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NEGROS NO SISTEMA COLONIAL

ESCRAVIDÃO E RESISTÊNCIA
“Que quadro de amarguras!
É canto funeral! Que tétricas figuras!
Que cena infame e vil!
Tinir de ferros, estalar de açoites,
Legiões de homens negros como a noite,
Negras mulheres suspendendo as tetas,
Magras crianças, cujas bocas pretas
Regam o sangue das mães...
Ontem simples, fortes, bravos,
Hoje míseros escravos ,
Sem ar, sem luz, sem razão.”
( Navio Negreiro – Castro Alves )
“Eles seguem amarrados, a perna esquerda de um presa à perna direita do outro pelo
mesmo par de argolas; essas argolas são ligadas em fileiras entre si por cordas, de
modo que eles podem andar, mas muito lentamente. Além das argolas nos pés, cada
grupo de quatro escravos é atado por uma corda no pescoço.” (Mungo Park)
“A humanidade se divide em duas:
os senhores e os escravos;
aqueles que têm o direito de mando,
e os que nasceram para obedecer.”
(Aristóteles – Filósofo grego)
1. Ser escravo
a) Pessoa que é propriedade de outra.
b) Sua vontade subordinada à autoridade de outro.
c) Seu trabalho é obtido mediante coação.
d) Condição por guerras ou dívidas.
e) Condição por compra e/ou venda.
f) Condição hereditária.
“Eu suspeito que os negros sejam naturalmente inferiores aos brancos.
Nunca houve entre eles nação tão civilizada quanto entre os brancos.
Nenhum inventor, nenhuma arte, nenhuma ciência.” (David Hume – 1748)

“Os olhos redondos, o nariz achatado, os lábios sempre grossos, o formato


diferente das orelhas, o cabelo encrespado na cabeça e, mesmo sua
capacidade mental estabelecem uma prodigiosa diferença entre eles
e outras espécies de seres humanos.” (Voltaire – 1756)

“Os negros africanos não receberam da natureza qualquer inteligência


que os coloque acima da tolice.” (Immanuel Kant – 1764)
2. Tráfico na África: escravidão doméstica
o Escravidão por guerras entre reinos rivais por
diferenças étnicas e políticas.
o Muçulmanos dominaram territórios africanos e
escravizaram seus habitantes.
o Muçulmanos e indianos comercializavam ouro,
marfim, especiarias, ervas aromáticas e escravos.
o Norte da África, Península Arábica, Oceano Índico.
3. Escravidão moderna: séculos XV ao XVIII
o Realizada por portugueses, ingleses, holandeses,
franceses, espanhóis.
o Portugal e Espanha: açúcar – Ilha da Madeira,
São Tomé, Ilhas Canárias.
Mercantilismo: o tráfico negreiro e a produção nas
colônias utilizava trabalho escravo gerando altos
lucros e metais preciosos para as Metrópoles.
4. Escravidão no Brasil
“ Os escravos são os pés e mãos do senhor de engenho,
porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e
aumentar fazenda.” (André João Antonil)
Escravidão indígena inviável:
o Resistência e a não sedentarização indígena.
o Oposição da Igreja Católica e dos jesuítas.
o Contradição: trabalho indígena e mercantilismo.
Maldição de Canaã, filho de Cam:
o Noé embriagou – se e dormiu em sua cabana. Cam deparou – se
com seu pai embriagado e desacordado, tendo visto sua nudez, foi
contar a seus irmãos, em vez de guardar o pudor e cobrir seu pai.
Quando acordou, Noé amaldiçoou o filho de Cam, Canaã, e disse:
Maldito seja Canaã; seja servo dos servos a seus irmãos“.
Padre Antônio Vieira, sermão XIV:
o Dai infinitas graças a Deus por vos ter dado conhecimento de si e
por vos ter tirado de vossas terras, onde vossos pais e avós vivem
como pagãos e vos ter trazido a essa terra onde viveis na fé como
cristãos e vos salveis.
Procedência
Sudaneses (1):
o Guiné, Costa da Mina, Cabo Verde.
Bantos (2):
o Angola, Congo, Moçambique.
1. Huaçás, Jejes, Iorubás.
2. Bengalas, Angolas, Monjolos.
1.680.000
Tráfico de Escravos 1.619.300
América: 12,5 milhões
Brasil: 4 a 5 milhões

560.000

50.000

1531 – 1600 1601 – 1700 1701 – 1800 1801 – 1855


5. Tráfico de negros: inferno em vida
o Amontoados em péssimas condições nos navios
negreiros ou tumbeiros.
o Péssima alimentação e castigos terríveis.
o Alto índice de mortalidade: 20% a 40%.
o Maioria do sexo masculino, entre 15 e 30 anos.
o Fragilizados eram engordados, banhados em óleo,
leiloados e vendidos a diversos senhores.
Esse monstruoso comércio em que africanos se caçavam e
se vendiam, enriqueceu muitos comerciantes e banqueiros
europeus, condenando todo um continente à miséria, já
que milhares de homens que poderiam produzir para suas
pátrias, foram trazidos como cativos para a América,
trabalhando e produzindo para enriquecer as metrópoles.
Famílias desmembradas e o batismo cristão quebravam a
identidade étnico – cultural .
6. Casa grande e senzala: cotidiano
o Engenhos, serviços domésticos, favores sexuais,
mineração, escravos de ganho e café.
o Longas jornadas, promiscuidade, vida degradante
e baixa expectativa de vida (18 anos).
o Misturar negros inviabilizavam a comunicação e as
redes de solidariedade, dificultando a resistência.
o Maus tratos e castigos eram constantes.
7. Pau, Pano e pão: morte em vida
o Chicotes e açoites.
o Urina, sal e limão nas feridas.
o Mutilações: dentes, orelhas, nariz.
o Gargalheira no pescoço dos fugitivos.
o Ferro em brasa na testa.
o Máscara de Flandres.
8. Resistência Quilombos
Quilombo ou mocambo é o nome que se
o Suicídios. dá às comunidades formadas por fugitivos
da escravidão no Brasil e que remontam
o Fugas. ao Período Colonial. Era também uma
das formas de resistência ao sistema
o Ataques. escravocrata que essas populações
encontraram, muitas vezes após fugas
o Rebeliões. individuais e coletivas de senzalas e
plantações. O Quilombo de Palmares
liderado por Zumbi é o mais conhecido.
o Banzo (depressão). Mesmo após abolição da escravidão, em
1888, as comunidades quilombolas
o Capoeira. continuaram a existir e foram, por muito
tempo, totalmente negligenciadas
e esquecidas pelo poder público.
9. Heranças culturais
Idioma:
o O português clássico foi “adocicado” e
transformado pelos negros.
Culinária:
o Acarajé, vatapá, feijoada, pimenta.
Música:
o Percussão e ritmos.
O português foi sendo transformado e
enriquecido pelo universo cultural africano.
Palavras como tetê, papá, xixi, cocô, Tonho,
Chico eram ensinadas pelas amas de leite
aos “sinhozinhos” brancos.
O português do Brasil deve aos negros o
seu jeito e características de existir.
Religião:
Sincretismo (mistura):
o Umbanda, candomblé, quimbanda.
Miscigenação:
o Negros misturaram – se aos índios e brancos.
Cultura popular:
o Samba, carnaval, capoeira.
o Orixás, Iemanjá, Senhor Bonfim.
10. Sociedade Colonial
Miscigenação:
Índios – brancos – negros
o Branco com negro = Mulato.
o Branco com índio = Mameluco.
o Negro com índio = Cafuzo.
Povo brasileiro
Mais tarde chegaram os italianos, alemães, suíços,
árabes, japoneses, chineses, coreanos e outros
fortalecendo a miscigenação do povo brasileiro

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