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FÍSICA FRENTE B

Antônio Máximo
Beatriz Alvarenga
Carla Guimarães

MECÂNICA CELESTE
1 Gravitação universal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4
As leis de Kepler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5
A lei da gravitação universal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 FRENTE B
Evolução das estrelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
Movimento de satélites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
A atração da Terra está dirigida para o centro . . . . . . . .21
FÍSICA

Variações da aceleração da gravidade. . . . . . . . . . . . . .23


Peso aparente de um corpo no equador . . . . . . . . . . . .25
Revisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2117096 (AL)

Mecânica celeste
MÓDULO
Mecânica celeste

Pilares de poeira dentro da Nebulosa de Carina,


uma das regiões de formação estelar mais próximas de
nós (há 7 500 anos-luz da Terra). A foto foi tirada pelo
telescópio Hubble, da Nasa, em seu vigésimo aniversário
(2010).
SPL DC/LATINSTOCK
REFLETINDO SOBRE A IMAGEM
Os cosmos sempre fascinaram a humanidade. Antes do telescópio, o Uni-
verso era só o que se via a olho nu. Assim, deduzia-se que a Terra estava
parada e tudo no céu – Sol, Lua, planetas e estrelas giravam em torno dela.
No século XVI, o astrônomo polonês Copérnico fez uma proposta radical
para a época: a Terra não era o centro do Universo.
Mas é difícil compreender a vastidão de um Universo com quase 14 bi-
lhões de anos de idade quando nós, seres humanos, vivemos no máximo
1 século. Só há 30 mil anos foi que a humanidade desenvolveu a Astro-
nomia: nossa sobrevivência dependia de nossa habilidade em lermos as
estrelas, para predizermos a chegada do inverno, o período certo para o
plantio e a colheita, e a migração de manadas selvagens. E só há 6 mil
anos inventamos algo muito importante para registrarmos tudo aquilo
que acontecia a nossa volta, como também ideias para passarmos às futu-
ras gerações: a escrita. Assim, considerando que a humanidade moderna
surgiu há 200 mil anos, nosso registro sobre os céus é algo recente.
Posteriormente, o desenvolvimento da ciência e de suas tecnologias aju-
dou a desvendar as leis que regem a natureza e os cosmos. Como se dá o
movimento dos corpos celestes? Como se forma uma estrela? Por que a
Lua não cai na Terra?
NASA

Telescópios como o Hubble, projetados para monitorar as estrelas distantes, não


conseguem acompanhar um objeto na Terra. O menor tempo de exposição em
qualquer um dos instrumentos de fotografia do Hubble é de 0,1 segundos, e neste
tempo o satélite artificial se move a cerca de 700 metros, ou quase meio kilometro.
Assim, uma imagem que o Hubble tirasse da Terra seria toda riscada. Os astronautas
usam câmeras de mão para fotografar a Terra desde 1960. A partir de 1995, câmeras
digitais passaram a ser utilizadas, com lentes de 400 mm que podem tirar fotos a
uma distância de 250 km.

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CAPÍTULO

1 Gravitação universal

Veja, no Guia do Professor, o quadro de competências e habilidades desenvolvidas neste módulo.

Objetivos: Para analisar o movimento de um objeto em uma trajetória curvilínea, é preciso entender as leis
e os conceitos envolvidos nesses movimentos.
c Confrontar os modelos
A lei da gravitação universal estabelecida por Newton permitiu compreender a formação
de Universo.
das marés nos oceanos e os movimentos dos planetas e outros corpos celestes, além dos saté-
c Reconhecer e aplicar lites artificiais.
as leis de Kepler.

NASA
c Utilizar os conceitos
estudados na
gravitação universal
para resolver
problemas.

Imagem da Estação Espacial Internacional, em órbita, mostrando o horizonte terrestre e a escuridão do espaço.
O conhecimento da lei da gravitação universal possibilitou a montagem em órbita da estação espacial.

INTRODUÇÃO
A Astronomia é a mais antiga das ciências. A quantidade e a precisão dos dados astronômi-
cos, obtidos desde épocas remotas, são realmente surpreendentes. Isso se deve, provavelmente, à
influência que os fenômenos celestes exerciam sobre a vida dos povos antigos. A necessidade de
estabelecer as épocas ideais de plantio e de colheita e sua relação com as posições do Sol, da Lua e
das estrelas levaram os astrônomos da Antiguidade a coletar um grande número de dados sobre os
movimentos desses astros.

O modelo dos gregos


As primeiras tentativas para explicar o movimento dos corpos celestes são dos gregos, no século
IV a.C. Na tentativa de entender os movimentos desses corpos, alguns pensadores gregos propuseram
modelos. Em um deles, por exemplo, a Terra situaria-se no centro do Universo (teoria geocêntrica),
e os planetas, o Sol, a Lua e as estrelas estariam incrustados em esferas que girariam em torno da
Terra. Em outro, os planetas Vênus e Mercúrio orbitariam em torno do Sol, e este em torno da Terra.

4 Mecânica celeste
O sistema de Ptolomeu
Quem conseguiu aperfeiçoar as teorias geocêntricas propos-

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA


tas anteriormente pelos gregos foi o astrônomo Cláudio Ptolo-
meu, que viveu em Alexandria, no século II d.C. Ele supunha que
os planetas se moviam em círculos, cujos centros giravam em tor-
no da Terra (fig. 1). Com seu modelo, foi possível des crever, com
precisão considerável, os movimentos dos corpos no céu.
Em virtude das boas previsões feitas com o sistema de Ptolo-
meu, e como sua teoria se adaptava muito bem à filosofia religio-
sa da Idade Média por supor a Terra no centro do Universo, essas
Terra
ideias perduraram durante quase 13 séculos. Entretanto, as suces-
sivas modificações intro du zidas nesse modelo, para adaptá-lo às
Júpiter
obser vações que foram se acumulando durante esse longo perío- Lua
do, acabaram por tornar esse sistema também muito complicado. Marte

O sistema heliocêntrico de Copérnico Mercúrio


Vênus
O astrônomo polonês Nicolau Copérnico, no século XVI, Sol
Saturno
apresentou um modelo mais simples para substituir o sistema de
Ptolomeu. Sendo um homem de profunda fé religiosa, Copérnico
acreditava que “o Universo deveria ser mais simples, pois Deus não
faria um mundo tão complicado quanto o de Ptolomeu”.
No modelo de Copérnico, o Sol estaria em repouso e os pla-
netas, até mesmo a Terra, girariam em torno dele em órbitas circulares (teoria heliocêntrica). Essa Fig. 1 – Diagrama simplificado do sistema
geocêntrico proposto por Ptolomeu.
ideia já havia sido proposta cerca de 2000 anos antes por Aristarco de Samos (310-230 a.C.), da
Grécia antiga.
Com sua teoria heliocêntrica, Copérnico conseguia uma descrição dos movimentos dos cor-
pos celestes tão satisfatória quanto aquela obtida pelo sistema de Ptolomeu, com a vantagem de
Portal
ser um modelo bem mais simples do que o geocêntrico. SESI
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Entretanto, um sistema em que o Sol era considerado imóvel e a Terra passava a ser um plane-
ta em movimento, como qualquer outro, era fundamentalmente contra a filosofia aristotélica e as
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convicções religiosas da época. Em virtude disso, Copérnico relutou muito em publicar suas ideias. Sistema Solar.
O livro no qual Copérnico apresentava sua teoria causou grandes polêmicas e foi inserido na
lista dos livros proibidos pela Igreja (o Index).

AS LEIS DE KEPLER
As contribuições de Kepler para o heliocentrismo
Alguns anos após a morte de Copérnico, o astrônomo dinamarquês Tycho Brahe começou
a desenvolver um importante trabalho, a fim de obter medidas mais precisas das posições dos
corpos celestes.
Em seu obser vatório, muito bem equipado para a época, Tycho Brahe fez, durante cerca de
20 anos, rigorosas obser vações dos movimentos planetários, verificando que o sistema de Co-
pérnico não se adaptava satisfatoriamente a essas obser vações.
Os dados colhidos por Tycho Brahe, cuidadosamente tabelados, constituíram a base do FRENTE B

trabalho que foi desenvolvido, após sua morte, por seu dis cípulo, o astrônomo alemão Johannes
Kepler (1571-1630). Entusiasmado pela simplicidade do sistema de Copérnico, Kepler acreditava
que seria possível fazer alguma correção nesse modelo, ajustando-o aos movimentos realmente
FÍSICA

obser vados dos corpos celestes. Desenvolveu seu trabalho durante cerca de 17 anos analisando
cuidadosamente e com muita habilidade matemática a grande quantidade de dados coletados
por Tycho Brahe, conseguindo reestruturar e aprimorar o modelo de Copérnico ao reafirmar o
modelo heliocêntrico, que teria mais tarde contribuições de Newton.

Mecânica celeste 5
BIOGRAFIA
Primeira lei de Kepler
Os estudos de Kepler o levaram a concluir que, realmente, os planetas se movem em torno
As observações de Johannes do Sol, mas suas órbitas são elípticas e não circulares, como supunha Copérnico. Além disso, Kepler
Kepler (1571-1630) levaram-no
verificou que o Sol está em um dos focos da elipse (fig. 2):
a descobrir a força que mantém
os planetas em suas órbitas e ao
redor do Sol. Planeta
Semieixo
Em 1609, ele publicou uma de menor
suas obras mais importantes: As-
tronomia nova (Uma nova Astro-
nomia), resultado de suas obser- Periélio Afélio
Semieixo maior
vações do planeta Marte e dos Sol
estudos a partir dos trabalhos
de Tycho Brahe, na qual conclui
que os movimentos dos corpos
celestes são elípticos, e não cir-
culares, como se acreditava até Fig. 2 – A órbita de um planeta em torno do Sol é uma
então. elipse. O Sol situa-se em um dos focos da elipse.
Muitas das ideias elaboradas por
Kepler demoraram anos para se-
rem compreendidas. Entre elas, a
observação de que a velocidade
Primeira lei de Kepler
de um astro aumenta em relação Qualquer planeta gira em torno do Sol descrevendo uma órbita elíptica na qual o Sol
direta à proximidade de seu pon- ocupa um dos focos.
to de atração, comportamento
elucidado posteriormente pela
lei da gravitação universal, de
Newton. Observe que a órbita de um planeta não é uma elipse tão alongada como sugere a figura 2.
Na realidade, as órbitas pouco diferem de uma circunferência, o que pode ser percebido na
Kepler realizou um trabalho pio-
neiro, além de ousado, levando-se tabela 1, quando se compara os valores do semieixo maior com o semieixo menor. Kepler con-
em conta o período de intolerân- seguiu descobrir que as órbitas são elipses devido às cuidadosas observações astronômicas rea-
cia religiosa vigente. lizadas por Tycho Brahe.
WERNER OTTO/ALAMY/GLOW IMAGES

Tabela 1
Período de Raio médio da T2 Semieixo Semieixo
Planeta revolução (T) órbita (r) r3 maior menor
(em anos) (em UA)* (ano)2/(UA)3 (em UA)* (em UA)*
Mercúrio 0,241 0,387 1,002 0,39 0,38
Vênus 0,615 0,72 1,000 0,72 0,72
Terra 1 1 1 1 1,00
Marte 1,881 1,52 0,999 1,52 1,51
Júpiter 11,86 5,20 0,997 5,20 5,19
Saturno 29,6 9,58 0,996 9,6 9,5
Urano 83,7 19,14 1,000 19,2 19,1
Netuno 165,4 30,2 0,998 30,2 30,1
Plutão** 248 39,4 1,004 39,6 38,3
(*) 1 UA = 1 unidade astronômica = raio da órbita da Terra (1,495 ? 10 cm).
13

(**) Em de agosto de 2006, Plutão passou a ser considerado um planeta anão.


FONTE: LUCAS, C. S.; Soares, V. “Uma abordagem alternativa para as leis de Kepler no Ensino Médio”. XVII Simpósio Nacional de
Ensino de Física. Disponível em: ,www.cienciamao.usp.br/dados/snef/_umaabordagemalternativap_2.trabalho.pdf.. Acesso em: 29
ago. 2014. Adapatado.

6 Mecânica celeste
Segunda lei de Kepler
Preocupando-se com a velocidade dos planetas, Kepler verificou que eles se movem mais rapi-
damente quando mais próximos do Sol e mais lentamente quando mais afastados dele. Na figura 3,
por exemplo, o planeta desenvolve maior velocidade entre A e B do que entre C e D.
Enquanto o planeta se desloca de A para B, a reta que une o planeta ao Sol “varre” a área A1.
Ao se deslocar de C para D, essa reta “varre” a área A2 (fig. 3). Kepler verificou que, se o tempo que
o planeta gasta para ir de A até B for igual ao tempo necessário para ir de C até D, as áreas A1 e A2
serão iguais. Com base nesse princípio, formulou sua segunda lei.

Segunda lei de Kepler


A reta que une um planeta ao Sol “varre” áreas iguais em tempos iguais.

Planeta
A

D
A1 A
A22
C
B

Fig. 3 – A velocidade de um
planeta é maior quando ele
está mais próximo do Sol.

Terceira lei de Kepler


Dando continuidade ao estudo das medidas realizadas por Tycho Brahe, Kepler procurou esta-
belecer relações entre os períodos de revolução dos planetas e os raios de suas órbitas. Para simpli-
ficar esse estudo, as órbitas dos planetas serão consideradas circulares. Após cerca de dez anos de
tentativas, Kepler descobriu uma relação, sintetizada em sua terceira lei.
Para entender melhor essa lei, analisemos a tabela 1. Na segunda coluna, vemos que os perío-
dos de revolução dos planetas, em torno do Sol, são diferentes uns dos outros. O mesmo acontece
com os raios médios de suas órbitas (distâncias dos planetas ao Sol), apresentados na terceira coluna
da tabela 1. Entretanto, pela quarta coluna, percebemos que, se elevarmos à 2a potência o período
2
de revolução de cada planeta (T2) e dividirmos pelo cubo do raio de sua órbita (r3), o quociente T3
r
terá o mesmo valor para qualquer um deles. As pequenas diferenças observadas na quarta coluna
da tabela 1 são plenamente justificadas por erros experimentais. Esse resultado, que é o conteúdo
da terceira lei de Kepler, pode ser expresso matematicamente por:

T2
5K
r3

em que K é uma constante para todos os planetas que orbitam em torno de um mesmo astro.
Dessa relação, tiramos T2 5 Kr3, isto é, T2 ~ r3. Podemos, assim, enunciar a terceira lei de Kepler:

Terceira lei de Kepler


FRENTE B
Os quadrados dos períodos de revolução dos planetas são proporcionais aos cubos dos
raios de suas órbitas.
FÍSICA

Com o trabalho de Kepler, as leis básicas do movimento dos planetas haviam sido descobertas
e as bases da Mecânica Celeste estavam lançadas. Entretanto, o que Kepler fez foi descrever esse
movimento sem se preocupar com suas causas. Em outras palavras, as leis de Kepler constituem a
Cinemática do movimento planetário.

Mecânica celeste 7
1. Os gregos estabeleceram um modelo no
qual a Terra situava-se no centro do Univer-
so (teoria geocêntrica), e os planetas, o Sol,
a Lua e as estrelas estariam incrustados
em esferas que giravam em torno da Terra.
PARA CONSTRUIR

1 (Udesc) Analise as proposições abaixo sobre as principais ca- 3 a) O que é um sistema heliocêntrico?
racterísticas dos modelos de sistemas astronômicos.
É aquele que tem o Sol como centro (em grego, hélios = Sol).
I. Sistema dos gregos: a Terra, os planetas, o Sol e as estrelas es-
tavam incrustados em esferas que giravam em torno da Lua.
II. Ptolomeu supunha que a Terra encontrava-se no centro
do Universo; e os planetas moviam-se em círculos, cujos b) Qual foi a razão alegada por Copérnico para apresentar
centros giravam em torno da Terra. seu modelo em substituição ao de Ptolomeu?
III. Copérnico defendia a ideia de que o Sol estava em repou- Para Copérnico, o Universo, sendo obra de Deus, não seria tão
so no centro do sistema e que os planetas (inclusive a Ter-
complicado como o proposto por Ptolomeu.
ra) giravam em torno dele em órbitas circulares.
IV. Kepler defendia a ideia de que os planetas giravam em
torno do Sol, descrevendo trajetórias elípticas, e o Sol es-
tava situado em um dos focos dessas elipses.
c) Por que as ideias de Copérnico não foram bem-aceitas na
Assinale a alternativa correta. c
época?
a) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.
Porque contrariavam a filosofia de Aristóteles (cujas ideias eram
b) Somente a afirmativa II é verdadeira.
c) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras. completamente aceitas e respeitadas no mundo ocidental) e
d) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras. não estavam de acordo com as convicções religiosas da época.
e) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.

2 (Enem) Na linha de uma tradição antiga, o astrônomo grego


Ptolomeu (100-170 d.C.) afirmou a tese do geocentrismo, se-
4 (Enem) O texto foi extraído da peça Troilo e Créssida, de Wil-
gundo a qual a Terra seria o centro do Universo, sendo que
liam Shakespeare, escrita, provavelmente, em 1601.
o Sol, a Lua e os planetas girariam em seu redor em órbitas
circulares. A teoria de Ptolomeu resolvia de modo razoável Os próprios céus, os planetas, e este centro reconhe-
os problemas astronômicos da sua época. Vários séculos cem graus, prioridade, classe, constância, marcha, distân-
mais tarde, o clérigo e astrônomo polonês Nicolau Copér- cia, estação, forma, função e regularidade, sempre iguais;
nico (1473-1543), ao encontrar inexatidões na teoria de Pto- eis porque o glorioso astro Sol está em nobre eminência
lomeu, formulou a teoria do heliocentrismo, segundo a qual
entronizado e centralizado no meio dos outros, e o seu
olhar benfazejo corrige os maus aspectos dos planetas mal-
o Sol deveria ser considerado o centro do Universo, com a
fazejos, e, qual rei que comanda, ordena sem entraves aos
Terra, a Lua e os planetas girando circularmente em torno
bons e aos maus. (personagem Ulysses, Ato I, cena III).
dele. Por fim, o astrônomo e matemático alemão Johannes
SHAKESPEARE, W. Troilo e Créssida. Porto: Lello & Irmão, 1948.
Kepler (1571-1630), depois de estudar o planeta Marte por
cerca de trinta anos, verificou que a sua órbita é elíptica. Esse A descrição feita pelo dramaturgo renascentista inglês se
resultado generalizou-se para os demais planetas. aproxima da teoria: c
a) geocêntrica do grego Claudius Ptolomeu.
A respeito dos estudiosos citados no texto, é correto afirmar b) da reflexão da luz do árabe Alhazen.
que e c) heliocêntrica do polonês Nicolau Copérnico.
a) Ptolomeu apresentou as ideias mais valiosas, por serem d) da rotação terrestre do italiano Galileu Galilei.
mais antigas e tradicionais. e) da gravitação universal do inglês Isaac Newton.
b) Copérnico desenvolveu a teoria do heliocentrismo inspi-
rado no contexto político do Rei Sol. (Unicamp-SP) Texto para as questões 5 e 6
c) Copérnico viveu em uma época em que a pesquisa cientí- Em setembro de 2010, Júpiter atingiu a menor distância da
fica era livre e amplamente incentivada pelas autoridades. Terra em muitos anos. As figuras a seguir ilustram a situa-
d) Kepler estudou o planeta Marte para atender às necessi- ção   de maior afastamento e a de maior aproximação dos
dades de expansão econômica e científica da Alemanha. planetas, considerando que suas órbitas são circulares, que o
e) Kepler apresentou uma teoria científica que, graças aos raio da órbita terrestre (RT ) mede 1,5 ? 1011m e que o raio da
métodos aplicados, pôde ser testada e generalizada. órbita de Júpiter (RJ ) equivale a 7,5 ? 1011m.
4. Shakespeare faz referência às ideias heliocêntricas de Copérnico.
A confirmação de que a teoria empregada é a de Copérnico (a Terra gira
ao redor do Sol) encontra-se no trecho: “porque o glorioso astro Sol está
8 Mecânica celeste em nobre eminência entronizado e centralizado no meio dos outros”.
Maior afastamento Maior aproximação 8 a) Suponha que tenha sido descoberto um pequeno pla-
neta X, cuja distância ao Sol fosse r 5 9,0 UA. Usando a
terceira lei de Kepler, determine qual seria o período de
Júpiter Sol
Terra Júpiter Sol revolução desse planeta. 2
RJ RT
T
Terra Pela terceira lei de Kepler, devemos ter5 K. Medindo T em
r3
anos e r em UA, sabemos que K 5 1. Então, como r 5 9,0 UA,
T2 T2
vem: 5 K ou 5 1 [ T 5 27 anos.
r 3
9,03
5 De acordo com a terceira lei de Kepler, o período de revolu-
b) Seria possível, com os dados fornecidos em (a), determi-
ção e o raio da órbita desses planetas em torno do Sol obe-
2 3 nar o período de rotação do planeta X?
 T  R 
decem à relação  J  5  J  , em que TJ e T T são os pe- Não, pois o período de rotação de um planeta não tem nenhuma
 TT   R T 
relação com seu período de revolução ou com sua distância ao Sol.
ríodos de Júpiter e da Terra, respectivamente. Considerando
as órbitas circulares representadas na figura, o valor de TJ em
c) Verifique, na tabela 1, entre quais planetas estaria localizada
anos terrestres é mais próximo de c
a órbita do planeta X.
a) 0,1 Considerando que o período de revolução da Terra é de 1 ano,
Como a distância do planeta ao Sol é r 5 9,0 UA, a tabela 1 mostra-
5 segundo a 3 lei de Kepler temos:
a
b)
c)
2 3
12  TJ   RJ   TJ  2  7,5 ? 1011 
3
-nos que sua órbita está localizada entre a de Júpiter e a de Saturno.
5 ⇒   5 ⇒ TJ 5 11,2 ⇒ T . 12 anos
d) 125  TT   RT   1   1,5 ? 1011  (observe que isso também ocorre com o período do planeta X).
9 (UFPE) Um planeta realiza uma órbita elíptica com uma estre-
6 Quando o segmento de reta que liga Júpiter ao Sol faz um la em um dos focos. Em dois meses, o segmento de reta que
ângulo de 120º com o segmento de reta que liga a Terra ao liga a estrela ao planeta varre uma área A no plano de órbita
Sol, a distância entre os dois planetas é de d do planeta. Em 32 meses, tal segmento varre uma área igual
a) d 5 R2J 1R2T 2R J ? R T 3 c) d 5 R2J 1R2T 2R J ? R T a aA. Qual o valor de a?
Pela 2a lei de Kepler, a reta que une um planeta ao Sol “varre”
b) d 5 R2J 1R2T 1R J ? R T 3 d) d 5 R2J 1R2T 1R J ? R T áreas iguais em tempos iguais. Logo, por regra de 3, a 5 16.

Terra Terra
120°
Júpiter d
RT
RT 10 (ITA-SP) Considere dois satélites artificiais S e T em torno da
RJ 120°
Sol Júpiter
RJ Sol
Terra. S descreve uma órbita elíptica com semieixo maior a,
e T, uma órbita circular de raio a, com os respectivos vetores
posição rS& e rT& com origem no centro da Terra. É correto afir-
mar que: c
A partir da lei dos cossenos, a distância entre Júpiter e a Terra é a) para o mesmo intervalo de tempo, a área varrida por rS& é
2 2 2
d 5 R 1 R 2 2 ? RJ ? RT ? cos 120° igual à varrida por rT& .
b) para o mesmo intervalo de tempo, a área varrida por rS& é
J T

 1
d2 5 R2J 1 R2T 2 2 ? RJ ? RT ?  2 
 2 maior que a varrida por rT& .
d 5 R2J 1 R2T 1 RJ ? RT c) o período de translação de S é igual ao de T.
d) o período de translação de S é maior que o de T.
7 Seria possível existir um planeta a uma distância r 5 10 UA do e) se S e T têm a mesma massa, então a energia mecânica de
Sol com período T 5 10 anos? Por quê? S é maior que a de T.
TS2 TT2
Não, pois teríamos para esse planeta: Pela 3a lei de Kepler, 5 3 . Logo, os períodos de S e T são iguais.
FRENTE B
a3 a
T 2 (10 anos)2 (ano)2
3
5 3
5 0,10 . Um planeta nessas condições não po-
r (10 UA) (UA)3
deria existir, pois os dados referentes a ele estão em desacordo com
T2
a terceira lei de Kepler. O valor de 3 para esse planeta é diferente
FÍSICA

r
T2
do valor de 3 dos planetas conhecidos.
r

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 a 8 Para aprimorar: 1 a 4

Mecânica celeste 9
Planeta A LEI DA GRAVITAÇÃO UNIVERSAL
v m Estudando o movimento dos planetas com base nas leis de Kepler, Newton obser vou que,
F
como eles descrevem órbitas em torno do Sol, devem estar sujeitos a uma força centrípeta, pois,
do contrário, suas trajetórias não seriam cur vas. Ao racio cinar dessa maneira, Newton estava
admitindo que as leis do movimento elaboradas por ele seriam válidas também para os corpos
celestes. Esse ponto de vista era contrário à filosofia de Aristóteles, que acreditava que o movi-
M mento dos corpos celestes era regido por leis especiais, diferentes daquelas verificadas para os
r movimentos na superfície da Terra.
Sol
Na figura 4, representamos um planeta em órbita circular em torno do Sol. A força F &representa
a força centrípeta que deve atuar no planeta para mantê-lo em sua órbita. Newton atribuiu essa força
à existência de uma atração do Sol sobre o planeta. Em resumo, ele concluiu:

A força centrípeta, que mantém um planeta em sua órbita, deve-se à atração do Sol sobre
Fig. 4 – A força de atração do Sol propor-
esse planeta.
ciona a força centrípeta que mantém o
planeta em sua órbita.

Força de atração entre o Sol e um planeta


Baseando-se em suas leis do movimento e nos estudos de Kepler, Newton conseguiu expressar
matematicamente a força de atração entre o Sol e um planeta. Designando o módulo dessa força
por F, ele chegou às seguintes conclusões:
PARA 1) F é proporcional à massa m do planeta: F ~ m.
REFLETIR 2) F é proporcional à massa M do Sol: F ~ M.
1
3) F é inversamente proporcional ao quadrado da distância r entre o Sol e o planeta: F ~ 2 .
Lembre-se de que, no caso de r
1
  O fato de F ~ 2 significa que, quando o valor de r aumenta, o módulo de F diminui, e essa
uma proporção inversa  F ~ 1r , se r
 
r é duplicado, F reduz-se à meta-
redução ocorre de maneira mais acentuada do que no caso de uma proporção inversa. De fato:
de; se r é triplicado, F torna-se três se r é duplicado, F torna-se 4 vezes menor;
vezes menor e assim por diante. se r é triplicado, F torna-se 9 vezes menor;
se r é quadruplicado, F torna-se 16 vezes menor; e assim sucessivamente.
Essas três relações de proporcionalidade são apresentadas de maneira unificada pela seguinte
relação:

mM
F~
r2

Essa expressão pode ser escrita sob a forma de uma igualdade pela introdução de uma cons-
tante de proporcionalidade, que é representada por G:

mM
F 5G
r2

A constante G é denominada constante de gravitação universal.


mM
A expressão F 5 G 2 nos diz que:
r

A força de atração do Sol sobre um planeta é proporcional ao produto de suas massas e


inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles.

Gravitação universal
Analisando o movimento da Lua em torno da Terra (fig. 5), Newton percebeu que deveria
existir uma força de atração da Terra sobre a Lua, do mesmo modo que o Sol atrai os planetas.

10 Mecânica celeste
Reunindo as ideias de que o Sol atrai os planetas e de que a Terra atrai a Lua e outros objetos,
COMENTÁRIO
Newton concluiu que essa atração devia ser um fenômeno geral (universal) que se manifestava entre
dois objetos materiais quaisquer. Em outras palavras, entre você e esse material deve existir uma força Alguns livros didáticos costu-
de atração, do mesmo modo que entre você e seu colega ou entre o professor e a lousa. Surgia, assim, mam afirmar que Newton des-
a ideia de gravitação universal: dois corpos quaisquer se atraem com uma força F ,& denominada cobriu a atração da Terra com a
força gravitacional. Considerando m1 e m2 as massas de dois corpos, separados por uma distância r, queda de uma maçã. Entretanto,
Newton deixou, ao morrer, uma
haverá entre eles uma força F ,& de atração, dada por:
vasta quantidade de manuscri-
tos e jamais foi encontrada qual-
m1m2 quer descrição sua a respeito da
F 5G
r2 queda da maçã. A gravidade já
era conhecida antes de Newton
Portanto: e foram necessários muitos anos
até que seu trabalho sobre a
gravitação fosse concluído, fatos
que tornam a versão da queda
Lei da gravitação universal da maçã um tanto simplista.
Dois corpos quaisquer se atraem com uma força proporcional ao produto de suas mas-
sas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles.

Trajetória da Lua
caso não houvesse
atração da Terra
Lua
r

Terra

Fig. 5 – A Terra atrai a Lua com uma força de mesma


natureza que a força com que o Sol atrai os planetas.

A força de atração gravitacional entre dois objetos comuns, existentes na Terra, é muito pequena
e Newton não foi capaz de verificá-la experimentalmente. Apenas quando grandes massas, como o
Sol e os planetas, interagem, a força de atração gravitacional torna-se apreciável.

Como se dá o efeito das marés

Atração Atração Lua Lua


Atração gravitacional
Atração gravitacional gravitacional
gravitacional Atração gravitacional
Atração gravitacional
combinadacombinada
do do do Sol do Sol da Lua da Lua
Sol e da Lua
Sol e da Lua CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA

Terra Terra

Sol Sol Sol Sol Terra Terra FRENTE B

Lua Maré
Lua alta Maré alta
Maré baixaMaré baixa
FÍSICA

Maré baixaMaré baixa Maré alta Maré alta

As alterações do nível das águas dos oceanos, conhecidas como marés, são influenciadas pela atração gravitacional da Lua e do Sol.

Mecânica celeste 11
Verificação experimental da lei de gravitação universal
BIOGRAFIA
Somente cerca de 100 anos após Newton ter apresentado seus trabalhos, foi possível verifi-
Henry Cavendish (1731-1810) car experimentalmente que a gravitação é, de fato, um fenômeno universal. O físico inglês Henry
foi responsável por demonstrar
Cavendish, usando uma balança de torção (fig. 6), fez a seguinte experiência: equilibrou cuidadosa-
que a água é composta de oxi-
gênio e hidrogênio em propor- mente duas pequenas esferas, ambas de massa m, em uma barra horizontal. Fixando próximo dessas
ções constantes, e também que massas duas esferas maiores, cada uma delas com massa M, Cavendish verificou que a barra girava,
na composição do ar predomi- provocando uma torção no fio responsável por sustentá-la. Esse fato se deve à força de atração fraca
nam nitrogênio e oxigênio. Ele entre m e M (fig. 6), como Newton havia previsto.
estudou o hidrogênio (isolado),
o qual denominou “ar inflamá-
vel”, devido às suas propriedades, Fio M
além de determinar a densidade
de vários gases. Espelho m
Autodidata, Cavendish dedicou Escala
sua vida inteira às pesquisas
científicas. É dos seus estudos,
também, que vem a contribuição Luz Fig. 6 – Experiência da
decisiva para a compreensão dos m M balança de
fenômenos de indução elétrica, torção, realizada por
assim como as primeiras noções Cavendish.
de resistência dos condutores
elétricos. Os resultados obtidos por Cavendish permitiram a determinação do valor da constante de gra-
Por meio do experimento descri- vitação universal G. No Sistema Internacional de Unidades (SI), o valor de G é:
to ao lado, Cavendish determi-
nou a densidade média da Terra
com o valor 5,48 g/cm3, bastante G 5 6,67 ? 10211 N ? m2/kg2
preciso para a época, levando
em conta que as mais atuais de-
terminações científicas fixam a Como o valor de G é muito pequeno, a atração gravitacional entre dois objetos comuns é pratica-
densidade média do planeta em mente desprezível, só podendo ser detectada com experiências muito precisas, como a de Cavendish.
5,5 g/cm3.
Satélites de Plutão P4

Nix
ix

Plutão Fig. 7 – O telescópio


espacial Hubble descobriu
uma quarta lua (P4)
Hidra orbitando Plutão. A nova
Caronte lua está localizada entre as
órbitas das luas Nix e Hidra,
que foram descobertas em
2005 pelo Hubble. A primeira
lua de Plutão foi descoberta
em 1978 pelo Observatório
Naval (EUA) e chama-se
Caronte.

Medida da massa da Terra


A experiência da balança de torção de Cavendish tornou possível determinar a massa da Terra,
como descrevemos a seguir.
Consideremos uma partícula de massa m, próxima à superfície da Terra, de massa M e raio R,
como na figura 8.

12 Mecânica celeste
A partícula m será atraída pela Terra com uma força F, que é o peso da partícula. Newton desen- m

volveu o cálculo integral e demonstrou que, na atração gravitacional entre dois corpos esféricos, tudo
se passa como se suas massas estivessem concentradas em seus centros. Assim, podemos imaginar a F2

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA


massa M concentrada no centro da Terra e a força F apontando para esse centro.
Como a distância de m ao centro da Terra é R (raio da Terra), podemos escrever, pela lei da
gravitação universal:
Mm R
F 5G
R2 M

Mas, como F representa o peso da partícula de massa m, temos, pela segunda lei de Newton:
F 5 mg
Igualando essas duas expressões para a mesma força:
Fig. 8 – Newton demonstrou que
Mm podemos calcular a atração da Terra
G 5 mg
R2 sobre uma partícula supondo a massa da
Terra concentrada em seu centro.

g ?R2
M5
G

Assim, conhecendo os valores de g, R e G, conseguimos determinar M.


Na época de Newton, os valo res de g e R eram conhe ci dos com pre cisão razoável, mas
ele não sabia, com exati dão, o valor de G. Após a determinação de G, foi pos sível cal cular a
massa da Terra. Substituindo, na expres são anterior, os valores g 5 9,80 m/s2, R 5 6,37 ? 106 m
e G 5 6,67 ? 10211 N ? m2/kg2, obtemos, para a massa da Terra, M 5 5,97 ? 1024 kg.

EVOLUÇÃO DAS ESTRELAS

SCIENCEPICS/SHUTTERSTOCK
Estrela Anã branca

Gigante
vermelha Nebulosa
planetária

Nebulosa
estrelar
Estrela de
neutrôns

Buraco FRENTE B
negro
FÍSICA

Estrela massiva
Supergigante
vermelha Supernova

Fig. 9 – Ciclo de vida estelar.

Mecânica celeste 13
Portal Em toda estrela, como o Sol, ocorrem sempre dois processos importantes que vão determinar
SESI
Educação
seu tamanho. Um deles é a atração gravitacional entre as próprias partículas constituintes da estrela,
www.sesieducacao.com.br
que tende a juntá-las em seu centro, o que leva à redução das suas dimensões. O outro processo con-
Acesse o portal e veja o info- siste nas reações nucleares de fusão, que ocorrem entre os núcleos dos átomos ali presentes. A energia
gráfico O que tem dentro do Sol? gerada por essas reações é tão grande que tende a provocar uma expansão da estrela. A figura 10 é
um modelo desses dois processos: as setas que apontam para o centro da estrela ilustram o processo
gravitacional e as que apontam para fora representam a expansão provocada pelas reações nucleares.
O tamanho da estrela se estabiliza quando esses dois processos se equilibram.
Para o caso do Sol, cálculos complexos
AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA

dos pesquisadores no campo da Astrofísica


preveem que, no futuro, ele se expandirá,
transformando-se em um tipo de estrela
conhecido como gigante vermelha (fig. 9).
Ficará tão grande que suas dimensões se
estenderão além da órbita terrestre e, assim,
nosso planeta será “engolido” por ele, em
uma queda espiral de menos de dois séculos,
em direção ao seu centro. Felizmente, isso
só ocorrerá dentro de aproximadamente
5 bilhões de anos.
Quando todo o combustível nuclear
do Sol tiver se esgotado, a gigante vermelha,
apenas sob ação do processo gravitacional,
terá suas dimensões drasticamente reduzi-
das. Aos poucos, ela esfriará, transformando-
se em uma pequena estrela morta que não
emitirá nem luz nem calor, denominada anã
negra. Estrelas com até 1,4 de massa solar
seguem esse mesmo destino do Sol.
Fig. 10 – Representação esquemática das Para massas maiores, a atração gravitacional torna-se tão intensa que o destino da estrela
tendências de expansão e de contração pode ser bem mais drástico. A matéria constituída de átomos, com a qual estamos familiariza-
de uma estrela.
dos, quando sujeita a enorme compressão, pode se transformar em uma esfera de nêutrons. Isso
acontece porque uma grande compressão pode juntar elétron com próton, transformando-os em
nêutron. Se a massa remanescente da estrela estiver compreendida entre 1,4 e 3 massas solares,
ela se transformará na chamada estrela de nêutrons (fig. 9). Esse tipo de estrela possui densida-
de altíssima, porque toda sua massa está contida em uma esfera cujo raio tem apenas algumas
dezenas de kilometros.
A fase final da evolução de estrelas com massas muito maiores que a do Sol é ainda mais
estranha. Quando acaba o combustível nuclear no interior desse tipo de estrela e a gravidade
passa a predominar, o seu diâmetro começa a se reduzir. Se a massa remanes cente for superior
a três massas solares, ela atinge um raio crítico para o qual não existe força na natureza capaz
de se opor à gravidade. A estrela sofre um colapso em que toda sua massa é comprimida em
dire ção ao centro. Nesse estágio, sua densidade é tão alta e a força gravitacional tão grande
que nem mesmo a luz consegue escapar. Uma estrela que sofre esse pro cesso é denominada
buraco negro.
Qualquer corpo que se aproxime de um buraco negro a uma distância menor que aquela
dada pelo raio crítico, chamado raio de Schwarzschild, será inevitavelmente sugado em dire-
ção ao seu centro. A superfície esférica com o raio de Schwarzschild é denominada horizonte
de eventos e funciona como uma membrana de mão única envolvendo o buraco negro. Dela
nada sai.
Se fosse possível comprimir o Sol até que ele ficasse com o raio de Schwarzschild, igual a
2,95 km, sua densidade e a consequente atração gravitacional em direção ao centro seria tão gran-
de que ele se tornaria um buraco negro. A Terra só poderia se transformar em um buraco negro
se toda a sua massa fosse concentrada em uma esfera de apenas 8,86 mm de raio!

14 Mecânica celeste
JEFF HESTER/PAUL SCOWEN/NASA

Em 1 de abril de 1995, o Hubble obteve esta


imagem de estruturas parecidas com pilares
na Nebulosa da Águia. Estas estruturas são
colunas de gás hidrogênio frio e poeira
interestelar que servem como incubadoras
de novas estrelas.

PARA CONSTRUIR

11 A força de atração do Sol sobre a Terra vale, aproximadamen- c) a distância entre a Terra e o Sol fosse duas vezes maior.
te, 4 ? 1022 N. Qual seria o valor dessa força supondo que: Como F é inversamente proporcional ao quadrado de r
 1
a) a massa da Terra fosse três vezes maior;  ou seja, F ~ 2  , se r for duplicado, F tornar-se-á quatro vezes
r
Como essa força é proporcional à massa do planeta (F ~ m), se 4 ? 1022 N
triplicarmos m, o valor de F ficará também três vezes maior, isto é: menor. Então: F 5 [ F 5 1 ? 1022 N
4
F 5 3 ? (4 ? 1022 N) [ F 5 12 ? 1022 N

12 A lei de gravitação foi estabelecida inicialmente por Newton


para expressar a força de atração entre o Sol e os planetas.
b) a massa do Sol fosse duas vezes menor; Explique por que, posteriormente, ela passou a ser denomi-
Como F é proporcional à massa do Sol (F ~ M), se M for redu- nada lei de gravitação universal. FRENTE B
zida à metade, F também ficará dividida por 2, passando a valer:
Porque Newton suspeitou (e essa suspeita foi evidenciada posterior-
4 ? 1022 N
F5 [ F 5 2 ? 1022 N mente por Cavendish) que a atração devia ser um fenômeno universal,
4
FÍSICA

isto é, a força gravitacional devia se manifestar entre dois corpos


materiais quaisquer (e não apenas entre o Sol e os planetas).

Mecânica celeste 15
13 (Uerj) Na tirinha abaixo, o diálogo entre a maçã, a bola e a Lua, Supondo a possibilidade de haver alteração no raio e/ou na
que estão sob a ação da Terra, faz alusão a uma lei da Física. massa da Terra, assinale a opção que traz uma hipótese que
Aponte a constante física introduzida por essa lei. Indique a justificaria a diminuição do peso desse objeto, que se man-
razão entre os valores dessa constante física para a interação tém próximo à superfície do planeta: c
gravitacional Lua-Terra e para a interação maçã-Terra. a) diminuição do raio da Terra e manutenção de sua massa.
b) aumento da massa da Terra e manutenção de seu raio.
UERU/DAOU, LUISA; CARUSO, FRANCISCO

Embora sejamos Quem c) aumento do raio da Terra e diminuição de sua massa, na


diferentes, caímos do É verdade! disse?
mesmo modo... mesma proporção.
d) diminuição do raio da Terra e aumento de sua massa, na
mesma proporção.
Aumentando o raio e diminuindo a massa na mesma proporção, te-
remos:
GM
g5 2
R
 M
G 
k
g' 5
(kR)2
GM
Newton! g' 5
k 3R2
g
g' 5
k3
Logo, o peso diminuiria.

15 (ITA-SP) Derive a 3a lei de Kepler do movimento planetário a


partir da lei da gravitação universal de Newton, consideran-
do órbitas circulares.
Temos a lei da gravitação universal, identificada no início do diálogo
na frase “embora sejamos diferentes, caímos do mesmo modo...”. Foi Na figura abaixo, R& é a força resultante centrípeta, F& é a força gravi-
Newton quem percebeu que a lei da gravitação universal válida para tacional, v & é a velocidade orbital do planeta, r é o raio da órbita, m é
a queda de uma maçã na superfície da Terra, é a mesma lei que é a massa do planeta e M é a massa do Sol.
válida para o movimento da Terra em torno do Sol. v
Mm Planeta
A equação que a representa é F 5 G 2 , em que G é a constante
r m
universal da gravitação, que vale 6,67 ? 1011 N ? m2/kg2. Por ser univer-
F5R
sal, temos que seu valor é o mesmo para as duas interações – Lua- Sol
-Terra e maçã-Terra. Logo, a razão é igual a 1. M r

14 (UEMG) No poema “O que se afasta”, o eu poético de “Sísifo A partir da figura temos:


desce a montanha” afirma, por comparação, que as coisas GMm mv 2 GM
F 5R ⇒ 5 ⇒ v2 5
perdem seu peso e gravidade, percepção que está relacio- R2 R R
nada ao envelhecimento do homem: ∆S 2pR
v5 ⇒ v5
∆t T
“De repente você começa a se despedir Substituindo v na expressão anterior temos :
das pessoas, paisagens e objetos 4p2R2 GM 4p2R3
2
5 ⇒ T2 5 ⇒ T 2 5 K ? R3 ,
como se um trem T R GM
4 p2
— fosse se afastando [...]”. em que K 5 é a constante de Kepler.
GM
Aproveitando o ensejo literário, imagine um objeto próximo
à superfície da Terra e uma situação hipotética, porém sem
abrir mão de seus importantes conhecimentos de Física.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 9 a 12 Para aprimorar: 5 e 6

16 Mecânica celeste
MOVIMENTO DE SATÉLITES
Embora só recentemente tenha sido possível colocar um satélite artificial em órbita em torno
da Terra, já no século XVII Newton tinha uma ideia clara de como isso poderia ser feito. Entretanto,
ele não dispunha do aparato tecnológico necessário para tal missão.
Os princípios básicos relacionados a esse problema são bastante simples e serão discutidos em
nosso curso.
EOS/GSFC/NASA

OCO-2
GPM

Landsat 8
(USGS)

Suomi NPP

Aquarius
OSTM/Jason 2

Aura
CALIPSO
SORCE CloudSat

Aqua
GRACE (2)

EO-1

Terra
QuikSCAT
TRMM

Landsat 7
(USGS)

O Sistema de Observação da Terra (Earth Observing System – EOS) é um programa da Nasa formado por vários satélites artificiais que tem como missão estudar
a biosfera, a atmosfera e os oceanos do planeta. Entre a Terra e os satélites artificiais existe uma força de atração (gravitação universal).

Como é possível colocar um satélite em órbita


Para se colocar um satélite em órbita, é necessário
levá-lo, por meio de foguetes, até a altura h desejada (fig. Satélite
m
11). O valor de h varia muito de um satélite para outro,
dependendo de uma série de fatores. v&
h
Entretanto, a altura não deve ser inferior a cerca de
F&
150 km para que, na região onde o satélite se movimenta,
a atmosfera terrestre já esteja bastante rarefeita e, assim, a FRENTE B
força de resistência do ar não perturbe o seu movimento. R
r

M
FÍSICA

Fig. 11 – Quando um satélite


é colocado em órbita a uma
altura h, o raio de sua órbita
é dado por r 5 R 1 h.

Mecânica celeste 17
Atingindo-se a altura desejada, o satélite, ainda por meio de foguetes, é lançado horizon-
talmente com uma velocidade v & (fig. 11). Como já sabemos, a Terra exerce sobre o satélite uma
força F ,& de atração, que alterará a direção da velocidade v &, fazendo com que ele descreva uma
trajetória cur vilínea. Muitas pessoas pensam, erroneamente, que naquela altura a força de atração
da Terra sobre o satélite é nula ou desprezível. Se isso fosse verdade, o satélite, após ser lançado
com a velocidade v &, continuaria a se mover em linha reta com essa velocidade, e não entraria em
órbita em torno da Terra.
Para que a trajetória do satélite seja uma órbita circular em torno do centro da Terra, a veloci-
dade horizontal v & deverá ter um valor determinado. Isso porque a força F & de atração da Terra deve
proporcionar a força centrípeta necessária para esse movimento ocorrer.
Uma vez colocado em órbita, e não existindo nenhuma perturbação, o satélite continuará
girando, indefinidamente, em torno da Terra.
Cálculo da velocidade do satélite
Vamos calcular agora a velocidade que deve ser comunicada a um satélite para que ele entre
em órbita circular em torno do centro da Terra. O raio r de sua órbita, como mostra a figura 11, é
dado por:
r5R1h
em que R é o raio da Terra e h, a altura do satélite.
O módulo da força F & de atração da Terra sobre o satélite é dado por:
Mm
F 5G 2
r
em que m é a massa do satélite e M, a massa da Terra (lembre-se de que podemos supor que a massa
M está concentrada no centro da Terra). Como essa força proporciona a força centrípeta que man-
2
tém o satélite em órbita, podemos concluir que seu valor é igual a mv , que é a expressão geral de
r
uma força centrípeta. Portanto:
v2 Mm
m 5G 2
r r

GM
v5
r

Logo, se soubermos a altura de um satélite em órbita, poderemos calcular sua velocidade, uma
vez que os valores de G e M são conhecidos (G 5 6,67 ? 10211 N ? m2/kg2 e M 5 5,97 ? 1024 kg). Ob-
serve que a velocidade não depende da massa do satélite e que, quanto maior for sua altura, menor
será sua velocidade.
HTTP://WWW.FYSIK.SU.SE

D
E
A
F

B
G
Este desenho se encontra no Principia (1689), a famosa
obra de Newton. Por meio dele, Newton explica como seria
possível colocar um satélite em órbita em torno da Terra.
Entretanto, a ideia de Newton só se concretizou cerca de
250 anos mais tarde, quando foi alcançado o desenvolvimento
tecnológico necessário.

18 Mecânica celeste
Período do satélite
O tempo que o satélite gasta para dar uma volta em torno do centro da Terra é o seu período.

BIA PARREIRAS/EDITORA ABRIL


Durante esse tempo T, a distância percorrida por ele será dada por 2pr – comprimento de sua órbita
circular. Como se trata de um movimento uniforme, teremos:
2pr 5 vT

2 pr
T5
v

Como já sabemos calcular v, essa expressão nos permitirá determinar o período do satélite.

O satélite estacionário
Suponha que um satélite seja colocado em órbita a uma altura de, aproximadamente, 36 mil
kilometros sobre um ponto do equador (fig. 13).
O raio de sua órbita será r 5 R 1 h e, como o raio da Terra é aproximadamente 6 mil km, teremos,
GM
para o raio da órbita, cerca de 42 mil km. Substituindo esse valor de r na expressão v 5 , obtemos,
r
para o satélite, v 5 10 800 km/h. Conhecendo essa velocidade, podemos calcular o período do satélite
2pr
pela relação T 5 . Efetuando os cálculos, obtemos:
v
T 5 24 h
Observe que esse período é igual ao período de rotação da Terra, o que torna esse satélite
muito importante. Como ele está situado no plano do equador terrestre (fig. 13) e gira com a Terra,
gastando ambos o mesmo tempo para dar uma volta, o satélite parecerá estar parado para um obser-
vador na Terra. É isso que ocorre com os satélites geoestacionários Star One autorizados para operar
no Brasil. Os satélites geoestacionários são utilizados para comunicação, como TV aberta, TV por
Fig. 12 – Estas antenas parabólicas da
assinatura, internet em banda larga e telefonia, além de outros serviços, como fornecer informações Embratel, na Estação de Tanguá em
sobre previsão do tempo, vigilância de fronteira e fiscalização ambiental. Itaboraí, no Rio de Janeiro, são usadas para
Quando você assiste a um programa via satélite, o sinal de TV, antes de chegar ao seu aparelho, a transmissão e recepção de sinais dos
foi enviado até o satélite, a cerca de 36 000 km de altura, e retornou à Terra. satélites estacionários.

Terra
CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA

36 000 km

Equador
Fig. 13 – O satélite estacionário parece estar parado para um FRENTE B
observador na Terra, porque ele gira sobre um ponto do
equador com um período igual ao de rotação da Terra.
FÍSICA

Esse sinal é recebido por antenas parabólicas, como as da figura 12, e distribuído para as diver-
sas regiões do país. Como os sinais de TV se propagam com velocidades muito próximas à da luz
(300 000 km/s), o tempo que eles gastam para ir até o satélite e voltar à Terra é muito pequeno. Por
isso, é possível assistir a um lance de uma partida de futebol realizada na Europa, por exemplo, pra-
ticamente no mesmo instante em que ele ocorreu no gramado.

Mecânica celeste 19
Em uma transmissão via satélite, o sinal emitido por uma antena na Terra é dirigido para o satélite, que o transmite de volta para
outro ponto da Terra, onde será captado por outra antena. O tempo gasto pelo sinal nesse percurso de ida e volta é cerca de 0,25 s.

Satélite
CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA

Estação Estação
terrestre terrestre

América Europa
do Norte

Mas qual o valor da velocidade horizontal que deve ser comunicado a um objeto para que ele
entre em órbita rasante à superfície da Terra?
Órbita rasante significa que a altura do satélite é nula (h 5 0) e que o raio de sua órbita é o raio
da Terra (r 5 R), como sugere a figura 14. Nesse caso, o valor de v será muito grande, pois sabemos
que v é tanto maior quanto menor for h.
GM
Substituindo em v 5 os valores conhecidos de G, M e R, encontramos:
R
v . 8,0 ? 103 m/s
AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA

Com essa grande velocidade, o objeto encontraria forte


resistência do ar e, provavelmente, dependendo do material, ele
se queimaria antes de se deslocar apreciavelmente. Além disso,
podem ser citados vários outros fatores que impediriam a rea-
lização dessa experiência. Mas não há dúvidas de que, se todos
esses fatores pudessem ser eliminados e se você comunicasse
corretamente a um objeto a velocidade calculada acima, ele
entraria em órbita, como na figura 14, e você o teria de volta,
sem cair na superfície da Terra, após ter completado uma volta
em torno dela.

Fig. 14 – A velocidade necessária para se obter uma órbita


rasante é da ordem de kilometros por segundo.

20 Mecânica celeste
A ATRAÇÃO DA TERRA ESTÁ DIRIGIDA PARA
O CENTRO
Qualquer corpo situado na superfície da Terra é atraído gravitacionalmente por ela (peso do
corpo). Newton demonstrou que essa força de atração está dirigida para o centro C da Terra, como
se a massa da Terra estivesse toda ela concentrada em C.
Portanto, qualquer que seja o local da Terra onde uma pessoa ou um objeto qualquer esteja,
seu peso P estará dirigido para o centro C (fig. 15). Em cada local, a direção do peso define o que se
denomina vertical do lugar.
CASA DE TIPOS/ARQUIVO DA EDITORA

Para
cima
P1
Para
baixo
Vertical

Fio de prumo

Vertical
P2
Vertical

C P
P
Para Para Para Para
cima baixo baixo cima
P4

P
GLOSSÁRIO

Vertical
Fio de prumo:
o prumo é instrumento formado por
uma peça metálica presa à extremi-
Para dade de um fio que serve para deter-
baixo P3
minar a direção vertical
FERNANDO FAVORETTO/CRIAR IMAGEM

Para
cima

Fig. 15 – A força gravitacional da Terra sobre um corpo situado em um ponto qualquer de sua
superfície é dirigida para o centro de nosso planeta.

Por esse motivo, quando se deseja obter a vertical de dado lugar, usa-se o fio de prumo.
FRENTE B
Quando uma pessoa está na superfície da Terra (fig. 15), o sentido para baixo é sempre o da
força peso, e o sentido para cima é o sentido contrário. Considere, então, duas pessoas, P1 e P3, situa-
das em posições diametralmente opostas. Essas pessoas são denominadas antípodas (do grego anti
+ podos, “de pés opostos”). Observe que o peso delas tem sentido contrário e as noções de para
FÍSICA

baixo e para cima estão representadas na figura 15.


Para outras posições, é também a força de atração da Terra (peso) que mantém os objetos sobre
a sua superfície. Para cada posição na superfície terrestre, há uma vertical e um conceito de para baixo
e para cima próprios daquele local (veja as pessoas P2 e P4 da figura 15).

Mecânica celeste 21
PARA CONSTRUIR

16 As afirmativas seguintes costumam ser feitas por pessoas que 19 (UFRGS-RS – Adaptada) Um satélite geoestacionário está em
não conhecem muito bem as leis da Física. Apresente argu- órbita circular com raio de aproximadamente 42 000 km em
mentos que mostrem que essas afirmativas não são corretas. relação ao centro da Terra (Considere o período de rotação
da Terra em torno de seu próprio eixo igual a 24 h.). Sobre
a) “A força de atração da Terra sobre um satélite artificial é nula,
esta situação, são feitas as seguintes afirmações.
porque eles estão muito afastados de seu centro.”
I. O período de revolução do satélite é de 24 h.
A força de atração da Terra sobre o satélite não é desprezível,
II. O módulo da velocidade do satélite é constante e vale
pois é graças a essa força que ele se mantém em órbita
3 500p km/h.
em torno da Terra. Se a força de atração fosse nula, ao ser Qual(is) está(ão) correta(s)? d
lançado, o satélite se deslocaria em linha reta, afastando-se a) Apenas I.
indefinidamente da Terra. b) Apenas II.
c) Nenhuma.
d) I e II.
I – Afirmativa correta, pois para ser um satélite geoestacionário deve
ter período igual ao período de rotação da Terra, isto é, 24 horas.
b) “Um foguete não será mais atraído pela Terra quando ele II – Afirmativa correta, pois a velocidade do satélite pode ser calcu-
chegar a regiões fora da atmosfera terrestre.” lada por v 5
∆S
, em que ΔS é o espaço percorrido em uma volta
∆t
A força de atração da Terra sobre um corpo manifesta-se
(2pr), logo, teremos:
quer esse corpo esteja dentro, quer fora da atmosfera terrestre.
2pr 2p ⋅ 42000
v5 5 5 3 500 p km /h
T 24

17 Explique por que um satélite artificial deve ser colocado em


órbita em regiões fora da atmosfera terrestre.
Para que não haja atrito do ar sobre o satélite. Se existisse esse

atrito, a velocidade do satélite diminuiria gradualmente, alterando

sua órbita, e ele acabaria caindo na superfície da Terra (ou o calor 20 (Fuvest-SP) Há um ponto no segmento de reta unindo o Sol à
Terra, denominado “Ponto de Lagrange L1”. Um satélite artifi-
gerado pelo atrito destruiria o satélite).
cial colocado nesse ponto, em órbita ao redor do Sol, perma-
necerá sempre na mesma posição relativa entre o Sol e a Terra.
Sol Terra
18 Suponha que Júpiter possuísse um satélite cuja órbita tives-
L1
se um raio igual ao da órbita da Lua em torno da Terra. O
período do movimento da Lua em torno da Terra, como você
d
já deve saber, é cerca de 27 dias. O período desse suposto
satélite de Júpiter seria maior, menor ou igual a 27 dias? Jus- R
tifique.
Menor.
Nessa situação, ilustrada na figura acima, a velocidade an-
A velocidade de um satélite em torno de um planeta é dada por gular orbital vA do satélite em torno do Sol será igual à da
GM
v5 . Como r é o mesmo para os dois satélites e M para Júpiter é Terra, vT.
r
maior do que para aTerra, concluímos que o satélite de Júpiter possuiria Dados:
uma velocidade maior do que a da Lua. Como, em uma volta, ambos 1 ano . 3,14 ? 107 s.
O módulo da força gravitacional F entre dois corpos de
percorrem a mesma distância (2pr), é claro que o satélite de Júpiter,
massas M1 e M2, sendo r a distância entre eles, é dado por
possuindo maior velocidade, teria um período menor do que 27 dias.
GM M
F 5 21 2
r
Considere as órbitas circulares.

22 Mecânica celeste
Para essa condição, determine: c) a expressão do módulo Fr da força gravitacional resultan-
a) vT em função da constante gravitacional G, da massa MS te que age sobre o satélite, em função de G, MS, MT, m, R
do Sol e da distância R entre a Terra e o Sol; e d, sendo MT e m, respectivamente, as massas da Terra e
A resultante centrípeta será igual à força gravitacional: do satélite e d a distância entre a Terra e o satélite.
Sol A força resultante é a soma vetorial das forças gravitacionais:
Terra
F=ST
Sol
Terra
FS= A FT=
R
Fst 5 P ⇒ MT ? ac 5 MT ? g ⇒ ac 5 g;
R2d
d
M M
v ? R 5 G 2S ⇒ v T 5 G 3S
2
T
R R R
b) o valor de vA em rad/s;
A velocidade angular orbital vA é igual a vT.
GMSm GMTm  MS M 
2p 2p Fr 5 FS 2 FT ⇒ Fr 5 2 Fr 5 Gm  2 2T 
v A 5 v T ⇒ vA 5 ⇒ vA 5 5 2 ? 1027 rad / s (R 2 d)2 d2  (R 2 d)
2
d 
T 3,14 ? 107
GMSm GMTm  MS M 
2 Fr 5 Gm  2 2T 
(R 2 d)2 d2  (R 2 d)2
d 

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 13 a 17 Para aprimorar: 7 e 8

VARIAÇÕES DA ACELERAÇÃO DA GRAVIDADE PARA


Experimentalmente, foi verificado que o valor da aceleração da gravidade g varia de um ponto REFLETIR
da Terra para outro. Na superfície da Lua, o valor de g é bem menor do que na Terra e, em outros
planetas, a aceleração da gravidade não é igual a 9,8 m/s2. Essas variações no valor de g poderão ser As experiências realizadas por
compreendidas pela lei de gravitação universal. Galileu mostraram que todos os
corpos, em queda livre, caem
Expressão matemática da aceleração da gravidade com a mesma aceleração. Por
GM
Consideremos um corpo, de massa m, situado a uma distância r do centro da Terra (fig. 16). que a expressão g 5 2 coinci-
r
O peso desse corpo, pela segunda lei de Newton, é dado por: de com a observação de Galileu?
P 5 mg
em que g é o valor da aceleração da gravidade na posição em que está o corpo.
Entretanto, esse peso P & é a força de atração que a Terra exerce sobre o corpo. Pela lei de gravi-
tação universal podemos, portanto, escrever:
m
Mm
P 5G 2 P&
r
em que M é a massa da Terra concentrada no seu centro. r
Igualando as duas expressões de P:
Mm
mg 5 G 2
r FRENTE B
R

M M
g 5G
r2
FÍSICA

Fig. 16 – Como o peso de um corpo é a


Obtivemos uma expressão matemática que nos permite calcular a aceleração da gravidade em força de atração gravitacional da Terra
um ponto nas proximidades da superfície terrestre, quando conhecemos G, a massa da Terra e a GM
distância desse ponto ao centro da Terra. sobre ele, podemos concluir que g 5 2 .
r

Mecânica celeste 23
GM
Analisando a equação g 5 :
r2
Observe que o valor da massa m do corpo não aparece na equação, isto é, o valor de g não depen-
de de m. Esse resultado, que decorre da lei de gravitação universal, já havia sido observado expe-
rimentalmente por Galileu, alguns anos antes de Newton, ao constatar que todos os corpos, em
queda livre, caem com a mesma aceleração.
GM 1
Pela expressão g 5 2 , vemos que g ~ 2 , isto é, quanto mais nos afastamos do centro da Terra,
r r
menor será o valor de g. Assim, o valor de g no alto de uma montanha é menor do que em sua
base. Nesse caso, a diferença entre os dois valores de g é muito pequena, mas, se nos deslocarmos
bastante acima da superfície da Terra, notaremos uma diminuição apreciável em g (veja a tabela 2).

Tabela 2 – Variação de g com a altitude


(na latitude de 45°)
Altitude (km) g (m/s2)
0 9,81
20 9,75
40 9,69
60 9,63
80 9,57
100 9,51
200 9,22

Vamos analisar, agora, o valor de g sobre a superfície da Terra. Nesse caso, sendo R o raio da Terra,
teremos r 5 R e, consequentemente:
M
g 5G
R2

Como a Terra não é perfeitamente esférica e o valor de R no equador é maior do que o valor
de R nos polos, podemos concluir que a aceleração da gravidade, no equador, é menor do que nos
polos, isto é:

R no equador . R nos polos ⇒ g no equador , g nos polos.

Essa conclusão coincide com os resultados experimentais apresentados na tabela 3. Na reali-


dade, as variações em g mostradas na tabela 3 devem-se, em parte, à rotação da Terra. Esse fator
também contribui para que a aceleração da gravidade no equador seja menor do que nos polos.

Tabela 3 – Variação de g com a latitude


(no nível do mar)
Latitude (graus) g (m/s2)
0° 9,780
20° 9,786
40° 9,802
60° 9,819
80° 9,831
90° 9,832

24 Mecânica celeste
Aceleração da gravidade na superfície de outros corpos celestes
GM
A expressão g 5 , usada para calcular a aceleração da gravidade na superfície terrestre,
R2
pode ser empregada para se determinar o valor de g na superfície de qualquer outro corpo celeste.
Nesse caso, evidentemente, M representa a massa desse corpo celeste e R, seu raio. Observe que
a aceleração da gravidade na superfície de um planeta é proporcional à sua massa e inversamente
proporcional ao quadrado de seu raio.
Imagine um planeta que tivesse uma massa oito vezes maior do que a massa da Terra e cujo raio
fosse duas vezes maior do que o raio terrestre. Qual seria o valor de g nesse planeta?
Como g ~ M, concluímos que, se apenas M variasse, g seria oito vezes maior do que na Terra.
1
Em g ~ 2 , notamos que o raio tornará quatro vezes menor o valor de g.
R
Como g é multiplicada por 8 por influência de M e dividida por 4 por influência de R, g será
multiplicada por 2. A aceleração da gravidade no planeta seria:
g 5 2 ? 9,8 m/s2 ou g 5 19,6 m/s2

PESO APARENTE DE UM CORPO NO EQUADOR


Um dinamômetro nem sempre indica o peso real de um corpo, isto é, a força gravitacional da
Terra sobre ele. Quando um dinamômetro é colocado dentro de um elevador acelerado, ele indica
um valor diferente do peso do objeto, valor esse denominado peso aparente.
Suponhamos agora um corpo de massa m, situado no equador terrestre, suspenso pela mola
de um dinamômetro.
Como sabemos, o módulo da força P,& exercida pela mola sobre o corpo, é fornecido pela leitura
do dinamômetro e representa o peso aparente do corpo. A força P0& representa a atração gravitacional
da Terra sobre ele, isto é, P0& é seu peso real, de módulo:
Mm
P0 5 G 2
R
em que M e R representam a massa e o raio da Terra.
Se o corpo estivesse parado, teríamos P 5 P0, isto é, a leitura do dinamômetro forneceria seu
peso real. Entretanto, sabemos que o corpo está girando com a Terra, descrevendo uma trajetória
circular de raio R, com uma velocidade v, em torno do centro da Terra. O valor de v é igual à veloci-
dade linear de um ponto do equador na Terra. Portanto, esse corpo possui uma aceleração centrípeta
v2
ac 5 . A força centrípeta Fc& , que provoca essa aceleração, pode ser obtida por:
R
GMm
Fc 5 P0 2 P 5 2P
mv 2 R2
Como Fc 5 , vem:
R
GMm v2
2
2P 5 m
R R

GMm v2
P5 2 m
R2 R

Temos, assim, a expressão que nos fornece o peso aparente P do corpo no equador. Vemos que esse
FRENTE B
mv 2
peso aparente é menor do que o peso real P0, sendo a diferença entre eles dada pela expressão .
R
Essa diferença entre o peso real e o peso aparente tem como consequência uma variação no
FÍSICA

valor da aceleração da gravidade, que determinaremos a seguir. Designando por ge a aceleração da


gravidade no equador, temos P 5 mge. Logo:
GM m v2
mg e 5 2
2m
R R

Mecânica celeste 25
GM v 2
ge 5 2
R2 R

GM
Como vimos, nos fornece o valor da aceleração da gravidade g se a Terra não estivesse
R2
 GM 
em rotação, isto é,  2  5 g. Portanto:
R
v2
ge 5 g 2
R

Substituindo os valores v 5 463 m/s (velocidade de um ponto no equador) e R 5 6,37 ? 106 m


(raio da Terra), obtemos:
v2
5 0,034 m/s2 5 3,4 cm/s2
R
Portanto, em virtude da rotação da Terra, a aceleração da gravidade no equador sofre uma
redução de 3,4 cm/s2. Esse fato é responsável, em grande parte, pelas diferenças entre os valores dessa
aceleração no equador e nos polos, apresentados na tabela 3.

PARA CONSTRUIR

21 (Unicamp-SP – Adaptada) Teremos:


M (7,4 ? 1022 )
As denúncias de violação de telefonemas e transmis- g 5 G 2 5 6,7 ? 10211 ? [ g . 1,7 m/s2
R (1,7 ? 106 )2
são de dados de empresas e cidadãos brasileiros serviram
Observe que esse resultado, obtido como consequência da lei da
para reforçar a tese das Forças Armadas da necessidade de gravitação universal, está em concordância com o valor medido
o Brasil dispor de seu próprio satélite geoestacionário de diretamente pelos astronautas.
comunicação militar.
O Estado de S. Paulo, 15. jul. 2013. 23 (Enem – Adaptada) A lei da gravitação universal, de Isaac
Uma órbita geoestacionária é caracterizada por estar no plano Newton, estabelece a intensidade da força de atração entre
equatorial terrestre, sendo que o satélite que a executa está duas massas. Ela é representada pela expressão:
sempre acima do mesmo ponto no equador da superfície
m1m2
terrestre. Considere que a órbita geoestacionária tem um raio F5G
d2
r 5 42 000 km. Calcule a aceleração centrípeta de um satélite
em órbita circular geoestacionária. onde m1 e m2 correspondem às massas dos corpos, d à dis-
2 2
tância entre eles, G à constante universal da gravitação e F à
 2p   2p  força que um corpo exerce sobre o outro. O esquema repre-
ac 5 v 2r 5  ?r ac 5  ? 42000
 T   24 
senta as trajetórias circulares de cinco satélites, de mesma
ac . 2 876 km/h 2 . 0,2m/s2
massa, orbitando a Terra.

A
22 Os astronautas que desceram na superfície da Lua verificaram
E
experimentalmente que a aceleração da gravidade em nosso
GM
satélite vale cerca de 1,6 m/s2. Usando a expressão g 5  2 , B
Terra D
R
calcule o valor de g na Lua e verifique se sua resposta coinci-
de com o resultado encontrado pelos astronautas.
C
Dados:
G 5 6,7 ? 10211 N ? m2/kg2;
massa da Lua: M 5 7,4 ? 1022 kg; Qual gráfico melhor representa as intensidades das forças
raio da Lua: R 5 1,7 ? 106 m. que a Terra exerce sobre cada satélite em função do tempo? b

26 Mecânica celeste
a) A b) E
Planetas g/gT Massa Raio

Força

Força
Mercúrio 0,38 0,055 MT 0,38 RT
Vênus 0,90 0,81 MT 0,95 RT
B D
Marte 0,39 0,11 MT 0,53 RT
Júpiter 2,52 316,5 MT 11,2 RT
C C
Saturno 1,07 94,8 MT 9,4 RT
D B Urano 0,90 14,4 MT 4,0 RT
E A Netuno 17,1 MT 3,9 RT
1,12
Tempo Tempo
a) Marte, Urano e Saturno. Mercúrio, Vênus, Marte e
c) A b) Vênus, Urano e Netuno. Urano são os possíveis pla-
B netas para onde Garfield
c) Marte, Vênus e Saturno. poderia ir, pois apresentam
C d) Mercúrio, Vênus e Marte.
Força

g , gT .
D e) Mercúrio, Vênus e Júpiter.
E

Tempo

d) A B
25 (Uerj) A intensidade F da força de atração gravitacional entre
A força de atração entre duas massas
C é dependente das massas dos corpos
o Sol e um planeta é expressa pela seguinte relação:
e da distância entre eles. Como os sa- mM
Força

télites têm mesma massa e trajetó- F5G


D
rias circulares, a distância entre cada
r2
E
um deles e a Terra é constante, e tam- G – constante universal de gravitação; m – massa do planeta;
bém é constante com o tempo o mó-
Tempo M – massa do Sol; r – raio da órbita do planeta.
dulo da força gravitacional sobre cada
um. Quanto mais próximo o satélite Admitindo que o movimento orbital dos planetas do Siste-
e) E D estiver da Terra, maior a força de atra- ma Solar é circular uniforme, estime a massa do Sol.
ção entre eles, pois a intensidade da
C Dados: G 5 6 ? 7 ? 10–11 N ? m2/kg2;
força de atração gravitacional é inver-
Raio da órbita da Terra 5 1,5 ? 1011 m;
Força

samente proporcional ao quadrado da


B distância entre a Terra e os satélites. 1 ano . 3 ? 107 s.
A O gráfico que mais se aproxima da re- Considerando o movimento dos planetas circular, temos:
presentação correta dessas forças em
GMm a r2
Tempo função do tempo é da alternativa b. F 5 Fc ⇒ 2
5 mac ⇒ M 5 c
r G
2p
No movimento circular de raio r, ac 5 v2r e v 5 .
24 (PUC-SP) T
2 2
 2p  r ? r 4 p2 (1,5 ? 1011)3
M5 ⇒ M5 5 2,2 ? 1030 kg
 T  G

6,7 ? 10211 (3 ? 107 )2

FRENTE B
Garfield, com a finalidade de diminuir seu peso, poderia ir
para quais planetas?
Considere a tabela a seguir e gTerra 5 9,8 m/s2, MT 5 massa da
FÍSICA

Terra e RT 5 raio da Terra. d

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 18 a 20 Para aprimorar: 9

Mecânica celeste 27
Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa para casa”. As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

TAREFA PARA CASA


As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

As ideias de Copérnico eram contrárias aos ensinamen-


PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR tos aristotélicos e as de Einstein foram refutadas por seu
apoio à construção da bomba atômica norte-americana.
1 (UFSC) c) Copérnico afirmou que a Terra gira em torno do Sol em
Eu medi os céus, agora estou medindo as sombras. A um ano e em torno do seu eixo em um dia e Einstein
mente rumo ao céu, o corpo descansa na terra. propôs a teoria da relatividade. As ideias de Copérnico
Com esta inscrição, Johannes Kepler encerra sua passagem eram contrárias ao modelo geocêntrico, enquanto as de
pela vida, escrevendo o próprio epitáfio. Kepler, juntamen- Einstein foram contestadas devido ao seu apoio à criação
te com outros grandes nomes, foi responsável por grandes do Estado de Israel.
avanços no que se refere à Mecânica Celeste. d) Copérnico propôs o modelo heliocêntrico e Einstein, a teo-
No que se refere à história e à ciência por trás da Mecânica ria da relatividade. As ideias de Copérnico contrariaram os
Celeste, assinale a(s) proposição(ões) correta(s). dogmas da Igreja e as de Einstein foram refutadas por seu
(01) O astrônomo Cláudio Ptolomeu defendia o sistema geo- apoio à construção da bomba atômica norte-americana.
cêntrico, com a Terra no centro do sistema planetário. e) Copérnico propôs o modelo heliocêntrico e Einstein mu-
Já Nicolau Copérnico defendia o sistema heliocêntrico, dou os conceitos de espaço-tempo. As ideias de Copérnico
com o Sol no centro do sistema planetário. Tycho Brahe contrariaram os dogmas da Igreja e as de Einstein foram
elaborou um sistema no qual os planetas giravam em questionadas na Alemanha em razão de sua origem étnica.
torno do Sol e o Sol girava em torno da Terra.
(02) Galileu Galilei foi acusado de herege, processado pela Igre- 3 (AFA-SP) A tabela a seguir resume alguns dados sobre dois
ja Católica e julgado em um tribunal por afirmar e defender satélites.
que a Terra era fixa e centralizada no sistema planetário.
Raio médio da
(04) Kepler resolveu o problema das órbitas dos planetas
Diâmetro órbita em relação
quando percebeu que elas eram elípticas, e isso só foi Nome
possível quando ele parou de confiar nas observações aproximado (km) ao centro de
feitas por Tycho Brahe. Júpiter (km)
(08) O movimento de translação de um planeta não é unifor- Io 3,64 ? 103 4,20 ? 105
me; ele é acelerado entre o periélio e o afélio, e retarda-
do do afélio para o periélio. Europa 3,14 ? 103 6,72 ? 105
(16) A teoria da gravitação universal, de Newton, é válida para
situações nas quais as velocidades envolvidas sejam mui- Sabendo-se que o período orbital de Io é de aproximada-
to grandes (próximas à velocidade da luz) e o movimento mente 1,8 dia terrestre, pode-se afirmar que o período orbi-
não ocorra em campos gravitacionais muito intensos. tal de Europa expresso em dia(s) terrestre(s), é um valor mais
(32) A teoria da relatividade geral de Einstein propõe que a próximo de:
presença de uma massa deforma o espaço e o tempo a) 0,90. c) 3,60.
nas suas proximidades, sendo que, quanto maior a massa b) 1,50. d) 7,20.
e menor a distância, mais intensos são seus efeitos. Por 4 (Uespi) Um planeta orbita em um movimento circular uni-
isso a órbita de Mercúrio não pode ser explicada pela
forme de período T e raio R, com centro em uma estrela. Se
gravitação de Newton.
o período do movimento do planeta aumentar para 8T, por
2 (UFG-GO) As ideias de Nicolau Copérnico (1473-1543) e de qual fator o raio da sua órbita será multiplicado?
Albert Einstein (1879-1955) marcaram o pensamento cientí- 1
a) c) 2 e) 8
fico de suas respectivas épocas, tornando-os alvo de censura 4
no cenário político. Quais são essas ideias e por que elas mo- 1
b) d) 4
tivaram conflitos? 2
a) Copérnico afirmou que a Terra gira em torno do Sol em 5 (UFF-RJ – Adaptada)
órbitas elípticas e Einstein mudou os conceitos de espa-
ço-tempo. As ideias de Copérnico eram contrárias aos Ao longo da história se reconhecem esforços de indivíduos
ensinamentos aristotélicos e as de Einstein foram questio- e de todas as sociedades para encontrar explicações, formas de
nadas na Alemanha em razão de sua origem étnica. lidar e conviver com a realidade natural e sociocultural. Isso deu
b) Copérnico afirmou que a Terra gira em torno do Sol em origem aos modos de comunicação e às línguas, às religiões e
órbitas elípticas e Einstein propôs a teoria da relatividade. às artes, assim como às ciências e às matemáticas, enfim a tudo

28 Mecânica celeste
o que chamamos “conhecimento”, muitas vezes também cha- c) 16 anos2/(UA)3
mado “saber”. E indivíduos e a espécie como um todo se des- 1
d) ano2/(UA)3
tacam entre seus pares e atingem seu potencial de criatividade 8
porque conhecem. e) 1 ano2/(UA)3
D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação Matemática: da teoria à prática.
2. ed. Campinas: Papirus, 1997. p. 18.
6 (IFSP) Muitos ainda acreditam que como a órbita da Terra em
Sempre que se ouve alguma referência a embates – torno do Sol é uma elipse e o Sol não está no centro dessa
reais ou imaginários – entre ciência e religião, o nome elipse, as estações do ano ocorrem porque a Terra ora fica
Galileu (1564-1642) é invariavelmente invocado. No en- mais próxima do Sol, ora mais afastada. Se isso fosse verdade,
tanto, J. A. Connor apresenta em seu texto “A bruxa de como se explica o fato de o Natal ocorrer numa época fria
Kepler” um pensador que, segundo o autor, teria sido real- (até nevar) nos países do hemisfério norte e no Brasil ocorrer
mente fiel a seus princípios intelectuais, morais e religio- numa época de muito calor? Será que metade da Terra está
sos, muito mais que Galileu: Johannes Kepler (1571- mais próxima do Sol e a outra metade está mais afastada?
-1630). Vivendo em uma parte da Europa dilacerada pelas Isso não faz sentido. A existência das estações do ano é mais
guerras de religião, sofrendo perseguições por causa da bem explicada:
sua fé luterana, Kepler ainda assim revolucionou a com-
preensão que temos do mundo. a) pelo fato de o eixo imaginário de rotação da Terra ser per-
HADDAD, T. A sombra de Galileu. Scientific American, pendicular ao plano de sua órbita ao redor do Sol.
ano 4, n. 46, mar. 2006. Adaptado. b) pelo fato de em certas épocas do ano a velocidade de
translação da Terra ao redor do Sol ser maior do que em
CATEDRAL DE ESTRASBURGO, FRANÇA / ARQUIVO DA EDITORA

outras épocas.
c) pela inclinação do eixo imaginário de rotação da Terra em
relação ao plano de sua órbita ao redor do Sol.
d) pela velocidade de rotação da Terra em relação ao seu
eixo imaginário não ser constante.
e) pela presença da Lua em órbita ao redor da Terra, exer-
cendo influência no período de translação da Terra ao
redor do Sol.

7 (UEM-PR) Sobre as leis de Kepler e a lei da gravitação univer-


sal, some o valor das alternativas que forem corretas.
(01) A Terra exerce uma força de atração sobre a Lua.
(02) Existe sempre um par de forças de ação e reação entre
dois corpos materiais quaisquer.
(04) O período de tempo que um planeta leva para dar uma
volta completa em torno do Sol é inversamente propor-
cional à distância do planeta até o Sol.
. (08) O segmento de reta traçado de um planeta ao Sol var-
Um dos grandes legados de Kepler para a ciência foi a sua rerá áreas iguais, em tempos iguais, durante a revolução
terceira lei: “o quadrado do período de revolução de cada do planeta em torno do Sol.
planeta é proporcional ao cubo do raio médio da respectiva (16) As órbitas dos planetas em torno do Sol são elípticas, e
órbita”. Isto é, sendo T o período de revolução do planeta e o Sol ocupa um dos focos da elipse correspondente à
r a medida do raio médio de sua órbita, esta lei nos permite órbita de cada planeta.
escrever que: T2 5 K r3, onde a constante de proporcionali-
8 (UFRS) Considere o raio médio da órbita de Júpiter em torno
dade K é positiva.
do Sol igual a 5 vezes o raio médio da órbita da Terra. Segun- FRENTE B
Suponha a existência de um planeta no Sistema Solar cuja
do a 3a lei de Kepler, o período de revolução de Júpiter em
órbita tenha raio médio igual a quatro vezes o raio médio da
torno do Sol é de aproximadamente:
Terra. Qual seria a o valor da constante K para este planeta?
a) 5 anos.
FÍSICA

Considere o raio da órbita da Terra igual a 1 UA (UA = unida-


de astronômica). b) 11 anos.
a) Não há como chegar a este valor, pois o período do pla- c) 25 anos.
neta não é dado no enunciado. d) 110 anos.
b) 8 anos2/(UA)3 e) 125 anos.

Mecânica celeste 29
9 (UFPA – Adaptada) O mapa abaixo mostra uma distribuição 155° 150° 145° 140° 135° 130°

típica de correntes na desembocadura do rio Pará, duas ho-


ras antes da preamar (maré alta), momento no qual se pode
observar que as águas fluem para o interior do continente. 120

Marte

110

Qual a causa da forma da trajetória do planeta Marte regis-


trada na figura?
a) A maior velocidade orbital da Terra faz com que, em cer-
tas épocas, ela ultrapasse Marte.
b) A presença de outras estrelas faz com que sua trajetória
seja desviada por meio da atração gravitacional.
c) A órbita de Marte, em torno do Sol, possui uma forma
elíptica mais acentuada que a dos demais planetas.
d) A atração gravitacional entre a Terra e Marte faz com que
este planeta apresente uma órbita irregular em torno do Sol.
e) A proximidade de Marte com Júpiter, em algumas épocas
A principal causa para a ocorrência desse fenômeno de do ano, faz com que a atração gravitacional de Júpiter in-
fluência das águas é: terfira em seu movimento.
a) a dilatação das águas do oceano ao serem aquecidas 12 a) Um objeto, colocado entre a Terra e a Lua, fica sob a ação
pelo Sol. das forças de atração da Terra e da Lua. Existe uma certa
b) a atração gravitacional que a Lua e o Sol exercem sobre as posição em que essas forças estão em equilíbrio. Na figura
águas. deste exercício, qual dos pontos P1, P2 ou P3 pode repre-
c) a diferença entre as densidades da água no oceano e sentar essa posição?
no rio.
b) Tomando como base sua resposta no item a, descreva o
d) o atrito da água com os fortes ventos que sopram do nor-
movimento que o objeto iria adquirir se fosse abandona-
deste nesta região.
do nos pontos A, B, C e D.
e) a contração volumétrica das águas do rio Pará ao perde-
rem calor durante a noite. Lua

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/


ARQUIVO DA EDITORA
D
C
Para a questão 10, leia o texto para as questões 5 e 6 da seção B P3
Para Construir, na página 9. A P2
P1
10 (Unicamp-SP) A força gravitacional entre dois corpos de
m1m2
massa m1 e m2 tem módulo F 5 G , em que r é a
r2
Nm2
distância entre eles e G 5 6, 7 ?10211 2 . Sabendo que a 13 (Unicamp-SP) Em 1665, Isaac Newton enunciou a lei da gra-
kg
vitação universal, e dela pode-se obter a aceleração gravita-
massa de Júpiter é mj 5 2,0 ? 1027 kg e que a massa da Terra
cional a uma distância d de um corpo de massa M, dada por
é mT 5 6,0 ? 1024 kg, o módulo da força gravitacional entre
G⋅M
Júpiter e a Terra no momento de maior proximidade é: g 5 2 sendo G 5 6,7 ? 10211 Nm2/kg2 a constante de gra-
d
a) 1,4 ? 1018 N. c) 3,5 ? 1019 N. vitação universal. Sabendo-se o valor de G, o raio da Terra, e
b) 2,2 ? 1018 N. d) 1,3 ? 1030 N. a aceleração da gravidade na superfície da Terra, foi possível
11 (Enem) A característica que permite identificar um planeta encontrar a massa da Terra, MT 5 6,0 ? 1024 kg. A aceleração
no céu é o seu movimento relativo às estrelas fixas. Se obser- gravitacional sobre um determinado satélite orbitando a Ter-
varmos a posição de um planeta por vários dias, verificare- ra é igual a g 5 0, 25 m/s2. A distância aproximada do satélite
mos que sua posição em relação às estrelas fixas se modifica ao centro da Terra é de:
regularmente. A figura destaca o movimento de Marte ob- a) 1,7 ? 103 km. c) 7,0 ? 103 km.
servado em intervalos de 10 dias, registrado da Terra. b) 4,0 ? 104 km. d) 3,8 ? 105 km.

30 Mecânica celeste
14 (UFMT) No Sistema Solar, Netuno é o planeta mais distante c) A maré cheia é vista por um observador quando a Lua pas-
do Sol e, apesar de ter um raio 4 vezes maior e uma massa 18 sa por cima dele, ou quando a Lua passa por baixo dele. 
vezes maior do que a Terra, não é visível a olho nu. Conside- d) As massas de água que estão mais próximas da Lua ou do
rando a Terra e Netuno esféricos e sabendo que a aceleração Sol sofrem atração maior do que as massas de água que
da gravidade na superfície da Terra vale 10 m/s2, pode-se afir- estão mais afastadas, devido à rotação da Terra. 
e) As marés alta e baixa sucedem-se em intervalos de apro-
mar que a intensidade da aceleração da gravidade criada por
ximadamente 6 horas. 
Netuno em sua superfície é, em m/s2, aproximadamente,
a) 9. b) 11. c) 22. d) 36. e) 45. 17 (Vunesp) Desde maio de 2008 o Ibama recebe imagens do
ALOS (satélite de observação avançada da Terra) para moni-
15 (UEM-PR) Considerando que um planeta A possui 2 vezes a torar o desmatamento na floresta Amazônica. O ALOS é um
massa e 4 vezes o diâmetro da Terra, some o valor das alter- satélite japonês que descreve uma órbita circular a aproxima-
nativas que forem corretas. damente 700 km de altitude. São dados o raio e a massa da
(01) A aceleração gravitacional na superfície do planeta A Terra, RT 5 6 400 km e M 5 6,0 ? 1024 kg respectivamente, e a
1 constante gravitacional, G 5 6,7 ? 10211 N ? m2/kg2. Determine
é g, em que g é a aceleração gravitacional na super- o módulo da aceleração da gravidade terrestre, em m/s2, na
8
fície da Terra. altitude em que esse satélite se encontra.
(02) A densidade do planeta A é menor que a da Terra. 18 (UFT-TO) Equipe de cientistas descobre o primeiro exopla-
(04) Se a velocidade angular de rotação do planeta A for neta habitável.
igual a da Terra, um dia no planeta A tem 96 horas.
O primeiro exoplaneta habitável foi encontrado de-
08) Se dois pêndulos simples idênticos forem colocados a pois de observações que duraram 11 anos, utilizando uma
2 metros da superfície, tanto do planeta A quanto da Ter- mistura de técnicas avançadas e telescópios convencio-
ra, os períodos de oscilação terão o mesmo valor. nais. A equipe descobriu mais dois exoplanetas orbitando
(16) Desprezando o atrito com os gases atmosféricos, se um ob- em volta da estrela Gliese 581.
jeto for solto da mesma altura com relação ao solo, na Terra O mais interessante dos dois exoplanetas descobertos
e no planeta A, os tempos de queda serão os mesmos. é o Gliese 581g, com uma massa três vezes superior à da
Terra e um período orbital (tempo que o planeta leva para
16 (Udesc) A maré é o fenômeno natural de subida e descida do dar uma volta completa em torno de sua estrela) inferior a
nível das águas, percebido principalmente nos oceanos, cau- 37 dias. O raio da órbita do Gliese 581g é igual à 20% do
sado pela atração gravitacional do Sol e da Lua. A ilustração raio da órbita da Terra, enquanto sua velocidade orbital é
a seguir esquematiza a variação do nível das águas ao longo 50% maior que a velocidade orbital da Terra. O Gliese 581g
de uma rotação completa da Terra. está “preso” à estrela, o que significa que um lado do plane-
Lua
ta recebe luz constantemente, enquanto o outro é de perpé-
tua escuridão. A zona mais habitável na superfície do exo-
planeta seria a linha entre a sombra e a luz, com
temperaturas caindo em direção à sombra e subindo em
Terra direção à luz. A temperatura média varia entre 231 ºC e
212 ºC, mas as temperaturas reais podem ser muito maio-
res na região de frente para a estrela (até 70 ºC) e muito
Lua Terra Terra Lua menores na região contrária (até 240 ºC). A gravidade no
Gleise 581g é semelhante à da Terra, o que significa que um
ser humano conseguiria andar sem dificuldades.
Terra Os cientistas acreditam que o número de exoplanetas
potencialmente habitáveis na Via Láctea pode chegar a
20%, dada a facilidade com que Gliese 581g foi descoberto.
Se fossem raros, dizem os astrônomos, eles não teriam en-
Lua
contrado um tão rápido e tão próximo. No entanto, ainda
vai demorar muito até que o homem consiga sair da Terra FRENTE B
Considere as seguintes proposições sobre maré, e assinale a e comece a colonizar outros planetas fora do Sistema Solar.
alternativa INCORRETA. Veja, edição 2185, ano 43, n. 40, 8 out. 2010. Adaptado.
a) As marés de maior amplitude ocorrem próximo das situa- Considerando as órbitas do Gliese 581g e da Terra circulares
FÍSICA

ções de Lua nova ou Lua cheia, quando as forças atrativas, com movimento uniforme, leia os itens abaixo:
devido ao Sol e à Lua, se reforçam mutuamente.  I. Para que a aceleração gravitacional na superfície do Gliese
b) A influência da Lua é maior do que a do Sol, pois, embora 581g tenha valor igual à aceleração gravitacional na su-
a sua massa seja muito menor do que a do Sol, esse fato perfície da Terra, o raio do Gliese 581g deve ser menor do
é compensado pela menor distância à Terra.  que o raio da Terra.

Mecânica celeste 31
II. A massa da estrela em torno da qual o Gliese 581g orbita Sol, e não de uma estrela mais distante. Assim, um outro ci-
é inferior à metade da massa do Sol. clo foi observado e batizado de “ano solar” ou “ano trópico”.
III. O Gliese 581g gira em torno de seu próprio eixo com a O ano trópico dura 365,24219 dias solares, ou 365 dias, 5
mesma velocidade angular com que orbita a sua estrela. horas, 48 minutos e 45,2 segundos (cerca de 20 minutos
IV. A velocidade angular com que o Gliese 581g orbita sua mais curto que o ano sideral). Esta é a duração do ano que
estrela é menor do que a velocidade angular com que a usamos na construção do nosso calendário.
Terra orbita o Sol. [...] Não é mistério que o eixo da Terra (ao redor do
Marque a opção correta: qual nosso planeta realiza sua rotação) é inclinado em re-
a) I e III são verdadeiras. d) III e IV são verdadeiras. lação ao plano de sua órbita em volta do Sol. Esta inclina-
b) I e II são verdadeiras. e) II e IV são verdadeiras. ção de cerca de 23°27' em relação à direção perpendicular
c) II e III são verdadeiras. ao plano, junto ao movimento de revolução, é responsável
19 (ESPCEX-SP) Consideramos que o planeta Marte possui um pelo vai e vem das estações. Ao longo de uma órbita com-
décimo da massa da Terra e um raio igual à metade do raio pleta da Terra, seus hemisférios norte e sul recebem quan-
do nosso planeta. Se o módulo da força gravitacional sobre tidades diferentes de luz solar, dependendo da época do
um astronauta na superfície da Terra é igual a 700 N, na su- ano. Este ciclo é de fácil percepção (talvez não em latitu-
perfície de Marte seria igual a: des baixas, como no caso da maior parte das cidades bra-
sileiras) e seu domínio pelo homem foi um passo decisivo
a) 700 N. c) 140 N. e) 17,5 N.
no surgimento da civilização como a conhecemos.
b) 280 N. d) 70 N. CHERMAN, A.; VIEIRA, F. O tempo que o tempo tem.
20 (Ufam) Um satélite na superfície da Terra tem massa m e Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

aceleração da gravidade g. Quando o satélite for colocado De acordo com o texto, é correto afirmar que:
em órbita, a uma altitude igual ao raio da Terra, sua massa e a) o uso do nome translação está errado do ponto de vista da
aceleração da gravidade serão, respectivamente: Física, e não deve ser usado no estudo dos movimentos.
g g m g b) o uso do termo revolução se justifica unicamente como
a) m e . c) m e . e) e .
2 4 2 2 sendo uma homenagem a Nicolau Copérnico.
g m g c) o ano usado no calendário atual é uma média entre o ano
b) 2m e . d) e .
4 4 4 sideral e o ano solar.
d) as estações do ano não são resultados da variação da dis-
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR tância Terra-Sol, e sim da inclinação do eixo de rotação da
Terra em relação ao plano da órbita.
1 (IFSC) e) os solstícios marcam a entrada de estação: no hemisfério
norte, o verão; e no sul, a primavera.
Revolução
É quase certo que o leitor tenha aprendido, na escola 2 (UFRGS-RS) O ano de 2009 foi proclamado pela Unesco o Ano
e nos livros que tratam do assunto, o nome do movimen- Internacional da Astronomia para comemorar os 400  anos
to da Terra como “translação”. Aqui o chamaremos de das primeiras observações astronômicas realizadas por Ga-
“revolução”. Por que não usar o nome consagrado? Em lileu Galilei através de telescópios e, também, para celebrar
primeiro lugar, porque, de um ponto de vista físico, está a Astronomia e suas contribuições para o conhecimento
errado. Translação, na Dinâmica e na Cinemática (as áreas humano. O ano de 2009 também celebrou os 400 anos da
da Física que estudam a movimentação dos corpos), é um formulação da lei das órbitas e da lei das áreas por Johannes
movimento paralelo a um determinado eixo. Kepler. A terceira lei, conhecida como lei dos períodos, foi
A órbita da Terra, por ser uma curva fechada, obvia- por ele formulada posteriormente. Sobre as três leis de Ke-
mente não é paralela à reta alguma! [...] É o nome mais pler são feitas as seguintes afirmações:
adequado também do ponto de vista histórico, já que o
I. A órbita de cada planeta é uma elipse com o Sol em um
próprio Nicolau Copérnico, quando, em 1543, publicou
dos focos.
sua obra defendendo o heliocentrismo, batizou-a de “So-
II. O seguimento de reta que une cada planeta ao Sol varre
bre a revolução das orbes celestes”.
áreas iguais em tempos iguais.
O tempo que a Terra leva para dar uma volta completa
em torno do Sol é chamado de “ano sideral”, e é igual a III. O quadrado do período orbital de cada planeta é direta-
365,2556363 dias solares (ou, ainda, 365 dias, 6 horas, 9 mi- mente proporcional ao cubo da distância média do pla-
nutos e 9,8 segundos). Sideral vem de sidus, que em latim neta ao Sol.
significa “astro”. Na Astronomia, usamos este adjetivo quan- Qual(is) está(ão) correta(s)?
do queremos fazer referência às estrelas distantes. [...] É na- a) Apenas I. d) Apenas I e II.
tural entendermos que os primeiros astrônomos tinham mais b) Apenas II. e) I, II e III.
facilidade para medir o tempo por meio da observação do c) Apenas III.

32 Mecânica celeste
3 (ITA-SP) Na ficção científica A estrela, de H. G. Wells, um gran- Determine as diferenças (f1z 2 f0z) e (f2z 2 f0z) sabendo que
de asteróide passa próximo à Terra que, em consequência, 1
deverá usar a aproximação 5 1 2 ax, quando x ,, 1.
fica com sua nova órbita mais próxima do Sol e tem seu ciclo (11 x)a
lunar alterado para 80 dias. Pode-se concluir que, após o fe-
nômeno, o ano terrestre e a distância Terra-Lua vão tornar-se,
Lua z
respectivamente,
Terra
a) mais curto – aproximadamente a metade do que era antes.
b) mais curto – aproximadamente duas vezes o que era antes. m2
m0
c) mais curto – aproximadamente quatro vezes o que era m1
antes. x
d) mais longo – aproximadamente a metade do que era antes.
e) mais longo – aproximadamente um quarto do que era 7 (FGV-SP) A massa da Terra é de 6,0 ? 1024 kg, e de Netuno é de
antes. 1,0 ? 1026 kg. A distância da Terra ao Sol é de 1,5 ? 1011 m, e a de
Netuno ao Sol é de 4,5 ? 1012 m. A razão entre as forças de inte-
4 (IME-SP) Três satélites orbitam ao redor da Terra: o satélite S1 ração Sol-Terra e Sol-Netuno, nessa ordem, é mais próxima de:
em uma órbita elíptica com o semieixo maior a1 e o semieixo
a) 0,05. c) 5. e) 500.
menor b1; o satélite S2 em outra órbita elíptica com semieixo
b) 0,5. d) 50.
maior a2 e semieixo menor b2; e o satélite S3 em uma órbita
circular com raio r. 8 (UEL-PR) Observe a figura e responda:
Considerando que r 5 a1 5 b2, a1 Þ b1 e a2 Þ b2, é correto
afirmar que:
a) os períodos de revolução dos três satélites são iguais.
b) os períodos de revolução dos três satélites são diferentes.
c) S1 e S3 têm períodos de revolução idênticos, maiores do
que o de S2.
d) S1 e S3 têm períodos de revolução idênticos, menores do
que o de S2.
e) S2 e S3 têm períodos de revolução idênticos, maiores do
que o de S1.

5 (UFCSPA-RS) A densidade média do planeta Terra é de 5 000 kg/


m3. Qual é a densidade de um planeta que tenha o mesmo diâ-
metro da Terra, com aceleração da gravidade superficial igual a
 1
um quinto   da aceleração de nosso planeta?
 5
a) 0,25 g/cm3. VEJA, n. 1 773, 16 out. 2002.
b) 0,50 g/cm3. Se o satélite americano for estacionário, isto é, se seu período
c) 0,75 g/cm3. de rotação for igual a 24 horas (86 400 s), qual é a sua altitude?
d) 1,00 g/cm3. Dados: G 5 6,7 ? 10211 N ? m2/kg2;
e) 5,00 g/cm3. massa da Terra: MT 5 6,0 ? 1024 kg; raio da Terra: rT 5 6,38 ? 106 m.
6 (ITA-SP) Lua e Sol são os principais responsáveis pelas forças a) 36 ? 104 m. c) 36 ? 108 m. e) 36 ? 1010 m.
b) 36 ? 10 m.
6
d) 36 ? 10 m.9
de maré. Estas são produzidas devido às diferenças na acele-
ração gravitacional sofrida por massas distribuídas na Terra em 9 (Unir-RO) Para que um satélite se afaste definitivamente da
razão das respectivas diferenças de suas distâncias em relação Terra, é necessário atingir uma velocidade de escape de:
a esses astros. A figura a seguir mostra duas massas iguais,
Dados: FRENTE B
m1 5 m2 5 m, dispostas sobre a superfície da Terra em po-
sições diametralmente opostas e alinhadas em relação à Lua, Constante gravitacional universal 5 6,7 ? 10211 N ? m2/kg2;
bem como uma massa m0 5 m situada no centro da Terra. Massa da Terra 5 6,0 ? 1024 kg;
Considere G a constante de gravitação universal, M a massa da Raio da Terra 5 6,4 ? 106 m.
FÍSICA

Lua, r o raio da Terra e R a distância entre os centros da Terra e a) 8 km/s. d) 11 km/s.


da Lua. Considere, também, f0z, f1z e f2z as forças produzidas pela b) 13 ? 104 km/s. e) 1 m/s.
Lua, respectivamente sobre as massas m0, m1 e m2. c) 8 m/s.

Mecânica celeste 33
Veja no Guia do Professor, as respostas da “Revisão”.

REVISÃO
As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

As resoluções dos exercícios encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

1 (Fuvest-SP) A Estação Espacial Internacional, que está sen- de 8 ∙ 104 s. Com base nessas informações e desprezando
do construída num esforço conjunto de diversos países, o movimento da Terra, é correto afirmar que esse satélite
deverá orbitar a uma distância do centro da Terra igual a gira em torno da Terra com uma velocidade orbital de:
F Dados: G = 6 ∙ 10–11 N ∙ m2/kg2; massa da Terra = 6 ∙ 1024 kg;
1,05 do raio médio da Terra. A razão R 5 e , entre a força
F p = 3.
Fe com que a Terra atrai um corpo nessa Estação e a força a) 1 000 m/s.
F com que a Terra atrai o mesmo corpo na superfície da b) 1 500 m/s.
Terra, é aproximadamente: c) 2 000 m/s.
a) 0,02. d) 3 000 m/s.
b) 0,05. e) 3 500 m/s.
c) 0,10.
d) 0,50. 4 (EEAR-SP) Em relação ao movimento dos planetas em tor-
e) 0,90. no do Sol, segundo as leis de Kepler, é correto afirmar que
a velocidade linear, em módulo, dos planetas é:
2 (UFF-RJ) Considerando que a Lua descreve uma órbita
a) maior quando eles estão no periélio.
circular em torno da Terra, assinale a opção em que estão
b) menor quando eles estão no periélio.
mais bem representadas a força resultante (FR& ) sobre o sa-
c) maior quando eles estão no afélio.
télite e sua velocidade ( v &).
d) sempre constante.
a) v&

5 (Uece) Considere m a massa de um satélite que está sen-


do projetado para descrever uma órbita circular a uma
F&R
distância d, acima da superfície da Terra. Sejam M e R a
massa e o raio da Terra, respectivamente, e G a constante
b) F&R v& gravitacional universal. Considerando-se apenas os efei-
tos gravitacionais da Terra, o módulo da velocidade tan-
gencial do satélite na órbita será:
c) v&
1 1

F&R 5 0  GM  2  GM  2
a)  . c)  .
 d   R 
1 1
d) v&  GM  2  GMm  2
b)  . d)  .
 d + R   R 

6 (AFA-SP) Considere a Terra um planeta de raio R estacio-


F&R nário no espaço. A razão entre os períodos de dois satéli-
tes, de mesma massa, em órbitas circulares de altura R e
e) v& 3R, respectivamente, é:
1
a) .
F&R 2

3
3 (UFPB) Os satélites artificiais são uma conquista da tecno- b) .
4
logia moderna e os seus propósitos são variados. Existem
satélites com fins militares, de comunicação, de monito- 2
ramento, etc. e todo satélite tem uma órbita e uma veloci- c) .
4
dade orbital bem determinadas. Nesse contexto, conside-
re um satélite de comunicação que descreve uma órbita 3
d) .
circular em torno da Terra com um período de revolução 2

34 Mecânica celeste
7 (Fuvest-SP) No Sistema Solar, o planeta Saturno tem mas- da rotação da própria Terra, não modificando sua altitude
sa cerca de cem vezes maior do que a da Terra e descre- nem se afastando do equador.
ve uma órbita, em torno do Sol, a uma distância média O Brasilsat B4 é um satélite de telecomunicações que se
dez vezes maior do que a distância média da Terra ao Sol encontra em uma órbita geoestacionária de raio, aproxi-
(valores aproximados). A razão  FS  entre a força gravita- madamente, 3,6 ? 104 km. Nessas condições, os valores
 FT  aproximados da velocidade e da aceleração centrípeta a
cional com que o Sol atrai Saturno e a força gravitacional que está submetido são, respectivamente:
com que o Sol atrai a Terra é aproximadamente: a) 2,6 km/s; 1,9 ? 1024 km/s2.
a) 1 000. b) 5,0 ? 108 km/s; 1,4 ? 104 km/s2.
b) 10. c) 2,6 km/s; 7,4 ? 1023 km/s2.
c) 1. d) 5,0 ? 108 km/s; 1,9 ? 1024 km/s2.
d) 0,1. e) 15,0 km/s; 5,4 ? 105 km/s2.
e) 0,001.
11 (Unioeste-PR) Em fevereiro de 2009 foi anunciada a des-
8 (Fuvest-SP) Satélites utilizados para telecomunicações são coberta de um pequeno planeta extra-solar, o CoRoT-7b,
colocados em órbitas geoestacionárias ao redor da Terra, que orbita a estrela TYC da Constelação de Unicórnio, a
ou seja, de forma que permaneçam sempre acima de um 500 anos-luz da Terra. Com base em observações indire-
mesmo ponto da superfície da Terra. Considere algumas tas e em cálculos astrofísicos, soube-se que o CoRoT-7b
condições que poderiam corresponder a esses satélites. tem uma massa cinco vezes superior à terrestre e seu raio
I. Ter o mesmo período, cerca de 24 horas. é 80% maior. Se denominarmos por gT e gC as respectivas
II. Ter, aproximadamente, a mesma massa. acelerações gravitacionais nas superfícies da Terra e de
III. Estar, aproximadamente, à mesma altitude. CoRoT-7b, é correto afirmar que
IV. Manter-se num plano que contenha o círculo do a) gC = gT
equador terrestre. b) gT é aproximadamente 2,8 vezes maior que gC.
O conjunto de todas as condições, às quais satélites em c) gT é aproximadamente 1,5 vezes maior que gC.
órbita geoestacionária devem necessariamente obede- d) gC é aproximadamente 2,8 vezes maior que gT
cer, corresponde a: e) gC é aproximadamente 1,5 vezes maior que gT.
a) I e III.
b) I, II e III. 12 (Mack-SP) Devido ao movimento de rotação da Terra,
c) I, III e IV. uma pessoa sentada sobre a linha do equador tem ve-
d) II e III. locidade escalar, em relação ao centro da Terra, igual a:
e) II e IV. 22
Adote: raio equatorial da Terra 5 6 300 km e p 5 .
7
9 (Mack-SP) Um satélite estacionário possui órbita circular a) 2 250 km/h c) 1 300 km/h e) 460 km/h
equatorial a 1 600 km da superfície da Terra. Sabendo que b) 1 650 km/h d) 980 km/h
o raio do equador terrestre é 6,4 ? 103 km, podemos dizer
que nesta altura: 13 (UFV-MG) Dois satélites, S1 e S2, são colocados em órbitas
a) o peso do satélite é praticamente zero, devido à au- circulares, de raios R1 e R2, respectivamente, em torno da
sência de gravidade terrestre no local. Terra, conforme figura abaixo.
b) o peso do satélite é igual ao peso que ele teria na su-
perfície do nosso planeta.
c) o peso do satélite é igual a 80% do peso que ele teria
na superfície do nosso planeta.
d) o peso do satélite é igual a 64% do peso que ele teria
Terra
FRENTE B
R1
na superfície do nosso planeta. S1
e) o peso do satélite é igual a 25% do peso que ele teria
na superfície do nosso planeta.
R2
FÍSICA

10 (UFF-RJ) Os satélites artificiais são utilizados para diversos


S2
fins, dentre eles, a comunicação. Nesse caso, adota-se,
preferencialmente, uma órbita geoestacionária, ou seja,
o satélite gira ao redor da Terra em um tempo igual ao Após a análise da figura, é correto afirmar que:

Mecânica celeste 35
a) a aceleração é nula para S1 e S2. 16 (IME-RJ) A figura apresenta um pequeno corpo de massa
b) a velocidade de S2 é maior que a velocidade de S1. m em queda livre na direção do centro de um planeta de
c) a aceleração de S2 é igual à aceleração de S1. massa M e de raio r sem atmosfera, cujas superfícies dis-
d) a aceleração de S2 é maior que a aceleração de S1. tam D.
e) a velocidade de S1 é maior que a velocidade de S2. m

14 (UFV/Pases-MG) A figura abaixo ilustra as órbitas de três


satélites A, B e C, com velocidades de módulos vA, vB e vC,
respectivamente. D

C
r

Terra M

É correto afirmar que, se D .. r e M .. m, a aceleração


do corpo:
a) é constante.
Sendo mA . mB . mC, onde mA, mB e mC são as respecti- b) não depende da massa do planeta.
vas massas desses satélites, é correto afirmar que: c) diminui com o tempo.
a) vA , vB , vC. d) aumenta com o tempo.
b) vA . vB . vC. e) depende da massa do corpo.
c) vA . vB = vC.
d) vA , vB = vC. 17 (Unifesp) A força gravitacional entre um satélite e a
Terra é F. Se a massa desse satélite fosse quadruplicada e
15 (Cefet-MG) Analise a figura e suponha que os pontos A e a distância entre o satélite e o centro da Terra aumentasse
B estejam fixos sobre a superfície da Terra em extremida- duas vezes, o valor da força gravitacional seria:
des opostas. F
a) . d) F.
4
Eixo de rotação
F
b) . e) 2F.
Terra 2
3F
A B c) .
Lua 4
18 (UFPE) Dois satélites artificiais, A e B, em órbitas circulares
em torno da Terra, têm raios orbitais satisfazendo a rela-
R 1 vA
ção A 5 . Qual é a razão B entre as suas velocidades
A Terra e a Lua exercem uma força mútua de RB 4 v
devido à ação gravitacional. Em decorrência desse fenô- escalares orbitais?
meno, ocorre maré nas proximidades de A e B a
cada horas, aproximadamente. 19 (UFPE) Um satélite artificial geoestacionário orbita em tor-
Os termos que completam, corretamente, as lacunas são no da Terra, de modo que sua trajetória permanece no
a) atração, alta, 12. plano do equador terrestre, e sua posição aparente para
b) repulsão, alta, 24. um observador situado na Terra não muda. Qual deve ser
c) atração, baixa, 24. a velocidade linear orbital, em unidades de 103 km/h, des-
d) repulsão, baixa, 12. te satélite cuja órbita circular tem raio de 42 ? 103 km?

36 Mecânica celeste
20 (PUC-GO) Um corpo astronômico instável, de forma esfé- de, é d, que pode variar de 0 (zero) até R – a, causando,
rica com um raio R e uma densidade de massa uniforme assim, uma variação do campo gravitacional em um
e constante, possui um campo gravitacional g em sua su- ponto P, sobre a superfície da Terra, alinhado com O e C
perfície. (veja a figura). Seja G1 a intensidade do campo gravita-
Devido à sua instabilidade, ele perde massa superficial de cional em P sem a existência da cavidade na Terra, e G2
maneira que o seu raio passa a ser aR (com a , 1). a intensidade do campo no mesmo ponto, consideran-
Podemos, então, afirmar que o novo valor do campo gra- do a existência da cavidade. Então, o valor máximo da
vitacional g' em sua superfície será (assinale a alternativa variação relativa (G1 2 G2 ) , que se obtém ao deslocar a
correta): G1
g posição da cavidade, é:
a) g' = 2 .
α
b) g' = g .
c) g' = αg.
g
d) g' = . R
α
21 (ITA-SP) Sabe-se que a atração gravitacional da Lua sobre O
a
P
a camada de água é a principal responsável pelo apareci- C
mento de marés oceânicas na Terra. A figura mostra a Ter-
ra, supostamente esférica, homogeneamente recoberta
por uma camada de água. d

Terra

Lua a3
a) .
[(R 2 a)2R]
B A
3

b)   .
a
 R
Água
2
c)   .
a
 R
Nessas condições, considere as seguintes afirmativas: a
d) .
R
I. As massas de água próximas das regiões A e B experi-
e) nulo.
mentam marés altas simultaneamente.
II. As massas de água próximas das regiões A e B expe- 23 (Furg-RS) A segunda lei de Newton é aplicada à força
rimentam marés opostas, isto é, quando A tem maré peso, que é a força através da qual os objetos são atraídos
alta, B tem maré baixa e vice-versa. pela Terra. A lei da gravitação universal é uma força pela
III. Durante o intervalo de tempo de um dia ocorrem qual os dois objetos sofrem atração de campo e obedece
duas marés altas e duas marés baixas. à lei do inverso do quadrado da distância. Considerando
Então, está(ão) correta(s) apenas: que a força peso de um objeto pode ser igualada à força
a) a afirmativa I. gravitacional, podemos determinar a aceleração da gravi-
b) a afirmativa II. dade conhecendo a massa do planeta Terra e a distância
c) a afirmativa III. do seu centro ao ponto de interesse. De um modo geral,
d) as afirmativas I e II. utilizamos o raio médio terrestre para obter g (médio). En-
e) as afirmativas I e III. tretanto, nosso planeta é achatado nos polos em relação
FRENTE B
ao equador. Assim sendo, podemos afirmar, quanto ao
22 (ITA-SP) Variações no campo gravitacional na superfície valor de g, que:
da Terra podem advir de irregularidades na distribuição a) g (médio) . g (polos) . g (equador).
de sua massa. Considere a Terra como uma esfera de b) g (polos) . g (médio) . g (equador).
FÍSICA

raio R e de densidade r, uniforme, com uma cavidade c) g (equador) . g (médio) . g (polos).


esférica de raio a, inteiramente contida no seu interior. d) g (polos) . g (equador) . g (médio).
A distância entre os centros O, da Terra, e C, da cavida- e) g (equador) . g (polos) . g (médio).

Mecânica celeste 37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, R. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo: Loyola, 2007.
ASIMOV, I. Antologia 2. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.
________. Isaac Asimov explica. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1986.
BERNAL, J. D. Ciência na história. Lisboa: Livros Horizonte, 1969. 7 v.
BOCZKO, R. Conceitos de Astronomia. São Paulo: Edgard Blücher, 1998.
BUNGE, M. Filosofia da Física. Lisboa: Edições 70, 1983.
CAMINHOS da ciência (coleção). São Paulo: Scipione, 1996. 8 v.
DONATO, H. Galileu, o devassador do infinito. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1980.
EINSTEIN, A.; INFELD, L. A evolução da Física. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
GRUPO DE REELABORAÇÃO DO ENSINO DE FÍSICA (GREF). Mecânica. São Paulo: Edusp, 1996.
KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 2003.
MARTINS, R. de. Commentarius: Nicolau Copérnico. São Paulo: Livraria da Física, 2003.
MOTOYAMA, S. História da ciência: perspectiva científica. São Paulo: Gráfica Cairu, 1974.
NEWTON, I. Principia: princípios matemáticos de filosofia natural. São Paulo: Nova Stella/Edusp, 1990.

ANOTAÇÕES

38 Mecânica celeste
MAIS ENEM
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Matemática e suas Tecnologias

A PASSAGEM DE COMETAS NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE


Durante séculos a humanidade alimentou mitos sobre os cometas. Na mais antiga obra de mitologia conhecida do homem, a epopeia de
Gilgamesh, sobre um rei babilônico que viveu por volta de 2600 a.C., é citado a vinda de um cometa que fez com que os céus ardessem em chamas,
o ar ficasse impregnado de enxofre e a Terra afundasse.
Os romanos possuíam profecias que prediziam uma grande explosão que viria do céu e atingiria a Terra, e dizem que, no ano 78 a.C., no
dia do assassinato do imperador Júlio César, os romanos teriam avistado um cometa com cauda no ceú.
Já na Idade Média, o mau agouro dos cometas estavam tão consolidados que, acreditando que traria desastres e calamidades, o Papa
Calixto II chegou a excomungar o cometa Halley por considerá-lo um instrumento do diabo.
Na Grã-Bretanha, o mesmo cometa foi acusado de espalhar a peste negra, uma pandemia que devastou a população da Europa entre
1347 e 1350.
Foi só com a revolução da Astronomia iniciada por Copérnico, que afirmou que a Terra girava em torno do Sol (modelo heliocêntrico),
que os cometas começaram a perder a má fama, somando-se ao restante dos corpos celestes.
O nome do cometa vem do astrônomo inglês Edmond Halley (1656-1742), que foi o primeiro a determinar a sua periodicidade utilizando-
-se das leis estabelecidas por Newton sobre a gravitação universal e os registros históricos de passagens de diversos cometas na História da
humanidade, concluindo pelas datas e descrições dos cometas nos escritos e com auxílio de seus cáculos que todos os registros tratavam de
um mesmo cometa.
Com base em: ,http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2005/07/01/ult1806u1990.jhtm..

Órbita do cometa Halley e previsão de sua próxima passagem

Órbita
da Terra
1988 1996
2006
2016
1986
2036
2062 2046
2061 2056

Órbita de
Órbita do Netuno
cometa Halley

A órbita do cometa Halley dura aproximadamente 76 anos e seu movimento


em volta do Sol acaba cruzando com a órbita da Terra em um extremo e com
a de Netuno no outro. Sua cauda começa a se formar ao aproximar-se do Sol e
desaparece quando se distancia dele.

T2
Na relação da 3a lei de Kepler, a distância r deve ser considerada como um raio médio da órbita, isto é, a semissoma da menor e da
r3
maior distância ao Sol. Para os planetas, essas duas distâncias são praticamente iguais, mas para os cometas, cujas órbitas são elipses
muito alongadas, elas diferem bastante. Para o cometa Halley, a distância mínima ao Sol foi determinada pelos astrônomos, que en-
contraram um valor de 0,60 unidades astronômicas (UA), mas a distância máxima não pode ser medida diretamente porque o cometa
não é visível ao passar por essa posição.
Sabendo-se que o período desse cometa é de 76 anos, e considerando o raio médio da Terra de 1 UA (distância da Terra ao Sol:
RTerra 5 1 UA), a máxima distância do cometa em relação ao Sol (afélio), em unidades astronômicas, é: d
a) 32 UA , d , 33 UA.
b) 33 UA , d , 34 UA.
c) 34 UA , d , 35 UA.
d) 35 UA , d , 36 UA.
e) 36 ua , d , 37 UA.

39
QUADRO DE IDEIAS

Presidência: Mário Ghio Júnior


Mecânica celeste Direção: Carlos Roberto Piatto
Direção de inovação em conteúdo: René Agostinho
Direção editorial: Lidiane Vivaldini Olo
Conselho editorial: Bárbara Muneratti de Souza Alves,
Modelos de sistemas Carlos Roberto Piatto, Daniel Augusto Ferraz Leite,
Eduardo dos Santos, Eliane Vilela, Helena Serebrinic,
astronômicos Lidiane Vivaldini Olo, Luís Ricardo Arruda de Andrade,
Marcelo Mirabelli, Marcus Bruno Moura Fahel,
Marisa Sodero, Ricardo Leite, Ricardo de Gan Braga,
Tania Fontolan
Gerência editorial: Bárbara Muneratti de Souza Alves
Edição: Alessandra Naomi Oskata (coord.),
Pietro Ferrari, Tatiana Leite Nunes
Assistência editorial: Aline Moojen Pedreira,
Carolina Domeniche Romagna, Pamela Guimarães,
Leis de Kepler Lei da gravitação universal Rodolfo Correia Marinho, Tadeu Nestor Neto
Revisão: Adriana Gabriel Cerello (coord.), Danielle Modesto,
Edilson Moura, Letícia Pieroni, Marília Lima,
Tatiane Godoy, Tayra Alfonso, Vanessa Lucena;
1a lei Colaboração: Aparecida Maffei, Vera L. da Costa

“Qualquer planeta gira em Coordenação de produção: Fabiana Manna (coord.),


Adjane Oliveira, Solange Pereira
torno do Sol descrevendo Movimento de satélites Supervisão de arte: Ricardo de Gan Braga
uma órbita elíptica na qual Edição de arte: Daniela Amaral
o Sol ocupa um dos focos.” Diagramação: Antonio Cesar Decarli,
Claudio Alves dos Santos, Fernando Afonso do Carmo,
Flávio Gomes Duarte, Kleber de Messas
Iconografia: Sílvio Kligin (supervisão),
Marcella Doratioto, Colaboração: Fábio Matsuura,
2a lei Fernanda Siwiec, Fernando Vivaldini
“A reta que une um planeta Variações da aceleração Licenças e autorizações: Edson Carnevale
ao Sol ‘varre’ áreas iguais da gravidade Cartografia: Eric Fuzii
em tempos iguais.” Capa: Daniel Hisashi Aoki
Foto de capa: Latinstock/Staffan Widstrand/Corbis
Projeto gráfico de miolo: Daniel Hisashi Aoki
Editoração eletrônica: Casa de Tipos
3a lei
“Os quadrados dos Todos os direitos reservados por SOMOS Educação S.A.
períodos de revolução dos Avenida das Nações Unidas, 7221
m1m2 Pinheiros – São Paulo – SP
planetas são proporcionais F5 G
aos cubos dos raios de suas r2 CEP: 05425-902
(0xx11) 4383-8000
T2 © SOMOS Sistema de Ensino S.A.
órbitas: 3 5 K.”
r Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Sistema de ensino ser : ensino médio, caderno 2 :


exatas, biológicas. -- 1. ed. -- São Paulo :
Ática, 2015.

Vários autores.

1. Álgebra (Ensino médio) 2. Biologia (Ensino


médio) 3. Física (Ensino médio) 4. Geometria
(Ensino médio) 5. Química (Ensino médio).

14-11297 CDD-373.19

Índices para catálogo sistemático:


1. Ensino integrado : Livros-texto : Ensino
médio 373.19
2014
ISBN 978 85 08 17110-1 (AL)
ISBN 978 85 08 17102-6 (PR)
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1ª impressão

Impressão e acabamento

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40 Mecânica celeste

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