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Trofoterapia vegana, cetogenica e protéica

Faculdades INNAP

Profº(ª): Pricila Sedrez Malaquias


Nutricionista e Iridologista
Pós-graduada em Nutrição Clínica e Metabolismo, Nutrição
Funcional, Fitoterapia e Saúde Quântica
CRN 10 1742
Sumário

1 INTRODUÇÃO À TROFOTERAPIA.......................................................................3

2 VEGETARIANISMO ..............................................................................................6

3 ADEQUAÇÃO NUTRICIONAL NO VEGETARIANISMO......................................17

4 TROFOTERAPIA CETOGÊNICA..........................................................................34 2

5 TROFOTERAPIA PROTÉICA...............................................................................41
Introdução à Trofoterapia

A Trofoterapia do grego, ‘trofo’, significa alimentação ou


3
nutrição, o sufixo latino, ‘terapia’, quer dizer tratamento. Assim,
o tratamento através dos alimentos, também conhecido como
alimentação inteligente, utiliza o poder encontrado neles, para
tratar os mais diversos sintomas e objetivos.
Foi na Grécia, por volta de 460 a 360 antes de Cristo, com
Hipócrates, o “pai da medicina”, que a poderosa terapêutica da
alimentação ganhou fama. Hipócrates ensinava: “que o teu
alimento seja o teu remédio e que o teu remédio seja o teu
alimento”.
Hoje os alimentos funcionam como os maiores e melhores
remédios naturais para o organismo humano. Para a maioria
das doenças existe uma infinidade de alimentos capazes de
prevenir e curar, principalmente as chamadas doenças
modernas.
Há praticamente dois séculos, com o aumento da
competição e o domínio das novas tecnologias humanas sobre
as leis da natureza, o homem sofre de doenças causadas por
falta de nutrientes ou pelo stress (psicossomáticas). O mais
importante é destacar que a alimentação se tornou muito
“plástica” e artificial.
Tudo é feito em larga escala e com cargas excessivas de
produtos químicos que se acumulam no corpo com o passar
dos anos (sejam conservantes, acidulantes, corantes,
pesticidas, agrotóxicos, fertilizantes, etc). Por mais que o
organismo se esforce para expulsar as toxinas e metais
pesados, eles são mais frequentes que a sua capacidade de
4
limpeza.
Muitas vezes, ao invés de serem eliminados, são
reabsorvidos. Este ciclo entre o desequilíbrio nutricional e a
acumulação de toxinas é o maior responsável por inúmeras
fragilidades. Pequenos sintomas podem dar o alerta:
obstipações, má digestão, excesso de gases, sensação de
inchaço, má circulação, enxaquecas, insônias, dores articulares,
entre muitos outros. São sinais clássicos de que o corpo está
em descuido, frequentemente precedendo as doenças.
Para que fique claro, vamos estudar o que é a
destoxificação:
Destoxificação é qualquer processo realizado por um
organismo, que busque a eliminação (redução da atividade) de
determinadas substâncias, seja ao nível celular, ou ao nível de
todo o organismo.

Um dos principais objetivos da destoxificação é o aumento


da hidrossolubilidade das substâncias, para serem eliminadas
através da urina e da bile. Suor, leite, lágrimas, ar exalado e
outras secreções também são rotas de eliminação utilizadas
pelo organismo.
A destoxificação ocorre em todas as células,
principalmente nas do fígado e intestino. O fígado contém
cerca de 60% das enzimas de biotransformação de todo o
organismo, e na mucosa intestinal existem cerca de 20% delas.

Outros locais que também ocorre o processo de


destoxificação: pulmões, epitélio nasal, rins, cérebro, células
5
imunológicas, adrenais, pele e placenta.

Por que nos intoxicamos?

Xenobiótico pode ser definido como qualquer substância


química ou molécula estranha ao sistema biológico em questão,
originada externamente ou internamente a ele. Quando
estamos expostos a estes agentes de forma severa, eles
podem se acumular no organismo gerando várias reações.

A ação combinada dos diferentes compostos tóxicos no


organismo pode ser maior que a ação das partes individuais,
gerando uma carga tóxica. Essa carga tóxica pode ser:

- Metais tóxicos;

- Resíduos petroquímicos, pesticidas e fertilizantes;

- Sobrecarga orgânica;

- Alergias;

- Stress.
Dentre as toxinas de origem interna, temos: erros inatos
do metabolismo, desequilíbrio metabólico, polimorfismos
genéticos e microbiota intestinal.

Em relação as alterações da microbiota, algumas toxinas


produzidas pelas bactérias do intestino podem passar para a
circulação em maior quantidade, principalmente quando se tem
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hiperpermeabilidade.

Já nas toxinas externas podemos encontrar os


medicamentos, drogas ilegais, aditivos alimentares, pesticidas,
herbicidas, fungicidas, agrotóxicos, álcool, poluentes do ar,
migrantes de embalagens, produtos químicos usados em casa,
toxinas alimentares (açúcar, gorduras trans, glúten, alérgenos
alimentares), toxinas emocionais, mentais e espirituais.

A trofoterapia facilita o aumento da consciência a respeito


da importância da alimentação e da sua capacidade em
prevenir e tratar os desequilíbrios.

VEGETARIANISMO

Definição e diferenciações da dieta vegetariana


A definição de vegetarianismo está em constante evolução,
o mais comumente conhecido sobre a definição de vegetariano
é aquela pessoa que se abstém de comer carne, peixe e aves.
Não só se pode seguir um vegetarianismo (também conhecido
como ovo-lacto-vegetarianismo), pode-se também seguir uma
dieta vegana, semi-vegetariana, lacto-vegetariana,
ovovegetariana, dieta baseada em vegetais, pescatariana ou
flexitariana. Pescatarianos não comem carne ou aves, mas
comem peixe, porém não são denominados vegetarianos.
Veganos não consomem nenhum produto de origem
animal.
Um lacto-vegetariano é um tipo de vegetariano que não
7
come nenhum tipo de carne ou ovos, mas ainda consome
produtos lácteos. O reverso é um ovo-vegetariano, um
vegetariano que come ovos, mas não laticínios.
Semivegetarianos, flexitarianos e as dietas à base de
plantas são usadas de forma intercambiável. Eles são aqueles
que comem principalmente uma dieta vegetariana, mas às
vezes irão consumir carne. Na literatura científica, o termo
semivegetariano é usado para designar o indivíduo que come
carnes brancas até 3 vezes por semana. Esse indivíduo
consome carne em quantidade menor que o onívoro, mas
também não é vegetariano.
TIPOS DE DIETAS Carnes Ovos Laticínios Cereais,
leguminosas,
oleaginosas,
sementes,
amiláceos,
frutas,
hortaliças

Ovolactovegetariana Não Sim Sim Sim


Lactovegetariana Não Não Sim Sim

Ovovegetariana Não Sim Não Sim

Vegana Não Não Não Sim

Semivegetariana Sim Sim Sim Sim

Pescatarianos Sim Sim Sim Sim


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Apesar da classificarmos os vegetarianos “verdadeiros”


apenas pela alimentação, existe uma diferença entre o vegano
e o vegetarino estrito. Geralmente o vegano também não utiliza
produtos não-alimentícios provenientes de animais, como lã,
couro, seda e pele. Quando falamos em termos nutricionais,
essa subclassificação não faz diferença (vegano ou
vegetariano estrito).
A dieta vegetariana não deve ser confundida com a
macrobiótica, que designa uma forma de alimentação que pode
ou não ser vegetariana. O macrobiótico tem um tipo de
alimentação específica, baseada em cereais integrais, com um
sistema filosófico de vida bastante peculiar e característico. A
dieta macrobiótica, diferentemente das vegetarianas, apresenta
indicações específicas quanto à proporção dos grupos
alimentares a serem utilizados. Essas proporções seguem
diversos níveis, podendo ou não incluir as carnes (geralmente
brancas). A macrobiótica não recomenda o uso de leite,
laticínios e ovos.
A Classificação dos grupos serve para que você entenda
os principais pontos de atenção nutricional de cada um deles. A
Ciência também se utiliza dessa classificação para padronizar
os estudos, e termos de consequências à saúde e nutrição,
comparando dados sobre onívoros, semivegetarinanos,
ovolactovegetarianos e veganos.
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História do vegetarianismo
O vegetarianismo surgiu há cerca de 5 milhões de anos. O
nosso antepassado mais antigo, o Australopithecus Anamensis,
alimentava-se de frutas, folhas e sementes, vivendo em
perfeita harmonia com os animais mais pequenos, que poderia
facilmente apanhar para se alimentar, mas a índole destes
hominídeos era pacífica e assim continuou até ao
Australopithecus Boesei (existiu há cerca de 2,4 – 1 milhão de
anos). Apesar do período de caça, ao longo da história da
humanidade esse estilo de vida foi se difundido em várias
culturas e se tornando cada vez mais presente nos dias atuais.

Por que uma pessoa se torna vegetariana?


Existem três princípios básicos que podem fazer com que
uma pessoa se torne vegetariana: ambiental, ético e de saúde.

Razões Ambientais
São diversos os impactos da produção de carne para os
recursos naturais e humanos, destacando-se a devastação de
florestas, desertificação do solo, a poluição gerada, com
consequente contaminação de mananciais aquíferos,
distribuição e ocupação inadequada de terras e menor geração
de empregos.
10
Segundo a FAO (Food and Agriculture Organization), de
todas as atividades humanas, a pecuária é a maior responsável
pela erosão de solos e contaminação de mananciais aquíferos.
A produção global de carne bovina era de 229 milhões de
toneladas entre 1999 e 2001. Estima-se que esse número
atinja 465 milhões de toneladas em 2050. A emissão de gases
responsáveis pelo efeito estufa também é marcante nessa
atividade, especialmente pela produção digestiva dos
ruminantes (gases e eructação). No âmbito das atividades
humanas, a pecuária é responsável por 9% do CO emitido,
65% do óxido nitroso (2962 vezes mais agressivo do que o CO),
37% do metano (23% mais nocivo do que o CO) e 64% da
amônia (que contribui de forma marcante com a chuva ácida).
Esse montante corresponde a 18% de todos os gases
responsáveis pelo efeito estufa produzidos pela humanidade.
Atualmente, a pecuária utiliza 30% das terras produtivas do
planeta, sendo que outros 33% são destinados à produção de
grãos usados para alimentar esses animais. Além disso, a
pecuária é a principal responsável pelo desmatamento dos
principais biomas da natureza e a maior responsável pela
contaminação de mananciais aquíferos. A atual manutenção,
em “estoques vivos”, de 30 bilhões de aves, peixes e
mamíferos de dezenas de espécies, exerce uma enorme e
inédita pressão sobre todos os ecossistemas. Cada um desses
animais – assim como cada um dos cerca de sete bilhões de
animais humanos – demanda sua porção de terra, água,
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comida e energia (preponderantemente fóssil), despeja seus
dejetos sobre a terra e gera, direta e indiretamente, a emissão
de poluentes no solo, no ar e na água.

Razões Éticas
Grande parte das pessoas torna-se vegetariana por
considerar que os animais têm o mesmo direito à vida e a
preservação contra o sofrimento que os seres humanos. No
contexto ético, também incluímos os motivos religiosos, já que
o vegetarianismo faz parte do código de ética de algumas
religiões, como o hinduísmo e o adventismo.

Razões de Saúde
Por considerarem que a alimentação sem carne traz
benefícios a saúde, muitas pessoas tornam-se vegetarianas.
Como por exemplo: redução de mortes por infarto, níveis
sanguineos de coleterol, pressão arterial, diabetes,
probabilidades de pedras na vesícula, obesidade e câncer.

Outros questões para se tornar vegetariano:


Familiares: Com a adoção desse tipo de dieta por pais,
cônjuges e familiares, algumas pessoas são influenciadas e
também a adotam.
Espirituais e religiosos: o adventismo, espiritismo,
hinduísmo, jainismo, zoroastrismo e budismo preconizam, em
muitos casos, a adoção da dieta vegetariana.
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Ioga: Muitos praticantes de ioga adotam a dieta
vegetariana com base em princípios energéticos, éticos ou de
saúde. No código de ética iogue, há o preceito ahimsa, a não
violência, e se aplica também aos animais.
Filosofia: Alguns indivíduos, por motivos filosóficos
diversos, optam por não consumir carne e, muitas vezes,
também seus subprodutos (ovos, leite e queijos).
Não aceitação do paladar: Não é incomum a recusa do
consumo de carne por não aceitação do paladar.

Dieta vegetariana é adequada nutricionalmente?


Sim, a dieta vegetariana fornece todos os nutrientes
necessários para manutenção da saúde, sem faltas nem
excessos.

Quais os benefícios da dieta vegetariana?


Padrões alimentares que enfatizam o consumo de
hortaliças, frutas, grãos integrais e leguminosas, são
reconhecidos por suas propriedades promotoras de saúde.
Tais dietas abrangem os tipos vegetarianos e veganos,
estendendo-se a padrões alimentares diversos e
predominantes em plantas.
Tais dietas são tipicamente ricas em fibras, antioxidantes
e fitoquímicos, mas muito menores em gordura saturada,
açúcar adicionado, proteína animal e sódio, em comparação
com padrões alimentares mais convencionais. As atuais
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Diretrizes Alimentares 2015-2020 para os americanos
recomendam um padrão alimentar vegetariano como um dos
três padrões alimentares saudáveis, juntamente com os
padrões alimentares de estilo mediterrâneo e saudável dos
EUA. Alimentos vegetais minimamente processados são
enfatizados em todos os três, enquanto apenas a dieta
vegetariana exclui totalmente a carne.
A dieta vegetariana proporciona um menor risco de
doenças cardiovasculares e inflamações crônicas, sendo
benéfica para saúde.

COMO PLANEJAR A REFEIÇÃO VEGETARIANA


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O vegetariano que se mantém no peso adequado


O vegetariano que mantém o peso adequado
provavelemnte tem uma ingestão calórica adequada, mas isso
não quer dizer que os outros nutrientes (como vitaminas e
minerais) estejam adequados também, ou seja, a ingestão
provavelmente está boa em quantidade de energia, mas não
necessariamente em qualidade.
Quando o indivíduo está com o peso adequado não quer
dizer que precisa contar calorias para isso, o mais importante é
concentrar a atenção plena nas refeições.

O vegetariano que quer emagrecer


Precisa de acompanhamento nutricional para identificar
15
possíveis problemas de saúde e faltas nutricionais. É
necessário também mudança de comportamento e adequação
de todos os grupos alimentares.
Muitas vezes as pessoas com pouca informação se
tornam vegetarianas, porém com uma alimentação pobre em
proteínas e rica em alimentos refinados e fritos. É necessário
investigar todos esses processos para poder tratar esse
paciente.

O vegetariano que quer engordar


Neste caso é necessário fazer uma avaliação nutricional e
médica em muitos casos, para identificar possívies desordens.
Adequar os nutrientes e manter a alimentação equilibrada.
A prática de atividade física indicada por um profissinal da
área é muito importante nesse processo.

O atleta vegetariano
Algumas pessoas pensam que o vegetariano precisa ficar
em repouso o tempo todo, com risco de cair uma perna ou um
braço. Isso é mito total! Se uma dieta fornece todos os
nutrientes necessários para o bom funcionamento do
organismo, não há motivos para qualquer limitação de
atividades.
A dieta vegetariana é excelente para a prática de atividade
física. Ela fornece uma excelente proporção de carboidratos e
proteínas, um excelente estado antioxidante (protetor contra
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radicais livres), assim como uma ótima quantidade de
alimentos alcalinizantes (que auxiliam na neutralização de
ácidos produzidos durante a atividade física). Tudo isso é muito
benéfico para a prática de atividade física
Exemplos de atletas vegetarianos: Carl Lewis foi um dos
maiores medalhistas olímpicos e era vegano. Éder Jofre,
difersas vezes compeão de boxe.

A dieta vegetariana necessita de cuidados especiais?


Assim como todas as dietas, a vegetariana também
precisa de cuidados especiais e tem suas particularidades. É
necessario adequar e equilibrar todos os nutrientes, vamos dar
uma atenção especial para as proteínas, ferro, cálcio, zinco e
vitamina B12.

ADEQUAÇÃO NUTRICIONAL NO VEGETARIANISMO

PROTEÍNAS
As proteínas são necessárias para a construção e
manutenção dos inúmeros tecidos corporais (pele, músculos,
ossos e muitos outros), enzimas e hormônios do nosso
organismo. A proteína é composta por aminoácidos.
Como o nosso corpo não para de utilizar as proteínas,
havendo pouca ingestão, ele começa a degradar os músculos
17
para utilizar as proteínas que estão neles.
Quando a falta de ingestão é crônica, os músculos vão
sendo consumidos pelo próprio organismo. Ocorre perda
progressiva da massa muscular e dos órgãos corporais
também.
A produção de enzimas e hormônios pode ficar reduzida.
Os órgãos corporais também sofrem com essa falta e reduzem
a sua massa e sua atividade. Nas crianças há deficiência de
crescimento corporal e da função cerebral. A pessoa com
deficiência de proteínas fica com acúmulo de líquido no corpo
(edema) e apática. Ocorre redução do crescimento dos pelos e
pode haver alteração na cor do cabelo.
O funcionameno do organismo fica extramamente alterado.
A deficiência proteica provoca redução da função imunológica
e maior risco para infecções.
Não há diferença na incorporação da proteína no
organismo quando ela é proveniente de fonte animal ou vegetal.
A digestibilidade das porteínas vegetais é em torno de
90% à 95% e da proteína animal é de 95%.
Diversos alimentos podem conter os aminoácidos em
boas quantidades. Se por acaso um dos aminoácidos estiver
presente numa quantidade mais baixa, ele será chamado de
aminoácido limitante.
De forma geral, a lisina é o aminoácido limitante dos
alimentos do grupo dos grãos e a metionina, do grupo das
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leguminosas. Esses valores são determinados por comparação
ao perfil de aminoácidos encontrados no ovo. Como a dieta da
população mundial é baseada em cereais, a lisina acaba sendo
o aminoácido que se deve prestar mais atenção .
O musculo esquelético consegue armazenar lisina. Isso
faz com que, mesmo havendo pouca lisina na refeição
realizada, exista lisina em quantidade mais do que suficiente
para ser utilizada, sem que o músculo seja degradado. Os
alimentos vegetais contêm todos os aminoácidos essenciais. O
que muda é o teor de cada um.
Devido ao menor teror de alguns aminoácidos específicos
em diversos alimentos vegetais, fala-se muito em
complementação desses aminoácidos através de combinações
de diferentes alimentos. Como exemplo disso, enquanto os
alimentos do grupo dos grãos (cereais) contêm menos lisina,
as leguminosas (feijões) tem grande quantidade desse
aminoácido. Da mesma forma, as leguminosas oferecem pouca
metionina, que é abundante no grupo dos graõs. Dessa forma,
podemos dizer que os alimentos do grupo dos grãos
complementam os do grupo das leguminosas.
Os oito mitos sobre as proteínas vegetais
As proteínas são incompletas (carentes de aminoácidos).
A verdade: alguns alimentos podem apresentar teores baixos
de um ou mais aminoácidos específicos. A combinação de
alimentos de grupos diferentes fornece todos os aminoácidos
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em ótimas quantidades.
As proteínas provenientes de fontes vegetais não são “tão
boas” quanto as provenientes de fontes animais. A Verdade: As
proteínas vegetais podem ser iguais ou melhores do que as
proteínas animais. A qualidade depende da fonte da proteína
vegetal ou da sua combinação.
As proteínas de diferentes alimentos vegetais devem ser
consumidas juntas na mesma refeição para atingir um alto
valor nutricional. A verdade: os aminoácidos não precisam ser
consumidos todos na mesma refeição. O mais importante é
consumi-los ao logo do dia.
Os métodos beseados em animais para determinar os
valores de necessidade nutricional de proteína são adequados
para humanos. A verdade: esses métodos costumam
subestimar a qualidade nutricional das proteínas, já que as
necessidades de proteínas e a velocidade de utilização delas é
muito diferente entre os animais e os seres humanos.
As proteínas vegetais não são bem digeridas. A verdade:
a digestibilidade pode variar de acordo com a fonte e o preparo
da proteína vegetal. A digestibilidade da proteína vegetal pode
ser tão alta quanto a animal para alguns alimentos.
A proteína vegetal, sem a carne, ovo e os derivados do
leite, não é suficiente para oferecer as necesssidade humanas
de aminoácidos. A verdade: a ingestão dos aminoácidos
essenciais pode ser tranquilamente atingida utilizando-se
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apenas as proteínas vegetais ou uma combinadção delas com
as animais (ovos, leite e queijo).
As proteínas vegetais contêm os seus aminoácidos
desbalanceados e isso limita o seu valor nutricional. A verdade:
não há nenhuma evidência de que esse balanço seja
importante. O que importa é que todos os aminoácidos atinjam
o seu valor de ingestão recomendado ao longo do dia.
Existem aminoácidos na carne que não podem ser
encontrados em nenhum alimento do reino vegetal. A verdade:
todos os aminoácidos esssenciais são encontrados em
abundâcia no reino vegetal.
O tipo de aquecimento, assim como a temperatura
atingida durante o processo de cozimento modificam a
digestibilidade da proteína do alimento. O cozimento em água
geralmente melhora a qualidade da proteína, enquanto o calor
a seco e o ato de tostar reduzem essa qualidade. Em geral, os
processos culinários que atingem altas temperatudas reduzem
o aproveitamento das proteínas. Isso occorre na produção
industrial dos cereais matinais.
Neste sentido a dieta vegetariana fornece proteínas e
aminoácidos em quantidade e qualidade adequadas ao atingir
as necessidades calóricas e variando os grupos dos alimentos.
Bem como os estudos populacionais não detectam carência de
proteínas em vegetarianos.

21
FERRO
O ferro é fundamental para diversas reações químicas no
nosso organismo, assim como para que as células vermelhas
no nosso sangue, as hemácias, sejam construídas. A retirada
da carne da alimentação não traz impacto negativo sobre a
quantidade de ferro total ingerido. A ingestão de ferro por
vegetarianos costuma ser, em quase todos os estudos
científicos, maior do que a de não-vegetarianos, assim como a
ingestão de vitamina C (que favorece a absorção do ferro) por
vegetarianos é sempre maior. Vale lembar que o ferro de
origem vegetal é 100% não-heme, e sofre a influência da
vitamina C para ser absorvida.
Os vegetarianos ingerem mais ferro do que os oníveros.
A maior parte do ferro encontra-se na hemoglobina e na
mioglobina, a deficiência desse nutriente afetará a função
dessas duas proteínas.
A simples observação do teor de ferro ingerido não nos
traz informações sobre a biodisponibilidade desse ferro, pois a
presença de promotores ou inibidores da absorção deve ser
sempre considerada. Para que você tenha uma ideia, os tipos
de alimentos que estão presentes na refeição podem modificar
a absorção do ferro em 10 vezes.
As carnes bovinas apresentam, geralmente, menos de
3mg de ferro por 100g (e menos de 40% é heme, sem contar
as perdas por estocagem e aquecimento). Assim, podemos
considerar que, para cada 100g de carne, a pessoa ingere
22
menos de 1,2mg de ferro heme. A porção desse ferro que será
absorvida é de cerca de 20%, portanto 0,24mg. Lembre-se de
que necessitamos absorver cerca de 1 a 2mg de ferro por dia.
Assim, o ferro heme corresponde a uma pequena fração do
ferro absorvido pela pessoa que come carne.
Para o bom proveitamento do ferro do alimento, sempre
use alimentos ricos em vitamina C nas refeições que contêm
ferro. A regra básica é que o grupo das hortaliças e o das frutas
são os mais ricos em vitamina C. Já o grupo dos grãos e o dos
alimentos ricos em proteínas são mais ricos em ferro. A junção
dos grupos ricos em ferro com os ricos em vitamina C
promovem a boa interação da vitamina C com o ferro.
Não utilize chá preto, cacau, café e chá de ervas próximo
às refeições que contêm ferro. Se utilizar essas bebidas a regra
é 1 hora antes ou 3 horas depois.
Evite o uso de leite, laticínios junto com refeições ricas em
ferro.
A principal função do ferro é o transporte de 02, por meio
da hemoglobina (Hb), que é uma proteína carregadora de 02,
nos eritrócitos. A porção heme da Hb contém 4 átomos de
ferro, que captam o 02 dos pulmões, onde a concentração é
alta, e o transporta para os tecidos, liberando onde ele for
necessário.
A mioglobina que é uma proteína muscular que contém
ferro e age como um receptor de 02 e como reserva de 02 no
músculo.
23
No metabolismo de ácidos graxos o ferro é necessário
para a síntese de aminoácidos carnitina, que desempenha
função no metabolismo de ácidos graxos.
Na destoxificação hepática, atua no citocromo P450,
enzima hepática de destoxificação.
O ferro age na enzima que inicia a síntese de
neurotransmissores serotonina e dopamina. Atua também na
síntese de colágeno e elastina.

Sistema Gastrointestinal
A deficiência de ferro pode provocar alterações no sistema
digestório. Um estado de hipocloridria está relacionado à
diminuição da absorção desse mineral. Por isso, a baixa
produção de ácido clorídrico (HCL), pode levar a deficiência de
ferro.
Também pode se observar na deficiência de ferro:
diarreia, inflamação intestinal, diminuição da absorção de
gorduras, alterações das vilosidades intestinais e de seu
conteúdo enzimático e alteração no processo de destoxificação
hepática. Por isso mulheres com alterações da menstruação
apresentam dificuldade no processo de destoxificação.

Sistema Cardiovascular
A sobrecarga de ferro tem sido relacionada com aumento
do risco cardiovascular de maneira geral. O consumo excessivo
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de ferro, com consequente aumento de seus estoques, provoca
um aumento na formação de radicais livres e esse aumento de
estresse oxidativo é prejudicial, pois pode levar a uma
aterogênese por exemplo.
O ferro pode contribuir com as complicações
cardiovasculares por meio de efeitos na oxidação da partícula
LDL.
Homens com níveis de ferritina elevados (superior a
200mcg/l) estão associados a um risco 2,2 vezes maior de
infarto agudo do miocárdio.

Câncer
Em situações patológicas, o ferro é um catalisador da
geração de espécies reativas de oxigênio. Em virtude dessa
ação específica, a sobrecarga de ferro pode induzir a
carcinogênese.

Gestação
A deficiência de ferro tem efeitos negativos na gestação,
sendo concentrações baixas de hemoglobina relacionadas com
o aumento da mortalidade materna na anemia severa. Esse
efeito é verificado, principalmente, quando a deficiência ocorre
durante o primeiro trimestre de gestação, o que contribui para a
diminuição do tamanho e do peso de nascimento de recém-
25
nascidos.

Menopausa
Na menopausa a ingestão de ferro deve ser reduzida para
não ocorrer excesso, pois o excesso aumenta a produção de
radical hidroxila, que é oxidante. Por isso, devemos utilizar as
recomendações das DRIs de acordo com o estado fisiológico
da mulher e não pela faixa etária, já que muitas mulheres
podem entrar na menopausa precocemente.

Anemia ferropriva
A anemia, de forma geral, é caracterizada pela
concentração de hemoglobina no sangue abaixo dos valores
limites estabelecidos de acordo com idade e sexo, provocando
diminuição da habilidade de transporte de oxigênio para os
tecidos. A diminuição ou ausência dos estoques de ferro, a
baixa concentração de ferro no sangue, a baixa saturação de
transferrina e baixa concentração de hemoglobina com
proporcional decréscimo no valor de hematócrito caracterizam
a anemia por carência de ferro, na qual os eritrócitos estão
hipocrômicos e microcíticos e a capacidade de ligação de ferro
está aumentada.
Apesar de os dados laboratoriais apontarem apenas a
deficiência de ferro, a redução ou ausência da concentração de
outros nutrientes também podem estar presentes, pois, quando
se instala no organismo alguma deficiência, normalmente ela é
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acompanhada de outras carências nutricionais.
Dosagem mais comum: 10- 45mg/dl.
Formas de dosagem: Cápsula e líquidos.
Formas ativas mais prescritas: Ferro quelado, ferro glicina.
Fontes alimentares: Gergelim, fígado de boi, ostra crua,
castanha-de-caju, aveia, carne bovina, amêndoas, agrião,
espinafre, nozes, tofu, ervilha em vagem, feijão carioca,
alcachofra, brócolis cozido, couve-manteiga refogada, damasco
cru, rabanete, kiwi, banana, pêssego e maçã com casca.

ZINCO
A baixa ingestão de zinco é detectada em diversas
populações vegetarianas no mundo todo. Os vegetarianos
geralmente ingerem menos zinco do que os onívoros. Mesmo
assim, a dieta vegetariana pode e costuma fornecer zinco em
quantidade suficiente para atender as necessidades
nutricionais referentes ao mineral. O zinco é fundamental para
o bom funcionamento imunológico.
O Zinco é um cofator enzimático em mais de 200
metaloproteínas e mais de 50 enzimas, exercendo um papel
catalítico, estrutural e regulador das metaloenzimas, além de
possuir propriedade antioxidante. As principais metaloenzimas
dependentes de zinco são: Álcool desidrogenase, retinol
desidrogenase, malato desidrogenase, carboxipeptidases A e
B, superóxido dismutase, anidrase carbônica, RNA polimerases
e fosfatases alcalinas.
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Por atuar na síntese da enzima superóxido dismutase,
responsável pela destruição dos radicais superóxidos, o zinco
tem função antioxidante. Em relação à função reguladora, o
zinco está envolvido no metabolismo da somatomedina, na
modulação da prolactina (que só deve estar aumentada em
mulheres grávidas), na ação da insulina e de hormônios do
timo, tireoide, suprarrenal e testículos, além de ser importante
para o funcionamento adequado de linfócitos e fibroblastos
(sistema imune) – exercendo atividade do DNA, manutenção
da integridade da membrana da célula e regulação da
expressão gênica.
O Zinco também tem uma papel na função sexual, sendo
necessário para a manutenção do esperma, para a ovulação e
para a fertilização. Está envolvido na percepção sensorial do
tato, cheiro, visão (adaptação ao escuro e visão noturna) e
percepção do sabor salgado; como também da cicatrização de
feridas (facilitando-a especialmente em queimaduras e
cicatrizes cirúrgicas), no controle de vitamina A estocada no
fígado e na síntese de heme da hemoglobina.
As metaloenzimas dependentes de zinco são importantes
para propiciar adequadamente a digestão e absorção dos
nutrientes. Além disso, a produção de ácido clorídrico também
é auxiliada pelo zinco, portanto, um estado de hipocloridria ou
acloridria pode ser observado na deficiência desse mineral.
Na deficiência de zinco também é encontrado alterações
28
de percepção de sabor, ou seja, hipogeusia (paladar
comprometido).
A suplementação com Zn reverte a esteatose hepática e
reativa o HNF-4 alfa e PPAR-alfa pela inibição do estress
oxidativo, mecanismo potente para explicação dos efeitos
benéficos do metal sobre a homeostase dos lipídeos hepáticos.
Esse mineral reduz substancialmente os sintomas da gripe
(tosse, dor de cabeça, congestão, coriza e garganta dolorida) e
duração da mesma, por modular o sistema imunológico.
O zinco permite a síntese da proteína fibrilar da pele
formando as pontes dessulfuradas, sua deficiência aumenta o
desenvolvimento de estrias durante a gestação.
O Zinco inibe a atividade da enzima 5-alfa-redutase, que
reduz a conversão de testosterona à di-hidrotestosterona e
diminui o crescimento hiperplásico da glândula prostática.
O déficit de Zinco diminui a produção de testosterona,
inibindo as gonadotrofinas hipofisárias, a qual pode dificultar a
fertilidade.
É responsável pela conversão de betacaroteno em
Vitamina A, realizado pela enzima retinol redutase.
Na sensação prejudicada de cheiro e paladar o Zinco
assegura a configuração espacial da gustina.
É responsável pela expressão gênica de proteínas
O Zinco modula o sistema imunológico, podendo auxiliar
no tratamento da psoríase.
Promove a quimiotaxia, que consiste em impedir a ação
29
das bactérias causadoras da acne.
Na glândula tireoide participa na ligação do T3 com seus
receptores.
Pessoas com diabetes não insulino-dependentes e
insulino-dependentes têm apresentado deficiência de Zinco.
O Zinco aumenta a atividade da vitamina D e é essencial
para a formação óssea. A deficiência de zinco durante o
crescimento pode prejudicar o acúmulo máximo de massa
óssea em humanos, como pode também ter um importante
papel na patogênese da osteoporose, podendo levar a uma
queda de 45% na massa óssea e a deterioração da arquiterura
trabacular.
Dosagem mais comum: 15 a 25mg/dl
Formas de dosagem: pastilha, cápsula e líquidos.
Formas ativas mais prescritas: Zinco quelado, zinco
arginina e zinco glicina.
Alimentos fontes de Zinco: Ostra, levedura, semente de
abóbora, carne vermelha, caranguejo cozido, castanha de caju,
amendoim, amêndoa, nozes, camarão cozido, lentilha e feijão
carioca cozido.
Fatores que interferem na absorção de Zinco
A absorção do zinco é diferente se o mineral for
proveniente da dieta ou de suplemnteos, o zinco do alimento é
menos absorvido do que o de suplementos. A absorção de
zinco também depende da quantidade ingerida do mineral.
30
Quando a dieta é mais pobre em zinco, a absorção é maior, e
vice-versa. Para exemplificar, numa dieta com 5,5mg de zinco
por dia, há absorção de 53% de zinco. Quando a quantidade
ingerida é de 16,5mg por dia, a absorção é de 25%.

Promotores da absorção
Proteína da dieta: o teor protéico da dieta influencia a
quantidade de zinco absorvida. A maior ingestão de proteína
ocasiona mais zinco ingerido, já que os alimentos proteicos
constumam ser boas fontes de zinco. Os alimentos ricos em
proteínas também melhoram a absorção do mineral. As
proteínas de origem animal (carne, ovos e queijos) apresentam
efeitos antagônicos ao ácido fítico. Isso ocorre, aparentemente,
devido aos aminoácidos que compõem as proteínas desses
alimentos.
Ácidos orgânicos: podem auxiliar na absorção do zinco
ingerido. Esses ácidos (cítrico, láctico, butírico, fórmico e
outros) podem ocorrer naturalmente nos alimentos, serem
gerados por processos de fermentação ou serem adicionados
aos alimentos como métodos de conservação.
Inibidores da absorção
Ácido fítico: o ácido fítico reduz a absorção de zinco do
alimento. Portanto, comer alimentos ricos nesse ácido junto
com outros que contêm zinco, reduz a absorção do zinco dos
provenientes deles. Reduzir o ácido fítico dos alimentos
31
promove melhor absroção do zinco da dieta.
Proteína do leite: a caseína, uma proteína do leite,
ocasiona diminuição da absorção de zinco.

CÁLCIO
O cálcio é necessário para a coagulação do sangue, a
contração muscular, assim como para que diversos processos
metabólicos ocorram. O cálcio é fundamental para constituição
óssea. A baixa ingestão de cálcio está associada com
hipertensão arterial e câncer de intestino grosso. A quantidade
de cálcio ingerida não é um problema para os vegetarianos que
utilizam leite e queijos regularmente, e costuma ser mais
adequada do que a dos onívoros. Porém uma dieta vegana
bem planejada mantém o estado nutricional de cálcio tão bem
quanto a lactovegetariana. O cálcio proveniente dos vegetais
pode ser muito bem assimilado, tanto em termos de absorção
quanto em retenção óssea.
A dieta vegetariana costuma ser bem mais alcalinizante do
que a onívora, poupando a massa óssea. O consumo de frutas
e verduras (que têm efeito alcalinizante) mostra efeito positivo
na saúde óssea.
O Cálcio é o principal mineral do esqueleto e um dos
cátions mais abundantes no organismo, representa cerca de
2% do peso corporal. O cálcio é importante para algumas
proteínas celulares, seja por se ligar a elas ou por ativa-las. As
32
proteínas são: calmodulina (responsável pela
modulação/regulação de diversas proteínas quinases),
troponina C (que atua na modulação da contração muscular),
creatinina, retinina (que ativa a guanilciclase, calneurinaB-
fosfatase), proteína quinase C (importante na modulação da
atividade de enzimas em resposta à ligação de hormônios na
superfície das células), fosfolipase A2 (fundamental para a
síntese de ácido araquidônico), caldesmon (que participa na
regulação da contração muscular), parvalbumina, calbindina e
casequestina, sendo que as últimas três enzimas citadas têm
função de armazenamento do mineral.
Atua também na troponina, que regula a contratibilidade
da actina e da miosina. Por isso, na deficiência de cálcio, o
indivíduo terá problemas de contração muscular e poderá
apresentar câimbras, cansaço generalizado e desconforto.
Outros sintomas podem ocorrer em virtude disso, tais como
adormecimento e formigamento, contrações contínuas, cólicas
menstruais, espasmos e taquicardia.
O cálcio também é necessário para a ativação de enzimas
hidrolíticas, tais como a alfa-amilase e a lipase que hidrolisam
polissacarídeos, proteínas e fosfolipídeos.
Ossos e dente: a função mais importante está em
desenvolver e manter a saúde dos ossos e dentes. É mais
requisitado durante os períodos de rápido crescimento e
33
desenvolvimento, incluindo infância, gestação e lactação.
Contração muscular: ajuda na iniciação da contração
muscular. O Cálcio atua no ciclo contração e relaxamento, que
regula os batimentos cardíacos, por exemplo.
Coagulação sanguínea: o cálcio está envolvido em
diversos passos do mecanismo de coagulação sanguínea.
Permeabilidade vascular: regula a passagem de fluídos
entre membranas celulares, afetando a permeabilidade do
meio.
Função enzimática: o cálcio ativa várias enzimas
responsáveis pela contração muscular, pela digestão de
gorduras e pelo metabolismo proteico.
Transmissão nervosa: atua na regulação e transmissão
de impulsos nervosos.
O déficit de cálcio está relacionado com aumento do PTH
e de dihidroxivitamina D que aumenta o cálcio intracelular, esse
aumento eleva a produção de insulina, a qual aumenta a
lipogênese e diminui a lipólise, aumentando a adiposidade.
Baixas taxas de cálcio extracelular sinalizam a liberação
de hormônio da paratireoide, que aumenta a absorção do
mineral.
Sintomas de deficiência de cálcio: Irritabilidade, agitação,
nervosismo, humor lábil, insônia, diminuição da memória,
convulsões, cãimbra, adormecimento/formigamento, dentes
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frágeis, vômitos, taquicardia, contrações contínuas, pele seca,
queda de cabelo, unhas frágeis e quebradiças.
As principais fontes de cálcio são os vegetais verdes
escuros, como brócolis, couve, repolho e também, feijões
secos, tofu, leite e espinafre.

Outras fontes alimentares de cálcio:


Queijo cottage, amêndoas, melado, avelã, castanha-do-
Brasil, espinafre cozido, feijão de soja cozida, beterraba cozida,
sardinha sem pele, ameixa seca, ovo cozido, gérmen de trigo,
laranja, abóbora cozida e banana.

Vitamina B 12
A vitamina B12 é o nutriente ao qual o vegetariano deve
prestar mais atenção! Os relatos na literatura médica e
nutricional sobre deficiência de B12 são vastos, e não há mais
nenhuma dúvida de que os vegetarianos, em especial os
veganos, devem tomar suplementos dessa vitamina. A
vitamina B12 é fundamental para manutenção da estrutura do
sistema nervoso e na manutenção e maturação das células do
sangue. As únicas fontes confiáveis de B12 para vegetarianos
são: ovos, queijo e leite, suplementos e alimentos enriquecidos
industrialmente (prática pouco comum no Brasil). A deficiência
de B12 pode levar a anemia e sintomas neurológicos
(depressão, mania, síndromes psicóticas, transtornos
obsessivo-compulsivos e prejuízo da cognição).
35

FATORES ANTINUTRICIONAIS
Existem diversas substncias presentes nos vegetais que
podem interferir na assimilação de alguns nutrientes
importantes para a saúde. Por isso é fundamental fazer o
remolho para eliminação desses fatores antinutricionais.

TROFOTERAPIA CETOGÊNICA
A Dieta cetogênica surgiu na década de 1920 para o
tratamento da diabetes e epilepsia pediátrica. Agora esta
associada à perda de peso e controle da glicemia em pacientes
com pré-diabetes e diabetes tipo 2.

A Dieta cetogênica é diferente de outras dietas de baixo


carboidrato em que seguidores da dieta são encorajados a
renunciar a quase todas os carboidratos, evitar o excesso de
proteína e consumir altos níveis de gordura (geralmente
excedendo 70% das calorias), resultando na produção de
cetonas, dando a dieta o seu nome. Considerando a forma
mais Clássica.
As nossas células estão acostumadas a receber
carboidrato e isso pode gerar uma super expressão ou
aumento da expressão de proteínas inflamatórias.

O objetivo da dieta cetogênica é não dar aquilo que as


nossas células estão acostumadas, ou seja dar estímulos
diferentes.
36

Na dieta cetogênica, como o sistema nervoso central


(SNC), não consegue utilizar o ácido graxo livre (AGL) como
energia (pois não ultrapassa a barreira hematoencefálica –
BHE). Para prover substrato energético ao cérebro, o
organismo precisa converter AGL em corpos cetônicos (CC), já
que estes conseguem ultrapassar a BHE e serem oxidados
pelas mitocôndrias dos neurônios, gerando ATP.
Por esta razão, afirmamos que a dieta cetogênica produz
um estado cetótico: na ausência de carboidratos (depleção do
glicogênio hepático e não ingestão alimentar); na não
abundância de aminoácidos gliconeogênicos que possam ser
utilizados para produção endógena de glicose; na grande oferta
de AGL (dietético e endógeno), este passa a ser utilizado pelos
37
tecidos periféricos e a ser convertido em CC para
abastecimento do SNC, mantendo assim, a homeostasia e o
adequado funcionamento do organismo, mesmo sob a
condição de privação de carboidrato.

Tipos de dietas cetogênicas

Comparação Cetogênica TCM Atkins TBIG


das quatro Clássica Modificada Tratamento
principais (4:1) com baixo
dietas IG
cetogênica

Lipídeo g (% 100 (90%) 78 70 (70%) 60 (45%)


de calorias) (70%)

Proteínas 17 (7%) 25 60 (25%) 40 (28%)


(10%)

Carboidrato 8 (3%) 50 10 (5%) 40(27%)


(20%)
A DC foi popularizada décadas após para outras
finalidades terapêuticas, pelo Dr. Robert C. Atkins como a
“DIETA DE ATKINS”, uma dieta hipocalórica, cetogênica com
liberado consumo de lipídios e proteínas, como carnes
vermelhas, ovos e manteiga, e restrição para carboidratos,
como frutas, pães, farinha, macarrão, açúcares e doces.
38
A dieta de Atkins, que é praticamente nula em
carboidratos, deixaria o organismo ausente da liberação de
insulina e utilizaria, em larga escala, as reservas de gordura,
promovendo uma perda rápida da gordura corporal através de
sua oxidação.
Para o controle da hipoglicemia reativa (hipoglicemia
rápida acompanhada de hiperglicemia), normalizando-se os
níveis glicêmicos, prevenindo-se o hiperinsulinismo, a
hipercolesterolemia e a hipertensão arterial, resultando na
melhora dos problemas cardiovasculares e endócrinos, além
do combate à obesidade.
Lembrando que a DC não é indicada para gestantes e
pessoas com problemas renais, já que na primeira fase a dieta
significa um esforço a mais para os rins, que eliminam corpos
cetônicos pela urina.
Para realizar uma dieta cetogênica você deve escolher as
gorduras de cadeia média, monoinsaturadas e poli-insaturadas.
Exemplos: óleo de abacate, óleo de semente de uva, óleo de
semente de abóbora, óleo de linhaça e azeite de oliva de boa
qualidade.
É importante não escolher, gorduras Saturadas de cadeia
longa pois essas irão aumentar a resposta inflamatória, como
por exemplo gordura animal e embutidos.
A regra para os carboidratos da dieta, é que o índice e
carga glicêmica sejam baixos em 100% das refeições.

Alimentos para consumir


39
 Laticínios integrais; (?)

 Carne vermelha e frango;

 Vegetais sem amido;

 Coco e azeite de oliva;

 Oleaginosas e sementes;

 Abacate;

 Azeitonas;

 Ovos;

Alimentos para evitar

 Grãos (produtos de panificação);

 Aveia, arroz e quinoa (em pequena quantidade);

 Milho e farinhas;

 Vegetais amiláceos;

 Batatas;

 Feijões (em pequena quantidade);

 Macarrão;
 Frutas;

Na dieta cetogênica é importante escolher bem os


alimentos para não causar desconforto para as pessoas que
irão realizar, como por exemplo o excesso de proteína animal
que pode causar irritabilidade.
O uso de adoçantes na dieta cetogênica promove
40
aumento da vontade de comer carboidrato, o desequilíbrio do
bioma intestinal e aumenta a capacidade inflamatória.
Existem inúmeros benefícios a partir de uma dieta
cetogênica. Dentre eles estão a perda de peso e aumento dos
níveis de energia. A maioria das pessoas pode se beneficiar
com segurança, de uma dieta pobre em carboidratos de IG alto
e rica em gorduras.
Muitas pessoas usam a dieta cetogênica especificamente
para o aumento do desempenho mental. Os corpos cetônicos
são uma excelente fonte de combustível para o cérebro.
Quando você abaixa a ingestão de carboidratos, evita grandes
picos de açúcar no sangue. Assim, resultando em melhor foco
e concentração. Estudos mostram que uma boa ingestão de
ácidos graxos pode ter benefícios impactantes para a função
do nosso cérebro.
A dieta cetogênica essencialmente usa sua gordura
corporal como fonte de energia, por isso, existem benefícios
óbvios de perda de peso.
Nela, os níveis de insulina (o hormônio de
armazenamento de gordura) caem bastante, aumentando a
queima de gordura no corpo.
Cientificamente, a dieta cetogênica mostrou melhores
resultados em comparação com dietas com baixo teor de
gordura e carboidratos; mesmo a longo prazo.
41
Muitas pessoas buscando isso costumam incorporar o
óleo de coco em sua dieta (aumenta a produção de corpos
cetônicos e a perda de gordura), principalmente quando
ingerido em conjunto com café pela manhã.
Além disso, a gordura tem o poder de aumentar a
saciedade e acaba nos deixando "cheios" por mais tempo.
É comum uma dieta cetogênica apresentar grandes
melhorias na pele. Isso ocorre pela redução da resposta
inflamatória, reduzindo as espinhas.
A dieta cetogênica, naturalmente, reduz os níveis de
açúcar no sangue devido aos tipos de alimentos ingeridos.
Pode ser usanda como estratégia nutricional para diabestes
tipo II e pré-diabéticos.
Dietas com baixo teor de carboidrato e alto teor de
gorduras boas mostram um aumento dramático no HDL
(colesterol bom) e diminuição na concentração de partículas de
LDL (colesterol ruim), quando em comparação com dietas com
baixo teor de gordura.
A dieta cetogênica simula os efeitos metabólicos da fome,
obrigando as células normais a usarem principalmente a
gordura como fonte de combustível e induzindo uma privação
de energia nas células tumorais. Esta dieta aumenta a
concentração de corpos cetônicos (β-hidroxibutirato e acetato)
no soro e diminui a absorção de glicose.
Os efeitos metabólicos da redução do IG e da carga
glicêmica dos carboidratos podem inibir o crescimento do
42
câncer, seja individualmente ou em conjunto.
Eles incluem indução da cetose; acidemia; secreção
reduzida de insulina, de IGF-1 e de citocinas inflamatórias, e
inibição da atividade do mTOR.
A atividade física em jejum estimula a formação de corpos
cetônicos e promove o aumento da biogênese mitocondrial.
Estimular a biogênese mitocondrial significa o aumento da
quantidade de mitocôndrias. As mitocôndrias são organelas
celulares que funcionam como usinas de energia no interior de
cada célula.

Potenciais riscos e efeitos adversos


Relatos de obstipação intestinal temporária, dor, fadiga,
dispneia um pouco mais frequente nas primeiras semanas, em
alguns casos, vômitos e fome. A longo prazo, distúrbios
gastrointestinais e cálculos renais.

TROFOTERAPIA PROTÉICA
As proteínas são chamadas construtoras, pois sua
principal função é a de construir e conservar o organismo. As
proteínas formam músculos, esqueleto, pele, cabelo e unhas.
São constituintes básicos de órgãos como coração, pulmão,
rins e também do sangue.
Repõem o desgaste natural dos tecidos.
Formam substâncias vitais ao organismo tanto para o seu
funcionamento como para nossas defesas (hormônios,
43
enzimas, neurotransmissores e anticorpos).
O aminoácido é a menor unidade da proteína.
Proteínas completas (chamadas de alto valor biolágico):
são aquelas que contém os aminoácidos essenciais em
quantidade suficiente e na proporção correta para o
crescimento e manutenção do organismo. São as proteínas da
carne bovina, suína, peixes, aves, ovos, leite materno e outras
proteínas de origem animal.
Os aminoácidos essenciais ao nosso organismo são: lisina,
leucina, isoleucina, valina, metionina, histidina, triptofano,
treonina e fenilalanina.
Existem também aminoácidos condicionalmente
essenciais, isto é, aminoácidos que em certas situações do
organismo podem se tornar essenciais como: taurina, cisteína,
glutamina e possivelmente a tirosina.
As proteínas de origem animal podem fazer parte da
nossa alimentação, porém, a quantidade deve ser moderada
pois grande quantidade de proteína de origem animal (inclusive
a dos leite e derivados) na mesma refeição, acidifica o pH
sanguíneo, aumentando a excreção de nutrientes,
principalmente cálcio e magnésio. O pH normal do sangue é
levemente alcalino: 7,3 a 7,4. Portanto, as reações orgânicas
são mais eficientes nessa faixa de pH.
Proteínas incompletas: são as que não fornecem todos os
aminoácidos essenciais em quantidades apropriadas para
manutenção e crescimento do organismo. São as proteínas de
44
origem vegetal, isto é, as encontradas nos cereais,
leguminosas e hortaliças em geral. Por isso nos casos da
utilização somente de proteína vegetal deve-se fazer uma
combinação das mesmas, por exemplo: o arroz é rico em
metionina e pobre em lisina, já o feijão é rico em lisina em
pobre em metionina, por isso a combinação dos dois torna-se
interessante.
Cada grama de proteína fornece aproximadamente quatro
calorias.

Os aminoácidos e suas funções


Leucina: estimula as sínteses das proteínas musculares e
é um dos principais combustíveis das reações anabolizantes.
Isoleucina: responsável pela síntese de glutamina e
alanina, além de agir no desenvolvimento e reparos dos
músculos.
Valina: é um aminoácido que auxilia na síntese de outros
aminoácidos, no reparo dos tecidos e na manutenção do
balanço nitrogenado equilibrado.
Fenilalanina: este aminoácido potencializa a produção de
hormônios e neurotransmissores, como a dopamina, adrenalina
e noradrenalina, substâncias ativadoras do sistema nervoso
central e periférico. Ele é importante para manter atividades
mentais e psicológicas em equilíbrio e melhora a capacidade
cognitiva.
45
Lisina: trata-se de um aminoácido que regula a produção
de óxido nítrico, é componente estrutural do colágeno e possui
ação antiviral.
Metionina: é uma importante fonte de enxofre e outros
compostos necessários para o metabolismo e componentes
celulares. A metionina se converte em cistina, aminoácido
importante na síntese de glutationa (antioxidante natural).
Triptofano: substância que incentiva a liberação de
serotonina (hormônio que regula funções importantes, como o
humor, a temperatura do corpo e ritmo cardíaco) e a
melatonina (hormônio relacionado ao sono).
Treonina: responsável pela produção de mucina, proteína
necessária para a manutenção da integridade e função
intestinal. Importante para a imunidade e responsável pela
síntese de glicina.
Quando falamos em trofoterapia proteica temos que
pensar em como o organismo está conseguindo digerir e
absorver essas proteínas pois de nada adianta eu dar uma
sobrecarga proteica e não absorver, bem como não estar
utilizando a mesma de forma adequada.
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REFERÊNCIAS

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Paulo, 2009.

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Editora Polo Books, 2018.

LEMOS, A. Processos Naturais de Desintoxicação: Para Prevenção e Tratamento


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PASCHOAL, V; NAVES, A; FONSECA, A.B.B.L. Nutrição Clínica Funcional: dos


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SLYWITH, E. Alimentação sem carne, guia prático, o primeiro livro


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Alimentação sem carne, São Paulo 2008.

SLYWITH, E. Guia alimentar para dietas vegetarianas no adulto.


Sociedade Brasileira Vegetariana, São Paulo 2012.

TRUCOM, C. Cadê o leite que estava aqui? Receitas e conceitos de leites e


laticínios veganos. 1ª ed., São Paulo: Doce Limão, 2017.

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