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Evolução Estelar
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Formação, Evolução Estelar e Sequência Principal

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Edson Pereira Gonzaga

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Formação, Evolução Estelar
e Sequência Principal

Fonte: Getty Images


Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Introdução;
• Formação Estelar;
• Condições para o Colapso Gravitacional;
• Estágios da Formação e da Evolução Estelar;
• Estrelas de Baixa, de Alta Massa e Sequência Principal.

Objetivos
• Estudar os estágios de formação estelar e suas características para a evolução na
sequência principal;
• Compreender as estrelas de baixa e de alta massa.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Formação, Evolução Estelar e Sequência Principal

Contextualização
As observações indicam que as estrelas surgiram do material interestelar que cons-
tituem os elementos fundamentais da formação do Universo no chamado Big Bang,
agrupando-se em aglomerados, associações, correntes, grupos, galáxias. As estrelas
variam em larga escala quanto ao brilho intrínseco, volume, densidade, massa, cor e
estabilidade física. A vista do seu brilho aparente é definida pela magnitude, que varia de
acordo com as características físicas em cada tipo de estrela.

Observando o céu na atualidade, podemos perceber, com o uso de equipamentos


adequados, que o espaço entre as estrelas é praticamente vazio. A densidade média da
matéria interestelar é tão baixa, que é menor do que a do melhor vácuo que se consegue
em laboratórios. Então, para entendermos a formação das estrelas, precisamos recorrer
às observações, por exemplo, das nebulosas de Órion, do Caranguejo e tantas outras, por
serem constituídas de gás interestelar. Além disso, o meio interestelar é o local de nasci-
mento de estrelas, e ele é, portanto, responsável pela existência e evolução da Galáxia.

Foi no século XVIII que os astrônomos observaram a existência de pequenas manchas


claras e difusas no céu, que foram chamadas de nebulosas. Uma primeira lista de nebu-
losas foi feita em 1784 pelo astrônomo francês Charles Messier (1730 - 1817). A letra
M usada na lista é devido à catalogação de nebulosas consideradas mais brilhantes. Na
época, Messier queria evitar a confusão entre os objetos do tipo nuvem e os cometas;
hoje sabemos que muitos dos objetos não eram nebulosas.

A nebulosa de Órion está no disco da nossa Galáxia e é um local no qual os telescó-


pios atuais revelam o surgimento de estrelas. Em 1888, o dinamarquês John Louis Emil
Dreyer (1852 - 1926), que trabalhou principalmente na Irlanda, publicou um catálogo
de nebulosas, o New General Catalogue (NGC). Esse catálogo reuniu todas as listas de
objetos não estelares compilados por muitos observadores do século XIX.

Um dos mais belos aglomerados globulares e de fácil observação com um pequeno teles-
cópio, como uma estrela difusa, foi observado pela primeira vez pelo astrônomo italiano
Maraldi (1709 - 1788), em 1746, e redescoberto pelo astrônomo Messier (1730 - 1817) em
1760. Situado a uma distância de cerca 50 mil anos - luz, possui um diâmetro de aproxima-
damente 150 anos -luz. É um dos mais ricos e compactos aglomerados globulares. Parece
possuir cerca de 100 mil estrelas (MOURÃO, 1995, p. 526).

De acordo com Arany-Prado (2017), o carro chefe do NGC foi o Catálogo Geral
de Nebulosas, publicado em 1864 pelo astrônomo inglês Sir John Frederick William
Herschel (1792 - 1871) com 5079 objetos, dos quais apenas 450 não foram devido às
observações de Herschel e de seu pai, Sir William Herschel (1738 - 1822). Dreyer, revi-
sou, corrigiu e ampliou o catálogo original.

Por isso, desejamos uma boa leitura e bons estudos!

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Introdução
No início das observações astronômicas, todo objeto aparentemente fixo que apare-
cia como uma mancha difusa em um pequeno instrumento era chamado de nebulosa.
Assim, nessa época, os aglomerados estelares e as galáxias foram denominados nebulo-
sas; atualmente, contudo, não convém usar mais esse termo para designar tais objetos.
Podemos chamar de nuvem concentrada de matéria interestelar. Quando as nebulosas
apresentam um espectro contínuo, temos as nebulosas de reflexão; quando o espectro é
de raia, temos as nebulosas planetárias e difusas; e quando o espectro é não luminoso,
mas absorvente, temos as nebulosas obscuras.

Podemos dizer que nebulosas são nuvens de gás e poeira interestelares. Se há um


obscurecimento da luz vinda de estrelas que estão atrás de uma nuvem, chamamos essa
nuvem de nebulosa de poeira. Por outro lado, se há algum(ns) objeto(s), por exemplo, um
grupo de estrelas jovens, fazendo com que a nuvem brilhe, chamamos de uma nebulosa
de emissão.

De acordo com Nogueira (2009), as radiações emitidas por estrelas são como ondas ou par-
tículas emitidas por uma fonte. A radiação eletromagnética é energia deslocando-se em
forma de onda, incluindo raios gama, raios x, radiação ultravioleta, luz visível, radiação
infravermelha, microondas e ondas de rádio.

Como exemplo, na Figura 1, observe a jovem Nebulosa da Águia, que é considerada


um aglomerado estelar aberto localizado na constelação da Serpente. O objeto foi desco-
berto em 1746 pelo astrônomo francês Jean-Philippe de Chéseaux (1718 - 1751) e seu
nome deriva da forma que sua nuvem interestelar protoestelar em torno do aglomerado,
que lembra uma águia.

Figura 1 – Nebulosa da Águia


Fonte: Getty Images

Podemos dizer que as estrelas se formam a partir de nuvens de gás e poeira em uma
galáxia. Essas nuvens são conhecidas como berçários de estrelas. A Figura 1 mostra um
exemplo desses berçários, na Nebulosa da Águia (Messier 16 ou NGC 6611). No centro

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UNIDADE
Formação, Evolução Estelar e Sequência Principal

da imagem, podemos ver os conhecidos “Pilares da Criação”. Essa imagem de grande


angular mostra não apenas os pilares centrais, mas também vários outros que fazem
parte da mesma região de formação estelar, assim como um enorme número de estrelas,
à frente e atrás da Nebulosa da Águia.

Para que seja capaz de formar estrelas, os astrônomos dizem que essa nuvem deve ser
fria e densa, porque as nuvens mais quentes ou com pouco material não conseguirão se
condensar para formar estrelas. Para que uma nuvem comece a formar estrelas, ela deve
sofrer uma perturbação. A ideia é que uma vez que a nuvem sofra essa perturbação, ela
formará uma pequena região mais densa, que devido à própria atração gravitacional
começará a colapsar. Por causa disso, essa região perturbada esquenta e eventualmente
seu núcleo se torna muito denso e quente, atingindo as condições para iniciar as reações
nucleares. Quando isso ocorre, a contração cessa e então, surge uma estrela, que terá
início na sequência principal, conforme o Digrama Hertzsprung-Russell (H-R).

Leia mais sobre o Digrama Hertzsprung-Russell (H-R) clicando em: http://bit.ly/2NB44qh

Em Quanto Tempo os Pilares da Criação Desaparecerão? - Space Today Responde Ep.017,


disponível em: https://youtu.be/ysxZA_KPnok

Formação Estelar
O processo básico para a formação de estrelas é a fragmentação e contração de uma
nuvem de poeira e gás. Acredita-se que para que essas nuvens comecem esse processo,
algo deve acontecer para perturbá-las. Existem vários processos no meio interestelar que
podem ser responsáveis por essa perturbação, por exemplos: explosão de supernovas,
colisões entre nuvens, ondas de pressão de um determinado tipo de estrela.
Tal perturbação, que como vimos, pode ter várias causas ainda não esclarecidas em
todos os seus aspectos dá início à agregação de massa que por sua vez atrai cada vez
mais massa, em um processo de contração gravitacional, que podem durar milhões de
anos. Para se ter ideia, as nuvens são classificas em três tipos: nuvens moleculares, nu-
vens de emissão e de poeira.

De acordo com Oliveira Filho e Saraiva (2014), as propriedades médias da região central
das nuvens moleculares são: densidade média n  104cm–3, consistindo, principalmen-
te, de hidrogênio molecular; temperatura média T  10 – 30K; campo magnético médio
B  20 – 30 µG; razão de gás ionizado, por raios cósmicos, para gás neutro ni/n  107;
tamanho R  1017cm  0,05pc; velocidade angular de rotação Ω  1014rad/s. Enquanto
que as propriedades das estrelas, por exemplo, o Sol, são: densidade média n  1024cm–3,
consistindo, principalmente, de hidrogênio ionizado; temperatura média T  1017K; campo
magnético médio na atmosfera B  1G; razão de gás ionizado para gás neutro ni/n  1 –
exceto na atmosfera; tamanho R  1011cm; velocidade angular de rotação Ω  10–6rad/s.

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Portanto, para que haja a formação de uma estrela a partir da nuvem de poeira e
gás, é necessária uma contração de um fator 106 em raio, e 1020 em densidade, o que
causa os problemas, chamados de Momentum Angular de Rotação e Fluxo Magnético.

Leia o livro intitulado Astronomia e Astrofísica do Prof. Kepler de Souza Oliveira Filho e da
Prof.ª Maria de Fátima Oliveira Saraiva clicando no link: http://astro.if.ufrgs.br/

Portanto, a formação estelar tem de se dar com a formação de um disco de partícu-


las, a chamada acresção. Então a viscosidade no disco permite a acresção de massa ao
centro, enquanto parte da massa é acelerada para as partes externas, pela conservação
do momentum angular, ao mesmo tempo, o disco é truncado no centro pelo campo
magnético, ou seja, tudo está girando, parte do material vai para as regiões mais exter-
nas e a outra parte se concentra na região central da nuvem, enquanto que a matéria
ionizada tem de ser expelida pela chamada ejeção magnetocentrífuga, possivelmente na
forma de jatos bipolares, por conservação do campo magnético.

Baixe a apresentação sobre como as estrelas funcionam clicando no link: http://bit.ly/2R648jX

Condições para o Colapso Gravitacional


A hipótese moderna para a origem do sistema solar é baseada na hipótese nebular, suge-
rida em 1755 pelo filósofo alemão Immanuel Kant (1724 - 1804) e, em 1796, desenvolvida
pelo matemático francês Pierre-Simon de Laplace (1749 - 1827). Laplace, que desenvolveu
a teoria das probabilidades, calculou que, como todos os planetas estão no mesmo plano,
giram em torno do Sol na mesma direção, e também giram em torno de si mesmos na
mesma direção, com exceção de Vênus, só poderiam ter se formado de uma mesma grande
nuvem de partículas em rotação. Essa hipótese sugeria que uma grande nuvem rotante de
gás interestelar, a nebulosa solar, colapsou para dar origem ao Sol e aos planetas.

Uma vez que a contração em uma nuvem inicia a força gravitacional da nuvem atuando
em si mesma, ocasiona o colapso. À medida que a nuvem colapsa, sua rotação aumenta
por conservação do momentum angular e, com o passar do tempo, a massa de gás rotante
assume uma forma discoidal, com uma concentração central que resultou na origem ao Sol.
Podemos pensar que os planetas se formaram a partir do material no disco da nuvem solar?

As observações modernas indicam que muitas nuvens do meio interestelar estão


no processo de colapsar em estrelas. Para entender melhor essa afirmação, observe a
Figura 2. Quanto mais massa se aglomera no objeto que está se formando, por exemplo,
o Sol, maior é a gravidade que ele exerce sobre si mesmo. Resultado: ele começa a enco-
lher. Num dado momento, o encolhimento é tão intenso que a pressão e a temperatura
no núcleo sobem a um ponto em que começa a ocorrer a fusão do hidrogênio em hélio.
Os astrônomos dizem que quando isso ocorre, nasce uma estrela!

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Formação, Evolução Estelar e Sequência Principal

Figura 2 – Etapas do processo de formação do Sistema Solar de acordo com o modelo da nebulosa solar
Fonte: Adaptado de OLIVEIRA FILHO e SARAIVA, 2014

A contribuição moderna à hipótese nebular diz respeito principalmente a como os


planetas se formaram a partir do gás no disco, tendo sido desenvolvida em 1945 pelo
físico alemão Carl Friedrich Freiherr Von Weizsäcker (1912-2007).

Na Figura 2, (a) representa a nuvem se esfriando, início do colapso; (b) representa


apenas o protossol, no centro, mantendo sua temperatura; em (c), após o resfriamento,
ocorre a condensação rápida do material, o que supostamente deu origem aos chama-
dos planetesimais, agregados de material com tamanhos da ordem de quilômetros de
diâmetro, cuja composição depende da distância ao Sol – nesse momento, regiões mais
externas chegam a temperaturas mais baixas, e mesmo os materiais voláteis possuem
condições de se condensar, ao passo que, nas regiões mais internas e quentes, as subs-
tâncias voláteis se perdem. Os planetesimais crescem por acresção de material para dar
origem a objetos maiores, os núcleos planetários (d).

Mas o colapso continua, na parte externa do sistema solar, onde o material condensado
da nebulosa continha silicatos e gelos, esses núcleos crescem até atingir massas da ordem
de dez vezes a massa da Terra, por exemplo, ficando tão grandes a ponto de poderem
atrair o gás a seu redor e então crescem mais ainda por acresção de grande quantidade
de hidrogênio e hélio da nebulosa solar (Figura 2). Nesse caso, deram origem aos planetas

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jovianos (d). Na parte interna, onde apenas os silicatos estavam presentes, os núcleos pla-
netários não puderam crescer muito, dando origem aos planetas terrestres (d).

A teoria de formação estelar ainda é um dos grandes desafios da Astrofísica. Não


se sabe exatamente como, a partir de um fragmento de nuvem, pode-se chegar a uma
estrela. Dependendo da temperatura, densidade e composição da nuvem, a massa de
Jeans, em homenagem ao físico e astrônomo inglês Sir James Hopwood Jeans (1877 -
1946), a massa que um fragmento deve ter para colapsar, deve ser diferente.

Leia mais sobre as características físicas das nuvens interestelares clicando no link: http://bit.ly/3ag7Y1k

Estágios da Formação e da Evolução Estelar


Para a formação de estrelas com os mesmos parâmetros do Sol, podemos dividir a
nuvem do meio interestelar em sete estágios: (1) Nuvem interestelar; (2) Fragmento de
nuvem colapsando; (3) Formação da protoestrela; (4) A protoestrela; (5) Evolução da
protoestrela; (6) Nasce uma estrela; e (7) A sequência principal.
• Estágio 1: Nuvem interestelar: Uma nuvem interestelar muito grande pode forne-
cer o início da formação estelar. A nuvem pode conter milhares de vezes a massa do
Sol, e é predominantemente formada de gás atômico e molecular frio, com alguma
poeira. Após sofrer uma perturbação, a nuvem colapsada se quebrará em dezenas,
centenas ou milhares de fragmentos;
• Estágio 2: Fragmento de nuvem colapsando: A nuvem é bastante difusa e, dessa
forma, com exceção do centro, o calor não é aprisionado e sua temperatura não
aumenta muito, pois é o início do colapso e ainda não se sabe exatamente o que
ocorre em seu interior;
• Estágio 3: Formação da protoestrela: A temperatura superficial do fragmento
está em torno de 3000 k, enquanto em seu núcleo a temperatura pode chegar
a 106 milhões k. Nessa etapa da protoestrela, a região central do fragmento já é
muito densa e opaca, sua densidade e temperatura centrais continuam crescendo.
Na parte externa, a chamada fotosfera em volta da formação esferoidal central tem
um raio de aproximadamente 100 a 200 R;
As estruturas alongadas e mais escuras observadas na Nebulosa da Águia, na Figura 1,
são colunas de gás frio e poeira. Os astrônomos acreditam que a formação protoeste-
lar encontra-se no estágio 3 nestes locais;
• Estágio 4: A protoestrela: O Fragmento de nuvem antes de atingir o estágio
quatro já é chamado de protoestrela. Após alguns milhares de anos de contração
a temperatura superficial, fica em torno de 2000 k a 3000 k e a protoestrela é
grande e brilhante. Sua massa deve ser em torno de 1,0 M, porém, nessa etapa,
seu diâmetro é 20 vezes o tamanho do Sol, e pode ser 100 vezes mais brilhante.

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Formação, Evolução Estelar e Sequência Principal

De acordo com Oliveira Filho e Saraiva (2014), nessa fase, por conservação do
momentum angular da nuvem original, o material interestelar que está girando
acaba achatando-se em um disco, como representado na Figura 2 (b);
A imagem ilustrada na Figura 3 é da poeira e do gás ao redor de uma suposta
protoestrela. Esse disco seria invisível no espectro visível, pois grãos de poeira
absorvem radiação da estrela e a reemitem em comprimentos de onda mais frios;

Figura 3 – Protoestrela
Fonte: Getty Images

Nessa etapa, as estrelas começam sua trajetória evolutiva pelo Diagrama H-R, em
direção à sequência principal;
• Estágio 5: Evolução da protoestrela: A protoestrela começa um processo de a
contração e aumenta sua temperatura. No Diagrama H-R (Figura 4), ela se move
para a esquerda, surgindo embaixo, muito próxima ao eixo horizontal em direção
a sequência principal. A pressão interna aumenta cada vez mais, e trabalha contra
a gravidade, desacelerando a contração gravitacional. O calor gerado no núcleo da
estrela se difunde para as camadas mais externas e frias, onde é irradiado. Quanto
menos energia for irradiada, mais a contração diminuirá. Esta é uma fase de ativi-
dade violenta, com liberação de ventos e jatos. Esse caminho que a estrela percorre
no Diagrama H-R do estágio quatro até o estágio seis é conhecido como trajetó-
ria de Hayashi, estabelecida em 1965, pelo astrofísico japonês Chushiro Hayashi
(1920 - 2010). A luminosidade, inicialmente muito elevada, decresce rapidamente
com a contração, enquanto sua temperatura superficial permanece quase constan-
te, ou seja, a temperatura no núcleo ainda não é alta o suficiente para iniciar as
reações termonucleares;

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10.000 Supergigantes

Gigantes
Vermelhas

LUMINOSIDADE (em unidades solares)


Subgigantes
100

Sequência
Principal

0,01 Anãs
Brancas

10.000 3.500
TEMPERATURA (em graus Kelvin)

Figura 4 – Diagrama H-R


Fonte: Adaptado de Arany-Prado, 2017

• Estágio 6: Nasce uma estrela: Após cerca de 10 milhões de anos, a protoestrela


atinge em seu núcleo as condições ideais e temperatura suficiente para iniciar a
fusão nuclear e, finalmente, surge uma estrela. Essa estrela, como os astrônomos
dizem, recém-nascida é um pouco mais fria e menos luminosa do que o Sol;
• Estágio 7: A sequência principal: Cerca de 30 milhões de anos se passarão e a
estrela continuará o processo de contração por causa das reações em seu núcleo, se
encontrará um pouco menor. Está em fase de ajustes finais para atingir o equilíbrio
hidrostático e entrar finalmente, estar na sequência principal, conforme represen-
tado no Diagrama H-R (Figura 4).

Uma estrela como o Sol leva ao todo cerca de 30 a 50 milhões de anos para chegar à sequ-
ência principal do Diagrama H-R. A trajetória evolutiva depende da massa da protoestrela.
Uma protoestrela de 15 vezes a massa do Sol levaria, apenas, cerca de 10.000 anos para
uma formação similar.

Podemos pensar que protoestrelas com massas menores do que a do Sol podem não
atingir a pressão e temperatura necessárias em seu núcleo, o suficiente para formarem
estrelas e, possivelmente, se tornarão anãs marrons. Para ter ideia, as anãs marrons pos-
suem massa entre 0,012 M e 0,080 M – Júpiter, por exemplo, que possui 0,0010 M,
tecnicamente não é uma anã marrom.

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Formação, Evolução Estelar e Sequência Principal

Protoestrela com massas maiores que 100 M desenvolvem altas temperaturas nucle-
ares tão rapidamente que a pressão da radiação domina o colapso gravitacional muito
rápido. Dessa forma, essas estrelas chegam também rapidamente à sequência principal.

Leia mais sobre o meio interestelar clicando no link: http://bit.ly/2R5cJ6u

Assista ao vídeo Sonda Voyager 2 Entra no Espaço Interestelar – Space Today TV, episó-
dio 1616, clicando no link: https://youtu.be/6I_gxStLJa0

Estrelas de Baixa, de Alta Massa


e Sequência Principal
Podemos dizer que as estrelas não evoluem ao longo da linha que define a sequência
principal, ou seja, em linhas gerais, a sequência principal é a região onde a maioria das
estrelas permanece a maior parte de sua existência.

Vimos que, dependendo da massa da protoestrela, ela chegará à sequência principal


em um determinado ponto. Por exemplo, uma estrela que chega à sequência principal
como uma estrela do tipo G jamais poderá transformar-se em uma estrela do tipo O ou
B, ou descer para tornar-se uma anã vermelha tipo M.

A partir do estudo das linhas espectrais, principalmente do hidrogênio, chegou-se a uma


classificação espectral a partir da temperatura superficial de uma estrela e foram designadas
pelas letras: O, B, A, F, G, K, M. De acordo com Arany-Prado (2017), a ordem da classificação es-
pectral está da maior temperatura para a menor. A autora menciona ainda que normalmente
os estudantes de astronomia gravam a sequência de letras por meio da frase: Oh! Be A Fire Girl,
Kiss Me – que na tradução para nossa língua é “Oh! Seja uma garota legal, beije-me”.

Para que uma estrela esteja na sequência principal do diagrama H-R, ela precisa se
encontrar equilíbrio hidrostático, os astrônomos mencionam que a estrela está na sua
fase madura, dando início à fusão de hidrogênio em hélio. Essa fase é a mais duradoura
e estável da estrela.

De acordo com Mourão (1995, p. 728), a sequência principal é a faixa estreita do


Diagrama H-R, em que se situa a maior parte das estrelas.

Conforme Arany-Prado (2017):


De qualquer forma, vivendo pouco ou muito, as estrelas passam cer-
ca de 90% de suas vidas queimando hidrogênio em seu centro (por
exemplo, o Sol encontra-se nesta fase), que pode ser considerada a
fase mais estável de suas vidas. Quando explicarmos o famoso, ao

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menos entre os astrofísicos, diagrama HR, veremos que nessa fase,
que é a mais estável, as estrelas situam-se na chamada sequência
principal do diagrama. (ARANY-PRADO, 2017, p. 99)

Portanto, as estrelas passam a maior parte de sua existência na sequência principal,


com seus núcleos transformando hidrogênio em hélio. Durante essa fase, a estrela está
em equilíbrio hidrostático e características como brilho, temperatura superficial e raio
se alteram de maneiras imperceptíveis. No entanto, em algum momento a fusão nuclear
chega ao seu fim, isso gera uma modificação na estrutura da estrela, o que define sua
evolução a partir da sequência principal.

Para continuarmos o raciocínio, podemos sugerir que, quando a fusão nuclear acabar,
a pressão de radiação que contrabalançava a força gravitacional deixará de existir, e, dessa
forma, a estrela se contrairá até que a pressão dos elétrons degenerados se torne suficiente
para a fusão do hélio começar. Os modelos matemáticos mostram que o que acontece
depende da massa da estrela. Vamos, então, descrever a evolução de estrelas de baixa e de
alta massa a partir da sequência principal separadamente, porque a massa de uma estrela,
no início de sua existência, é um dos fatores fundamentais que determinam seu destino.

Estrelas de Baixa Massa

Por meio de modelagem matemática, os astrônomos brasileiros Bandecchi, Bretones e


Horvath (2019) mostram que as estrelas de massas altas permanecem na sequência prin-
cipal por menos tempo do que o Sol – por exemplo, da ordem de cerca de dezenas de
milhões de anos, devido às reações nucleares serem muito rápidas, enquanto que as mais
leves, massas baixas, ainda permanecerão nela por cerca de bilhões de anos, já que seu
dispêndio de ”combustível” é muito vagaroso, afirmam os astrônomos.

De acordo com Arany-Prado (2017), uma estrela com 8 M, por exemplo, deve viver
apenas cerca de dezenas de milhões de anos; uma de 10 M, por exemplo, cerca de dez
milhões de anos; e uma de 20 M, somente cerca de um milhão de anos. Levando-se em
consideração a idade do Universo, estimada em cerca de 14 bilhões de anos, o tempo de
existência de uma estrela com 20 M corresponde a apenas 0,0001 da idade do Universo.

Sabemos que as estrelas podem ser divididas entre as que são semelhantes ao Sol
e possuem entre 0,5 M até 1,5 M, as que possuem massas inferiores a 0,5 M e as
que possuem massas superiores a 1,5 M. Segundo Arany-Prado (2017), estrelas com
massas inferiores a 0,5 M terminarão suas vidas após a fase de gigante vermelha, de
forma semelhante à evolução de nebulosas planetárias, pois não serão capazes de fun-
dir hélio. Não há um envelope estelar massivo suficiente para manter a pressão em seu
núcleo. Segundo os estudos e modelos matemáticos, podem ficar na sequência principal
por quase seis trilhões de anos e sobrará uma anã branca de hélio como remanescente.
Os tempos de existência para estrelas com 0,5 M são da ordem de 20 bilhões de anos.

Para simplificar, podemos dizer que estrelas com massas inferiores a 0,5 M só rea-
lizam fusão nuclear do hidrogênio, portanto, não chegam a fundir hélio em seu núcleo.

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Formação, Evolução Estelar e Sequência Principal

Para estrelas com massas superiores a 0,5 M, após a exaustão do hélio, os processos
são semelhantes aos que ocorrem após a exaustão do hidrogênio. No entanto, é neces-
sário um estudo mais aprofundado sobre a variação de situações entre 0,5 M e 5,0 M.

Não mencionamos as anãs marrons, porque Mourão (1995, p. 32) considera que anã-mar-
rom é um corpo celeste que permanece no estágio entre planeta e estrela, possui uma
massa inferior a cerca de 0,05 M e 0,10 M. Origina-se de uma nuvem de matéria interes-
telar, com uma massa compreendida entre 3 e 40 milésimos da solar, o que impediu que
ela se condensasse em um planeta ou em uma estrela.

Aprofunde o conhecimento sobre Equilíbrio Hidrostático clicando no link: http://bit.ly/2FVho4v

Estrelas de Alta Massa


Sabemos que anãs marrons possuem massa abaixo de 0,08 M e que se a massa de
um corpo celeste for entre 0,08 M e 0, 5 M, a estrela se tornará uma anã branca com
núcleo de hélio. Sabemos também que as estrelas com massa até 1,75 M são capazes de
transformar o hidrogênio em hélio pelo ciclo próton-próton e têm atmosfera convectiva.
Trataremos então de estudar as estrelas mais massivas, que fundem o hidrogênio pelo
ciclo CNO e têm núcleo convectivo, mas atmosfera radiativa. Quando essas estrelas trans-
formam o hélio nuclear em carbono, elas saem do ramo das gigantes e passam para o ramo
horizontal. Quando o hélio nuclear for todo transformado em carbono, e parte em oxigênio,
as estrelas entram no ramo das supergigantes, conforme esquematizado na Figura 5.

Figura 5 – Sequência Principal


Fonte: Adaptado de OLIVEIRA FILHO e SARAIVA, 2014

Observando o esquema representado na Figura 5, notamos que, para as estrelas


mais massivas, a fase de gigante e supergigante são contíguas, sem nenhum evento que
marque o início da fusão de hélio, do carbono, do oxigênio, do neônio, do magnésio, do
silício, e assim sucessivamente, até transformar o núcleo em ferro.

Pensamos então que, quando o núcleo chega ao ferro, não há mais como extrair
energia através de reações de fusão nuclear, e a estrela colapsa. Ocorre que os núcleos
de ferro começam a ser desintegrados em núcleos de hélio, o que reverte a chamada

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nucleossíntese, havendo a produção de grande quantidade de nêutrons, em seguida o
hélio ejeta a maior parte de sua massa como supernova. Resultando, provavelmente, em
uma estrela de nêutrons ou um buraco negro.

A massa máxima de uma estrela de nêutrons é de cerca de quatro massas solares e


o material remanescente é lançado durante a evolução no estado de perda de massa,
como, por exemplo, na fase de nebulosa planetária ou como uma explosão do tipo su-
pernova, quando estrelas de nêutrons são desenvolvidas.

Obervando a Figura 5, temos três possibilidades para a chamada morte estelar: anã
branca, proveniente de uma nebulosa planetária; estrela de nêutrons e buracos negros,
provenientes de supernovas. No entanto, os astrônomos mencionam uma quarta pos-
sibilidade para uma supernova, acontece que, se a explosão final for suficientemente
violenta, toda a matéria será jogada no espaço, não sobrando remanescente estelar ou
outra opção conhecida, resulta da evolução de um sistema binário no qual uma das es-
trelas é uma anã branca de carbono-oxigênio degenerado.

Juntamente com Arany-Prado (2017, p. 126), pode-se questionar sobre um dos maio-
res desafios da Astronomia, Astrofísica e mais recentemente da Astrobiologia: “Como
estudar a evolução estelar em escalas de milhões ou bilhões de anos, quando a vida útil
de um observador na Terra é apenas cerca de 50 anos, se tanto?”
[...] A resposta para isto, como foi descrito, é: observar todos os tipos
de estrelas em todas as fases evolutivas possíveis (e tais estrelas po-
dem estar representadas no diagrama HR). O conjunto destas obser-
vações serão as peças do quebra-cabeça que, montado, juntamente
com as teorias físicas, poderá informar sobre a vida de uma dada
estrela. É exatamente isto o que ocorre: pesquisadores desenvolvem
teorias sobre como são as trajetórias evolutivas das estrelas no diagra-
ma HR e as comparam com as distribuições de um conjunto adequado
de estrelas, observadas hoje, para as quais se conhecem os parâme-
tros, tais como a temperatura e a luminosidade. O diagrama HR, e
suas variações servem para correlacionar e deduzir parâmetros este-
lares que são, em geral, muito difíceis de serem obtidos diretamente.
(ARABY-PRADO, 2017, p. 126)

Todas as teorias são desenvolvidas a partir de informações conseguidas por meio da


radiação recebida por esses objetos distantes. A radiação, em geral, permanecerá, mas
as informações e teorias descritas podem mudar. É isso que nos faz querer saber mais, é
isso que motiva você ao estudo. Questionar os resultados ou, melhor, a maneira como a
informação é transmitida ou aprimorada ou substituída, que é o que se espera, conside-
rando os rápidos avanços da moderna ciência e tecnologia astronômica.

Teste e se divirta aprendendo Astronomia com as simulações e animações,


disponível em: http://bit.ly/2RkcgvO

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UNIDADE
Formação, Evolução Estelar e Sequência Principal

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
SAB – Sociedade Astronômica Brasileira
Fique por dentro das principais pesquisas no Brasil por meio da Sociedade Brasileira
de Astronomia.
http://bit.ly/365vL0y

Vídeos
Sonda Voyager 2 Entra no Espaço Interestelar – Space Today TV, episódio 1616
https://youtu.be/6I_gxStLJa0
A Fusão Nuclear Explicada: Energia do Futuro?
https://youtu.be/cXarvv2j9WI
De Poeira Estelar a Supernovas: O Ciclo de Vida das Estrelas
Sobre o ciclo de vida das estrelas com Pedro Loos.
https://youtu.be/1wPSGIV84aI

Leitura
Estudo melhora visualização de defeitos microscópicos em materiais
Textos atualizados na Sociedade Brasileira de Física.
http://bit.ly/30uUNVF
The Hertzsprung Russell Diagram
Veja o diagrama H-R mais detalhado.
http://bit.ly/2u5Jkjo
Simulador - Diagrama Hertzsprung-Russell
Veja o simulador para o diagrama H-R do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
http://bit.ly/2R0MrlC

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Referências
ARANY-PRADO, L. I. À Luz das Estrelas. São Paulo: DP&A, 2017.

BANDECCHI, M.; BRETONES P. S.; HORVATH, J. E. O equilíbrio e a estrutura estelar


em uma abordagem simples: a Seqüência Principal. Revista Brasileira de Ensino de
Física, v. 41, n. 4, p. e20190031-1 - e20190031-6, 2019.

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros curricu-


lares nacionais (ensino médio). Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias,
Edit. Eletrônica. Brasília, DF: Huzak, 1998.

MOURÃO, R. R. F. Dicionário enciclopédico de astronomia e astronáutica. Rio de


Janeiro: Nova Fronteira, 1995.

NOGUEIRA, S. Astronomia: ensino fundamental e médio / Salvador Nogueira, João


Batista Garcia Canalle. Brasília: MEC, SEB; MCT; AEB, 2009.

OLIVEIRA FILHO, K. de S.; SARAIVA, M. de F. O. Astronomia e Astrofísica. Porto


Alegre: Departamento de Astronomia – Instituto de Física, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, 2014.

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