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Cronologia da Astronomia

1800 a.C. – Diversos povos já têm registros astronômicos muito acurados sobre os
eclipses e o movimento das estrelas e dos planetas. Os centros mais avançados de observação
se encontram na China, no Egito e no Oriente Médio, lugares onde a astronomia parece ter sido
uma das atividades mais antigas.

750 a.C. – Os egípcios notam que o Sol passa pelo céu de maneira regular e que esse
movimento poderia ser usado para contar o tempo. Surgem os mais antigos relógios de sol.
Muitos consistiam apenas de uma vareta enterrada no solo, com um círculo desenhado à volta.
À medida que o Sol percorria o céu no decorrer do dia, a sombra da vareta apontava para
diferentes pontos do círculo, permitindo, com um pouco de experiência, determinar a hora com
certa precisão.

600 a.C. – O mais antigo método para calcular um eclipse é registrado pelos gregos. O
sábio Tales de Mileto (624 a.C.-546 a.C.) calcula e prevê a chegada de um eclipse que deve ter
acontecido no dia 28 de maio de 285 a.C. É o que avaliam os astrônomos de hoje, de acordo
com os conhecimentos que têm sobre o movimento do Sol no passado.

350 a.C. – O matemático grego Eudoxo de Cnidos (400 a.C.-350 a.C.?) deixa o primeiro
registro de um mapa astronômico. Com grande sofisticação, esse mapa se baseia numa "grade"
de linhas imaginárias, muito semelhantes às linhas de longitude e latitude empregadas hoje pela
geografia. A diferença é que, em vez da superfície da Terra, as linhas de Eudoxo percorrem o
céu, centradas na estrela polar. Nessas linhas, o matemático anota a posição das estrelas já
conhecidas. Possivelmente, outros povos, em especial os chineses, também tenham tido mapas
celestes por essa época.
240 a.C. – O grego Erastóstenes (276 a.C.-194 a.C.) faz o primeiro cálculo da
circunferência da Terra e encontra a distância de 39.690 km. Sua experiência é considerada
prodigiosa, já que a margem de erro é praticamente desprezível.

Erastóstenes mede a Terra – O sábio grego avalia a circunferência da Terra usando


um método simples e genial. Primeiro, ele supõe que a Terra seja uma esfera. Ele sabe, também,
que toda esfera tem uma circunferência de 360º. Ou seja, esse é o ângulo que se percorre ao
dar uma volta completa no planeta. Então ele imagina o seguinte: se 360º representam uma volta
inteira, quantos graus existem num percurso mais curto? Para descobrir isso, Erastóstenes visita
duas cidades do Egito: Alexandria, onde vive, e Syene, a 833 km de distância. Em cada lugar ele
finca uma vareta no chão e mede sua sombra na mesma hora do dia. Pela diferença de tamanho
das sombras, descobre que as cidades estão separadas 7,5º - um ângulo 48 vezes menor que
a circunferência completa. Aí, Erastóstenes multiplica 48 por 833 (a distância entre Alexandria e
Syene em km) e encontra os 39.690 km. Os historiadores não têm certeza do valor exato das
unidades usadas pelo grego. Mesmo assim, é certo que seu cálculo chega a menos de 400 km
da medida atual da circunferência completa da Terra.

140 – O grego Claudius Ptolomeu faz uma importante síntese da astronomia. A Terra
seria o centro do Universo e a sua volta, presos a esferas de cristal, girariam o Sol, os planetas
e as estrelas. Abandonado pela ciência moderna, esse sistema descreve o movimento dos astros
com bastante precisão e continua em vigor um milênio e meio após sua criação.

1054 – Astrônomos chineses registram, pela primeira vez, a morte de uma estrela.
Situada na constelação de Touro, ela se torna, de uma hora para outra, a luz mais forte do céu.
Suplanta até o planeta Vênus, de brilho mais intenso. Por três semanas, a estrela em explosão
pode ser vista mesmo durante o dia. Ela reluz até o ano de 1056. Hoje se sabe que as estrelas
desaparecem numa explosão chamada nova, ou, se o astro é muito grande, supernova. A que
os chineses viram era uma nova.

1252 – O rei Alfonso X (1221-1284) de Castela (Espanha), celebrizado como Alfonso, o


Sábio, manda refazer as tabelas que indicam o movimento dos planetas no céu. Com os novos
cálculos, os europeus obtêm dados mais exatos sobre os eventos astronômicos, aperfeiçoando
o sistema de Ptolomeu.

1304 – Os artistas, às vezes, conseguem ampliar os conhecimentos científicos com seu


trabalho. É o que faz o pintor italiano Giotto di Bondone (1267?-1337), que mostra, num de seus
quadros, a primeira imagem de um cometa. Muito brilhante, o cometa havia causado grande
impressão na Europa em 1301. Giotto decide usar sua imagem na pintura A Adoração dos Reis
Magos.

1472 – O astrônomo alemão Regiomontano, cujo nome verdadeiro é Johann Müller


(1436-1476), cria o primeiro registro exato da órbita de um cometa. Noite após noite, ele anota o
nome das estrelas pelas quais o cometa vai passando, enquanto muda de posição no céu.
Regiomontano usa as estrelas como mapa: fixas no céu, elas servem de pano de fundo para o
movimento do astro nas proximidades da Terra.

1543 – A primeira grande revolução no estudo do céu é liderada pelo padre polonês
Nicolau Copérnico. Em seu livro Sobre a Revolução dos Corpos Celestes, ele defende o
heliocentrismo: teoria de que todos os planetas, inclusive a Terra, giram em torno do Sol. O novo
sistema, apesar de ser bem mais complicado que seu antecessor, do ponto de vista matemático,
explica com mais clareza e mais lógica os movimentos dos astros.

Novo centro do mundo – O impacto da teoria de Copérnico é monumental. Além de


revelar um novo sistema celeste, derruba a concepção de que o homem tem um lugar especial
no cosmo. Isso vai contra a doutrina da Igreja Católica, que adota o ponto de vista de Ptolomeu
situando a Terra e o homem no centro do Universo. Essa convicção, no entanto, tem seus dias
contados, e não só porque a Terra passa a ser um entre os diversos planetas que orbitam o Sol.
Surgem também indícios de que ela seja feita das mesmas substâncias que os outros mundos.
É o que conclui o italiano Galileu ao apontar pela primeira vez um telescópio para o céu,
observando Lua, Júpiter e Saturno.

1577 – O dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601) analisa cuidadosamente o percurso de


um cometa e, pelo tempo que ele demora para cruzar o céu, deduz que está muito longe. Se
estivesse perto, passaria mais rápido. Com isso, conclui que os cometas são corpos celestes e
não atmosféricos, como acreditavam os gregos antigos. Brahe possuía, na ilha de Hven, o mais
bem equipado observatório da época e também havia observado, em 1572, a segunda grande
explosão estelar desde a era de ouro da astronomia chinesa.

1610 – Durante milênios, os astrônomos da Antiguidade haviam observado o céu a olho


nu e viam tanto os planetas quanto as estrelas como simples pontos de luz. O sábio italiano
Galileu Galilei (1564-1642) torna-se o primeiro a construir um instrumento precursor dos
telescópios. Ao apontá-lo para o céu, constata que os planetas são feitos da mesma matéria que
a Terra. Para fazer esse equipamento, Galileu se inspira num aparelho de olhar a distância criado
pelo construtor holandês de óculos Hans Lippershey.

1781 – O sexto planeta, Urano , é descoberto pelo inglês William Herschel (1738-1822),
professor de música e astrônomo amador. O inglês John C. Adams (1819-1892) e o francês
Urbain-Joseph Leverrier (1811-1877) encontram Netuno em 1846. Plutão seria identificado em
1930 pelo americano Clyde Tombaugh (1906-). Os planetas Mercúrio , Vênus , Marte , Júpiter e
Saturno já eram acompanhados pelos povos antigos.

1845 – O irlandês William Parsons, conde Rosse (1800-1867), constrói o maior


telescópio de sua época, com uma lente de 1,83 m de diâmetro. Com ele, descobre as primeiras
galáxias espirais. Hoje se sabe que são conjuntos de bilhões de estrelas semelhantes à Via
Láctea. Estão situadas a pelo menos 2 milhões de anos-luz (1 ano-luz mede 9,5 bilhões de km).

1851 – A primeira prova do movimento de rotação da Terra é fornecida por um pêndulo.


É que a rotação do planeta obriga os pêndulos a rodar, oscilando a cada momento numa direção
diferente. Sabendo disso, o físico francês Jean-Bernard-Leon Foucault (1819-1868) constrói um
pêndulo gigante, com um fio de aço de 60 m de comprimento preso a uma bola de ferro de 31
kg. Registra os desvios sofridos pela bola e fornece a primeira prova inequívoca da rotação da
Terra.

1862 – O físico sueco Anders Jonas Angströn (1814-1874) anuncia que o Sol contém
hidrogênio. Ele faz a descoberta ao comparar a luz solar com a luz produzida em laboratório pelo
hidrogênio aquecido. Pela semelhança, Angströn conclui que esse elemento é abundante na
estrela mais próxima da Terra.
1905 – Difícil de observar, porque fica muito perto do Sol e é ofuscado por sua luz,
Mercúrio só começa a ser estudado para valer nesse século. É quando o italiano Giovanni
Virginio Schiaparelli (1835-1910) nota umas poucas manchas e linhas na superfície do planeta.
O astrônomo percebe que seu telescópio sempre aponta para as mesmas marcas e deduz que
a rotação de Mercúrio é peculiar: ele sempre vira a mesma face para o Sol e, portanto, também
mantém a outra face sempre voltada para a Terra. A gravidade solar, por causa da proximidade,
puxa o planeta com muita força e controla sua rotação.

1929 – Uma das descobertas mais importantes deste século é feita pelo norte-americano
Edwin Powell Hubble (1889-1953). Ele anuncia que todas as galáxias se afastam umas das
outras, fugindo para distâncias cada vez maiores. Isso leva a crer que o Universo está em
expansão. Ele teria nascido como um ponto bem pequeno, há uns 13 bilhões de anos, explodido
e passado a crescer como um balão. Dessa forma, todas as galáxias ficam cada vez mais longe
umas das outras. Essa maneira de ver o cosmo é conhecida como a Teoria do Big Bang.

A explosão do Universo – Antes de Hubble observar diretamente a expansão do


Universo pela fuga das galáxias, diversos teóricos sugerem que ele tenha nascido de uma grande
explosão (Big Bang, em inglês). O primeiro é o holandês Willem de Sitter (1872-1934). Para ele,
a expansão cósmica pode ser deduzida da Teoria da Relatividade Geral , de Einstein. Chegam
à mesma conclusão o russo Alexander Aleksandrovitch Friedman (1888-1925), em 1922, e, em
1927, o francês Georges Lemaître (1894-1966).

1932 – Ao investigar, a pedido da Companhia Telefônica Bell, um ruído enigmático


captado por uma de suas antenas, o técnico de rádio Karl Guthe Jansky (1905-1950) percebe
que a empresa estava registrando um sinal vindo do espaço. Ele aponta como possível fonte das
emissões a constelação de Sagitário. Ela fica no centro da Via Láctea, repleto de estrelas. É
esse conjunto de astros que a antena estava sintonizando. Jansky descobre um novo meio de
estudar as estrelas: basta "ouvir" suas emissões de rádio que são também uma forma de luz,
embora os olhos não possam vê-la. Boa parte do brilho das estrelas é emitida nessa forma.

1934 – O astrônomo suíço Fritz Zwicky (1898-1974) afirma que explosões estelares
muito violentas podem deixar como resíduo um novo tipo de astro. São as estrelas de nêutrons,
cuja massa é composta apenas de partículas subatômicas - os nêutrons. Elas surgem porque,
ao morrer, a estrela-mãe esmaga seu próprio núcleo. Para ter uma ideia, uma esfera como o Sol,
depois de uma compressão desse tipo, ficaria com uns 4 ou 5 km de raio. Hoje se acredita que
esses astros sejam idênticos aos pulsares .

1947 – O holandês-americano Gerard Peter Kuiper (1905-1973) descobre que a


atmosfera de Marte é composta de gás carbônico. Ao analisar a luz refletida pelo planeta, não
acha sinal de oxigênio nem de vapor d'água, dois ingredientes considerados essenciais à vida.

1948 – O primeiro físico a tentar analisar o Big Bang - a grande explosão que dá início
ao Universo - é o ucraniano Guiorgui Gamov (1904-1968). Ele declara que o Universo jovem
deve ter sido um caldo denso e tórrido de partículas subatômicas. Gamov tenta calcular a
temperatura desse caldo e supõe que, nesses momentos iniciais, o Universo teria liberado uma
forte onda luminosa, mais tarde chamada de radiação de fundo. Com isso, ele indica o caminho
para o desenvolvimento da Teoria do Big Bang .
As provas do Big Bang – Os cosmologistas conhecem três evidências bem claras de
que o Universo realmente surgiu de uma grande explosão, o chamado Big Bang, há cerca de 13
bilhões de anos. A primeira é a fuga das galáxias: pelo telescópio, observa-se que todas as
galáxias se estão afastando umas das outras, justamente como seria de esperar se o cosmo
estivesse crescendo ou em expansão. A segunda evidência é o brilho da explosão. Ela banha a
Terra de todos os lados ao mesmo tempo, na forma de ondas de rádio bem curtas, o que significa
que podem ser sintonizadas até hoje por qualquer aparelho de TV, aparecendo na tela como um
chuvisco permanente. Finalmente, calcula-se que a detonação cósmica deva ter produzido
apenas dois elementos químicos, e em proporção bem definida: 75% de hidrogênio e 25% de
hélio. E é essa a proporção dos gases no espaço.

1963 – O norte-americano de origem holandesa Maarten Schmidt (1929-) descobre os


astros mais distantes e mais poderosos que existem, os quasares. São focos minúsculos de luz
que aparecem apenas como um ponto brilhante aos telescópios, mas estão a distâncias incríveis,
acima de 10 bilhões de anos-luz. Schmidt deduz, então, que, se os quasares podem ser vistos a
essa distância, é porque emitem mais energia que mil galáxias juntas. Sua hipótese é que os
quasares sejam núcleos de galáxias muito jovens e, por isso, extremamente energéticas.

1964 – O brilho do Big Bang - isto é, a luz que emergiu durante a explosão que criou o
Universo, há cerca de 13 bilhões de anos - é detectado pelos norte-americanos Arno Allan
Penzias (1933-) e Robert Woodrow Wilson (1936-). Ao tentar aumentar a eficiência de uma
antena de comunicação com satélites, eles sintonizam um ruído assustador que parecia vir, ao
mesmo tempo, de todas as direções do céu. Consultam o físico Robert Henry Dicke (1916-), que
afirma que uma luz com essa característica só pode ser o próprio brilho do Universo. Como ela
brotou da totalidade do cosmo, continua a percorrê-lo em todas as direções.

1967 – O inglês Anthony Hewish (1924-) capta sinais de rádio do primeiro pulsar, um tipo
de estrela que emite radiação na forma de pulsos regulares. Alguns desses pulsos chegam à
Terra ao ritmo de um a cada milésimo de segundo. Isso acontece porque o pulsar lança um único
feixe de luz (ou de ondas de rádio, que, para os físicos, também são uma forma de luz). Como o
astro gira, esse feixe passa pelos telescópios de tempos a tempos, como se fossem pulsos.

1971 – Surge o primeiro indício concreto de que os buracos negros existem. Esses astros
representam as maiores concentrações de matéria do Universo. Quem detecta o possível buraco
negro é o canadense C.T. Bolt. Ele chega a essa conclusão ao analisar os dados de um
telescópio de raios X apontado para a Constelação de Cisne. Os buracos negros haviam sido
previstos na Teoria da Relatividade Geral pelo astrônomo alemão Karl Schwarzchild (1873-
1916).

1977 – O matemático norte-americano Alan Guth (1947-) cria a Teoria da Inflação


Cósmica. Ele sugere que o Universo, além de ter nascido de uma explosão, teria passado por
uma fase superexplosiva nos primeiros instantes de sua existência.

1983 – Encontrados os primeiros sinais de planetas fora do Sistema Solar. Eles estariam
girando em torno da estrela Vega, que fica a 26 anos-luz daqui. Nas imagens obtidas pelo norte-
americano Fred Gillett, Vega aparecia cercada por nuvens de gás e poeira que podem ser
planetas ainda em formação.
1987 – No Observatório de Cerro Tololo, no Chile, o canadense Ian Shelton observa a
primeira supernova próxima da Terra. Ela brilhou numa galáxia vizinha da Via Láctea, a Grande
Nuvem de Magalhães. Supernovas são explosões de grandes estrelas ao morrer.

1992 – O radiotelescópio orbital Cobe fotografa o brilho do Big Bang. Com precisão
extraordinária, ele capta minúsculas diferenças de intensidade no brilho cósmico. Essas
variações teriam sido as sementes que deram origem às galáxias, há cerca de 12 bilhões de
anos.

1998 – Duas equipes internacionais - uma liderada pelo norte-americano Saul


Perlmutter, ligado ao Laboratório Nacional Lawrence Berkeley (EUA), e outra pelo também norte-
americano Brian Schmidt, do Observatório de Monte Stromlo (Austrália) - anunciam, no início do
ano, que o Universo crescerá para sempre. Tudo indica que não existe possibilidade de o cosmo
expandir-se até certo ponto e depois voltar a encolher, como alguns cientistas chegaram a supor.
Os astrônomos mediram a velocidade de um grande número de galáxias e concluíram que elas
se expandem num ritmo crescente. Se forem confirmadas, as medições significam que o cosmo
ficará mais e mais vazio, frio e escuro nos bilhões de anos à frente, até o desaparecimento de
todos os corpos celestes.

1999 – Os astrônomos confirmam que o Universo está se expandindo há 13 bilhões de


anos. Desde 1995, dados coletados pelo Telescópio Espacial Hubble criaram dúvida ao sugerir
uma idade de apenas 10 bilhões de anos. Mas foram descobertas incorreções em diversas
medidas, como a das distâncias entre as galáxias, que interferiram no cálculo da idade do cosmo.

1999 – Uma impressionante fulguração que chega à Terra normalmente na forma de


raios gama, sumindo segundos depois, é captada pela primeira vez como um facho de luz.
Verifica-se, então, que vêm de distâncias imensas, e o fato de mesmo assim terem um brilho
intenso indica que contêm imensa quantidade de energia. Não há ainda uma explicação para
essas fulgurações, conhecidas desde 1997 pelo nome de erupções de raios gama. A hipótese
mais provável é que sejam estrelas gigantes explodindo no estágio final da existência. Nesse
caso, os astros se transformariam em buracos negros.

2000 – Uma grande equipe internacional de pesquisa, chamada Boomerang, divulga


imagem com precisão inédita do brilho remanescente do Big Bang, a explosão que deu origem
ao cosmo há 13 bilhões de anos. A partir dela, os cientistas deduziram que a geometria interna
do Universo é plana - significa que é possível se mover em linha reta pelo espaço. Se a geometria
fosse esférica ou hiperbólica, todo o movimento acabaria tomando um trajeto curvo, seja na
forma de um arco de círculo, seja na forma de uma hipérbole. Nesse caso, o cosmo estaria
perdendo velocidade e, no futuro, voltaria a encolher. Mas, como a geometria é plana, sabe-se
que a expansão prosseguirá indefinidamente, fortalecendo conclusões anteriores, obtidas por
outros cientistas.

2002 - Surge a primeira evidência forte de que existem galáxias negras — compostas
apenas de uma matéria escura, de natureza ainda desconhecida pela ciência. Mas sabe-se que
a matéria escura existe pela rotação das galáxias normais: Elas giram muito mais depressa do
que deveriam, se tivessem apenas átomos brilhantes. A velocidade cresce com a massa: quanto
maior a massa, maior a rapidez. Todas as galáxias, então, têm sua dose de matéria escura, mas
aparentemente existem galáxias feitas apenas desse material misterioso. O astrônomo inglês
Neil Trentham desconfiou disso porque viu um turbilhão de gás e poeira caindo em certa direção,
como se tivesse sendo atraído pela gravidade de uma grande massa celeste. Mas no foco do
turbilhão nada se vê: poderia ser uma galáxia negra.

2003 - Surge o primeiro sistema de planetas parecido com o que gira em torno do Sol.
Os planetas descobertos giram em volta de outra estrela, situada a 90 anos-luz de distância da
Terra (1 ano-luz mede 9,5 trilhões de quilômetros). Essa estrela não tem nome; é conhecida por
uma sigla: HD 70642. É muito parecida com o Sol: é amarela e tem aproximadamente 5 bilhões
de anos de idade. Seus planetas também podem ser parecidos com os do Sol. Os autores da
descoberta, anunciada em julho de 2003, foram os americanos Paul Butler e Geoffrey Marcy.

Astronomia | Ciência que Estuda o Universo

A astronomia é a ciência que tem por objetivo o estudo do universo como um todo, e
também dos diferentes corpos que o compõem. Seus integrantes se agrupam em estruturas
progressivamente crescentes: estrelas de diversas magnitudes, com seus planetas e satélites,
que, acrescidos à matéria interestelar, formam as galáxias; estas, por sua vez, se agrupam em
aglomerados e superaglomerados de galáxias. O astrônomo descreve todos esses corpos
celestes, estuda sua composição e analisa tanto as relações que mantêm entre si quanto sua
evolução no tempo.

Embora vinculada, em suas primeiras etapas, à religião e à magia, a astronomia -- a mais


antiga das ciências -- nunca deixou de apresentar, em maior ou menor grau, um caráter científico,
já que seus resultados se baseavam em observações e eram explicados por modelos teóricos.
Ramos da Astronomia

Os avanços alcançados com a aplicação da física moderna ao estudo dos astros deram
origem a duas especialidades bem diferenciadas da ciência astronômica: a astronomia clássica
e a astrofísica. O fato de ser aquele primeiro ramo mais antigo não significa que tenha deixado
de ser importante.

A astronomia clássica, por sua vez, subdivide-se em astrometria e mecânica celeste.


A primeira é responsável pela localização dos astros, mediante os sistemas de coordenadas de
espaço e tempo e com a utilização de instrumentos ou técnicas de medida cada vez mais
precisos. Já a mecânica celeste estuda a movimentação dos planetas, satélites e outros astros,
segundo a lei da gravitação universal de Newton. Seus objetivos são o cálculo de órbitas, a
elaboração dos anuários astronômicos e das efemérides (mapas das coordenadas astrais em
função do tempo).

A astrofísica aplica ao estudo dos astros as teorias e técnicas que revolucionaram a física
desde o início do século XX. Sobressaem, entre tais técnicas, a fotometria, a espectroscopia e a
análise das ondas de rádio emitidas pelos corpos celestes, ou radioastronomia. Além disso,
fazem parte da astrofísica a física das estrelas, que tem como objeto de estudo a estrutura e
composição desses astros; a cosmogonia, que trata da origem e evolução de todos os objetos
celestes; e a cosmologia, que se volta para a estrutura e a evolução do universo como um todo.

Movimentos da Terra e movimentos aparentes dos astros


O movimento da Terra em relação ao Sol é particularmente importante por duas
razões. Primeiro, porque a Terra é tomada como origem de coordenadas em quase todos os
sistemas astronômicos de referência, uma vez que a maioria das medições é realizada a partir
dela. Segundo, porque possibilita explicar o deslocamento dos astros tal como ele é observado
a partir da superfície terrestre, o que faz com que tal movimento seja chamado de aparente, para
distingui-lo daquele que tem como referência outros sistemas.
Rotação

A rotação da Terra ao redor de seu eixo é a causa do aparente deslocamento diário dos
astros de leste para oeste. Os únicos pontos de abóbada celeste que não participam dessa
trajetória são os prolongamentos do eixo de rotação do planeta sobre a esfera celeste conhecidos
como polos norte e sul celestes. A altura, isto é, o ângulo formado pelo horizonte e a linha visual
que se dirige para o polo celeste, é a latitude do lugar. Uma linha traçada verticalmente sobre
esse ponto corta a esfera celeste em dois pontos, denominados zênite (o superior), e nadir (o
inferior), diametralmente oposto. Por outro lado, o círculo máximo delimitado pelo zênite, pelo
nadir e pelos polos celestes é o meridiano do ponto considerado e corta o horizonte de norte a
sul.

Devido à rotação terrestre, os astros descrevem círculos ao redor dos polos. As estrelas
cuja distância angular em relação ao polo celeste é inferior à sua latitude nunca se põem abaixo
do horizonte e são chamadas circumpolares. A mais próxima do polo norte é a estrela polar, que
dista do polo apenas 0,9o e descreve um círculo praticamente imperceptível. Os astros alcançam
uma altura máxima ou mínima sobre o horizonte quando cruzam o meridiano do lugar. No
hemisfério norte, a direção norte é a única em que se pode apreciar as estrelas circumpolares
ao polo norte. O contrário ocorre ao hemisfério sul. Nos polos, todas as estrelas são
circumpolares; sobre a linha do equador, nenhuma o é.
Revolução da Terra ao redor do Sol

Anualmente, a Terra descreve em torno do Sol uma órbita cujo plano forma um ângulo
de 23º27'. De maneira análoga, para um observador situado na Terra, o Sol, em vez de descrever
uma circunferência em torno dos polos celestes, como as outras estrelas, parece efetuar um
movimento helicoidal. Seu deslocamento diário descreve aproximadamente um círculo, mas
cada dia culmina sobre o horizonte com uma altura diferente. Independente de seu movimento
diário, o Sol descreve uma órbita aparente, com a duração de um ano, ao redor da Terra. Esta
órbita se chama eclíptica e se assinala, na esfera celeste, com as 12 constelações do zodíaco:
Capricórnio, Aquário, Peixes, Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião e
Sagitário.

Ao longo de um ano, o Sol oculta essas constelações sucessivamente e, quanto à


declinação -- ângulo formado pela linha imaginária que une uma estrela ao plano equatorial --,
varia entre + 23º27' e – 23º27'para os solstícios de inverno (por volta do dia 21 de junho) e de
verão (por volta do dia 22 de dezembro), respectivamente, no hemisfério sul. Essa declinação é
nula quando o Sol se encontra nos pontos de intersecção entre sua órbita e o equador celeste,
por volta dos dias 21 de março e 23 de setembro. Esses pontos, por sua vez, são denominados
equinócio de outono ou ponto vernal (ou primeiro ponto Áries) e equinócio de primavera (ou
primeiro ponto Libra).

O movimento de translação da Terra ao redor do Sol e a inclinação da eclíptica em


relação ao equador celeste têm consequências como a existência das quatro estações do ano e
a variação observada na duração dos dias e das noites. O tempo D transcorrido entre o nascer
e o pôr-do-sol pode ser calculado através da fórmula trigonométrica em que é a inclinação do
Sol e a latitude do lugar. A partir dessa fórmula, é possível obter-se o tempo D em graus. Para
convertê-lo em horas, basta lembrar que 360º equivalem a 24 horas.

A órbita terrestre em torno do Sol é uma elipse. No ponto mais afastado do Sol (afélio) a
distância entre os dois astros é de 152,1 milhões de quilômetros. Ocorre em todo início de julho.
Já o ponto mais próximo do Sol (periélio), que ocorre todo início de janeiro, equivale a uma
distância de 147,1 milhões de quilômetros.

Precessão e mutação

Quando, sobre um pião atuam duas forças distintas, o eixo de seu giro reage,
deslocando-se a si próprio perpendicularmente e efetuando uma forma peculiar de rotação,
denominada precessão.

Por não ser a Terra uma esfera perfeita, e por causa da inclinação do plano equatorial
terrestre com relação à eclíptica, as forças de atração que atuam no eixo de rotação do planeta
provocam um movimento de precessão em torno de um eixo perpendicular à eclíptica. Para um
observador na Terra, o resultado desse deslocamento é um giro dos polos celestes em torno dos
polos da eclíptica. Assim, na década de 1980, o polo norte se encontrava a 0,9 da estrela polar,
aproximando-se cada vez mais até o ano 2012. Dentro de 14.000 anos, porém, será a estrela
Vega, da constelação de Lira, que marcará a posição do polo norte na abóbada celeste.
Outra consequência significativa do movimento de precessão é o deslocamento do
equinócio de primavera em direção contrária à da órbita solar. O ponto vernal percorre a eclíptica
a cada 25.700 anos, correspondentes ao período do movimento de precessão, de modo que, ao
longo de um ano, esse ponto avança 50'37". Assim, uma vez que o sistema de coordenadas das
estrelas se refere a esse ponto, registram-se variações do movimento de precessão. Por isso é
necessário indicar a que anos se referem.

Além disso, o eixo terrestre efetua um movimento de vai-e-vem ou balanço denominado


mutação. O período desse movimento, provocado pela atração que o Sol e a Lua exercem sobre
o equador terrestre, é de 18,6 anos.

Medidas de distâncias astronômicas


Para calcular a distância entre a Terra e um planeta ou uma estrela, podem ser utilizadas
diversas técnicas, em função da magnitude da distância. De modo geral, quanto maior a
distância, menor a confiabilidade da medida. Os procedimentos mais utilizados são os seguintes:

Triangulação ou método das paralaxes. Observando-se uma mudança na posição de um


astro ao ser efetuada uma medição a partir de dois pontos diferentes da superfície terrestre, essa
diferença (ou paralaxe) diurna permite calcular a distância em que esse astro se encontra.
Podem-se medir, desse modo, as distâncias da Terra à Lua ou a planetas mais próximos.

Esse método, contudo, não é válido para calcular a distância de uma determinada
estrela, porque a separação entre os dois pontos de observação é insignificante quando
comparada à distância em que se encontram as estrelas mais próximas. Nesse caso, é possível
medir-se a chamada paralaxe anual, isto é, o deslocamento da estrela quando sua posição é
registrada a partir de pontos opostos da órbita terrestre. Esse procedimento alternativo, no
entanto, só permite proceder à localização de estrelas situadas a cerca de cem anos-luz de
distância.

Método das estrelas variáveis cefeídas

A distância também pode ser determinada a partir da relação entre a luminosidade


intrínseca da estrela e a observada da Terra. Esse procedimento requer o conhecimento da
luminosidade absoluta, o que só é possível para as estrelas denominadas variáveis cefeidas,
que apresentam a peculiaridade de um brilho que oscila periodicamente. Assim, estabeleceu-se
experimentalmente a relação entre o período e o brilho para algumas cefeidas cuja distância da
Terra era conhecida. A partir dessa relação, conhecidos o período da estrela e seu brilho
aparente, pode-se calcular sua magnitude absoluta e, consequentemente, sua distância.

Deslocamento para o vermelho

Na década de 1920, observou-se que as raias do espectro que gerava a luz proveniente
de galáxias distantes encontram-se deslocadas para a parte vermelha do espectro, isto é, para
a zona de menores frequências. Isso se explica pelo fato de que devido à expansão geral do
universo, as galáxias se afastam da Terra com uma velocidade proporcional à sua distância. O
retrocesso, em razão do efeito chamado Doppler, produz um deslocamento das linhas espectrais
para o vermelho (se o movimento fosse de aproximação, o deslocamento produzido seria para o
azul). A relação entre a velocidade de afastamento e a distância oferecida pela constante de
Hubble, cujo valor é de aproximadamente 75km/s por megaparsec de distância (um megaparsec
= 3,26 x 106 anos-luz).

Medidas com radar e laser

A avaliação da distância de corpos celestes próximos à Terra, como a Lua por exemplo,
pode ser feita através da emissão de ondas de rádio, as quais, após se refletirem na superfície
do astro, são recebidas novamente pela Terra. Dessa forma, obtém-se a distância com grande
precisão (com uma margem de erro da ordem de um quilômetro).

Ainda maior precisão pode ser obtida com o emprego do raio laser, que é devolvido pela
superfície lunar por meio de um refletor lá instalado pelos astronautas da nave Apolo XI, em
1969.

Unidades - Dentro do sistema solar, toma-se como unidade de medida a distância média
entre a Terra e o Sol, conhecida como unidade astronômica (U.A.) e cujo valor, fixado em 1976
pela União Astronômica Internacional, é de 149.597.870km.

Para distâncias maiores, utiliza-se o ano-luz (al) ou o parsec (pc). Um ano-luz


corresponde à distância percorrida pela luz em um ano, enquanto um parsec equivale à distância
em que se encontra uma estrela que apresenta um paralaxe anual de 1". A relação entre essas
unidades é a seguinte:

1 al = 9,4653 x 1012km
= 0,3066 parsec
= 63.240 U.A.

1 pc = 30,857 x 1012km
= 3,262 al
= 206.265 U.A.

Também se utilizam os múltiplos quiloparsec (1Kpc = 103pc) e megaparsec (1Mpc =


106pc). A estrela mais perto do sistema solar é a Próxima Centauri, ou Alfa Centauri, situada
a 1,31 parsec ou 4,3 anos-luz da Terra.

Mecânica celeste. A mecânica celeste tem como objeto de estudo o movimento dos
planetas, satélites e outros astros. Como todos se movimentam graças à ação de forças
gravitacionais, a observação desses movimentos permitiu a elaboração de uma teoria geral da
gravitação que se aplica ao cálculo das órbitas e de sua resolução no tempo.

As leis que regem o movimento planetário foram enunciadas no início do século XVII
por Johannes Kepler e são as seguintes:

(1) Os planetas giram em torno do Sol em órbitas elípticas e o Sol ocupa um dos focos.

(2) No movimento de cada planeta as áreas varridas pelo raio vetor que une o planeta
ao Sol são proporcionais ao tempo gasto para percorrê-las.

(3) Os quadrados dos tempos das revoluções siderais dos planetas são proporcionais
aos cubos dos grandes eixos de suas órbitas.
As leis de Kepler, no entanto, foram determinadas empiricamente, sem se referirem ao
tipo de interação que se dá entre o Sol e os planetas. Deve-se a Newton a descoberta de que a
mesma força que a Terra exerce sobre os corpos, e que chamamos de peso, é também
responsável pelos movimentos planetários. Essa força, denominada gravidade, é definida pela
lei da gravitação universal: dois corpos se atraem com uma força (F), diretamente proporcional
ao produto de suas massas (m1, m2), e inversamente proporcional ao quadrado da distância (r),
que os separa. Essa relação é matematicamente expressa por:

onde G é a constante gravitacional, que equivale a 6,67 x 10-8 cm3/g.s2.


G=6,67.10−11N.m2kg2

É possível demonstrar que todo corpo, sob a atração gravitacional de outro, descreve
uma órbita que pode ser uma seção cônica ou elíptica, parabólica ou hiperbólica, conforme
a energia total em causa.

Há ainda outro aspecto em que a lei de Newton generaliza as de Kepler. Como essa lei
é universal, não se aplica apenas ao movimento planetário, mas também a qualquer outro
sistema de corpos que se movam sob a ação da gravidade, tais como satélites, ou sistemas
binários de estrelas (duas estrelas que giram uma em redor da outra, sob a ação da força
gravitacional). Embora a lei da gravitação de Newton tenha sido corrigida pela teoria do campo
gravitacional de Einstein (teoria da relatividade geral), é suficientemente precisa para a imensa
maioria dos cálculos de órbitas. Somente no caso de deslocamentos realizados na presença de
campos gravitacionais muito intensos observou-se que a teoria de Einstein é mais precisa.

Assim, por exemplo, os dados fornecidos pelas duas teorias para a órbita de Mercúrio
dão resultados diferentes e confirma-se nesse caso, através dos parâmetros experimentais, a
maior precisão da teoria relativista.

Por meio da lei de Newton, é possível determinar a posição de um planeta em função


do tempo. Para tal é necessário calcular todos os dados de sua órbita, o tamanho da elipse, a
posição do plano da elipse com relação à eclíptica e a orientação da elipse nesse plano, além
da posição do planeta sobre a elipse em um dado momento. O problema é que não se trata de
dois corpos que interagem um com o outro, como o Sol e um planeta, mas também dos efeitos
da ação exercida pelos demais planetas e que deve ser levada em conta. O procedimento
baseia-se no cálculo prévio da órbita como se não passasse de um problema de dois astros, e
na análise posterior dos efeitos de outros planetas. Tais efeitos, chamados perturbações, são
classificados como periódicos, quando oscilam em torno de um valor médio, e seculares, quando
variam crescentemente com o tempo. Observou-se que o tamanho da órbita dos planetas e sua
inclinação sofrem somente perturbações periódicas.

Zênite

Em astronomia, zênite é o ponto superior da esfera celeste, segundo a perspectiva de


um observador na superfície do astro onde se encontra. É o marco referencial de localização de
posições de objetos celestes.

Asteroides | Características dos Asteroides


Os asteroides são rochas remanescentes da formação dos planetas. Esse processo teria
deixado fragmentos por todo o espaço interplanetário, pois eles são encontrados a até 1 ano-luz
do Sol, ou seja, a 9,5 trilhões de km desta estrela, uma distância que supera mais de mil vezes
a de Plutão. Até novembro de 2011, 106.165 asteroides haviam tido suas órbitas calculadas e
12.282 nomeados oficialmente. Estima-se, no entanto, que existam alguns milhões de asteroides
no sistema solar.

A tendência atual é reconhecer quatro importantes concentrações de asteroides. A maior


delas, chamada de Grande Cinturão, reúne os asteroides que giram em torno do Sol entre as
órbitas de Marte e Júpiter. Neste agrupamento fica Ceres, o maior dos asteroides rochosos
conhecidos, com mil quilômetros de diâmetro, e milhões de corpos menores, a maioria com
apenas alguns centímetros.

O segundo grupo situa-se mais próximo do Sol e do nosso planeta: são os NEOs, sigla
em inglês para Near Earth Object , ou objetos próximos da Terra, identificados principalmente a
partir de 1999 e monitorados para evitar colisões. Astrônomos ingleses explicaram, na época,
que essas rochas cósmicas podem ter sido arrancadas aos milhares do Grande Cinturão, num
passado remoto, passando, em seguida, a gravitar perto da Terra. Em 2001, o número desses
asteroides, cuja órbita se conhece com precisão, chegava a 300. Em 2004, um desses
asteroides, chamado Toutatis, de quase 5 km de comprimento, passou a pouco mais de 1,55
milhão de quilômetros da Terra, quatro vezes a distância que nos separa da Lua.

Cinturão de Kuiper
Cinturão de Kuiper – Há também uma grande concentração de corpos pequenos na
região de Urano e outra, ainda maior, para além da órbita de Plutão, no chamado Cinturão de
Kuiper. Calcula-se que existam 200 milhões de objetos neste cinturão, cuja existência só ficou
comprovada em 1994.
Naquele ano, a norte-americana Jane Luu, do Centro Harvard-Smithsonian para
Astrofísica, detecta 35 mil corpos com diâmetro entre 100 km e 400 km para além de 500 milhões
de km da órbita de Plutão. Hoje há uma tendência a classificar esses objetos como planetas
menores, uma nova categoria de astros, dos quais o maior seria o próprio Plutão. Esses últimos
corpúsculos são feitos principalmente de gelo e de poeira aglomerada, ao contrário dos outros
três conjuntos, nos quais predominam os corpos inteiramente rochosos.

A região de Kuiper é uma fonte permanente de surpresas. Em julho de 2001,


pesquisadores do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica anunciam a descoberta de um
corpúsculo ainda sem nome, designado pela sigla 2001 KX76. Com 1 270 km de diâmetro, ele é
maior que Ceres (900 a 1.000 km) e Caronte, a lua única de Plutão (1 200 km de diâmetro).

Em 2004, astrônomos do Instituto de Tecnologia da Califórnia e de Yale descobriram


no Cinturão de Kuiper o maior objeto reconhecido no sistema solar desde Plutão. Batizado de
Sedna (nome da deusa inuit, um povo indígena do Ártico), pode ser o décimo planeta do sistema
solar. Baseado na medição de luz refletida pela sua superfície, captada pelos telescópios
terrestres, o Sedna seria 25% menor que Plutão, ou teria por volta de 1.400 km de diâmetro –
Plutão tem cerca de 2.302 km. A descoberta de um objeto desse tamanho no Cinturão de Kuiper
coloca de novo em discussão a ideia de que Plutão também seria um asteroide. Por enquanto,
ele permanece classificado como um planeta e Sedna está sendo classificado como asteroide.

Instrumentos de observação – Por serem muito pequenos e escuros, torna-se difícil


estudar as características dos asteroides rochosos por meio de telescópios terrestres. Por isso,
a concentração de rochas que flutuam nas vizinhanças da Terra só foi descoberta graças ao
desenvolvimento de instrumentos de observação cada vez mais potentes na década de 1990.
Seu número é estimado em várias dúzias de corpos com mais de 5 quilômetros de diâmetro,
mais de 2 mil deles com cerca de 1 km de diâmetro e pelo menos 200 mil com diâmetro
aproximado de 500 m. Os programas de rastreamento, que reúnem telescópios do mundo inteiro
em constante prontidão, como o norte-americano Neat (sigla para Near Earth Asteroid Tracking,
em inglês), localizaram menos de 20% do total dos asteroides com mais de 100 m de diâmetro.

A queda de um dos corpos grandes desse grupo na superfície da Terra poderia extinguir
a espécie humana e até a vida terrestre, como se acredita ter ocorrido com os dinossauros há
65 milhões de anos. Por isso, alguns caçadores de asteroides defendem a ideia de desenvolver
foguetes dotados de raios laser ou mesmo de bombas nucleares para destruir um possível
invasor do espaço terrestre. Cálculos estatísticos, contudo, revelam que o risco de ocorrer um
choque entre a Terra e um corpo com mais de 1 km de diâmetro é de apenas um a cada 300 mil
anos.

As melhores observações de asteroides são feitas pelas sondas espaciais. Em 1991, a


sonda Galileu, a caminho de Júpiter, passou perto de Gaspra e, em 1993, de Ida, descobrindo
que este último arrastava consigo um satélite, batizado de Dactyl. Dois outros corpos foram
fotografados pela sonda Near-Shoemaker: Mathilde, em 1997, e Eros, em 1998. No ano seguinte,
a Deep Space 1 cruzou com outro asteroide, o Braille. Mas, uma falha nos instrumentos de
navegação levou a nave a passar muito rápido pela rocha e não permitiu fotos nítidas. Em 2001,
a Near-Shoemaker tornou-se o primeiro artefato produzido pelo homem a pousar em um
asteroide, o Eros, a 315 milhões de quilômetros da Terra – distância duas vezes maior que a do
nosso planeta ao Sol.

Um asteroide gigante pode ter sido a causa da extinção dos dinossauros, há 65 milhões
de anos. Mas um outro bólido, muito mais antigo, também pode ter sido responsável pela
extinção maciça de 90% das espécies marinhas e 70% das terrestres no período Permiano (250
milhões de anos) – última grande matança global antes do aparecimento dos dinossauros. O
impacto do asteroide e atividades vulcânicas ocorridas sincronicamente podem ter causado as
extinções, segundo os cientistas.

Estrelas (Novas, Supernovas e Hipernovas)

Estrelas são corpos celestes de forma esférica que irradiam luz, com massa na faixa de
0,1 a 100 vezes à do Sol. Elas se agrupam pela atração gravitacional em sistemas gigantescos
que são as galáxias. O Universo contém aproximadamente 100 bilhões de galáxias, embora só
uma pequena parte seja visível a olho nu. Dentro delas, as estrelas podem ser solitárias, como
é o caso do Sol, ou se reunir em pares, trios ou quartetos. Também existem ajuntamentos de até
1 milhão de estrelas, chamados aglomerados estelares.

As estrelas nascem de gigantescas nuvens de gás e poeira que, sob a ação de sua
própria gravidade, encolhem até atingir pressão e temperatura extremamente altas que
desencadeiam reações nucleares em seu interior. Essas reações transformam o hidrogênio, que
é a matéria-prima básica de todos os astros, em outros elementos químicos, principalmente em
hélio, carbono e oxigênio. A estrela permanece a maior parte de sua vida - milhões ou bilhões
de anos - nesse estágio, conhecido como sequência principal. Suas características vão depender
de sua massa. Quanto maior ela for, maior é a temperatura, a luminosidade e a quantidade de
energia que emite.

Novas, supernovas e hipernovas – No estágio posterior, a massa também determina


como as estrelas vão sair da sequência principal, depois de esgotar todo o hidrogênio. De
maneira geral, todos os astros aceleram sua produção de energia e inflam, tornando-se gigantes
por milhares ou milhões de anos. Os que têm massa relativamente pequena, caso do Sol e da
maioria dos astros, depois de passar por cerca de 10 bilhões de anos na sequência principal,
saem desse estágio, numa espécie de explosão lenta, batizada de nova. O resultado de uma
nova é a ejeção da maior parte da massa para o espaço, gerando uma concha imensa no vazio,
chamada nebulosa planetária. O caroço que resta pode ter o tamanho da Terra e se denomina
anã branca. Numa única galáxia ocorrem milhares de novas todos os anos.

Já os astros de massa grande, dez ou mais vezes superiores à do Sol, inflam, voltam a
encolher rapidamente e, então, estouram numa explosão imensa, chamada de supernova. Seu
brilho equivale ao de 100 bilhões de estrelas comuns em conjunto. A cada ano acontecem
apenas dois ou três superes touros em cada galáxia. Também nesse caso, sobra um núcleo, só
que muito mais denso que as anãs brancas. Há dois níveis de densidade. No patamar mais
baixo, surge um caroço com cerca de 10 km de raio chamado estrela de nêutron, ou pulsar.
Quase totalmente sem luz, ela dispara apenas um facho de radiação pelos polos, que pode ser
luminoso ou ter a forma de ondas de rádio, raios ultravioletas ou raios X. Num grau mais alto de
concentração da matéria, tem-se um buraco negro, com apenas 3 km de raio.

Em 1999, uma equipe internacional de pesquisadores observou explosões ainda maiores


que as supernovas, batizadas de hipernovas. Em 2003, comprovou-se que essas hiper
explosões são realmente decorrentes da morte de um astro de densidade fora do comum. Isso
enfraqueceu a hipótese de que as hipernovas poderiam surgir de uma trombada de dois buracos
negros. Também perdeu força a ideia de que haveria uma nova categoria de estrela de nêutron,
chamada magnetar por ter uma imensa força magnética - tão grande que, vez ou outra, racharia
a superfície da estrela, liberando uma energia enorme.

Em 2001, um grupo de estudantes universitários norte-americanos descobre novas


características em estrelas relativamente comuns, chamadas anãs marrons. A descoberta
acontece por acaso, enquanto eles realizavam uma pesquisa no radiotelescópio do Observatório
Nacional de Radioastronomia, no estado do Novo México. A novidade é que, embora esses
pequenos astros tenham geralmente pouca energia e quase não emitam luz, eles podem às
vezes se tornar explosivos, lançando ao espaço chamas maiores e mais poderosas do que as
do Sol.
Nebulosa, Classificação das Nebulosas

Nebulosa
Nebulosas são corpos celestes gasosos e nevoento formado de uma concentração de
gás ou poeira estelar, ou uma combinação de ambos, que ocorre no espaço interestelar. A
designação se aplicou inicialmente a qualquer objeto de aparência difusa situado fora do sistema
solar e que, ao telescópio, parecesse uma área luminosa ou escura, em contraste com as
estrelas, cuja imagem é pontual. Essa primeira definição, no entanto, adotada numa época em
que os instrumentos não permitiam divisar com maior detalhamento objetos muito distantes,
abrange equivocadamente duas classes de objetos que não têm relação entre si: as nebulosas
extragalácticas, atualmente denominadas galáxias, enormes conjuntos de estrelas e gás; e as
nebulosas galácticas, massas muito menores de gás (com vestígios de partículas sólidas)
localizadas numa única galáxia. Atualmente, os astrônomos usam a palavra nebulosa somente
para se referirem ao segundo tipo. O conjunto das nebulosas galácticas constitui apenas uma
pequena porcentagem da massa de uma galáxia.

Da explosão de uma supernova na constelação de Touro, observada no ano 1054,


originou-se a nebulosa do Caranguejo, corpo celeste de núcleo azulado, cercado por uma rede
de filamentos avermelhados e sinuosos.

Observação de nebulosas
Os astrônomos gregos Hiparco e Ptolomeu já registravam a existência de "nuvens de
estrelas". Em 1610, dois anos após a invenção do telescópio, a nebulosa de Órion, que a olho
nu parece uma estrela, foi descoberta pelo francês Nicolas-Claude Fabri de Peiresc. Em 1656, o
holandês Christiaan Huygens, que usou instrumentos muito superiores, foi o primeiro a descrever
a brilhante área interior de uma nebulosa e a determinar que sua estrela interior não é única,
mas sim um compacto sistema quádruplo -- o bem conhecido "trapézio", nome pelo qual ainda
hoje são designadas as regiões interiores de uma nebulosa.

No início do século XVIII, os astrônomos concentraram suas observações na localização


de cometas, atividade cujo subproduto foi a descoberta de muitas nebulosas brilhantes. A mais
extensa compilação desse trabalho foi realizada pelo francês Charles Messier, em 1781, e pelo
britânico William Herschel e seu filho John, entre o início e meados do século XIX. A
nomenclatura adotada nesses catálogos ainda hoje serve para identificar algumas galáxias.

O advento da fotografia representou uma verdadeira revolução na compreensão das


nebulosas, pois permitiu o registro de detalhes invisíveis a olho nu e a distâncias antes
inimagináveis. Na década de 1880 fotografou-se pela primeira vez a nebulosa de Órion. Outro
grande avanço foi a possibilidade de se estudar a natureza dos corpos celestes por meio da
espectroscopia, pois é grande a diferença entre os espectros de uma estrela e de um gás. Graças
a isso foi possível distinguir galáxias de nebulosas.

Ao longo do século XX, novas invenções e aprimoramentos dos aparelhos permitiram


detectar grandes nebulosas de pouco brilho com o auxílio de câmaras mais velozes e chapas
fotográficas mais sensíveis. Posteriormente, aparelhos fotoelétricos aumentaram a eficiência das
técnicas fotográficas. No fim do século XX, as pesquisas sobre nebulosas eram feitas quase
exclusivamente por meio desses aparelhos. Finalmente, com a utilização de satélites espaciais,
passaram a ser estudados os raios X e ultravioleta presentes no espectro das nebulosas e que,
de outra maneira, seriam absorvidos pela atmosfera da Terra. Com essas e outras inovações,
os cientistas puderam adquirir um razoável conhecimento teórico das nebulosas.

Classificação e características das nebulosas


Em função de sua aparência, as nebulosas galácticas se dividem em duas classes
principais: obscuras e brilhantes. As obscuras parecem manchas negras no céu. Normalmente
têm forma irregular, absorvem a luz das estrelas mais distantes e em seu interior se formam as
estrelas. As nebulosas brilhantes, que parecem superfícies pouco luminosas, emitem luz
própria ou refletem a de estrelas próximas. Com base em sua origem e detalhes de sua
aparência, as nebulosas brilhantes se subdividem em difusas, de reflexão, planetárias e
supernovas remanescentes.

Em geral de pouca luminosidade e forma irregular, as nebulosas difusas emitem


radiação que elas mesmas produzem. Seu tamanho e sua massa podem variar muito e não há
limite mínimo, pois deve haver uma pequena nebulosa difusa em torno de quase todas as
estrelas. As maiores têm cerca de 200 anos-luz, mas uma difusa típica mede cerca de trinta
anos-luz e tem densidade de dez átomos por centímetro cúbico. A única nebulosa visível a olho
nu, a de Órion, é a mais brilhante e estudada entre as difusas.

As nebulosas de reflexão recebem esse nome porque refletem a luz de uma estrela
próxima. Foram descobertas a partir de uma observação feita na constelação das Plêiades em
1912 e cerca de sessenta por cento de sua luminosidade se deve à reflexão.
O terceiro tipo são as nebulosas planetárias, das quais se registram mais de vinte mil
na Via Láctea, assim chamadas porque, ao telescópio, parecem imagens desfocadas de
planetas. Sua aparência é a de anéis quase simétricos e de razoável brilho superficial, com um
núcleo, ou estrela central. Comparadas às difusas, são pequenas, com raio típico de um ano-
luz, e muito mais densas, com mil a dez mil átomos por centímetro cúbico. Uma das maiores e
mais próximas é a da Hélice, na constelação de Aquário.

Finalmente, as supernovas remanescentes são nebulosas gasosas resultantes das


camadas em expansão ejetadas por uma supernova (espécie de explosão estelar). Escassas
na Via Láctea, são observadas em maior número em outras galáxias.

Estudo de nebulosas mostra como o Sol vai morrer

Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Rochester, em Nova York, divulgaram uma


série de imagens de nebulosas planetárias feitas pelo telescópio Chandra. Os registros fazem
parte de um estudo desse tipo de objeto - que pode representar o futuro do Sistema Solar. O
equipamento é administrado pela Nasa e pelo Observatório Smithsonian, da Universidade de
Harvard. O estudo foi publicado no The Astronomical Journal.

Os cientistas acreditam que o Sol - daqui a bilhões de anos - vai esgotar o hidrogênio de
seu núcleo e, por causa disso, vai inchar e se tornar em uma estrela vermelha. As camadas mais
externas da estrela começarão a emitir material até que no final sobrará apenas o núcleo - uma
anã branca. O forte vento solar vai empurrar esse material e formará uma nebulosa planetária.

Para entender melhor esse processo, os pesquisadores registraram 21 dessas


estruturas com até 5 mil anos-luz de distância da Terra. Além disso, a pesquisa incluiu
observações de outras 14 nebulosas que já haviam sido registradas pelo Chandra. O
equipamento registra raios-X que, nos casos dessas nebulosas, os cientistas acreditam ser
causado por ondas de choque dos rápidos ventos solares que colidem com o material ejetado.

Ao comparar essas imagens com registros ópticos, os astrônomos afirmam ter


encontrado conchas compactas que foram criadas por fortes ondas de choque. Segundo eles,
essas conchas não têm mais que 5 mil anos, o que indica a frequência com que as ondas
ocorrem.

Cerca de metade das nebulosas estudadas tinham fontes de raios-X pontuais no centro,
onde fica a anã branca, o que indica que essa estrela tem outra companheira nesses casos. Os
cientistas afirmam que novos estudos serão necessários para entender o papel de uma estrela
companheira na formação da estrutura de uma nebulosa planetária.

O nome "nebulosa planetária" na verdade nada tem a ver com planetas. Quando esses
objetos começaram a ser vistos, os astrônomos os acharam parecidos com os planetas Urano e
Netuno nos fracos telescópios da época. O termo foi cunhado por William Herschel no século 18.

Fonte. http://www.megatimes.com.br/search/label/Astronomia?max-results=7

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