui as mesmas características dos herbívoros.

PRESAS E DENTES
Carnívoros: Possuem presas, dentes afiados frontais capazes de subjugar suas
presas e nenhum molar para ficar mastigando. Herbívoros: Não possuem presas
e dentes afiados para subjugar as presas, mas têm molares chapados para a
mastigação. O do homem possui as mesmas características dos herbívoros.

SALIVA
A saliva do carnívoro e do onívoro não contém enzimas digestivas. A saliva do
homem é como a saliva dos herbívoros, é alcalina, contendo as enzimas
digestivas dos hidratos de carbono.

80
JORNALISMO CULTURAL
Por que não somos carnívoros?
Publicação original: David Arioch

Em seu livro “The 80/10/10/ Diet”, o escritor Douglas N. Graham explica por que
não somos carnívoros. Graham discorre sobre características que vão desde as
fórmulas dentárias à tolerância à gordura.

Em 2006, o escritor estadunidense Douglas N. Graham publicou a primeira


edição do livro “The 80/10/10 Diet”, lançado no Brasil com o título “A Dieta
80/10/10: Balanceando sua saúde, seu peso e sua vida, a cada doce mordida”.
Em um dos capítulos, ele apresenta argumentos que explicam por que é um
grande engano muitas pessoas acreditarem que são carnívoras. Para endossar
seu posicionamento, Graham, ex-atleta e defensor do crudivorismo, discorre
sobre características que vão desde as fórmulas dentárias à tolerância à gordura:

Fórmulas dentárias: Há um sistema chamado de “fórmula dentária” para


descrever a disposição dos dentes em cada quadrante da mandíbula da boca de
um animal. Isso se refere ao número de incisivos, caninos e molares em cada
um dos quatro quadrantes. Começando do centro e movendo-se para fora, nossa
fórmula é a da maioria dos antropoides — 2/1/5. A fórmula dentária carnívora é
3/1/5 a 8.

Dentes: Os molares de um carnívoro são pontudos e afiados. Os nossos são


primariamente retos, para triturar os alimentos. Nossos dentes caninos não
espelham nenhuma semelhança com verdadeiras presas. Nem temos uma boca
cheia deles, como um verdadeiro carnívoro tem.

Tamanho do fígado: Carnívoros têm fígados maiores proporcionalmente ao seu


tamanho corporal comparados aos humanos.

Andar: Nós temos duas mãos e pés e andamos eretos. Todos os carnívoros têm
quatro patas e fazem sua locomoção usando as quatro.

Língua: Apenas os verdadeiros animais carnívoros têm línguas grossas


(ásperas). Todas as outras criaturas têm línguas suaves.

Garras: Nossa falta de garras para rasgar a pele e a carne torna esta tarefa
extremamente difícil. Possuímos unhas retas e muito mais fracas ao invés das
garras.

Polegares Opostos: Nossos polegares opostos nos fazem extremamente


equipados para coletar uma refeição de frutas em questão de poucos segundos.
A maioria das pessoas faz o processo sem esforço algum. Tudo o que temos a
fazer é pegar. As garras dos carnívoros permitem que eles peguem nas suas
presas em questões de segundos também. Não podemos pegar ou rasgar a pele
ou carne de um veado ou de um urso, mais do que um leão poderia pegar
mangas ou bananas.

81
Nascimento: Humanos dão à luz a uma criança de cada vez. Carnívoros
normalmente dão à luz a ninhadas.

Formação do Cólon: Nossos cólons enrolados são bem diferentes em formação


se comparado aos suaves cólons dos animais carnívoros.

Glândulas mamárias: as tetas múltiplas no abdômen dos carnívoros não


coincidem com o par de glândulas mamárias no peito dos humanos.

Trato intestinal: nossos tratos intestinais medem aproximadamente doze vezes


o comprimento de nossos torsos (em torno de nove metros). Isso permite a
absorção de açucares e outros nutrientes que provêm da água das frutas. Em
oposição, o trato digestivo dos carnívoros é apenas três vezes o comprimento
do seu torso. Isso é necessário para evitar o apodrecimento e decomposição da
carne dentro do animal. O carnívoro depende de secreções altamente ácidas
para facilitar a rápida digestão e absorção em seu tubo bem curto. Ainda assim,
a putrefação de proteínas e as gorduras rançosas são evidentes em suas fezes.

Tolerância a micróbios: A maioria dos carnívoros pode digerir micróbios que


seriam mortais para os humanos, tais como os que causam botulismo.

Sono: Humanos passam em média dois terços de cada ciclo de 24 horas


acordados. Carnívoros tipicamente dormem e descansam de 18 a 20 horas por
dia e algumas vezes mais.

Perspiração: Humanos suam através dos poros pelo corpo inteiro. Carnívoros
suam através das suas línguas apenas.

Visão: Nosso sentido da visão responde a todo o espectro de cores, tornando


assim possível nossa distinção entre frutas maduras e não maduras à distância.
Carnívoros tipicamente não veem todos os aspectos de cores.

Tamanho da refeição: Frutas são do tamanho certo da nossa necessidade


alimentícia. Cabem na nossa mão. Uma porção de fruta é o suficiente para uma
refeição, não causando desperdício. Carnívoros normalmente comem o animal
inteiro quando eles o matam.

Bebendo: Se precisamos beber água, podemos sugar com nossos lábios, mas
não podemos empurrá-la para dentro. As línguas dos carnívoros são
protuberantes para fora a fim de poderem jogá-la para dentro, quando precisam
beber.

Placenta: Temos uma placenta em forma de disco, enquanto os carnívoros têm


uma placenta zonária.

Vitamina C: Carnívoros produzem a sua própria vitamina C, enquanto para nós


a vitamina C é um nutriente essencial que precisamos obter por meio da nossa
própria comida.

82
Movimento da mandíbula: Nossa habilidade de moer nossos alimentos é
exclusiva dos herbívoros. Carnívoros não possuem o movimento lateral de suas
mandíbulas.

Tolerância à gordura: Nós não conseguimos lidar com mais do que pequenas
quantidades de gordura também. Carnívoros prosperam em uma dieta
hiperlipídica.

Saliva e pH da urina: Todas as criaturas que se alimentam de vegetais (incluindo


humanos saudáveis) mantêm a saliva e a urina alcalina a maior parte do tempo.
A saliva e a urina dos animais carnívoros, entretanto, é ácida.

PH da dieta: Carnívoros prosperam em uma dieta de alimentos acidificantes,


enquanto tal dieta para humanos seria mortal, abrindo o caminho para uma
grande variedade de doenças. Nossos alimentos prediletos são alcalinizantes.

PH ácido do estômago: O nível do pH dos ácidos clorídricos que os humanos


produzem no estômago geralmente varia entre 3 a 4 vezes ou mais, mas pode
chegar a 2 (0 = mais ácido, 7 = neutro, 14 = mais alcalino). O nível do ácido
estomacal de gatos e outros carnívoros pode chegar a 1, mas normalmente fica
em 2. Por causa da escala do pH ser logarítmica, isso significa que o ácido
estomacal de um carnívoro pode ser 10 vezes mais forte do que o de um humano
e pode chegar a ser 100 vezes ou até mesmo 1000 vezes mais forte.

Uricase: Carnívoros verdadeiros secretam uma enzima chamada uricase para


metabolizar o ácido úrico da carne. Não secretamos essa substância e
precisamos neutralizar esse forte ácido com nossos minerais alcalinos,
primeiramente o cálcio. O resultado deste cálcio forma pedras nos rins e é um
dos muitos patogênicos do consumo de carne, nesse caso criando ou
contribuindo para a gota, artrite, reumatismo e bursite.

Enzimas digestivas: Nossas enzimas digestivas são feitas para facilitar


principalmente a digestão de alimentos vegetais. Produzimos a amilase
pancreática — também conhecida como “amilase salivar” — para iniciar a
digestão de frutas. Animais comedores de carne não produzem esta enzima e
tem níveis de enzimas digestivas completamente diferentes das nossas.

Metabolismo do açúcar: A glucose e a frutose nas frutas abastecem nossas


células sem forçar nosso pâncreas (a não ser que comêssemos uma dieta
hiperlipídica). Carnívoros não lidam com açucares facilmente. Eles são
propensos a diabetes, se comerem uma dieta predominante de frutas.

Flora intestinal: Humanos têm colônias de bactérias (flora) vivendo em seus


intestinos, diferentes daquelas encontradas nos animais carnívoros. Aquelas que
são similares, tais como lactobacilus e a Escherichia coli, são encontradas em
diferentes quantidades em intestinos de herbívoros, não de carnívoros.

Apetite natural: Nossa boca saliva com a visão e o cheiro das frutas. Mas o cheiro
de animais geralmente nos dá náuseas. A boca dos carnívoros saliva ao ver a
presa, e eles reagem ao cheiro dos animais como se sentissem a comida.

83
O topo da cadeia alimentar
A ignorância frente ao veganismo.

Não estamos no topo da cadeia alimentar.


Um estudo publicado em 2013 na PNA (Proceedings of the National Academy of
Sciences) concluiu que seres humanos ocupam o mesmo nível das anchovas e
dos porcos na escala da cadeia alimentar. Os pesquisadores se basearam em
informações colhidas pela ONU sobre a alimentação e a agropecuária,
envolvendo 176 países, dentre os anos 1961 e 2009. Com base nesses dados,
os cientistas determinaram, em uma escala de 1 a 5, o nível das espécies na
cadeia alimentar; no qual 1 representa um produtor primário e 5 um predador de
fato no topo da cadeia. As plantas atingem a escala 1, humanos 2,21 e crocodilos
5. Concluindo, não estamos no topo da cadeia alimentarc E mesmo se tal
falácia fosse verdadeira, ainda assim não seríamos obrigados a comer carne.
Como sempre, mesmo se os cenários das desculpas carnistas fossem
verdadeiros isso ainda favoreceria a adoção do veganismo.

Retirado do site O holocausto animal.


A publicação da pesquisa pode ser acessada aqui.
Conclusão publicada por Gerador de desculpas carnistas.

MATÉRIA Nº2
Fonte: Your Vegan Fallacy Is

Falácia: “Seres humanos estão no ápice da cadeia alimentar e, assim como


qualquer outro ser na natureza, nós matamos e comemos os animais que estão
abaixo na cadeia”.

Resposta: Os termos “cadeia alimentar”e “rede alimentar” referem-se a um


sistema natural ecológico pelo qual produtores em um habitat específico são
comidos por consumidores no mesmo habitat. O termo “círculo da vida” não
possui absolutamente nenhum significado em termos científicos. Em nenhum
dos casos os termos fazem referência ao uso de animais para consumo humano,
uma vez que humanos não existem como consumidores em um ecossistema
onde gado, porcos, cachorros, peixes e outros animais são produtores.

O único propósito dos termos “cadeia alimentar” e “círculo da vida” no contexto


de escolha de alimentação humana é o de legitimizar o abate de indivíduos
sencientes ao promover a ideia de que o abate é uma natural e necessária parte
da vida humana. Sob este aspecto, a justificativa do “predador top” para comer
animar é falha em duas frentes: primeiro, os próprios termos não se aplicam à
relação ecológica que temos com os animais ou sequer mesmo possuem sentido;
segundo, nós não precisamos comer animais para sobreviver, logo o imperativo
moral por trás do “manda quem pode” não é eticamente defensável. Por analogia,
um ladrão de banco então poderia declarar estar no topo da cadeia corporativa
por ter agido com base em sua habilidade de tomar aquilo que pertencia a outros.

84
MATÉRIA Nº3
Fonte: Veganagente por Robson Fernando de Souza.

Saiba a verdade sobre o argumento da “cadeia alimentar” usado como


justificativa para comer carne.

Exemplo de antivegano que usa o argumento da “cadeia alimentar” para justificar


seu consumo de carne

Um argumento é utilizado há décadas por muitos que tentam justificar não serem
veganos ou vegetarianos: o de que o ser humano “precisa” comer carne por ser
“o topo da cadeia alimentar”.

Mas esse argumento faz sentido mesmo? Existe realmente uma cadeia
alimentar natural e inescapável que obriga os seres humanos a comer carne e
lhes dá o título de “majestade do reino animal”?

Convido você a saber a resposta neste artigo, que fará você pensar na realidade
sobre a alimentação humana e na escolha que essa crença acaba escondendo
de você.
O que é, realmente, uma cadeia alimentar?
Fonte: EBM Pe. João Alfredo Rohr

Antes de saber se o apelo à cadeia alimentar faz sentido como justificativa de se


comer carne, gostaria que você pensasse: você sabe mesmo o que é uma cadeia
alimentar?

Caso descubra não saber, ou ter uma ideia mais vaga do que imaginava do que
ela se trata, então apresento a você o conceito de cadeia alimentar, segundo
Yara Laiz Souza, no Info Escola:

“Os organismos na natureza precisam obter energia de diversas formas. A


cadeia alimentar é uma sequência que liga organismos através das relações de
alimentação. Essa cadeia é formada por produtores, consumidores e
decompositores.”

É comum que a cadeia alimentar seja imaginada e desenhada como se fosse


uma hierarquia, preenchida da base ao topo por uma sequência com:

O ser vivo produtor: uma planta, que produz o próprio alimento, por meio da
fotossíntese e da absorção de nutrientes do solo;
O consumidor primário: um animal que come essa planta, podendo ser um
herbívoro ou um onívoro;
O consumidor secundário: um animal que caça e come o consumidor primário,
podendo ser um onívoro ou um carnívoro;
O consumidor terciário: um animal que caça e come o consumidor secundário,
geralmente um carnívoro posto no topo dos desenhos mais tradicionais;
E, finalmente, os decompositores: fungos, bactérias e protozoários que
decompõem e consomem o cadáver de todos os produtores e decompositores,
sintetizam e lançam no solo os nutrientes que serão absorvidos pelas plantas.

85
Ou seja, mesmo que costume ser desenhada como uma hierarquia “governada”
pelo consumidor terciário, a cadeia alimentar é representada de maneira mais
fiel por um ciclo, sem início nem fim.
Quem criou a cadeia alimentar que você defende como “natural”?

Cada um desses alimentos ou produtos animais pertence a uma cadeia alimentar


diferente. Ou seja, o ser humano pertence a milhares ou mesmo milhões de
cadeias alimentares possíveis

Muitos se perguntam: a qual cadeia alimentar pertencemos?

A resposta é muito mais complexa do que se imagina. Afinal, nós estamos em


milhares de cadeias alimentares diferentes, já que a alimentação humana se
aproveita de milhares de vegetais distintos e animais de centenas de espécies
ao redor do mundo.

E o mais perturbador desse fato é que todas elas foram criadas e são
administradas pelos próprios seres humanos, por meio da agricultura, da
pecuária, da caça, da pesca e da coleta. Nesse contexto, mesmo as cadeias
alimentares mais primitivas, de algumas centenas de milhares de anos atrás,
foram determinadas pela escolha de quais espécies de animais seriam caçadas
e quais espécies de vegetais seriam colhidas no meio selvagem.

Ou seja, não existe uma cadeia alimentar determinada exclusivamente pela


Natureza não humana, diante da qual só restaria ao ser humano acatar e
consumir aquilo que ela impusesse.

Aliás, uma das grandes razões da evolução humana ao longo dessas centenas
de milênios é a versatilidade alimentar, o poder de escolher quem (animais) e o
que (vegetais) comer, como maneira de lidar com alterações no ambiente local,
como aquelas de ordem climática, ou com as novas necessidades trazidas pela
migração.

Portanto, aquela refeição cheia de carne na sua mesa não foi escolhida e ditada
para você pela Mãe Natureza, mas sim determinada por seres humanos.

E quem são esses humanos?


Os verdadeiros senhores das cadeias alimentares humanas

A publicidade de fast-food é um dos grandes fomentadores das cadeias


alimentares humanas que envolvem consumo de carne

Nas sociedades de hoje, quem escolhe o que os seres humanos vão comer é
toda uma categoria de pessoas com poder de ditar os costumes culturais. São:

Os empresários e publicitários da agropecuária, do setor pesqueiro e da


indústria alimentícia;
Os sacerdotes e altos-sacerdotes que interpretam as tradições ou escrituras
religiosas de cada cultura;

86
Os políticos que criam, aprovam e sancionam leis que proíbem ou regulamentam
o consumo de determinados alimentos;
Sua família, que ditava para você na infância o que deveria comer e o que não
poderia;
E o mais impressionante: você mesmo, caso seja adolescente ou adulto e tenha
a devida consciência de que alguns alimentos são mais nocivos para você e
outros seres sencientes (humanos e não humanos) do que outros.

E não é só isso. Os produtores de alimentos (fazendeiros, agricultores,


pecuaristas, altos funcionários da indústria alimentícia etc.) determinam todos os
detalhes de cada cadeia alimentar da qual os seres humanos participam: por
exemplo, quais são as espécies dos produtores, consumidores primários e
consumidores secundários; se os produtores e consumidores receberão algum
fertilizante (produtores) ou suplemento nutricional (consumidores) e quem
comerá cada alimento (crianças, adolescentes e adultos adeptos de
determinados estilos de vida).

Mas há uma boa notícia no meio disso tudo: você não é obrigado a aderir a
nenhuma cadeia alimentar específica. No contexto atual de expansão do
veganismo, está sendo apresentada a você a possibilidade de optar por se
desligar das centenas de cadeias alimentares que envolvem pecuária, pesca,
caça e outras formas de exploração animal para consumo e aderir a uma
diversidade de milhares de outras cadeias, nas quais você é o consumidor
primário e, assim, obtém toda a energia diretamente das plantas.
Mas não somos o topo das nossas cadeias alimentares?

O antivegano que se acha o “rei leão” da “cadeia alimentar carnívora” é


basicamente um gatinho que se vê como um poderoso leão no espelho

Como foi dito anteriormente, é mais realístico descrever a cadeia alimentar como
um ciclo, não uma hierarquia com início nas plantas produtoras e fim nos animais
consumidores terciários. Afinal, por mais “majestoso” que o consumidor terciário
seja, seu corpo será devorado após a morte pelos decompositores, e estes
estarão ajudando a nutrir as plantas, assim reiniciando o ciclo.

E quanto a nós humanos? Somos ou não o último elemento das nossas cadeias
alimentares antes dos decompositores? Somos, afinal de contas, majestosos
consumidores terciários que têm o direito de dominar a Natureza?

A resposta da primeira pergunta é que somos sim esse último elemento. Afinal,
dentro das cidades ou dos cercados rurais não seremos devorados por nenhum
predador carnívoro. Há uma probabilidade quase certa de que nossos corpos
serão devorados apenas por decompositores no túmulo do cemitério, ou
desintegrados mediante cremação.

Já a da segunda é que não somos esses “majestosos carnívoros” do imaginário


de quem come carne se achando o imponente Rei Leão. Aqueles de nós que
comem animais criados na pecuária (consumidores primários) são consumidores
secundários. E aqueles que só consomem plantas (produtores) e opcionalmente
fungos (decompositores) são consumidores primários. Só são consumidores

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terciários aqueles que vivem da caça e/ou pesca de animais que comem outros
animais.

Além de, em nossa grande maioria, não sermos consumidores terciários, nada
nas cadeias alimentares às quais pertencemos indica que temos o direito natural
de comer animais.

Isso se dá porque a Natureza como um todo não atribui direitos e deveres a


ninguém, ao contrário das sociedades humanas. É a própria humanidade que
controla os direitos e deveres de seus membros, por meio das leis.

Nesse contexto, se os humanos têm o direito de comer outros animais, é porque


outros seres humanos — os legisladores — lhes deram esse direito. Não é algo
que vem da Natureza não humana.

Ou seja, você não come carne porque é “o topo da cadeia alimentar”. Mas sim
porque sua cultura — incluindo as forças capitalistas que a influenciam — dita que
você coma sem questionar.
Considerações finais
Imagem: Fabio Chaves/Seja Vegano/Vista-se.

Nós estamos numa posição confundível com o “topo da cadeia alimentar” porque
não temos predadores naturais. Mas a ausência de predadores não nos dá
nenhum direito natural de comer carne — quem faz isso é a cultura.

E a boa notícia nisso tudo é que nada disso é imposto de maneira que você não
possa se recusar a acatar. Com a ascensão do veganismo e do vegetarianismo,
hoje é mais possível do que nunca você optar por abandonar os alimentos de
origem animal. Razões éticas, ambientais, humanitárias e de saúde para essa
mudança de hábito alimentar não faltam.

Então desencane: você não é nenhum “rei da selva” por comer a carne que os
pecuaristas, os pescadores e a indústria alimentícia querem que você coma. A
Natureza não lhe deu esse título. Essa crença de que você é “superior” aos
demais animais por ter o direito legal de comer parte deles não passa de um
detalhe da cultura humana à qual você pertence.

Não sendo nenhum majestoso carnívoro obrigado pela Natureza a comer carne,
você tem o poder de escolher abandonar o consumo desse e de outros produtos
animais, que fazem mal para você, para os animais não humanos, para outros
seres humanos e para o meio ambiente.

Publicado por Robson Fernando De Souza Autor dos blogs


Consciencia.blog.br e Veganagente e do livro Veganismo: as muitas razões para
uma vida mais ética. Formado em Licenciatura em Ciências Sociais (UFPE, 2016)
e Tecnologia em Gestão Ambiental (IFPE, 2008). Adora Sociologia, meio
ambiente, Direitos Animais & Veganismo e autoajuda.

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Lã, Seda, Vestuário
Publicação original: O direito à vida

Primeiro a exploração depois a morte.

10 Razões para não usar lã:


Você provavelmente nunca imaginou que a camisola de lã que está vestindo ou
aquelas botas Ugg que adora, pudessem ser a causa de tanta crueldade e
sofrimento. A verdade é que existe um lado muito mais sombrio da indústria de
lã do que você imagina, e nenhuma quantidade de pelos podem justificar as
práticas horrivelmente cruéis e sangrentas que milhões de ovelhas têm de
suportar todos os dias.
Aqui estão 10 razões pelas quais você deveria boicotar a lã e optar por uma
alternativa livre de crueldade:

1. As ovelhas não precisam ser tosquiadas. Não por nossa culpa, mas somos
induzidos a crer, erroneamente, que as “ovelhas precisam ser tosquiadas.” A
realidade é muito mais complexa. Ovinos naturalmente produzem apenas a
quantidade de lã que eles precisam para se proteger de condições climáticas
extremas. É devido à engenharia genética e à manipulação de produção de lã
de ovelha que deixamos esses animais indefesos terem que depender da
interferência humana.

2. Mulesing. Metade da lã Merino do mundo vem da Austrália, onde as ovelhas


são especificamente criadas para ter a pele enrugada, a fim de aumentar a
produção de lã. Esta pele enrugada é propensa a flystrike devido à acumulação
de excesso de humidade e urina. Flystrike é uma condição dolorosa em que as
moscas depositam ovos nas dobras da pele e as larvas que eclodem comem a
ovelha viva. A solução da indústria da lã? Cortar enormes pedaços de pele da
área ao redor da cauda e de trás das pernas, produzindo uma pele mais lisa,
com cicatrizes que não abrigam os ovos da mosca. Esta prática bárbara é
geralmente realizada sem anestesia e provoca um grande sofrimento para o
animal, e, em muitos casos, as feridas sangrentas não tratadas muitas vezes
apanham flystrike antes de terem sarado.

3. A indústria da lã é repleta de morte e doença. Para lhe dar uma ideia melhor,
somente na Austrália, cerca de dez milhões de cordeiros morrem a cada ano
antes de completarem mais do que alguns dias de vida. Por quê? Rebanhos
geralmente consistem de milhares de indivíduos, o que torna impossível dar bom
atendimento e atenção às ovelhas individualmente. Ao invés de reduzir o número
de ovelhas num esforço para mantê-las em melhores condições, procriam-se
mais ovelhas de modo a nascerem mais cordeiros para compensar as mortes.

4. Estima-se que 1 milhão de ovelhas morram de exposição. As ovelhas têm que


ser tosquiadas na primavera antes que naturalmente percam os seus casacos
de inverno. Tosquiá-las tarde demais significa uma perda de lã, então,
posteriormente, elas são tosquiadas enquanto ainda é muito frio, deixando-as
vulneráveis e em risco de morte por exposição devido ao corte prematuro.

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5. Tosquiadores de ovelhas são pagos pelo volume. A maioria dos tosquiadores
de ovelhas são pagos pelo volume, ao contrário de por hora, incentivando o
trabalho rápido sem se preocupar com o bem-estar das ovelhas. Isso resulta em
manuseio e lesão durante o processo.

6. Cordeiros têm de suportar a castração, corte da cauda e descorna sem


anestesia. Usar uma faca para cortar seus testículos ou um anel de borracha
para cortar o fornecimento de sangue, uma faca para cortar a cauda, e um
raspador ou tesouras de corte de chifres para remover a ponta dos cornos, sem
anestésicos, não parece muito humano, pois não? Todos estes procedimentos
são uma prática comum na indústria de lã, e causam medo, dor e angústia.

7. Ovelhas são animais altamente inteligentes. Elas têm memórias incríveis e


lembram até 50 rostos individuais (ovinos e humanos) por anos! Isso é porque
elas usam uma parte semelhante do processo neural do cérebro, como os seres
humanos usam para se lembrar.

8. Ovelhas são gentis, amáveis e sensíveis e são capazes de sentir uma gama
de emoções. Amplos estudos foram realizados comprovando que as ovelhas têm
uma vida emocional muito mais rica do que nós lhes damos crédito.

9. Cinco milhões de cangurus são mortos a cada ano como resultado da indústria
dos lanifícios. Número excessivos de ovinos tem-se alimentado da flora nativa,
da qual os cangurus se alimentam, fazendo com que estes últimos se tenham
tornado uma espécie em extinção. Estes animais nativos são agora vistos como
pragas prejudiciais e que o governo australiano permite o abate de cerca de 5
milhões de cangurus em cada ano.

10. Cada ovelha tosquiada acabará por ser enviada para abate. Quando diminui
a produção de lã de um carneiro, eles são vendidos para o abate. Esta provação
terrível e assustadora exige ás ovelhas que percorram longas distâncias em
condições extremamente apertadas e lotadas. Muitas ovelhas morrem durante a
viagem de exaustão, desidratação, stress e lesões, e cordeiros recém-nascidos
durante a viagem muitas vezes são pisoteados até a morte.

As ovelhas não são os únicos animais explorados pela lã. Cabritos, coelhos e
alpacas também são comumente usados para a fabricação de angorá, cashmere
e lã de alpaca.

Você não tem de contribuir para essa indústria abusiva. Verifique os rótulos
antes de comprar e use alternativas, como o algodão, flanela de algodão, acrílico
macio, fibras de poliéster e shearling sintético.

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E a seda?
Publicação original: Veggi & Tal

É bem claro por que tantas pessoas optam por não comer alimentos de origem
animal ou usar peles, mas por que alguém não usa seda é incompreensível para
muitos. Aqui se encontram as razões. Quando pensamos em seda imaginamos
belos vestidos, roupas íntimas delicadas e mobiliário luxuoso. O que
definitivamente não visualizamos é o bicho da seda sendo mergulhado vivo em
tanques de água fervente — porque esta imagem não nos motiva a comprar
produtos.
A situação do bicho-da-seda

Assim como vacas, galinhas e porcos, as lagartas de seda são domesticadas,


criadas e produzidas em fazendas industriais e também são mortas às centenas
de milhões todos os anos. Para fazer um único quilo de seda, 2.000 a 3.000
bichos-da-seda têm de ser mortos.

Pouco antes da fase de metamorfose, onde bicho da seda Bombyx Mori se


transforma em mariposa, ele tece fibras para criar seu casulo. Naturalmente, a
mariposa mastiga seu caminho para fora deste casulo assim que a
transformação se completa, mas para a indústria da seda o desenvolvimento
natural resultaria em fios de seda mastigados que são muito mais curtos e menos
valiosos do que o casulo intacto. É por isso que quando os bichos da seda estão
em fase de pupa após serem alimentados com uma dieta rigorosa de folhas de
amoreira, eles são colocados ainda vivos em água fervente, mortos e inicia-se o
processo de desenlace do casulo para a produção de seda.

Ahisma é outro método de produção de seda que não inclui a morte para os
insetos. Embora não resultando em morte, ainda existem questões éticas em
torno da domesticação e da agricultura, como o de mariposas adultas serem
incapazes de voar porque seus corpos são muito grandes, e os machos
incapazes de comer devido a partes da boca subdesenvolvidas. Alguns tentarão
alegar que bicho da seda não tem importância e que eles são apenas insetos.
Embora seja verdade que nós temos uma profunda limitação na compreensão
de insetos, o que sabemos é que eles têm a capacidade de sentir e o direito de
viver livres de dor e sofrimento.

Alternativas
Peace Silk é a única seda cruelty-free. Ela é fabricada na Índia, colhida dos
casulos da mariposa Eri selvagem e nativa. Os casulos são recolhidos na floresta
após a mariposa eclodir e voar para longe, ou seja, não mantida em cativeiro.
Mas existem alternativas veganas disponíveis: liocel, seda de algodão, fibra de
ceiba e fibra de serralha são todas opções ecológicas à seda tradicional. O
mundo obscuro e perturbador do bicho da seda não recebe muita atenção da
mídia porque a indústria acredita que nós simplesmente não nos importamos o
suficiente, mas não tem que ser assim. Você pode rejeitar essas práticas
desumanas e optar por comprar alternativas livres de crueldade. Nós não
precisamos explorar insetos, ou qualquer outro animal, e nenhum alvejante
justificará o uso desses pequenos seres como recursos para nossos próprios
fins.

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A fome no mundo
Publicação original: Guia Vegano

Existem guerras, pessoas passando fome ou sendo exploradas e você


preocupado com o veganismo?

As guerras e a fome são terríveis — mas não tem nada a ver com veganismo. Se
você quer ajudar a acabar com as guerras, faça isso! Se quer acabar com a fome,
se envolva na causa! Nada impede que, ao mesmo tempo, você siga uma dieta
e filosofia vegana.

E O TRABALHO ESCRAVO DAS CRIANCINHAS DA INDÚSTRIA DA MODA


OU DE ATIVIDADES AFINS?

Matar animais não ajuda em nada essas crianças — ser vegano também não.

Trabalho escravo e abuso de animais são problemas separados, e eu


pessoalmente acho que você deveria se importar com os dois.

As vezes eu vejo pessoas com uma atitude do tipo: “Ah, tem muita coisa errada
no mundo. Então eu desisto, vou fumar, usar drogas, comer carne, explorar
trabalho escravo, ser corrupto, etc”.

Essa mentalidade não ajuda ninguém. Assuma responsabilidade pelas suas


escolhas, e busque ser o melhor que puder. Pare de comer carne, leite e ovos,
compre roupas de fabricantes que não exploram o trabalho escravo, seja cliente
de companhias socialmente responsáveis.

Ninguém é perfeito, todo mundo comete hipocrisias o tempo todo. Mas isso não
é motivo para desistir de querer ser melhor!

Humanos x Animais
Publicação original: Beleza vegana

“Primeiro, devemos resolver prioridades humanas, como acabar com a fome.


Depois que todos estiverem alimentados e saudáveis, que se discuta melhorias
nos tratamentos dos animais.”

Não precisamos esperar resolver todos os problemas de fome em humanos


(sabe-se lá quando isso vai se resolver) pra discutir melhorias nos tratamentos
dos animais. Animais de consumo (porcos, vacas, galinhas e peixes) são seres
sencientes. Tudo o que for possível para evitar a dor e sofrimento desses animais,
pode e deve ser feito. Justificar que homens e animais não estão no mesmo
patamar de importância não nos dá o direito de aprisioná-los, mutilá-los, torturá-
los, matá-los e comê-los, ou seja, usá-los como se fossem meros objetos,
mesmo sabendo de toda a crueldade que está embutida no processo de
produção de carne, leite e derivados. Podemos resolver vários problemas ao

92
mesmo tempo, não precisamos esperar que um se resolva para podermos enfim
nos preocupar com o “próximo” problema.

O melhor tratamento dos animais não precisa de investimento. O veganismo é o


ato de boicotar produtos de origem animal na alimentação, vestuário etc. Essa
mudança de postura não irá interferir no problema da fome no mundo. Pelo
contrário, a pecuária demanda grandes áreas produtivas tanto para pastagem
como para produção de ração. Essas áreas poderiam ser aproveitadas para
plantio de alimentos que poderiam se destinar às pessoas que passam fome no
mundo.

Se todos os seres humanos, seja qual for a sua capacidade cognitiva, têm direito
em igual medida à vida e à integridade física justamente porque são capazes de
desfrutar da vida e têm o interesse em não sofrer, por que é que os outros
animais, que têm exatamente os mesmos interesses, não teriam estes mesmos
direitos? Uma causa não anula a outra.

Veganismo e
sustentabilidade
Publicação original: Veganjá

A relação entre alimentação e o Meio ambiente.

Como os alimentos afetam o nosso planeta?


Segundo a National Geographic, ao escolher uma alimentação vegetariana
estrita, você consome 60% menos água do que uma pessoa com uma dieta à
base de carne. Por ano, são quase um milhão e meio de litros de água
economizados. É aí que dá pra perceber a verdadeira relação entre uma
alimentação sustentável e o vegetarianismo.

A gente sabe que é praticamente impossível viver neste mundo sem deixar
nenhum tipo de rastro nosso no meio ambiente. Porém, a gente também sabe
que é possível repensar as nossas atitudes para diminuir os efeitos negativos —
 e quem sabe até mudar isso.
Por isso, neste artigo, vamos falar sobre:

• A relação entre alimentação e sustentabilidade.


• Como os alimentos afetam o meio ambiente.
• Vegetarianismo: mais que uma dieta, uma filosofia.
• E as embalagens dos produtos que consumimos?

Ao terminar de ler, você vai poder transformar os seus hábitos em relação ao


que você escolhe e consome. E isso vai gerar diversos benefícios para você e
para o planeta, como:

• Saber o que vai consumir.

93
• Optar por menos e melhores embalagens.
• Como viver sem prejudicar o meio ambiente.

Vamos lá?

SUSTENTABILIDADE E ALIMENTAÇÃO

A alimentação é a necessidade mais básica do ser humano — é impossível viver


sem ela. Mas a grande questão é que o alimento que a gente consome não
cresce se não houver água ou nutrientes no solo. Ser uma pessoa de hábitos
sustentáveis, na prática, está diretamente relacionado a consumir coisas que
usam o mínimo de recursos necessários em sua produção.

Aí está um bom exemplo do que estamos falando. Esta é uma pequena parte do
infográfico que a Rosana Silva fez sobre o documentário Cowspiracy. Ele será
apresentado algumas vezes ao longo do texto.

Vamos fazer um pequeno exercício: pare e reflita sobre a sua alimentação nos
últimos dias.

O que você mais consumiu? De onde vieram estes alimentos?

Alguns deles, como a carne, por exemplo, demandam muito mais recursos para
ser produzidos. Isso inclui água, florestas e nutrientes do solo, gerando um
grande desequilíbrio ambiental. Tudo está interligado. Mas nós podemos, ao
mesmo tempo, cuidar melhor de nós mesmos, e também do planeta onde
vivemos. Vem ver como a adoção de um estilo de vida vegetariano estrito pode
ajudar a minimizar os danos que causamos ao nosso planeta!

COMO OS ALIMENTOS AFETAM O MEIO AMBIENTE

Todas as nossas escolhas geram uma consequência. E quando elas são feitas
de forma não-consciente e se transformam em hábitos, elas podem gerar
grandes danos a longo prazo. É o caso da nossa alimentação. Desde pequenos,
o mundo externo influencia diretamente no que nós comemos. Geralmente, a
cultura do lugar onde vivemos acaba fazendo com que a gente consuma
alimentos sem pensar de onde eles vieram, ou quais consequências foram ou
são geradas. É o caso da carne, dos ovos, do leite e de muitos outros
ingredientes de origem animal. Mas a boa notícia é que todos eles, como os
laticínios, por exemplo, podem ser facilmente substituídos por opções vegetais.
Ainda bem, né?

PECUÁRIA E CARNE BOVINA

A pecuária é uma das atividades humanas que mais agridem o meio ambiente,
pois ela consome quantidades enormes de água, grãos, combustíveis fósseis e
pesticidas. Para você ter uma ideia, 80% dos grãos de milho e soja produzidos
são destinados a alimentação destes animais. Ou seja, o meio ambiente é
degradado duas vezes, para produzir a comida dos animais que depois servirão
para o nosso alimento. De acordo com a revista Conservation, da Universidade

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de Washington, a produção de carnes e derivados animais é responsável por ¼
da emissão global de gases que agravam o efeito estufa.

O processo do efeito estufa é natural e necessário, fazendo com que o planeta


se mantenha aquecido. Porém, com o aumento das emissões de gases de
atividades humanas, nosso planeta está mais desgastado. Um estudo da
Universidade de Oxford mostrou que as pessoas que incluem a carne em sua
alimentação são responsáveis por emitir quase duas vezes e meia mais gases
do que os vegetarianos estritos diariamente. O Metano, Carbono e o Óxido
Nitroso são alguns deles.

As emissões geradas da produção de bife são 250 vezes maiores que as


emissões geradas da produção de legumes.

Fora isso no nosso Brasil, a pecuária está acabando com a Floresta


Amazônica — 80% da floresta já foi desmatada, ameaçando a sua biodiversidade.
Isso porque o país é o maior produtor bovino do mundo e está cada vez mais
queimando a floresta para produzir mais pastagens, de modo que a
produtividade do confinamento de gado possa aumentar.

Por outro lado, para sustentar cada pessoa vegetariana é necessário entre 12 e
30 vezes menos terra do que para sustentar um indivíduo que baseie sua
alimentação em carnes.

AVÍCOLAS E GRANJAS

Com as aves e a indústria de ovos, a situação não é muito diferente. A grande


maioria das galinhas vivem confinadas em ambientes fechados, propícios para
causar infecções. Logo, elas são tratadas com antibióticos e recebem hormônios
para ficarem maiores e encurtar o seu ciclo de vida. Todos os pintinhos machos
são automaticamente descartados vivos, pois não botam ovos. E além de tudo
isso, há um grande gasto de terra para produzir ração, gasto com maquinários e
transporte dos ovos e dos frangos.

FRUTOS DO MAR

A grande exploração de frutos e animais marinhos também causa um sério


desequilíbrio do ecossistema aquático. 4/5 dos peixes pescados são jogados
fora. Para obter 90 milhões, são perdidos 450 milhões!

Além disso, a piscicultura é altamente degradante para os oceanos e rios, pois


polui todos eles. Sem falar nas espécies que já desapareceram ou estão prestes
a desaparecer. O gasto com a pesca é enorme e o investimento em zonas de
conservação é muito pequeno. Ao retirar grandes quantidades de peixes do seu
habitat natural, isso também afeta o bioma onde eles vivem. Isso é, muitos corais
são ameaçados e a vida marinha pode ser extinta. A atividade literalmente está
destruindo o nosso meio ambiente para fins de alimentação. Não vale a pena. A
boa notícia é que podemos tomar atitudes em relação à isso. Adotar o
vegetarianismo estrito é uma delas.

95
MAIS QUE UMA DIETA, UMA FILOSOFIA

Tem gente que acredita que o vegetarianismo estrito é apenas a escolha de não
consumir alimentos de origem animal.

Mas a verdade é que quem se considera vegetariano estrito/vegano leva em


conta o consumo consciente de qualquer produto que não contenha testes em
animais ou ingredientes que derivam deles. O veganismo engloba desde a
alimentação sustentável, os produtos que se usa, até as roupas que se veste. É
uma escolha, um estilo de vida. O site SejaVegano resume bem o que é o
veganismo:

“O veganismo é uma forma de viver que busca excluir, na medida do possível e


do praticável, todas as formas de exploração e de crueldade contra animais, seja
para a alimentação, para o vestuário ou para qualquer outra finalidade. Uma
coisa que os veganos tem em comum é uma dieta baseada em vegetais, livre de
todos os alimentos de origem animal, como: carne, laticínios, ovos e mel, bem
como produtos como o couro e qualquer produto testado em animais.”

Caso você queira usar mais produtos veganos em sua rotina, a gente elaborou
um artigo super legal sobre cosméticos veganos para você se cuidar, mas sem
crueldade. Quando você adota uma vida vegana, está ajudando a si mesmo, os
animais e, mais do que nunca, o meio ambiente. O que impede a maior parte
das pessoas de manter uma alimentação baseada em plantas (ou plant-based)
são, em geral:

• A superação dos velhos hábitos e gostos.


• Aprender novas formas de cozinhar.
• Se planejar para viagens.
• Reuniões sociais como jantar fora, etc.

Mas só parece tão difícil mudar porque temos uma forte tendência em manter os
hábitos que já são cômodos para nós. No entanto, quando enxergamos alguns
anos no futuro e levamos em consideração os recursos escassos do planeta
Terra, estas mudanças se tornam bem pequenas. Você concorda?

Ter uma alimentação sustentável está diretamente ligada ao vegetarianismo


estrito. E se você pensa que uma única pessoa não vai mudar algo, repense:
seja o exemplo. Busque informação e novas formas não só para o seu bem-estar
próprio, mas também para o das próximas gerações. Ah, e se você ainda não é
vegetariano mas tem interesse em fazer a transição, dá uma olhada nesse post
que a gente fez!

E AS EMBALAGENS DOS PRODUTOS?

Ahá! Você lembrou de um ponto MUITO importante quando se trata de


sustentabilidade. Mas o que o vegetarianismo tem a ver com as embalagens e
outros materiais? Tudo! O estilo de vida diz respeito do cuidado não só com os
animais, mas também com o meio ambiente. Vamos começar com a pergunta
mais importante: quanto do seu lixo é reciclado?

96
Talvez você tenha pensado: “ah, as vezes eu separo o lixo reciclável e o lixo
orgânico”. E isso é ótimo, mas você pode fazer muito mais com o seu lixo —
 principalmente reduzir a quantidade. Na próxima vez em que for ao
supermercado, perceba quantas embalagens você coloca no carrinho e leva pra
casa. É embalagem atrás da outra, muitas vezes até dentro da outra!

Infelizmente, isso só gera mais lixo e apresenta os produtos de forma


desnecessária. Para reduzir, podemos aflorar nosso lado criativo e encontrar
novas formas para o lixo que é gerado. A EuReciclo fez um ótimo post com 6
iniciativas inovadoras para te inspirar a reciclar. Vale ler e descobrir novas formas
de ajudar o nosso planeta. Agora nos diga:

Quais são as suas táticas secretas para um mundo mais verde?

PARA FICAR AINDA MAIS POR DENTRO

Existem muitos conteúdos na internet para você se informar sobre preservação


do meio ambiente, vegetarianismo e alimentação sustentável. Documentários,
vídeos e blogs são ótimos formatos de conteúdo para você explorar e ir mais a
fundo sobre estes assuntos super importantes. Um dos documentários mais
conhecidos é o Cowspiracy, que diz respeito sobre o meio ambiente e a
produção pecuária. Kip Andersen, diretor do documentário, conta sua história de
envolvimento com a causa ambiental, após assistir ao documentário Uma
verdade inconveniente. Se você adora ler, também pode obter mais informações
por meio de livros sobre o assunto. A Insecta Shoes fez um post bem legal
indicando 5 livros sobre veganismo e direitos dos animais. Blogs e sites como o
Seja Vegano e o Vista-se também são ótimas fontes para você se atualizar sobre
veganismo e sustentabilidade. Eles estão sempre divulgando notícias e
conteúdos bem legais para se atualizar! E não menos importante, o Skool of
Vegan está sempre divulgando quadrinhos no seu Facebook para informar e
questionar as pessoas sobre o assunto. Vale a pena tirar um tempinho na sua
semana para se atualizar e encontrar novas formas de ajudar o meio ambiente
como um todo.

TÁ ESPERANDO O QUÊ?

Muitas vezes nos perguntamos — ou somos questionados — sobre a verdadeira


influência que causamos no meio ambiente quando paramos de consumir carne
e produtos animais. A gente responde: uma a uma, vai causar uma mudança
ENORME. Para você ter uma ideia, olha a economia diária de recursos naturais
de uma pessoa vegetariana estrita:

Seja a mudança que você quer ver no mundo. Dê o exemplo, traga esse assunto
em pauta e dialogue sobre ele. O mundo muda quando há informação e
compaixão. Ele é a nossa única casa por aqui. Vamos cuidar bem dele?

Agora que você já sabe como começar e sobre o fundamento de uma


alimentação sustentável, é hora de mostrar esse artigo para aquela pessoa que
pensa parecido com você.

97
“Não sou evoluído o
suficiente para aderir ao
veganismo”
Publicação original: Veganagente.

Não sou vegano porque não sou evoluído o suficiente para aderir ao veganismo.
Admiro muito o grau de evolução de quem já é vegan, mas infelizmente não
cheguei nesse nível ainda.

Veganismo não é questão de ser “mais evoluído” ou “superior” em comparação


a outras pessoas. Pelo contrário, ele é contrário a hierarquias morais. Nenhum
vegano é “mais evoluído” do que não vegans. Tampouco o veganismo é algo
como uma ordem que exija “iniciação” e “avanço de nível” das pessoas, como a
maçonaria e algumas religiões.

Entender e assimilar o respeito aos animais não humanos é algo possível e


acessível a todos os seres humanos, a depender apenas do quanto a pessoa
tem contato com informações pró-veganas e tempo disponível para ler textos e
assistir a documentários. Não há diferenças de “nível evolutivo” nisso.

Se você acredita que está num “grau de evolução inferior” aos veganos, está se
autodepreciando e subestimando sua capacidade de entender um assunto de
compreensão e assimilação relativamente fáceis. Diante das demandas éticas
pela adesão ao veganismo, pense nos animais não humanos, e também nos
seres humanos prejudicados pela agroindústria da exploração animal. Quando
você souber o porque de existir o veganismo, qualquer crença em “graus
evolutivos” diferenciados entre vegans e não vegans se tornará irrelevante diante
da necessidade de respeitar os seres sencientes.

“Eu não me acho um ser evoluído. Eu acho que todos somos seres iguais,
inclusive os animais”.

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Embates de socialização

Diplomacia vegana
Respostas para assuntos variados.
• Revista dos Vegetarianos em 13/02/2017
• Redação: Samira Menezes.

Manual diplomático do vegano em perguntas e respostas.


Dicas sobre o que responder quando as famosas perguntas aparecerem

Antes de ter na ponta da língua respostas prontas para as provocações mais


comuns de onívoros inseguros, é bom ter em mente que você não é superior a
ninguém por ter se tornado vegano. Erra o vegano que parte para uma conversa
com um ovolactovegetariano ou com um onívoro em um tom prepotente.
Normalmente, esses veganos são chamados de vegan police (polícia vegana),
porque implicam até mesmo com outros veganos que consomem produtos 100%
vegetal de empresas que comercializam produtos de origem animal. Por
exemplo, iogurte vegano da Batavo ou hambúrguer de soja da Perdigão. Dessa
maneira, em vez de ser um exemplo de algo bacana, a pessoa se torna aquela
espécie de chato solitário de quem todo mundo quer distância. E, pior, não
incentiva um mercado maior de produtos veganos. A única coisa que faz com
aquele dedo indicador sempre em riste é acusar onívoros e ovolactovegetarianos
de pessoas antiéticas.

Contrariamente à polícia vegana, eu quero sim que a Batavo e a Perdigão façam


coisas para mim, melhor ainda se elas parassem de comercializar produtos de
origem animal e se dedicassem somente à fabricação de produtos veganos. Não
são dos vegan police que os animais precisam, mas sim de gente sensata que
entende as limitações dos outros.

Entendo que para defender uma causa é preciso muita força e determinação, o
que pode levar o pessoal mais exaltado a atitudes antipáticas, mas por mais
correto que você esteja, às vezes é mais vantajoso manter a calma a entrar em
uma discussão desse tipo. É natural que onívoros enxerguem na carne o
elemento principal das refeições, e cabe a um vegetariano (quando questionado)
explicar como e por que isso é desnecessário. Isso não significa, porém, que
você tenha que ficar calado e aguentar provocações todos os dias. Responda
somente se você estiver disposto a manter uma cansativa conversa que no fim
das contas parecerá mais com uma competição de braço de ferro do que com
uma reflexão sobre o uso dos animais. Do contrário, tudo bem ignorar
completamente o provocador.

Lembre-se também de que esse tipo de pessoa nada mais é do que um


preconceituoso e, como todo preconceito, ele tem como base a falta de
conhecimento. Por isso, antes de sair por aí respondendo de qualquer jeito a
essas provocações, cabe a você estudar nutrição, biologia, fisiologia, culinária,
religião e direito para dissipar toda essa ignorância em torno do vegetarianismo.
Dê argumentos, explique os fatos, mostre seu ponto de vista sem ser chato,

99
conte histórias pessoais e pare de falar quando perceber que a conversa já deu
o que tinha que dar.

Para dar uma ideia do que onívoros inseguros costumam dizer, reuni algumas
das perguntas clássicas, muitas vezes feitas em tom provocatório. Quem é
vegetariano de longa data com certeza já ouviu alguma destas perguntas em
algum momento da vida e provavelmente tem respostas diferentes.

As respostas que coloquei a seguir são apenas sugestões (algumas minhas e


outras de amigos) do que você pode falar. Elas não precisam ser decoradas na
ponta da língua, são apenas conceitos que você pode elaborar do seu jeito. Com
toda a minha ingenuidade e muita esperança no coração, espero que os
vegetarianos que começaram a trilhar esse caminho agora não precisem mais
passar por esse tipo de situação.
Alface também sente dor, sabia?

Sabia. Aliás, da última vez que o arranquei do pé pude ver seu olhar de
desespero e ouvir seus gritos de dor. Enquanto isso, percebi que seu filhote
alfacinho chorava desesperado porque sua mãe tinha sido morta.
Os animais foram feitos para servir o homem, está até na Bíblia.

Também está na Bíblia que não devemos matar e que devemos praticar a
misericórdia e o amor ao próximo, que, do meu ponto de vista, pode ser
estendido para outros seres vivos como os animais. Não me lembro, porém, de
ter lido na Bíblia sobre a cristandade de fazendas e granjas industriais que
produzem carne em série e obrigam animais a viverem em condições
degradantes.
Com tanta gente passando necessidade no mundo, por que se preocupar com
os animais?

Uma coisa não exclui a outra. O fato de eu me preocupar com os animais não
me impede de ajudar o próximo ou de oferecer minha ajuda a uma causa
humanitária. Por falar nisso, quantas pessoas passando necessidade você
realmente ajudou essa semana?
Se comer animais é uma tradição, por que devo parar de comer carne?

Também era tradição escravizar os negros e vetar o voto às mulheres. Em


alguns países da África, até hoje é tradição mutilar as genitais de meninas. Se o
fim de uma tradição significa a formação de uma sociedade mais justa e menos
violenta, não vejo por que não agir diferente. Racismo, sexismo, antissemitismo
e especismo são todas formas de discriminação.
Se você tivesse que salvar a vida de um bebê ou de um bezerro, quem você
escolheria?

Se você tivesse que salvar entre o meu bebê ou o seu, qual você salvaria
primeiro? Eu salvaria o meu e não o seu, com certeza.
Se animais não têm alma nem consciência, por que você acha que eles têm
direitos?

100
Se eles não tivessem consciência, por que se desesperam quando se sentem
em perigo de morte? E mesmo que eles não tenham alma, isso não me impede
de respeitar suas vidas. Ou você vai negar que eles são seres vivos?
Se os animais comem uns aos outros, por que nós não podemos comê-los
também? Afinal, estamos no topo da cadeia alimentar.

Nem todos os animais são carnívoros. As vacas são herbívoras, assim como as
girafas e os elefantes. Não sei você, mas eu não sigo o comportamento de outros
animais, porque, se assim o fizesse, eu teria que defecar na rua e copular em
público caso resolvesse seguir os hábitos de um cachorro.
Hitler era vegetariano.

Assim como Mahatma Gandhi, Albert Einstein, Brad Pitt, Bill Clinton, Alanis
Morissette, Joaquin Phoenix, Paul McCartney, Kate Mossc A lista de
vegetarianos é enorme. Por falar no Einstein, uma vez ele disse: “Que época
infeliz é essa em que vivemos, meus amigos! Está mais difícil quebrar um
preconceito do que um átomo”.
Os seres humanos são carnívoros.

Não é verdade. Os carnívoros têm sistema digestivo mais curto, caninos mais
longos, garras mais afiadasc Os seres humanos são onívoros e não vão morrer
se ficarem sem comer carne. Se ainda assim você tem dúvidas em relação a
isso, coloque um bebê humano junto com um coelhinho fofo e uma fruta. Se o
bebê comer o coelho, pode ter certeza de que, no mínimo, ele não é humano.
A carne é essencial para a saúde.

Para essa afirmação, você pode responder de um jeito sério ou com ironia, caso
domine perfeitamente essa arte. Se quiser responder seriamente, diga que não
existe nenhum nutriente da carne que não possa ser encontrado em outros
alimentos. Mesmo a vitamina B12 pode ser obtida de outra forma, com
suplementos que custam menos do que a carne e não contêm pesadas e
gordurosas calorias. Se quiser ser irônico, responda que nesse momento quem
fala é seu espectro, já que você ficou doente e morreu depois que adotou o
vegetarianismo.
Se você vivesse no Alasca, seria vegetariano?

(Essa pergunta é uma variante daquela que meu amigo onívoro fez durante o
jantar em sua casa). Não posso afirmar com certeza. Primeiro porque eu não
vivo no Alasca e talvez nunca o visite na minha vida. E mesmo que eu fosse para
lá, imagino que sendo um Estado pertencente aos Estados Unidos, ele também
faça parte daquela rede de globalização que me permite consumir produtos
produzidos em outras partes do mundo.
O homem pré-histórico só evoluiu porque comeu carne.

De fato, o homem pré-histórico garantiu sua sobrevivência comendo carne que


conseguia caçar, raízes, frutos e folhas que conseguia encontrar e digerir. Mas
felizmente o mundo está em constante transformação e a pré-história já passou
há muito tempo. Mais do que isso. O que antes era uma vantagem evolutiva,
hoje virou uma desvantagem. O consumo exagerado de carne traz muito mais
riscos para a saúde do que o consumo de vegetais. Estudos que ligam o

101
consumo dos alimentos de origem animal a doenças crônicas não faltam. Isso é
mais ou menos o conceito por trás do que diz o antropólogo Marvin Harris. Ele
afirma que as escolhas alimentares dos povos e dos indivíduos sempre foram
determinadas por um cálculo (mais ou menos consciente) das vantagens e
desvantagens consequentes. Talvez esteja na hora de dar mais ouvidos a esse
cálculo instintivo e começar a diminuir o consumo de carne.

Além disso, a produção intensiva de alimentos de origem animal está acabando


com o meio ambiente. Alguns especialistas, inclusive, veem o vegetarianismo
como a alimentação do futuro, pois o mundo será superpopuloso. As previsões
são de que em 2050, a Terra conte com a presença de 9 bilhões de pessoas. É
inviável alimentar toda essa gente com carne, por causa do custo ambiental
embutido nesse tipo de produto. Usa-se muita água e muita terra para produzir
pouca carne. Ao contrário dos grãos, que utilizam pouca água e rendem uma
quantidade muito maior de comida. Para evitar um completo desastre ambiental,
as pessoas deverão procurar outras fontes de proteína.

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla


em inglês) calcula que hoje 2 bilhões de pessoas encontrem nos insetos sua
principal fonte de proteína. Entre eles, formiga, escorpião, barata e gafanhoto.
Mas, como a entomofagia parece grotesco demais para muitos ocidentais
gulosos, o jeito será partir para as fontes vegetais, como as leguminosas e a
quinoa, duas saborosas fontes de proteína, isentas de perninhas, asinhas ou
ferrões.

Esse texto foi retirado do livro Confesso que comi, de Samira Menezes,
publicado pela Editora Europa.

Veja mais respostas para argumentos sem sentido que pessoas usam para
justificar seu consumo de carne. Acesse: EcolhaVeg / Beleza Vegana / Papo de
Homem / Conectando o ser / Veganagente.

PARA MAIS QUESTÕES CONSULTE O GUIA VEGANO DE PERGUNTAS E


RESPOSTAS.

A seguir

MATERNIDADE
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Maternidade vegana
Publicação original: Maternidade vegana.
Por: Monica Vitorino

O veganismo na gestação.

Nada é tão simples e tão difícil como a prática do veganismo na gestação. Se o


vegan já é constantemente questionado por sua postura frente a alimentação e
a vida, a futura mamãe vegan é quase que massacrada e o pior que junto ao
massacre está a chantagem emocional. Conselhos de “amigos”, parentes e até
desconhecidos chegam a cada instante com uma grande carga de emoção e
desinformação. E como se fosse pouco conviver com tantas críticas negativas,
“o gesso cultural” e a pouca sabedoria se estendem aos profissionais da área de
saúde.

Está certo que muitas dúvidas persistem, na grande maioria das pessoas, sobre
a eficácia da alimentação vegan durante a gravidez, mas estas incertezas não
devem existir nos profissionais da área de saúde. A dieta vegana é
absolutamente segura para gestantes e para os bebes. A alimentação
vegetariana estrita está ligada a inúmeros benéficos para a saúde. Vitamina B12,
ácido fólico, ferro devem ser suplementados em grávidas vegetarianas ou não.
O motivo destas suplementações é de origem metabólica e não devido a opção
alimentar. Cálcio e outros nutrientes importantes serão solicitados de acordo
com a avaliação dos dados laboratoriais e a suplementação ocorrerá ou não para
vegetarianos e não vegetarianos.

Novamente não é a opção alimentar que condiciona a suplementação e sim o


estado de saúde da pessoa. As futuras mamães veganas devem lembrar sempre
de variar o cardápio diário e lembrar que não é o famoso comer para dois que
funciona. Na verdade o acréscimo calórico é mínimo. A segurança da dieta
vegana se faz através do aporte calórico correto e das escolhas alimentares
sadias. Incluir sempre alimentos ricos em zinco, cálcio, ferro, vitamina B12 e
ômega 3 é essencial, além da exposição solar diária. Montar os seus pratos
coloridos todos os dias, decisivamente é a melhor escolha para uma dieta bem
planejada e equilibrada. Portanto, a futura mamãe deve contar com o auxílio do
nutricionista, do médico, independentemente de sua escolha alimentar.

Antes de marcar a consulta, verifique se o profissional sabe trabalhar com a dieta


vegetariana e se ele respeita a sua escolha. Lembre-se que nenhum profissional
precisa ter as mesmas convicções ideológicas que você. Colocar o veganismo
na prática da vida é viver a vida humanamente. Aqui a minhas homenagens as
futuras mamães vegansc mulheres destemidas que possuem a alegria de ser
o que a consciência silenciosa e insistentemente solicita. Brilham pela alegria de
estar em paz consigo e com os reinos da natureza, em paz com a lei universal
da não violência e brilham por estarem convictas de estar contribuindo para um
mundo melhor.

Dra.Mônica Vitorino é nutricionista clínica, especializada em nutrição estética e


vegetariana, pós graduando em nutrição funcional.

103
SAIBA MAIS NOS SITES
☼ Maternidade Vegana
☼ Vegana é a sua mãe

Maternidade vegana e consciência infantil!


Camila Sanches conta sobre como o seu filho Nik de apenas 2 anos a fez virar
vegana. Publicação original: Jornada vegana.

Minha história já começa meio maluca, buscando o novo e enfrentando muitos


desafios porém vivendo a liberdade do meu ser. Engravidei na Tailândia, quando
estava morando na China de um namorado da Nova Zelândia. Era uma menina
normal de 23 anos, me considerando normal porque não havia nenhuma
limitação, principalmente para alimentação. Voltei para o Brasil com o namorado
e depois de 4 meses de gravides nos separamos porque queria continuar no
Brasil com a minha família, onde eu me sentia segura para ter uma gestação
tranquila e o namorado, que não era mais, voltou para a Nova Zelândia.

Desde o nascimento do meu filho, um universo novo surgiu dentro de mim, muita
pesquisa ligada a amamentação, alimentação natural e sustentabilidade.

Sempre amei animais com todas as minhas forças, sempre amei nosso planeta
e queria contribuir de alguma forma. Comer carne me fazia mal, além de muitos
enjoos, quase todo mês ficava mal do estomago, mas nunca entendi o porquê
disso. Meu psicológico também não ficava bem depois de engolir pedaços de
animais, eu sabia o que era e tinha muita vontade de mudar, mas comia mesmo
assim, tapava os olhos, fingia que não ouvia nem via, só engolia. Até que em um
certo dia meu filho com quase 2 anos estava almoçando e eu ofereci um pedaço
de peixe, insisti porque ele nunca queria comer e a mãe ingênua falou: come
filho, faz bem, e o filho esperto falou: Não vou comer peixe, peixe vive!

ccPRONTO!
Foi o dia que eu me senti livre, o dia que consegui enxergar uma mega limpeza
energética em mim e no meu filho. OK, não dei o peixe e pensei: Por que não
ser sincera com meu próprio filho e falar o que é e da onde vem a carne? Peixe
ele já sabe porque oferecemos as crianças com o mesmo nome, diferente da
carne.

Então, falei: Filho, você sabe o que é a carne? É um animal morto, pessoas
mataram pra comer.

E ele respondeu curto e grosso: Então por que você me dá um animal morto pra
comer?

Respondi: Desculpa filho, não vou mais dar, obrigada meu amor!

Depois de milhares de perguntas do meu filho, como por exemplo, por que
pessoas fazem isso, por que destroem as famílias dos animaisc

104
Mudamos da água para o vinho, sem transição. Pra ele foi super fácil, ele só
comia o que eu comia e o que eu dava então posso dizer que foi fácil, minha
mãe que era a pessoa que cozinhava pra nós, também se tornou vegana,
aprendeu muitas receitas e fez o melhor que podia, então graças a ela nos
alimentávamos muito bem.

Agora, meu filho tem 4 anos ainda amamento, estamos morando na Nova
Zelândia com o pai dele, que não é vegano, parou de comer carne bovina e suína,
porém ainda come peixes, ovos e laticínios, ele está aprendendo a lidar com
essa situação. Antes de sair do Brasil eu falei pra ele sobre a nossa alimentação,
que não vamos mudar e pra ele não oferecer e nem tentar mudar isso. A princípio
está dando super certo, ele está respeitando mesmo sem estar totalmente
confiantes sobre a saúde. Apesar de eu sempre explicar.

Meu filho está com a cabeça formada, acredito eu, sempre que oferecem algo
pra ele, ele pergunta se é vegano. Antes de ir em festas, de ver a família
comendo carnes, explicava o que ia acontecer, levava a nossa comida separada,
falava e falo o porque não devemos aceitar coisas de origem animal, sempre
falando o que há por trás daquele alimento que parece ser bonitinho pra quem
vê mas que na real era um ser que queria viver e lutou pela sua vida.

Quando viajamos sempre levo muita comida pra nós, tipo snacks. No avião peço
a opção vegana, alguns voos a comida é péssima, mas comemos, aceitamos o
que tem, não sendo de origem animal tá tranquilo pra matar a fome.

Quando envolve um filho, precisamos ser persistentes, estar conversando muito


e explicando tudo corretamente. Não é fácil, no Brasil com a minha família e
amigos sempre achei muito tranquilo, as pessoas que estavam ao meu redor
aceitavam mais, nunca ninguém perguntou das proteínas pra mim rs. Agora, aqui
na Nova Zelândia apesar de quase todos os lugares terem opção vegana, mais
que em muitos lugares no Brasil, as pessoas ainda estão um pouco fechadas
para isso, acham que estamos doentes, que sou radical por não encher meu filho
de doces e hambúrgueres. Mas sigo confiante e pedindo forças para que eu
saiba lidar sempre com as novas situações e que meu filho continue nesse
caminho. Porque tentações pra ele são muitas, ele quer fazer e experimentar
coisas novas, por isso sempre tenho uma longa conversa com ele antes.

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Infância vegana
Publicação original: Veggi & Tal
Por: Dr. George Guimarães

Crescendo e se desenvolvendo com saúde e segurança.

VEGANISMO NA INFÂNCIA
Podemos criar uma criança com uma dieta vegana desde o nascimento? Sim,
com o devido planejamento nutricional, podemos. Note-se que planejamento
nutricional é essencial para qualquer estilo alimentar, não sendo esta
necessidade um sinal negativo em relação ao veganismo. Para começar, as
crianças veganas devem receber aleitamento materno até os seis meses de
idade. Se por ventura isto não for possível, apenas fórmulas infantis
industrializadas, adequadas a esta fase da vida, devem ser oferecidas ao recém-
nascido. A partir do início da alimentação sólida, os nutrientes que merecem
atenção em uma dieta vegana infantil são a vitamina B12 (encontrada em
alimentos fortificados ou suplementos), o ômega-3 (encontrado no óleo de
linhaça), a proteína (encontrada nas leguminosas e nas castanhas), o ferro
(abundante nas frutas, vegetais verde-escuros, no melado-de-cana, nas
castanhas e nas leguminosas) e o cálcio (encontrado nas mesmas fontes de
ferro, basicamente).

Outro ponto importante é a ingestão calórica. Como os vegetais contêm mais


água e mais fibras, a saciedade oferecida por uma dieta isenta de produtos de
origem animal é maior e com isso a ingestão calórica pode acabar sendo
demasiadamente reduzida. O segredo é incluir na dieta os alimentos vegetais
mais calóricos (como as castanhas, por exemplo) e não exagerar nas fibras,
devendo ser excluídos da dieta vegetariana infantil os farelos e outras fibras
adicionadas. Isto garante que a saciedade será acompanhada uma boa
densidade calórica e nutricional.

Os estudos científicos apontam que a dieta vegana infantil é não apenas


possível, mas também muito saudável.

Enquanto os pais de crianças vegetarianas devem buscar a informação e


orientação adequadas para auxiliá-los no planejamento nutricional de seus filhos,
eles devem ao mesmo tempo procurar manterem-se refratários às opiniões
baseadas em mitos populares ou interesses daqueles que lucram perdendo de
vista a saúde da população.

A American Dietetic Association (ADA) e Dietitians of Canada consideram que:


“Dietas veganas e ovolactovegetarianas bem planejadas são adequadas a todos
os estágios do ciclo vital, inclusive durante a gravidez e a lactação. Dietas
veganas e ovolactovegetarianas adequadamente planejadas satisfazem as
necessidades nutricionais de bebês, crianças e adolescentes e promovem o
crescimento normal” (ADA 2003).

O vegetarianismo também é incentivado pela American Heart Association (AHA),


Food and Drug Administration (FDA), College of Family and Consumer Sciences

106
(University of Georgia) e já que estamos falando em pediatria, Kids Health
(Nemours Foundation). A American Dietetic Association e Dietitians of Canada
são enfáticas em afirmar que os profissionais da área de nutrição têm o dever de
apoiar e encorajar os que demonstram interesse em seguir uma dieta
vegetariana. Os alimentos utilizados para a obtenção dos nutrientes numa dieta
vegana são muito mais diversificados do que os utilizados por onívoros (Christel
e col, 2005). Isso demonstra que a dieta vegana (estrita) não é restrita.

REVISTA CRESCER
Criança pode ser vegana?
Por Andrezza Duarte, atualizada em 09/03/2017 15h58
(Foto: Thinkstock)

A dieta é restritiva, mas, com o acompanhamento adequado, pode auxiliar no


desenvolvimento e trazer benefícios em qualquer faixa etária.

Criança vegana: pode, sim!


Mas é preciso de acompanhamento de nutricionista.

Na casa da família Nascimento não entra carne. Também não entra leite, ovos
ou mel. “Animal em casa, só o Boris, nosso cachorro vira-lata”, diz Daniela
Nascimento, 37 anos, adepta do veganismo há 17. A falta desses alimentos na
geladeira da família deu lugar às frutas, legumes, soja, tofu e leite vegetal. Mãe
de Inácio, 4, e Laila, 1, Daniela escolheu transmitir seu estilo de vida para as
crianças, que nunca experimentaram alimentos de origem animal. “Acredito que
o exemplo é a melhor forma de educar. Se quando forem mais velhos, quiserem
incluir carne e leite na alimentação, terão toda a liberdade. Não proíbo, mas
também não incentivo”, diz.

Daniela e sua família estão entre os quase 5 milhões de brasileiros que praticam
o veganismo — que, é importante destacar, não se limita à alimentação: “Ser
veganosignifica não consumir nenhum produto de origem animal ou testado em
animais, desde alimentos até roupas, cosméticos, acessórios”, esclarece a
nutricionista americana especializada em nutrição vegana e vegetariana Reed
Mangels, professora do Departamento de Nutrição da Escola de Saúde Pública
e Ciências da Saúde da Universidade de Massachusetts. O que significa que, da
mesma forma que a carne, leite e ovos estão banidos da lista de supermercado,
aquela malha de lã ou bolsa de couro também não têm espaço no guarda-roupa.

Sim, é uma escolha (e uma transição!) radical. Mas seja por uma questão de
saúde ou por solidariedade aos animais, como é o caso de Daniela, ser vegano
é cada vez mais comum. “A dieta tem sido mais abordada, principalmente nos
últimos cinco anos. Além de um crescente interesse pelo bem-estar dos animais,
a população está envelhecendo e convivendo mais com doenças crônicas e, por
isso, busca uma alimentação mais saudável”, diz a nutróloga Andrea Pereira, do
Hospital Israelita Albert Einstein (SP).

Mas a polêmica acende quando o assunto é veganismo e alimentação infantil.


Por mais que algumas pessoas ainda tenham um pé atrás, por acreditar que a
dieta leva à desnutrição, cada vez mais estudos apontam para os benefícios da

107
dieta. Em artigo científico publicado em dezembro de 2016, a Academia de
Nutrição e Dietética endossa a dieta vegana para pessoas de qualquer idade,
inclusive crianças e gestantes, afirmando que é saudável, nutricionalmente
adequada e que pode proporcionar benefícios na prevenção e tratamento de
certas doenças, como diabetes, doenças cardíacas, hipertensão arterial,
obesidade e alguns tipos de câncer.

Sim, os benefícios existem! Mas não dá para negar que, por não aceitar qualquer
alimento de origem animal, a dieta se torna altamente restritiva e, se não for feita
de forma correta, pode trazer problemas à saúde. Afinal, a falta de leite e
derivados pode aumentar a deficiência de cálcio, enquanto a ausência das
carnes brancas e vermelhas prejudica o consumo adequado de ferro, proteínas
e vitaminas B12 e D. Por esse motivo, a Sociedade Brasileira de Pediatria faz
ressalvas sobre o veganismo.

Para Virgínia Weffort, presidente do Departamento Científico de Nutrologia da


Sociedade Brasileira de Pediatria, crianças que seguem uma alimentação tão
restritiva podem ter seu desenvolvimento comprometido: “Como a criança não
tem discernimento para saber o que é bom e ruim para a sua alimentação, os
pais precisam estar cientes da importância de identificar boas fontes de cálcio,
ferro, zinco, ômega 3, vitamina B12 e vitamina D, que são perdidos com essa
dieta, e fazer um trabalho conjunto com o pediatra e nutricionista a toda hora”.
Em alguns casos, quando a suplementação não é suficiente, a criança pode
desenvolver anemia, crescer menos e ter seu sistema imunológico prejudicado.
“Diante da impossibilidade de atingir as necessidades nutricionais específicas
para cada faixa etária, a suplementação com cápsulas e comprimidos será
necessária. E o natural e mais saudável é consumir o alimento como fonte de
vitamina, não remédios”, completa Virginia.

Mas então, é ou não recomendável para as crianças? “Desde que seja feito um
controle anual das taxas de nutrientes no sangue e um acompanhamento regular
com pediatras e nutricionistas, a dieta vegana traz, sim, benefícios como a
prevenção de doenças crônicas e pode ser adotada em qualquer faixa etária”,
diz a nutróloga Andrea. Daniela Nascimento conta que faz marcação cerrada
com exames regulares e acompanhamento regular com uma nutricionista infantil:
“Assim que Inácio nasceu, procurei informação e orientação, pois nem sabia se
o veganismo era saudável para crianças. Mas é! Meus filhos não adoecem mais
do que crianças que seguem uma alimentação comum. São inteligentes e muito
saudáveis”, diz Daniela. “O veganismo é, para a minha família, a receita para
uma vida mais saudável e para exames médicos com resultados excelentes”,
completa.

E na escola? Se o seu filho estudo período integral e a alimentação é oferecida


pela instituição, vale negociar um cardápio diferenciado para a criança e também
mandar lanchinhos veganos para serem consumidos na hora do recreio. “Busco
variar para que não enjoe: um dia mando uma porção de castanhas, no outro
uma fruta ou chips de banana. Pesquiso receitas na internet e mando para a
nutricionista do meu filho aprovar ou fazer as alterações necessárias”, conta
Daniela.
Trocas no cardápio

108
A quantidade de cada vitamina e alimento varia de criança para criança. O ideal
é fazer um acompanhamento regular com um nutricionista e pediatra para que,
juntos, elaborem um cardápio que minimize as deficiências:

Ferro
Pode ser encontrado em vegetais verde-escuros e leguminosas. O organismo
absorve melhor o ferro na presença de vitamina C, por isso, acrescente frutas
cítricas como laranja, acerola, maracujá e abacaxi nas refeições das crianças.
O que comer: feijão, amêndoas, lentilha, castanha de caju e castanha-do-pará,
quinoa, melado de cana, folhas verde-escuras e sementes de girassol, linhaça e
chia.

Cálcio
Fundamental na formação e desenvolvimento dos ossos, o cálcio pode ser
encontrado nas frutas, verduras e feijão, porém, a capacidade de absorção dos
alimentos não lácteos pode variar entre 5% (espinafre) e 50% (repolho ou
brócolis). O que comer: Tofu, grão-de-bico, brócolis, couve-flor, couve, escarola,
repolho, mostarda, espinafre, gergelim.

Vitamina D
É estimulada quando tomamos sol e auxilia na absorção do cálcio. Uma dieta
vegana contém pouca ou nenhuma vitamina D, a não ser pela ingestão de
alimentos enriquecidos ou de suplementos. O ideal é a exposição segura ao sol.
O que comer: Cogumelos.

Proteína
Uma das três principais fontes de energia (além de gorduras e carboidratos), a
proteína é facilmente substituída na dieta. Tofu e soja fazem parte da lista de
possíveis trocas, mas atenção: “Alimentos à base de soja não devem ser
oferecidos para crianças menores de 1 ano devido aos hormônios vegetais”, diz
Reed. “Fórmulas infantis de soja, diferentes de bebidas à base de soja, estão
liberadas, pois são balanceadas exclusivamente para suprir as necessidades de
bebês”, completa. O que comer: para suprir a deficiência, combine o grupo de
grãos (composto por trigo, arroz, aveia) com as leguminosas (feijões, lentilha,
ervilha). Abacate, nozes, amendoim, cacau em pó sem açúcar e gergelim
também devem entrar no cardápio.

Zinco
Mineral que ajuda no crescimento e desenvolvimento do organismo. As fontes
mais ricas de zinco para quem não consome alimentos de origem animal são os
cereais integrais, feijões e castanhas. Porém, o ácido fítico, presente em alguns
vegetais e também no feijão, atrapalha a absorção dessa substância. Uma
sugestão dos especialistas é deixar os grãos do feijão de molho por cerca de 12
horas e trocar a água na hora de cozinhar. O que comer: Feijão, grão-de-bico,
nozes, lentilha, arroz integral, sementes de girassol e de abóbora, trigo, aveia.
Dicas de alimentação para a criança vegana:

- O leite materno ou fórmula infantil são uma parte importante da nutrição do seu
filho até pelo menos 1 ano de idade;

109
- Cereais matinais costumam ser fortalecidos com vitamina B12. Mas vale
apostar nos feitos em casa: prepare um mingau grosso e acrescente um pouco
de óleo vegetal aos grãos cozidos para aumentar o conteúdo calórico;

- Prefira óleo de soja ou de canola em vez de óleos de girassol, cártamo ou milho.


Eles ajudam na produção de ácidos que são importantes para o desenvolvimento
do cérebro e da visão;

- Óleo de linhaça é rico em ômega-3, gordura do bem encontrada no salmão,


bacalhau e sardinha. Essa substância pode ajudar a melhorar o desempenho
escolar, pois tem um papel importante no desenvolvimento do sistema nervoso,
da retina e do cérebro;

- Troque manteiga e requeijão por abacate batido ou manteiga feita de sementes


ou nozes. Além de não terem origem animal, são mais calóricas e ajudam a
atingir a quantidade de calorias necessária para um desenvolvimento saudável;

- Lentilha, feijão e ervilha são uma boa fonte de energia e proteína. Cozinhe-os
bem e amasse-os até formar um purê. Cozinhar bem lentilhas, feijões e ervilhas
e amasse-os até formar um purê;

- Misture melado de cana nos alimentos, como purê de lentilha ou tofu, para
aumentar a ingestão de ferro e cálcio. Fazer melaço é fácil: ferva o líquido
extraído da cana de açúcar até virar um xarope. Depois que a água e parte do
açúcar evaporam, o líquido restante é altamente rico em ferro, cálcio, magnésio
e potássio!

- Depois de completar 1 ano, mesmo que o bebê ainda esteja sendo


amamentado, é possível acrescentar leite vegetal e de soja na alimentação da
criança. Essas opções são ricas em vitamina D2 e B12;

- Todo vegetal de cor verde é uma excelente fonte de ferro, cálcio e antioxidantes.
Para deixar o preparo mais gostoso e apetitoso para a criança, acrescente molho
de tomate ou prepare sucos com vegetais mais doces, como cenoura;

- Aposte no tofu: 120 gramas do alimento têm a mesma quantidade que um copo
de leite de vaca;

Fontes: Sociedade Brasileira de Pediatria; Hospital Israelita Albert Einstein;


The Vegan Society e The Vegetarian Resource Group, ambas nos EUA.

110
Adolescência vegana
Publicação original: Espaço Saúde

A nutrição do adolescente vegan.

Os adolescentes veganos têm as mesmas necessidades nutricionais, como


qualquer outro adolescente. Idades entre 13 e 19 anos são um período de
crescimento e mudança, é particularmente rápido. As necessidades nutricionais
estão em um alto nível nestes anos. O adolescente vegan deve seguir as
mesmas recomendações que se aplicam a todos os veganos para consumir uma
variedade de alimentos, especialmente morangos, ameixas, grãos integrais,
castanhas, sementes e leguminosas. Os nutrientes que devem estar
preocupados com vegans adolescentes são o cálcio, o ferro, a vitamina D e
vitamina B-12.

A recomendação oficial para o consumo de proteína é de 0,95 g por kg de peso


em crianças entre 11 e 13 anos de idade, e de 0,88 g por kg de adolescentes
entre 14 e 18 anos. Aqueles que tomam muito esforço físico (como os corredores
de maratona) podem precisar de mais proteína. Um adolescente de 16 anos que
pesa 54kg necessita de cerca de 48 gramas de proteína diariamente. Em termos
de comida, uma xícara de feijão cozido contém 12g de proteína, uma xícara de
leite de soja ou iogurte de soja contém 7g, 115 g de tofu contém 9g, uma colher
de sopa de amendoim ou manteiga de amendoim contém 4g e 1 fatia de pão
integral ou 1 xícara de cereal contém cerca de 3g de proteína.

As gorduras e o álcool não fornecem quantidade de proteína, portanto uma dieta


que é baseada principalmente sobre essas coisas, é provável que não satisfaça
as necessidades de proteína. Veganos que têm uma dieta variada, que contenha
frutas, verduras, legumes, feijões, cereais, nozes e sementes raramente têm
qualquer dificuldade em obter proteína suficiente, enquanto a dieta inclui o
suficiente de energia (calorias) para apoiar o crescimento.

Não há necessidade de tomar suplementos de proteína. Não há nenhum


benefício em ter uma dieta rica em proteínas e isso não vai ajudar a fazer
músculos, pelo contrário, aumentarão o risco de desenvolvimento de várias
doenças crônicas.

Durante a adolescência, o cálcio é usado para construir ossos. A densidade


óssea é determinada na adolescência e no início da idade adulta, e é por isso
que é importante que a dieta de um adolescente inclua três ou mais ricas fontes
de cálcio por dia. O leite de vaca e produtos lácteos na verdade contêm cálcio,
mas não é necessário, há outras importantes fontes de cálcio, tais como o tofu
processado com sulfato de cálcio, folhas das plantas verdes como alface,
espinafre, repolho, mostarda ou couve, e tahine (manteiga de gergelim), leite de
soja fortificado ou suco de laranja fortificado.

Se o adolescente tiver uma alimentação variada, poderá satisfazer as


necessidades de ferro, evitando o excesso de gordura e de colesterol
encontrados na carne bovina e carne de porco. Para aumentar a quantidade de

111
ferro absorvida a uma refeição, inclua um alimento rico em vitamina C, logo após
a refeição. Frutas cítricas e sucos de frutas cítricas, tomates e brócolis são todos
boas fontes de vitamina C. Alimentos com um rico conteúdo de ferro são: brócolis,
abóbora, melancia, espinafre, grão-de-bico e feijão.

É importante consumir um nível adequado de vitamina B-12 durante a


adolescência. A vitamina B-12 não é encontrada em plantas. Alguns cereais
enriquecidos contêm vitamina B-12 (verifique o rótulo). Os flocos de levedura,
também, pode conter vitamina B-12 (cheque).

Muitos adolescentes estão preocupados com o desejo de perder ou ganhar peso.


Para perder peso, analise a sua dieta. No caso em que contém muitos alimentos
gordurosos, substitua-os com os frutos, legumes, cereais e leguminosas. Se a
sua dieta já parece saudável, se exercitar, fazer mais – caminhada, corrida ou
natação diária pode ajudar a controlar o seu peso. Para ganhar peso, você
precisa de mais calorias. Se você comer mais vezes ou se você comer algo rico
em gordura (densa de calorias) vai ajudar. Tente comer três ou mais vezes ao
dia, não importa o que você está tentando: seja ganhar ou perder peso.

É difícil obter todos os nutrientes de alimentos que você precisa comendo apenas
uma vez ao dia. Se você sentir que não pode controlar o seu comportamento
alimentar ou se você perde muito peso, você deve discutir estas coisas com o
seu médico. Muitas vezes simplesmente não temos tempo o suficiente para
comer. Desenvolva algumas ideias para lanches que você pode levar de casa
incluindo: Maçãs, laranjas, bananas, uvas, pêssegos, ameixas, frutas secas,
biscoitos com pasta de amendoim, palitos de cenoura ou outros vegetais crus,
você pode incluir também pipoca, suco de frutas e inclusive pode levar o seu
almoço ou jantar para comer onde for.
WIKI-HOW
Como ser um adolescente vegano.

Veganismo não é uma dieta, é um estilo de vida. Mas para os adolescentes que
estão em um momento em que acham que essa é uma mudança necessária na
vida, este artigo é para vocês!

Seja claro sobre o que o veganismo realmente é, caso seja questionado por
amigos e família. (Veja na seção Dicas para mais ajudar ao lidar com as pessoas
com quem você vive). Um vegano é alguém que se abstém de fazer dano a todas
as criaturas vivas na vida. Para ser mais técnico, aqui estão as coisas que, como
um vegano, você deve evitar: carne (sim, isso inclui peixes e frango), produtos
derivados do leite (incluindo manteiga), ovos, mel, couro, pérolas, camurça, e
vários outros. Basicamente, se foi um animal vivo em um ponto ou outro, evite.

Pegue leve! É a coisa mais importante a se lembrar. Muitas poucas pessoas


podem fazer a mudança de onívoro (ou até mesmo vegetarianos) para veganos
da noite para o dia. Comece com sua dieta. Elimine os alimentos que você não
gosta tanto. Tente fazer uma refeição do dia vegana, depois duas, e por fim três.
Procure lanches veganos saudáveis.

112
Agora que você retirou o ruim, vamos acrescentar o bom! Dê um passeio na sua
loja local de alimentos saudáveis ou até mesmo em um mercado. A proteína é
MUITO importante. Veganos comem muitos produtos de soja, embora não sejam
necessários, mas para essa opção pesquise e experimente tofu ou misô. Esteja
aberto a tentar novas coisas! Se você está sempre correndo, tente uma barra de
proteínas. Só não se esqueça de ler a lista de ingredientes para ter certeza que
está na dieta vegana. Se estiver comendo em um lugar vegetariano, o produto
pode ser marcado vegano. Se não, leia os ingredientes. Orgânicos são sempre
um toque a mais! Lembre-se, só porque é “tecnicamente” vegano, não significa
que você deve necessariamente comer. Vegetais aos montes são necessários;
eles têm milhares de vitaminas incríveis.

Depois que você se acostumar à sua dieta vegana, pode começar com as outras
coisas que fazem de um vegano, um vegano! Vá ao seu guarda-roupas e (se for
uma menina) ao porta-jóias. Retire todos os itens que sejam à base de animais,
como couro, camurça, ostras, ossos, seda, pérolas e outras coisas. É nesse
momento que começa a ficar difícil. Alguns, quando se convertem ao veganismo,
decidem jogar fora ou doar todas as roupas “nojentas”. No entanto, como o
desperdício é um grande ponto para os veganos, alguns decidem ficar com as
roupas. Este é o momento em que você precisa se decidir. Por exemplo, se tem
um colar de herança que foi passado de geração para geração, provavelmente
vai querer ficar com ele. No entanto, se for um cinto de couro que comprou há
alguns anos atrás e que simplesmente abandonou no fundo do armário, ou as
botas de couro que são meio pequenas, livre-se deles! Sempre que for comprar
coisas novas, procure itens veganos.

Veja seus produtos de higiente pessoal. Shampoo, condicionador, escovas de


cabelo, sabonetes e cosméticos podem incluir produtos animais ou serem
testados em animais. Existem muitas ótimas marcas de cosmético que não
testam em animais, como Revlon, Nivea, Barry M, Urban Decay, The Body Shop,
Nexxusc a lista é enorme!
Dicas

Procure alguns livros em livrarias, e pesquise na internet. Entre em contato


com outros veganos na região, ou fale com pessoas novas. Eles estão por todos
os lugaresc Você só tem que procurar!
As pessoas podem ficar MUITO ofendidas quando você diz que é vegano, ou
tentando virar um. O segredo é ficar calmo e ter compaixão. Algumas pessoas
não estão no mesmo nível que você. Explique suas razões e escolhas em um
tom calmo, e se eles ainda fizerem graça com você, simplesmente vá embora.
Enquanto alguns acreditam que não há algo como um vegano “flexível” se
você for um vegano puro, outros escolhem eliminar a maioria dos produtos
animais da dieta. Você deve manter uma mente fixa sobre a definição do
veganismo. Alguns veganos seguem a dieta mas usam produtos animais, alguns
aceitam açúcar refinado e outros não, enfim.
Ao ir à casa de um amigo, eles podem perceber que não tem comida vegana.
Você geralmente pode encontrar uma fruta ou salada ou sanduíche de vegetais.
Você pode também levar lanches com você e procurar no site da PETA para
descobrir quais fast foods são veganos.

113
Avisos

Você pode até fazer sobremesas veganas. Tudo o que precisa é leite de soja,
não usar ovos e algumas vezes adicionar alfarroba (um substituto vegano para
chocolate lácteo). Os que precisam de café com leite, use um leite como soja ou
arroz. Existem também chocolates veganos, como Lindt 70% chocolate amargo.
Produtos de soja são importantes na dieta vegana, mas não são essenciais,
as proteínas podem ser obtidas de diversos alimentos vegetais. Existe a teoria
de que produtos de soja não são saudáveis em grandes quantidades. Então,
tente limitar essa escolha e opte por alimentos com alto teor de proteínas, como
nozes (um ótimo petisco e baixo em gorduras trans e saturadas). Boas opções
também: são amêndoas, castanhas, amendoins, torradas integrais com geleia
(margarina não-láctea se quiser, mas não manteiga!), vitaminas, saladas,
manteiga de amendoim, suco de frutas, arroz integrais, vegetais grelhados, feijão
e obviamente frutas cruas como maçãs, laranjas, uvas, peras, ameixas e mangas.
Lembre-se de que você deve comer muitas frutas, vegetais e grãos.
Aos que gostam de doces, não é difícil encontrar sobremesas veganas. Você
não tem que parar com o açúcar, então procure sobremesas veganas no
mercado ou restaurantes preferencialmente orgânicos.
Tornar-se vegano pode tomar tempo para se acostumar, mas no fim, muitos
acham que vale a pena.
Certifique-se de que está ingerindo todas as vitaminas! Se precisar, tome
suplementos ou multivitamínicos.
Se você é constantemente questionado pelas pessoas sobre por que é vegano,
simplesmente diga “Eu tenho meus motivos e eles não envolvem você. É meu
estilo de vida e isso não importa a ninguém além de mim.” Isso vai dar às
pessoas um sinal para te deixarem em paz.
Perder peso não deve ser um motivo para se tornar um vegano. Apesar de
que muitos veganos acabam perdendo bastante peso, é um efeito secundário e
não a intenção principal.
Fale com seu médico sobre seu novo estilo de vida.
Para muitos, ser um vegano é mais do que eliminar produtos animais, é ter
uma nova perspectiva do mundo. Uma perspectiva que nem imaginavam antes.
Para a maioria das pessoas, ser vegano é quase impossível e parece uma tortura.
Para outras é um uma escolha sensata, amorosa e inteligente.

A seguir

CURIOSIDADES
114
Soja
Mitos, Verdades, Polêmica.

Introdução. Polêmica da soja:


Questionar é importante. Saber é preciso. Ainda me pergunto se essas matérias
podem ou não ser tendenciosas conforme o lobby da indústria de exploração
animal ou se são realmente um alerta aos consumidores. Selecionei três
matérias: uma visão favorável a soja e outras contextualizando sobre a polêmica.
Em qualquer dieta/filosofia é essencial prezar pela saúde e pelo bem da vida,
torço para que a sinceridade supere as divergências para que saibamos
caminhar em uma sintonia de paz e amor, até lá, evite o excesso, o que é sempre
um conselho ponderável.

# 1ª MATÉRIA
Traduzido do site: http://adaptt.org/veganism.html

A verdade e as falsidades sobre a soja

A menos que você é alérgico a ela, a soja pode ser um ótimo complemento para
sua dieta, pois contém todos os aminoácidos, proteínas, cálcio, ferro, B1, B2, B3,
B5, B6, B12, ácido fólico e muito mais! Alimentos de soja também contêm
isoflavonas e fitoestrógenos (estrógenos à base de plantas), que podem prevenir
e tratar muitas doenças. Ao contrário do que muita desinformação fixado no
conteúdo de estrogênio da soja, fitoestrógenos não agridem o corpo humano.
Estrogénios animais, por outro lado, são prejudiciais à saúde (consulte os
seguintes artigos: Hormônios no leite pode ser perigoso e estrógeno: um dos
fatores de risco em leite para câncer de próstata ). Carne e produtos lácteos têm
a mesma-se o dobro da quantidade de estrógenos de origem animal como a
quantidade de fitoestrógenos na soja. Alguns estudos ainda sugerem que os
fitoestrógenos pode realmente inibir os efeitos deletérios de estrógenos animais.
Sempre tente comprar orgânicos (não-GM) de soja, e se concentrar mais em
soja não transformados (edamame) e as versões fermentadas (tempeh e miso),
como eles fornecem todos os nutrientes citados acima, mais pró-bióticos natural
que banham seus intestinos em bondade.

A maior parte da desinformação sobre a soja vem das indústrias de carne,


laticínios e ovos, e seus apologistas Eric Schlosser e Michael Pollan (autores de
Nação Fast Food, Food Inc., e O Dilema do Onívoro ) que estão cegos por seus
desejos sanguinários de carne , queijo, leite e ovos. legítimos estudos mostram
efeitos positivos da soja na saúde humana. Um excelente exemplo de um tal
estudo é Soja e Saúde , publicado pelo Comitê de Médicos para uma Medicina
Responsável . Este estudo é apresentado na sua totalidade apenas abaixo.
Como você examinar o estudo, notar que estes não são apenas as conclusões
de PCRM. Estas conclusões são amplamente documentados, e são baseadas
em vários estudos publicados em bem estabelecidos, revistas médicas
amplamente respeitados que não têm contas a acertar com comedores de carne,
vegetarianos ou veganos.

115
Se você ainda não está convencido de que a soja é seguro por causa de toda a
propaganda negativa, a soja não tem que ser parte de sua dieta. No entanto,
uma vez que 95 por cento de toda a soja GM na América é reservada para a
alimentação animal, você ainda tem que tomar a rota vegan porque os animais
nas indústrias de carne, laticínios e ovos são soja alimentado. A carne de soja,
queijo e leite substitutos estão disponíveis porque as pessoas estão
irremediavelmente viciado no sabor, cheiro e textura de carne animal, e as coisas
que vêm de animais. Se você pode vencer o vício, e chegar ao coração do
veganismo por consumir apenas frutas, legumes, nozes, sementes, legumes e
grãos (trigo evitar se você tem uma alergia ao glúten), então mais poder para
você.

Soja e Saúde

Alimentos de soja têm apreciado recentemente popularidade crescente.


Alimentos de soja incluem a soja (também chamados de edamame) e quaisquer
outros alimentos feitos a partir da soja, incluindo leite de soja, tofu, tempeh, miso,
e carne vegetariana e substitutos lácteos, como carnes e queijos de soja de soja.
Como a maioria dos outros alimentos vegetais, as escolhas mais saudáveis em
alimentos de soja são aqueles que são minimamente processados para que eles
mantêm todos os seus nutrientes originais. Mas porque os produtos de soja são
tão amplamente consumido, algumas pessoas levantaram a questão de saber
se eles são seguros. Vamos dar uma olhada no que os estudos médicos
mostram:

Prevenção e sobrevivência ao câncer

Estudos epidemiológicos descobriram que a proteína de soja pode reduzir o risco


de cancros incluindo cancro da mama, do cólon e da próstata. 1

Estudos mostram que as mulheres que incluem produtos de soja em sua rotina
são menos propensos a desenvolver câncer de mama, em comparação com
outras mulheres. Em janeiro de 2008, pesquisadores da Universidade do Sul da
Califórnia descobriram que as mulheres com média de um copo de leite de soja
ou cerca de meia xícara de tofu por dia têm cerca de 30 por cento menos risco
de desenvolver câncer de mama, em comparação com as mulheres que têm
pouco ou nenhum produtos de soja em suas dietas. 2 No entanto, para ser eficaz,
o consumo de soja pode ter que ocorrer no início da vida, como o tecido da mama
está se formando durante a adolescência. 3,4 A 2014 University of Southern
California estudo também mostrou os efeitos mortais de proteína animal.

E as mulheres que tenham sido previamente diagnosticados com câncer de


mama? Um estudo no Journal of the American Medical Association relatou
resultados com base em 5.042 mulheres previamente diagnosticadas com
câncer de mama que estavam participando da mama Shanghai Cancer Survival
Study durante um período de quatro anos. O estudo mostrou que as mulheres
que consumiam regularmente produtos de soja, como leite de soja, tofu, ou
edamame, tiveram um risco 32 por cento menor de recorrência e um por cento
29 diminuição do risco de morte, em comparação com as mulheres que
consumiam pouco ou nenhum soja. 5 Uma acompanhante editorial sugeriu que

116
as inconsistências na pesquisa anterior pode ser atribuída à comparativamente
baixo consumo de soja nos Estados Unidos, fazendo com que os efeitos
benéficos mais difícil de identificar. 6 Na China, o consumo de soja é maior e as
dietas tendem a incluir alimentos fontes tradicionais de soja, ao invés de soja
suplementos. Outros estudos descobriram que não havia nenhum efeito ou um
efeito favorável sobre a densidade do tecido mamário em mulheres que
consomem soja. 7

Por que produtos de soja reduz o risco de câncer? A maioria das pesquisas se
concentra em fitoestrógenos encontrados na soja. ( Phyto significa “planta”.)
Estes compostos são de certa forma semelhante aos estrógenos (hormônios
femininos) na corrente sanguínea de uma mulher, mas são muito mais fracos.
Alguns têm sugerido que eles podem manter os níveis de estrogênio sob controle,
pois pode atuar tanto como um estrogênio fraco quando os níveis de estrogênio
do corpo são baixos e podem inibir os efeitos do estrogênio quando os níveis de
estrogênio do corpo são elevados. 8

Por analogia, os estrógenos no corpo de uma mulher são como jumbos que
pousaram em um aeroporto. Os fitoestrogênios são como pequenos aviões
particulares que estão ocupando os jetways, bloqueando os jatos jumbo de
anexar. Esta explicação é provavelmente demasiado simplista, mas pode servir
para ilustrar como fracos compostos hormonais da soja podem ter efeitos
benéficos.

Fertilidade

Outras preocupações incluem a soja tem um efeito negativo sobre a saúde


reprodutiva. No entanto, estudos em ambos os homens e mulheres têm
mostrado que a soja não impediu reprodução. 9,10

Além disso, adultos que tinham sido alimentados com fórmula infantil de soja
como crianças foram encontrados para ter nenhuma diferença na sua saúde
reprodutiva, quando comparados com os adultos que tinham sido fórmula de leite
de vaca alimentada. 11

Hormonas masculinas

Embora compostos em produtos de soja tem sido comparada a muito fracos


hormonas femininas, eles não têm efeitos adversos sobre os homens e pode
ajudar a prevenir o câncer nos homens. Uma meta-análise a ser publicado na
Fertility and Sterility, com base em mais de 50 grupos de tratamento, mostrou
que nem os alimentos de soja, nem suplementos de isoflavonas de soja afetam
os níveis de testosterona em homens. 12 Uma análise de 14 estudos, publicado
no American Journal of Clinical Nutrição mostrou que o aumento da ingestão de
soja resultou em uma redução de 26 por cento no risco de câncer de próstata.
13 pesquisadores descobriram uma redução do risco de 30 por cento com
produtos de soja nonfermented como leite de soja e tofu.

Miomas

117
Produtos de soja pode reduzir o risco de miomas, nós de tecido muscular que se
formam dentro da camada muscular fina que se encontra abaixo do revestimento
do útero. Um estudo sobre as mulheres japonesas descobriram que quanto mais
as mulheres de soja comeu, menos provável é que eles estavam a precisar de
uma histerectomia, o que sugere que miomas foram menos freqüentes. 14 Em
um estudo de mulheres no estado de Washington, a soja não parecem ajudar ou
prejudicar, talvez porque as mulheres americanas comer muito pouco de soja,
em comparação com os seus homólogos japoneses. 15 O que fez ter um grande
efeito no presente estudo foram lignanas, um tipo de fitoestrogênios encontrados
na semente de linhaça e cereais integrais. As mulheres que consumiram a maior
quantidade desses alimentos tinham menos da metade do risco de miomas, em
comparação com as mulheres que geralmente ignorados esses alimentos. Então,
mais uma vez, os fitoestrógenos parecem benéfico, contrariando os efeitos de
estrogênios naturais de uma mulher, embora, neste caso, a vantagem vem de
outros alimentos do que a soja.

Saúde da tireóide

Estudos clínicos mostram que produtos de soja não causam hipotireoidismo. 16


No entanto, as isoflavonas de soja pode demorar um pouco do iodo que o corpo
normalmente usaria para fazer hormônio da tireóide. 17 O mesmo vale para os
suplementos de fibras e alguns medicamentos. Em teoria, então, as pessoas que
consomem soja pode precisar de um pouco mais de iodo em suas dietas. (O iodo
é encontrado em muitos alimentos de origem vegetal, especialmente em algas e
sal iodado.) Produtos de soja também pode reduzir a absorção de medicamentos
utilizados para tratar o hipotireoidismo. 16 pessoas que utilizam estes
medicamentos devem verificar com seus prestadores de cuidados de saúde para
ver se as doses precisam para ser ajustado.

Outros efeitos à saúde

Produtos de soja parecem reduzir lipoproteína de baixa densidade (“mau


colesterol”). 18 Eles também podem reduzir o risco de fraturas de quadril
relacionadas com a osteoporose. Em um estudo publicado no American Journal
of Epidemiology, mulheres que consumiram pelo menos um quarto de xícara de
tofu por dia, em média, uma redução de 30 por cento no risco de fratura. 19

Hipernutrição

Produtos de soja são normalmente ricos em proteínas. Alguns fabricantes têm


explorado este fato, embalagem proteína isolada de soja em shakes e
transformando-o em substitutos da carne. No entanto, pode ser prudente para
evitar proteínas altamente concentrados a partir de qualquer fonte, incluindo soja.
Muito que se sabe que o leite de vaca, aumenta a quantidade de factor de
crescimento semelhante a insulina na corrente sanguínea, 20 e este composto
é ligado ao risco de cancro mais elevada. Algumas evidências sugerem que as
proteínas de soja altamente concentradas (indicados como “proteína isolada de
soja” nos rótulos dos alimentos) podem fazer o mesmo. 21 produtos de soja
simples, como tempeh, edamame, ou soynuts, são provavelmente melhores
escolhas.

118
Resumo

As evidências indicam que produtos de soja pode reduzir o risco de câncer de


mama e de recorrência do câncer de mama. Eles não parecem ter efeitos
adversos sobre a glândula tireóide, mas pode reduzir a absorção de
medicamentos da tireóide. Os benefícios dos produtos de soja parecem se
relacionar com produtos de soja tradicional, não para proteínas de soja
concentradas.

# 2ª MATÉRIA
Publicação original: Dr. Paulo Maciel.
Soja: efeitos nocivos (entrevista com Sonia Hirsch)¹

Soja: heroína ou vilã?

Sonia Hirsch, você agora é contra a soja?

Nunca fui a favor, a não ser nas formas fermentadas: misso, shoyu, tempê, natô.
Já no meu primeiro livro, Prato feito, que é de 1983, aviso que a soja não deve
ser consumida como feijão.

Mas seus livros dão muitas receitas de tofu.

Tofu é bom de vez em quando, porque parte da acidez da soja sai no soro. O
tofu é feito de leite de soja talhado. Funciona muito bem para substituir o queijo
quando a gente está querendo parar de comer laticínios, mas não dá para abusar.
O mundinho natural e macrô adora, mas eu mesma como pouco, porque minha
pele não gosta.

E a carne de soja? Você dá uma receita de picadinho de carne de soja no Prato


feito.

Essa receita foi uma exceção, é a única que você encontra em todo o meu
trabalho. Está lá como uma homenagem ao Bira, cozinheiro macrô que morou
muito tempo no Rio e ficou famoso pelo picadinho. Eu mesma já não gostava de
carne de soja na época, início dos anos 80; achava aquele negócio muito
esquisito. Mas o Bira fez o picadinho num evento do Circo Voador na Quinta da
Boa Vista, a galera gostou e eu pensei: vou botar a receita, afinal ele merecec
Depois fiz a autocrítica no próprio livro, a partir da décima edição. Demorouc

Mas afinal, por que você está revoltada com a soja?

Estou revoltada com o uso que estão fazendo dela. Porque o consumo liberal de
soja é muito prejudicial à saúde, tanto em forma de comida e bebida quanto em
fórmulas farmacêuticas para suplementação hormonal.

Prejudicial, como assim? A soja não é o tesouro da Ásia?

O cultivo da soja na Ásia é muito antigo, tanto que ela é um dos cinco grãos
sagrados dos chineses, junto com arroz, trigo, cevada e painço; mas não para

119
fins alimentares. Seu dom é agrícola. Por ser muito rica em proteínas, a soja,
que é uma leguminosa como todos os feijões, é também muito rica em nitrogênio,
elemento essencial para a fertilidade do solo. Plantar a soja entre as outras
culturas e cortá-la quando as favas de feijão se formam, deixando-a apodrecer
no solo, traz o maior benefício para a lavoura. Sem ela a terra se esgotaria. Como
alimento, porém, ela tem inúmeros inconvenientes. Como todos os feijões, mas
muito mais acentuados.

Os feijões são inconvenientes?

Hipócrates já dizia que os feijões são tão ricos em nutrientes que poderíamos
viver só deles — se não fossem tão tóxicos. Por isso, recomendava comer os
feijões em pequena quantidade e sempre acompanhados por algum cereal, para
equilibrá-los. A uma pessoa doente, Hipócrates proibia os feijões. O dr. Barcellos,
médico, em sua dieta contra o câncer e todas as alergias, proíbe os feijões todos.
Inclusive o amendoim e os feijões verdes, como a vagem, a ervilha fresca, o
petit-pois. Aponta como problema a qualidade extremamente ácida e tóxica das
proteínas dos feijões. E realmente, se você pára de comer feijão as indisposições
melhoram. Feijão é coisa para gente saudável!

Mas e a soja?

Então, a soja é o mais protéico de todos os feijões, por isso o mais tóxico. Hoje
existem muitos estudos esclarecendo vários pontos.

Um: a soja contém altos níveis de ácido fítico, ou fitatos, que reduzem a
assimilação de cálcio, magnésio, cobre, ferro e zinco em adultos e crianças,
prejudicando a saúde e o crescimento. E os métodos convencionais, como deixar
de molho, germinar os grãos ou cozinhar longamente em fogo baixo, não
neutralizam o ácido fítico da soja; somente a fermentação tem esse poder.

Dois: a soja contém inibidores de tripsina que interferem na digestão das


proteínas e podem causar distúrbios pancreáticos e retardo no crescimento.

Três: desde 1953 é conhecido o impacto negativo das isoflavonas sobre a saúde
humana. A esse respeito, você encontra uma lista de 150 estudos científicos que
não podem ser ignorados em
www.westonaprice.org/soy/dangersisoflavones.html#studies .

Mas as isoflavonas não são fitoestrógenos, bons para reposição hormonal?

Os fitoestrógenos da soja atrapalham as funções endócrinas, têm o potencial de


causar infertilidade e de promover câncer de seio em mulheres adultas. São
poderosos agentes inibidores da tiróide, causando hipotiroidismo e podendo
provocar câncer de tiróide.

Nesse caso, as mulheres japonesas, que consomem tanta soja, não deveriam
estar mal de saúde?

120
Pra começar, elas não consomem tanta soja; vivem muito mais de arroz, algas
marinhas, vegetais, peixes e frutos do mar. Da soja usam basicamente misso,
que é a massa fermentada e salgada de soja; shoyu ou tamari, que são molhos
fermentados de soja; e nattô, que é o próprio feijão de soja fermentado, com
gosto e sabor fortíssimos. Aqui, ao contrário, as pessoas estão usando qualquer
coisa de soja achando que é bom — leite de soja, tofu, proteína de soja, extratos
de soja. Uma japonesa obtém da soja uma média de 10 mg de isoflavonas por
dia. As brasileiras estão ingerindo por dia 150 mg de isoflavonas (genisteína,
genistina, daidzaína) em cápsulas, ou seja, dez vezes mais do que a média das
japoneses consome.

Mas elas têm menos câncer de seios e ovários.

Sim, mas é porque a alimentação delas, como um todo, é menos rica em


estrogênio e seus análogos do que a dieta ocidental, abundante demais em leite,
laticínios, carne vermelha, frango e ovos, todos conectadíssimos ao surgimento
de doenças crônicas e degenerativas.

E os milhões de crianças que se alimentam de leite de soja, correm algum risco?

Vários. Um deles é o desenvolvimento de distúrbios na tiróide. Não sei se você


notou que há uma epidemia de problemas na tiróide hoje em dia. De onde vem
isso? Do stress, mas também da alimentação. Um estudo mostra que bastam 30
g de tofu por dia, durante um mês, para causar problemas na tiróide.

Um ponto positivo parece ser a presença de uma forma de vitamina B12 na


sojac

A vitamina B12 só existe nos organismos animais. A gente produz B12 dentro do
corpo. Nos vegetais você a encontra em uma ou outra microalga, ou então em
forma análoga. Acontece que os análogos da vitamina B12 que a soja contém
não são absorvidos e ainda aumentam a necessidade de B12 no organismo. Pior:
comidas à base de soja aumentam também a necessidade de vitamina D.

E a proteína da soja, serve para alguma coisa?

Não entendo por que alguém vai querer uma proteína tão desnaturada, já que é
processada em alta temperatura até virar proteína isolada de soja, proteína
vegetal texturizada. O processamento da proteína de soja resulta na formação
da tóxica lisinoalanina e das altamente carcinogênicas nitrosaminas. Fora um
conteúdo extra de alumínio em grande quantidade — e o alumínio é tóxico para
o sistema nervoso, para os rins, para a medula ósseac

Você tem mais algum horror pra contar sobre a soja?

Só mais um: o ácido glutâmico livre, MSG, GMS, glutamato monossódico ou


simplesmente glutamato de sódio, é uma poderosa neurotoxina formada
naturalmente durante o processamento da soja. Estimula a tal ponto nossos
receptores de sabor no cérebro que pode matar neurônios. São documentados
os casos de morte súbita por excitotoxinas, outro apelido dessas neurotoxinas,

121
entre as quais se inclui o aspartame. Ainda assim, esse derivado da soja está
espalhado por inúmeros produtos industrializados (bem como o aspartame). E
nos próprios alimentos à base de soja, mais glutamato é adicionado para realçar
o sabor sem que seja preciso avisar no rótulo, já que se trata de um derivado
“natural” da soja, então a lei dispensa.

Como se pode evitar o consumo de glutamato?

Lendo os rótulos, evitando produtos industrializados, preferindo comer o que


está ainda na sua forma natural. E, num restaurante japonês, pedindo missoshiro
sem ajinomoto, que é o próprio glutamato. Eles tentam recusar, porque a sopa
de misso já está pronta, mas você repete com firmeza e eles preparam outra na
hora. Não existe nada mais fácil, saudável e nutritivo do que uma missoshiro: o
lado maravilhoso da soja.

NUTRIÇÃO (FONTES DE NUTRIENTES):

CÁLCIO: Agrião, beterraba, brócolis, limão, laranja, cenoura, acelga, salsinha,


amêndoas, nozes, levedo de cerveja, algas marinhas.
COBRE: Cenoura, alface, acelga, ostra, beterraba e maçã.
FERRO: Amêndoas.
MAGNÉSIO: Brócolis, cenoura, maçãs, uva, laranja, cenoura, repolho, beterraba,
banana, amêndoas, nozes, figo, vegetais verdes escuros e dente-de-leão.
ZINCO: Semente de abóbora e salsinha.

¹ http://correcotia.com/soja/soja-entrevista.htm

# 3ª MATÉRIA
Publicação original: SVB.

A controvérsia da soja — bom ou mau alimento?

A soja ganhou status de alimento funcional pela presença de fitoquímicos,


sendo-lhe atribuídas diversas funções benéficas à saúde. Este processo iniciou-
se há cerca de 20 anos, com a divulgação de diversos estudos que referiam a
soja como um aliado da mulher contra os sintomas incómodos da menopausa.
Mas os benefícios associados ao consumo de soja não ficaram por aí, diversas
autoridades médicas, governos, indústrias promoveram a soja como alimento
saudável capaz de ter efeito protetor contra o cancro, na regulação da
hipertensão, na saúde óssea da mulher, redução do colesterol, entre outros
benefícios.

As alegações de saúde, em alguns países, relativas à proteína de soja referem


que “O consumo diário de no mínimo 25 g de proteína de soja pode ajudar a
reduzir o colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação
equilibrada e hábitos de vida saudáveis” (ANIVISA). Hoje, esta história sofreu um
volt face e a soja já não é olhada com o mesmo fascínio de há duas décadas.
Com a atenção voltada para ela, muitos estudos foram realizados, e diversos
cientistas levantaram questões acerca dos efeitos adversos da soja, seja na

122
saúde ou no ambiente. A controvérsia instalou-se e é um exemplo de debates
ainda não solucionáveis da ciência.

Benefícios nutricionais

Incontestáveis são as suas qualidades nutricionais, embora na maior parte das


vezes a soja seja referida por outras características que não estas. É uma
leguminosa das mais ricas em proteínas, sendo estas proteínas de elevada
qualidade (na digestibilidade e score de aminoácidos). Tem teor de hidratos de
carbono elevado, cerca de 35%, embora o seu índice glicémico seja baixo, e boa
quantidade de fibra. É também uma boa fonte de gorduras insaturadas, sendo
dos poucos alimentos de origem vegetal com uma fonte razoável de ómega -3.
Rico em ácido fólico, riboflavina e triptofano, boa fonte de cálcio, apesar de este
possuir baixa biodisponibilidade. Em relação ao ferro, do qual também é boa
fonte, durante muito tempo se pensou ter baixa taxa de absorção, mas hoje sabe-
se que a sua absorção pode ser bastante elevada porque o ferro existente na
soja está sob a forma de ferritina. Muitas são as formas de consumir a soja, o
que a torna muito versátil, desde o seu grão, aos produtos processados como
leite, tofu, farinha, proteína de soja texturizada, até às formas fermentadas como
miso, temph e natto, e as quantidades de nutrientes variam com o tipo de produto.

Fatores anti-nutricionais

Os feijões de soja, como a maioria dos feijões, cereais e alguns legumes


possuem fitatos e oxalatos que interferem com a absorção de alguns minerais
(cálcio, ferro e zinco). No caso dos fitatos a sua concentração pode ser diminuída
através da impregnação (demolhar os feijões), da fermentação, da germinação
e pela cozedura. Os oxalatos são diminuídos com o processamento, existindo
em maior quantidade nas camadas externas dos grãos (grão integral), retiradas
no processamento. Os inibidores de enzimas digestivas (ex. tripsina) são
encontrados com bastante frequência nos alimentos. Na soja, os inibidores de
tripsina, são resistente às enzimas digestivas no trato gastrintestinal no estado
in natura e ligam-se ao epitélio intestinal afetando as vilosidades, o que faz com
que estas proteínas sejam prejudiciais nos processos de digestão, absorção e
utilização de nutrientes. No entanto estes inibidores de tripsina são diminuídos
significativamente pela ação da temperatura e pelo processamento dos
alimentos durante a sua produção. O feijão cru é a forma onde encontramos
maiores quantidades destas substâncias anti nutricionais.

Isoflavonas

Dos cerca de 2000 estudos publicados anualmente à “volta” da soja, grande


parte deles centram-se nas isoflavonas (daidzeína e genisteína). Normalmente
são as isoflavonas que largamente contribuem para as alegações de saúde
associadas à soja, e são elas também que estão na mó de cima quando o
assunto são os efeitos adversos da leguminosa. As isoflavonas, são compostos
orgânicos naturais de origem vegetal, presentes principalmente na soja e seus
derivados. São uma subclasse de fitoestrogénios ou “ estrogénios vegetais”, que
se podem ligar a recetores de estrogénio nas células, agindo de forma
semelhante à hormona estradiol, por isso muito associados à saúde da mulher,

123
especialmente na menopausa, mas também no cancro. O estrogénio é uma
hormona com função proliferativa e que, em doses elevadas, aumenta o risco de
certos tipos de cancro, como o da mama. Porém, quando os fitoestrogénios se
ligam a estes recetores a própria hormona fica de alguma forma impossibilitada
de exercer os seus efeitos. A sua absorção varia com a dieta, sensibilidade
individual, perfil genético, processamento industrial e composição do produto,
um dado que contribui para a incoerência dos resultados das pesquisas. O
interesse sobre as isoflavonas tem sido enorme e a questão benefício/efeito
adverso coloca-se quando se tenta determinar a sua segurança quando
consumido e se seguro, quanto consumir! Os estudos são muitos, e torna-se
difícil compreender e interpretar a enorme quantidade de pesquisas associadas
à soja já realizadas, torando-se um desafio compreender as forças e fraquezas
de uma ampla variedade de modelos experimentais. Esta incoerência pode estar
associada ao facto de os estudos epidemiológicos da Ásia, que associam a soja
de forma benéfica à saúde, serem realizados com produtos de soja usados no
dia-a-dia, como tofu, leite, miso, e serem comparados com os estudos clínicos
que associam o consumo de soja aos efeitos adversos na saúde, que são quase
exclusivamente produzidos com proteína isolada de soja ou suplementos de
isoflavonas de soja.

Efeitos positivos das isoflavonas

As alegações associadas às isoflavonas sobre a sua influência positiva sobre


cancro, osteoporose, redução do risco cardiovascular, reposição hormonal, não
têm até ao momento comprovação científica suficiente que justifique com
segurança o seu uso com esse objetivo. De todas as evidências referentes aos
benefícios das isoflavonas, apenas o alívio das “ondas de calor” associadas à
menopausa e como auxiliar na diminuição dos níveis de colesterol (com
prescrição médica) está comprovado. No caso do efeito protetor no cancro, em
especial da mama e próstata, desde há 20 anos que se investiga rigorosamente
esta questão, em parte pela baixa incidência desta doença nos países onde o
consumo de soja e derivados é maior e mais antigo, os países Asiáticos. A
comprovação ainda não está clara, mas sabe-se que, embora os produtos de
origem vegetal possuam outros componentes com atividade biológica com efeito
protetor da saúde, as evidências sugerem que, se a soja protege contra o cancro,
é pela ação das isoflavonas. Também o facto de nestes países o consumo de
soja acontecer desde idades muito jovens, pode estar associado a este efeito
protetor. No entanto, como referido, todas estas questões não são ainda
absolutamente claras.

Efeitos adversos das isoflavonas

Também nesta abordagem as dúvidas são muitas e as controvérsias mantêm-


se. Os assuntos de maior preocupação dizem respeito ao cancro da mama,
crianças alimentadas com fórmulas infantis à base de soja, fertilidade, função da
tiróide e problemas cognitivos. Em relação à utilização de soja por pessoas com
cancro da mama estrogénio-dependente ou em maior risco de desenvolver
cancro da mama, devido à propriedade das isoflavonas semelhante aos
estrogénios, as evidências não são claras e os estudos em animais oferecem
resultados contraditórios. Uns colocam a genisteína como protetora e outros

124
como estimulante do crescimento tumoral. Outra das preocupações é o
problema de feminização no homem e redução da testosterona circulante, que
têm sido estudadas mas sem conclusões consistentes. Existem referências à
diminuição do número de espermatozoides em homens com excesso de peso
ou obesos, mas sem influência na motilidade espermática, morfologia
espermática e volume ejaculado. Relativamente à influência da soja na tiróide,
não existe relação comprovada entre o consumo de soja e efeitos adversos
sobre o bom funcionamento da tiróide. Existem no entanto duas situações que
devem ser tidas em atenção, o caso de pessoas com deficiência de iodo e
pessoas com hipotiroidismo subclínico (T3 e T4 normais e níveis elevados de
TSH). No primeiro caso a recomendação vai no sentido de normalizar o consumo
de iodo e não de retirar a soja da alimentação, no segundo será conveniente
retirar a soja da alimentação. À exceção das crianças com hipotiroidismo
congénito, as conclusões referem que a soja não tem efeito negativo sobre a
função da tiróide. A delicada questão da soja na alimentação do lactente, tem
sido largamente discutida, e apesar das fórmulas infantis à base de soja serem
usadas há já várias décadas, não existem relatos de alterações no
desenvolvimento, maturação sexual ou fertilidade. Os estudos publicados são na
maioria em animais ou in vitro e estudos em humanos impõem questões práticas
e éticas que dificultam a pesquisa dos efeitos dos fitoestrogénios no
desenvolvimento humano e na reprodução. A Associação Americana de
Pediatria não recomenda as fórmulas infantis de soja para bebés prematuros,
pela demonstração de fraco crescimento ósseo em crianças alimentadas com
estas fórmulas, quando comparadas com fórmulas de leite de vaca projetadas
para crianças prematuras. Referem no entanto que não existe contraindicação
para bebés nascidos a termo, quando a fórmula de leite de vaca está
contraindicada ou quando os pais são vegan. Nas questões relativas à função
cognitiva, os estudos que referem existir relação positiva entre o consumo de
soja e declínio cognitivo, são estudos controversos com limitações apontadas,
como no caso do estudo realizado na Indonésia, em que no tofu é usado
formaldeído como conservante, toxina conhecida por afetar a memória em
roedores. Neste momento nenhuma conclusão sobre a relação entre soja e
cognição pode ser feita, apesar de alguns estudos também referirem potenciais
benefícios cognitivos da soja.

Contexto político e socio-ambiental da soja

A pesquisa científica é um processo que abarca relações entre cientistas,


instituições, indústria e interesses diversos e isso influencia a forma como um
determinado assunto será divulgado e afeta a sua relevância. Questões políticas
fazem parte deste debate da soja e relacionam-se diretamente com o enorme
crescimento do mercado da soja. Sabe-se que muitas pesquisas sobre a
leguminosa são financiadas pela indústria da soja, que se dedica a ampliar o
consumo humano de soja. A maioria dos estados Norte Americanos tem os seus
próprios centros de pesquisas, designados de State Soybean Boards, que
financiam estudos na área da soja e saúde humana. É uma indústria muito rica
e poderosa que destina milhões de dólares para a pesquisa e informação ao
consumidor, com o objetivo de fortalecer e expandir o consumo da soja. Para
além disto, uma outra questão se impôs nos últimos anos, a atenção voltou-se
para a produção massiva de soja e o seu impacto no ambiente e na saúde

125
humana. Como uma cultura enquadrada num sistema de produção moderno,
com práticas agrícolas de grande impacto ambiental, tem consequências na
fertilidade do solo, na diversidade biológica da flora e fauna, na poluição dos
recursos hídricos e no clima. As grandes áreas de plantação da leguminosa
afetam ecossistemas com grande diversidade biológica pelo desmatamento,
como a Floresta Amazónica, causam evasão de povos nativos dessas regiões,
pequenos agricultores veem-se dependentes das empresas produtoras de soja,
existindo referências sobre o trabalho escravo nestas plantações. No entanto,
este impacto ambiental não seria minimamente necessário para o consumo
humano de soja. Mais de 80% da produção de soja no mundo destina-se à
alimentação de animais e à produção pecuária.

Mais recentemente o uso de sementes transgénicas representa repercussões


negativas sobre o ambiente, a saúde e a qualidade de vida. Estas sementes,
monopólio na sua maioria da empresa americana Monsanto, têm a característica
de serem resistentes somente ao herbicida glifosato, também comercializado
pela Monsanto. Para além de controlarem o mercado das sementes ainda
manipulam o tipo de herbicidas que podem ser usados nessas sementes. Para
além disto e não menos grave, apesar de a Monsanto garantir que o composto
é minimamente tóxico, um estudo (*) recente refere o glifosato como um agente
altamente cancerígeno mesmo em quantidades muito pequenas. Outro estudo
(*) que avaliou a concentração desta substância em indivíduos que não
manipularam o herbicida, revelou que voluntários de 18 países estavam
contaminados com o herbicida. Também descobriram que os fitoestrogénios da
soja aumentaram os efeitos cancerígenos quando combinados com o glifosato.
Resumo

A soja como alimento é uma boa fonte de proteínas e pode ter efeitos benéficos
sobre a saúde, reduzindo os níveis de colesterol e ajuda as mulheres na
menopausa diminuindo as “ondas de calor”. Esta leguminosa tem características
nutricionais importantes e pode fazer parte de um regime alimentar saudável e
variado. Os avanços tecnológicos no processamento da soja eliminaram total ou
parcialmente os anti nutrientes dos derivados da soja e as isoflavonas têm
aplicações interessantes na saúde. Outros efeitos são reclamados, tanto
positivos como negativos, mas permanecem controversos. Este é um tema
complexo que abarca na sua dinâmica questões políticas, sociais e económicas
que fazem com que se torne difícil diluir as controvérsias no caminho de uma
posição clara da soja na saúde. Todos sabemos, ou deveríamos saber, que a
dieta e o estilo de vida têm o maior impacto na nossa saúde e que a mesma não
será alcançada à custa de apenas um alimento, por melhores qualidades que
tenha, válido para a soja ou outro alimento qualquer. A alimentação vegetariana,
com ou sem soja, deve ser variada e equilibrada do ponto de vista nutricional e
preferível a uma dieta com alimentos de origem animal, por uma variedade de
razões. Ao oparmos pela soja devemos preferir a que não é geneticamente
modificada, pelos seus efeitos na saúde e no ambiente, uma vez que este último
está cada vez mais ligado a uma vida saudável.

126
Peso saudável

Perda e ganha de peso


Índice de Massa Corporal – IMC saudável com o veganismo.

Introdução: As matérias à mostra direcionam para vários pontos de vista a partir


do vegetarianismo; adapte e busque mais informações para atingir a filosofia
vegana.

PARA PERDA DE PESO


# 1ª Matéria: Dieta vegetariana permite perda radical de peso.
Publicação original: O Globo por Antônio Marinho 18/09/2011• Atualizado
31/10/2011.

RIO — Dietas têm muitos nomes, mas a única que leva a uma radical perda de
peso é a vegetariana. E isto vale especialmente para quem nunca fez. Esta é a
conclusão dos médicos americanos Susan E. Berkow e Neal Barnard, depois de
analisarem 40 estudos diferentes relacionando hábitos vegetarianos e massa
corporal. Os dois notaram que as mulheres vegetarianas pesam de 6% a 17%
menos do que as que são carnívoras. E o mesmo vale para os homens: os que
não comem carne são de 8% a 17% mais magros. INFOGRÁFICO: O prato do
brasileiro

Mas a doutora Susan Berkow, PhD da Universidade de George Mason, de


Washington D.C., faz um alerta: a dieta vegetariana só tem efeito de perda
radical de peso para os carnívoros. Por que? Ela explica: como os vegetarianos
são, em média, mais magros do que os carnívoros, para eles é muito mais difícil
perder peso. Eles chegam a um ponto que, por defesa de seu organismo, não
emagrecem mais.

Os vegetarianos também adoecem menos do coração, porque seu níveis de


colesterol são baixos e sua pressão fica melhor controlada. E ainda estão
protegidos contra diabetes, que se tornou epidemia global. Os adeptos da dieta
vegan — os vegetarianos extremos, que passam longe de qualquer produto de
origem animal, incluindo carnes, ovos, leite e seus derivados — são os mais
magros de todos, segundo Marcela Knibel, autora de “Nutrição
contemporânea — Saúde com sabor” (Rubio, com Dora Cardoso). A dieta rica em
vegetais eleva em 16% o efeito térmico dos alimentos por até três horas após a
refeição.

Por não consumirem produtos de origem animal, vegetarianos não comem


gordura saturada e, portanto, acumulam menos calorias. Para ter ideia, um
grama desse nutriente tem 9kcal. Vegetarianos ainda comem mais fibras de
frutas, legumes, verduras, cereais integrais e leguminosas; e as fibras saciam.
Então a ingestão de calorias total do dia é pouca — explica Marcela. — Um fato
que sempre achei, e que o artigo mostra, é que vegetarianos são mais
preocupados com a qualidade de vida. Isso também ajuda a emagrecer.

127
A alimentação deve ser equilibrada e fracionada:

Bia Rique, da Clínica Ivo Pitanguy, autora de “Comer para emagrecer” (Editora
Casa da Palavra), concorda com Marcela e comenta que os vegetarianos que
se alimentam de forma balanceada, com orientação de nutricionista, tendem a
ser mais magros.

- O gasto calórico de repouso, o metabolismo basal, isto é, o que queimamos


sem fazer nada, varia de acordo com genética, idade, peso e massa muscular.
Porém a digestão do vegetariano costuma ser acelerada porque ele ingere
menos gorduras e mais fibras, e segue uma dieta fracionada, comendo poucas
porções em intervalos menores no dia. E come alimentos de alta densidade
nutricional e baixas calorias.

Só que não basta cortar do cardápio as proteínas de origem animal, lembra Bia.

- Muitas pessoas deixam de comer carnes e consomem cereais refinados, doces


e frituras. Ainda assim acreditam que estão tendo os mesmos benefícios dos
vegetarianos — afirma a nutricionista.

Também a nutricionista Vilma Blondet, pesquisadora da UFF e da UFRJ, aprova


a dieta vegetariana como medida para emagrecer bem, desde que orientada. O
consumo de óleos vegetais é associado a baixo risco de doenças. As fibras
normalizam o intestino, evitando males como câncer de intestino, e ajudam a
controlar o nível de açúcar e colesterol.

- Com certeza a incidência de obesidade é muito pequena em vegetarianos,


devido aos seus bons hábitos alimentares e ao estilo de vida — diz Vilma.

Mas a perda de peso nos vegetarianos tem um limite, que depende de cada
metabolismo. Isso faz parte de um processo natural do próprio organismo, como
lembra o endocrinologista Amelio Godoy-Matos. Quando a pessoa começa a
restringir muito a alimentação, o corpo lança contrarreguladores do peso, ou
mecanismos de proteção. O mais conhecido é a diminuição da produção de
leptina, um hormônio produzido pela gordura corporal e que inibe a fome e
aumenta o gasto de energia. Este contra-ataque mantém a fome e a pessoa não
consegue sustentar a sua perda de peso.

# 2ª Matéria:
Publicação original: Redação Minha Vida em 21/5/2008.
Fuja dos erros que engordam quem resolve virar vegetariano.

Saiba como viver bem; sem ganhar peso mesmo com limitações no consumo de
proteínas. O vegetarianismo está cada vez mais popular. E existem muitas
variações nesse grupo: desde os que não comem carne vermelha até os que
não se alimentam de nada que tenha origem animal (incluindo leite e ovos). Em
torno desse hábito de vida, existem muitas polêmicas, começando pelo
abandono definitivo do consumo de carne, que pode levar a uma aneimia, caso
não haja outra boa fonte de proteína na alimentação.

128
Mesmo sem as carnes, ainda há uma lista imensa de alimentos, muitos deles
engordativos, que fazem parte do cardápio dos vegetarianos. E é a escolha
errada deles e algumas combinações que levam ao ganho de peso.

O primeiro erro cometido pela maioria é o excesso de pratos ricos em


carboidratos, como massas e arroz. Muitas vezes, mais de uma porção de
carboidratos na mesma refeição. Outro hábito muito comum é o excesso de
queijo nas receitas e frituras. A dieta pode ser bastante variada mesmo sem
carne, mas é preciso balancear muito bem para que o que não haja carências
nutricionais e nem aumento de peso.

“É freqüente vermos vegetarianos acima do peso. Isso ocorre, na maioria dos


casos, porque a dieta puramente vegetariana muitas vezes não é capaz de suprir
a quantidade necessária de proteínas, a menos que seja muito bem orientada”,
explica o médico endocrinologista Fillipo Pedrinola, de São Paulo (SP).

A dieta vegetariana é caracterizada por níveis reduzidos de gorduras saturadas,


colesterol e proteínas animais, e níveis superiores de carboidratos, fibras,
potássio, antioxidantes, tal como as vitaminas C e E. Mas isso não significa que
os vegetarianos não engordem.

“Como toda dieta, não existe milagre! A alimentação dos vegetarianos deve ser
balanceada assim como qualquer outra. Excessos podem causar aumento de
peso. Um erro muito comum é o excesso de massas e de gordura na alimentação,
já que se restringe o consumo de carnes”, diz a nutricionista Michele Ferreira de
Simone, também de São Paulo (SP).

A relativa falta de proteínas pode sinalizar o centro da fome — localizado no


cérebro — com a informação que deve compensar essa deficiência aumentando,
assim, o consumo de carboidratos. “Esses carboidratos, principalmente aquele
de alto índice glicêmico ou refinados (pão branco, açúcar, batata, massas e
tortas), se ingeridos em excesso, levam ao ganho de peso”, completa Filippo.

7 DICAS PARA PERDER PESO

A nutricionista Michele Ferreira, apresenta dicas para eliminar as gordurinhas


indesejadas:
1. Dê preferência aos carboidratos integrais (arroz, massas e pães integrais) que
são mais nutritivos do que os refinados.
2. Evite o consumo de doces e açúcares .
3. Consuma grãos como trigo, centeio, cevada que têm uma quantidade grande
de fibras e causam a sensação de saciedade por mais tempo.
4. Controle o consumo de queijos gordurosos, ovos e frutos oleaginosos como
nozes e amêndoas.
5. Prefira as versões light e desnatados.
6. Abuse das ervas naturais para dar mais sabor às preparações (alecrim,
manjericão, orégano, cebolinha, entre outras).
7. Pratique atividade física!
Veja um cardápio para perda de peso.

129
PARA GANHO DE PESO
# 1ª Matéria: Como ganhar massa seguindo a dieta vegana?
Publicação original: Menu Vegano.

Pergunta (de Leonardo): Olá, Dr. Eric! Eu gostaria de conhecer algumas dicas
para ganhar massa. Enquanto a maioria das pessoas tem dificuldade para
emagrecer, o meu caso é exatamente o contrário, e com a alimentação vegana
parece ser um pouco mais difícil. Muito obrigado, Leonardo.

Dr. Eric Slywitch: Olá, Leonardo! O primeiro passo é comer de 2 em 2 horas, ou


no máximo de 3 em 3 horas. Cada vez que fica mais de 3h sem comer, você
destrói a massa muscular, para transformá-la em glicose e alimentar o cérebro.
Além disso, é importante saber que o músculo, para hipertrofiar, só responde ao
exercício. Para ganhar massa muscular é preciso se exercitar. Por mais que a
proteína seja importante, não pode faltar carboidrato.

# 2ª Matéria: Dieta vegetariana para engordar.


Publicação original: Universo dos alimentos.

Enquanto muitas pessoas têm peso para perder, existem pessoas que querem
ganhar peso! Estar abaixo do peso pode ser tão prejudicial quanto estar acima.

Está dieta gira em torno de consumir 500 calorias adicionais por dia, o que muitos
especialistas concordam é a quantia ideal para um ganho controlado de peso.

Se comendo 500 calorias extras não parecer estar fazendo efeito após algumas
semanas, é possível aumentar para 700 calorias.

Um Jeito Saudável de Ganhar Peso


Muitos médicos concordam que para ganhar peso de um jeito saudável exige
que você coma alimentos com bastantes calorias, porém nutritivos.

Um exemplo de café da manhã em uma dieta para ganhar peso incluiria granola,
nozes, uma banana, leite e suco.

O almoço teria 1/2 abacate, proteína, duas fatias de tomate, saladas com óleo
de oliva, sementes de girassol (na salada) e biscoitos salgados. Na dieta também
é permitido lanchinhos entre as refeições (café da manhã, almoço, janta), além
de um jantar bem generoso.
A chave para formular qualquer refeição para essa dieta é se concentrar em
alimentos que tenham carboidratos complexos, proteína e gorduras naturais.
Quando você está tentando ganhar peso é muitas vezes benéfico que se coma
varias pequenas refeições durante o dia todo ao invés de grandes porções nas
principais refeições.
Comendo várias refeições durante o dia junto com exercícios (quem diria)
encoraja o corpo a produzir músculos.

Outros Jeitos de Ganhar Peso

130
Para ganhar peso algumas pessoas podem decidir comer vários alimentos
gordurosos, fast foods etc, mas essa é definitivamente a rota errada a se tomar
se você deseja continuar saudável durante a dieta.

O foco deve ser em comer alimentos nutritivos de vários tipos diferentes. Alguns
recomendam o consumo de vitaminas e outros suplementos alimentares, porém
estes não são de forma alguma necessários, se você mantiver uma dieta
balanceada e ingerir mais calorias do que perde durante o dia, você com certeza
ganhará peso. Geralmente seguindo essa dieta costuma-se ganhar 1 a 2 kg por
semana.

Animais de estimação
Publicação original: Centro Vegetariano.

Rações e cuidados para cães e gatos vegetarianos.

O que fazer para tornar os cães veganos?


Cães veganos, mas porquê? É possível?

O maior dilema para os veganos é alimentar os seus animais de companhia à


base de carne. Uma vez que decidiram não financiar a produção animal intensiva,
a pergunta que frequentemente colocam é: será justificável e/ou indispensável
continuar a atribuir produtos de origem animal aos nossos companheiros caninos?

Tanto aos cães adultos como aos muito jovens pode ser administrado um regime
vegano, desde que equilibrado e atendendo às necessidades de cada idade. Os
cães não apresentam qualquer insuficiência em digerir a proteína vegetal.
Alguns veganos desconhecem estes aspecto e não sabem que os cães podem
ser saudáveis com um regime estritamente vegetariano. E por isso, ao alimentá-
los com carne, abrem uma excepção moral baseada na ideia de que não existem
alternativas alimentares saudáveis para os seus amigos.
As comidas enlatadas e rações comerciais (à excepção das comidas biológicas
como as da marca Yarrah, sem químicos, hormonas, etc..) são, sem dúvida
alguma e a longo prazo, terríveis para a saúde dos cães. Este estilo alimentar
caracteriza-se por ter um alto teor de gorduras saturadas, açúcares, pesticidas,
hormonas, espessantes, conservantes, tecidos cancerígenos provenientes de
partes de animais não direccionadas para consumo humano. Afinal de contas,
nós somos os protectores dos nossos animais e queremos certamente o seu
bem estar. Existem, portanto, alternativas perfeitamente viáveis, e ao estarmos
a assegurar uma vida melhor aos cães estaremos também a eliminar das nossas
cozinhas produtos animais e, acima de tudo, não estaremos a contribuir
financeiramente para a morte e tortura de seres sencientes.
Cães adultos

- Se o cão for idoso a transição deve ser combinada com chás digestivos (ou
suplementos veganos para cães que tenham esse fim) e deve ocorrer muito
lentamente. Ou seja, aos poucos vão-se adicionando cada vez mais alimentos

131
veganos às refeições de carne, até esta ser definitivamente eliminada da dieta
dos cães.
- As refeições mais leves devem ser mais frequentes e ajudam a reduzir a fome
e, consequentemente, a ansiedade e possíveis complicações gástricas advindas
da mesma. Este tipo de alimentação mais equilibrada e repartida é igualmente
benéfica na absorção de nutrientes a nível intestinal.
- Os cães geralmente vivem bem com duas refeições diárias: um pequeno
almoço reduzido mas bastante energético (à base de cereais) e uma refeição
principal à tarde ou ao anoitecer. As raças mais pequenas devem ser
alimentadas com três ou quatro refeições ligeiras e intervaladas.
- Se o teu cão for muito activo procura equilibrar os gastos de energia com o
consumo de hidratos de carbono.
- Não alimentes o cão com uma refeição pesada antes de qualquer exercício
extenuante.

(As seguintes sugestões são apenas alguns exemplos e não referências fixas.
Existem centenas de refeições diferentes que podes fazer para o teu amigo de
quatro patas. Vê mais abaixo as fontes de nutrientes para saber quais os
alimentos que deves dar ao animal, para que se mantenha saudável).

Sugestões

Pequeno-almoço

(de manhã ou ao meio-dia):


Farinha de cereais com leite de soja ou água, de maneira a formar uma papa
consistente e energética; Cereais inteiros muesli cozinhados em lume brando
com leite de soja, de modo a amolecê-los.
Jantar

(à tarde ou ao anoitecer)
Fazer uma selecção do seguinte:

- Seitan e tofu picados ou em pedaços e cozinhados; Arroz com algas; Lentilhas,


grão, feijão, ervilhas e rebentos de soja (cozinhar todas as leguminosas); Sopa
de legumes (com espinafres, tomate, cenoura, batata, feijão verde, agriões, etc..);
Patês vegetais: de grão, brócolos, couve-flor, esparregado (espinafres), tomate,
cenoura, feijão, lentilhas, etc..
Outros alimentos possíveis:

- Fruta crua em pedaços, cozinhada ou desidratada; Sumos naturais (sem adição


de açúcar) de maçã, melancia, cenoura, melão e laranja;
- Pão fresco ou tostado, sanduíches com vegetais divididas em pequenas
porções; Arroz integral;

Não te esqueças que os cães precisam de alimentos rígidos para exercitar as


suas maxilas e gengivas. Os cães podem mastigar uma cenoura inteira, ossos
de nylon, maçãs cruas e ração ou biscoitos veganos para cão;

132
Os ácidos oleicos são essenciais para manter o pêlo saudável e brilhante. Por
isso deves dar diariamente à boca do cão, ou misturada na comida, uma colher
de chá de óleo vegetal (não aquecido nem cozinhado), como o óleo de girassol
ou azeite. Esta quantidade é indicada para cães médios como os cocker spaniel.
Para cães maiores deve administrar-se uma colher e meia de óleo de girassol
ou azeite. Aos cães de pequeno porte devem dar-se apenas 4 -5 gotas.
Cachorros

(Recém-nascidos até à 8ª semana):


- Os cachorrinhos dependem do leite materno até às 3 semanas de idade. Eles
vão-se continuar a alimentar do leite da mãe até às 7–8 semanas, porém durante
este período o leite materno irá ser suplementado por uma cada vez maior
quantidade de outros alimentos.
- Por esta altura começa a oferecer-lhes os alimentos incluídos na lista abaixo,
mas não te esqueças de dar sempre refeições leves, uma vez que os animais
muito jovens têm dificuldade em digerir uma grande quantidade de comida.

(As seguintes sugestões são apenas alguns exemplos e não referências fixas.
Existem centenas de refeições diferentes que podes fazer para o teu amigo de
quatro patas. Vê mais abaixo as fontes de nutrientes para saber quais os
alimentos que deves dar ao animal para que se mantenha saudável).

Sugestões

Das 8 semanas até aos 4 meses

(fazer uma selecção):


- Dá aos cachorros 4 refeições diárias;
- Às 8 da manhã: papa de cereais com leite de soja (cozinhados previamente
para se tornarem mais fáceis de digerir); puré de maçã e pêra; iogurte de soja
com fruta cozida;
- Meio dia: Seitan guisado (picada) com vegetais; gratinado de queijo vegano
com nozes, cenoura cozida e grão picado; sopa — creme de abóbora com
cenoura e bocadinhos de pão; fruta cozida, etc..
- Às 16 horas: semelhante às 8 da manhã.
- Às 20 horas: semelhante ao meio dia
Dos quarto meses até aos 8 meses:

Elimina uma refeição, por exemplo a das 8 horas da manhã, e passa a dar uma
maior quantidade de alimentos nas 3 restantes refeições.
Dos oito meses até à idade adulta:

Alimenta os jovens cães com uma dieta para adultos, geralmente duas refeições
por dia. Aos cães de porte pequeno: 3 ou quatro refeições diariamente.
Nutrientes — onde os procurar para obter uma alimentação equilibrada?

Hidratos de Carbono: Cereais e seus produtos (farinha, pão, bolos, massas, etc.),
bananas, castanhas, leguminosas, pêras, frutos secos, batatas, etc.

133
Proteínas: (os cães requerem uma maior quantidade de proteínas que os
humanos. Portanto, em todas as refeições que fizeres para o teu cão não te
esqueças de adicionar sempre os alimentos que estão mencionados abaixo).

Tofu, farinha de soja, rebentos de soja, leite de soja, millet, tamari, molho de soja,
seitan, queijo vegano, lentilhas, grão, feijão, ervilhas, cogumelos, cereais inteiros,
gérmen de trigo, sementes de girassol, sementes de sésamo, amêndoa,
amendoim, avelã, nozes, pinhão, castanha, acerola (ou cereja das Antilhas),
banana, azeitonas, carambola, cerejas, coco, damasco, maçã, melão, morango,
tâmara.
Vitaminas:

Vitamina A: Ameixa, ananás, carambola, margarina, acerola, abóbora,


amendoim, cerejas, cenouras e vegetais verdes, abrunho, amoras, diospiro,
figos, framboesas, goiaba, kiwi, laranja, limão, maçã, manga,
marmelo, melancia, melão, morango, nectarina, nêspera, nozes, papaia,
pêssego, tâmara, tomate, uva.

Vitamina D (a vitamina D é essencial para a absorção do cálcio):


- Margarina, exposição da pele do cão a luz solar, vegetais de folha escura
(agriões e espinafres),
gérmen dos cereais, levedura, papaia.

Vitamina E: Cereais (trigo e milho), vegetais com folhas (agriões, couve, grelos,
nabiças, espinafre, alface), abacate, banana, coco, groselhas, manga, morango,
nozes, toranja, uva.

Vitamina K: Couve, espinafres, agriões e alface

Vitaminas do complexo B (excepto a B12): Abóbora, ameixa, figos, abrunho,


acerola, amêndoa, amendoim, amoras, ananás, anona, caju, avelãs, banana,
cerejas, groselhas, levedura, abacate, damasco, goiaba, cereais integrais, farelo,
vários vegetais, frutos secos, feijão verde, kiwi, laranja, lichia, limão, maçã,
marmelo, melancia, melão, nectarina, nozes, pêra, pêssego, pinhão, romã,
tâmara, tomate, toranja, uva.

Vitamina B12: Leite de soja fortificado, tempeh, tamari, algas.

Vitamina C (essencial na dieta alimentar de um cão):


Abacate, figos, avelãs, ameixa, rebentos frescos, acerola, repolhos, clementina,
caju, carambola, cerejas, coco, damasco, dióspiro, framboesas, groselhas,
couve- lombardo, amoras, polpa ou xarope de sementes de roseira, couve-flor,
maçã, brócolos, couve portuguesa, laranja, limão, kiwi, morangos, tomate,
pepinos, pimentos, lichia, manga, marmelo, melancia, melão, morango,
nectarina, nêspera, nozes, papaia, pêssego, romã, tâmara, tomate, toranja, uvas.
Gorduras e óleos:

- Saturados: manteiga de soja, margarinas vegetais,


azeitonas e azeite.
- Intermédios: frutos secos, coco, gérmen de trigo e seus óleos.

134
- Insaturados: óleo de girassol, óleo de sésamo, óleo
de soja e margarinas com alto teor de poli-insaturados.
Alguns Minerais:

Cálcio: Couve portuguesa, sementes de sésamo, amêndoas, figos secos,


pepinos, limões, leite de soja, tangerinas, alface, couve-flor, endivias, amendoins,
feijão verde, alho-porro, repolhos, aipo, nozes, ervilhas, lentilhas, couves de
Bruxelas, passas, bananas, laranjas, avelãs, abacate, amoras anona, azeitonas,
clementina, coco, damasco, goiaba, kiwi, laranja, manga, melancia, nectarina,
nêspera, papaia, pinhão, tâmara.

Ferro: Tangerinas, anonas, espinafres, cereais integrais, açaí, amendoim,


cerejas, coco, damasco, figos, groselha, kiwi, laranja, morango, pinhão, tâmara,
toranja, uva.

Fósforo: Abacate, amêndoa, anonas, avelãs, amendoim, amora, castanhas,


cerejas, coco, damasco, figos, goiaba, kiwi, laranja, limão, maçã, manga,
melancia, nectarina, nêspera, nozes, papaia, pêra, pêssego, tâmara.

Iodina: Algas, centeio e trigo integrais, alface, abacate.

Magnésio: Pão integral, massas e arroz integral, abacate, coco, amêndoa,


cerejas, damasco, groselha, kiwi, laranja, limão, maçã, nectarina, papaia, tâmara,
uva.

Tratar da dentição

As gengivas e dentes dos cães precisam de ser regularmente limpas. Ajuda


bastante se o teu cão comer alimentos crocantes como cenouras, maçãs, tostas
e biscoitos. Ocasionalmente algumas batatas fritas estaladiças e com pouco sal
também serão úteis. Se as sugestões anteriores não funcionarem, massaja e
limpa tu mesmo(a) os dentes e gengivas do teu animal, recorrendo a um paninho
húmido ou a uma escova de dentes macia com um pouco de pasta de dentes
vegana.

Como manter os parasitas à distância?

Cães saudáveis e alimentados com comida biológica de qualidade raramente


apresentam muitos parasitas — uma boa nutrição combate pulgas e outros
pequenos parasitas. Escovar regularmente o pêlo dos cães mantém-os à
distância. Óleos essenciais podem ser muito eficazes a eliminar as pulgas. Estas
não gostam, nem de óleo de eucalipto nem de óleo de chá verde.
Um método muito prático e nada dispendioso é colocar num vaporizador com
água algumas gotas do óleo essencial e utilizar para pulverizar tanto a casa
como o pêlo do cão. Tem especial atenção aos recantos e sítios escuros, pois
as pulgas geralmente escolhem estes lugares para se instalarem. Fecha a sala
que pretendes vaporizar e espalha um pouco de sal nos tapetes e carpetes. Após
1 a 2 horas aspira o sal e abre novamente a sala. Faz isto pelo menos uma vez
por mês. Este processo, além de ser útil para eliminar os parasitas dos cães
gatos, também pode ser utilizado em gatos e outros animais mais pequenos.

135
Bons cozinhados e boa sorte na transição dos teus amigos para o regime vegano!

Referências: http://www.vegetariandogs.com
Copyright Centro Vegetariano. Reprodução permitida desde que indicando o
endereço: http://www.centrovegetariano.org/Article-284-
O%2Bque%2Bfazer%2Bpara%2Btornar%2Bos%2Bc%25E3es%2Bveganos.ht
ml

RECEITAS PARA RAÇÃO CANINA


Publicação original: Cantinho Vegetariano.

Ração vegetariana: aprenda a preparar diversas comidinhas sem nenhum


ingredientes de origem animal e ajude seu cão a sair da rotina.

Que tal mostrar seu amor ao seu amigo mais fiel, preparando para ele algo
diferente, como um delicioso café da manhã ou um suculento jantar?

Receitas simples e variadas, adaptadas do livro Cozinhando sem Crueldade, de


Ana Maria Curcelli, vão incrementar o cardápio dos cães como prova de
retribuição a tanta dedicação que deles recebemos. “Os cães são animais
onívoros, o que quer dizer que aceitam todos os tipos de alimentos. Podemos
então aproveitar essa ‘dica’ da própria natureza e dar a eles uma refeição
complementar que seja ao mesmo tempo diversificada e nutritiva”, diz a médica
veterinária Sheila Waligora.

Confira as sugestões a seguir e aproveite esse carinho que pode ser bom para
todo mundo. Para a saúde dos bichos e para quem prepara os pratos. Lembre-
se de amornar os alimentos antes de servi-los.
Basicão

Ingredientes:
6 xícaras de água
1 xícara de aveia em flocos
1 xícara de flocos de trigo prensados
1/2 xícara de trigo para quibe

Preparo:
Numa panela grande, coloque todos os ingredientes para cozinhar em fogo alto.
Assim que ferver, abaixe o fogo e cozinhe por mais 20 minutos ou até os grãos
ficarem suaves, mas não moles.
Vegetais especiais
Ingredientes:
1/2 xícara de água
2 cenouras picadas
2 talinhos de aipo picados
1 abobrinha picada
2 colheres (sopa) de gérmen de trigo
1 colher (sopa) de manteiga de amendoim ou tahine
1 colher (chá) de melado de cana

136
Preparo:
Bata por um minuto no liquidificador ou no processador de alimentos, a água, a
abobrinha e a cenoura. Adicione os demais ingredientes e bata por mais um
minuto.
Jantar de batata e cereal

Ingredientes:
7 batatas pequenas
1 xícara de cereal básico (ver “Basicão”)
1 colher (sopa) de tahine

Preparo:
Lave e corte as batatas em cubos. Cozinhe-as na panela de pressão por cinco
minutos após a fervura. Amasse as batats ligeiramente e adicione os demais
ingredientes. Misture bem e sirva morno.
Jantar de tofu e abacate

Ingredientes:
i xícara e meia de tofu amassado
1/2 abacate amassado

Preparo:
Misture tudo e sirva.

RAÇÃO VEGANA PARA NOSSOS PELUDOS


Publicação original: Amiga de Bicho.

Rações Vegetarianas

Não faz muito sentido ser vegetariano ou vegano se você ajuda a sustentar
a indústria da carne comprando rações de carne para seu cão ou gato.

Felizmente já existe no Brasil uma ração 100% vegetariana para cães. Trata-se
da FriDog Premium Vegetarian, fabricada pela Fri-Ribe. Um alimento completo
com 25% de proteínas, palatável e de ótima digestibilidade, para cães de todas
as raças e níveis de atividade. Saiba tudo sobre a FriDog Vegetariana no site:
www.racao.vegetariana.pop.com.br
(Representante vegano, não trabalha com rações de carne)

Obs: O fabricante da Fridog Vegetariana é a Friribe empresa que fabrica diversos


tipos de rações com carne inclusive para criação de animais de abate. No
entanto achamos por bem incentivar o consumo da ração vegetariana da Friribe
como modo de mostrar que existe um mercado consumidor para estes produtos
e até mesmo incentivar a outros frabricantes a fazer o mesmo disponibilizando
rações vegetarianas no mercado.

No caso dos gatos é possível ter uma ração vegetariana, apesar destes animais
serem carnívoros, desde que esta contenha “Taurina”. No Brasil ainda não existe
um fornecedor de ração vegetariana para gatos.

137
O fabricante Italiano AMÍ (http://www.aminews.net/), planeja entrar no Brasil, eles
trabalham exclusivamente com rações vegetarianas para cães e gatos. A AMÍ é
uma empresa 100% vegana, não executando experimento com animais (nem
mesmo através de terceiros) muito menos vivissecção.

Envie um e-mail de apoio a AMÍ ( info@aminews.net ), mostrando seu desejo de


que eles de fato construam uma fábrica aqui no Brasil. Lembramos que seus e-
mails serão melhor entendidos se forem enviados em inglês ou italiano.

RECEITA DE RAÇÃO CASEIRA VEGETARIANA PARA


GATOS
Publicação original: Universo dos alimentos.

Ingredientes:
1/2 kg da abóbora
1/2 kg de cenoura ou beterraba
1 molho de espinafre batido no liquidificador
2 xícaras de arroz integral

Preparação:
Misture tudo e cozinhe bem até a abóbora, fica bem mole.
Esta mistura não deve ser congelada e aguenta, em média, 5 dias na geladeira.

A seguir

PARA ATIVISTAS
138
Pode conter traços
Texto: Tiago Henrique

QUANDO A RAZÃO SE TORNA IRRACIONAL


Atenção: esse texto pode conter traços de acento agudo, circunflexo e til.

Uma vez um amigo me mostrou um texto, um mundo que eu ignorava se abriu.


Um pouco mais adiante minha namorada, hoje noiva, me apresentou um
documentário chamado Terráqueos, um novo universo se descortinou aos meus
olhos. Eu não podia negar o que via, eu já não podia continuar sendo indiferente,
eu não podia mais participar do especismo.

E lá fui eu, primeiro me tornei vegetariano por 3 meses e em seguida desde o


dia do lavrador em 23 de junho de 2012. A data não foi proposital, nesse dia
minha família estava em festa pela noite de São João que se acercava, evento
tradicional que serve muitas quitandas e especiarias derivadas do leite. Foi
nesse dia que eu decidi me tornar vegano. O veganismo é um movimento a
respeito dos direitos animais e ambientais.

Eu já não podia mais ir contra minha consciência. Há um ditado que diz: Cuidado!
A leitura pode causar sérios danos a ignorância. Acho que por isso muitos têm
medo de ler, de pesquisar e de encontrar respostas, preferem acobertar suas
ignorâncias porque as vezes dói em seus egos e a verdade contraria as suas
confortáveis paixões.

Simultâneo ao conhecimento do veganismo comecei a estudar o espiritismo,


doutrina de teor religioso, científico e filosófico que busca o aprimoramento moral
do indivíduo. Bem, essa é uma síntese das leituras que me transformaram à vida
adulta, mas comecei esse texto com o propósito de pontuar um debate intrigante
entre veganos: o fato de um produto conter traços de determinado ingrediente
de origem animal.

Muitos não vêm problema nesse fator desde que a listagem de ingredientes seja
100% vegetal, passando a considerar esses alimentos como vegano. Outros
como eu consideram que não são veganos porque existe no tal produto vestígios
de derivados animais; ilustradamente como você pode ver nos sinais de
acentuação gráfica como adverti no princípio da redação. É inegável que eles
estejam no texto. Suponhamos que as letras são vegetais e os acentos os traços
de origem animal, esse produto não é 100% vegano, não na minha concepção
e eu não estou sozinho nesse conceito.

Isso tem me chamado atenção. Você pode ir a uma pizzaria e pedir uma pizza
vegetariana, a definição é vulgarmente tão extensa que você pode comer uma
pizza com massa de ovos, quatro queijos com borda catupiri e quem sabe até
com peixes se fosse comum em pizzas. O termo vegetariano é popularmente tão
amplo que em último caso é estrito. Me assombra correr esse risco com o
veganismo e pior é que já estamos correndo, falarei disso daqui dois parágrafos.

139
Eu já trabalhei em indústria alimentícia, de modo geral sei como funcionam as
coisas em uma produção, conheço alguns maquinários e certas rotinas de
limpeza, tanto quanto enxergo o que é um traço e ele não é invisível, não
senhoras e senhores: ele não está nos utensílios que foram cuidadosamente
lavados em uma residência. Por favor não se façam cegos, não se acomodem.
A acomodação ativista gera comodismo empresarial, gera comodismo militante
e gera pontos divergentes no que deve ser unido.

Em nossa pauta já defendemos os direitos animais e agimos dentro das nossas


possibilidades, mas não podemos nos aquietar diante o fato do “pode conter
traços”, ao vegano não importa se a informação está ali por razões alergênicas,
o fato é que está e não deve ser ignorado. Debater é importante para expandir
essa discussão e chegar a um ponto em comum para os fundamentos. Ouso
dizer que o vegano que não consome traços, tal como não voltará a comer carne,
não abrirá precedentes para comer traços por uma convenção plural que diga:
contém traços mas é vegano. Por obséquio, não vamos especular fantasias nem
ilhas desertas e etc, vamos enfrentar a realidade ao alcance daqueles que
querem seguir caminhando. A causa avança, ela não deve estagnar.

Além de tudo o que já defendemos coloco também como importância o respeito


ao consumidor, o direito a informação. Por ausência de legitimidade ou mesmo
de posição, conheço estabelecimentos veganos que fazem produtos com uma
listagem de ingredientes 100% vegan mas que podem conter traços de leite,
ovos e afins. E aí? Eu boicoto os traços em minha filosofia mas e o vegano que
entende que está tudo bem em usar um chocolate que pode conter leite? Isso
fere a minha posição, por isso luto pelo direito de ser honestamente informado.
Cada um de nós pode escolher e os fatos dão devem ficar ocultos.

Não posso me dar por satisfeito, meu ativismo não acaba aqui. Como diria um
debatedor nesses fóruns: somos humanos com traços de especismo por esse
motivo aceitamos os traços. Ao meu ver quando consumimos um produto (e eu
não estou dizendo uma marca, não estou nessa amplitude de questão) apenas
me refiro a uma unidade produzida que contenha traços de origem animal, noto
que no mínimo há traços de exploração ali e se eu posso evitar me alimentar
desse contingente, eu continuarei evitando e sobretudo defendendo o direito de
ser informado da possibilidade de incorrer nesse consumo aceito como vegano
aos olhos de muitos mas percebido como não vegano por outros.

Aos extremistas, digo: erra aquele que acha que porque não pode fazer tudo não
deve fazer nada ou um pouco mais. Se eu posso boicotar os traços, vou boicotar.
Se eu não posso evitar comprar de uma multinacional que explora animais, eu
vou optar por comprar ou usar o seu produto vegano desde que não contenha
traços de origem animal, os traços configuram a contaminação de princípios.
Embora nesse cenário eu ainda não possa deixar de comprar de determinada
empresa posso escolher um produto livre de crueldade. É simples, é uma
decisão, ninguém vai morrer porque deixou de comer determinados chocolates,
snacks e afins; onde há mercado tem sacolão.

Veja, eu também sou um pobre mortal que tem uma rotina, que vive em um
centro urbano e que está sob as mesmas condições da maioria, vem a calhar

140
um provérbio bem conhecido: quem quer encontra um meio, quem não quer
arranja uma desculpa.

Me esforço para controlar as palavras tentando ser amável para não ofender o
direito de ninguém, mas também não quero que ofendam meu direito, afinal
somos livres para pensar, eu as vezes penso que a consciência precisa de um
choque, é sabido que uns vão pelo amor outros pela dor. Tento aprender com o
espiritismo que não impõe nada e educa pela fraternidade, mas outras vezes
meus impulsos tomam a energia daqueles a quem vão chamar de radical, e quer
saber: que seja enquanto ainda me lapido para compreender as opiniões
diversas ao ponto em que algo me parece claro. Eu sei que preciso aprender
com a humildade daqueles que nada cobram, mas sou um sujeito comum, um
yin-yang, espírita mas também vegano e sabe o que é mais legal nesses inter-
meios: uma verdade nunca se sobrepõe a outra, isso é maravilhoso!

Por fim, sei que divaguei entre o concreto e o abstrato, assim é a minha literatura:
livre, sem a pretensão de provar A ou B, apenas com a intenção de provocar a
reflexão e não de definir o outro, como alguns se assustam e logo atacam para
defender. É preciso lembrar que estamos discutindo ideias e não a
particularidade das pessoas.

Ao ponto central que eu queria tratar, concluo a reivindicação de que o mínimo


que os veganos merecem, é o direito de serem informados mesmo em um
produto “vegan” se há ou não traços de algum ingrediente animal, afinal de
contas para muitos de nós: se contém traços não é vegano.

Quer saber mais, clique aqui.

A seguir

CAPÍTULO 2
141
Tiago Henrique Rezende Fonseca
MINHA TRAJETÓRIA NO VEGANISMO

142
PRIMEIROS SOCORROS
PARA UMA VIDA MAIS ÉTICA E SAUDÁVEL
Perguntas mais frequentes sobre o veganismo.

Algumas pessoas me interrogam sobre o POR QUÊ ou COMO ser vegano. O


texto a seguir é apenas a construção das ideias que reuni inspirado nas questões
ou pedidos que a mim chegaram. É uma espécie de FAQ (Perguntas Mais
Frequentes) com as minhas opiniões a respeito, não sou especialista, não sou
médico, nem nutricionista, sou um singelo aprendiz, praticante de toda essa
filosofia e ainda preciso caminhar muito para atingir pontos mais profundos.

Para a explanação abaixo, considere a pergunta: ESTOU QUERENDO PARAR


DE COMER CARNE, COMO PROCEDER? COM O QUE ME PREOCUPAR?

Que bom que você está pensando nessa direção, quando parte do próprio
indivíduo é um ótimo sinal, pois com informação e vontade não tenho dúvidas de
que você encontrará as respostas e os alimentos que lhe serão saborosos.

Tenho uma cronologia de textos sobre o meu processo de mudança, você pode
ler:

• O Mundo precisa mudar


• Por amor a vida
• Primeiros socorros (que é este que você está lendo agora).

O primeiro foi um passo determinante que começou a mudar minha maneira de


pensar a vida e a alimentação. Como um amigo me disse e eu sequer fazia ideia
da proporção que seria, transmito a você “que se tornar vegetariano será uma
das melhores decisões que você fará em sua vida”.

Inicialmente sugiro que assista:


• Terráqueos
• A carne é fraca

Depois, vasculhe e tenha o site Vista-se guardado. No Brasil ele é o maior guia
sobre o vegetarianismo e o maior incentivador da filosofia vegana. O criador do
vista-se é o Fábio Chaves siga-o pelo facebook, ele sempre está atualizado.

Aconselho também que você possa assinar a Revista dos Vegetarianos ela é
orientadora e esclarecedora, de vários mitos que rondam nosso imaginário
quando se fala de alimentos e nutrição. Para conhecimento consulte o
vegetarianismo tem cinco níveis de consideração. Se tratando de alimentação,
o vegano assume o vegetarianismo estrito.

SENDO MAIS OBJETIVO, VAMOS LÁ:

Penso que cada pessoa tem uma maneira de mudar, um jeito de agir, um período,
uma fase, uma necessidade diferente, isso deve ser respeitado e levado em
consideração, o importante é ler bastante em fontes seguras, sanar todas as

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suas dúvidas com segurança e satisfação. Fazendo isso, toda mudança será
uma consequência saudável.
Observando alguns pensamentos sobre as causas vegetarianas, vejo que há
também o ponto de vista não fraterno (indiferente a causa animal), que pensa
apenas na própria saúde, pois quem estuda o assunto sabe que a alimentação
vegana é extremamente SAUDÁVEL ao ser humano e realmente é a melhor para
o nosso organismo. Aliado a este fator, se preferir, mesmo assim
inconscientemente ou involuntariamente há o benefício de não fazer o mal e não
contribuir para a exploração e toda a matança de animais.

Das nossas paixões e hábitos, com o paladar a gente se acostuma, descobrimos


novos sabores, encontramos opções acessíveis e econômicas e ganhamos um
novo universo de alimentos. Com o tempo deixamos de buscar o mesmo gosto
do que conhecemos sabendo que são outras fontes, outras refeições, tão logo
aprendemos a escolher pelo mais saudável e moralmente correto, isso nos
completa com felicidade e boa vida.

Nesse trajeto, para eu ficar despreocupado procurei uma nutricionista, mas, não
fui compreendido, então tive que buscar informações de outra maneira, pois há
todo um sistema e uma cultura em torno do hábito da alimentação animal. Não
se pode esperar que todos nos compreendam. Contudo é realmente importante
que você faça um check-up anual para verificar sua saúde, isso normalmente é
indicado para que todos façam, independente da dieta alimentar, e é bom que
saibamos como vão as coisas. Fiz um check-up assim que parei de comer carne
e há alguns dias fiz um novo exame, para minha alegria os resultados
melhoraram do ano de 2012 para 2013 mesmo eu estando um ano mais velho.

Ao mudar sua alimentação/seu vestuário, tudo o que posso dizer é para que não
tenha pressa, que continue pesquisando e se informando sobre todo o
desconhecido mundo vegano, você vai perceber que é seguro, que não é
nenhuma loucura como pintam e nem é tão difícil quanto parece, existem opções
acessíveis. Ser vegano, dentre outros atributos, é um sinal de lucidez, compaixão,
paciência e boa vontade. É um processo longo e valioso, deguste-o em cada
etapa com fome de conhecimento.

SOBRE OS DEMAIS NUTRIENTES E VITAMINAS como cálcio, ferro, proteína,


que sempre vem às conversas quando se fala em dieta vegetariana, concluo que
não temos porque nos “preocupar em excesso” com tal importância, pois
geralmente temos inserido em nosso cardápio cotidiano uma alimentação
baseada em excelentes fontes de nutrição, reveja: o capítulos: Nutrição.

Considerando o avanço da causa, para ampliar sua culinária recomendo os livros


da Ana Maria Curcelli: Cozinhando sem crueldade, à princípio eu queria
continuar comendo de tudo, porém de tudo vegano, eu queria provar que eu
podia comer bem e até melhor e sei que é verdadeiramente possível sem apego
e nostalgia. Tornar-me vegano me fez descobrir o prazer de cozinhar, o que me
surpreendeu e se tornou uma das coisas mais agradáveis que faço.

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Concluindo esse incentivo — apenas para ilustrar — sabe aquelas pessoas que
estiveram próximas da morte e que dizem que é como se tivessem nascido de
novo? Em mim o veganismo foi semelhante, é como se eu tivesse renascido.

NOTA DE GRATIDÃO
Recordo-me e agradeço a bondade de Fábio Chaves ao responder minhas
questões sobre a vida e as escolhas de um vegano; do mesmo modo agradeço
à minha namorada Mariana Chaves, que me impulsionou a ter um motivo para
eu deixar de comer carne por um período e desde então parei de consumir esse
hábito progredindo para o não consumo de produtos de origem animal; tanto
quanto agradeço a Claudemir Ferreira, por ter escrito uma redação que incitou
uma das melhores mudanças da minha vida. Leia: Amor para com os animais.

Agradeço as pessoas que não me julgam, aos que me apóiam e aos que
respeitam mesmo não estando de acordo. Por todos que passaram e passarão
em meu destino: compreendendo, ajudando e orientando todas as escolhas, o
meu muito obrigado a toda gentileza oferecida, a toda solução e cuidado disposto.
A cada gesto de amor em torno dessa atitude e, por que não: a todo
acontecimento contrário, afinal uma resposta negativa ou colocação diferente,
move o pensamento em direção ao percurso almejado.

Por fim, obrigado por sua leitura, que essas palavras possam acender uma luz
em seu caminho.

ATENÇÃO!
Pesquise a fundo todas as questões. Os conceitos aqui escritos e abordagens
indicadas são apenas um caminho para a reflexão. Alguns embates podem
inclusive ter comprovações mais atualizadas, pois este texto se mantém
inalterado desde a sua publicação original em julho de 2013, estabelecido de
acordo com as informações que eu encontrei na ocasião de cada pesquisa.

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O MUNDO PRECISA MUDAR
Por natureza, determinadas carnes não me vão bem ao paladar, questão de
organismo. Há tempos começo a ter remorso de ainda comer alguns tipos de
carne, seja porque o modo de preparo me é degustavelmente melhor, seja
porque culturalmente pratos saborosos são preparados, incluindo quitutes,
petiscos e variados modos de apresentação do hábito carnívoro.

Ao ler o texto: Amor para com os animais, de Claudemir Ferreira, publicado na


Revista Betim Cultural, seção Diário do dia 08 de março de 2012 me peguei
novamente pensativo a respeito e esse pequeno escrito é uma chamada para
um texto que o mundo deveria ler. O comecei de propósito justificando as
vontades irracionais que cultivamos e sinceramente espero parar de comer
carne.

Encerro repetindo o jargão de Paul McCartney “se os abatedouros tivessem


paredes de vidro, seríamos todos vegetarianos.” E essa repetição vai de
encontro ao que diria Renato Russo de acordo com o que eu ouvia na música
“sei que as vezes uso palavras repetidas das quais são as palavras que nunca
são ditas”. Leia o texto Amor para com os animais alguns minutos de sua atenção
podem mudar sua maneira de compreender a vida.

POR AMOR A VIDA


08 de março de 2012, um texto reflexivo de Claudemir Ferreira me abriu os olhos
para a cultura carnívora em que vivemos. Decidi parar de comer carne e pela
primeira vez senti repulsa ao ver o próximo deglutindo animais abatidos em cima
de uma pizza. Depois disso comecei a ler, ver vídeos e me informar. Na tentativa
de amadurecer para o propósito vegetariano descobri o veganismo e tendo
consciência desse intuito, sendo mais efetivo e sincero com a causa, para mim:
esse é o caminho.

Parar de comer carne é o começo, com os passos certos despertamos a


consciência para deixar de consumir produtos de origem animal porque a
exploração faz parte do erro e não nos justifica deter apenas o aparentemente
mais absurdo porque é igualmente disparatado a exploração animal em troca do
que nos serve de alimento ou vestimenta.

Hoje 23 de junho de 2012, véspera de São João, decidi parar de consumir


produtos de origem animal e para quem no natal passado tinha um plano de
aderir ao vegetarianismo dentro de 5 anos, aos 25 conquisto uma atitude que
me fará melhor dentro do que espero de mim e mesmo que eu seja apenas um
em milhões, faço valer essa importância, pois ao mudar minha vida, contribuo
para a mudança do mundo que almejo.

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DIPLOMAS VALEM MAIS QUE O AMOR
“Meu médico me mandou comer carne branca” foi a frase mais triste que ouvi
nesses últimos dias, posterior a sentença “comi peixe essa semana”. Em outras
palavras, eu leio o mundo assim: “meu médico me mandou matar e autorizei o
assassinato de um peixe por sufocamento, tendo decepado o seu corpo ainda
vivo para servir em meu prato no almoço”.

Que loucura não é? Mais louco, que eu serei o louco acusado por essa
sociedade enferma. Paradoxo: hoje mesmo me veio a oração — a falta de amor
adoece. Estamos todos doentes. Porque fomos criados assim; devemos ser
assim até o fim da vida?

O dicionário define: médico, o que acompanha um doente no decurso de uma


enfermidade. Temos uma lógica inversa de pensar a medicina, queremos que
ela proteja nossa saúde, mas ela cuida é da doença (não nos contam como não
ficar doentes). Imaginamos que o médico é aquele que vai propor melhorias, mas
como?! Se ele aceita tudo o que veio de sua formação especista e financiada
por interesses sombrios? Aos que aceitam tudo sem reflexão, é dada a
mediocridade de suas próprias limitações, limitada pelo egoísmo e arrogância de
uma espécie que se julga superior e com Direitos sobre outrem que se quer se
associa a sua raça.

O ser humano é prepotente, regado em uma fé rasa e distorcida que não enxerga
além de si mesmo. De que vale os joelhos no chão, o Cristo no altar, os Santos,
Pastores e Padres que pregam a boa palavra mas agem em contradição? De
que vale o fiel obediente que conhece vários ritos e uma diversidade de histórias
bíblicas mas ignora todo bom exemplo que Jesus ensinou?

Distorcem, retorcem, adaptam para os seus próprios prazeres, luxos, confortos,


comodidades. Fazem de tudo, adornam, enfeitam e dispõem em publicidade.
Tudo é maquiagem nesse delírio, mas, por debaixo desse pó a verdade se
esconde tímida, retraída, com vergonha de existir em meio a tanta perversidade,
afinal quando ela se expõe, tentam sufocá-la como o peixe, a marginalizam e
gritam aos quatro cantos: Radical! Radical! Radical! Uma mentira dita mil vezes
na ignorância se torna verdade, na luz, continua sendo uma mentira.

Diplomas são pedaços de papel, o amor, o amor não está à venda. Jesus Cristo
é vendido nas religiões e eu não preciso delas para compreender sua palavra. A
tradição é especialista em se assenhorear das novas demandas, vesti-las de
passado e fingir que é presente. O capitalismo é mestre em se apropriar das
novas tendências, furta-las a alma e vendê-las com as embalagens da mesma
ganância antiga regada na cobiça e na escuridão que só enxerga o próprio
umbigo. Por debaixo dos rótulos o dinheiro seduz as consciências frágeis que
hora ou outra retornam a sua matriz de ilusão. Compreensível; afinal, a
correnteza é mais forte para quem deixa o seu barco a deriva, navegando nesse
mar nebuloso e hipócrita.

Diante do exposto, por outras correntes eu tento me calar, deixar o silêncio e o


tempo fazerem sua obra, mas quem disse que não sou uma obra do tempo?

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Angustiado com o mundo, entristecido com a humanidade, mas não abatido!
Abatido, torturado, escravizado eu já teria sido se eu fosse: gado, porco, galinha,
peixe ou qualquer outro animal na mira dessa sociedade que consome a alma
dos inocentes pela paixão dos dentes, o vício do paladar e a insensatez do
estômago.

Nessa toada, o que esperar de pais que reproduzem suas mazelas e ensinam
suas crianças a subjugar, inverter a lógica e minimizar o amor? O que se espera
dessa nossa humanidade não pode ser diferente do papel que esse mesmo
médico exerce sob a autoridade comprada de toda a nossa estúpida sociedade.
O diagnóstico para toda essa verborragia-especista que se espalha é simples:
continuaremos assim enquanto não houver amor suficiente para irrigar a nossa
consciência, embora dito isso, a realidade é que muita gente vai continuar
preferindo tomar remédio que essas palavras.

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CLIPPING
Veganismo com Tiago Henrique.

CARREIRA ARTÍSTICA
☼ Música
☼ Literatura
☼ Composições

Música: Visto uma camisa com estampa vegan na capa do primeiro álbum da
Nostreis, sendo eu integrante da banda como vocalista e compositor.
Literatura: Redigi um capítulo exclusivo sobre a cultura vegana no livro Cartas
para a humanidade.
Composições: Escrevi músicas pró abolicionismo animal para reflexão social
com respeito, paz e amor a todos os seres sencientes, além do link acima você
pode ver também no Youtube.

PESSOAL
☼ Tv Betim
☼ Manual do veganismo

CARREIRA EMPRESARIAL (2014–2016)


☼ Revista Vegetarianos:
1ª publicação / 2ª Publicação
☼ Veganismo na Tv / Casa Veg:
Trecho com produtos na prateleira
☼ Tv Betim:
Entrevista na fábrica
☼ Revista Mais
Matéria completa
Bastidores da matéria

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OS BASTIDORES DE UMA ENTREVISTA
Nome do entrevistado:
Tiago Henrique | site: www.thvirtual.com
Entrevistadora: Renata Nunes | Revista Mais Betim.

Profissão:
Escritor, Músico, Professor e Empresário do ramo de alimentos veganos. (Onde,
como você comercializa? Me explique por aqui, por favor) Como fábrica distribuo
para comerciantes do ramo ou não em Betim e Região e para lojas veganas em
todo o Brasil. Também faço vendas online para o consumidor final no site da
empresa Nogui Alimentos.

Idade:
28 anos

Quando iniciou o veganismo?


Em 08 de março de 2012 um texto reflexivo de Claudemir Ferreira me abriu os
olhos para a cultura carnívora em que vivemos. (Tem como me enviar um trecho
do texto que mais te marcou e o fez tornar-se vegano?) “Os animais em
matadouros sentem o cheiro, ouvem e, muitas vezes, veem o abate dos outros
animais que estão à sua frente. À medida que eles se debatem, os funcionários
humanos, que frequentemente são pressionados para manter a linha de
produção se movendo rapidamente, reagem com impaciência contra os animais.
Mas não são só os animais que sofrem, muitos dos funcionários que trabalham
nessa infame tarefa, adquirem com o tempo, vários tipos de transtornos
psíquicos, pois convivem em um ambiente de sofrimento, de gritos e berros de
dor, de agonia e desespero. Os animais sentem a morte se aproximando, sentem
o cheiro de sangue, ouvem os gritos de seus semelhantes, e nada podem fazer.
Nada. Não adianta gritar, não adianta tremer e berrar, nem lançar olhares tristes
para seus algozes, serão mortos, e ponto final”.

Decidi parar de comer carne e pela primeira vez senti repulsa ao ver o próximo
deglutindo animais abatidos em cima de uma pizza. (Como assim? Comeram
carne e depois comeram pizza?) Me refiro a carne na própria pizza como:
Lombinho, Linguiça Calabresa, Presuntoc essas coisas que fizeram se tornar
comestíveis mas que em sua origem nada mais são que o corpo de um animal.

Depois disso comecei a ler, ver vídeos e me informar. Na tentativa de


amadurecer para o propósito vegetariano descobri o veganismo e em 23 de
junho de 2012 (véspera de dia de São João) me tornei vegano diante uma típica
festa junina, não mais senti qualquer desejo por alimentos vindos da exploração
de um animal, pelo contrário, passei a enxergar toda crueldade desse meio
popularmente praticado sem maiores questionamentos, que podem aprofundar
as escolhas de cada um em prol da vida que pertence a outra espécie e que nós
não temos direito a escravizar, explorar e por fim matar a nosso bel prazer por
hábitos pouco refletidos.

Foi simples?
Irresistivelmente sim. (Antes você não comia muita carne, não gostava? Por isso
foi tão simples??) Eu tinha hábitos comuns, apesar de não exagerar na carne,

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com algumas exceções, eu comia como qualquer pessoa e gostava de churrasco,
assim como gostava de queijo, derivados do leite, omelete e as várias receitas
com ovos, como bolo, pãesc mas só de escrever essas linhas meu estômago
embrulha ao lembrar do passado inconsciente; eu queria que essa consciência
vegan tivesse se despertado antes em mim, por sorte, quando veio foi inevitável,
graças a Deus se expandiu com velocidade e como eu disse, de maneira
irresistível. Gosto desse termo que encontrei no espiritismo, outra filosofia que
pautou mudanças significativas em meu ser, me ajudando a desenvolver um
amor mais amplo, acrisolando meu caráter e o respeito ao próximo de uma
maneira mais prática e não teórica, me impulsionando a praticar o bem em todas
as esferas de meus atos, conforme posso ver em sintonia com a paz.

Porque aderiu ao veganismo?


Por amor aos animais, por consciência sobre a importância da vida indiferente
de sua espécie.
Estudou sobre o assunto antes?
Sim, diariamente e constantemente desde então.

E quais conclusões tirou?


Concluo que somos seres em evolução e não cabe a uma espécie dotada de
inteligência ser tão bárbara e rudimentar para com as outras formas de vida, é
preciso respeitar o estado de cada ser porque enquanto a força e a imoralidade
estiverem impregnadas em nossos atos pouco avançaremos em direção a paz.

O que o veganismo representa na sua vida?


Para mim representa sanidade, é um meio importante que me abriu os olhos
para uma direção mais fraterna em respeito a vida, desde a sua mais simples
forma até a mais complexa, fez, me entender como parte do todo para caminhar
em harmonia com tudo o que nos permeia, dentro das nossas capacidades e
alcance.

Como é a sua alimentação?


Simples, no começo todos os lendários mitos a respeito de Proteínas, Ferro,
Cálcio me fizeram buscar respostas e alternativas para que eu pudesse viver
com tranquilidade e certeza de que estaria me cuidando bem. Com um bocado
de estudo (onde estudou sobre o assunto? Onde encontrou informações? Na
internet?) Sim e reuni todo o conteúdo no meu próprio site (hoje Manual do
Veganismo) onde fiz questão de organizar toda a bibliografia vídeo e textual das
principais fontes e curiosidade que me motivaram e ensinaram a respeito do
veganismo, para citar duas das maiores influências recomendo o Vista-se
(www.vista-se.com.br) e a Revista Vegetarianos, além de um livro de culinária
chamado Cozinhando sem crueldade de Ana Maria Curcelli.

Eu notei que de fato eu não só estava me cuidando bem com um hábito vegano,
como positivamente passei a me cuidar melhor e a ter hábitos mais saudáveis.
(quais hábitos? Somente alimentação?) Além da alimentação, quis cuidar melhor
da minha alma e do corpo, é curioso como tudo está conectado. Passei a fazer
atividades físicas com bicicleta regularmente, além de caminhar mais, noto que
corporalmente tenho mais disposição que antes. Também passei a ler sobre a

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doutrina espírita que de alguma maneira emergiu em um período simultâneo ao
veganismo, onde encontrei uma fonte de exercícios para a alma, corpo e mente.

Nesse sentido: corpo, mente e alma se unificam com mais sintonia e a força
espiritual emerge com mais propriedade. (Explique isso melhor, por favorc) é
uma ideia que une todas as forças vitais que nos mantém de pé e com um
propósito existencial, é enxergar o ser humano como parte do todo e não como
centro das coisas, é se entender como responsável pelos mais frágeis e
contribuinte das coisas maiores. Somos pequenos seres dotados de inteligência
mas com a ausência de uma moral mais elevada a usamos para propósitos
inversos a benevolência de Deus, por isso acredito que quando unificamos
nossos pensamentos com as nossas atitudes, elevamos nosso estado espiritual
para o progresso individual e coletivo, não só da humanidade mas para toda vida
e forma que nos rodeia. O veganismo é um desses passos, não se pode
conceber alguém que tenha tamanha sensibilidade para com o próximo,
independente de sua espécie, agindo de maneira rude e contrária aos princípios
da paz.
Descreva o seu cardápio.

Hoje, em maior parte:


CAFÉ DA MANHÃ 7hs
Pão integral caseiro com chá mate ou café.
LANCHE 9:30hs
Suco natural de laranja ou uma outra fruta como banana e maçã.
ALMOÇO 12:30hs
Arroz, Feijão, Verduras refogadas e/ou Saladas (Couve, Almeirão, Mostarda,
Espinafre, Repolho, Abobrinha, Chuchu, Brócolis, Cenoura. Alface, Tomate; ou
Batata frita sem óleo, Batata doce, Mandiocac enfim).
SOBREMESA
Sorvete vegano de: Condensado de soja, Chocolate, Alfarroba, Goiabada,
Ameixa; ou Amendoins Caramelizados Tradicional e com Chocolate, Morango,
Canela, Café; ou Paçoquinha, Castanha de Caju, Uva-Passas.
CAFÉ DA TARDE 16hs
Biscoitos Palito com linhaça e gergelim, Leite de ‘arroz, amendoim ou soja’ com
Cacau em pó ou Frutas mais Esfirras e Pão de queijo vegetal variando com
algum outro Salgado assado, Chá ou Café.
JANTAR 19hs
Normalmente repito o almoço, modificando alguma verdura ou salada.
OUTRAS OPÇÕES incluem Macarrão de sêmola ao alho e óleo ou com molho
de tomate, Churrasco vegano com PVT de soja e vegetais. Lasanha com tofu,
pizzas, hamburguers, todos em sua versão estritamente vegetariana. Eu como
de tudo, existe alternativa gostosa e saudável para toda versão de alguma
receita com ingrediente animal, basta pesquisar e se aventurar na cozinha.

Me explica algumas coisas: (1º) O leite de vaca, mesmo que a vaca não
tenha passado por sacrifícios para produzi-loQ (2º) não há morte para
extrair o leite, e mesmo assim por que vocês não consomem leite de vaca?
Desculpa se eu estiver sendo ignorante, mas é porque eu não entendo nada
mesmo sobre o assunto. O mesmo acontece com (3º) o ovo da galinha?
Por que não consomem?

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Tem uma frase que ilustra isso com maior simplicidade:

“Os animais do mundo existem para seus próprios propósitos. Não foram
feitos para os seres humanos, do mesmo modo que os negros não foram feitos
para os brancos, nem as mulheres para os homens” Alice Walker.

Mas vou te dar um parecer mais particular:

Primeiro, o simples ato de violação da espécie já não é algo indolor ou natural,


para ser bom: imagina se uma criatura maior e mais forte te mantêm em casa,
suponhamos que com carinho mas toda manhã te amarra na cama e a força
manualmente ou com objetos se preferir, para tirar o seu leite; antes, para dar
leite é preciso que você tenha estado grávida, logo em período de amamentação
para alimentar o seu filho, que a propósito não foi uma escolha sua, se com sorte
apenas uma indicação de um macho que transaria com você a força, entende?
Não há maneira confortável sobre isso, mesmo tentando considerar uma criação
caseira de um sítio ou pequena fazenda, é a violação dos direitos de outra vida.
A propósito o veganismo engloba isso, é uma evolução dos Direitos Humanos.
Quem somos nós para julgar ou subjulgar o direito sobre outra espécie? Em
verdade é anormal, não há na natureza animais que bebam leite de outros (isso
é uma aberração normalizada aos nossos costumes), não há na natureza
espécies que tomam leite após o período lactante, apenas o homem faz isso,
sem saber que é prejudicial a sua própria saúde. Cálcio? Bobagem! Isso se
chama — poder da propaganda. Você já viu algum elefante ou girafa com
deficiência em cálcio? Semelhante a eles nosso organismo absorve cálcio de
verduras e outras fontes vegetais. Você pode ter mais informações aqui no meu
texto Primeiros socorros, e ainda para a resposta um, não se iluda, não existe
não sacrifício, se coloque no lugar da vaca e diga se você seria feliz assim?
Mesmo que queiramos acreditar no poder midiático sobre as fazendas e granjas
felizes, o final é sempre o mesmo, a morte bárbara, desnecessária e cruel de um
animal, diga-se de passagem que aqueles, como as vacas leiteiras sofrem ainda
mais por terem sua vida toda explorada para chegar ao mesmo fim descartável.

Segundo, o mesmo ocorre com galinhas botadeiras, trancafiadas em espaços


que não as permitem sequer se movimentarem direito, perdem sua liberdade de
ciscar e encontrar sua própria comida para engolir aos montes de rações e
vacinas manipuladas para fins de uma produção mais graúda e incessante. ‘Se
você pensa, mas e as galinhas de um galinheiro caseiro, de sítio ou fazenda?
Elas não sofrem’c Esse é um ponto de vista autoritário, não podemos sentir ou
pensar como uma galinha, e nem podemos escolher por elas o que julgamos ser
certo ou errado, é uma vida e não nos pertence. Pergunto: por que você precisa
disso? Você colheria sua menstruação em todo o seu período, colocaria na
panela e faria um jantar com sangue e plasma? Ovo é isso, a menstruação de
um animal. Por que deveríamos comer ovo? Precisamos parar para pensar na
importância da vida, é importante desligar o automático e refletir nossas escolhas
porque há tempos simplesmente vamos com a maioria sem questionar. Uma
análise introspectiva a respeito pode ajudar a encontrar suas respostas
particulares sobre tais questões.

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Terceiro, por que não consomem? Contesto com uma outra pergunta: por que
consomem? Encontro algumas respostas que dizem “porque é gostoso” eu
entendo, nosso paladar foi acostumado a vida inteira a identificar esses sabores,
mas convenhamos, por prazer nós temos direito a explorar outra vida? É preciso
despertar, por isso uso a palavra: sensibilize-se! O amor precisa superar o seu
paladar, e por experiência própria digo, você vai descobrir sabores incríveis e
outros antes não apreciados que irão ser mais agradáveis que antes, com alegria
isso vai mexer com você. E esses mesmos sabores que hoje você cultiva vai
representar uma grande tristeza e nojo pelo quanto estamos sendo abusivos e
desrespeitosos com os animais, você vai se enxergar dentro do problema e a
saída correta é a sua escolha, através dessa atitude você ameniza todo esse
problema embora ele vá permanecer ainda por um tempo, tal como foi com os
outros abusos históricos da humanidade. O conselho: faça sua parte, há muito
ao seu alcance.

É fácil achar alimentos e restaurantes que apresentam a comida que você


deseja?
Alimentos prontos para consumo imediato não muito, mas matéria prima para se
fazer há opções aos montes. (quais são esses ingredientes — matérias primas?
E quais são essas opções aos montes? Aqui em Betim? Simples, esses aos
montes se chamam: sacolão, supermercados e padarias (o pão francês é
vegano), para o mais óbvio: verduras, frutas e legumes; para as mercadorias
industriais basta ler os rótulos do que cada consumidor tem como interesse, por
exemplo: enlatados vegetais, polpa de fruta, soja texturizada, molhos de tomate,
macarrão, cacau em póc Com farinha, vegetais e criatividade se faz uma versão
de tudo que existe por aí no campo das massas. Não se deve confundir o
veganismo com uma alimentação mais restrita, orgânica, exótica ou cara, isso é
outra ideia. Afunilando a pergunta, especificamente em Betim tem a Casa
Viverdes e a Verde Menu, que são lojas que atendem ao público estritamente
vegetariano, também é comum os veganos comprarem pela internet onde se tem
variados seguimentos de produtos feito por empresas com uma filosofia vegan.

No caso de restaurantes contento-me com o arroz e feijão (salvo quando o feijão


não vem com nenhum ingrediente animal), saladas e batata frita; é o mais
comum na maioria dos restaurantes que ainda não adotaram pratos
exclusivamente veganos, o que por enquanto é raro.

Quais são as maiores limitações que um vegano enfrenta, na sua opinião?


Não vejo limitações no vegano, vejo limitações na sociedade.

Como o seu nutricionista reagiu? Apoiou? Discordou?


Logo que parei de comer carne em março de 2012 fui ao médico para fazer um
check-up e entender minha saúde, em seguida procurei uma nutricionista que
não me entendeu, mas sugeriu que eu aumentasse meu consumo de ovos,
massa e laticínios. Achei estranho! Continuei pesquisando e em junho do mesmo
ano decidi não mais ingerir alimentos de origem animal, estendi a filosofia para
todo o meu consumo: vestuário, higiene, belezac e desde então faço
anualmente meus exames e constato melhoras em minha saúde mesmo eu
estando cada ano mais velho.

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E sua família, apoia?
Sim, inicialmente ficaram chocados, mas com o convívio entendem e com o
tempo passam a se relacionar melhor com o fato de você ser vegano mesmo
que eles discordem em algum momento. Há apoio verbal e apoio efetivo, minha
mãe por exemplo cozinha perfeitamente, e minha namorada me faz alguns
agrados culinários que são uma delícia. (O que ela prepara?) Sanduíches, Bolos,
Tortas, versões salgadas e docesc Não é coisa de outro mundo manter uma
dieta vegana, inclusive é mais fácil, aromático e saboroso, além de ser
incrivelmente mais saudável. É um benefício multilateral em respeito a vida.

Como são seus relacionamentos com amigos, namorada, como eles


reagem, apoiam ou não, a sua adesão ao veganismo?
Pra mim é tranquilo, aos outros nem sempre, nossa cultura nos trouxe até aqui
com conceitos suaves e normalizados a respeito do hábito de comer carne que
parece necessário e importante, vivi assim por 25 anos sem questionar e
também achando tudo normal e sem problema, não posso julgar as pessoas por
ainda não terem despertado sobre essas questões, isso acontecerá
gradualmente e de maneira inevitável na medida em que o ser humano enxergar
o amor de maneira mais ampla e indiscriminada. Acredito que o apoio se
manifesta no respeito as nossas decisões, o veganismo é um ato de amor, não
tem porque alguém ser contra esse acontecimento. Sobre essas questões e o
relacionamento com os outros, para mim desde o início foi simples, vejo que são
os outros é que se incomodam, eu me mantenho em paz.

Como é sua vida vegana? Explique tudo? Não come o que, não veste o que,
não usa o que?
O Veganismo exclui qualquer consumo obtido de exploração a vida animal.
Desde alimentação, passando pelo vestuário, higiene, beleza e englobando
outras atividades que envolvam a escravização ou aprisionamento de seres para
entretenimento, como circos, zoológicos e afins com propósitos comerciais,
como também visa boicotar a compra de marcas e empresas que testam seus
produtos em animais. É uma causa pela libertação animal em todos os aspectos
em que há a crueldade ou uso de uma vida para se obter mercadorias ou
soluções a custo do sofrimento de um ser dominado estupidamente pelo Homem.

Sua vida social é diferente por causa do veganismo?


Não, é como sempre foi, porém agora adaptada. (Adaptada como?) Por exemplo:
se eu vou passar o dia fora e desconhecem minha opção alimentar eu levo algum
lanche, ou planejo meus horários de ida e volta para almoçar ou jantar em casa,
isso garante uma refeição mais completa, adequada e até mesmo mais segura
para o caso de comidas servidas na rua, em eventos ou locais de procedência
não confiável ou de higiene duvidosa.

Considera o veganismo uma decisão filosófica?


Sim, afinal filosofia é o conjunto de concepções, práticas ou teóricas, acerca do
ser, dos seres, do homem e de seu papel no universo.

154
Qual a sua filosofia de vida?
Não fazer o mal e não participar de algo que faça mal ao próximo, sabendo que
o nosso próximo não é apenas o Ser Humano, mas todo o meio que ele engloba,
desde as vidas sencientes ao espaço que habitamos.

E para comprar roupas, como faz? Evita roupas de quais tecidos?


Obviamente não uso e evito qualquer fabricação que contenha derivados de
exploração animal como lã, seda, couro ou outros insumos animais. Além dessas
opções terem sido obtidas por meios cruéis, sacrificando e explorando animais,
não podem sequer serem justificadas diante tantas opções tecnológicas, mais
elegantes, baratas e eticamente saudáveis.

Tem ou já teve animais em casa?


Desde criança tive animais, lembro-me na primeira infância de ter um gato,
também criei cachorro, passarinho, coelhoc quando me tornei vegano eu ainda
tinha um cão, por dois motivos o doei para uma boa família. Primeiro porque
construí uma fábrica de alimentos no mesmo lote em que moro, segundo porque
eu não queria mais participar de nenhuma compra que envolvesse a crueldade
animal, ainda não há rações vegetarianas a preço acessível e mesmo podendo
ter um alimento canino produzido em casa, hoje não tenho um espaço digno para
a liberdade de um cachorro, foi uma decisão difícil por causa da afetividade que
se cria com um ser tão dócil e amigável, mas dentro dos meus parâmetros foi o
correto a se fazer partindo para a prática de um novo pensamento que rege a
minha vida.

Você também é cantor, compositor, músico, e como faz quando é


convidado a se apresentar em um rodeio, por exemplo?
Ainda não ocorreu a situação mas não é muito diferente do geral porque nas
casas noturnas ou eventos sempre têm carne aos montes para o público comer
e isso gera o mesmo malefício a um ser que teve a vida tirada para alimentar o
prazer de alguém ou que teve uma vida explorada em confinamento para botar
ovos ou dar leite ou mel para pratos e lanches que são servidos com uma
aceitação popular. Tudo isso é uma questão cultural do qual estou envolvido pelo
simples fato de viver nesses tempos, sou vegano para não participar dessa
maquinaria dentro do que está ao meu alcance como indivíduo, meu modo de
agir envolve que eu não contribua diretamente para fins que provoquem o mal a
qualquer espécie. Quanto a fazer um show ou não nessas circunstâncias,
dependendo de mim eu realmente não iria, embora nós não estejamos
torturando animais nos palcos, nem estejamos explorando outra vida para
entretenimento da nossa plateia. Eu preciso entender o direito de um amigo de
banda poder se apresentar em tal festividade por causa do show, ou mesmo por
alguma força contratual ou pelo fato de eu participar de um grupo em que apenas
eu sou vegano não sendo acionista majoritário do negócio. Se hoje eu tivesse
uma carreira solo ou controle sobre esse aspecto a resposta seria simples e
direta: não me apresentaria.

Alguém já achou e falou que você é meio neurado porque é vegano?


Sim, mas não vejo nesses termos, afinal se você ler as embalagens de algumas
batatas palha, por exemplo, vai ver que lá nos ingredientes pode conter leite em
pó ou mesmo pode haver traços de ovo ou leite dependendo da marca/indústria

155
que a produziu. Prefiro não me alimentar quando não sei o que estou comendo,
e isso é uma importância que nem paramos para refletir quando simplesmente
nos deixamos ser levados pela onda. Um pouco de cautela e cuidado não faz
mal a ninguém, já o contrário, pode inclusive fazer mal a saúde, se não a curto
prazo, a médio e longo com certeza. Observo que o incômodo não é meu, mas
daqueles que não podem ver o quão pouco exigimos para obter uma informação
clara e precisa. Eu sou um sujeito tímido mas para as significâncias que tenho
vocação consigo me expressar e agir sem constrangimento. Não vejo porque me
calar ou ocultar parte do meu pensamentoc se me oferecem seja lá o que for
eu digo: não, obrigado. Se há insistência digo com serenidade que não como, se
há perguntas, respondo. Acredito que podemos sensibilizar aquelas pessoas
que se questionam com suas escolhas, não vejo empecilhos em dialogar com
aqueles que querem ouvir.

Conte uma situação de preconceito, difícil ou embaraçosa envolvendo o


seu estilo vegano.
É preciso ser alheio as piadas e situações que ocorrem, prefiro não descrever
casos mas tem uma frase de Chico Xavier que pode simbolizar essa resposta

“quem é perseguido muitas vezes consegue ir adiante, principalmente se estiver


sendo perseguido de maneira injusta, mas quem persegue não sai do lugar”.

Eu sempre escolho continuar andando, escutando minhas intuições e seguindo


o meu coração, é como me relaciono com Deus e com o próximo.

Você pode comer fast-food? E costuma comer?


Sim, mas depende da franquia e de como você escolhe os ingredientes que lhe
serão servidos, tive algumas experiências mas prefiro não frequentar as maiores
marcas por ainda não terem uma opção 100% vegetariana, pois mesmo nas
escolhas veganas corre-se o risco de ter algum fragmento indesejado em seu
cardápio, você precisa detalhar e observar passo a passo de seu pedido.

Compra produtos industrializados ou transgênicos?


Compro, opto por escolhas mais saudáveis e naturais sempre que possível mas
não vejo problemas na existência industrial que é necessária para a produção
em larga escala. Não ter ingrediente de origem animal é meu mais rigoroso ponto
de observação, as demais proporções são consequências de outra ordem;
sabendo que um tema não elimina o outro, a minha principal investigação é sobre
o veganismo. Hoje não sou estudioso a respeito dos transgênicos, mas
considero uma boa causa à se pesquisar. O progresso humano tende a ser
sustentável e natural; se algo vai contra essas premissas é motivo válido de
reflexão e transformação. Talvez um dia eu tenha uma resposta para essa
questão.

Você suplementa alguma vitamina?


Sim, suplemento a vitamina B12 em cápsulas vegetais diariamente. Interessante
que mesmo nos “alimentos” de origem animal contendo B12 os níveis naturais
da vitamina são escassos para o organismo, logo a indústria onívora suplementa
doses de B12 nos animais ou outros produtos para que forneçam a quantidade

156
necessária ao ser humano. Ou seja, de um modo ou de outro todo mundo
suplementa, o que muda é a forma de obter a vitamina.

O que tem a dizer para as pessoas que desejam ser veganas?


Como um amigo me disse e eu sequer fazia ideia da proporção que seria,
transmito a quem se sente tocado a causa vegan, que se tornar vegano é uma
das melhores decisões que alguém pode fazer na vida.

E para aqueles que comem carne e se alimentam de produtos de origem


animal, o que tem a falar (para aqueles que não pensam em ser veganos ou
vegetarianos)?
Gostaria de ilustrar a seguir com duas máximas de Mahatma Gandhi e adiante
novamente com a reflexão de Alice Walker. “Seja a mudança que você deseja
para o mundo” já dizia Gandhi que também expressou de lembrar-se “de que em
toda a história a verdade e o amor sempre venceram. Houve tiranos e assassinos
e, por um tempo, pareciam invencíveis mas, no final, sempre caíram”. Eu diria
que hoje nós precisamos derrubar a nós mesmos, nossos pensamentos
ultrapassados, nossos apegos mesquinhos, é preciso se sensibilizar porque “os
animais do mundo existem para seus próprios propósitos. Não foram feitos para
os seres humanos, do mesmo modo que os negros não foram feitos para os
brancos, nem as mulheres para os homens”.

Ainda gostaria de dizer que: eu entendo esse costume alimentar, passei 25 anos
assim e meu único arrependimento é não ter enxergado toda essa barbaridade
antes, os sinais estavam ali o tempo todo, mas não posso julgar, eu poderia
ainda estar agindo e reagindo do mesmo modo. Então tenho a paciência de
compreender, mesmo que isso me doa e me faça conviver com esse
entendimento. No meu caso é um sofrimento por compaixão, já para os animais,
não há a mesma sorte, é o sofrimento e a perda de uma vida, e isso por vezes
me desespera, pois sempre sinto que eu preciso fazer algo mais para ajudar a
iluminar os corações e as mentes dos que estão se sintonizando nesse
movimento, principalmente para aqueles que precisam que a informação chegue
a sua consciência. É por meio da educação que podemos elevar essa dádiva;
às vezes me sinto frágil por não poder com uma palavra mudar a vida de alguém,
de outro ser, dos animais, porém sigo confiando e exercendo o meu simples ato
de ser como eu gostaria de ver o mundo, então encontro a esperança que me
diz que: realmente a verdade e o amor sempre irão triunfar pois tudo começa
dentro da gente, do individual ao coletivo. Tudo progride com o tempo, para nós
basta decidir quando começa a mudança.

Sensibilize-se!
Assista: Terráqueos e a Carne é Fraca, depois leia o Manual do Veganismo.

MATÉRIA EXTRAÍDA INTEGRALMENTE DA ENTREVISTA À


REVISTA MAIS BETIM POR RENATA NUNES EM AGOSTO DE
2014. Publicação original: RBC

157
Saudável e sem crueldade
Publicação original: Revista Mais.
Fotos: Müller Miranda

Adeptos do veganismo, além de não consumir alimentos de origem animal,


deixam de usar roupas de seda, lã ou couro. Parece extremismo, mas eles
afirmam que, além dos benefícios à saúde, essa é uma filosofia da consciência
do sofrimento submetido aos animais

Por: Renata Nunes

NÃO COMER NENHUM tipo de carne, ovos, mel ou laticínios, além de não vestir
roupas derivadas de animais, incluindo sapatos de couro. Essa é a vida de um
vegano, uma filosofia que contempla há-bitos alimentares vegetarianos estritos.
A explicação, segundo os adeptos, está na consciência do sofrimento submetido
aos animais.

“Os animais sentem a morte se apro-ximando, sentem o cheiro de sangue,


ouvem os gritos de seus semelhantes, e nada podem fazer. (c) não adianta
tre-mer e berrar, nem lançar olhares tristes para seus algozes, serão mortos, e
ponto final.” Esse foi o trecho do texto do es-critor Claudemir Ferreira que
motivou o também escritor, músico, professor e em-presário do ramo de
alimentos veganos Tiago Henrique Rezende Fonseca, 28, a parar de comer
carne. “Depois disso, co-mecei a ler, ver vídeos e me informar. Des-cobri o
veganismo em 2012 e me tornei adepto. Não senti mais qualquer desejo por
alimentos vindos da exploração de um animal, pelo contrário, passei a enxer-gar
toda a crueldade desse meio”, explica.

Parece difícil cortar da alimentação produtos como carnes e derivados do leite,


mas veganos como a professora Poliane Martins, 27, afirmam o contrário. “Foi
simples me tornar vegana, eu tinha certeza de que era certo deixar de utili-zar
os animais para o que quer que fos-se. Carnes de soja ou glúten, iogurte de soja
e leite de coco são alguns alimentos que consumo no lugar da carne”, explica a
professora, que, assim como Tiago, não usa sapatos e roupas de couro, lã ou
seda e evita produtos de empresas que reali-zam testes em animais.

Tiago Henrique resolveu tornar-se vegano após descobrir a exploração e a


crueldade sofrida pelos animais

PARA AGRADAR AO PALADAR

Quem imagina que a alimentação de um vegano não pode ser saborosa


en-gana-se. Hambúrguer, “pão sem queijo” (uma versão de pão de queijo),
feijoada, pizza e canelone, sem nenhum produto de origem animal, é claro, são
algumas das possíveis receitas veganas. “Existe al-ternativas gostosas e
saudáveis para toda versão de alguma receita com ingrediente animal, basta
pesquisar e se aventurar na cozinha”, salienta Tiago Henrique, que destaca
também outras receitas como churrasco com proteína vegetal texturi-zada (PVT)
de soja e de vegetais, lasanha com tofu e empadas, todos em sua versão
estritamente vegetariana.

158
O culinarista e empresário Paulo Re-nato Rabelo, 34, é proprietário de dois
estabelecimentos que comprovam isso: um trailer de lanches veganos,
localizado na praça Mendes Júnior, ao lado da rua da Bahia, e do restaurante
Espaço Veg, ambos na capital. Receitas tradicionais, diferentes e que agradam
pelo cheiro, aspecto e sabor fazem parte do cardápio do espaço: feijão-tropeiro,
canelone, lasa-nha, nhoque e bacalhoada adaptada são alguns dos pratos sem
nenhum produto de origem animal do Espaço Veg, que há cerca de dois meses
vem conquistando o belo-horizontino. Ele conta que utili-za carne de soja,
proteína do trigo e de mandioca para compor as iguarias. “Tam-bém uso outros
tipos de proteína vege-tal, como seitan (carne vegetal) e salami-nhos à base de
batata-baroa, que vêm de outro Estado.”

“Há 10 anos, decidi buscar e comer-cializar alimentos desse tipo. Era difícil
encontrar comida vegetariana em BH e, quando achava, só eram os mesmos
pro-dutos, sempre na linha ‘natureba’. Resol-vi inovar. Queria levar o veganismo
para outro patamar, que fosse atrativo a todos. Comecei vendendo para amigos,
depois, prestava serviço de bufê e, aos poucos, fui ficando conhecido”,
comemora o em-presário.

Adepto do vegetarianismo há 47 anos, o empresário Vittorio Medioli acredita que


chegará o dia que comer carne será equiparado a um vício inútil e prejudicial

É essa dificuldade em encontrar ali-mentos veganos que faz Poliane carregar o


próprio lanche na maioria dos lugares a que vai. “Em lanchonetes, não há
ne-nhum alimento que posso comer. Por isso, quando me tornei vegana e
esque-cia meu lanche em casa, era obrigada a comer salgadinhos chips.”

O médico especialista em nutrologia Lucas Mendes Penchel explica que o


ve-ganismo é uma reeducação comporta-mental e alimentar que o mercado não
costuma incentivar. “Há poucas lojas e estabelecimentos destinados a esse
pú-blico. Mas acredito que, com o tempo, esse estilo de vida terá um pouco mais
de atenção do mercado.”

OPINIÃO DE ESPECIALISTA

Segundo a nutricionista Silvana Portu-gal, não há malefícios no veganismo, mas


é necessário ingerir vitamina B12, que não é encontrada em alimentos de origem
vegetal. “Veganismo ou vegetarianismo não é uma dieta, é uma escolha
alimentar à qual podemos nos adaptar muito bem, principalmente, com
orientação nutri-cional”, explica. Por isso, Tiago afirma que ingere vitamina B12
em cápsulas vegetais diariamente. “Interessante que, mesmo nos alimentos de
origem animal contendo B12, os níveis naturais da vi-tamina são escassos para
o organismo, logo, a indústria onívora suplementa do-ses dessa vitamina nos
animais para que forneçam a quantidade necessária ao ser humano. Ou seja, de
um modo ou de ou-tro, todo mundo suplementa, o que muda é a forma de se
obter a vitamina”, revela.

Silvana salienta ainda que o ideal é que veganos tenham uma orientação para a
suplementação, porque podem fazê-la de forma inadequada e desfavorecer o
or-ganismo com excesso ou doses menores que o necessário. “Exames

159
bioquímicos de vitamina B12, ácido fólico e homocis-teína são necessários para
saber a real ne-cessidade da suplementação de vitamina B12. Muitas vezes, são
necessárias tam-bém outras vitaminas, como a B6, B9, B2, além de ferro, zinco
e cobre, para equili-brar o corpo. É preciso que o profissional faça a
suplementação de forma persona-lizada, pois variam muito a quantidade e a
variedade de nutrientes que cada um precisa”, informa.

Entre os benefícios do veganismo, a es-pecialista destaca o controle do


colesterol e da pressão arterial, além do baixo índice de diabetes e de
osteoporose. “O vega-no ingere alimentos ricos em vitaminas, minerais e
antioxidantes que protegem o organismo e favorecem o sistema imune, o bem-
estar e a disposição”, explica.

Foram justamente o bem-estar, a dis-posição e os antioxidantes provenientes da


alimentação vegetariana que deram jovialidade ao empresário Vittorio Me-dioli,
63. “Depois de 47 anos de vege-tarianismo, vejo que estou mais preser-vado e
tenho aspecto mais jovem que a maioria dos meus contemporâneos. Nos
momentos mais críticos da minha vida, o vegetarianismo me socorreu e fez a
dife-rença”, avalia.

Além de cortar da alimentação produtos como carne e derivados de leite, Poliane


Martins não usa sapatos e roupas de couro, lã ou seda

Para Poliane, a carne não faz falta e, mesmo adepta ao veganismo, ela sempre
é convidada para churrascos. “Se vou a um, como arroz, vinagrete e, quando
pos-sível, farofa. Se vou a um barzinho, peço porção de batatas e azeitonas e
acompa-nho o pessoal na bebida, porque o álcool é liberado ao vegano. Não sei
dizer se já deixaram de me convidar por ser vegana, mas, se o fizeram, perderam
uma excelen-te companhia”, brinca.

Quanto à necessidade de proteína, a nutricionista Silvana Portugal explica que


existem dois tipos: a vegetal e a animal. “A proteína vegetal é encontrada na
quinoa, na soja e nos seus derivados como (tofu, soja na vagem, tempeh, e no
grão de soja cozido), amaranto e leguminosas (todos os tipos de feijão, lentilha,
ervilha). Essas leguminosas combinadas com arroz são uma ótima fonte de
proteínas para vega-nos e vegetarianos (três porções de legu-minosas para uma
de ar roz)”, explica.

Seguir

LETRAS DE MÚSICA
160
SPIRITIST VEGAN

Quem precisa de você?


Perguntaram: quem precisa de mim?
Eu não soube responder.

Por que você não se alimenta de produtos feitos de animais?

Não fique paranoico querendo ser correto


Seja como a gente faça sempre o mesmo
Você vai ser mal visto
Vai ser indigesto
Coma o coração, o peito, o corpo inteiro

Um dia vamos acordar em 3030


Os automóveis vão voar
Seremos diferentes dos demais

O meu cachorro vai latir


Como há séculos atrás
Os mortos vão ressurgir
E os vivos também estarão aqui

Olhando pro passado o ser humano se enxerga


Olhando pro futuro o homem se projeta
O que somos nós além dessa matéria?
Pra onde vamos nós depois que isso cessa?

161
PARA O NOSSO FUTURO

Veja as coisas que não estão a vista


Olhe as descobertas que estão por vir

Tenha certeza
O mundo todo muda
Somos agentes nessa evolução

Por que comer o que lhe faz mal?


Porque matar para se alimentar?

Quando éramos crianças


Tínhamos pureza
Que deixamos no meio de um caminho bom

Vamos resistir
Não vamos esperar uma outra vida
Podemos avançar amando toda vida

Sem escravizar
Sem julgar
Sem manipular
Sem prender

Vamos criar o caminho de paz


Vamos criar o caminho do amor
Vamos
Vamos
Vamos.

162
COMO NÓS

Tudo que fazemos


Deixa marcas pelo tempo
Amanhã... É simplesmente hoje
Tudo o que queremos
Ecoa no universo
Os pensamentos vão
Te teletransportar

Tudo o que você queria


Quando soprava velinhas
Tudo o que você sonhava
Se rodeou de sua energia

Olhe para o céu e agradeça a Deus


Olhe para o lado e agradeça a quem está contigo

Precisamos desejar um futuro bem melhor


Nós precisamos despertar
Para o bem que nós podemos fazer

Cuide bem dos animais


Cuide mais
Pra que comer um semelhante a ti,
Um semelhante a você?

Não mate, não explore


Não abata, não confine
Não o vista, não pendure
Não mastigue, não deguste

Não cause mais dor, não cause mais dor


Não cause mais dor, não cause mais dor
Eles estão gritando, ninguém quer ouvir
Eles estão gritando, alguém pode ouvir
Eles estão gritando, você pode ouvir

Dê a liberdade a eles
Liberte os animais
Eles estão sofrendo
Você pode impedir
Dê a liberdade a eles
Liberte-se também
De pensamentos tão antigos
E hábitos nocivos
Amplie o seu amor
Seja a própria paz
Amplie o seu amor
Pelos animais.

163
TODOS À MESA

Vocês pensam que me perseguem


Mas não, esse mal não vai comigo
O meu amor é maior
O meu amor
Meu amor

Se eu pudesse te mostrar
Um caminho melhor
Se eu pudesse te iluminar

Tal é a lei do progresso


Você tem que alcançar
Em todo pensamentos
Um instante de Deus

Abra o seu coração


Tenha compaixão

Você pode escolher, eles não


Você pode escolher, eles não

Uma faca atravessa o seu pescoço


Uma faca atravessa o seu peito
Uma faca atravessa o seu olho
Uma faca atravessa todo o seu corpo

Encontre, encontre, encontre


Sua consciência
Encontre
Sua consciência
Encontre, encontre, encontre.

164
DEIXA ELES VIVEREM

Ele não descende de escravos


Descende de alguém
Como eu e você

Toda escravidão é um erro


Qual o seu direito de julgar outro ser?

Qual a prepotência te permite usar


Ou explorar outra espécie pro seu bel prazer?

Faça a sua revolução


Amplie o seu amor
Estenda a compreensão

Os animais existem assim como você


Não escravize, não os mate
Deixa eles viverem

Permita a liberdade
Dê-lhes liberdade
Pare com essa barbárie
Pare, pare!

Não deixe se enganar


Não deixe se enganar

Eles te querem sempre ignorante


Eles te querem doente o bastante
Eles te querem sem questionar
Eles te querem sempre dependente.

165
ELES ESTÃO

Eles estão voando livremente por aí


Eles estão correndo alegremente pelos campos
Eles estão nadando tão contentes como deve ser

Eles estão implorando que você faça alguma coisa


Eles estão esperando que você não os condene
Eles estão aguardando que você enxergue
O livre arbítrio de outra espécie
O livre arbítrio de uma vida
Não lhe pertence
Não lhe pertence!

Tire a venda dos seus olhos


Tire a venda dos seus olhos

Isso que você mastiga


Não é um alimento
Isso que você mastiga
Foi uma vida que alguém tirou
Para por em sua mesa
Sem que você perceba a dor

Sem que você pense


Sem que você sinta
Sem que você saiba
Sem que você reflita

Isso que você toma


Escravizou mais uma vida
Isso que você toma
Aprisionou mais uma alma

Você não pode fazer isso


Você não deve fazer isso

Você é tão inteligente


Pode escolher daqui pra frente
Você é tão inteligente
Pode entender daqui pra frente
Você é tão inteligente
Deixa viver daqui pra frente
Deixa viver daqui pra frente
Deixa viver daqui pra frente.

166
O SEU AMOR

Liberdade de escolha
Por que você não deixa eles viverem?
Não tenha medo do que te faz pensar
Não tenha medo do que te faz sair da ignorância

Um dia você vai entender


O mesmo direito que eles têm pra viver
Um dia você vai encontrar
Os motivos da alma
Então vai mudar

Eu não vou apressar seus passos


Eu não quero te constranger
Os bons anjos que virão
Os bons exemplos que ficaram
Chegarão ao seu caminho
Quando você almejar

Ponha um pouco mais de amor em cada dia


Faça um pouco mais em prol de uma vida

Eles pedem proteção


Eles querem seu carinho
Eles pedem sua ação
Eles querem viver.

167
ABOLIÇÃO ANIMAL

Nós temos mãos para colher


E não para matar
Aonde vamos parar...
Carnificina

Os elefantes e as girafas
Tem os ossos bem formados
Sem precisar deglutir
Nenhum animal

Nenhuma espécie continua a tomar leite


Depois de desmamar

Por que insistimos na arbitrariedade


De uma cultura egoísta
E sem informação

Nós precisamos mudar


Nós precisamos mudar
Abra os olhos, a mente e o coração

O Brasil vai ser o país do futuro


Vamos abolir a matança e a exploração animal.

168
SÉCULO XXI

Eu não preciso ser negão pra falar de cor


Paranoia inconsciente que alguém plugou
Na sua memória enfraquecida

Até parece que foi ontem


Que a lei mudou
Escravizaram as suas asas
Prenderam suas lógicas

Convenceram que era certo todo preconceito


Hoje andamos fazendo de igual a pior
Julgamos ser os gênios
Donos da razão
Matando, escravizando, condenando
Sob a luz da lei

Que lei é essa?


E você não enxerga
Que droga é essa?
Que você não percebe

Faça suas preces


Saia da escuridão
Procure informação
Procure informação.

A seguir

LITERATURA
169
DO LIVRO CARTAS PARA A HUMANIDADE

COMEMORANDO ASSASSINATOS
Brasil, 12 de junho de 2014, abertura de copa do mundo.

Noto uma postagem comemorativa com pessoas felizes fazendo churrasco com
carne, não consigo ser indiferente. Eu sei que grande parte dos brasileiros fazem
o mesmo nesse instante e isso me dói no coração.

Em meio a tanta festa desculpem-me a intromissão vegana, mas um dia


precisaremos enxergar que não há diferença vital entre uma galinha, gado,
porco... peixe, gato, cachorro... rezo para que a cada dia possamos superar cada
vez mais os nossos equivocados hábitos que não justificam a crueldade que
estamos promovendo.

Não tenho dúvida de que em um momento da historia estaremos elevados o


bastante para superar e evitar tamanha barbaridade e então me preencho de
esperança porque eu sei que a sensibilidade e o amor são maiores que a
ignorância. Não devemos postergar essa transformação, ela é tão grandiosa
quanto a mudança individual.

Com respeito, tento não ofender a ninguém, apenas não posso me calar, os
animais estão sofrendo para alimentar uma paixão imbecil, para entreter uma
plateia míope, para servir a um pensamento escravista e é incrível como
demoramos para enxergar isso; hoje muita gente já pode ver, e falta pouco para
olharmos com uma razão diferente para todo esse cenário.

Sensibilize-se “seja a mudança que você deseja para o mundo” já dizia Gandhi
que também expressou de lembrar-se “de que em toda a história a verdade e o
amor sempre venceram. Houve tiranos e assassinos e, por um tempo, pareciam
invencíveis mas, no final, sempre caíram”. Hoje nós precisamos derrubar a nós
mesmos, nossos pensamentos ultrapassados, nossos apegos mesquinhos.

Necessitamos de informação, quando ela chegar até você não ignore, não
desconverse, não deixe de assumir a sua responsabilidade, não deixe de fazer
a sua parte, não fazê-la é tão perigoso como concordar, se você não parar com
o erro, ele continua. Pense, reflita, encontre em seu peito um caminho para se
desvincular dessa situação doente, queira enxergar, se abale, quando você
buscar a iluminação, iluminado será e então conseguirá clarear algumas mentes,
iluminar alguns passos, iluminar o mundo e isso te dará uma luz que convencerá
a escuridão.

Tome conhecimento: www.terraqueos.org | www.carnefraca.com.br

NÃO SE CALE, FALE SOBRE O VEGANISMO


"Os animais do mundo existem para seus próprios propósitos. Não foram feitos
para os seres humanos, do mesmo modo que os negros não foram feitos para
os brancos, nem as mulheres para os homens." Alice Walker

170
CONSTRUINDO

Por vezes quando volto aos domingos da casa da minha namorada presencio
um grande caminhão levando porcos, certamente para o abate. Frágeis criaturas
apertadas em gaiolas de ferro, talvez saibam ou não do seu triste fim. Criadas
numa vida inteira de miséria, escravizadas pelo bel prazer do Homem. Droga!
Eles não são um bacon, não são um lombo, eles não são comida.

O que há de tão difícil pra entender? Que mundo ilusório nós vivemos? Nos
apropriamos da vida alheia e brincamos de Deus ou de diabo; qualquer que seja
a nossa estupidez é mesquinha demais para continuar sem entender a liberdade.
Demos ao livre arbítrio uma justiça humana e desequilibramos a verdade que
agora mora entre uma palavra e outra ao invés de residir na própria natureza de
verdade.

Somos infelizes Homens que andam pela Terra fazendo caso e descaso
segundo nossas paixões e nisso tudo erramos feio e só poderemos alçar ao céu
quando tivermos a compreensão larga e ampla do amor, indescritível no
vocabulário dos povos.

E enquanto o caminhão segue, passo ao lado como uma formiguinha


trabalhando para um mundo vegano.

ELES NÃO PRECISAM MORRER

Ver minha mãe preparando o frango me adoece em lágrimas... estou


presenciando um funeral atroz e ainda não conseguem entender meu pranto.
Quando é que vão entender que tinha uma frágil vida ali, sendo escravizada por
um humano cego de compreensão?

Deus o que posso fazer para que isso pare? Por favor eu não quero que
nenhuma vida seja tirada para saciar o que as pessoas ainda não entendem. Por
que tem que ser assim? Por que eu mesmo fui assim por tanto tempo? Ó Deus
me ajude a colocar no coração das pessoas um amor ilimitado que enxergue a
valiosidade de qualquer outro ser. Eu não quero viver sabendo que o mundo
continua a assassinar tantas almas inocentes. Eu não quero presenciar vidas
sendo tiradas por um humano que não sabe o que faz.

Isso não é justo Deus, por que tenho que ver pedaços dos meus amigos sendo
mastigados sem nenhuma piedade? Por que a vida se reduz a tanto na tigela de
uma cozinha, no espeto de um churrasco, na mesa da minha família? Por favor:
ajude-me a parar tudo isso.

171
IR ALÉM É PRECISO

Ao ler uma postagem sobre restritos direitos animais, indago:

Por que não enxergar um pouco mais? Virá o dia em que a sociedade se dará
conta de situações tão iguais e carentes de respeito, tantos animais sofrendo e
sendo mortos para alimentar o ego e algumas falsas paixões do Homem... que
a boa lei seja aplaudida mas que a visão pequena se amplie, com olhos abertos
gosto da máxima de Gandhi porque "quando me desespero, lembro-me de que
em toda a história a verdade e o amor sempre venceram. Houve tiranos e
assassinos e, por um tempo, pareciam invencíveis mas, no final, sempre caíram".

Rezo para que a humanidade repare seu caminho da exploração e dos


matadouros e torço para que sejamos educados para um amor maior, que ao
ser capaz de sentir possamos mudar, não precisamos ser cegos quando
podemos seguir a luz, não precisamos continuar errôneos, é tão simples e tão
grandioso, é apenas começar por nós mesmos, isso é tudo e o bastante,
encontre a sua força, emane a sua paz e ajude ao próximo quando você puder
caminhar com dada sanidade.

VEJA
A Lei n. 9.605/1998 determina que a pena para quem praticar ato de abuso,
maus-tratos, ferir ou mutilar animais é crime com pena de 3 meses a um ano e
multa. Veja o artigo 32 da lei:
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º – Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em
animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem
recursos alternativos.
§ 2º – A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

Quando foi que a justiça se deu ao direito de fazer distinção entre todas as
espécies de animais? Nós não temos o direito de matar, de explorar, de usar
outra vida. Nós não precisamos ser formados para entender isso, a burocracia
em que vivemos nos transporta a uma ilha da fantasia onde somos educados a
amar gatos e cachorros enquanto comemos boi, frango, peixe, enquanto
tomamos leite, mel e usamos ovos de seres confinados por um bárbaro costume
da nossa impensada cultura, tomamos o próximo como propriedade e se
tratando de vida, isso é no mínimo cruel.

Que essas linhas penetrem em seu pensamento e busque a bondade que há em


seu coração, termino este texto com o slogan de uma campanha da Sociedade
Vegetariana Brasileira, em fotos que exibem animais culturalmente consumidos
ao lado de animais popularmente adorados, um exemplo visual expõe um porco
ao lado de um cãozinho seguido da pergunta: se você ama um, por que come
outro?

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O MUNDO PELO QUAL VIVO

É uma barbaridade que tantos animais tenham que morrer para matar a
saciedade estúpida das pessoas. É uma tristeza sentir que uma vida se perde
para ser colocada na boca de uma pessoa. É um horror que tantos pedaços de
animais tenham que ir a mesa para contentar a cultura de uma pessoa.

Eu tenho pena de todos que ainda não abriram os olhos do coração, eu me sinto
um grãozinho de areia querendo que o mundo pare com isso. Andei tanto tempo
fazendo o mesmo sem sequer ter uma fagulha de luz que me dissesse: ei, pare
para pensar, parece justo que uma vida tenha que ser tirada para você comer?

Que insanidade isso! Eu apenas queria que as pessoas e a humanidade que


tanto amo parassem imediatamente com esses assassinatos. Rezo para que a
humanidade possa encontrar no fundo de sua alma a injustiça e a crueldade
imposta por si mesma a seres tão belos quanto nós. Sim nós também somos
bonitos, mesmo estando perdidos na corrupção de tantas éticas, chegará o
momento em que todos nós sentaremos a mesma mesa para celebrar a vida e
não para enterrar cadáveres dentro do nosso próprio corpo.

POR FAVOR ME ENTENDA

Como dobrar o pensamento de alguém? Como entortar o pensamento errôneo


da humanidade que mata impiedosamente os seus semelhantes? A humanidade
nasce, morre e não aprende. Adultos vão e vêm e as crianças continuam sendo
ensinadas na cultura triste que assassina para comer.

Deus, ilumine cada coração a minha volta e que eu seja Homem o bastante para
mostrar ao mundo que nós precisamos mudar, que o que nós estamos fazendo
não é certo. Ah! Deus, ensina-me a educar a humanidade, eu não quero que o
mundo sofra tanto, eu não quero passar uma vida em vão sem dizer nada ao
coração das pessoas. Eu quero encontrar uma faísca de sensibilidade em cada
pessoa e transformá-la numa fonte irradiante de amor, então não me
entristecerei mais porque nenhum ser humano matará, nenhum ser humano
empunhará ou apontará uma arma para qualquer vida que seja.

INCOMPREENSÃO

Não é só ironia, não é apenas um recurso de linguagem, não se trata


simplesmente de palavra; o veganismo é uma maneira de abrir os olhos
daqueles que insistem em permanecer ignorantes. Vá por mim, meia dúzia de
palavras sequer são tão brutas quanto a barbaridade do que estamos impondo
aos animais não-humanos.Particularmente me assusta quando pessoas não
entendem a comparação da escravidão com a exploração animal. Eu ainda não
entendo como não podem ver. Não sou Jesus, nem santo, tampouco alguma
divindade, mas por favor: abra os olhos e veja, estamos na era da informação e
o apedeutismo é uma escolha quando você pode pesquisar.

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www.manualvegano.com

Esta obra é gratuita e sem fins lucrativos, distribuída livremente.


Se você é autor ou proprietário de algum dos textos aqui inseridos e não quiser
que a sua divulgação seja feita por este meio entre em contato:
tiago@thvirtual.com

Tiago Henrique Rezende Fonseca


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