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CEPMG – UNIDADE FORMOSA – DOMINGOS DE OLIVEIRA

Professor: Nayana Souza Disciplina: Física

Série: 1ª série Turma: A, B, C, D, E, F, G


Aluno (a): ____________________________________________________ N°: ___

Gravitação Universal

A ciência como conhecemos atualmente começa a ser desenhada a partir da Revolução


Científica (XVI – XVIII), período em que ocorre a passagem da visão de mundo escolástica-
aristotélica para a visão de mundo mecanicista. Durante a Revolução Científica ocorre uma
superação da física e da metafísica do Aristóteles, que antes desse período era conhecida como
filosofia natural. Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) foi o primeiro a descrever um sistema completo
da física e os seus trabalhos influenciaram por cerca de dois milênios.
Apesar de destacar o Aristóteles, não podemos esquecer da importância dos pré-socráticos
e de Platão para o desenvolvimento da física aristotélica, que se destacou pela mudança de postura
metodológica, privilegiando a observação empírica em detrimento da matemática. Na física de
Aristóteles tudo que está presente no planeta Terra é uma mistura de quatro elementos básicos:
terra, água, fogo e ar. Para ele era impossível haver um movimento eterno na Terra, em
contrapartida o movimento dos planetas era eterno. Sendo assim, Aristóteles precisou dividir o
universo em dois mundos: o sublunar (dos corpos terrestres) e o supralunar (corpos celestes).
Segue abaixo os elementos e as qualidades aristotélicas para o mundo sublunar.

No mundo sublunar existiam dois tipos de movimento: naturais e violentos. Sendo:


- O Movimento violento um resultado da ação por contato do corpo que move sobre o corpo
que é movido. Como exemplo podemos pensar em um garoto que chuta uma bola, nesse caso o
garoto é o ser que move através do chute a bola (ser movido).
- O Movimento natural é uma expressão mais pura da natureza daquele ser, quando se trata
de seres inanimados é a busca pelo seu lugar natural. Segundo Aristóteles, todo movimento natural
acontecia em linha reta e era finito.
Com relação ao mundo supralunar, ele afirmou que o movimento dos corpos celestes era
eterno e parecia retornar sempre ao mesmo lugar, o que fez com que Aristóteles assumisse uma
órbita circular, que representava a simplicidade, imutabilidade e eternidade (elemento platônico).
Para garantir essas características ao mundo supralunar ele adotou a quinta essência, o éter, como
o elemento que propiciaria o movimento dos corpos celestes. Aristóteles foi o primeiro a apresentar
a esfericidade da Terra, que segundo sua teoria seria estacionária e estaria no centro do Universo.
Embora houvesse indícios do formato arredondado da Terra, foi Erastóstenes (por volta de
200 a.C.) o responsável por calcular o seu raio, possível devido as suas observações. Ele percebeu
que os raios solares em Alexandria e Siena (atual Assuã) tinham diferentes inclinações com a
vertical no mesmo horário, sendo o ângulo entre eles igual a 7,2º. Com essa descoberta e
conhecendo a distância entre as cidades, Erastóstenes conseguiu medir o raio da Terra e encontrou
o valor correspondente a 6400 km. Hoje sabemos que a Terra não é perfeitamente esférica e que
o seu raio, na verdade, é de 6371 km.

Há 2 mil anos atrás, alguns gregos acreditavam que o Universo estava rotacionando em torno
da Terra, em oposição a essa visão, Aristarco (310 a.C. – 230 a.C.) afirmou que o mais provável
seria a Terra estar em rotação. Foi a defesa do sistema heliocêntrico que deu mais destaque a
Aristarco de Samos. Porém este astrónomo grego também defendeu a ideia de que as estrelas
eram corpos celestes do mesmo tipo do nosso Sol. Para além de tudo isso, Aristarco de Samos
também realizou estudos com vista a determinar as dimensões e as distâncias do Sol e da Lua.
Apesar dos valores a que chegou estarem longe dos valores reais, este estudo do astrónomo grego
possuiu os seus méritos, pois a forma de calcular estava correta, o problema estava nos
instrumentos utilizados que não permitiam medições muito precisas.
As ideias de Aristóteles e dos gregos antigos ganharam notoriedade na Europa após as
expedições cruzadas (Idade Média), pois com a retomada das relações com o Oriente Médio houve
o resgate dos conhecimentos da Antiguidade Grega, que posteriormente foram absorvidos pela
sociedade europeia. Durante esse período a Igreja Católica era responsável pela manutenção e
desenvolvimento da ciência, adotando uma visão de mundo geocêntrica (Terra no centro)
desenvolvida pelo Cláudio Ptolomeu (150 d. C.). Após adequar os estudos do Aristóteles para a
doutrina cristã há a adoção de um saber escolástico-aristotélico.
Os trabalhos de Nicolau Copérnico, Galileu Galilei e Johannes Kepler trouxeram elementos
para a teoria heliocêntrica que fizeram com ela explicasse aos fenômenos melhor que a teoria
geocêntrica. Nicolau Copérnico é considerado o marco inicial da Revolução Científica, que teve o
seu ápice com o desenvolvimento da mecânica por Isaac Newton. Na sua obra Revolução das
Esferas Celestes (1543), Copérnico propôs um novo modelo, o heliocêntrico, nela ele buscou
resolver os problemas da teoria geocêntrica de Ptolomeu, que utilizava vários recursos ad hoc para
salvar os fenômenos cosmológicos. Mesmo conseguindo solucionar alguns desses problemas
cosmológicos através de uma teoria mais simples e sofisticada, o trabalho de Copérnico tinha
muitas semelhanças com o sistema ptolomaico e ele não era tão bom quantitativamente, o que fez
com que a teoria de Copérnico não fosse aceita pelos astrônomos que preferiram manter as suas
raízes ontológicas, utilizando a teoria heliocêntrica apenas de forma instrumental para salvar os
fenômenos.
Em contrapartida aos físicos da época, Giordano Bruno, Johannes Kepler e Galileu Galilei não
aceitaram uma postura instrumentalista do sistema heliocêntrico de Copérnico. Giordano Bruno
acreditava que o Universo era infinito e não tinha um centro devido a sua descrição atomista do
Cosmo. Já o Kepler acreditava num Universo finito, devido a sua crença mitológica-filosófica de
natureza cristã e platônica, que o fez buscar um modelo simples e organizado dos movimentos
celestes. Através das observações de Tycho Brahe e de sua metafísica (não muito diferente de
Copérnico), Kepler desenvolveu as suas leis dos movimentos planetários, onde ele retirou o modelo
das esferas cristalinas e percebeu que o movimento dos corpos celestes não era circular e sim uma
elipse em torno do sol. Kepler conseguiu substituir uma astronomia de natureza estritamente
matemática por uma mecanização do mundo celeste, ele é o primeiro a unificar leis que regem os
movimentos terrestres e os celestes.
Embora Kepler e Galileu tenham seguidos caminhos diferentes, ambos tinham objetivos
semelhantes como a utilização da matemática para descrever os fenômenos e a experimentação
quantitativa como a base para o desenvolvimento de teorias, ou seja, não poderia haver
construções teóricas que não fossem coerentes com a realidade. Uma grande diferença entre
ambos é que Galileu abandonou toda as concepções do sistema ptolemaico e da física aristotélica
para desenvolver o processo de matematização do mundo terrestre. Um elemento que marcou
esse abandono foi a incompatibilidade entre o movimento na física aristotélica, que era provocado
por uma força atuante no objeto, enquanto Galileu defendeu a ideia da inércia, que um corpo tende
a ficar em repouso se estiver parado ou em movimento se estiver em movimento, contudo Galileu
não utilizou corretamente o conceito de inércia e a sua visão não é a que temos atualmente, esse
conceito só foi ser estruturado por Isaac Newton. Galileu também foi responsável por aprimorar e
desenvolver vários instrumentos devido à sua defesa pelo desenvolvimento de experimentos. Com
isso podemos observar que embora o ápice da Revolução Científica tenha acontecido com Newton,
fica evidente que Galileu é peça chave nesse processo e ele é responsável por iniciar o método
científico no desenvolvimento de teorias científicas.
Nós falamos nas aulas anteriores sobre as três leis descritas por Newton, hoje nós falaremos
sobre a Teoria da Gravitação Universal, desenvolvida nos mesmos moldes mecanicistas e dos
axiomas das suas três leis. Com essa teoria, Newton consolidou a teoria heliocêntrica, para
entender a Teoria da Gravitação Universal de Newton, faremos um resumo sobre as três leis
planetárias do Kepler.

Leis de Kepler

1. Primeira lei de Kepler ou lei das órbitas: as órbitas descritas pelos planetas são
elipses, onde o Sol ocupa um dos focos.

2. Segunda lei de Kepler ou lei das áreas: A velocidade dos planetas varia ao longo
de sua órbita, de modo que a linha imaginária que une os planetas ao Sol cubra áreas iguais
em intervalos de tempos iguais. Algebricamente:

𝐴1 𝐴2 𝐴3
= =
∆𝑡1 ∆𝑡2 ∆𝑡3

3. Terceira lei de Kepler ou lei dos períodos: Os quadrados dos períodos de revolução
dos planetas estão na mesma relação que os cubos das respectivas distâncias do Sol:
𝑻𝟐
= 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆
𝑹𝟑

Força Gravitacional

Com base nos seus predecessores, Newton deu um grande salto usando elementos
quantitativos e conceituais; para desenvolver a sua Teoria da Gravitação Universal, Newton utilizou
um conceito inovador, a “força à distância”. Então ele disse que havia uma força atrativa mútua
entre corpos que possuem massas. Sendo assim, a formulação matemática descrita por Newton
diz que essa força gravitacional (𝑭𝒈 ) é proporcional às massas dos corpos (𝑀 e 𝑚) e inversamente
proporcional ao quadrado da distância (d) entre elas:
𝐺. 𝑀. 𝑚
𝐹𝑔 =
𝑑²
Em que 𝑴 é a massa de um corpo, 𝒎 é a massa do outro corpo, 𝒅 é a distância entre os
𝑵.𝒎²
corpos, medida a partir de seus centros, e 𝑮 é uma constante universal que vale 𝟔, 𝟔𝟕. 𝟏𝟎−𝟏𝟏 .
𝒌𝒈²

Podemos observar que a força gravitacional atua como um par ação e reação (como descrito
na terceira lei de Newton) e ela atua a distâncias muito grandes. Essa força ocorre em todos os
corpos que têm massa, não estando restrita a planeta, estrelas e satélites. Segundo Newton, uma
pessoa é atraída por todos os objetos à sua volta.
A força gravitacional é exercida à distância, como nós estudamos, interações à distância é
mediada por campos, nesse caso o Campo Gravitacional. Toda massa gera um campo
gravitacional ao seu redor.
Nós estudamos anteriormente a força peso, uma força de natureza gravitacional, dada por:
𝑷 = 𝒎. 𝒈
Acabamos de ver que a força gravitacional é dada por:
𝑮. 𝑴. 𝒎
𝑭𝒈 =
𝒅²
Então, considerando que:
𝑭𝒈 = 𝑷
Assumindo que d = r, Teremos que:
𝐺. 𝑀. 𝑚
= 𝑚. 𝑔
𝑟²
𝑮. 𝑴
𝒈=
𝒓²
Assim, definimos o campo gravitacional como um vetor que aponta para o centro do planeta
e cuja intensidade diminui com o quadrado da distância.

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