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O que é filosofia pré-socrática?

A filosofia pré-socrática é o primeiro passo para o desenvolvimento dessa ciência na Grécia


Antiga, civilização da Antiguidade Clássica. Entre os séculos VII e V, estudiosos de diferentes
cidades gregas se destacaram por trazer uma nova forma de pensamento, que não era mais baseada
na mitologia, mas buscavam fatos e argumentos racionais para explicar fenômenos da natureza e
comportamentos dos seres.
Na divisão filosófica adotou-se o termo “pré-socrático” porque essas ideias surgem
imediatamente antes da retórica e maiêutica de Sócrates. Dada a importância deste pensador para a
filosofia como um todo, o desapontamento socrático é um marco para classificar os estudiosos.
Para os pré-socráticos, a questão mais importante era entender o mundo e a natureza. Nesse
sentido, a maior parte deles se dedicou a encontrar a origem do universo. Para isso, eles observavam
a “physis”, palavra grega que significa natureza, e buscavam as respostas racionais para os mais
variados assuntos.
Alguns deles, por exemplo, notaram que a água estava presente em diversos estados da
matéria e em grande parte dos seres vivos, então consideraram que esse é o elemento primordial
para o desenvolvimento do universo. Outros fizeram o mesmo com o fogo, os números e outros
conceitos, como será detalhado a seguir.
Veja que esse momento é um marco importante para a humanidade. Afinal, ainda antes da
Era Cristã, indivíduos buscavam respostas racionais com argumentos observáveis para os
acontecimentos do cotidiano. Do ponto de vista científico, podemos considerar que esse período é
o ponto de partida para que a visão mitológica e religiosa não fosse a resposta para todos os
acontecimentos, mas agora a lógica (do grego “logos”) seria outro fundamento relevante.
Pode-se dizer que a filosofia pré-socrática é o princípio da cosmologia, ramo da ciência que
abrange todas as dimensões sobre o universo, sua origem, organização e comportamento ao longo
do tempo.
Por meio do conceito de “arkhé”, que seria a matéria comum a todas as estruturas do
universo, cada filósofo encontrou uma resposta para os questionamentos cosmológicos. E, ao
mesmo tempo, alguns estudiosos focaram seus estudos na compreensão dos seres, ciência que é
chamado hoje de ontologia.

Filósofos pré-socráticos

Tales de Mileto
Tales de Mileto, o mesmo que propôs o teorema da matemática, foi um estudioso grego muito
interessado na origem do universo. Em uma vertente mais cosmológica, ele acreditava que a água é
o princípio originário de todas as coisas.
Afinal, ele observou que a água está presente na maior parte das fases da vida e em diversos
elementos, vivos e não vivos. Justamente por essa teoria, a frase que melhor representa sua história
na filosofia pré-socrática é “tudo é água”.

Anaxímenes de Mileto
Também nascido na cidade grega de Mileto, Anaxímenes propôs que o cosmos fosse originado do
ar. Seu argumento leva em consideração que os homens têm um espírito, esse espírito seria formado
de ar e, como tudo que está à nossa volta na natureza está recoberto de ar, o estudioso associou que
o universo depende do ar para subsistir.

Anaximandro de Mileto
Anaximandro de Mileto foi outro filósofo pré-socrático nascido em Mileto, que, inclusive, aparece
como uma cidade importante no desenvolvimento intelectual da Antiguidade Clássica. A teoria
proposta por Anaximandro explica que o mundo foi formado a partir de uma matéria infinita, que
constitui os seres e os objetos conhecidos.
Pitágoras
Pitágoras, o mesmo que aparece no teorema dos triângulos retângulos, também se aventurou no
campo da filosofia. Após estudar muita matemática e observar padrões numéricos em diferentes
objetos, elementos e seres, o filósofo pré-socrático concluiu que o elemento primordial para o
surgimento do universo são os números, que regem todos os fenômenos e estruturas observáveis.

Parmênides de Eléia
Parmênides de Eléia foi o filósofo pré-socrático que propôs a fixidez do mundo. Ele defendeu que
o universo e todos os seres se sustentam em uma essência rígida, que não se altera ao longo do
tempo.
Para as alterações que são observadas no dia a dia, como por exemplo a queda de folhas de uma
árvore, o filósofo atribui que são modificações superficiais, que não alteram a essência primordial
daquele ser. Ou seja, a árvore não deixa de ser árvore porque seus ramos caíram durante o outono.
Essa essência única proposta por Parmênides é completamente contrária a outro filósofo pré-
socrático, Heráclito de Éfeso, que será abordado no tópico abaixo. Inclusive, a oposição entre suas
ideias foi pano de fundo para diversos debates filosóficos que se estenderam por muitos séculos.

Heráclito de Éfeso
Heráclito, nasceu na cidade de Éfeso, famoso território grego que é citado até mesmo nos cânones
bíblicos. Para ele, o elemento primordial que dá origem ao universo é o fogo. Ao perceber o
incessante balançar das chamas e a transformação que o calor pode causar em diferentes matérias,
como os fenômenos hoje chamados de fusão e ebulição, Heráclito fez um paralelo com os
acontecimentos universais.
Na teoria do filósofo, o mundo está em constante movimentação, tal qual a dança das chamas do
fogo. Em um raciocínio semelhante, acreditava que as coisas do universo estão sempre se
transformando. Com essas justificativas, ele afirmou que não haveria um elemento que explicasse
com mais clareza a origem do universo.
Para além da resposta cosmológica, Heráclito é também conhecido por trazer a noção de mobilidade
constante para o comportamento dos seres, em direção a estudos mais ontológicos.

Empédocles (490 – 430 a.C.):

Empédocles acreditava que a natureza possuía ao todo quatro elementos básicos, também
chamados “raízes”. Estes quatro elementos era a terra, o ar, o fogo e a água.

Todas as transformações da natureza seriam resultado da combinação desses quatro elementos,


que, depois, novamente se separavam um do outro. Pois tudo consiste em terra, ar, fogo e água, só
que em diferentes proporções de mistura.

Esses elementos seriam movidos e misturados de diferentes maneiras em função de dois princípios
universais opostos:

• Amor: responsável pela força de atração e união e pelos movimentos de crescente


harmonização das coisas;
• Ódio: responsável pela força de repulsão e desagregação e pelo movimento de decadência,
dissolução e separação das coisas.

Demócrito (460 – 370 a.C.):

Afirmou que todas as coisas eram constituídas por uma infinidade de pedrinhas minúsculas,
invisíveis, cada uma delas sendo eterna e imutável. A estas unidades mínimas Demócrito Deu o
nome de átomos. A palavra átomo significa “indivisível”.
• Além disso, as “pedrinhas” constituintes da natureza tinham que ser eternas, pois nada pode
surgir do nada. Sendo que essas “pedrinhas”, segundo Demócrito, possuíam formatos
diferentes: alguns arredondados e lisos outros irregulares e retorcidos. E por suas formas serem
tão irregulares é que eles podiam ser combinados para dar origem aos mais variados corpos.
• Demócrito acreditava que a alma era composta por alguns átomos particularmente
arredondados e lisos, os “átomos da alma”. Quando uma pessoa morre, os átomos de sua alma
espalham-se para todas as direções e podem agregar a outra alma, no mesmo momento em que
é formada.

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