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1ª Série do Ensino Médio

Filosofia - Professor Érik- Atividade 002

Pré-socráticos
Os estudos acadêmicos convencionam que o período pré-socrático foi o primeiro período da Filosofia ocidental. Os primeiros
filósofos surgiram na Grécia, há mais ou menos 2600 anos. Uma série de fatores levou os gregos a criarem um modo de
pensar autônomo e racional. Entre tais fatores, estão:
• a necessidade de contrapor as ideias mitológicas acerca da origem do Universo;
• a pluralidade de povos que compunha a região da Grécia Antiga;
• o florescimento do comércio e da navegação;
• o contato com povos egípcios e babilônicos.
O primeiro período da Filosofia grega é denominado como Pré-Socrático (pois seus representantes fizeram uma Filosofia
diferente da que foi feita por Sócrates, quase 200 anos depois de Tales de Mileto) ou Cosmológico (pois eles fizeram um tipo
de cosmologia, que é uma maneira racional de entender a origem do Universo — cosmos, em grego — em oposição à
visão mitológica).

Objetivos dos pré-socráticos


Os primeiros traços da Filosofia grega pré-socrática surgem com Tales de Mileto, um comerciante e estudioso habitante da
região da Jônia, conjunto de ilhas gregas situadas no atual território turco. Diz a História que Tales era um
exímio matemático, astrônomo e estrategista. Ele previu, no ano de 585 a.C., o acontecimento de um eclipse total do Sol,
por meio de cálculos matemáticos e previsões astronômicas.
Considera-se o ano de 585 a.C. como o período de seu amadurecimento intelectual, quando, provavelmente, ele propôs,
pela primeira vez, uma teoria cosmológica. Tales, em oposição ao que diziam as cosmogonias gregas, que narravam o
surgimento do Universo com base em histórias fantasiosas que envolviam deuses, observou a natureza e propôs uma possível
origem racional para tudo, com base na sua observação, sendo essa origem a água. A partir disso, ele fundou um novo modo
de pensar baseado na razão.
O ato de observar a natureza, a fim de propor uma possível origem racional para tudo, fez de Tales o primeiro filósofo e
impulsionou o objetivo que se tornaria comum entre todos os pré-socráticos: formular uma possível origem racional para o
mundo por meio da observação empírica da natureza e do uso da faculdade racional humana.
Se, até então, o ser humano criava histórias fantasiosas para explicar o que não sabia explicar (os mais variados fenômenos
naturais), a partir dos pré-socráticos, o ser humano passa a utilizar a racionalidade para entender o Universo, sendo que o
principal objetivo de todos os pré-socráticos era estabelecer a origem precisa de tudo o que existe.

Principais ideias
Como os objetivos dos pré-socráticos eram os mesmos, as suas principais ideias eram parecidas. Todos eles estavam
buscando a formulação de um raciocínio para o surgimento do Universo por meio da cosmologia. Há uma dificuldade de
estabelecimento preciso e aprofundado acerca das ideias dos pré-socráticos, pois muitos deles deixaram poucos escritos, e
muitos escritos sumiram, foram destruídos ou se encontram, hoje, em confusos fragmentos.
É certo apenas que todos os pré-socráticos deixaram suas contribuições para a cosmologia e que cada um deles descreveu
um ou vários elementos como a causa de tudo o que existe. A natureza, objeto de estudo daqueles pensadores, era chamada
pelos gregos de physis, e o princípio de tudo era chamado de arché. Os pré-socráticos que convencionaram não haver um
único elemento gerador de tudo, mas vários, foram chamados de pluralistas. Para facilitar os estudos, os historiadores da
Filosofia agruparam os pré-socráticos em escolas, de acordo com as ideias de cada pensador.
Estas são as principais escolas:
• Escola Jônica: o pensamento fundado por Tales, que afirmava que a água seria o princípio de tudo, foi continuado
por Anaximandro, que afirmava que a origem dava-se por um elemento infinito e indefinível, o que ele chamou
de ápeiron. Outro expoente do pensamento jônico deu-se com o discípulo de Anaximandro, Anaxímenes, que
postulou que o princípio de tudo ocorreu por meio de um elemento infinito, mas bem definido, o ar. Heráclito de Éfeso,
outro jônico, afirmou ser o fogo a origem de tudo, o que daria à natureza um caráter transformador.
• Escola Pitagórica: Pitágoras de Samos, um grande matemático antigo, observou a presença das relações
matemáticas em toda a natureza. Com base nos tamanhos, pesos, proporções, distâncias e valores variados, a
natureza seria constituída pela própria Matemática. Segundo o filósofo, a origem de tudo seria, precisamente, o início
de qualquer figura geométrica — o ponto e a ideia de unidade.
• Escola Eleata: os principais eleatas são Parmênides e Zenão, que formularam o princípio não com base em um
elemento preciso, mas na imobilidade de todas as coisas que evidencia a essência de tudo. Segundo Parmênides,
não havia criação e nem mudanças, mas uma essência eterna e imutável de tudo. A mudança que percebemos no
mundo seria fruto do engano de nossos sentidos.
• Escola Pluralista: os principais pluralistas são Empédocles, Anaxágoras, Demócrito e Leucipo. Todos eles
afirmavam não haver um único elemento causador de tudo, mas uma composição plural que originou o Universo.
Para Empédocles, essa origem dava-se com base nos quatro elementos da natureza — terra, fogo, água e ar.
Para Anaxágoras, a origem estava no que ele chamou de sementes, que seriam compostos que se aglutinariam ou
seriam separados pela afinidade, por meio das forças naturais que ele chamou de amor e ódio. Leucipo e Demócrito,
considerados os “pais” da Química, formularam os átomos como origem de tudo. A palavra átomo vem do grego
antigo e significa indivisível. Os átomos seriam, segundo os pensadores, as menores partículas que se aglutinam,
com partículas semelhantes a si mesmas, para formar os objetos do mundo.

Por que estudar os pré-socráticos?


As ideias pré-socráticas parecem absurdas, hoje, devido ao alto desenvolvimento tecnológico e científico a que a humanidade
chegou. De qualquer forma, o início de todo o conhecimento racional ocidental deu-se no período pré-socrático. As ideias dos
pré-socráticos impulsionaram, por exemplo, as ciências da natureza, ao mostrarem que a resposta para as perguntas
naturais não se encontra fora deste mundo, mas na própria natureza.
Além da importância científica, há também uma importância histórica que valoriza o período Pré-Socrático devido à sua
relevância para a constituição de toda a Filosofia posterior.

Atividades:
1) “De onde vem o mundo? De onde vem o universo? Tudo o que existe tem que ter um começo. Portanto, em algum
momento, o universo também tinha de ter surgido a partir de uma outra coisa. Mas, se o universo de repente tivesse surgido
de alguma outra coisa, então essa outra coisa também devia ter surgido de alguma outra coisa algum dia. Sofia entendeu que
só tinha transferido o problema de lugar. Afinal de contas, algum dia, alguma coisa tinha de ter surgido do nada. Existe uma
substância básica a partir da qual tudo é feito? A grande questão para os primeiros filósofos não era saber como tudo surgiu
do nada. O que os instigava era saber como a água podia se transformar em peixes vivos, ou como a terra sem vida podia se
transformar em árvores frondosas ou flores multicoloridas.”
Adaptado de: GAARDER, J. O Mundo de Sofia. Trad. de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.43-44.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o surgimento da filosofia, assinale a alternativa correta.
a) Os pensadores pré-socráticos explicavam os fenômenos e as transformações da natureza e porque a vida é como é, tendo
como limitador e princípio de verdade irrefutável as histórias contadas acerca do mundo dos deuses.
b) Os primeiros filósofos da natureza tinham a convicção de que havia alguma substância básica, uma causa oculta, que
estava por trás de todas as transformações na natureza e, a partir da observação, buscavam descobrir leis naturais que
fossem eternas.
c) Os teóricos da natureza que desenvolveram seus sistemas de pensamento por volta do século VI a.C. partiram da ideia
unânime de que a água era o princípio original do mundo por sua enorme capacidade de transformação.
d) A filosofia da natureza nascente adotou a imagem homérica do mundo e reforçou o antropomorfismo do mundo dos deuses
em detrimento de uma explicação natural e regular acerca dos primeiros princípios que originam todas as coisas.
e) Para os pensadores jônicos da natureza, Tales, Anaxímenes e Heráclito, há um princípio originário único denominado o
ilimitado, que é a reprodução da aparência sensível que os olhos humanos podem observar no nascimento e na degeneração
das coisas.

2) "Há, porém, algo de fundamentalmente novo na maneira como os Gregos puseram a serviço do seu problema último - da
origem e essência das coisas - as observações empíricas que receberam do Oriente e enriqueceram com as suas próprias,
bem como no modo de submeter ao pensamento teórico e casual o reino dos mitos, fundado na observação das realidades
aparentes do mundo sensível: os mitos sobre o nascimento do mundo."
Fonte: JAEGER, W. Paidéia. Tradução de Artur M. Parreira. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 197.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a relação entre mito e filosofia na Grécia, é correto afirmar:
a) Em que pese ser considerada como criação dos gregos, a filosofia se origina no Oriente sob o influxo da religião e apenas
posteriormente chega à Grécia.
b) A filosofia representa uma ruptura radical em relação aos mitos, representando uma nova forma de pensamento plenamente
racional desde as suas origens.
c) Apesar de ser pensamento racional, a filosofia se desvincula dos mitos de forma gradual.
d) Filosofia e mito sempre mantiveram uma relação de interdependência, uma vez que o pensamento filosófico necessita do
mito para se expressar.
e) O mito já era filosofia, uma vez que buscava respostas para problemas que até hoje são objeto da pesquisa filosófica.

3) Mario Quintana, no poema “As coisas”, traduziu o sentimento comum dos primeiros filósofos da seguinte maneira: “O
encanto sobrenatural que há nas coisas da Natureza! [...] se nelas algo te dá encanto ou medo, não me digas que seja feia ou
má, é, acaso, singular”. Os primeiros filósofos da antiguidade clássica grega se preocupavam com:
a) Cosmologia, estudando a origem do Cosmos, contrapondo a tradição mitológica das narrativas cosmogônicas e teogônicas.
b) Política, discutindo as formas de organização da polis e estabelecendo as regras da democracia.
c) Ética, desenvolvendo uma filosofia dos valores e da vida virtuosa.
d) Epistemologia, procurando estabelecer as origens e limites do conhecimento verdadeiro.
e) Ontologia, construindo uma teoria do ser e do substrato da realidade.
4) A filosofia aposta na dúvida, no questionar-se a si mesma. Por que razão a filosofia faz isso? Marque a opção incorreta:
a) ao sublinhar (destacar) suas próprias fraquezas, em síntese, ao criticar-se a si própria é que a filosofia se aproxima da
democracia, rompendo com toda forma de dogmatismos que são peculiares aos regimes autoritários.
b) Aposta na dúvida por gostar do caótico, por entender que a vida não tem chance de melhorar e por aceitar o tumulto como
melhor meio de entender as coisas..
c) É no momento de dúvida que os homens pensam e debatem sobre o que é melhor para a humanidade e para o
desenvolvimento social.
d) A dúvida é um momento de reflexão em que permite àquele que duvida pensar de modo crítico.
e) A dúvida demonstra a capacidade de dizer não para aquilo que não é compreendido.

5) “Mais que saber identificar a natureza das contribuições substantivas dos primeiros filósofos é fundamental perceber a
guinada de atitude que representam. A proliferação de óticas que deixam de ser endossadas acriticamente, por força da
tradição ou da ‘imposição religiosa’, é o que mais merece ser destacado entre as propriedades que definem a filosofia.” (OLIVA,
Alberto; GUERREIRO, Mario. Pré-socráticos: a invenção da filosofia. Campinas: Papirus, 2000. p. 24.)
Assinale a alternativa que apresenta a “guinada de atitude” que o texto afirma ter sido promovida pelos primeiros filósofos.
a) A aceitação acrítica das explicações tradicionais relativas aos acontecimentos naturais.
b) A discussão crítica das ideias e posições, que podem ser modificadas ou reformuladas.
c) A busca por uma verdade, que pudesse substituir a verdade imposta pela religião.
d) A confiança na tradição e na “imposição religiosa” como fundamentos para o conhecimento.
e) A desconfiança na capacidade da razão em virtude da “proliferação de óticas” conflitantes entre si.

6) “A Ciência é apenas uma parte da tentativa da humanidade de compreender o mundo em todos os seus aspectos. O
homem esforça-se por descobrir uma ordem no fluxo da experiência, quer essa ordem seja observada, (...)A Ciência procura
essa ordem na experiência da natureza adquirida pelo homem(...)”
Com base no texto e em seus conhecimentos, relacione a experiência humana com o desenvolvimento cientifico.

7) Analise a frase: Se por um lado a ciência tenta retirar os valores pessoais e subjetivos da natureza, por outro ela é
fundamental na correção das experiências imediatas e individuais.
Descreva seu entendimento sobre a afirmativa acima

8) As reflexões sobre o mundo e as relações sociais fazem parte da construção da Filosofia, desde os seus primórdios. Na
Grécia, o pensamento filosófico foi muito importante para a organização da sua sociedade e o estabelecimento de uma visão
crítica de suas manifestações culturais.
Identifique a visão critica desenvolvida no texto.

9) Analise a frase: “Criticar é ter o cuidado de estabelecer critérios.”


Descreva seu entendimento sobre a afirmativa acima

Gabarito: 1B 2C 3A 4B 5C

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