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A escravidão no Brasil

O processo de escravização no Brasil durou mais de três séculos, sendo


os índios os primeiros a serem escravizados. Eles eram capturados após
guerras entre portugueses e tribos indígenas; muitos morreram de doenças que
foram trazidas pelos exploradores que vieram de Portugal. Os índios se
recusaram a trabalhar de forma exaustiva e com isso fugiam de seus senhores
ou começavam a criar conflitos; com isso foi preferido a mão de obra dos
africanos.
Salvador era o porto que mais recebia escravos que vinham das colônias
portuguesas na África. Rio de Janeiro e Recife também eram importantes;
desses locais os escravos eram transportados para diversos locais do Brasil.
Eram leiloados ou negociados como se fossem um produto qualquer. Homens,
mulheres e crianças chegavam em navios, onde ficavam amontoados em
locais pequenos, escuros e sem ventilação. Sofriam de fome e sede, além de
conviverem com doenças, sujeiras e mortos no mesmo local. A comida era
escassa quando comiam era uma mistura nojenta de água, farinha e carne
seca; mas muitos não agüentavam e acabavam morrendo durante a viagem.
O tráfico de escravos forçados pelos europeus não era tão grande
quanto o de portugueses, que migrou mais de 5 milhões de africanos. Houve
uma autorização da escravatura pela coroa portuguesa com a benção do papa;
a igreja tinha um papel fundamental nesse processo, pois acreditavam que a
escravidão na América era um jeito de trazer os africanos para a vida cristã. Os
padres e bispos falavam que os negros estavam pagando por seus pecados e
se fossem obedientes, eles seriam perdoados por Deus. Os membros da igreja
tinham em sua cabeça que os escravos eram decendentes de Cam, filho de
Noé.
Com a ausência de mão de obra nas lavouras, portugueses trouxeram
muitos negros que vinham de vários locais da África, onde eram trocados por
mercadorias. A moeda de troca para se ter um escravo eram tecidos, trigo, sal,
cavalos, etc; tratavam todos como se não tivessem valor.
Esses escravos faziam várias atividades nas lavouras; muitos escravos
mais velhos, agregados e grupos familiares trabalhavam colhendo cana- de-
açúcar e movendo engenhos. Muitas crianças também tinham que trabalhar
obedecendo seus senhores. Naquele período a sociedade era dividida em
senhores de engenho e escravos; o engenho era dividido em casa- grande,
senzala, capela e casa da moenda.
O processo de escravização trouxe consigo grande desenvolvimento da
lavoura de cana- de- açúcar e algodão no nordeste, no século XVI até meados
do século XVII. Esse tráfico contribuiu para o aumento da metrópole, que
mandavam as riquezas para Portugal.
Haviam os escravos que trabalhavam nas plantações e os que faziam
trabalhos domésticos, todos que tinham escravos em suas propriedades
pertenciam a classe alta da sociedade. Os escravos não tinham nenhum direito
e seus proprietários podiam vendê-los, alugá-los e doá-los conforme sua
vontade. Eram afastados de seus familiares e amigos para não se rebelarem e
serem sempre submissos a seus donos. Viviam com outros escravos nas
senzalas em situações precárias.
Os castigos corporais que sofriam eram permitidos por lei e pela igreja.
As punições variavam entre trabalho excessivo até chicotadas; havia também
punições e castigos que eram verdadeiras técnicas de tortura. Essas práticas
serviam para controlar os escravos e como forma de dominação dos senhores;
os cativos velhos eram os que mais sofriam porque tinham pouco valor
econômico.
Nesse período as escravas jovens e bonitas eram forçadas a terem
relações sexuais com seus senhores e ás vezes acabavam engravidando;
quando seu filho nascia, era vendido como escravo pelo pai. As esposas dos
patrões eram muito ciumentas e mandavam torturar as escravas bonitas; os
capatazes eram encarregados de fazer o trabalho.
O período de escravidão é muito sangrento e violento; o sofrimento desse
povo durou mais de trezentos anos, onde ou lutavam ou se acomodavam. Eles
foram obrigados a participar da formação da sociedade econômica e cultural,
onde os maiores prejudicados foram os escravos. Houve uma grande
transmissão de culturas e tradições trazidas pelos africanos e que foram
assimiladas ao longo dos anos e trouxeram mudanças a longo prazo na
sociedade.
Esse processo civilizatório se deu pela diversidade dos escravos que
vieram de várias parte do continente africano. Desde a sua chegada ao Brasil o
escravo africano se depara com um mundo diferente, então surge a resignação
e a revolta. Com a perda de seus familiares e o enfrentamento de situações
desumanas, esses homens e mulheres se revoltaram indo contra seus
senhores, chegando até a ferirem e matarem seus feitores.
Ao longo de três décadas sofrendo, muitos reagiram e levavam a ações
coletivas de fugas, criando assim comunidades quilombolas. A vida nesses
quilombos eram bem organizadas; viviam do artesanato, atividade agrícola e
comércio com povoados próximos. Os africanos contribuíram em vários
aspectos: dança, música, culinária, religião e idioma. Com a abolição da
escravatura em 13 de maio de 1888, africanos, indígenas, europeus e
portugueses se tornavam a base da miscigenação da população brasileira. A
escravidão marcou a sociedade mesmo depois de serem livres, ainda sofriam
racismo e discriminação.

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