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Cap.

18:
Escravidão
Escravidão na África
• A escravidão é uma instituição social e histórica presente ao longo
de toda Antiguidade (Mesopotâmia, Grécia, Roma e Centro África)
• Critério de captura cativa: guerras , dívidas ou transgressões morais
• Exercício de atividades domésticas, produção agrícola e até
incorporados às defesas tribais
• Condição não hereditária
• Mudança de perspectiva a partir da presença islâmica no séc. VII
• Séc. XV: mercantilismo europeu ressignifica a escravidão como um
negócio em escala intercontinental, a diáspora.
Papel dos europeus na criação
da escravidão moderna
• Entre 1430 e 1470: consolidando a exploração portuguesa no litoral africano via
feitorias
• 1441: grupo de 10 cativos em Lisboa. Em 1444, venda pública de escravizados
• Litoral saariano inicialmente: costa do Senegal
• Séc. XVI: crescente demanda de mão de obra na colonização da América fomenta a
mudança de status da escravidão como um pilar do fornecimento da força de trabalho
no “Novo Mundo”
• Regiões de rotas: África centro-ocidental (Congo e Angola), África Ocidental (golfo de
Benin) e África Oriental ( Moçambique)
• Estímulo de guerras intertribais (fomento aos sobas) e negociação nas capturas: (caso
do Reino Daomé)
• Entre mercadores e pombeiros
Destruição
Modificação dos Diminuição da
parâmetros densidade
internos das tribos demográfica

Precificação por
Transformação de
faixa etária ( 8 a
nomes
25 anos)
Travessia Atlântica
• Os navios negreiros: tumbeiros (nome dado pelo padre Antônio Vieira)
• Estimativa de 15 a 20% de mortes nas viagens
• 26% de crianças embarcadas
• Segundo Jaime Pinsky em A escravidão no Brasil (1981), 40% morriam
num prazo de 6 meses após a captura
• Para Fernando Novais em A Estrutura e dinâmica do antigo sistema
colonial (1978), o tráfico de africanos escravizados para as colônias foi
uma das atividades econômicas mais rentáveis da Idade Moderna.
• Desaceleração do tráfico na primeira metade do séc. XIX (Brasil em
exceção)
• 12 milhões de escravizados para a América. Estimativa de 5 milhões para
o Brasil.
Navio Negreiro
• Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro
enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
• Poema Navio Negreiro.
CASTRO ALVES
Escravidão na América
Portuguesa
• Generalização do trabalho escravo africano atrelado a redução da
escravização indígena, ao aldeamento jesuítico e ao incremento do
plantation.
• Ciclo da cana de açúcar e a necessidade de ruptura com o modelo
de obtenção de força de trabalho pelo escambo (1539-1542)
• 1638: conquista de São Jorge da Mina e depois Luanda e Benguela
• Etnias da África centro ocidental (bantos): angolas, congos,
cassanges, bengulas e etc.
• Etnias da África ocidental (sudaneses): minas, haussás, jejês,
iorubás, calabares, mandigas e nagôs
Vida das pessoas
escravizadas
• Boçais: recém chegados e nada integrados à cultura portuguesa
• Ladinos: africanos aculturados e linguisticamente iniciados
• Crioulos: descendentes de africanos nascidos nas colônias
• Venda registrada em alfândega e realizada nas regiões portuárias num
formato de leilão
• A separação de famílias, a junção de diferentes etnias e a imersão em
toda as esferas do Brasil colônia
• Escravo de eito (campo) e a dura rotina
• Escravos de ganho: oferta de serviços nas cidades e nos cantos
• A carta alforria como mecanismo de condição de liberto
A relação doméstica
Formas de resistência
Quilombos

Capoeira Fugas

Assassinatos Sabotagens

Abortos Suicídios
Formas de resistência
Negociações

Trabalho em Fim dos


ritmo lento castigos

Preservação
Banzo
das famílias
Resistência cultural

Religiosidade

Culinária Festividades
Quilombos
• Comunidades formadas por escravos fugitivos (refúgios)
• Afastados dos centros urbanos
• Dispersos: áreas agrícolas ou mineradoras
• Palmares: principal símbolo da força de resistência
• Mantinham relações e práticas comerciais
• Eram habitados por negros forros, fugitivos, indígenas e
mestiços pobres
Quilombos
• Capitania de Pernambuco
• Região: Serra da Barriga (atual Estado de Alagoas)
• Vegetação: Palmeira Pindoba
• Palmares (primeiros registros em 1580)
• A invasão holandesa favoreceu a intensificação desses espaços de
fuga
• Crescimento: chegou a ter 20 mil habitantes
Palmares

Angola Janga

Um Estado africano
no interior do Brasil
A vida no Quilombo
• Cerca Real dos Macacos (centro político e residência do Rei)
• Economia: Cultivo e alimentação: Macaxeira, milho, feijão e etc
• Rede de relações comerciais e defesa militarizada dos entornos
• Múltiplos grupos e rígida hierarquia social
• Religiões: Candomblé, cultos indígenas e até o catolicismo
• Código moral contrário a deserção, adultério e roubo
• Os quilombos representam uma ameaça às autoridades coloniais e
às elites econômicas
Destruição e vida
dos quilombos
após Palmares

• Retomada do controle colonial pelos


portugueses
• Expedições militares sucessivas para destruir
Palmares e seus mocambos
• 1695: ação dos bandeirantes (sertanismo de
contrato)
• 20 de novembro: morte de Zumbi
• 1725: Destruição dos focos de resistência da
Serra da Barriga
• O Ideário de liberdade e abolição prosseguirá
• Quilombos abolicionistas no séc. XIX
• Ex: Jabaquara (SP) e Leblon (RJ)
• “Não se trata de pensar na escravidão só na
fase da vitimização passiva, de como os
africanos e africanas foram vítimas, mas sim
como ao mesmo tempo lutaram pela sua
liberdade. A gente sabe de lutas ainda no
continente africano, de insurreições dentro
dos navios, e, desde que existiram
escravizados e escravizadas no Brasil, há
quilombos, notícias de fugas individuais,
fugas coletivas, abortos propositais, suicídios,
envenenamentos”
• Lilia Schwarcz (historiadora)

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