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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – UFMG

DEPARTAMENTO DE FÍSICA – ICEx


DISCIPLINA: EVOLUÇÃO DAS IDEIAS DA FISICA

Fichamento do livro
Evolução das Ideias da Física

Aluno: Marcelo Altino Rafael


Matrícula: 2020423302
Professor: Antônio Teixeira Pires

A Ciência na Antiguidade

Já nos séculos II e III a.C., nações antigas, como Babilônia e Egito contribuíram para
o desenvolvimento da matemática e da astronomia. A invenção de calendários, sistemas
numéricos e observações astronômicas precisas são os principais destaques, especialmente
devido aos fins práticos aos quais se aplicavam. Na região Grécia antiga, os questionamentos
sobre os fenômenos da natureza se direcionaram para a busca de explicações racionais no
início do século VI a.C. Nesse período, surgiu a Filosofia, separando-se da Mitologia em sua
multiplicidade de explicações possíveis.

As teorias apresentadas por esses pensadores finalmente excluíram os deuses das


explicações do que ocorria na natureza e cada teoria, por mais estranha que fosse, atinha-se às
causas naturais, o que justifica a grande importância desse período.

Entre os filósofos mais importantes da Jônia, se destacaram: Tales, de Mileto, o


primeiro a dar uma explicação puramente natural para a origem do mundo, afirmando que
tudo se originou da água; Anaximandro, um dos primeiros a fazer experiências e
Anaxímenes.

Divergindo do pensamento dos filósofos jônicos, no final do século, um grupo de


filósofos chamados de pitagóricos, seguidores de Pitágoras, passou a se ocupar de questões
abstratas como a natureza do ser e o sentido da verdade. Esse grupo considerava que a
essência das coisas não era um princípio material, mas sim um número, ou seja, um princípio
imaterial, identificado à razão e acreditavam que a ordem no cosmo era fundamentalmente
matemática.
No século V a.C, inúmeros outros filósofos apresentaram suas diferentes explicações
para a natureza e foi nesse contexto em que a dialética e o método formal de demonstração
lógica na Filosofia surgiram. Também nesse período foi proposta a ideia de que o mundo era
constituído de uma infinidade de pequenos átomos.

Os primeiros fundamentos filosóficos da cultura ocidental foram lançados por


Sócrates, Platão e Aristóteles, em Atenas. Sócrates teve pouca influência no pensamento
científico porque seu interesse principal era a ética e a crítica do discurso. Platão e
Aristóteles, entretanto, têm mais destaque nesse aspecto.

Um dos discípulos de Sócrates era Platão, responsável pela criação de uma escola, a
Academia, onde jovens podiam se dedicar a estudos avançados. A Academia pode ser
considerada a primeira organização institucional de pesquisa científica.

A filosofia de Platão centra-se em um objetivo principal: a suposição de haver


conhecimento independente de fatores circunstanciais. As grandes contribuições de Platão
para o pensamento científico, para alguns autores, são o conceito de leis da Natureza – que,
sendo imutáveis, revelam-se pela análise racional da experiência – e a crença na estrutura
matemática do Universo – tomada dos pitagóricos.

A filosofia grega teve seu auge com Aristóteles. Seu trabalho se construiu com base
nas seguintes ideias: o Universo sempre existiu e existirá para sempre; o espaço e o
movimento são as bases de tudo. A partir disso, afirmou que o tempo é uma consequência do
movimento e que não há sentido em falar de tempo sem movimento. Outra ideia fundamental
de sua filosofia é que repouso e movimento são coisas distintas, o que, aplicado à astronomia
resultou em sua afirmação de que a Terra está fixa no centro do universo e que aquilo que
está parado em relação à Terra está em repouso absoluto.

No seu estudo de movimento, dividiu-o em três tipos:

1. O que causa locomoção - movimento primário

2. O que causa alteração

3. O que causa aumento ou diminuição

Aristóteles pensava que não podemos fazer experimentos para analisar a natureza
porque eles a modificam. Temos que estudar a natureza sem interferir nela. Dessa forma, as
leis da natureza de Aristóteles não se baseiam em experimentos, mas sim no que podia apenas
ser observado. Ao contrário de Platão, Aristóteles pensava que a matemática não se aplicava
à natureza, porque a primeira é abstrata enquanto a segunda é concreta.

Suas principais considerações sobre a Terra eram as seguintes: ela deve estar fixa no
centro do universo, pois, caso estivesse em movimento, qualquer coisa que jogada para cima
cairia para trás; ela deve ser esférica, porque em um eclipse a sombra parcial da Terra na Lua
é semicircular, de modo que seu formato esférico se justifica por simetria.

Em 323 a.C., se iniciou o período helenístico, durante o qual os conhecimentos


científicos se desenvolveram mais ainda do que na Grécia Clássica. Devido à mistura dos
conhecimentos dos gregos, dos mesopotâmios e dos egípcios, houve grandes avanços na
Astronomia, na Matemática, na Geometria, na Medicina e na Física. Pelo que se sabe, foi a
primeira vez em que um sistema heliocêntrico foi proposto, por Aristarco de Samos, embora
ele tenha sido rejeitado na época.

Nessa época, Alexandria, no Egito, se tornou o centro da cultura grega e lá viveram:


Euclides, que sistematizou a geometria, criando, assim, a geometria euclidiana; Apolônio de
Perga, matemático que estudou elipses, parábolas e hipérboles; Arquimedes, que fez estudos
de alavanca e experiências com empuxo e densidade de corpos; Eratóstenes, diretor da
biblioteca de Alexandria, que estimou a circunferência da Terra; Hipácia, matemática e
astrônoma que morreu esquartejada após o domínio romano.

O último dos grandes astrônomos e matemáticos da escola de Alexandria foi


Ptolomeu (100 d.C), que foi um observador dedicado ao método científico como o
conhecemos hoje. Foi o primeiro a apresentar um bom modelo para o sistema solar, que
consistia em um sistema geostático, no qual Terra estava em repouso, porém não no centro do
movimento dos corpos celestes. Sua construção teórica tinha uma sofisticação matemática
não alcançada por nenhum modelo astronômico até então.

A Física na Idade Média

Nos séculos que se seguiram, a influência romana sobre a Grécia, a invasão dos povos
germânicos e a posterior invasão bárbara que deu início à Idade Média foram responsáveis
por um declínio na produção científica na Europa. Houve uma estagnação intelectual e um
mergulho na ignorância e na credulidade e, no período seguinte, o conhecimento clássico foi
preservado na Europa ocidental pela tradição monástica. A erudição caiu, em termos de
ciência, mas não desapareceu, e sim, voltou-se para a doutrina cristã.

Foi no século IX que o progresso intelectual se iniciou na época feudal e já nos


séculos XI e XII o nível educacional da população melhorou. Nessa época, a Europa
redescobriu Aristóteles e a Escolástica foi a tentativa de conciliar a Filosofia com a Teologia,
sendo Tomás de Aquino uma autoridade intelectual nesse aspecto.

Em termos cosmológicos, apenas no final da Idade Média a proposta aristotélica de


uma Terra estacionária foi questionada. Surgiram aí discussões filosóficas sobre a
possibilidade de um movimento rotacional da Terra, mas, dada a ausência de provas nesse
sentido, essas discussões não foram levadas muito a diante.

Outro aspecto importante foi a revisão completa da teoria de movimento de


Aristóteles, que levantou discussões acerca da própria ideia de movimento, das quais derivou-
se a apresentação da ideia de velocidade. Fez-se a distinção de velocidade e velocidade
instantânea e definiu-se o movimento uniforme e o movimento uniformemente acelerado.

A Nova Astronomia

O início da "física nova" é marcado, nos livros, por Copérnico. Nicolau Copérnico
nasceu em 1473 na Prússia Oriental e seu trabalho é considerado a semente da revolução
científica que alcançou seu ponto culminante com Newton. Ele desenvolveu um sistema
astronômico heliocêntrico, que não foi o primeiro, mas foi o único que continha até então
detalhes matemáticos.

Esse modelo, entretanto, não foi aceito na época porque não era nem mais simples do
que o modelo até então vigente, de Ptolomeu, e nem mais preciso, já que ele se utilizou de
dados antigos e imprecisos. Além disso, ele não conseguiu explicar de uma maneira
satisfatória o movimento dos objetos em uma Terra que se movia.

Copérnico não poderia ter feito melhor usando as observações astronômicas que tinha
à sua disposição. Elas continham erros demais. Para a astronomia avançar se faziam
necessárias observações novas e confiáveis. Foi então que entrou em cena Tycho Brahe.
Tycho nasceu em 1546 e aos 17 anos, na Universidade de Leipzig, observou que várias
tabelas planetárias estavam incorretas após observar Saturno e Júpiter no céu quase tão
próximos que não se distinguiam.

Tycho não foi um gênio criador, mas um gigante da observação precisa. Ele catálogo
mais de 700 estrelas e determinou a posição de cada planeta em toda a extensão de suas
órbitas, melhorando a eficiência

Foram as observações de Tycho Brahe que permitiram a Kepler descobrir as suas leis,
que por sua vez levaram Newton à grande síntese.

Johannes Kepler, em 1600, queria fazer uso das observações astronômicas de Tycho
Brahe para melhorar o modelo planetário que tinha elaborado em torno dos cinco sólidos e
das harmonias musicais, mas foi encarregado por Tycho de estudar a órbita de Marte, o
planeta mais difícil.

Após a morte de Tycho, Kepler utilizou os dados coletados e suas próprias


observações até elaborar as suas três leis do movimento.
Primeira lei: os planetas descrevem órbitas elípticas com o Sol em um dos focos.

Segunda lei: um planeta varre atrás iguais em tempos iguais.

Terceira lei: os quadrados dos períodos dos planetas são proporcionais aos cubos das
distâncias médias ao Sol.

Embora ele fosse respeitado como astrônomo, o significado e a implicação de seu


trabalho não foram reconhecidos de imediato. A maioria dos astrônomos estava tão imbuída
com a ideia de movimento circular que não ficaram impressionados com as descobertas dele.

Kepler acreditava que uma teoria astronômica deveria ser mais do que um conjunto de
regras matemáticas para descrever os fenômenos observados. Ela deveria se fundamentar em
princípios físicos que explicassem o movimento dos planetas.

Ele sugeriu a existência de uma força de atração entre os corpos para explicar como a
Terra em movimento permanecia coesa e, também, acreditava que a força que o Sol exerce
sobre os planetas era em parte magnética e se propagava através do éter.

Galileu

Galileu Galilei nasceu em 1564 em Pisa. Suas principais ideias estão condensadas em
dois livros que escreveu: Diálogo e Discurso. Diálogo, embora tenha sido escrito em
linguagem popular, explica as coisas de maneira muito esparsa e não muito organizada. Além
disso, como não queria utilizar os trabalhos de outras pessoas, apresenta as ideias como se
fossem exclusivamente dele.

Na primeira jornada ele tenta desacreditar as ideias de Aristóteles. Tenta acabar com a
ideia de que a Terra é um corpo especial entre os demais corpos celestes. A Lua é um corpo
como a Terra, ele viu suas montanhas e vales no telescópio. Dessa forma, conclui que não há
diferença radical entre a Terra e os outros planetas, então não há nada impedindo que a Terra
gire em torno do Sol. Quer destruir a imutabilidade do céu, mas não prova efetivamente que a
Terra está em movimento.

Estudando o movimento reforça a ideia de Aristóteles que existem 3 tipos de


movimento: reto, circular e misto. Sendo o movimento circular o movimento perfeito.
Apresenta que o sistema de Copérnico é mais plausível do que o de Ptolomeu, mas, na
verdade, acabou utilizando um modelo muito mais simples do que o apresentado por
Copérnico: considera que os planetas estão todos girando em torno do Sol em órbitas
circulares. Discurso, também dividido em quatro jornadas, nesse outro livro, Galileu coletou
e sistematizou sua pesquisa sobre o movimento dos corpos. A primeira jornada começa com
uma discussão sobre a relação entre o tamanho de máquinas, afirmando que é impossível
construir duas estruturas similares do mesmo material, mas de diferentes tamanhos, e tê-las
proporcionalmente resistentes.

Estuda também a coesão dos sólidos e o problema do infinito, deixando claro que
sustentava a concepção atomista da constituição da matéria.

Além disso, descreve uma experiência na qual poderia determinar a finitude da


velocidade da luz e critica a afirmação Aristotélica de que entre dois corpos em queda, chega
mais rápido ao chão aquele que possui o maior peso. Argumenta a favor da afirmação de que
"os corpos caem com a mesma velocidade" e, no final dessa jornada, discute sobre música e
som, de forma que fica claro que Galileu acreditava que o som se propagava no ar como
ondas.

Na segunda jornada, Galileu estuda principalmente a causa da coesão dos materiais.

Na terceira, dedica-se ao estudo do movimento, dividindo-o em 3 partes: movimento


uniforme, movimento uniformemente acelerado e movimento de projéteis.

Ele começa definindo o movimento uniforme como aquele onde as distâncias


percorridas pelo corpo em movimento, durante quaisquer intervalos de tempos iguais, são
iguais. Enunciou, então, uma série de teoremas e, especialmente naqueles que dizem respeito
aos corpos uniformemente acelerados, utilizou demonstrações geométricas.

Na quarta jornada, Galileu estuda a composição de movimentos em um corpo: um


uniforme e outro uniformemente acelerado (como um projétil), apresentando tabelas de
alturas máximas atingidas e alcance de projéteis.

Em relação ao estudo do movimento, Galileu unificou uma série de ideias dispersas


em uma formulação matemática única, apresentada como um sistema coerente de
proposições. Ele se destaca como o primeiro a mostrar de maneira precisa a relação que
tinham com o mundo real as ideias que até então só haviam sido tratadas de maneira abstrata.

Bacon, Descartes e Huygens

Francis Bacon (1561 - 1626)

Conhecido pela sua grande valorização do método experimental, mas não foi um
personagem muito marcante na história da física por não ter elaborado nenhuma interpretação
para os resultados experimentais que observou.

René Descartes (1596 - 1650)

Propunha maneiras corretas de se pensar, sua filosofia era baseada na ideia de que
podemos dividir a realidade em duas partes: res extensa (mundo material) e res cogitans
(mundo espiritual).
Foi o autor da famosa frase "penso logo existo" e o criador da Geometria Analítica.

Descartes é considerado a primeira pessoa a ter enunciado o princípio da inércia de


maneira correta: afirmou que o movimento uniforme em linha reta era um "estado" do mesmo
modo que o era o repouso e, se um corpo está em repouso, não começar a se mover por si
mesmo, a menos que seja impelido por uma causa externa. Porém, se ele está em movimento,
continuará a se mover e jamais conseguirá parar por si mesmo.

Propunha que o universo era cheio de uma substância, o éter. Também não acreditava
que a força poderia se propagar em distâncias, essa era uma ideia aristotélica de que força só
existe no contato. Dessa forma, forças que pareciam atuar a distância, na verdade, eram o
resultado de uma "pressão" realizada no meio e que se propagava de um corpo até o outro.
Assim, justifica a existência do éter porque é necessária a presença de um meio para que tudo
se propague.

Utiliza isso para explicar o movimento circular dos corpos celestes em termos de
vórtices no fluido que enche o espaço e que arrastavam os planetas e os satélites em suas
órbitas.

Para estudar o movimento, propôs a ideia de quantidade de movimento, que era igual
ao volume x velocidade de um corpo. O que interessava em um corpo não era sua massa e
sim a sua extensão e ele interpretava a velocidade como um escalar, o que gerou análises
erradas, especialmente a respeito de colisões entre dois corpos.

O grande impacto de Descartes foi ter mostrado que havia um meio de tratar os
fenômenos da natureza de um jeito mais simples do que na geometria euclidiana, a geometria
cartesiana. Trabalhar com equações simplifica muito as contas do trabalho com figuras
geométricas. Essa foi a sua grande contribuição na matemática e na física.

Huygens (1629 - 1695)

Físico, matemático e filósofo, contribuiu com o princípio de Huygens na ótica,


construiu o primeiro relógio de pêndulo e aperfeiçoou o telescópio.

Estudou o movimento dos corpos e o esforço de um corpo para se afastar do centro de


rotação que ele chamou de "força centrífuga".

Mecânica Newtoniana

Isaac Newton nasceu em dezembro de 1642 e foi o primeiro a dar uma formulação
completa das leis da mecânica e a introduzir leis universais, que podem ser expressas através
de fórmulas matemáticas, as quais se harmonizam com a natureza e das quais regras
empíricas anteriores são consequências lógicas.
A sua principal obra foi o livro Philosophiae Naturalis Principia Mathematica
(geralmente citado como Principia) que foi dividido em três livros. Nos livros I e II dos
Principia, Newton apresenta os fundamentos dos princípios básicos do movimento. No livro
III, ele aplica esses princípios ao movimento dos planetas, dos cometas, da Lua e às marés.

No primeiro livro, ele se concentrou nos formalismos matemáticos e enunciou as suas


famosas leis.

Lei 1: Todo corpo continua em seu estado de repouso, ou de movimento uniforme em


uma linha reta, a menos que seja compelido a mudar esse estado por forças aplicadas a ele.

Lei 2: A mudança do movimento é proporcional à força motriz impressa, e ocorre na


direção da linha reta em que essa força é impressa.

Lei 3: Para cada ação existe sempre uma reação igual e contrária, ou seja, as ações
recíprocas de dois corpos, um sobre o outro, são sempre iguais e dirigidas para partes
contrárias.

Já no livro II, Newton estudou o movimento de corpos em meios resistivos.

Especialmente os casos:

1. Corpo movendo-se em um meio com R (resistência) proporcional a v


2. Movimento de projétil em um meio
3. Corpo movendo-se em um meio com R proporcional a v²
4. Movimento circular
5. Pêndulo em um meio resistido
6. Ondas
7. Movimento circular de fluidos

O estudo do movimento planetário é feito no livro III dos Principia. Nesse livro,
desenvolve a ideia de que a força gravitacional é proporcional ao inverso de r 2 através da
análise das leis de Kepler. Além disso, afirma que a mesma força que faz a Lua girar em
torno da Terra, faz a maçã cair da árvore na Terra (é responsável pela queda dos corpos). E
mostrou também que todos os corpos caem de maneira idêntica, com a mesma aceleração, de
onde conclui que a força tem que ser proporcional à massa.

Nos meados do século XVIII ficou evidente que as três leis de Newton eram
suficientes para descrever o movimento de massas pontuais, mas não estava ainda claro como
essas leis poderiam ser aplicadas ao movimento de fluidos e corpos rígidos. Os sucessores de
Galileu, Huygens e Newton tiveram de participar de um trabalho coletivo para reunir as
ideias, antes apresentadas de forma desarticulada, em uma ciência ordenada da Mecânica.
Leonard Euler (1707 - 1783), por exemplo, foi o homem responsável por escrever as
leis de Newton na forma a qual conhecemos hoje. Resolvendo os problemas fundamentais da
mecânica newtoniana, usando a notação: Mdv = Fdt para escrever a lei da Dinâmica.

A Teoria Eletromagnética

No ínico do eletromagnetismo muito se questionava sobre a luz ter comportamento de


partícula, ou seja, corpuscular, ou comportamento de onda. Newton acreditava que talvez seu
comportamento se aproximasse mais de uma partícula, enquanto Huygens apostou mais na
idéia de comportamento ondulatório, na qual o meio necessário para sua existência foi
chamado de éter luminífero.

Stephen Gray (1696-1736) apresentou um trabalho onde mostrava que a eletricidade


podia se deslocar de um objeto para outro quando eles eram unidos por um fio.
Posteriormente essa ideia foi chamada de fluido elétrico.

Em torno de 1745, Charles Du Fay (1698-1739) definiu dois tipos de eletricidade: a


eletricidade resinosa, produzida pelo atrito de substâncias resinosas, e a eletricidade vítrea,
produzida pelo atrito de substâncias como vidro ou mica.

E em seguida, uma forma de se armazenar eletricidade foi descoberta por Pieter Von
Musschenbrook (1692-1761), e foi chamada de "garrafa de Leyden". Graças às garrafas de
Leyden e aos geradores de eletricidade, as pesquisas em eletricidade e magnetismo
começaram a tomar um caráter mais axiomático e teórico do que hipotético, possibilitando
impulsos na parte experimental.

Benjamin Franklin (1706-1790) trouxe novidades importantes para a formulação da


teoria. Disse que não existiam tipos de eletricidade, que eletricidade era algo intrínseco de um
corpo, e que existia por consequência de excesso ou falta do fluido elétrico.

Augustin Coulomb (1736-1806) formalizou a lei de Coulomb utilizando uma balança


de torção: A força entre duas cargas elétricas é proporcional ao produto das cargas e
inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas.

Foi o físico francês André Marie Ampère (1775-1836) quem começou a observar
relações entre eletricidade e magnetismo. Por exemplo, observou que havia uma atração entre
dois fios paralelos conduzindo corrente elétricas na mesma direção e repulsão em direções
opostas. À ciência que estudava cargas elétricas em movimento, ou seja, correntes, deu o
nome de eletrodinâmica. Além disso, também sugeriu que o magnetismo era consequência de
correntes fluindo no interior de corpos magnetizados. Por fim, em 1825 inventou um aparelho
que media correntes elétricas que chamou de galvanômetro.
Outro personagem importante da época foi Michael Faraday (1791-1867), por muitos
considerado o maior físico experimental de todos os tempos. Ele descobriu que o
deslocamento de um ímã próximo de um fio produzia uma corrente nesse fio, assim como
variando a corrente em um fio e o aproximando de outro, também produzia corrente neste
outro.

Faraday também introduziu o conceito de "linhas de força", que no caso de ìmãs


podem ser visualizadas salpicando limalhas de ferro em uma folha de papel colocada sobre
eles, e sacudindo suavemente essa folha, as linhas se formavam em um padrão característico.

As idéias de Emil Lenz (1804-1865) quanto ao sentido da força eletromotriz induzida


no processo de indução também foram descobertas nessa época.

Além dessas experiências, muitas outras foram realizadas, mas no geral Faraday não
teve uma boa base educacional em matemática, e tinha dificuldades em formalizar
matematicamente suas idéias, foi aí que James Clerck Maxwell (1831-1879) teve extrema
importância.

Maxwell foi um matemático excelente, em sua vida colaborou para a ciência com
diversas contribuições em física e matemática, mas ficou mais conhecido pela sua
contribuição matemática para o eletromagnetismo. É importante ressaltar que ele reconheceu
que sem a intuição física de Faraday ele não teria desenvolvido sua teoria.

Seu trabalho foi publicado principalmente em 3 artigos: sobre as linhas de força de


Faraday, no qual utilizou de analogias para falar sobre as linhas de força propostas por
Faraday; sobre linhas de força física, no qual apresentou um modelo mecânico para os
fenômenos eletromagnéticos; teoria dinâmica do campo eletromagnético, no qual introduz
campo eletromagnético

Além disso, ele escreveu livros sobre física e matemática, sendo um deles o livro:
Sobre a classificação matemática de quantidades físicas, onde introduziu o operador
rotacional, estudado em cálculo vetorial, e a ideia de corrente de deslocamento. Depois de
apresentar todas suas equações e relações entre elas, ele foi investigar se as propriedades que
constituem o campo eletromagnético são suficientes para explicar a propagação da luz através
da substância etérea de seu modelo, e assim concluiu que os resultados pareciam mostrar que
a luz e o magnetismo são efeitos de uma mesma substância, e que a luz é um distúrbio
eletromagnético propagando-se através do campo de acordo com leis eletromagnéticas.

Teoria da Relatividade Restrita


A teoria da relatividade restrita foi desenvolvida no final do século XIX e início do
século XX. Albert Einstein formulou sua versão dessa teoria em 1905, embora uma grande
parte da teoria já tivesse sido iniciada por outros autores, como Galileu e Lorentz, antes disso.

A teoria da relatividade não nasceu do estudo da mecânica, mas sim do


eletromagnetismo. As equações equações de Maxwell, foram inicialmente formuladas como
leis que se aplicavam apenas ao estudo de fenômenos medidos por um referencial parado em
relação ao éter. Imaginava-se, inicialmente, que os fenômenos eletromagnéticos poderiam ser
diferentes quando estudados em relação a referenciais em movimento em relação ao éter. No
entanto, como a experiência não mostrou a possibilidade de detectar o movimento da Terra
em relação ao éter, foi necessário tornar o eletromagnetismo independente de um referencial
privilegiado (o éter). As quatro leis de Maxwell não precisaram ser alteradas; mas foi
necessário introduzir certas relações entre as grandezas eletromagnéticas medidas em relação
a diferentes referenciais.

A teoria da relatividade restrita é baseada em dois importantes postulados: as leis da


física assumem a mesma forma em todos os sistemas de referência inerciais e a luz se
propaga no espaço vazio com velocidade definida c que é independente dos estados de
movimento da fonte e do observador.

A partir desses dois postulados são deduzidas muitas consequências importantes, que
são pouco intuitivas e que contrariam a física clássica, que era a física que existia até o final
do século XIX.

A teoria da relatividade estuda, basicamente, as diferenças que existem entre as


medidas físicas realizadas em dois referenciais em movimento relativo. Um referencial é um
sistema físico dotado de instrumentos de medida, em relação ao qual é possível fazer
medições e experimentos. Podemos imaginar, por exemplo, um referencial parado em relação
ao solo, e outro referencial parado em relação a um avião que passa pelo céu. Na teoria da
relatividade geral, os referenciais podem estar se movendo de qualquer modo. A teoria da
relatividade restrita estuda apenas referenciais inerciais, com movimentos relativos retilíneos
e uniformes.

Um dos efeitos estudados por essa teoria é o da dilatação temporal. Essa dilatação
pode ser descrita pela situação em que, dados dois relógios, cujo funcionamento é igual
quando estão parados um em relação ao outro, um deles é colocado em movimento em
relação ao outro, o que faz com que seus períodos já não sejam mais iguais. Nessa situação,
cada um deles parecerá estar andando mais lentamente quando medido de um referencial
parado em relação ao outro.

Além disso, existe o fenômeno da contração dos comprimentos: se dois objetos têm o
mesmo tamanho quando estão parados um em relação ao outro, e um deles é colocado em
movimento em relação ao outro, seus comprimentos já não serão mais iguais. Cada um deles
parecerá mais curto quando medido de um referencial parado em relação ao outro; mas essa
diferença só afeta as dimensões paralelas ao movimento e não as perpendiculares.

A relatividade restrita interfere também na noção de simultaneidade, pois, se dois


acontecimentos (agora chamados de eventos por consequência da relevância do tempo no
espaço-tempo) ocorrem em lugares diferentes, ao mesmo tempo, em relação a um referencial,
eles podem não ocorrer ao mesmo tempo quando observados em relação a um outro
referencial que se move em relação ao primeiro. Nas palavras de Einstein: "Não é possível
atribuir um significado absoluto ao conceito de simultaneidade". O teste imaginário com um
trem que esteja se movendo com uma velocidade constante próxima da velocidade da luz
ilustra bem esse cenário.

Além da cinemática, existe também a dinâmica relativística, que estuda as relações


que existem entre forças, energia, massa, quantidade de movimento e outras grandezas
dinâmicas, quando medidas em relação a diferentes referenciais. Os dois principais efeitos da
dinâmica relativista são:

● Aumento da massa com a velocidade: Se dois objetos têm a mesma massa quando

estão parados um em relação ao outro, e um deles é colocado em movimento em


relação ao outro, suas massas já não serão mais iguais. Cada um deles parece ter
aumentado de massa, quando medido de um referencial parado em relação ao outro.

● Relação entre massa e energia: A massa de um objeto é proporcional à sua energia. Se

a energia do objeto aumentar (por exemplo, se ele aumentar de temperatura ou


aumentar de velocidade), sua massa também sofrerá um aumento correspondente.
Essa relação é representada pela famosa fórmula: E=mc2.

O Universo Geométrico

Após a publicação da teoria da relatividade restrita em 1905, Einstein buscou um


modo de adicionar a gravidade e referenciais não inerciais na sua teoria. Foi em 1907 que ele
concluiu que a gravidade poderia ser considerada como uma força fictícia, cuja existência
dependeria da escolha do sistema de referência. Ele chamou o pensamento que levou à essa
conclusão do pensamento mais feliz de sua vida. Após dificuldades, publicou seu trabalho em
1915, onde apresentou equações que hoje são conhecidas como equações de campo de
Einstein. Essas equações mostram como o espaço-tempo é influenciado por radiação e
matéria.

O princípio da equivalência é o postulado base da relatividade geral, ele afirma que é


impossível distinguir uma força gravitacional e uma aceleração equivalente em uma pequena
região do espaço. Como consequência desse princípio, tem-se a equivalência de massa
gravitacional e massa inercial.

Uma compreensão intuitiva do conceito de curvatura do espaço-tempo por um objeto


massivo é utilizar-se de uma analogia com a deformação causada por uma bola pesada numa
membrana elástica. Quanto maior for a massa do objeto solto sob a membrana, maior será a
curvatura da membrana. Se for colocado perto da deformação da membrana um objeto de
menor massa, ele irá seguir em direção ao objeto que está causando essa deformação. Porém
se atirarmos esse objeto de menor massa, ele orbitava em torno do ponto central da
deformação, (é claro que estamos desconsiderando o atrito entre os objetos e a membrana). E
isto é, de algum modo, análogo ao que acontece quando a Lua orbita em torno da Terra, por
exemplo.

O ponto principal é compreender que não existe força da gravidade atuando à


distância. Nessa teoria (relatividade geral), a gravidade não é uma força atuando à distância e
sim uma deformação geométrica do espaço curvado devido à presença de uma massa, energia
ou momento.

A seguir há alguns testes na qual a relatividade geral conseguiu mostrar sua


superioridade em cima da teoria de Newton.

Precessão do periélio de Mercúrio: A elipse descrita por Mercúrio em torno do sol


está girando lentamente em seu próprio plano. Parte dessa precessão foi explicada pela teoria
newtoniana, entretanto, havia uma discrepância de 43 segundos de arco por século, que foi
explicada somente utilizando a teoria de Einstein.

Deflexão da luz de uma estrela quando essa luz passa perto do Sol: Comparando a
posição aparente de uma estrela durante um eclipse com a sua posição real, podemos
determinar a deflexão sofrida pela luz. A teoria Newtoniana prediz um valor que é metade
daquele corretamente predito pela teoria de Einstein.

Funcionamento mais lento de um relógio em um campo gravitacional intenso: O


desvio gravitacional para o vermelho, que é quando a radiação emitida pela excitação de um
átomo é modificada devido à posição em que ele se encontra inserido, ou seja, em um campo
gravitacional mais ou menos intenso. Isso foi comprovado em vários experimentos Ele altera
a frequência de um sinal entre um satélite girando em torno da Terra e uma estação no solo.
O sistema de navegação GPS deve levar o efeito em conta para fornecer resultados corretos.

O Estranho Mundo Quântico

A Mecânica Quântica forma a base da física atômica, da física nuclear, da física do


estado sólido e de toda a química moderna. Sua origem é geralmente associada ao físico
alemão Max Planck (1858 – 1947), que publicou, em 1901, um trabalho acerca do espectro
de emissão de radiação de um corpo negro. No trabalho, Planck associou o movimento dos
átomos nas paredes de um corpo negro a um oscilador harmônico e propôs que esses
osciladores só poderiam absorver e emitir energia em quantidades discretas E, dada por:

E = hν, onde ν é a frequência da radiação emitida ou absorvida e h é uma constante


fundamental da natureza.

Pouco tempo depois, Einstein estendeu essa ideia para a quantização da própria
radiação eletromagnética, que consistiria em partículas de massa nula, os fótons, carregando
uma energia dada pela relação E= hν. Assim, ele explicou o efeito fotoelétrico, demonstrando
o caráter corpuscular da radiação.

Em 1924, o físico francês Louis de Broglie (1892 – 1987) propôs que o fenômeno
inverso que ocorria com a luz deveria ocorrer com partículas, isto é, uma onda deveria poder
ser associada a uma partícula em movimento. No ano seguinte, Erwin Schrödinger procurou,
após ler a tese de de Broglie, por uma equação que descrevesse tal onda. Quando finalmente
conseguiu, essa equação levou o seu nome e foi utilizada para encontrar um modelo correto
para a descrição do átomo de hidrogênio e o cálculo de seus níveis de energia, assim como foi
aplicada para o estudo da absorção e emissão de radiação por átomos e moléculas.

A equação de Schrödinger descreve a evolução temporal de uma função, que


chamamos de função de onda, a qual Schrödinger, denota pela letra grega ψ. A equação nos
permite calcular ψ(r,t) para todo r em um tempo t arbitrário.

Na equação, ψ é uma função complexa e se, no instante de tempo t, uma medida é


feita para localizar uma partícula associada à função ψ, então a probabilidade P de que a
partícula seja encontrada na posição x é proporcional ao módulo ao quadrado da função de
onda, isto é: P(x) α | ψ| 2. Assim, percebe-se que a função de onda não nos fornece a posição
de uma partícula, mas nos permite estimar a probabilidade da partícula ser encontrada em
uma dada região e, portanto, nos permite calcular apenas valores médios para a sua posição e
velocidade.

Existe, além disso, uma restrição na precisão com a qual pode-se conhecer a posição x
e o momento linear de uma partícula simultaneamente. A teoria quântica prevê que as
grandezas Δx e Δp devem satisfazer a relação:

x p h/4, essa relação é conhecida como princípio de incerteza de Heisenberg. E ela se justifica com a

Uma situação enigmática acontece, por exemplo, quando ψ indica que a partícula
pode ser encontrada em duas ou mais regiões distintas. Pode-se ter uma situação onde uma
partícula pode estar em A ou em B com igual probabilidade, mas quando é feita uma
observação do sistema, encontra-se sempre a partícula ou em A ou em B, nunca em uma
mistura de estados. Ao verificar que a partícula está em A, a “função de onda na região B” se
anula instantaneamente. Esse acontecimento recebe o nome de colapso da função de onda.

Um fenômeno quântico que descreve bem a situação da dualidade onda-partícula


característica da mecânica quântica é a experiência de interferência de elétrons. Os elétrons,
partículas subatômicas, quando bombeados em um feixe através de duas fendas produzem um
padrão de interferência análogo ao padrão de interferência de ondas de água. Assim, percebe-
se que em determinadas situações o elétron se comporta como uma partícula e em outras
como uma onda.

A Mecânica Quântica e a Natureza da Realidade

A Mecânica Quântica desafia várias suposições do conhecimento científico clássico,


entre elas está a ideia de que podemos estudar o que acontece em uma pequena região do
espaço, em um pequeno intervalo de tempo, sem ter que nos preocupar sobre o que está
acontecendo em regiões distantes. No caso quântico, entretanto, como a uma partícula está
associada uma função de onda, é necessário considerar que, num sistema de várias partículas,
pode existir uma superposição dessas funções de onda, de tal modo que medir a posição de
uma das partículas, por exemplo, modifica a distribuição de probabilidade (função de onda)
de uma partícula vizinha. Esse efeito é geralmente chamado de correlação.

O estudo da correlação é mais conveniente quando feito em um sistema mais simples


do que a posição, que possui um número infinito de valores possíveis. É interessante estudar
esse efeito considerando o conceito de spin de partículas subatômicas, como o elétron, o
próton e o nêutron.

O spin é o momento angular intrínseco das partículas quânticas e pode ser relacionado
ao momento de dipolo magnético dessas partículas (que é uma grandeza indicativa de como
um magneto interage com um outro magneto ou com um campo magnético externo).

O spin de uma partícula pode assumir sempre dois valores, no caso dos elétrons,
prótons e nêutrons esses valores são +1/2 e -1/2, o que os caracteriza como férmions. O fóton,
diferentemente, é uma partícula classificada como bóson, porque o seu spin assume sempre
os valores +1 ou -1. Esses estados de spin recebem a notação mais simples de |+› e |-›.

Para distinguir um estado de spin do outro, é necessário lançar a partícula quântica em


um campo magnético externo e observar a sua deflexão. Esse experimento foi feito por Stern-
Gerlach para analisar o spin eletrônico e, por convenção, se o elétron for defletido na direção
do polo-sul, diz-se que ele está no estado |+,z ›, onde z indica a orientação do magneto que
gera o campo externo. Caso ele seja defletido na direção contrária, denota-se o seu estado por
|-,z ›.

O conhecimento do valor da componente de spin de uma partícula quântica em uma


direção implica, entretanto, que é impossível conhecer as suas componentes nas outras
direções. Esse fato é fruto do princípio de incerteza de Heisenberg.

As correlações quânticas quebram também a visão de mundo de muitos cientistas. Por


exemplo, antes da revolução provocada pela mecânica quântica, acreditava-se que sistemas
isolados, separados um do outro, não podem se comunicar um com o outro (ou, se eles o
fizerem, essa comunicação ocorre com uma velocidade inferior à velocidade da luz).

Entretanto, em 1974, John Bell derrubou essa visão após uma série de experimentos
com uma fonte que emite duas partículas de cada vez, sendo que elas seguiam sentidos
opostos, cada uma na direção de um magneto. Nesse experimento, ele observou que o
comportamento de uma partícula em um dos magnetos parecia ser influenciado
instantaneamente pela medida feita no outro.

Não há nenhum mecanismo que descreva corretamente esse resultado e outros que se
seguiram sem considerar a ação à distância. Assim, no mundo quântico não se pode descartar
que o comportamento de uma das duas partículas que se originaram da mesma fonte é uma
influência causal no comportamento da outra.

As Várias Interpretações da Mecânica Quântica

A mecânica quântica, como qualquer outra teoria da física, tem duas componentes:
um formalismo e uma interpretação. O formalismo se refere às equações e regras de cálculo
que se mostram empiricamente adequadas. A interpretação é aquilo que a teoria nos diz sobre
o Universo físico. Pode haver duas ou mais interpretações radicalmente diferentes
correspondendo a um mesmo formalismo.

O formalismo da mecânica, embora esteja bem consolidado, deixa margens para


inúmeras interpretações acerca do seu significado e da realidade por trás das suas leis. Entre
as interpretações mais conhecidas está a Interpretação de Copenhague, que tem um caráter
fundamentalmente pragmático: a teoria funciona, não se preocupe, vá em frente e use-a. Esse
ponto de vista é produtivo e leva a aplicações bem-sucedidas e foge de descrições que não
têm consequências testáveis.

Os elementos principais da essência lógica da interpretação de Copenhague são:

● A interpretação estatística de Born, onde a probabilidade de encontrar uma partícula

em uma dada posição é proporcional ao quadrado do módulo da função de onda, e


onde a predicabilidade do formalismo é dada somente para o comportamento médio
das variáveis do sistema.

● A identificação da função de onda como o “conhecimento do sistema” e o uso desse

conceito para explicar o colapso dessa função.

● A dualidade onda- partícula.

● A afirmação de Bohr de que mesmo fenômenos afastados do domínio da Física

Clássica devem ser explicados em termos clássicos.

● O positivismo. Isto é, evitar discutir o significado da realidade e concentrar a

discussão exclusivamente em observáveis.

O aspecto do positivismo é alvo de algumas das críticas feitas à essa interpretação,


pelo fato de que afirma que podemos falar apenas de fenômenos observados e que outras
coisas como, verdades básicas, explicações, etc. que não estão sujeitas a testes experimentais
são sem significado.

Como o mundo quântico é regido por regras peculiares que frustram a nossa tentativa
de visualização, existe certa dificuldade em aceitar a mecânica quântica como ela realmente
é. Uma dificuldade que pode ser devida a pressuposições fortemente enraizadas em nossa
mente e linguagem e que afetam o nosso modo de pensar. Assim, além da interpretação de
Copenhague, uma série de outras interpretações já foram propostas a fim de diminuir essa
dificuldade de aceitação.

Existe, por exemplo, a interpretação semiclássica, que atribui a um objeto quântico


uma onda e uma partícula clássica, sendo a primeira afetada por uma força quântica e a
segunda regida pela equação de Newton. Nesse caso, a força quântica é a única diferença
entre o mundo quântico descrito pelo modelo e o mundo da física clássica.

A partir de uma interpretação do formalismo quântico “ao pé da letra”, foi proposta,


por outro lado, a ideia de que cada componente da função de onda, isto é, cada estado
quântico permitido por ela, representa uma realidade física separada. Nessa situação, é
preciso supor que o Universo está continuamente se dividindo em cópias incontáveis, cada
uma em um estado ligeiramente diferente, uma para cada resultado possível de cada evento
quântico.

Além das citadas acima, existem uma série de outras interpretações, a grande questão
é que, qualquer que seja a interpretação, ela deve fornecer uma conexão entre a matemática
do formalismo e o mundo físico.
Referência Bibliográfica

Evolução das Idéias da Física, de Pires, Antonio Sergio Teixeira - 2011 - Edição 2

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