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ASTRONOMIA
AULA 3
O objetivo geral desta aula é reconhecer a fase atual do Sol e descrever as fases
evolutivas pelas quais passa uma estrela. Os objetivos específicos são:
Nesta aula, vamos discutir o Sol como uma estrela composta de gás
incandescente e que possui estruturas diferenciadas assim como a Terra, possuindo uma
fotosfera, uma camada convectiva logo abaixo da fotosfera e uma camada radiativa mais
abaixo. No centro do Sol, assim como no caso de qualquer outra estrela, há um núcleo
onde das temperaturas podem chegar até 15 milhões de graus Celsius. Essa é a região da
estrela onde ocorre o processo de fusão nuclear, o qual provê a energia necessária para a
estrela brilhar.
Pode-se analisar uma estrela a partir da luz que ela emite a partir da
espectroscopia estelar, que dá pistas sobre a composição da estrela e sobre sua
luminosidade. A partir da espectroscopia estelar, pode-se classificar as estrelas como
supergigantes, gigantes, estrelas da sequência principal, estrelas azuis, estrelas azul-
esbranquiçadas, estrelas brancas, estrelas branco-amareladas, estrelas amarelas, estrelas
alaranjadas e estrelas vermelhas. A diferenciação dessas estrelas tem base na
temperatura de sua superfície e de sua luminosidade. O Sol, por exemplo, é uma estrela
da sequência principal amarela. Com base na temperatura de sua superfície e na sua
luminosidade, pode-se elaborar o diagrama HR, que relaciona essas propriedades com a
massa e a idade das estrelas.
Essa idade pode ser determinada pela relação massa-luminosidade de uma
estrela: quanto maior a massa e a luminosidade de uma estrela, menor será seu tempo de
vida e vice-versa.
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TEMA 1 – SOL: ESTRUTURA E
O Sol é a nossa fonte de energia, faz a vida prosperar. É a estrela mais próxima
da Terra e, a partir do Sol, podemos conhecer um pouco as outras estrelas do universo.
Sua energia vem de reações nucleares que ocorrem em seu núcleo e que elevam sua
temperatura a patamares difíceis de imaginar. Conclui-se, desse modo, que o Sol é
basicamente uma esfera quase perfeita de gás incandescente (Kepler; Saraiva, 2014).
Créditos: SIBERIANART/Shutterstock.
O Sol é de longe o corpo mais brilhante do céu, mas não passa de uma estrela
comum. Da mesma maneira que a Terra, que possui uma crosta, manto e núcleo, o Sol
também apresenta uma estrutura interna com regiões diferenciadas. Sua parte mais
externa é a fotosfera, com uma espessura de 330 km e uma temperatura de
aproximadamente 5.500 °C. É a camada que podemos ver de forma direta.
Abaixo da fotosfera, existe uma zona convectiva, com pouco mais de
100.000 km de espessura, onde os gases mais quentes das regiões mais interiores do Sol
sobem e perdem calor. Abaixo da zona convectiva, existe uma
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zona radiativa onde a energia flui por irradiação. Abaixo da zona radiativa, há o núcleo
solar, a uma temperatura de 10.000.000 °C, onde as reações nucleares acontecem.
Acima da fotosfera, existe uma atmosfera solar chamada de cromosfera, e acima dela
há a coroa solar, vista em eclipses totais do Sol (Zeilik; Gregory, 1998).
A fotosfera parece a superfície da água fervente, repleta de bolhas, chamadas de
granulações, com 1.500 km de diâmetro cada e sobrevida de 15 minutos. São os topos
das correntes convectivas que vêm de regiões mais interiores. Regiões escuras entre os
grânulos são mais frias, enquanto as mais brilhantes também são as mais quentes. Em
algumas épocas, em meio aos grânulos, aparecem manchas solares mais escuras, mais
frias, relacionadas a campos magnéticos do Sol (Zeilik; Gregory, 1998). Já se sabia da
existência de manchas solares desde a antiguidade, com os chineses, e registradas
detalhadamente por Galileu Galilei em 1610 (Kepler; Saraiva, 2014). Estas aparecem
com mais frequência a cada 11 anos, o que resulta em uma maior atividade magnética
do Sol associada a mais auroras na Terra na mesma frequência (Zeilik; Gregory, 1998).
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nocivos à vida, mas o campo magnético terrestre causa o desvio dessas partículas ou seu
aprisionamento em uma região chamada Cinturão de Van Allen. As partículas que
fogem do cinturão vão aos polos, formando as auroras ao colidirem com a atmosfera
terrestre. As auroras (boreal, no Hemisfério Norte, e austral, no Hemisfério Sul) são
intensificadas quando grandes quantidades de partículas são ejetadas de uma só vez na
coroa solar, fato chamado de ejeções de massa coronal, as quais aumentam de
frequência no ciclo de 11 anos. As ejeções podem causar grandes problemas, pois
influenciam o campo magnético terrestre, causando, dessa forma, distúrbios na
distribuição de energia elétrica (Zeilik; Gregory, 1998).
A energia solar recebida por cada metro quadrado na superfície terrestre equivale
à energia luminosa emitida por 14 lâmpadas incandescentes de 100 W a cada segundo.
O próprio Sol libera a energia de 4 trilhões de trilhões (4x10 24) dessas lâmpadas a cada
segundo. Toda essa energia não vem de combustão, uma conclusão já alcançada no
século XIX. Entretanto, a explicação sobre a origem de toda essa energia só veio em
1937, quando Hans Albrecht Bethe (1906-2005) propôs que a união de quatro núcleos
de hidrogênio H (quatro prótons), resultando em um núcleo de hélio, liberando energia
de acordo com a relação massa-energia (E=mc²) de Albert Einstein (1879-1955). Essa
reação nuclear não se dá em uma única vez, mas sim em etapas, cada uma delas
liberando energia: primeiramente, dois prótons colidem-se e mantém-se unidos pela
ação da força nuclear forte (que liga prótons e nêutrons a um núcleo atômico), formando
um núcleo de deutério (hidrogênio cujo núcleo é composto de um próton e um nêutron).
Nessa colisão, um pósitron e+ (antimatéria do elétron) e um neutrino v são emitidos.
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Figura 3 – Representação esquemática da reação de fusão nuclear no interior solar
Créditos: GENERAL-FMV/Shutterstock.
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4H 4He+2e++2ν+γ
Créditos: RADIORIO/Shuttersock.
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Anders Jonas Ångström (1814-1874) identificou, em 1862, comprimentos de
ondas de luz específicas do hidrogênio ao analisar o espectro do Sol. Esses
comprimentos de onda específicos são chamados de linhas ou raias espectrais. Seis
anos mais tarde, Sir Joseph Norman Lockyer (1836-1920) identificou uma linha
espectral não conhecida no Sol e previu a existência de um elemento químico não
conhecido, o hélio, descoberto na Terra somente 27 anos depois. O hélio é o segundo
elemento mais abundante do Sol, seguido do hidrogênio (Kepler; Saraiva, 2014).
O espectro de uma estrela varia de acordo com sua temperatura: quanto mais
alta, maior será a intensidade da luz total emitida e mais para o azul será a cor
monocromática dominante. Sir William Higgins (1824-1910) percebeu que, embora
parecidos, há ligeiras diferenças nos espectros das estrelas. Para catalogá-las de acordo
com suas emissões espectrais, técnicas de fotografia tiveram que ser aperfeiçoadas, e
mais de 225 000 estrelas foram analisadas, principalmente por Anne Jump Cannon
(1863-1941). Além disso, essas estrelas foram catalogadas de acordo com as linhas de
emissão do hidrogênio. As estrelas “A” possuíam fortes linhas de hidrogênio, sendo que
as estrelas “B” possuem linhas de hidrogênio ligeiramente mais fracas; as estrelas “C”,
mais fracas ainda, e assim por diante (Kepler; Saraiva, 2014).
Créditos: ZAKHARCHUK/Shutterstock.
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Hoje em dia, a classificação é feita de acordo com a temperatura de superfície da
estrela (Kepler; Saraiva, 2014):
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Essa classificação só leva em conta a temperatura das estrelas, não sua
luminosidade total, relacionada ao tamanho da estrela. O tamanho das estrelas é
dividido em seis grupos (Kepler; Saraiva, 2014):
3.1 Diagrama HR
Créditos: DESIGNUA/Shutterstock.
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Ao elaborar um gráfico listando as estrelas que possuem luminosidade e
temperaturas bem conhecidas em um plano cartesiano temperatura x luminosidade,
percebe-se que a maior parte delas, cerca de 80%, está distribuída em uma única faixa
estreita na diagonal do plano, chamada de sequência principal. Isso porque a massa da
estrela determina tanto sua luminosidade quanto a sua temperatura de superfície; quanto
menor a massa, mais fraca é a estrela e menor será a sua temperatura de superfície.
Estrelas maciças são muito luminosas, e sua temperatura de superfície é maior (Kepler;
Saraiva; Müller, 2010).
Algumas estrelas fogem da sequência principal. As estrelas de luminosidade I, II
e III são muito luminosas e representam menos de 1% das estrelas, embora possuam
temperaturas de superfície baixas. Outras são fracas e representam cerca de 20% do total
de estrelas, mas possuem temperaturas de superfície altas, chamadas de anãs brancas
(Kepler; Saraiva; Müller, 2010).
O diagrama HR dá pistas sobre a origem das estrelas na galáxia. A maior parte
de estrelas de um mesmo aglomerado estelar possuem as mesmas características de
luminosidade e temperatura de superfície. Como se sabe que as estrelas desses
aglomerados se formaram mais ou menos ao mesmo tempo, o diagrama HR dá muitas
pistas sobre a idade estelar, além de dar pistas sobre a distância das estrelas em relação à
Terra (Kepler; Saraiva; Müller, 2010).
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Como as massas das estrelas observadas possuem massas que variam entre 0,08
e 100 massas solares, a luminosidade dessas estrelas varia entre 0,0001 a 1.000.000 de
vezes a luminosidade solar.
As estrelas mais luminosas já observadas são azuis e com massa aproximada de
100 massas solares, no topo da sequência principal, com uma luminosidade um milhão
de vezes maior do que a luminosidade do Sol. Outras estrelas superluminosas são as
supergigantes, com luminosidade milhares de vezes maior do que a luminosidade do
Sol, e tamanho centenas de vezes maior do que o tamanho do Sol (Kepler; Saraiva,
2014).
As estrelas menos luminosas são as anãs vermelhas, na base da sequência
principal. As menores possuem massas equivalentes a 8% da massa solar (menos do que
isso não há fusão nuclear) e raios que equivalem a 10% do raio solar (Kepler; Saraiva,
2014).
Alvan Graham Clark Jr. (1832-1897) descobriu que Sirius, a estrela mais
brilhante do céu noturno, possuía uma companheira bem mais fraca, com uma massa
equivalente à do Sol (Sirius é maior) e com uma temperatura de superfície de 24.000 °C,
embora com baixa luminosidade. Com alguns cálculos, é possível prever que o raio da
companheira de Sirius é de 5.800 km, menor que o raio terrestre e pequeno demais para
as dimensões estelares. Essas estrelas extremamente pequenas foram conhecidas como
anãs brancas. Sabe-se, hoje em dia, que anãs brancas são remanescentes de estrelas que
não mais possuem fusão nuclear e que já encerraram seus ciclos de vida (Kepler;
Saraiva, 2014).
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permanece na sequência principal por 10 bilhões de anos, inclusive o Sol (Kepler;
Saraiva; 2014).
Ao sair da sequência principal, uma estrela ainda brilha devido à fusão nuclear
no interior de seu núcleo, mas a transformação de hidrogênio em hélio não é mais a
única reação nuclear possível em seu interior. O hélio pode se transformar em carbono e
oxigênio por sucessivas colisões atômicas e assim por diante, até que se forme ferro se a
estrela possuir massa suficiente para isso (o Sol tem uma massa que permite apenas a
fusão do hélio em carbono e em oxigênio). Uma estrela pode estar nessa fase por
milhares de anos até um bilhão de anos (Kepler; Saraiva, 2014).
À medida que a fusão nuclear no interior da estrela enfraquece, a estrela perde
luminosidade e temperatura, contraindo-se pela sua própria gravidade. Nessa etapa, a
energia potencial gravitacional de suas camadas mais externas torna-se energia interna à
medida que a estrela se contrai, mantendo sua temperatura e luminosidade por mais
algum tempo até se transformar em anã branca. Nessa etapa, a liberação de energia
perdura por bilhões de anos, até que a anã branca se resfrie para uma anã negra, incapaz
de emitir radiação significativa (Kepler; Saraiva, 2014).
NA PRÁTICA
Em uma folha de papel, elabore um mapa mental que aborde a classificação das
estrelas quanto à sua luminosidade e quanto à sua temperatura de superfície. Para
facilitar, imagine que você está em uma nave espacial que tolere apenas certas
luminosidades e certas temperaturas. Por exemplo, sua nave pode passar perto de uma
estrela da sequência principal amarela, como o Sol, mas pode ser destruída ao passar
perto de uma estrela azul, mais quente, gigante, com maior luminosidade.
Para isso, visualize o diagrama HR em
<http://zebu.uoregon.edu/disted/ph122/dlec13.html>. Quais cores das estrelas possuem
maior temperatura de superfície? Onde estas estão posicionadas no diagrama HR? Onde
estão posicionadas as estrelas de maior luminosidade? Quais tipos de estrelas fogem da
sequência principal?
Para finalizar, quais estrelas sua nave espacial pode visitar? Quais estrelas
poderiam destruir sua nave?
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FINALIZANDO
O Sol não passa de uma simples estrela da sequência principal, com uma
temperatura de superfície igual a 5.500 °C, o que classifica como uma estrela amarela
anã, muito comum no universo.
O Sol possui estruturas próprias, como a fotosfera, camada na superfície solar
que emite seu brilho característico.
Quem fornece energia para o Sol, assim para todas as outras estrelas do universo
é a reação de fusão nuclear que ocorre em seus núcleos, onde a temperatura pode
alcançar os 15 milhões de graus Celsius.
Porém, as estrelas diferem umas das outras, especialmente na temperatura de
superfície e na luminosidade.
A temperatura de superfície de uma estrela pode ser relacionada à sua cor: as
estrelas azuis são as mais quentes, enquanto as estrelas mais vermelhas são as mais
frias.
Quanto à luminosidade, existem as estrelas superluminosas e as de baixa
luminosidade. A luminosidade de uma estrela está relacionada ao seu tamanho: as
superluminosas também são as supergigantes, enquanto as menos luminosas são as
estrelas anãs.
Relacionando a luminosidade com a temperatura de superfície, percebe- se que a
maior parte das estrelas seguem um padrão no diagrama HR: essas pertencem à
sequência principal.
Conhecendo-se a massa e a luminosidade de uma estrela, pode-se inferir a sua
idade e, portanto, pode-se descobrir quais estrelas vivem mais e quais vivem menos e o
motivo dessa diferença: quanto maior a massa e a luminosidade de uma estrela, mais
rápida será o processo de fusão nuclear e menor será o tempo de vida estelar. O inverso
é verdadeiro.
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REFERÊNCIAS