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FUNDAMENTOS DE

ASTRONOMIA
AULA 1

Profª Sophia Feld Santos


CONVERSA INICIAL

A astronomia é considerada uma das primeiras áreas sistemáticas de estudo da


humanidade. Diversos povos antigos observaram cuidadosamente os astros, medindo
suas posições no céu dia após dia com diversas finalidades: o Egito Antigo baseava a
data da colheita no surgimento de Sirius a leste momentos após o pôr do sol. Os
babilônicos e os povos antigos da Inglaterra construíram monumentos que mediam a
posição dos astros para estabelecer um calendário anual de 360 dias. Também
construíram um calendário lunar, com 30 dias, baseado no período de translação da Lua.
Porém, o primeiro povo que sistematizou e racionalizou a astronomia sem a intervenção
divina foram os gregos.
Os povos helênicos criaram o conceito de esfera celeste, um sistema que simula
o céu noturno indicando a posição dos astros ao longo de uma noite e ao longo do ano.
A posição de um astro na esfera celeste é bem definida por sistemas de coordenadas
astronômicos. Desta forma, percebe-se que o Sol, em seu movimento diurno, nasce no
Leste e se põe no Oeste, com variações que dependem da latitude da observação. Porém,
ao longo de um ano, o Sol parece se mover de oeste para leste na esfera celeste, e o
tempo para completar uma volta na esfera é definido como o tempo solar. Dependendo
da posição do Sol ao longo do ano, percebe-se a passagem das estações do ano: o dia
mais longo do ano é o solstício de verão, o dia mais curto é o solstício de inverno, e os
dias em que o dia e a noite possuem intervalos de tempo iguais são os equinócios de
primavera e de outono. Da mesma forma, ao analisar a posição da Lua na esfera
terrestre, ela completa uma volta a cada 29,5 dias e apresenta suas fases características:
a nova, a crescente, a cheia e a minguante.
O objetivo geral desta aula é conhecer a história da astronomia e seus
fundamentos.
Os objetivos específicos deste encontro são:

 Apresentar a relação dos povos antigos com a astronomia e as


contribuições da civilização grega;
 Definir planos e pontos na esfera celeste e determinar a posição de um astro por
um sistema de coordenadas;
 Descrever os fenômenos do movimento diurno;
 Conceituar calendários e tempos sideral e solar;

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 Descrever os movimentos do Sol e da Lua e os fenômenos decorrentes deles
(estações do ano, eclipses, posições características, marés, entre outros).

TEMA 1 – ASTRONOMIA E A GRÉCIA ANTIGA

1.1 A astronomia da Antiguidade

A discussão da natureza do Universo ocorre desde os tempos pré- históricos, e


muitos consideram a astronomia como a mais antiga das ciências. O estudo astronômico
antigo era prático, por exemplo medir a passagem do tempo em calendários, importante
para se saber as estações do ano, a época de plantio e de colheita. Além disso, tinha
objetivos mitológicos, como a astrologia, para fazer previsões do futuro (Fara, 2014).
Os chineses já sabiam que o ano durava 365 dias. Registravam a passagem de
cometas, meteoros e estrelas cadentes. Há registros chineses de supernovas. Sumérios,
assírios e egípcios também sabiam a duração do ano com relativa precisão. Outros
povos ao redor do globo registravam seus conhecimentos astronômicos em
monumentos, como o Stonehenge, na Inglaterra: as pedras estão alinhadas ao nascer e
ao pôr do sol nas datas que iniciam o verão e o inverno. Os maias tinham conhecimentos
astronômicos muito precisos, enquanto os polinésios navegavam com observações
celestes (Fara, 2014; Dontes, 1981).

Figura 1 – Stonehenge, Inglaterra

Créditos: Mr Nai/Shutterstock.

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O auge dessa ciência antiga ocorreu durante a civilização grega, entre 600 a.C. e
200 a.C., superada somente no Renascimento, nos séculos XV e XVI. Os gregos deram
um enorme passo para a astronomia ao acreditarem ser possível descrever os
movimentos celestiais de forma matemática e geométrica (Kepler; Saraiva, 2014).

1.2 Os grandes astrônomos da Antiguidade

Aristóteles coletou e sistematizou o conhecimento astronômico de seu tempo.


Além disso, procurou explicações racionais para fenômenos naturais. Descreveu, por
exemplo, as fases da lua como resultado da posição da face iluminada da Lua em
relação à Terra. Explanou o eclipse solar como a Lua em frente ao Sol e o eclipse lunar
como a Terra em frente à Lua. Defendeu uma Terra esférica, pois em todo eclipse lunar
a sombra projetada da Terra na lua era arredondada, mas rejeitou todo e qualquer
movimento terrestre, argumentando que, se um objeto fosse abandonado no ar ao acaso,
ele teria um movimento para trás, o que não era observado (a ausência desse movimento
retrógrado foi explicada mais tarde pelo conceito de inércia, de Galileu). Defendeu um
universo esférico e finito (Kepler; Saraiva, 2014; Dontes, 1981).
Eratóstenes de Cirênia, bibliotecário da Grande Biblioteca de Alexandria, foi o
primeiro a calcular a circunferência da Terra. Ele percebeu que em Siena (atual Assuã,
Egito), ao meio-dia do primeiro dia de verão, a luz solar alcançava o fundo de um poço
profundo. Porém, ao mesmo tempo, isso não acontecia em Alexandria. Eratóstenes
fincou uma estaca vertical e mediu uma sombra equivalente a uma inclinação do Sol no
céu equivalente a 7 graus em relação à vertical, cerca de 1/50 de uma volta inteira. A
distância entre Siena e Alexandria deveria ser, também, de 1/50 da circunferência
terrestre. Como se sabia que a distância entre as duas cidades era aproximadamente
5.000 estádios (1 estádio
= 1/6 km), a circunferência terrestre deveria ser 50 x 5.000 estádios, ou seja,
aproximadamente 40.000 km. Esse valor foge em menos de 1% do valor aceito
atualmente (Comins; Kaufmann III, 2010).
Cláudio Ptolomeu foi o último grande astrônomo da antiguidade. Compilou 13
volumes sobre astronomia, conhecidos como Almagesto. Ptolomeu construiu uma
representação geométrica do universo com muitos círculos, epiciclos e equantes que
permitiam prever com relativa precisão o movimento dos corpos

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celestes pelo céu. O Almagesto foi superado apenas no Renascimento, durante o século
XVI (Kepler; Saraiva, 2014).

TEMA 2 – A ESFERA CELESTE E OS SISTEMAS DE COORDENADAS


ASTRONÔMICOS

2.1 A esfera celeste e seus planos, pontos, círculos e semicírculos

Quando paramos para observar o céu à noite, temos a impressão de estarmos no


centro de uma esfera impregnada de estrelas. Foi nessa inspiração que os gregos antigos
criaram o conceito de esfera celeste. Com o passar das horas, os astros nascem e se
põem, seguindo seus rumos de leste para oeste. A esfera celeste parece girar em torno de
seu próprio eixo nesse mesmo sentido, mas é a Terra que gira de oeste para leste. O eixo
da esfera celeste é apenas um prolongamento do próprio eixo terrestre, que intercepta a
esfera em dois pontos, os polos celestes. Estes, por sua vez, são apenas projeções dos
polos terrestres na esfera celeste (Kepler; Saraiva, 2014).

Figura 2 – Esfera celeste

Créditos: Morphart Creation/Shutterstock.

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Os gregos antigos definiram pontos e planos na esfera celeste muito úteis na
determinação da posição dos astros no céu. Entre esses pontos, linhas e planos,
destacam-se (Kepler; Saraiva, 2014):

 Horizonte: plano tangente à superfície terrestre no local de observação e


perpendicular à vertical do local, definido por um fio de prumo.
 Zênite: ponto onde o prolongamento da vertical do local intercepta a esfera
celeste. É o topo do céu no local observado. Nadir é o nome dado ao extremo
diametralmente oposto ao zênite.
 Equador celeste: prolongamento do plano do equador terrestre que intercepta a
esfera celeste.
 Polos celestes: prolongamento do eixo de rotação terrestre que intercepta a esfera
celeste em dois pontos – o polo celestial norte, no Hemisfério Norte, e o polo
celestial sul, no Hemisfério Sul.
 Círculos de altura: círculos na esfera celeste paralelos ao horizonte.
 Meridianos: semicírculos na esfera celeste perpendiculares ao plano do equador
celeste e que interceptam os dois polos celestes.
 Paralelos: círculos na esfera celeste paralelos ao equador celeste.

2.2 Principais sistemas de coordenadas astronômicos

Para se conhecer a posição de um determinado astro na esfera celeste, é


necessário um sistema de coordenadas. Na astronomia, prefere-se duas coordenadas
angulares na esfera celeste para que a distância entre os astros não seja considerada.

Figura 3 – Sextante, instrumento para medir as coordenadas astronômicas de um astro

Créditos: Scorpp/Shutterstock.

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Para estabelecer um sistema de coordenadas, são necessários um eixo e um plano
fundamental perpendicular a esse eixo. A posição do astro é medida definindo seu
ângulo sobre o plano fundamental e seu ângulo perpendicular a esse plano. Os sistemas
de coordenadas mais utilizados são (Kepler; Saraiva, 2014; Faria, 1985):

 Horizontal: suas coordenadas são o azimute (a), ângulo medido sobre a


horizontal com origem no Norte, e a altura (h), ângulo medido
perpendicularmente ao horizonte com a origem no próprio horizonte. É um
sistema local, que tem como referência o próprio local de observação e não pode
ser generalizado para todos os locais do planeta. A altura do polo celeste em
relação ao horizonte é igual à latitude geográfica do local.
 Equatorial: suas coordenadas são a ascensão reta (α), ângulo medido sobre o
equador celeste com origem no meridiano que coincide com a posição do Sol no
equinócio de outono (no Hemisfério Sul), e a declinação (δ), ângulo
perpendicular ao equador celeste. É um sistema geral, pois tem como referência
a esfera celeste, sendo válido para todos os locais do planeta.

TEMA 3 – O MOVIMENTO DIURNO DOS ASTROS

3.1 Fenômenos do movimento diurno dos astros

 Nascer de um astro: é o instante em que o astro cruza o horizonte e se torna


visível para o observador. Por outro lado, ocaso é o instante em que o astro cruza
o horizonte para deixar de ser observado (Kepler; Saraiva, 2014).
 Passagem meridiana do astro: é o instante no qual o astro atinge a altura máxima
em relação ao horizonte. Nesse momento, o astro cruza o meridiano geográfico
local projetado na esfera celeste (Kepler; Saraiva, 2014).
 Estrelas circumpolares: são estrelas que nunca se põem no local de observação.
Descrevem trajetórias circulares ao redor do polo celeste (Kepler; Saraiva, 2014;
Faria, 1985).

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3.2 Movimento diurno do sol

Por definição, um dia é o tempo que leva para a Terra dar uma volta completa
em torno de si mesma. A cada hora, a Terra se desloca 1/24 de volta, ou 15°. O Sol se
desloca pela esfera celeste de leste para oeste, como todos os outros astros. Porém, a
declinação do Sol em relação aos polos celestes não se mantém fixa ao longo do ano,
como as estrelas, mas varia entre -23,5° e +23,5° em torno do equador celeste (Kepler;
Saraiva, 2014).

TEMA 4 – MEDIDAS DE TEMPO

As medidas convencionais de tempo são baseadas no movimento de rotação da


Terra. Podemos ter o tempo solar, quando tomamos como referência o movimento
diurno do Sol, ou o tempo sideral, quando tomamos como referência o movimento do
ponto na esfera celeste que representa a intersecção da eclíptica (trajetória do Sol) com
o equador celeste, na região da constelação de áries, conhecido como ponto vernal
(Kepler; Saraiva, 2014).
Figura 4 – Rotação da Terra

Créditos: mapichai/Shutterstock.

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4.1 Calendários

Desde a Antiguidade, existia um problema na criação de um calendário anual: a


duração de um ano não é múltiplo exato da duração do dia ou do mês. Um ano sideral é
o tempo que a Terra leva para completar uma volta em torno do sol, 365 dias, 6 horas, 9
minutos e 10 segundos. Porém, o ano tropical é o tempo que leva para que o Sol cruze o
ponto vernal duas vezes. Esse tempo é ligeiramente menor do que o ano sideral devido
ao movimento de precessão do Sol, movimento cíclico que ocorre uma vez a cada 26
mil anos. Nosso calendário baseia-se no ano tropical (Kepler; Saraiva, 2014).
Os antigos egípcios começaram a usar um calendário com 360 dias por ano,
baseados nas cheias cíclicas do Nilo. Logo descobriram que deveriam acrescentar
cinco dias ao calendário. Ao longo dos anos, os egípcios notaram que mais uma adição
era necessária, pois notaram que o ano durava mais ou menos 365,25 dias. Nosso
calendário é baseado no antigo calendário romano, um calendário lunar. Como
percebiam que a Lua completava uma volta na esfera celeste uma vez a cada 29,5 dias,
criaram meses alternados de 29 e 30 dias. Doze ciclos lunares totalizavam 354 dias. A
cada três anos, criava-se um mês extra para compensar os dias faltantes. Porém, essa
regularidade na inserção do mês extra tornou-se rara, o que obrigou o imperador Júlio
César a reformular o calendário, com 365 dias, com um ano bissexto de 366 dias, a cada
quatro anos. O calendário juliano vigorou por 1600 anos (Comins; Kaufmann III,
2010).
Em 1582, a data da Páscoa, definida pelo conselho de Niceia no ano 325
d.C. como o primeiro domingo da lua cheia que ocorre após o equinócio de primavera
(de outono no Hemisfério Sul), estava sendo comemorada em 11 de março, muito antes
das datas originais. Percebeu-se que o ano era ligeiramente menor que 365,25 dias
(sabe-se hoje em dia que a duração do ano tropical é igual a 365,242199 dias). Essa
diferença causava o excesso de um dia a cada 128 anos no calendário juliano. Em 1582,
já havia dez dias excedentes. O papa Gregório XIII regulamentou o calendário,
instituindo o calendário gregoriano (usando até hoje), tirando os dez dias que estavam
sobrando no calendário juliano (a data pulou de 4/10/1582 para 15/10/1582 sem as datas
intermediárias) e regulamentou que todo ano terminado em 00 não fosse bissexto
(exceto os anos múltiplos de 400). O ano no calendário gregoriano tem, portanto,
365,2425 dias, 26 segundos a mais do que o ano tropical. Isso significa que o calendário

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deverá ser corrigido a cada 3300 anos em um dia a menos (Comins; Kaufmann III, 2010).

TEMA 5 – MOVIMENTOS DO SOL E DA LUA

O Sol move-se aparentemente pelas estrelas na esfera celeste, devido ao


movimento de translação da Terra em torno dele. A trajetória do Sol pela esfera celeste
é chamada de eclíptica, e seu plano é inclinado em aproximadamente 23,5° em relação
ao plano do equador celeste. As estações do ano existem devido a essa inclinação. A
Lua possui os movimentos celestes mais notórios para a humanidade, pois é o corpo
celeste mais próximo da Terra. O plano da órbita lunar não coincide com o plano da
eclíptica, mas apresenta uma inclinação de 5,15° em relação à eclíptica. Esse plano não
é fixo e gira como um prato a cada 18,6 anos. Então, em relação ao plano do equador
celeste, o plano da órbita lunar varia de 18,4° a 28,7° (Kepler; Saraiva, 2014).

Figura 5 – Translação da Terra

Créditos: Designua/Shutterstock.

5.1 Estações do ano

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Um instrumento simples e prático para perceber o movimento do Sol no ano é o
gnômon, que simplesmente é uma estaca vertical fincada no solo. Ao ser iluminada
pelos raios solares, o gnômon projeta uma sombra no chão, cujo tamanho depende da
hora do dia e da época do ano. A sombra permanece exatamente na direção norte-sul
quando é meio-dia no horário do local de observação. Também nessa hora, o tamanho
da sombra é mínimo. O tamanho da sombra é máximo no exato momento do nascer do
Sol ou no pôr do sol. Ao longo do ano, a sombra mínima do meio-dia é a menor
possível no solstício de verão (primeiro dia do verão) e a maior possível no solstício de
inverno. Muitos povos antigos utilizaram os gnômons para conhecer as estações do ano
e a duração do ano tropical (Kepler; Saraiva, 2014).

5.2 Algumas posições do Sol ao longo do ano

Quando o Sol cruza o equador celeste do Hemisfério Norte para o Hemisfério


Sul, ocorre o equinócio de março. Nesse dia, o tempo para o Sol nascer e se pôr é igual
a 12 horas em todo o planeta. No Hemisfério Norte, é o equinócio de primavera,
enquanto no Hemisfério Sul é o equinócio de outono. Quando o Sol atinge a declinação
máxima ao norte, ocorre o solstício de junho. Nesse dia, o Sol está no zênite nos locais
diretamente sobre o Trópico de Câncer. É o dia mais longo para quem mora no
Hemisfério Norte e o dia mais curto para quem mora no Hemisfério Sul. Quando o Sol
cruza o equador celeste do Sul para o Norte, ocorre o equinócio de setembro.
Novamente, a duração do dia e da noite são iguais em todos os locais do planeta. No
Hemisfério Norte é o equinócio de outono, e no Hemisfério Sul é o equinócio de
primavera. Quando o Sol atinge a declinação máxima em direção ao sul, ocorre solstício
de inverno. O Sol está no zênite para quem se situa exatamente sobre o Trópico de
Capricórnio. É o dia mais curto para quem mora no Hemisfério Norte e o dia mais longo
para quem mora no Hemisfério Sul (Comins; Kaufmann III, 2010).

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Figura 6 – Solstício de verão no Hemisfério Norte

Créditos: Andramin/Shutterstock.

5.3 As fases da Lua

Enquanto a Lua realiza seu movimento de translação em torno da Terra, passa


por um ciclo de fases que dura 29,5 dias. O aspecto da Lua no céu deve- se ao fato de
ela não possuir luz própria – ela apenas reflete a luz solar. A fase da Lua é o aspecto da
superfície lunar iluminada pelo Sol vista da Terra. Quando a parte iluminada da Lua
vista da Terra aumenta progressivamente, chamamos de lua crescente, e quando ela
diminui, chamamos de lua minguante. Quatro posições da parte iluminada da Lua se
destacam (Kepler; Saraiva, 2014):

 Quarto crescente: quando metade da parte iluminada da Lua é vista da Terra,


durante sua fase crescente;
 Lua cheia: quando toda a parte iluminada da Lua é visível da Terra;
 Quarto minguante: quando metade da parte iluminada da Lua é visível da Terra
durante sua fase minguante;

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 Lua nova: quando nenhuma parte iluminada da Lua é vista da Terra.

Figura 7 – Fases da lua

Créditos: Jojoo64/Shutterstock.

5.4 Eclipses solares e lunares

Estão entre os fenômenos celestes mais espetaculares. Há dois tipos, o eclipse


solar e o eclipse lunar, quando a Lua se posiciona entre a Terra e o Sol. Caso, no local
de observação, o disco solar seja obscurecido completamente pela Lua, o eclipse será
total. Caso a Lua obscureça parte do disco solar, será um eclipse parcial. Há casos em
que a Lua está distante (apogeu), e o disco lunar não é capaz de obscurecer
completamente o disco solar, formando um eclipse anular. Quando a Terra se posiciona
entre a Lua e o Sol, tem-se um eclipse lunar. Quando a Lua se posiciona entre a Terra e
o Sol, ocorre um eclipse solar.

Figura 8 – Eclipse solar

Créditos: muratart/Shutterstock.

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Caso a sombra terrestre obscureça uma parte da Lua, o eclipse será parcial.
Ainda há o eclipse penumbral, quando a Lua está na penumbra da Terra. Durante o
eclipse total, é comum que a Lua não fique completamente escura, mas avermelhada,
situação conhecida como lua de sangue. Isso ocorre devido à refração da luz solar na
atmosfera terrestre: a luz vermelha predomina após a refração e é desviada para a
superfície lunar, que a reflete. Ao contrário de um eclipse solar, visível apenas em partes
do planeta, um eclipse lunar é observado de todo o planeta (Comins; Kaufmann III,
2010).

Figura 9 – Eclipse total da lua

Créditos: Chris Collins/Shutterstock.

NA PRÁTICA

Como os pontos cardeais (norte, sul, leste e oeste) são localizados com precisão
desde a Antiguidade com a ajuda de um gnômon? Tente, sem utilizar qualquer
aplicativo ou programa de localização, traçar em um pedaço de papel os pontos cardeais
com base em sua própria noção de espaço. Finque, em um espaço aberto onde os raios
solares cheguem livremente ao chão em qualquer época do ano, uma estaca reta,
chamada de gnômon. Durante um horário determinado durante uma manhã ensolarada,
marque com uma pequena estaca o topo da sombra. Risque, também, o chão ao longo da
sombra. Em seguida, amarre um barbante à base do gnômon e, com um giz, faça do
barbante um compasso. O giz deve ser inicialmente posicionado na pequena estaca
marcada

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pela manhã, e, com um movimento de compasso, risque o chão até alcançar a futura
posição da sombra do gnômon à tarde. Observe com paciência o momento em que o
topo da sombra do gnômon toca o chão riscado com o giz. Nesse instante, risque a outra
sombra, colocando, também, estaca no topo desta segunda sombra. O gnômon e as duas
pequenas estacas, a da manhã e a da tarde, formarão um triângulo. O ângulo do
triângulo do gnômon deverá ser dividido pela metade, traçando-se também um risco
para esse procedimento. O risco estará orientado na direção norte-sul e, como a maior
parte do Brasil está no Hemisfério Sul, esse risco apontará exatamente para o Sul. Seu
sentido oposto apontará para o norte, enquanto o risco que liga as suas pequenas estacas
estará na direção Leste-Oeste, com o lado direito (quando a pessoa está orientada para
ao Norte) apontando para Leste, e o lado esquerdo, para o Oeste.

FINALIZANDO

A astronomia é considerada uma das primeiras ciências da humanidade no


sentido de ter que se observar os astros para fins práticos, como controlar a passagem do
tempo em calendários, ou mesmo para prever o futuro, como na astrologia. Porém, a
astronomia como ciência no sentido moderno veio apenas no século XVII com a
publicação das leis da gravitação moderna de Newton, mas, como o próprio físico inglês
disse, “estou em ombros de gigantes”, pois a astronomia é uma construção humana e
histórica que começou na Antiguidade com a observação dos movimentos dos astros,
passando pela Grécia Antiga, que criou a noção de esfera celeste, utilizada até hoje em
dia, com seus planos, pontos, linhas e sistemas de coordenadas, sendo o sistema
equatorial o mais utilizado por informar a posição de um corpo que vale para todos os
pontos de observação do planeta. Com o acompanhamento do movimento dos astros
pela esfera celeste, alguns fenômenos foram entendidos, como as fases da Lua e as
estações do ano. Esses fenômenos eram periódicos, o que ajudou na contagem do passar
do tempo e na elaboração de calendários. O intervalo entre um solstício de inverno e
outro foi considerado um ano, com precisão melhorada com o tempo, enquanto um ciclo
de fases da lua foi considerado o equivalente a um mês. Foram costumes adotados na
Antiguidade que ainda observamos, com ajustes, hoje em dia.

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REFERÊNCIAS

COMINS, N. F.; KAUFMANN III, W. J. Descobrindo o universo. 8. ed. Porto


Alegre: Bookman, 2010.

DONTES, M. A. A astronomia na Antiguidade. Revista de Ensino de Ciências,


[S.l.], v. 2, p. 40-45, fev. 1981.

FARA, P. Uma breve história da ciência. Curitiba: Fundamento, 2014.

FARIA, R. P. et al., Fundamentos de astronomia. 2. ed. Campinas: Papirus, 1985.

KEPLER, S. O.; SARAIVA M. F. O. Astronomia e astrofísica. Porto Alegre:


UFRGS, 2014.

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