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FUNDAMENTOS DE

ASTRONOMIA
AULA 2

Profª Sophia Feld


CONVERSA INICIAL

A discussão histórica sobre as leis que regem o movimento dos planetas tem um
passo importante com as medições precisas realizadas por Tycho Brahe e seu discípulo,
Johannes Kepler. Ao rastrear o vaivém dos planetas anos a fio, Kepler pôde entender o
movimento planetário em três leis geométricas e harmônicas, as leis de Kepler. Anos
mais tarde, Newton deu a isso um sentido físico por meio de suas leis do movimento e
por meio da primeira grande unificação da física, a gravitação universal, que ocorre
tanto na Terra quanto nos céus.
Porém, o olhar histórico deve ser mantido, pois as conquistas de Kepler e
Newton são resultado do trabalho de muitos antes deles, em uma tentativa de se
entender o universo, primeiramente de uma forma geocêntrica, para, posteriormente,
entendê-lo como um sistema heliocêntrico. Esses são modelos de universo que, do
ponto de vista da física, são apenas a adoção de um referencial ou outro, mas, para a
imaginação de muitos contemporâneos de Copérnico e Galileu, rasgava uma concepção
da importância terrestre perante o Universo.
Com o passar do tempo, passamos a perceber que o Universo, antes composto
somente pelo Sistema Solar, é composto por inúmeras estrelas e galáxias, com
incontáveis sistemas estelares que se formaram de maneira semelhante ao nosso: a partir
de uma nebulosa girante de gás e poeira, condensando-se em estrelas, como o Sol, e em
planetas, satélites, asteroides e cometas.
Nesse sentido, o objetivo geral desta aula é analisar os movimentos dos planetas,
relacionar esses movimentos com as leis que regem a gravitação universal e descrever
os corpos sob a ação dos movimentos. Já objetivos específicos são:

 enunciar as leis de Newton e Kepler da gravitação universal e relacioná- las com


o movimento dos planetas e os fenômenos decorrentes desses movimentos;
 explicar os modelos de Ptolomeu e Copérnico e sua importância;
 identificar as fases de formação de um sistema planetário;
 descrever os tipos de planetas no Sistema Solar;
 descrever os corpos menores e objetos que constituem o Sistema Solar.

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TEMA 1 – AS LEIS DE NEWTON E DE KEPLER PARA A GRAVITAÇÃO
UNIVERSAL

1.1 Tycho Brahe e as leis de Kepler

O entendimento dos movimentos dos planetas, que culminaram na lei da


gravitação universal, de Newton, teve origem nas observações das posições dos planetas
realizadas pelo astrônomo dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601), o último astrônomo
antes da invenção do telescópio. A precisão e a quantidade de suas medidas das
posições das estrelas dos planetas superaram as observações de seus antecessores. Na
posse de riquíssimos dados, seu discípulo, Johannes Kepler (1571-1630), anos mais
tarde, foi além e elaborou as primeiras leis do movimento planetário (Kepler; Saraiva,
2014).

Figura 1 – As três leis de Kepler

Crédito: Emir Kaan / Shutterstock

Kepler conseguiu traçar a órbita da Terra tendo como base as posições do


planeta Marte na esfera celeste ao longo de muitos anos. Essa órbita era circular, mas
levemente fora do centro. Porém, ao tentar traçar a órbita de Marte,

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o astrônomo não obteve sucesso a princípio. Muitos anos se passaram para que Kepler
chegasse à conclusão de que a órbita marciana era uma elipse, com o Sol em um dos
focos (Kepler; Saraiva, 2014). Logo, generalizou-se essa conclusão, conhecida como a
primeira lei de Kepler, para a órbita dos outros planetas (Halliday; Resnick; Walker,
2009). As outras duas leis de Kepler são:
 Lei das áreas: a reta que une o planeta ao Sol varre áreas iguais em intervalos de
tempo iguais. Consequentemente, a velocidade do planeta é maior quando se
aproxima do Sol (periélio) e menor quando se afasta do Sol (afélio) (Halliday;
Resnick; Walker, 2009).
 Lei harmônica: o quadrado do período orbital de um planeta é diretamente
proporcional ao cubo de sua distância média em relação ao Sol.
Consequentemente, planetas mais distantes do Sol possuem períodos orbitais
maiores (Halliday; Resnick; Walker, 2009).

1.2 As leis de Newton e a gravitação universal

Quando Kepler soube que existiam quatro luas em órbita ao redor de Júpiter,
descobertas por Galileu Galilei, percebeu que elas também seguiam a lei harmônica
(Kepler; Saraiva, 2014), mas com cálculos ligeiramente diferentes, explicados por Isaac
Newton (1643-1727) anos mais tarde em suas três famosas leis do movimento.

Figura 2 – Primeira lei de Newton, a lei da inércia

Crédito: corbac40 / Shutterstock

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 Lei da inércia: quando não está sob ação de forças externas, um corpo que está
inicialmente em repouso permanecerá em repouso; ou, quando está inicialmente
em movimento, continuará seu movimento de forma retilínea e uniforme. Uma
moeda sobre uma folha de papel permanecerá na mesma posição do espaço
mesmo se a folha for retirada rapidamente – a moeda somente cairá dentro do
copo devido à gravidade (Halliday; Resnick; Walker, 2009).

Figura 3 – Segunda lei de Newton

Crédito: Designua / Shutterstock

 Lei fundamental da dinâmica: a força resultante sofrida por um corpo é


proporcional à sua aceleração. Desconsiderando-se o atrito, é necessária uma
força de 1 N para acelerar um objeto de 1 kg a 1 m/s² (Halliday; Resnick;
Walker, 2009).

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Figura 4 – Terceira lei de Newton

Crédito: Nasky/ Shutterstock

 Lei da ação e reação: se uma força é aplicada em um corpo, ele reage aplicando
uma força de mesma intensidade e direção, mas no sentido oposto. Um homem,
por exemplo, ao puxar a maçã com uma corda, exercerá uma ação. Como reação,
a maçã puxará o homem com uma força de igual intensidade, mas no sentido
oposto (Halliday; Resnick; Walker, 2009).

Newton, em 1665, constatou que, para que um planeta ou satélite descreva uma
órbita, considerada circular, deve haver uma força em direção ao centro da órbita, pois,
sem essa força, o movimento do planeta deve ser retilíneo e uniforme, de acordo com
sua primeira lei. Newton foi o percursor a afirmar que é a força gravitacional essa força
centrípeta que mantém a Lua em órbita e que mantém os planetas em órbita em torno do
Sol. Essa força gravitacional entre dois corpos é diretamente proporcional às massas dos
corpos e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles (Halliday;
Resnick; Walker, 2009).

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TEMA 2 – OS MODELOS DE PTOLOMEU E DE COPÉRNICO

2.1 O sistema geocêntrico de Ptolomeu

Figura 5 – Montagem esquemática do sistema ptolomaico

Crédito: Zhuravlev Andrey / Shutterstock

Durante toda a Antiguidade e a Idade Média, o geocentrismo foi dominante no


entendimento do Universo. Cláudio Ptolomeu (85-165), considerado o último dos
grandes astrônomos da Antiguidade (Fara, 2014), explicou o movimento dos planetas
como se eles estivessem encaixados em um conjunto de círculos. A explicação era a de
que o planeta está atrelado a um pequeno círculo que gira, chamado epiciclo. O centro
desse círculo, por sua vez, está fixado em um círculo maior, chamado deferente. A Terra
não é exatamente o centro dos deferentes, que estão ligeiramente fora de centro.
Ptolomeu introduziu o conceito de equante, um ponto ao lado do centro do deferente e
oposto à Terra. O deferente gira em torno do equante como um bambolê, explicando o
movimento não uniforme dos planetas. A precisão do modelo de

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Ptolomeu foi suficiente para que a ideia perdurasse por mais de 1.300 anos, durante
toda a Idade Média (Kepler; Saraiva, 2014).

2.2 O modelo heliocêntrico de Copérnico

Nicolau Copérnico (1473-1543) considerou que a explicação do Sol como o


centro do universo era muito mais razoável do que o complicado sistema de Ptolomeu.
No sistema Copérnico, a Terra era apenas mais um dos seis planetas (até então)
conhecidos do Sistema Solar. Os planetas foram organizados em ordem de distância,
deduzidos por Copérnico, a partir do Sol: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e
Saturno. Ele concluiu que a velocidade orbital dos planetas próximos ao Sol era muito
maior do que a dos planetas mais distantes, o que explica muitos dos movimentos não
uniformes dos planetas no céu (Kuhn, 2017). Um desses movimentos é o movimento
retrógrado do planeta: quando este se encontra em oposição ao Sol. Nesse sistema, o
movimento retrógrado é apenas aparente, como uma árvore ultrapassada por um carro
veloz, dando a impressão de que a árvore está no sentido oposto em relação à paisagem.

TEMA 3 – FORMAÇÃO DOS SISTEMAS PLANETÁRIOS


Figura 6 – Formação do Sistema Solar: uma nebulosa original planetesimais e
um sol se formaram; os planetesimais aglutinaram-se nos planetas

Crédito: Milena Moiola / Shutterstock.

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O primeiro modelo amplamente aceito para a origem do Sistema Solar foi o
modelo de uma nebulosa em rotação. Foi lançado por Pierre-Simon de Laplace (1749-
1827), partindo do princípio de que, se todos os planetas giram praticamente no mesmo
plano e no mesmo sentido, inclusive as rotações em torno de seus eixos, antes de o
Sistema Solar existir, uma única nebulosa de gás e poeira girava no mesmo sentido
(Kepler; Saraiva, 2014).
Pela gravidade, as partículas da nebulosa entraram em colapso, formando o Sol e
os planetas. Como em uma massa de pizza, à medida que os gases e as partículas da
nebulosa começaram a girar mais rápido pela conservação do momento angular, a
“massa” adquiriu formato circular e começou a ficar cada vez mais fina (Nussenzveig,
1988).
De acordo com o modelo de Carl Friedrich Freiherr von Weizäcker (1912-
2007), a nebulosa originária do Sistema Solar esfriou-se rapidamente, o que acarretou a
possibilidade da solidificação de planetesimais – agregados de rocha e gelo que
começaram a se aglutinar e a crescer devido à ação da gravidade. Alguns eram tão
grandes que chegaram a ter dez vezes o tamanho da Terra, e sua enorme gravidade
começou a atrair os gases, dando origem aos planetas gasosos. Os que estavam muito
perto do Sol mantiveram apenas sua superfície rochosa (Mercúrio, Vênus, Terra e
Marte) (Urey, 1956).

TEMA 4 – NOSSO SISTEMA SOLAR E A CLASSIFICAÇÃO DOS PLANETAS

O centro de nosso Sistema Solar é o Sol, nossa fonte de calor e de luz,


fundamental para a vida, além de ser a estrela mais conhecida. Toda estrela é
basicamente uma bola de gás tão quente que é incandescente, e sua fonte de calor são
reações nucleares que ocorrem nos núcleos. O Sol, por exemplo, embora gigantesco
comparado aos planetas, não passa de uma estrela comum comparadas às outras do
Universo (Kepler; Saraiva, 2014).
Além do Sol, o Sistema Solar é composto por oito planetas que giram ao redor
dele, além de planetas anões, luas, anéis, asteroides, cometas e meteoroides. Quase toda
a massa do Sistema Solar está concentrada no Sol, sendo que os demais planetas apenas
compõem 0,14% dessa massa (Kepler; Saraiva, 2014).

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Figura 7 – Representação esquemática do Sistema Solar

Crédito: Withan Tor / Shutterstock.

Pode-se afirmar que existem dois tipos de planetas no Sistema Solar: os planetas
rochosos (telúricos), como a Terra, e os planetas gasosos (jovianos), como Júpiter. São
quatro planetas telúricos: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. Já os planetas jovianos são
Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Todos os planetas, exceto Urano e Netuno, são
conhecidos desde a Antiguidade, por serem visíveis a olho nu. Urano foi descoberto por
William Herschel (1738-1822) em 1781, e Netuno foi descoberto a partir das previsões
gravitacionais de Urbain Jean Joseph Le Verrier (1811-1877) e de John Couch Adams
(1819-1892) em 1846 (Fara, 2014). Plutão, descoberto em 1930 por Clyde William
Tombaugh (1906- 1997), inicialmente foi considerado o nono planeta do Sistema Solar,
mas, em 2006, foi reclassificado como planeta anão por não se enquadrar em algumas
características pertinentes aos outros oito planetas (Kepler; Saraiva, 2014).
A massa de um planeta é medida analisando-se a sua interação gravitacional com
seus satélites naturais, com satélites artificiais (sondas) ou com outros planetas, por
meio das leis de Newton. O diâmetro de um planeta é medido diretamente pela abertura
angular de seu diâmetro no céu e pela sua distância em relação à Terra. Essa distância
pode ser medida diretamente com um radar. Sua composição química é estimada com
base em densidade média. Densidades próximas a 1 g/cm³ revelam que o planeta é
gasoso ou feito, na maior parte, de gelos (de água ou metano, por exemplo). Já
densidades entre

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2,8 g/cm³ e 3,9 g/cm³ revelam que o corpo é feito basicamente de rochas vulcânicas.
Corpos com densidades entre 5 g/cm³ e 6 g/cm³ são feitos de rochas vulcânicas e
núcleos metálicos, como a Terra. Corpos com densidade em torno de 7,9 g/cm³ são em
geral ferrosos, como asteroides metálicos (Kepler; Saraiva, 2014).
A taxa de rotação dos planetas é medida diretamente, por radar (efeito Doppler),
ou indiretamente, ao se observar a taxa de rotação do campo magnético ao redor do
planeta (para planetas gasosos, cujos radares medem a velocidade dos ventos em vez da
rotação). A temperatura do planeta dependerá de sua distância do Sol: quanto mais
distante, mais frio (Kepler; Saraiva, 2014).

TEMA 5 – CORPOS MENORES DO SISTEMA SOLAR

5.1 Asteroides

Figura 8 – Asteroide Vesta

Crédito: Nostalgia for Infinity / Shutterstock.

São pequenos corpos muito numerosos no Sistema Solar que orbitam o Sol, a
maioria entre Marte e Júpiter, em uma região chamada de Cinturão de Asteroides, sendo
o maior deles Ceres, também considerado um planeta anão, com 900 km de diâmetro,
embora sua massa não chegue a 1% da massa da Lua, por exemplo. São compostos
por silicatos (como as rochas terrestres),

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metais ferrosos ou uma mistura de ambos. Outros asteroides grandes na região são
Vesta, Palas e Juno, descobertos no início do século XIX. Conhece-se apenas a estrutura
interna de Vesta e Ceres, que possuem núcleo metálico sólido. Os outros asteroides
possuem estrutura disforme, exceto Ceres, que é esférico. Também foram descobertos
inúmeros outros asteroides após a órbita de Netuno, chamados de objetos do
Cinturão de Kuiper. Existem mais de
100.000 asteroides catalogados, embora apenas 30 deles tenham diâmetros maiores que
200 km (Comins; Kaufmann III, 2010).

5.2 Cinturão de Kuiper

Embora previsto desde meados de 1950, o primeiro objeto transnetuniano (além


da órbita de Netuno) foi descoberto apenas em 1992, com a ajuda do telescópio espacial
Hubble. Desde então, mais de mil objetos transnetunianos foram descobertos, incluindo
os planetas anões Éris, Haumea e Makemake. Éris, inclusive, é maior que Plutão, até
então considerado um planeta, formando o Cinturão de Kuiper. Isso forçou a
comunidade de astrônomos a repensar a definição de um planeta, o que forçou Plutão a
ser considerado mais um planeta anão do Cinturão de Kuiper (Comins; Kaufmann III,
2010).

5.3 Meteoroides, meteoros e meteoritos

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Figura 9 – Chuva de meteoros

Crédito: Belish / Shutterstock

Todos os corpos do Sistema Solar que orbitam o Sol, os planetas ou seus


satélites naturais, e que possuem dimensões equivalentes a pequenas pedras a grãos de
poeira, são considerados meteoroides. Corpos maiores, na dimensão de alguns metros,
podem ser chamados de asteroides ou meteoroides (Comins; Kaufmann III, 2010).
São chamados de meteoros esses corpos enquanto eles caem em direção à
superfície terrestre. Costumam cair com velocidades imensas, às vezes superiores a
50.000 km/h, e a alta velocidade, combinada com a resistência oferecida pela atmosfera
terrestre, cria tanto calor que o meteoro entra em incandescência e pode desintegrar-se
antes de atingir a superfície de forma explosiva. Se o meteoro for suficientemente
grande, a onda de choque pode oferecer riscos, como ocorreu em Chelyabinsk, na
Rússia, em 2013, ou em Tunguska, também na Rússia, em 1907. Ao entrar na
atmosfera, a ocorrência de explosões de um meteoro depende da sua composição
química: se contiver gelos e silicatos, o risco de explosões será maior do que se o
meteoro for metálico. Por outro lado, meteoros metálicos podem alcançar a superfície
terrestre com uma energia cinética gigantesca, causando grandes estragos à

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superfície (Comins; Kaufmann III, 2010). Quando a rocha espacial é coletada, pode ser
chamada de meteorito.

5.4 Satélites naturais e anéis

Em geral, quanto maior o planeta, mais satélites naturais ele possui. Júpiter, por
exemplo, possui mais de 70 luas. Também possui o maior satélite natural do Sistema
Solar, o Ganímedes, com um raio de 2.575 km. É maior do que Mercúrio, que tem 2.439
km de raio. Uma de suas luas possui raio maior que Plutão, com seus 3.475 km de
diâmetro, contra os 2.350 km de Plutão. Todos os satélites giram no mesmo sentido da
órbita dos planetas, com exceção, entre os maiores, de Tritão, em Netuno (Comins;
Kaufmann III, 2010).

Figura 10 – Saturno e seus anéis

Crédito: Dima Zel / Shutterstock

Quando um satélite chega perto demais de seu planeta, as forças de maré causam
a desintegração do satélite, e seus maiores pedaços não passam de 30 m de diâmetro.
Isso também ocorre na colisão entre satélites. Por alguns milhões de anos, esses
fragmentos se organizam em anéis em torno dos planetas, na região equatorial. O
exemplo mais clássico são os anéis de Saturno, embora os outros planetas gasosos
também possuam anéis mais discretos.

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Recentemente, descobriu-se que até mesmo asteroides possuem anéis (Comins;
Kaufmann III, 2010).

5.5 Cometas

Figura 11 – Cometa Hale Bopp em 1997

Crédito: MarcelClemens / Shutterstock

Outros pequenos corpos orbitam o Sistema Solar, embora suas órbitas sejam
muito alongadas. Em geral, são pequenos demais para serem vistos até mesmo por
grandes telescópios. No entanto, quando se aproximam do Sol, ganham caudas
brilhantes que podem ser vistas até mesmo a olho nu. São compostos basicamente por
rochas e água. Antigamente, acreditava-se que isso não passava de um evento
atmosférico, mas Edmond Halley (1656-1742) percebeu a periodicidade de um
determinado cometa muito brilhante a cada 76 anos, episódios que ficaram conhecidos
como Cometa Halley. A composição desses corpos indica que se formaram a grandes
distâncias do Sol, além do Cinturão de Kuiper. Essa região de formação dos cometas
ficou conhecida como a Nuvem de Oort, e estima-se que ela tenha até mesmo 1 ano-luz
de raio (Comins; Kaufmann III, 2010).

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NA PRÁTICA

A astronomia requer um entendimento tridimensional do espaço, e nem sempre


isso é óbvio. Para reconhecer a superioridade do modelo heliocêntrico de Copérnico
sobre o sistema geocêntrico de Ptolomeu, faça uma maquete simples do Sistema Solar,
utilizando esferas de material reciclável. Utilize uma esfera maior para representar o Sol
e outras esferas para a representar os planetas (até Saturno é suficiente). Tenha cuidado
de manter a proporcionalidade nas distâncias dos planetas em relação ao Sol. Para isso,
consulte esses dados na internet.
Para cada planeta, trace sua órbita no chão com o auxílio de um giz e um
barbante, que servirão como compasso com base no Sol. Não é necessário traçar toda a
órbita, uns 90° são suficientes. Atrás do último planeta, faça um painel imitando as
estrelas do céu (não é necessário obedecer a seus posicionamentos precisos).
Movimente a Terra em 20° em sua órbita e Marte em 10° na sua própria órbita. O
deslocamento angular de Marte é menor pois reflete sua velocidade inferior em seu
movimento de translação em relação à Terra, pois Marte está mais longe do Sol. Trace,
então, uma linha reta que ligue os dois planetas e que continue até interceptar o painel
de estrelas. Marque esse ponto de interceptação. Repita o procedimento, sempre de 20°
em 20° para a Terra e de 10° em 10° para Marte.
Com isso, você poderá observar que os pontos marcados no painel de estrelas
parecem acompanhar Marte no início, mas retornam no sentido oposto por alguns
pontos e retornam para o mesmo sentido logo em seguida. Esse movimento oposto no
painel de estrelas é uma representação do movimento retrógrado aparente de Marte no
céu noturno. No sistema geocêntrico, havia epiciclos, deferentes e equantes para
explicar esse fenômeno, mas isso surge naturalmente no sistema heliocêntrico como
resultado da maior velocidade orbital da Terra. Em outras palavras, um sistema mais
simplificado, como o modelo heliocêntrico, consegue explicar movimentos não
esperados que o sistema geocêntrico tenta encaixá-los de qualquer forma.

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FINALIZANDO

Kepler descobriu que a órbita dos planetas não era circular, mas elíptica, e que as
velocidades orbitais dos planetas eram maiores quanto mais próximos do Sol.
O astrônomo também estabeleceu uma lei harmônica, que relaciona o período
orbital do planeta com sua distância média em relação ao Sol, explicada anos mais tarde
por Isaac Newton por meio de suas leis do movimento e pelo fato de a gravidade ser
reflexo de uma força de atração entre corpos, não somente na Terra, mas também nos
céus.
O entendimento do Universo começou na Antiguidade, com um sistema
geocêntrico, evoluindo para um sistema heliocêntrico já na Renascença.
Nosso Sistema Solar é composto pelo Sol, pelos planetas, rochosos e gasosos,
seus satélites, por asteroides, cometas e outros corpos menores.
O Sistema Solar formou-se de uma imensa nebulosa que continha gás e poeira
em sua rotação, o que, aos poucos, foi contraindo-se pela ação gravitacional, formando-
se primeiramente o Sol e os planetesimais, e estes se aglutinaram para formar os
planetas.

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REFERÊNCIAS

COMINS, N. F.; KAUFMANN III, W. J. Descobrindo o universo. 8. ed. Porto


Alegre: Bookman, 2010.

FARA, P. Uma Breve História da Ciência. Curitiba: Fundamento, 2014.

HALLIDAY, D.; RESNICK R.; WALKER J. Fundamentos de física: gravitação,


ondas e termodinâmica. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. v. 2.

KEPLER, S. O.; SARAIVA M. F. O. Astronomia e astrofísica. Porto Alegre:


UFRGS, 2014.

KUHN, T. A Revolução Copernicana: a astronomia planetária no


desenvolvimento do pensamento ocidental. 7 ed. Lisboa: Edições 70, 2017.

NUSSENZVEIG, M. Curso de física. 1. ed. São Paulo: Blucher. 1988. v. 1.

UREY, H. C. Diamonds, meteorites and the origin of the Solar System.


Astrophysical Journal, Chicago, v. 124, n. 3, p. 623-637, 1956.

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