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Origem de Universo e de

nosso Sistema Planetário


Solar

Professor Dr. Pedro A. Chira Oliva

Instituto de Estudos Costeiros


Campus Bragança-UFPA

ORIGEM E EVOLUÇÃO DO UNIVERSO


Introdução
A busca da origem do Universo e de nossa própria e pequena parte contida nele remonta às mais
antigas mitologias registradas.
Atualmente a explicação científica mais aceita é a TEORIA DA GRANDE EXPLOSÃO (BIG
BANG), a qual considera que nosso Universo começou entre 13 a 14 bilhões de anos (b.a) atrás
a partir de uma “explosão cósmica”. Antes desse instante, toda a matéria e energia estavam
comprimidas em um pequeno estado de alta temperatura e de alta densidade, no qual tempo e
espaço foram fixados em ZERO. Estavam concentrados num único ponto de densidade
inconcebível chamado de SINGULARIDADE.
O BIG BANG é um modelo para a evolução do Universo em que um estado denso e quente, foi
seguido de expansão, de resfriamento, e de um estado de menor densidade.
Embora saibamos pouco do que ocorreu na primeira fração de segundo após o início do tempo,
os astrônomos obtiveram um entendimento geral dos bilhões de anos que se seguiram, o
Universo expandiu-se e diluiu-se para formar galáxias e estrelas.
De acordo com a COSMOLOGIA MODERNA (estudo da origem, evolução e natureza do
Universo), o Universo não tem borda, e nenhum centro.

Vídeos: Big Bang, a origem do universo | A GRANDE HISTÓRIA | HISTORY


(https://www.youtube.com/watch?v=Y4Cic9Q5xSo)
Uma Breve História (do Início) do Universo (https://www.youtube.com/watch?v=8UqNVzY0EVg)

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Como sabemos que o Bing Bang ocorreu há, aproximadamente, 14 b.a.?
Dois fenômenos fundamentais indicam que o Big Bang ocorreu:
1) O Universo está se expandindo;
2) É permeado por uma radiação de fundo.
-Quando os astrônomos olham para além do sistema solar, eles observam que, em toda parte, as
galáxias do Universo estão se afastando umas das outras em altas velocidades.

1) Em 1912, o astrônomo Vesto Melvin Slipher descobriu que as linhas espectrais das estrelas
na galáxia de Andrômeda (M31) apresentavam um enorme deslocamento para o azul, que
indicava que essa galáxia está se aproximando do Sol, a uma velocidade de 300 km/s.
Posteriormente foi descoberto que a maioria das galáxias apresentava deslocamento espectral
para o vermelho e que o mesmo era maior para as galáxias mais distantes (Figura 10).

Figura 10. Efeito Doppler – Galáxia M33 observada na luz de comprimento de 21 cm, emitida pelo átomo de
Hidrogênio neutro. Com a rotação, as partes que se movimentam em nossa direção tornam-se azuladas,
enquanto as que se afastam são avermelhadas. Fontes: National Radio Astronomy Observatory; EUA,
“Decifrando a Terra”, Orgs. Texeira et al. (2009); http://lilith.fisica.ufmg.br/~dsoares/expn/expn.htm

-Em 1929, Edwin Hubble reconheceu esse fenômeno pela 1ª. vez. Ao medir os espectros
óticos de galáxias distantes, Hubble observou que a velocidade com que uma galáxia de afasta
da Terra amenta proporcionalmente à sua distância da Terra.
Ele também observou que as LINHAS ESPECTRAIS (COMPRIMENTOS DE ONDA DE LUZ) das
galáxias estão deslocadas para os comprimentos de ondas mais longos.

As galáxias se afastando umas das outras em altas velocidades produziriam tal desvio para o
vermelho. Este é um exemplo do efeito Doppler, que é uma alteração na frequência de um som,
uma luz ou uma outra onda, causado pelo movimento da fonte da onda em relação ao
observador.

-As galáxias se afastam umas das outras a uma velocidade proporcional à distância entre elas,
que é exatamente o que os astrônomos veem quando observam o Universo.

-Ao medir essa taxa de expansão, os astrônomos podem calcular há quanto tempo as galáxias
estavam juntas em um ÚNICO PONTO e o resultado desse cálculo é cerca de 14 b.a., a idade
atualmente aceita do UNIVERSO.

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-Em 1965, Arno Penzias e Robert Wilson (Bell Telephone Laboratories) fizeram a 2ª. importante
observação que forneceu evidências do Big Bang.
Eles descobriram que há uma radiação de fundo difusiva* de 2,7 Kelvin(K) acima do ZERO
ABSOLUTO (zero absoluto = -273 oC 2,7 oK = -270,38 oC) em todo o Universo. Acredita-se que
essa radiação seja o BRILHO DO BIG BANG desaparecendo.

-Atualmente os cosmólogos não podem dizer como o Universo era antes do Big Bang, pois não
compreendem a física da matéria e da energia em condições tão extremas.

-Pensa-se que logo após o Big Bang, as 4 forças básicas:


• gravidade (atração de um corpo para outro);
• força eletromagnética (combina a eletricidade e o magnetismo em uma força e liga os
átomos em moléculas);
• força nuclear forte (liga prótons e nêutrons),
• força nuclear fraca (responsável pela quebra do núcleo do átomo, produzindo decaimento
radioativo),
se separaram e o Universo experimentou uma enorme EXPANSÃO.

-A composição química do Universo tem variado. Ele era 100% de H e de He. Hoje é 98% de H e
de He, e os 2% restantes são de todos os outros elementos por peso.

*(1)Radiação cósmica de fundo em micro-ondas é uma forma de radiação eletromagnética, cuja existência
foi prevista teoricamente por George Gamov, Ralph Alpher e Robert Herman em 1948, e que foi descoberta
experimentalmente em 1965 por Arno Penzias e Robert Wilson. Apresenta um espectro térmico de corpo
negro com intensidade máxima na faixa de micro-ondas. A radiação cósmica de fundo em micro-ondas é o
fóssil da luz, resultante de uma época em que o Universo era quente e denso, apenas 380 mil anos após o Big
Bang. Vídeo: https://www.youtube.com/shorts/1wenIOsZqjA

HIPÓTESE DA NEBULOSA
Em 1755, o filósofo alemão Immanuel Kant sugeriu que a origem do sistema solar poderia ser
traçada pela rotação de uma nuvem de gás e poeira fina.
Descobertas feitas há poucas décadas levaram os astrônomos de volta a essa antiga ideia, a
famosa HIPÓTESE DA NEBULOSA. Descobriram que o espaço exterior não está vazio como
antes era pensado.
Os astrônomos registraram muitas nuvens do mesmo tipo da que Kant supôs, tendo
denominado as mesmas de NEBULOSAS.
Eles identificaram os materiais que formam essas nuvens. Os gases são predominantemente
hidrogênio e hélio.
As partículas do tamanho do pó são quimicamente similares aos materiais encontrados na
Terra.
Essa nuvem difusa em rotação lenta contraiu-se devido à força de gravidade, a qual resulta da
atração entre corpos por causa de suas massas (Figura 1.3). A contração acelerou a rotação
das partículas e essa rotação mais rápida achatou a nuvem na forma de um disco.

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Fig. 1.3

Fig. 1.3

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Fig. 1.3

Fig. 1.3

Vídeos: Explicando a causa e formações de planetas | O UNIVERSO | HISTORY (https://www.youtube.com/watch?v=psGngOzyp2g)


O início do nosso sistema solar | O UNIVERSO | HISTORY (https://www.youtube.com/watch?v=NIHyEpXgHPs)

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FORMAÇÃO DO SOL
Sob a atração da gravidade, a matéria começou a deslocar-se para o centro, acumulando-se
como uma proto-estrela, a precursora do Sol atual.
A temperatura interna do proto-Sol elevou-se para milhões de graus, iniciando-se então uma
FUSÃO NUCLEAR. Esta fusão que continua até hoje, é a mesma reação nuclear que ocorre em
uma bomba de hidrogênio
Explicação:
Nesse processo de fusão ou reação nuclear, os átomos de hidrogênio sob intensa pressão e em
alta temperatura combinam-se (fundem-se) para formar hélio.
Nesse processo, parte da massa é convertida em ENERGIA. Essa conversão é representada
pela famosa equação de ALBERT EINSTEIN:
E  mc 2

E  quantidade de energia emitida pela conversão de massa,


m  massa,
c  velocidade da luz  300000 km / s

O Sol emite parte dessa energia como LUZ; uma bomba-H, como uma grande explosão.

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FORMAÇÃO DOS PLANETAS
Embora a maior parte da matéria da nebulosa original tenha sido concentrada no proto-Sol, resto
um disco de gás e poeira, chamado de NEBULOSA SOLAR, envolvendo-o.

A nebulosa solar tornou-se quente quando se achatou na forma de um disco e ficou mais quente
na região interna, onde mais matéria se acumulou, do que nas regiões externas menos densas.
Uma vez formado, o disco começou a esfriar e muitos gases condensaram-se. Eles mudaram para
suas formas líquidas ou sólidas.

A atração gravitacional causou a agregação de poeira e material condensado por meio de


colisões “pegajosas” em pequenos blocos ou planetesimais de 1 km. Esses planetesimais
colidiram e se agregaram, formando corpos maiores, como o tamanho da Lua. Num estágio final
de impactos cataclísmicos, uma pequena quantidade desses corpos maiores – arrastou para
formar os 08 planetas em suas órbitas atuais.

Quando os planetas se formaram, aqueles cujas órbitas estavam mais próximas do Sol
desenvolveram-se de maneira marcadamente diferente daqueles com órbitas mais afastadas. A
composição dos planetas interiores é muito diferente daquela dos planetas exteriores.

Tamanho dos Planetas

Fig. 1.4

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Sistema Planetário Solar

Sistema Solar
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e pelo conjunto dos corpos celestes que se encontram
no seu campo gravítico, e que compreende os planetas que atualmente compõem o sistema
solar, em ordem de Sol-espaço: Mercúrio, Venus,Terra, Marte,-Júpiter, Saturno, Urano, Netuno.
Plutão hoje em dia não é mais considerado um planeta embora esteja ainda no sistema solar.
Nosso Sol é uma estrela de média grandeza, ocupando a posição central na Sequência
Principal no diagrama H-R. Como tal encontra-se formando He pela queima de H, há cerca de
4,6 bilhões de anos.
Possivelmente, permanecerá nesta fase por outros tantos bilhões de anos, antes de evoluir
para a fase de gigante vermelha, anã branca, e finalmente tornar-se uma anã negra.
Os demais corpos que pertencem ao Sistema Solar (planetas, satélites, asteróides, cometas,
além de poeira e gás) formaram-se ao mesmo tempo em que sua estrela central. A massa do
sistema (99,8%) concentra-se no Sol, com os planetas girando ao seu redor, em órbitas
elípticas de pequena excentricidade, virtualmente coplanares, segundo um plano básico
denominado ECLÍPTICA. Neste plano estão assentadas, com pequenas inclinações, as órbitas
de todos os planetas, e entre Marte e Júpiter órbitas numerosos asteróides.

A distância dos planetas em relação ao Sol obedecem a Lei de Titius-Bode (relação empírica):
d = (0,4 +0,3x2n)
sendo:
d = distancia heliocêntrica media e, unidade astronômica (UA).
n = -∞ (Mercúrio), 0 (Vênus), entre 1 e 7 (da Terra até Netuno), 3 (asteroides).

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-Os planetas do Sistema Solar podem ser classificados em TERRESTRES, ROCHOSOS ou
TELÚRICOS (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) e JOVIANOS ou GASOSOS (Figura 1). Além
dos planetas terrestres e jovianos, o Sistema Solar possui alguns planetas-anões (Ceres
(entre as orbitas de Marte e Júpiter), Eris e Plutão (região transnetuniana)) e 3 regiões
especiais aonde se encontram: o cinturão asteroidal (situado entre as orbitas de Marte e
Júpiter), a região trasnetuniana[1] e a nuvem de Oort (Figura 1a e 1b). A massa total dos
asteroides conhecida corresponde a cerca de 3 a 5% da massa da Lua. Os asteroides não
puderam reunir-se em um único planeta, na época de acreção por causa dos efeitos
gravitacionais causadas pela proximidade ao planeta Júpiter. A região transnetuniana é uma
espécie de terreno arqueolítico onde encontramos os corpos mais primitivos e preservados do
Sistema Solar. Nesta região periférica do Sistema Solar, encontram-se ainda cometas.
-Os planetas terrestres possuem massa pequena e densidade média semelhante à da Terra,
de ordem de 5 g/cm3. Eles possuem poucos satélites naturais ou nenhum como Mercúrio e
Vênus, e atmosferas compostas de elementos químicos densos, mas com características
distintas. A Terra é considerado o maior em diâmetro e densidade dentre os planetas
terrestres (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte).

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=fRaNkTTWjcE (OS PLANETAS TERRESTRES DO


SISTEMA SOLAR - O sistema solar (parte 1))

[1] Um objeto transnetuniano é qualquer corpo menor do sistema solar que orbita o Sol a uma distância média superior à de Netuno. Doze corpos
menores conhecidos com um semieixo maior superior a 150 UA e periélio superior a 30 UA, são chamados de objetos transnetunianos extremos. O
maior de todos eles é Plutão.

A Tabela 1.3 reúne os principais parâmetros físicos dos planetas do Sistema Solar.

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Planetas interiores

Os quatro planetas interiores, em ordem de proximidade do Sol, são: Mercúrio,


Vênus, Terra e Marte (figura 1.4). Eles são conhecidos como planetas terrestres
(“parecidos com a Terra”). São pequenos e constituídos de rochas e metais. Eles
cresceram próximo ao Sol, onde as condições foram tão quentes que a maioria dos
materiais voláteis não pode ser retirada. O fluxo de radiação e matéria proveniente do
Sol impeliu a maior parte do hidrogênio, hélio, água e de outros gases e líquidos leves
que havia nesses planetas. Metais densos, como o ferro e outras substancias pesadas
constituintes das rochas que formaram os planetas interiores, foram deixados para
trás.
A partir da idade dos meteoritos, que ocasionalmente golpeiam a Terra, tem-se
deduzido que os planetas interiores começaram a crescer há cerca de 4,56 b.a.
Cálculos teóricos indicam que eles teriam crescido até o tamanho de planeta num
intervalo de tempo de menos de 100 m.a.

Planetas exteriores
A maioria dos materiais voláteis varridos da região dos planetas inferiores foi impelida
para a parte mais externa e fria da nebulosa. Isso possibilitou ao sistema solar formar s
planetas exteriores gigantes, constituídos de gelo e gases - Júpiter, Saturno, Urano e
Netuno – e seus satélites.
Plutão hoje em dia não é mais considerado um planeta embora esteja ainda no
sistema solar e recentemente outros dois corpos da mesma categoria de Plutão foram
descobertos nas regiões mais externas do sistema solar, conhecidas como Nuvem de

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Oort e Cinturão de Kuiper, dos quais ainda não se sabe muita coisa, e uma miríade de
outros objetos de menor dimensão entre os quais se contam os corpos menores do
Sistema Solar (asteroides, transneptunianos e cometas).

Existem várias teorias que tentam explicar a formação do Sistema Solar, mas apenas
uma é atualmente aceita. Trata-se da Teoria Nebular ou Hipótese Nebular.

Vídeos: O início do nosso sistema solar


(https://www.youtube.com/watch?v=NIHyEpXgHPs)
O que são nebulosas? (https://www.youtube.com/watch?v=UKMakfQ1EOw

b)

a)

Figuras 1a e 1b. a) O cinturão de asteroides ou cintura principal (pontos em branco)


localizado entre as órbitas de Marte e Júpiter. b) O cinturão de asteroides: a cintura
principal, e o grupo dos asteroides troianos, na órbita de Júpiter.

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Figura 1c. Nos confins do sistema solar (Cintura de Kuipere e Nuvem de Oort), para além da órbita de Netuno,
existem largos milhares de milhões de pequenos corpos celestes compostos essencialmente de gelo.

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