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8° ANO
ESCRAVIDÃO NO BRASIL
A escravidão no Brasil foi tão cruel e a quantidade de africanos que foram trazidos durante três
séculos foi tão grande que a imagem do trabalhador escravo em nosso país associou-se com a
cor de pele do africano. Um sintoma evidente do racismo que estava por trás da instituição da
escravidão em nosso país.
ORIGEM
Os indígenas foram o primeiro grupo a ser escravizado no Brasil e em outras partes da América.
Os indígenas foram a principal mão de obra escrava dos portugueses até meados do século
XVII, quando, então, começaram a ser superados em números pelos escravos africanos.
Escravizar um indígena, em comparação com um africano, era muito mais acessível para os
colonos portugueses, mas uma série de questões tornavam essa prática mais problemática.
Primeiro, havia a questão cultural, uma vez que os índios não estavam familiarizados com a
ideia de trabalho contínuo para produção de excedente, o que fazia parte da cultura europeia.
Além disso, os indígenas eram vistos pelos padres jesuítas como rebanho em potencial para
serem convertidos ao catolicismo. Isso criava um impasse muito grande, porque os colonos
queriam escravizar os indígenas irrestritamente, enquanto que os jesuítas criavam barreiras
para isso.
Outro obstáculo para a escravização dos indígenas era a suscetividade deles para doenças,
como varíola, gripe, sarampo etc. A falta de defesa biológica foi algo marcante na história da
colonização da América. Ao longo desse período, aconteceram inúmeras epidemias que
mataram indígenas aos milhares. A mortalidade dos indígenas também ocorria por meio da
guerra e da própria escravização.
Como mencionamos, os indígenas foram a principal mão de obra escrava até meados do
século XVII e existem inúmeros levantamentos que mostram que o número de escravos
indígenas era superior nos engenhos instalados pelo país. Essa situação começou a se
modificar aos poucos, e foi a prosperidade da economia açucareira que permitiu que locais,
como Pernambuco e Bahia, recebessem tantos africanos.
ESCRAVIZAÇÃO DE AFRICANOS
O tráfico negreiro foi responsável pelo desembarque de quase cinco milhões de africanos no Brasil durante três
séculos de existência.
Os primeiros africanos começaram a chegar ao Brasil na década de 1550 e foram trazidos por
meio do tráfico negreiro, negócio que fez fortunas ao longo de três séculos. Os portugueses
tinham feitorias instaladas na costa africana, desde o século XV, e, desde então, mantinham
relações comerciais com reinos africanos, dos quais incluía a compra de escravos.
À medida que a colonização do Brasil se desenvolveu, a necessidade por trabalhadores era tão
grande que fez que esse comércio prosperasse em larga escala. O sucesso
do tráfico negreiro está relacionado, dessa forma, com a necessidade da colônia por
trabalhadores e esse negócio foi altamente lucrativo para os traficantes, assim como para a
Coroa.
Ao longo dos 300 anos de existência do tráfico negreiro, cerca de 4,8 milhões de
africanos foram trazidos para o Brasil, o que significa que nosso país foi o que mais recebeu
africanos para serem escravizados ao longo de três séculos em todo o continente americano.
O trabalho dos escravos africanos, a princípio, foi utilizado para atender as demandas da
produção de açúcar nos engenhos. A vida de um escravo era dura e era marcada pela
violência dos senhores e das autoridades coloniais. A jornada diária de trabalho poderia se
estender por até 20 horas por dia e o trabalho no engenho era mais pesado e perigoso que
trabalhar nas plantações.
Muitos dos escravos eram acorrentados para evitar que fugissem e outros utilizavam máscaras
de ferros, como a máscara de flandres, utilizada para impedir os escravos de engolir diamantes
(nas regiões mineradoras), ou para impedir que se embriagassem ou mesmo para impedir que
cometessem suicídio por meio da ingestão de terra.
OS NEGROS NO PARÁ
Estudos recentes indicam que a Amazônia foi conectada às redes do tráfico atlântico ainda no
fim do século XVII e, até meados de 1750, estima-se a entrada de cerca de mil indivíduos na
região, provenientes, em especial, da Costa da Mina, área tradicional de comércio negreiro na
África.
O tráfico era feito com forte
comprometimento da coroa
portuguesa e, considerando que
o Grão-Pará e o Maranhão não
eram uma de suas rotas mais
rentáveis, havia certa
irregularidade nos desembarques
até a segunda metade do século
XVIII, quando foi criada a
Companhia Geral de Comércio
do Grão-Pará e Maranhão.
A partir daí, coube à nova empresa a tarefa de ampliar a oferta de escravos para os
proprietários da região, em especial porque a coroa portuguesa resolveu, no mesmo período,
abolir a escravidão dos índios (1755) que eram trazidos dos altos cursos dos rios amazônicos
para servir nas propriedades no Pará e no Maranhão. No Pará, a defesa dos indígenas pelos
missionários, defendendo a liberdade dos nativos, criou as condições para a importação de
escravos africanos para o Estado do Pará.
Assim, no século XIX já era bastante evidente a presença da população escrava africana nas
vastidões amazônicas, trabalhando com os índios nas lavouras de café, tabaco, cana-de-
açúcar, na coleta de produtos da floresta, nas canoas do comércio e também nos diversos
núcleos urbanos existentes floresta adentro.
Como a região amazônica a ser explorada era imensa seja para a agricultura ou pela coleta de
produtos de origem florestal necessitava-se de um maior número de força de trabalho para a
região. Desta forma a mão-de-obra na região amazônica se apresentava como uma
problemática para os colonos. Em Portugal já se utilizava a mão-de-obra escrava africana há
séculos: a dos negros ou a de árabes do norte da África. Desde o início da colonização do
Grão-Pará houve a necessidade de resolver problemas de mão-de-obra e Portugal buscou o
problema com a escravidão negra africana. Na Amazônia, o número de escravos negros não
chegou a ser tão numerosos quanto em outras regiões do Brasil. Isto devia-se ao fato de que a
atividade básica da região – o extrativismo florestal – exigia o conhecimento da floresta
amazônica e os negros não a conheciam.