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DISCIPLINA RETOMADA

DE HISTÓRIA

1415
Conquista de Ceuta,
Início da colonização
ultramarina portuguesa

1492

Chegada dos espanhóis


às Antilhas 1500
A chegada dos
portugueses à costa
brasileira

Século XVI

Início do deslocamento
de africanos escravizados 1560
para a América portugues
Consolidação de
Pernambuco e Bahia como
1630 as principais áreas de
produção de cana-de-
Invasão de Pernambuco, açúcar.
principal centro açucareiro da
colônia, pelos holandeses.
Século XVII
Descoberta de ouro na
cidade
mineira de Sabará (1693 e
1695

TEMAS
1. A produção do pensamento histórico
2. O nascimento e a construção do
mundo Moderno
3. O Iluminismo
4. Revoluções: Rev. Inglesas, Industrial e
Francesa
5. O processo de Independência do Brasil e
o Primeiro Reinado
DA ÁFRICA

PARA

O BRASIL

UM BRASIL AFRICANO

O trabalho escravo foi empregado em diversas sociedades


durante a história e ainda hoje há pessoas que são exploradas
como se fossem escravas.
De acordo com o historiador Olivier Pétré-Grenouilleau, a
escravidão que existiu na América entre os séculos XVI e XIX foi,
em grande parte, alimentada pelos lucros gerados pelo tráfico
transatlântico de escravos vindos da África. Calcula-se que,
nesse período, aproximadamente 13 milhões de africanos
tenham chegado a Portugal, às ilhas do Atlântico e à América.
Embora a escravidão tenha existido em diversos períodos da
historia, na América ela se diferenciou porque foi justificada
com argumentos de fundo racial, gerando preconceitos que,
ainda hoje, apesar de debatidos, são recorrentes.

ATIVIDADE

A chegada dos Portugueses a Angola

O texto a seguir é o relato sobre a chegada dos portugueses à


África, feito por um integrante de etnia Pende, que vivi na costa
de Angola no século XVI.

"Um dia os homens brancos chegaram em navios com asas,


que brilhavam como facas ao Sol. Travaram duras batalhas com
o N'gola e cuspiram fogo nele. Conquistaram as suas salinas e
o N'gola fugiu para o interior, para o Rio Lucala. Alguns dos seus
súditos mais corajosos ficaram perto do mar e quando os
homens brancos vieram trocaram ovos e galinhas por tecidos e
contas. Os homens brancos voltaram outra vez. Trouxeram-nos
milho e mandioca, facas e enxadas, amendoim e tabaco. Daí em
diante até aos nossos dias, os brancos só nos trouxeram
guerras e misérias."

BOXER, Charles. O império marítimo português: 1415-1825. São


Paulo: Companhia das Letras,2002. p.116.

N'gola: termo utilizado por africanos e europeus entre os séculos XV e XVIII


para referir-se aos chefes locais da região de Angola. Geralmente, a
expressão antecedia um nome próprio, distinguindo assim um N'gola de
outro.

QUESTÃO 1
Como é relatada, no texto, a chegada dos
portugueses à região de Angola e quais teriam sido
as consequências desse evento?
(mínimo 3 linhas)
A PRÁTICA DA ESCRAVIDÃO NA ÁFRICA

O que a África oferecia aos portugueses? Inicialmente, eles


levavam da África produtos como marfim, pimenta-malagueta e
boas quantidades de ouro em pó. Depois de 1440, os
colonizadores encontraram uma possibilidade de negócio ainda
mais rentável: o comércio de escravos. Além de ter sua força de
trabalho explorada, os escravos passaram a ser vendidos e
trocados e, com isso, a gerar grandes lucros para os
mercadores.
A escravidão e o comércio de escravos já eram práticas comuns
na África antes da chegada dos Portugueses, no século XV.
Nas áreas rurais e urbanas africanas, os escravos em sua
maioria , eram utilizados como criados domésticos e soldados.
Não só adultos eram escravizados, mas também crianças e
idosos. As pessoas que se tornavam escravas, em geral, eram
capturadas em guerras ou sequestradas. Haviam, também, a
escravização familiar. Nesse caso, uma pessoa era vendida
como escrava pelo pai ou pela mãe para saldar uma dívida ou
para amenizar uma situação de extrema pobreza.

Caravana de escravos (1849). Na gravura, cinco homens presos por uma


forquilha são conduzidos por um mercador árabe. Os africanos
escravizados eram levados no norte da África para a Península Arábica por
rotas terrestres no deserto do Saara e por mar.

A ESCRAVIDÃO TRANSATLÂNTICA

A comercialização de escravos na África não era um atividade


econômica central. Os portugueses se apropriaram da dinâmica
da escravidão africana e a transformaram em um atividade
comercial lucrativa internacional. No início, eles tentaram obter
escravos realizando expedições militares pelas regiões mais
afastadas da costa africana, onde saqueavam e destruíam
aldeias desarmadas.
O apresamento direto de escravos era, todavia, uma tarefa cara
e perigosa, sobretudo, porque os portugueses desconheciam o
interior da África. Era mais vantajoso utilizar as práticas já
existentes no continente, estabelecer alianças com chefes locais
e aproveitar a escravidão e o comércio de escravos para
desenvolver a colonização de arquipélagos como Cabo Verde e
São Tomé e Príncipe.
O TRÁFICO NEGREIRO

A diáspora africana - decorrente do comércio de indivíduos


levados principalmente para a América, entre os séculos XVI e
XIX - subtraiu da África milhões de vidas.
No comércio transatlântico de escravos, as mercadoria eram
pessoas de diferentes origens do continente africano. Elas eram
levadas à América e à Europa para ser utilizadas como mão de
obra nas plantações, nas minas, nas residências e nas
atividades urbanas, construindo um dos maiores trânsitos
populacionais de que se tem registro. Não é possível comparar,
contudo, o tráfico negreiro com outros grandes movimentos
imigratórios, como o dos europeus para a América nos séculos
XIX e XX, pois os africanos escravizados era retirados à força do
continente. Chamar o tráfico de imigração seria, portanto,
comparar dois movimentos essencialmente diferentes.

Diáspora: dispersão ou deslocamento de um povo para fora de sua terra


natal, motivado por perseguições religiosas ou políticas ou por outras
pressões.

O COMÉRCIO TRANSATLÂNTICO DE ESCRAVOS

O tráfico de escravos era realizado por navios chamados


tumbeiros. Neles, a alimentação era escassa e de péssima
qualidade, e as condições sanitárias eram precárias, levando à
propagação de doenças. Os escravos eram transportados em
porões abarrotados: em média, eram levadas 300 pessoas por
viagem. No início do século XIX, essa cifra cresceu para 400.
As viagens podiam durar de 35 dias (entre Angola e Rio de
Janeiro) a três meses (de Moçambique ao Rio de Janeiro). Por
causa das péssimas condições a que eram submetidos nos
navios, muitos dos cativos não resistiam à travessia e morriam
antes de alcançar seu destino.

UMA SOCIEDADE ESCRAVISTA

A escravidão foi uma das bases da organização social e


econômica do Brasil até o fim do século XIX, marcando
profundamente os costumes e as atividades produtivas. Por
isso, os historiadores afirmam que o Brasil formou-se como
uma sociedade escravista.
O que define uma sociedade escravista é, em primeiro lugar, a
existência da escravidão, que é um tipo de trabalho baseado
em um dispositivo jurídico que permite reduzir uma pessoa à
condição de propriedade. É necessário, também, que existam
escravos em uma escala tão grande que as características
básicas dessa sociedade, como a hierarquia social, não possam
ser dissociadas da escravidão.
Em uma sociedade escravista como a do Brasil colonial, quase
ninguém pensava na possibilidade de um mundo sem
escravos. A presença de cativos era tão corriqueira que muitas
pessoas nem questionavam a existência da escravidão,
tomando-a por natural.
Nessa sociedade , brancos, negros, mulatos, índios, pessoas
livres, escravas e ex-escravas fundiram suas culturas e seu
sangue e produziram uma paisagem social complexa e
diversificada. Tudo isso teve origem na exploração colonial
portuguesa e na sua lógica articulada de expansão do
comércio e da fé cristã.
A RESISTÊNCIA À ESCRAVIDÃO

Nos mais de três séculos em que o regime escravista vigorou


no brasil, os escravos lutaram contra a opressão desse sistema.
As formas de resistências mais comuns iam da negociação
informal com os senhores e a adoção de recursos jurídicos
contra excessos cometidos até a adoção de medidas para
prejudicar economicamente os proprietários, como a lentidão
no trabalho, a sabotagem de equipamentos e da produção,
além das fugas. Haviam também meios violentos, como o
assassinato de feitores e senhores, as revoltas e os suicídios.
Uma das formas de resistência mais temidas pela sociedade
escravista era a formação de quilombos, comunidades
independentes formadas por escravos fugidos. Alguns
quilombos tornaram-se grandes ameaças ao domínio
português, reunindo milhares de pessoas, entre escravos e
libertos.

Para saber mais sobre o tema:

Comissão Pró-Índio de São Paulo - Notícias e


informações sobre a regularização fundiária do Quilombo
Rio dos Macacos.
https://cpisp.org.br/rio-dos-macacos/

Biblioteca Nacional Digital - Dossiê Tráfico de Escravos


no Brasil.
https://bndigital.bn.gov.br/dossies/trafico-de-escravos-no-
brasil/trafico-e-comercio-de-escravos/
ATIVIDADE

TEXTO 1

Navio negreiro (1835) gravura colorizada de Johann Motitz


Rugendas. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro (RJ).

As viagens nos tumbeiros eram incertas, pois esses navios


naufragavam com muita frequência. Quando a travessia era
concluída com sucesso, a mortalidade entre os cativos podia
cheagr a um terço dos que embarcaram.

Nos tumbeiros TEXTO 2

O texto a seguir é um relato do cirurgião inglês Thomas Nelson,


que testemunhou, no Rio de Janeiro, 1846, as condições em
que os africanos eram transportados no navio Dois de
Fevereiro.

"Amontoados no convés, [...] curva dos, trezentos e sessenta e


dois negros, com doenças, deficiência e miséria estampadas de
tal forma dolorosa que excedia qualquer poder de descrição. a
um canto...um grupo de miseráveis estirados, muitos nos
últimos estágios da exaustão e todos cobertos com pústulas de
varíola. [...] Em todos os lados, rostos esquálidos e encovados
tornados ainda mais hediondos pelas pálpebras intumescidas e
pela [...] oftalmia, da qual parecia sofrer a maioria; além disso
havia figuras reduzidas a pele e osso, curvadas numa postura
que originalmente foram forçadas a adotar pela falta de espaço,
e que a debilidade e rigidez das juntas forçaram-nas a manter"

NELSON, Thomas. IN: CONRAD, Robert Edgar. Tumbeiros: o tráfico


de escravos para o Brasil. São Paulo: Brasilense, 1985. p.56,

QUESTÃO 2
Para elevar os lucros no comércio de escravos, os traficantes
carregavam ao máximo os navios. A pintura acima representa
uma relativa "harmonia" em meio à superlotação e às
condições precárias dos navios negreiros.

Quais as principais diferenças entre as


representações do navio negreiro feitas pelo
texto 1 e texto 2 ? (mínino 3 linhas)

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