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ESCRAVIDÃO NO BRASIL

Seja a Diferença! Disciplina: HISTÓRIA Professor(a): ADRIELE SILVA

eram práticas distintas, e a escravidão


A escravidão no Brasil teve início no século XVI, empreendida por portugueses, espanhóis,
durante o Período Colonial, e consistiu no uso da holandeses e ingleses tornou-se um intenso
mão-de-obra forçada de mulheres e homens negócio lucrativo.
africanos. Essas pessoas foram retiradas a força Outro fator importante que impulsionou a busca
dos muitos grupos étnicos dos quais faziam parte por mão-de-obra na África, foi o fato de que a
no continente africano e trazidas ao Brasil nos Coroa não permitia a escravização dos
chamados navios negreiros. nativos no Brasil. Isso porque, desde os
A escravidão foi uma prática que perdurou por primeiros anos da colônia, grande parte dos
longos anos, tornando-se uma estrutura que indígenas fora catequizada pelos jesuítas, que
influenciou muito a formação do Brasil, em os consideravam “homens com alma”, apesar de
sua política, economia e sociedade. atrasados. Os negros africanos, ao contrário,
É importante começar pontuando que desde o eram considerados pelos jesuítas como “homens
começo da Idade Moderna, com as grandes sem alma”.
navegações e a expansão marítima na A própria Igreja Católica justificava a
Europa, as potências europeias mantinham escravidão africana, alegando que os negros
relações com o continente africano. africanos sofriam de uma maldição bíblica, a
No início do Século XVI, as atenções expulsão de Cam e seus filhos por Noé e a
portuguesas voltaram-se para a América determinação de que estes seriam sempre
Portuguesa. Na tentativa de firmar a escravos dos senhores das terras. Segundo a
colonização, garantir a presença portuguesa e passagem bíblica, estes servos estariam para
impedir invasões estrangeiras, começaram o sempre marcados pela pele. Em nenhum
cultivo de açúcar, dando início, em 1530, ao Ciclo momento, a passagem diz que a marca era a
da Cana-de- Açúcar. pele negra. Entretanto, a Igreja Católica
Para alavancar esse processo, era necessário prontamente fez essa interpretação a fim de
ter grandes quantidades de mão-de-obra. Mas, desumanizar os negros africanos e justificar as
porque os portugueses foram buscar um enorme violências que sobre eles eram acometidas.
contingente humano em um continente distantes, Pode-se pontuar também que, os índios, por
ao invés de utilizar o trabalho dos nativos serem nativos e conhecerem bem as
indígenas? terras, tinham muito mais facilidade que os
Alguns fatores influenciaram para que a escolha africanos para fugir. Além disso, o uso do
fosse por escravizar os africanos, principalmente. trabalho indígena não era lucrativo para a Coroa.
Em primeiro lugar, a forma de produção dos Enquanto isso, o tráfico atlântico tornou-se
indígenas não era condizente com a do uma atividade muito rentável para a Coroa
sistema mercantilista europeu, pois estavam Portuguesa, por conta dos impostos cobrados
acostumados a produzir apenas para o próprio aos traficantes de escravizados. Sendo assim, o
consumo. Por não entender a função desse tipo translado de pessoas negras africanas se tornou
de trabalho exaustivo, a mão-de-obra indígena um dos mais lucrativos comércios naqueles
tornou-se menos eficaz. tempos.
Enquanto isso, grande parte da população O Tráfico Atlântico
africana já trabalhava em um sistema de O tráfico atlântico foi responsável pela retirada de
produção mercantilista aplicado nas ilhas e costa quase 13 milhões de pessoas do continente
africanas. É importante pontuar que já existia africano. Dessas, mais de 5 milhões vieram para
escravidão na África antes da escravização o Brasil. O porto do Rio de Janeiro foi o porto que
imposta pelos europeus. Entretanto, mais recebeu africanos escravizados no mundo.

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Durante a trajetória nos navios, muitos homens,
mulheres e crianças morriam no caminho. Isso
por conta da superlotação, das péssimas
condições higiênicas e pela falta de comida.

A resistência e o fim da escravidão


Desde o princípio da escravidão, a população
negra africana empreendeu várias tentativas
“Navio negreiro” do artista Rugendas. de resistência e fuga. Foram sempre
Nas muitas rotas traçadas pelos traficantes de extremamente reprimidos, mas obtiveram
escravizados, negros de diversas etnias foram sucessos em muitas ocasiões.
transportados para o Brasil. Alguns dos mais Exemplo disso foram os
conhecidos foram os bantus, sudaneses, e inúmeros quilombos organizados entre os
guineanos-sudaneses muçulmanos. escravizados fugidos e que constituíram uma
A prática da escravidão grande força de resistência à escravidão. Além
Ao chegarem aos portos brasileiros, por conta de disso, as estratégias que englobaram a
sua condição debilitada, os negros tinham sua manutenção de sua cultura, tradição e costumes
pele limpa, os cabelos cortados e a pele untada - assim como a formação de famílias -
de óleo. Nesse momento, era oferecida uma representaram formas de sobreviver e resistir à
alimentação mais consistente também. violência que lhes era imposta.
Eram classificados por sua idade e sexo e eram Negros que trabalhavam como escravos de
levados para os comércios a céu aberto, onde ganho frequentemente conseguiam comprar sua
eram comprados. O comércio era também feito própria liberdade. Havia também pessoas em
frequentemente pelos anúncios de jornais e os condições sociais mais altas que eram contra a
homens adultos eram os cativos mais caros. escravidão e compravam a liberdade dos
Os escravizados trabalhavam nos latifúndios de escravos que podiam. A partir de algumas
produção de café, nas minas de ouro e diamante, brechas, negros e seus descendentes
nos serviços domésticos e, quando na cidade, conseguiram conquistar outros espaços que não
como “escravos de ganho”. Estes último o de “escravos” ainda dentro da ordem
realizavam pequenos comércios e serviços nos escravocrata.
espaços urbanos. A partir da metade do século XIX, a escravidão
A escravidão foi um processo imensamente passou a ser contestada pela Inglaterra. Isso
violento. A mão-de-obra negra africana era porque, estava interessada na expansão de seu
submetida a longas jornadas de trabalho, sem mercado consumidor no Brasil e, em meio a sua
alimentação e condições de vida adequadas. ação imperialista na África, não via vantagens no
Tudo o que produziam era tomado pelos tráfico atlântico brasileiro.
senhores e não eram remunerados por seu A pressão para a abolição também foi interna.
trabalho. Os movimentos abolicionistas se intensificaram
Além disso, eram aplicadas várias formas neste momento a partir da ação de negros
de castigo físico como punição ao mau- libertos e da classe média branca do país. Nesse
comportamento ou à baixa produtividade, como momento surgiram discursos abolicionistas e
as chibatadas no tronco, os açoites, o uso de republicanos favoráveis a uma economia mais
correntes e de muitos outros atos que visavam dinâmica a partir da mão-de-obra livre e de um
humilhar e violentar essa população. As mulheres sistema político mais moderno.
negras escravizadas foram vítimas de inúmeros
atos de violência sexual.

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Mediante às pressões internas e externas, foram
adotadas leis que levaram, gradativamente, ao
fim da escravidão no Brasil:
1850 - Lei Eusébio de Queiroz: proibição do
tráfico negreiro;
1871 - Lei do Ventre Livre: determinou que os
filhos nascidos de mulheres escravizadas,
nasciam livres. Porém, o senhor permanecia
responsável por essa criança até que ela
atingisse 21 anos; fazendo com que
permanecessem trabalhando em regime de
escravidão, apesar da lei;
1885 - Lei dos Sexagenários: determinou a
libertação dos escravizados que tivessem 60
anos ou mais. Essa lei, entretanto, era mais
vantajosa para os senhores do que para os
escravizados, uma vez que eram poucos os
negros escravizados que chegavam a essa idade
e os que chegavam, já não eram produtivos nas
fazendas;
1888 - Lei Áurea: Lei assinada em 13 de maio,
enquanto Dom Pedro II viajava, por sua filha, a
Princesa Isabel.
É por conta das resistências dos próprios
escravizados, da pressão inglesa e do
movimento abolicionista que a escravidão
chegou ao fim em 13 de maio de 1888, com a
assinatura da Lei Áurea.
A lei, entretanto, não significou a inserção efetiva
dessa população na sociedade que continuou a
sofrer com as péssimas condições de vida e com
o preconceito racial, mesmo após a suposta
“libertação”.

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