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A palavra cosmologia tem sua origem na Grécia Antiga, sendo cosmos o radical que

significa, para nós, “universo” e logos o mesmo que “razão, racionalidade,


organização mental” ou “ciência”. O cosmólogo (aquele que estuda cosmologia) tem
por objetivo entender o Universo e determinar qual é a sua origem, com base
em raciocínios lógicos e fugindo das fabulações e narrativas mitológicas. O que
um cosmólogo faz é tentar entender como o Universo está organizado para, com
base nisso, determinar sua origem.
 Cosmologia e filosofia
Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Pitágoras, Heráclito, Demócrito e muitos outros
filósofos eram chamados de cosmólogos porque tentaram descobrir qual era a
origem do Universo. Tentando apresentar uma alternativa para as explicações
mitológicas sobre a constituição de tudo, esses filósofos partiram para um
movimento de observação da natureza e a tentativa de compreensão dela.
Procuraram aceitar somente aquilo que estivesse racionalmente solidificado em
nexos causais, com abstrações racionais, mas sem fabulações. Grosso modo, eles
procuravam uma explicação que fizesse sentido.
Leia também: Leucipo e Demócrito
 Cosmologia e cosmogonias
A palavra grega cosmogonia é dividida pelos radicais cosmos (universo)
e gonia (criação, palavra da qual se origina a gênese). A mitologia grega, assim
como outras mitologias, como a egípcia, a nórdica, a africana e a hebraica,
apresentam narrativas fantasiosas que atribuem a criação do Universo a seres
sobrenaturais.
No caso dos gregos, a origem de tudo teria ocorrido a partir dos titãs
(como Gaia, Chronos e Chaos), e a criação dos seres humanos e dos animais ficaria
a cargo dos deuses, surgidos dos titãs. Os primeiros filósofos tentaram desconstruir
essas noções mitológicas e apresentar teorias que fizessem mais sentido, sem
recorrer a seres sobrenaturais para explicar o que era natural. Esse movimento é o
que constitui a cosmologia antiga.
 Cosmologia grega
O primeiro cosmólogo e, consequentemente, o primeiro filósofo da tradição ocidental
foi Tales de Mileto. O pensador pré-socrático, insatisfeito com as explicações
mitológicas sobre a origem de tudo, passou a observar a natureza que o circundava
a fim de encontrar o elemento que tinha dado origem a tudo. Segundo o pensador, o
elemento originário seria a água. Ao ouvir a ideia de Tales, podemos julgá-la
absurda. No entanto, com a inexistente tecnologia da época e para os ouvidos
acostumados a ouvir somente as explicações mitológicas, a teoria de Tales foi um
avanço.
Anaximandro, discípulo de Tales, continuou os trabalhos do mestre afirmando que a
origem estaria naquilo que ele entendeu como infinito e indeterminável,
o ápeiron. Anaxímenes, seu discípulo, encontrou no ar a origem de tudo.
Para Pitágoras, tudo tinha começado com os números. Para Heráclito, a origem
estava no fogo. Desse modo, cada filósofo grego pré-socrático dedicou-se a
observar a natureza para encontrar nela um elemento que explicasse, de maneira
racional, o surgimento de tudo
A diversidade de pensamentos e teorias surgidas na Grécia com a cosmologia pré-
socrática originou um complexo debate que apontou as primeiras raízes do
pensamento ocidental. A análise equilibrada de todas as propostas dos primeiros
filósofos contribuiu para a formação da filosofia e da ciência moderna e
contemporânea, pois assentou na observação empírica da natureza e na fuga de
elementos sobrenaturais a fonte do conhecimento verdadeiro.
 Cosmologia moderna
Hoje em dia, a cosmologia está incorporada na Astrofísica e na Astronomia,
contando com modernos equipamentos óticos de observação e avançadíssimos
processadores e softwares para processamento de dados. A cosmologia atual
também conta com cálculos matemáticos, fórmulas físicas e um gigantesco trabalho
científico para desvendar a organização e a origem do cosmos.
À teogonia e à cosmogonia opôs-se a cosmologia, isto é, a crença na origem divina
e mítica do mundo foi substituída pela busca da arché, do princípio material e
também regulador da ordem do mundo. As respostas à indagação sobre o princípio
das coisas foram múltiplas e divergentes: para Tales era a água; para Anaxímenes
de Mileto, o ar; para Heráclito, o fogo; e para Empédocles, os quatro elementos –
água, ar, fogo e terra.
Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins.
Temas de Filosofia. São Paulo: Moderna, 2005, p. 13 (com adaptações).
ATIVIDADE
Produza um texto argumentativo dissertativo sobre como a cosmogonia e a
cosmologia contribuiu para a formação da filosofia e da ciência moderna.

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