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Fichamento do livro
Evolução das Ideias da Física
A Ciência na Antiguidade
Já nos séculos II e III a.C., nações antigas, como Babilônia e Egito contribuíram para
o desenvolvimento da matemática e da astronomia. A invenção de calendários, sistemas
numéricos e observações astronômicas precisas são os principais destaques, especialmente
devido aos fins práticos aos quais se aplicavam. Na região Grécia antiga, os questionamentos
sobre os fenômenos da natureza se direcionaram para a busca de explicações racionais no
início do século VI a.C. Nesse período, surgiu a Filosofia, separando-se da Mitologia em sua
multiplicidade de explicações possíveis.
Um dos discípulos de Sócrates era Platão, responsável pela criação de uma escola, a
Academia, onde jovens podiam se dedicar a estudos avançados. A Academia pode ser
considerada a primeira organização institucional de pesquisa científica.
A filosofia grega teve seu auge com Aristóteles. Seu trabalho se construiu com base
nas seguintes ideias: o Universo sempre existiu e existirá para sempre; o espaço e o
movimento são as bases de tudo. A partir disso, afirmou que o tempo é uma consequência do
movimento e que não há sentido em falar de tempo sem movimento. Outra ideia fundamental
de sua filosofia é que repouso e movimento são coisas distintas, o que, aplicado à astronomia
resultou em sua afirmação de que a Terra está fixa no centro do universo e que aquilo que
está parado em relação à Terra está em repouso absoluto.
Aristóteles pensava que não podemos fazer experimentos para analisar a natureza
porque eles a modificam. Temos que estudar a natureza sem interferir nela. Dessa forma, as
leis da natureza de Aristóteles não se baseiam em experimentos, mas sim no que podia apenas
ser observado. Ao contrário de Platão, Aristóteles pensava que a matemática não se aplicava
à natureza, porque a primeira é abstrata enquanto a segunda é concreta.
Suas principais considerações sobre a Terra eram as seguintes: ela deve estar fixa no
centro do universo, pois, caso estivesse em movimento, qualquer coisa que jogada para cima
cairia para trás; ela deve ser esférica, porque em um eclipse a sombra parcial da Terra na Lua
é semicircular, de modo que seu formato esférico se justifica por simetria.
Nos séculos que se seguiram, a influência romana sobre a Grécia, a invasão dos povos
germânicos e a posterior invasão bárbara que deu início à Idade Média foram responsáveis
por um declínio na produção científica na Europa. Houve uma estagnação intelectual e um
mergulho na ignorância e na credulidade e, no período seguinte, o conhecimento clássico foi
preservado na Europa ocidental pela tradição monástica. A erudição caiu, em termos de
ciência, mas não desapareceu, e sim, voltou-se para a doutrina cristã.
A Nova Astronomia
O início da "física nova" é marcado, nos livros, por Copérnico. Nicolau Copérnico
nasceu em 1473 na Prússia Oriental e seu trabalho é considerado a semente da revolução
científica que alcançou seu ponto culminante com Newton. Ele desenvolveu um sistema
astronômico heliocêntrico, que não foi o primeiro, mas foi o único que continha até então
detalhes matemáticos.
Esse modelo, entretanto, não foi aceito na época porque não era nem mais simples do
que o modelo até então vigente, de Ptolomeu, e nem mais preciso, já que ele se utilizou de
dados antigos e imprecisos. Além disso, ele não conseguiu explicar de uma maneira
satisfatória o movimento dos objetos em uma Terra que se movia.
Copérnico não poderia ter feito melhor usando as observações astronômicas que tinha
à sua disposição. Elas continham erros demais. Para a astronomia avançar se faziam
necessárias observações novas e confiáveis. Foi então que entrou em cena Tycho Brahe.
Tycho nasceu em 1546 e aos 17 anos, na Universidade de Leipzig, observou que várias
tabelas planetárias estavam incorretas após observar Saturno e Júpiter no céu quase tão
próximos que não se distinguiam.
Tycho não foi um gênio criador, mas um gigante da observação precisa. Ele catálogo
mais de 700 estrelas e determinou a posição de cada planeta em toda a extensão de suas
órbitas, melhorando a eficiência
Foram as observações de Tycho Brahe que permitiram a Kepler descobrir as suas leis,
que por sua vez levaram Newton à grande síntese.
Johannes Kepler, em 1600, queria fazer uso das observações astronômicas de Tycho
Brahe para melhorar o modelo planetário que tinha elaborado em torno dos cinco sólidos e
das harmonias musicais, mas foi encarregado por Tycho de estudar a órbita de Marte, o
planeta mais difícil.
Terceira lei: os quadrados dos períodos dos planetas são proporcionais aos cubos das
distâncias médias ao Sol.
Kepler acreditava que uma teoria astronômica deveria ser mais do que um conjunto de
regras matemáticas para descrever os fenômenos observados. Ela deveria se fundamentar em
princípios físicos que explicassem o movimento dos planetas.
Ele sugeriu a existência de uma força de atração entre os corpos para explicar como a
Terra em movimento permanecia coesa e, também, acreditava que a força que o Sol exerce
sobre os planetas era em parte magnética e se propagava através do éter.
Galileu
Galileu Galilei nasceu em 1564 em Pisa. Suas principais ideias estão condensadas em
dois livros que escreveu: Diálogo e Discurso. Diálogo, embora tenha sido escrito em
linguagem popular, explica as coisas de maneira muito esparsa e não muito organizada. Além
disso, como não queria utilizar os trabalhos de outras pessoas, apresenta as ideias como se
fossem exclusivamente dele.
Na primeira jornada ele tenta desacreditar as ideias de Aristóteles. Tenta acabar com a
ideia de que a Terra é um corpo especial entre os demais corpos celestes. A Lua é um corpo
como a Terra, ele viu suas montanhas e vales no telescópio. Dessa forma, conclui que não há
diferença radical entre a Terra e os outros planetas, então não há nada impedindo que a Terra
gire em torno do Sol. Quer destruir a imutabilidade do céu, mas não prova efetivamente que a
Terra está em movimento.
Estuda também a coesão dos sólidos e o problema do infinito, deixando claro que
sustentava a concepção atomista da constituição da matéria.
Conhecido pela sua grande valorização do método experimental, mas não foi um
personagem muito marcante na história da física por não ter elaborado nenhuma interpretação
para os resultados experimentais que observou.
Propunha maneiras corretas de se pensar, sua filosofia era baseada na ideia de que
podemos dividir a realidade em duas partes: res extensa (mundo material) e res cogitans
(mundo espiritual).
Foi o autor da famosa frase "penso logo existo" e o criador da Geometria Analítica.
Propunha que o universo era cheio de uma substância, o éter. Também não acreditava
que a força poderia se propagar em distâncias, essa era uma ideia aristotélica de que força só
existe no contato. Dessa forma, forças que pareciam atuar a distância, na verdade, eram o
resultado de uma "pressão" realizada no meio e que se propagava de um corpo até o outro.
Assim, justifica a existência do éter porque é necessária a presença de um meio para que tudo
se propague.
Utiliza isso para explicar o movimento circular dos corpos celestes em termos de
vórtices no fluido que enche o espaço e que arrastavam os planetas e os satélites em suas
órbitas.
Para estudar o movimento, propôs a ideia de quantidade de movimento, que era igual
ao volume x velocidade de um corpo. O que interessava em um corpo não era sua massa e
sim a sua extensão e ele interpretava a velocidade como um escalar, o que gerou análises
erradas, especialmente a respeito de colisões entre dois corpos.
O grande impacto de Descartes foi ter mostrado que havia um meio de tratar os
fenômenos da natureza de um jeito mais simples do que na geometria euclidiana, a geometria
cartesiana. Trabalhar com equações simplifica muito as contas do trabalho com figuras
geométricas. Essa foi a sua grande contribuição na matemática e na física.
Mecânica Newtoniana
Isaac Newton nasceu em dezembro de 1642 e foi o primeiro a dar uma formulação
completa das leis da mecânica e a introduzir leis universais, que podem ser expressas através
de fórmulas matemáticas, as quais se harmonizam com a natureza e das quais regras
empíricas anteriores são consequências lógicas.
A sua principal obra foi o livro Philosophiae Naturalis Principia Mathematica
(geralmente citado como Principia) que foi dividido em três livros. Nos livros I e II dos
Principia, Newton apresenta os fundamentos dos princípios básicos do movimento. No livro
III, ele aplica esses princípios ao movimento dos planetas, dos cometas, da Lua e às marés.
Lei 3: Para cada ação existe sempre uma reação igual e contrária, ou seja, as ações
recíprocas de dois corpos, um sobre o outro, são sempre iguais e dirigidas para partes
contrárias.
Especialmente os casos:
O estudo do movimento planetário é feito no livro III dos Principia. Nesse livro,
desenvolve a ideia de que a força gravitacional é proporcional ao inverso de r 2 através da
análise das leis de Kepler. Além disso, afirma que a mesma força que faz a Lua girar em
torno da Terra, faz a maçã cair da árvore na Terra (é responsável pela queda dos corpos). E
mostrou também que todos os corpos caem de maneira idêntica, com a mesma aceleração, de
onde conclui que a força tem que ser proporcional à massa.
Nos meados do século XVIII ficou evidente que as três leis de Newton eram
suficientes para descrever o movimento de massas pontuais, mas não estava ainda claro como
essas leis poderiam ser aplicadas ao movimento de fluidos e corpos rígidos. Os sucessores de
Galileu, Huygens e Newton tiveram de participar de um trabalho coletivo para reunir as
ideias, antes apresentadas de forma desarticulada, em uma ciência ordenada da Mecânica.
Leonard Euler (1707 - 1783), por exemplo, foi o homem responsável por escrever as
leis de Newton na forma a qual conhecemos hoje. Resolvendo os problemas fundamentais da
mecânica newtoniana, usando a notação: Mdv = Fdt para escrever a lei da Dinâmica.
A Teoria Eletromagnética
E em seguida, uma forma de se armazenar eletricidade foi descoberta por Pieter Von
Musschenbrook (1692-1761), e foi chamada de "garrafa de Leyden". Graças às garrafas de
Leyden e aos geradores de eletricidade, as pesquisas em eletricidade e magnetismo
começaram a tomar um caráter mais axiomático e teórico do que hipotético, possibilitando
impulsos na parte experimental.
Foi o físico francês André Marie Ampère (1775-1836) quem começou a observar
relações entre eletricidade e magnetismo. Por exemplo, observou que havia uma atração entre
dois fios paralelos conduzindo corrente elétricas na mesma direção e repulsão em direções
opostas. À ciência que estudava cargas elétricas em movimento, ou seja, correntes, deu o
nome de eletrodinâmica. Além disso, também sugeriu que o magnetismo era consequência de
correntes fluindo no interior de corpos magnetizados. Por fim, em 1825 inventou um aparelho
que media correntes elétricas que chamou de galvanômetro.
Outro personagem importante da época foi Michael Faraday (1791-1867), por muitos
considerado o maior físico experimental de todos os tempos. Ele descobriu que o
deslocamento de um ímã próximo de um fio produzia uma corrente nesse fio, assim como
variando a corrente em um fio e o aproximando de outro, também produzia corrente neste
outro.
Além dessas experiências, muitas outras foram realizadas, mas no geral Faraday não
teve uma boa base educacional em matemática, e tinha dificuldades em formalizar
matematicamente suas idéias, foi aí que James Clerck Maxwell (1831-1879) teve extrema
importância.
Maxwell foi um matemático excelente, em sua vida colaborou para a ciência com
diversas contribuições em física e matemática, mas ficou mais conhecido pela sua
contribuição matemática para o eletromagnetismo. É importante ressaltar que ele reconheceu
que sem a intuição física de Faraday ele não teria desenvolvido sua teoria.
Além disso, ele escreveu livros sobre física e matemática, sendo um deles o livro:
Sobre a classificação matemática de quantidades físicas, onde introduziu o operador
rotacional, estudado em cálculo vetorial, e a ideia de corrente de deslocamento. Depois de
apresentar todas suas equações e relações entre elas, ele foi investigar se as propriedades que
constituem o campo eletromagnético são suficientes para explicar a propagação da luz através
da substância etérea de seu modelo, e assim concluiu que os resultados pareciam mostrar que
a luz e o magnetismo são efeitos de uma mesma substância, e que a luz é um distúrbio
eletromagnético propagando-se através do campo de acordo com leis eletromagnéticas.
A partir desses dois postulados são deduzidas muitas consequências importantes, que
são pouco intuitivas e que contrariam a física clássica, que era a física que existia até o final
do século XIX.
Um dos efeitos estudados por essa teoria é o da dilatação temporal. Essa dilatação
pode ser descrita pela situação em que, dados dois relógios, cujo funcionamento é igual
quando estão parados um em relação ao outro, um deles é colocado em movimento em
relação ao outro, o que faz com que seus períodos já não sejam mais iguais. Nessa situação,
cada um deles parecerá estar andando mais lentamente quando medido de um referencial
parado em relação ao outro.
Além disso, existe o fenômeno da contração dos comprimentos: se dois objetos têm o
mesmo tamanho quando estão parados um em relação ao outro, e um deles é colocado em
movimento em relação ao outro, seus comprimentos já não serão mais iguais. Cada um deles
parecerá mais curto quando medido de um referencial parado em relação ao outro; mas essa
diferença só afeta as dimensões paralelas ao movimento e não as perpendiculares.
● Aumento da massa com a velocidade: Se dois objetos têm a mesma massa quando
O Universo Geométrico
Deflexão da luz de uma estrela quando essa luz passa perto do Sol: Comparando a
posição aparente de uma estrela durante um eclipse com a sua posição real, podemos
determinar a deflexão sofrida pela luz. A teoria Newtoniana prediz um valor que é metade
daquele corretamente predito pela teoria de Einstein.
Pouco tempo depois, Einstein estendeu essa ideia para a quantização da própria
radiação eletromagnética, que consistiria em partículas de massa nula, os fótons, carregando
uma energia dada pela relação E= hν. Assim, ele explicou o efeito fotoelétrico, demonstrando
o caráter corpuscular da radiação.
Em 1924, o físico francês Louis de Broglie (1892 – 1987) propôs que o fenômeno
inverso que ocorria com a luz deveria ocorrer com partículas, isto é, uma onda deveria poder
ser associada a uma partícula em movimento. No ano seguinte, Erwin Schrödinger procurou,
após ler a tese de de Broglie, por uma equação que descrevesse tal onda. Quando finalmente
conseguiu, essa equação levou o seu nome e foi utilizada para encontrar um modelo correto
para a descrição do átomo de hidrogênio e o cálculo de seus níveis de energia, assim como foi
aplicada para o estudo da absorção e emissão de radiação por átomos e moléculas.
Existe, além disso, uma restrição na precisão com a qual pode-se conhecer a posição x
e o momento linear de uma partícula simultaneamente. A teoria quântica prevê que as
grandezas Δx e Δp devem satisfazer a relação:
x p h/4, essa relação é conhecida como princípio de incerteza de Heisenberg. E ela se justifica com a
Uma situação enigmática acontece, por exemplo, quando ψ indica que a partícula
pode ser encontrada em duas ou mais regiões distintas. Pode-se ter uma situação onde uma
partícula pode estar em A ou em B com igual probabilidade, mas quando é feita uma
observação do sistema, encontra-se sempre a partícula ou em A ou em B, nunca em uma
mistura de estados. Ao verificar que a partícula está em A, a “função de onda na região B” se
anula instantaneamente. Esse acontecimento recebe o nome de colapso da função de onda.
O spin é o momento angular intrínseco das partículas quânticas e pode ser relacionado
ao momento de dipolo magnético dessas partículas (que é uma grandeza indicativa de como
um magneto interage com um outro magneto ou com um campo magnético externo).
O spin de uma partícula pode assumir sempre dois valores, no caso dos elétrons,
prótons e nêutrons esses valores são +1/2 e -1/2, o que os caracteriza como férmions. O fóton,
diferentemente, é uma partícula classificada como bóson, porque o seu spin assume sempre
os valores +1 ou -1. Esses estados de spin recebem a notação mais simples de |+› e |-›.
Entretanto, em 1974, John Bell derrubou essa visão após uma série de experimentos
com uma fonte que emite duas partículas de cada vez, sendo que elas seguiam sentidos
opostos, cada uma na direção de um magneto. Nesse experimento, ele observou que o
comportamento de uma partícula em um dos magnetos parecia ser influenciado
instantaneamente pela medida feita no outro.
Não há nenhum mecanismo que descreva corretamente esse resultado e outros que se
seguiram sem considerar a ação à distância. Assim, no mundo quântico não se pode descartar
que o comportamento de uma das duas partículas que se originaram da mesma fonte é uma
influência causal no comportamento da outra.
A mecânica quântica, como qualquer outra teoria da física, tem duas componentes:
um formalismo e uma interpretação. O formalismo se refere às equações e regras de cálculo
que se mostram empiricamente adequadas. A interpretação é aquilo que a teoria nos diz sobre
o Universo físico. Pode haver duas ou mais interpretações radicalmente diferentes
correspondendo a um mesmo formalismo.
Como o mundo quântico é regido por regras peculiares que frustram a nossa tentativa
de visualização, existe certa dificuldade em aceitar a mecânica quântica como ela realmente
é. Uma dificuldade que pode ser devida a pressuposições fortemente enraizadas em nossa
mente e linguagem e que afetam o nosso modo de pensar. Assim, além da interpretação de
Copenhague, uma série de outras interpretações já foram propostas a fim de diminuir essa
dificuldade de aceitação.
Além das citadas acima, existem uma série de outras interpretações, a grande questão
é que, qualquer que seja a interpretação, ela deve fornecer uma conexão entre a matemática
do formalismo e o mundo físico.
Referência Bibliográfica
Evolução das Idéias da Física, de Pires, Antonio Sergio Teixeira - 2011 - Edição 2