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Escravidão no Brasil

Publicado por Maria Clara Cavalcanti – Última atualização: 1/10/2018


Índice
 1) Introdução
 2) Contexto Histórico
 3) O Tráfico Atlântico
 4) A prática da escravidão
 5) A resistência e o fim da escravidão
 6) Exercícios
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10m13s
História do Brasil - Brasil Colônia: Escravidão - violência e resistência
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Introdução
A escravidão no Brasil teve início no século XVI, durante o Período Colonial, e
consistiu no uso da mão-de-obra forçada de mulheres e homens africanos.
Essas pessoas foram retiradas a força dos muitos grupos étnicos dos quais
faziam parte no continente africano e trazidas ao Brasil nos chamados navios
negreiros.

A escravidão foi uma prática que perdurou por longos anos, tornando-se
uma estrutura que influenciou muito a formação do Brasil, em sua política,
economia e sociedade.

Contexto Histórico
É importante começar pontuando que desde o começo da Idade Moderna, com
as grandes navegações e a expansão marítima na Europa, as potências
europeias mantinham relações com o continente africano.

No início do Século XVI, as atenções portuguesas voltaram-se para a América


Portuguesa. Na tentativa de firmar a colonização, garantir a presença
portuguesa e impedir invasões estrangeiras, começaram o cultivo de açúcar,
dando início, em 1530, ao Ciclo da Cana-de- Açúcar.

Para alavancar esse processo, era necessário ter grandes quantidades de


mão-de-obra. Mas, porque os portugueses foram buscar um enorme
contingente humano em um continente distantes, ao invés de utilizar o trabalho
dos nativos indígenas?

Alguns fatores influenciaram para que a escolha fosse por escravizar os


africanos, principalmente. Em primeiro lugar, a forma de produção dos
indígenas não era condizente com a do sistema mercantilista europeu,
pois estavam acostumados a produzir apenas para o próprio consumo. Por não
entender a função desse tipo de trabalho exaustivo, a mão-de-obra indígena
tornou-se menos eficaz.

Enquanto isso, grande parte da população africana já trabalhava em um


sistema de produção mercantilista aplicado nas ilhas e costa africanas. É
importante pontuar que já existia escravidão na África antes da escravização
imposta pelos europeus. Entretanto, eram práticas distintas, e a escravidão
empreendida por portugueses, espanhóis, holandeses e ingleses tornou-se
um intenso negócio lucrativo.

Outro fator importante que impulsionou a busca por mão-de-obra na África, foi
o fato de que a Coroa não permitia a escravização dos nativos no Brasil.
Isso porque, desde os primeiros anos da colônia, grande parte dos indígenas
fora catequizada pelos jesuítas, que os consideravam “homens com alma”,
apesar de atrasados. Os negros africanos, ao contrário, eram considerados
pelos jesuítas como “homens sem alma”.

A própria Igreja Católica justificava a escravidão africana, alegando que os


negros africanos sofriam de uma maldição bíblica, a expulsão de Cam e seus
filhos por Noé e a determinação de que estes seriam sempre escravos dos
senhores das terras. Segundo a passagem bíblica, estes servos estariam para
sempre marcados pela pele. Em nenhum momento, a passagem diz que a
marca era a pele negra. Entretanto, a Igreja Católica prontamente fez essa
interpretação a fim de desumanizar os negros africanos e justificar as
violências que sobre eles eram acometidas.    

Pode-se pontuar também que, os índios, por serem nativos e conhecerem bem
as terras, tinham muito mais facilidade que os africanos para fugir. Além
disso, o uso do trabalho indígena não era lucrativo para a Coroa.

Enquanto isso, o tráfico atlântico tornou-se uma atividade muito


rentável para a Coroa Portuguesa, por conta dos impostos cobrados aos
traficantes de escravizados. Sendo assim, o translado de pessoas negras
africanas se tornou um dos mais lucrativos comércios naqueles tempos.

O Tráfico Atlântico
O tráfico atlântico foi responsável pela retirada de quase 13 milhões de
pessoas do continente africano. Dessas, mais de 5 milhões vieram para o
Brasil. O porto do Rio de Janeiro foi o porto que mais recebeu africanos
escravizados no mundo.

Durante a trajetória nos navios, muitos homens, mulheres e crianças morriam


no caminho. Isso por conta da superlotação, das péssimas condições
higiênicas e pela falta de comida.

“Navio
negreiro” do artista Rugendas. 

Nas muitas rotas traçadas pelos traficantes de escravizados, negros de


diversas etnias foram transportados para o Brasil. Alguns dos mais conhecidos
foram os bantus, sudaneses, e guineanos-sudaneses muçulmanos.

A prática da escravidão
Ao chegarem aos portos brasileiros, por conta de sua condição debilitada, os
negros tinham sua pele limpa, os cabelos cortados e a pele untada de óleo.
Nesse momento, era oferecida uma alimentação mais consistente também.

Eram classificados por sua idade e sexo e eram levados para os comércio a
céu aberto, onde eram comprados. O comércio era também feito
frequentemente pelos anúncios de jornais e os homens adultos eram os cativos
mais caros.

Os escravizados trabalhavam nos latifúndios de produção de café, nas minas


de ouro e diamante, nos serviços domésticos e, quando na cidade, como
“escravos de ganho”. Estes último realizavam pequenos comércios e serviços
nos espaços urbanos.

A escravidão foi um processo imensamente violento. A mão-de-obra negra


africana era submetida a longas jornadas de trabalho, sem alimentação e
condições de vida adequadas. Tudo o que produziam era tomado pelos
senhores e não eram remunerados por seu trabalho.

Além disso, eram aplicadas várias formas de castigo físico como punição ao
mau-comportamento ou à baixa produtividade, como os chibatadas no tronco,
os açoites, o uso de correntes e de muitos outros atos que visavam humilhar e
violentar essa população. As mulheres negras escravizadas foram vítimas de
inúmeros atos de violência sexual.

Quadro
de Jean-Baptiste Debret
A resistência e o fim da escravidão
Desde o princípio da escravidão, a população negra africana empreendeu
várias tentativas de resistência e fuga. Foram sempre extremamente
reprimidos, mas obtiveram sucessos em muitas ocasiões.

Exemplo disso foram os inúmeros quilombos organizados entre os


escravizados fugidos e que constituíram uma grande força de resistência à
escravidão. Além disso, as estratégias que englobaram a manutenção de sua
cultura, tradição e costumes - assim como a formação de famílias -
representaram formas de sobreviver e resistir à violência que lhes era imposta.

Negros que trabalhavam como escravos de ganho frequentemente


conseguiam comprar sua própria liberdade. Havia também pessoas em
condições sociais mais altas que eram contra a escravidão e compravam a
liberdade dos escravos que podiam. A partir de algumas brechas, negros e
seus descendentes conseguiram conquistar outros espaços que não o de
“escravos” ainda dentro da ordem escravocrata.

A partir da metade do século XIX, a escravidão passou a ser contestada


pela Inglaterra. Isso porque, estava interessada na expansão de seu mercado
consumidor no Brasil e, em meio a sua ação imperialista na África, não via
vantagens no tráfico atlântico brasileiro.

A pressão para a abolição também foi interna. Os movimentos abolicionistas


se intensificaram neste momento a partir da ação de negros libertos e da
classe média branca do país. Nesse momento surgiram discursos
abolicionistas e republicanos favoráveis a uma economia mais dinâmica a
partir da mão-de-obra livre e de um sistema político mais moderno.

Mediante às pressões internas e externas, foram adotadas leis que levaram,


gradativamente, ao fim da escravidão no Brasil:  

 1850 - Lei Eusébio de Queiroz: proibição do tráfico negreiro;


 1871 - Lei do Ventre Livre: determinou que os filhos nascidos de
mulheres escravizadas, nasciam livres. Porém, o senhor permanecia
responsável por essa criança até que ela atingisse 21 anos; fazendo com
que permanecessem trabalhando em regime de escravidão, apesar da lei;
 1885 - Lei dos Sexagenários: determinou a libertação dos escravizados
que tivessem 60 anos ou mais. Essa lei, entretanto, era mais vantajosa para
os senhores do que para os escravizados, uma vez que eram poucos os
negros escravizados que chegavam a essa idade e os que chegavam, já não
eram produtivos nas fazendas;
 1888 - Lei Áurea: Lei assinada em 13 de maio, enquanto Dom Pedro II
viajava, por sua filha, a Princesa Isabel.

É por conta das resistências dos próprios escravizados, da pressão inglesa e


do movimento abolicionista que a escravidão chegou ao fim em 13 de maio
de 1888, com a assinatura da Lei Áurea.

A lei, entretanto, não significou a inserção efetiva dessa população na


sociedade que continuou a sofrer com as péssimas condições de vida e com o
preconceito racial, mesmo após a suposta “libertação”.

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