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Universidade Federal de São Carlos

Departamento de Fı́sica
Disciplina: Cosmologia e Astrofı́sica de Partı́culas

Inflação: Motivações e Teorias

Aluno(a):Ana Maria Sanches dos Santos, RA:758874


Aluno(a):Silvana Christina Silva Cardoso, RA:758915

Professor: Raphael Santarelli

São Carlos
2021
1 MOTIVAÇÕES:

1 Motivações:
Apesar do modelo do Hot Big Bang, no qual o universo inicial era dominado pela radia-
ção, ter conseguido explicar com sucesso diversos dados observados para o nosso universo e
compreendê-lo quando ele tinha apenas um segundo, ele não foi capaz de responder a três
problemas que surgiram com a descoberta e análise da radiação cósmica de fundo (RCF).
Esses são os problemas de planicidade, de horizonte e de monopolo.

1.1 Problema do Horizonte:


Com uma idade de 380.000 anos, o universo observável era muito uniforme, as flutuações
na temperatura tinham amplitude tı́pica de 10−5 na RCF; além disso, os fótons e bárions,
que podemos observar diretamente, eram extremamente próximos ao térmico. No entanto,
para um espaço-tempo do tamanho do universo, escolhendo-se aleatoriamente densidades de
matéria e de radiação iniciais em cada ponto, teria-se um universo altamente heterogêneo.
A termalização das partes distintas do universo poderia explicar essa pequena perturbação
térmica, mas como diferentes partes do universo observadas no mapa da RCF estavam tão
distantes no momento da recombinação que não estavam em contato causal uma com a outra,
elas não seriam capazes de interagir entre si para alcançar o equilı́brio. Então, como explicar
esses desvios e perturbações tão pequenas? Esse é o problema do Horizonte.
Para quantificar esse problema é considera a distância do horizonte conforme na recombi-
nação, que é dada pela equação (1) e considerando que o universo continha apenas matéria e
radiação até t = 0, descobrimos que o horizonte conforme na recombinação:
ˆ t∗ ˆ a∗
dt da
η∗ = = q ∼ 280M pc (1)
0 a 0 aH0 1 + ΩΛ (a2 − 1) + Ωm ( a1 − 1) + Ωr ( a12 − 1)

Ou seja, a distância comóvel máxima que a luz poderia viajar desde o inı́cio do universo
até o perı́odo da recombinação é aproximadamente 280 Mpc. Usando a mesma equação,
temos que o horizonte conforme hoje é dado por η0 ∼ 14, 4Gpc. A distância móvel entre dois
pedaços no céu hoje separados por um ângulo θ (para θ pequeno) é dado por:

χ(θ) ≃ χ∗ θ = (η0 − η∗ )θ (2)

Assim, o ângulo mı́nimo de separação entre dois pedaços de céu para que eles não tenham
contato causal um com o outro é:

2η∗
θ= ∼2 (3)
η0 − η∗

Ou seja, dois pedaços de céu separados por 2º não podem ter estado em contato térmico na
recombinação. A superfı́cie da recombinação pode ser dividida em cerca de 20.000 pedaços,
cada um com 2º de diâmetro e no cenário padrão do Hot Big Bang, o centro de cada um
desses pedaços estava fora de contato com os outros no momento do último espalhamento.
Logo, para todos os pedaços de céu serem quase iguais em temperatura, devem ter estado em
contato um com o outro.

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1 MOTIVAÇÕES: 1 MOTIVAÇÕES:

1.2 Problema da Planicidade:


O problema da planicidade está relacionado ao fato dos dados observacionais indicarem que o
universo é plano. No entanto, o universo está em expansão, então o parâmetro de densidade
Ω foi sempre o mesmo? A curvatura espacial do universo está relacionada ao parâmetro de
densidade Ω pela equação de Friedmann:
 2
c/H0
1 − Ω0 = −κ (4)
R0

Os resultados obtidos pela RCF e pela supernova tipo Ia, combinados com outras observações,
fornecem a restrição Ω0 = 1 ± 0.01. No entanto, quanto mais extrapola-se o valor de Ω(t)
para trás no passado, Ω torna-se mais próximo de 1, ficando cada vez mais difı́cil de tratar
esse valor como uma coincidência.
Tomando a equação de Friedmann para Ω(t) qualquer e combinando com a equação (4),
tem-se:
H 2 (1 − Ω0 )
1 − Ω(t) = 0 2 (5)
H(t) a(t)2
Na era da radiação, supondo que há apenas radiação, tem-se:

ȧ 1 H0
H= = = 2 (6)
a 2t a
Enquanto na era da matéria, também supondo que havia apenas matéria, tem-se:

ȧ 1 H0
H= = = 2 (7)
a 2t a
Assim, temos que:  2
a (1 − Ω0 ), para radiação
(1 − Ω) = (8)
a(1 − Ω0 ), para matéria
Logo, se extrapolarmos até o limite do tempo de Planck, em que tP ∼ 5 · 10−44 s e o fator de
escala a ∼ 2 · 10−32 , temos que |1 − ΩP | ∼ 2 · 10−62 . Ou seja, para que o valor de Ω tenha
duas casas de precisão encontradas hoje, no inı́cio do universo Ω deve ser 1 com precisão de
60 casas decimais. Isso representa um equilı́brio instável pois se Ω fosse um pouco maior que
1 isso representaria o colapso do universo enquanto que se fosse pouco menor, o universo teria
se expandido rápido demais impossibilitando a formação de estruturas.
1.3 Problema do Monopolo:
Ao combinar o cenário do Hot Big Bang com o conceito da fı́sica de partı́culas de uma Teoria
da Grande Unificação (TGU), em que as forças eletromagnéticas e a força nuclear forte e fraca
podem ser unificadas em uma única força, surge o problema do monopolo. A teoria da força
eletrofraca foi experimentalmente confirmada rendendo prêmios Nobel a Weinberg, Salam, e
Glashow. Extrapolando as propriedades conhecidas das forças forte e eletrofraca para energias
de partı́culas mais altas, os fı́sicos estimam que em uma energia ET GU ∼ 1012 T eV , essas forças
devem ser unificadas como uma única Grande Força Unificada. Essa energia corresponde a
uma temperatura de TT GU ∼ 1028 K, obtida quando o universo tinha tT GU ∼ 10−36 s.

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2 A INFLAÇÃO:

Figura 1: Energia, temperatura e fator de escala quando as diferentes unificações de forças


ocorreram.

Fonte: Ryden (2017)

No entanto, de acordo com a Teoria da Grande Unificação, o universo passou por uma
transição de fase quando a temperatura caiu abaixo da temperatura de TGU. E, de um modo
geral, as transições de fase estão associadas a uma perda espontânea de simetria à medida
que a temperatura de um sistema é reduzida e essas transições dão origem a falhas conhecidas
como defeitos topológicos que se comportam como monopolos magnéticos.
No momento dessa transição de fase da TGU, os pontos mais distantes do que o tamanho
do horizonte estarão fora do contato causal uns com os outros. Assim, é esperado cerca
de um defeito topológico por volume do horizonte, o que equivaleria a uma densidade de
energia de cerca de εm (tT GU ) ∼ 1094 T eV m−3 . No entanto, os monopolos magnéticos, sendo
tão massivos, logo teriam se tornado altamente não relativı́sticos, com densidade de energia
εm ∝ a−3 . Enquanto a densidade de energia na radiação, cai com taxa de εr ∝ a−4 . Assim,
os monopolos magnéticos teriam dominado a densidade de energia do universo quando o fator
de escala tivesse crescido por um fator 101 0, o que não é o observado.
Essa quebra de simetria também causaria o surgimento de barreiras de domı́nio pois os
monopolos que surgiriam em cada volume do horizonte poderiam ter orientação diferente de
seus vizinhos. A densidade de energia dessas paredes seria tão alta que a existência de apenas
uma na parte observável do universo levaria a consequências cosmológicas inaceitáveis.
As teorias das cordas também prevêem partı́culas supersimétricas, como gravitinos, par-
tı́culas de Kaluza-Klein e campos de módulos. Novamente se essas partı́culas existissem no
estágio inicial do universo, as densidades de energia delas diminuem como um componente de
matéria (∝ a−3 ) e essas partı́culas poderiam ser os materiais dominantes no universo, o que
contradiz as observações.

2 A Inflação:
A principal ideia da teoria da inflação é de que nos primeiros estágios de sua evolução, o universo
poderia estar em um estado de vácuo instável com alta densidade de energia. A densidade
de energia do vácuo não se altera com a expansão do universo (afinal, um “vazio” permanece
um “vazio”) mas pela segunda equação de Eintein (9), em tempos grandes o universo em um
estado de vácuo instável ρ > 0 deve se expandir exponencialmente:

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2 A INFLAÇÃO: 2 A INFLAÇÃO:

 2
2 k ȧ k 8π
H + 2 ≡ + 2 = Gρ (9)
a a a 3
eHt
a(t) = para um universo plano, k=0 (10)
H
A inflação chega ao fim quando H começa a diminuir rapidamente. A energia armazenada
no estado semelhante ao vácuo é então transformada em energia térmica e o universo fica
extremamente quente. A partir daı́, sua evolução pode ser descrita pela teoria do universo
quente padrão, mas suas condições iniciais são determinadas por processos que ocorreram no
perı́odo inflacionário, e praticamente não são afetados pela estrutura do universo antes da
inflação.(Linde (1990))
Logo, a teoria da inflação pode ser definida como a hipótese de que houve um perı́odo, no
inı́cio da história do nosso universo, em que a expansão estava se acelerando exponencialmente,
ou seja, ä > 0. Como consequência dessa aceleração positiva, o raio de Hubble comóvel1
diminui durante esse perı́odo, então η∗ pode ter recebido grandes contribuições de uma época
no inı́cio do universo, quando o raio de Hubble era muito maior. Este raio de Hubble muito
maior permite a termalização do universo, já que todo o espaço coberto por ele tem contato
causal entre si. Dessa maneira, o problema do horizonte pode ser resolvido, como pode ser
observado pela imagem a seguir.

Figura 2: O raio de Hubble comóvel pelo fator de escala

Fonte: Dodelson (2021)

Para resolver propriamente o problema do horizonte é necessário que o raio de Hubble


comóvel antes da inflação seja maior do que o raio comóvel atual, 1/H0 . Assumindo o
universo dominado por radiação até hoje, que a temperatura ao final da inflação é Te 1014 GeV
e tomando Te ≡ T (te ) onde te corresponde ao fim da inflação, temos que a proporção entre
o raio de Hubble comóvel ao final da inflação e hoje é:
a0 H0 ae T0
= ≃ 14 GeV ≃ 1027 (11)
ae He a0 10
1
O raio de Hubble comóvel é dado por 1/aH e representa a distância viajada pela luz num tempo de
expansão quando o fator de escala aumenta por um fator exponencial, ou seja, representa o tamanho de uma
região que possui contato causal, tudo dentro dessa região tem contato causal entre si.

5
2 A INFLAÇÃO:

Portanto, o raio de Hubble comóvel no final da inflação era 27 ordens de magnitude menor
do que é hoje. Logo, no inı́cio da inflação o raio de Hubble comóvel precisava ser no mı́nimo
1027 vezes maior do ao final da inflação. Conclui-se que o fator de escala teve que aumentar
por um fator de 1027 ≃ e60 durante a inflação para que o atual raio de Hubble comóvel fosse
menor do que no inı́cio da inflação. Ou seja, a inflação fez com que o universo se expandisse
por 60 e-folds (expansão por um fator de e).
A inflação também pode ser vista como o esvaziamento do universo já que as partı́culas
ficam cada vez mais diluı́das à medida que o universo se expande. Supondo uma substância
responsável por manter a taxa de Hubble aproximadamente constante H = Hinf = const.,
fato que é corroborado pelos dados atuais, temos que o fator de escala cresce de maneira:

a(t) = a0 eHinf (t−te ) (12)

Reescrevendo a equação (5), temos:

K
|1 − Ω| = (13)
a2 H 2
Com o fator de escala crescendo de forma exponencial, pela equação anterior tem-se que Ω se
aproxima de 1 de forma exponencial, o que explica a grande precisão de 60 casas encontrada
no problema da planicidade. Logo, o valor de Ω com precisão de dezenas de casas decimais
não é uma coincidência: ele foi levado a essa precisão pelo crescimento exponencial durante a
inflação.
À medida que a inflação avança, o universo torna-se dominado pela substância que im-
pulsiona a aceleração, e o universo que era caótico e inomogêneo vai se transformando em
um espaço muito maior que é completamente liso e vazio. Ou seja, uma vez que a inflação
começa, tudo o que estava em um pedaço do universo, partı́culas, monopolos magnéticos e
assim por diante, logo se torna irrelevante, pois é rapidamente diluı́do. A densidade numé-
rica de partı́culas massivas cai exponencialmente rápido, enquanto a densidade de energia que
impulsiona a inflação permanece aproximadamente constante.(Dodelson (2021))
Apesar do universo ao final da inflação ser liso e completamente vazio, a energia da subs-
tância que impulsiona a expansão exponencial é predominante e virtualmente a mesma em
todos os lugares. Essa energia é convertida em partı́culas comuns, que rapidamente se terma-
lizam. Uma vez que a densidade de energia era a mesma em todo o universo, a temperatura
é uniforme da mesma maneira, o que também explica o problema do horizonte e resolve o
problema do monopolo.(Dodelson (2021))
Na verdade a energia da substância não é exatamente a mesma em todos os lugares, há
pequenas diferenças na sua densidade de energia ao final da inflação, essas diferenças dão
origem à flutuações em torno do universo homogêneo quando a substância decai em partı́culas
de radiação e matéria. O número de flutuações produzidas pela inflação é a quantidade mı́nima
garantida pelo princı́pio de incerteza de Heisenberg. E são essas perturbações que permitem
entender o surgimento e formação das estruturas observadas hoje no universo.
A substância responsável pelo perı́odo inflacionário é similar a energia escura, pois ao se
combinar a equação de Friedmann e a equação dos fluı́dos, temos que a aceleração do fator
de escala é dada por:
4πa
ä = (ρ + 3p) (14)
3

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3 CENÁRIOS INFLACIONÁRIOS 3 CENÁRIOS INFLACIONÁRIOS

Logo, para que a aceleração seja positiva, é necessário que ρ + 3p < 0, ou seja:
ρ
p<− <0 (15)
3
Ou seja, a substância tem pressão negativa, assim como a energia escura. No entanto, no
caso da inflação, essa energia não pode ser descrita como uma constante pois é necessário que
esse perı́odo de expansão acelerada termine, o que não aconteceria no caso de uma constante.
Logo, a possibilidade mais simples e mais aceita de descrever esse perı́odo é através de um
campo escalar.

3 Cenários inflacionários
Os campos escalares são pontos importantes nas teorias da fı́sica de partı́culas e cosmologia.
No caso da inflação, considere um campo escalar homogêneo ϕ cujo o mı́nimos de potencial
ocorre em um ϕmin de modo que, mesmo que ϕ seja inicialmente nulo, o potencial passa
por uma transição para um estado estável em ϕmin , esse fenômeno é chamado de quebra
espontânea de simetria.
V (ϕ) é o potencial do campo e foi originalmente proposto por Guth (1981) no que atual-
mente é chamado de velho cenário inflacionário, o que originou diferentes modelos inflacioná-
rios. Tais modelos podem ser divididos em dois tipos. O primeiro é o ”campo grande”segundo
o qual o valor inicial do campo é alto e vai diminuindo em direção ao mı́nimo de potencial em
um ϕmin menor. O segundo tipo é o ”campo pequeno”no qual o valor do campo é inicialmente
baixo e aumenta em direção ao mı́nimo de potencial em um ϕmin maior.
3.1 O novo modelo inflacionário
A primeira versão do novo modelo inflacionário do universo foi baseada no estudo de transição
de fase com a quebra de simetria entre a força forte e a força eletrofraca na teoria de Coleman-
Weinberg. Considerando que a simetria pode ser restaurada a temperaturas suficientemente
altas, é possı́vel mostrar que o potencial efetivo dessa teoria assume a seguinte forma em
T >> MX , onde MX ∼ 1014 GeV é a massa do bóson X:

5 2 2 2 25g 4 ϕ4 9Mx4
 
ϕ 1
V (ϕ, T ) = g T ϕ + ln − + + cT 4 (16)
8 128π 2 ϕ0 4 32π 2
onde c é uma constante de ordem 10, g 2 é uma constante de acoplamento. A análise do
comportamento dessa expressão mostra que em uma temperatura T suficientemente alta, o
único mı́nimo de V (ϕ, T ) ocorre em ϕ = 0, portanto, esse é o ponto no qual a simetria é
restaurada. Quando T << Mx , as correções de altas temperaturas para V (ϕ) em ϕ ∼ ϕ0 se
anulam. Além disso, as massas de todas as partı́culas tendem a zero quando ϕ → 0, portanto,
na vizinhança de ϕ = 0, a eq. (16) continua válida para T << MX . Isso significa que, apesar
do fato de que ϕ ∼ ϕ0 ser2 um mı́nimo mais profundo quando T << MX , ϕ = 0 continua
sendo um mı́nimo local para V (ϕ, T ) em qualquer temperatura T .
A Figura 3 ilustra o comportamento do potencial.
Em uma transição de fase de primeira ordem, há a formação e subsequente expansão de
bolhas de uma fase estável (nesse caso contendo o campo ϕ = ϕ0 ) dentro de outra instável,
como na água fervente. Isso ocorre em um universo em expansão, pois uma transição de fase
de um mı́nimo local em ϕ = 0 para um mı́nimo global ϕ = ϕ0 acontece quando o tempo

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3.1 O novo modelo inflacionário 3 CENÁRIOS INFLACIONÁRIOS

Figura 3: O potencial efetivo na teoria de Coleman-Weinberg em uma temperatura finita. O


processo de tunelamento ocorre via formação de bolhas do campo ϕ ≲ ϕ1 , onde V (ϕ1 , T ) =
V (0, T )

necessário para a formação de múltiplas bolhas com ϕ ̸= 0 se torna menor que a idade do
universo.
O estudo dessa questão levou muitos pesquisadores a concluir que a transição de fase na
teoria de Coleman-Weinberg é longa e ocorre apenas quando a temperatura T do universo
caiu para aproximadamente T ∼ 106 GeV (o que não está totalmente correto, mas tomaremos
como verdade). Em uma temperatura dessa ordem, a barreira que separa o mı́nimo de potencial
em ϕ = 0 do mı́nimo em ϕ = ϕ0 estará localizada em ϕ ≪ ϕ0 . Além disso, o processo de
formação de bolhas será governado pela forma do potencial nas proximidades de ϕ = 0 e não
pelo valor de ϕ0 . Como resultado, o campo ϕ dentro das bolhas da nova fase inicialmente
será ϕ ≪ ϕ0 e crescerá até atingir o valor de ϕ0 em um tempo t. No entanto, na maior
parte desse intervalo, ele será muito menor que ϕ0 , o que significa que a energia do vácuo de
V (ϕ, T ) continuará quase igual a ao V (0) e, por esse motivo, a parte do universo dentro da
bolha continuará a expandir exponencialmente como no inı́cio da transição. Essa é a principal
diferença entre o novo cenário de inflação e o cenário proposto por Guth (1981), segundo o
qual a expansão exponencial acaba no momento de formação de bolhas.
Quando ϕ ≪ ϕ0 , a constante H de Hubble é dada por:
s r
8π MX2 3
H= 2
V (0) = ∼ 1010 GeV (17)
3MP 2MP π
de modo que até o campo dentro da bolha atingir o equilı́brio, o universo expande por um
fato ∼ 10800 . O tı́pico tamanho de uma bolha no instante que ela é formada é ∼ 10−20 cm
e após a expansão é de eH∆t ∼ e2000 ∼ 10800 cm, o que é muito maior do que o universo
observável (∼ 10−28 cm). Portanto, nesse cenário, todo o universo observável estaria contido
em uma única bolha, de forma que não são esperadas inomogeneidades decorrentes de colisões
nas paredes das bolhas
A expansão exponencial por um fator maior que e70 permite resolver o problema do hori-
zonte e da planicidade, além de tornar possı́vel explicar a homogeneidade e isotropia em larga
escala do universo.

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3 CENÁRIOS INFLACIONÁRIOS 3 CENÁRIOS INFLACIONÁRIOS

O valor do potencial V (ϕ, t) cresce rapidamente com o campo, de modo que o estágio
de crescimento lento de /phi, que é acompanhado pela expansão exponencial do universo, é
substituı́do por um estágio onde o campo é levado rapidamente ao seu valor de equilı́brio ϕ0 ,
onde oscila em torno do mı́nimo de potencial.
O perı́odo tı́pico de oscilação é muitas ordens de grandeza menor que o tempo de expansão
caracterı́stico do universo. Isso significa que, ao estudar as oscilações do campo perto do ponto
ϕ0 , pode-se negligenciar a expansão do universo. Portanto, no estágio considerado, toda a
energia potencial V (0) é transformada na energia do campo escalar oscilante. Tal campo
produz partı́culas elementares que decaem rapidamente. No final, toda a energia do campo
oscilante ϕ é transformada em energia de partı́culas relativı́sticas, e o universo é reaquecido a
uma temperatura TR ∼ [V (0)]1/4 ∼ 1014 GeV . A assimetria bariônica é produzida quando as
partı́culas decaem durante o reaquecimento do universo.
Portanto, a ideia fundamental por trás do cenário do novo universo inflacionário é como se
segue: requer que a quebra de simetria devido ao crescimento do campo ϕ proceda de forma
bastante lenta no inı́cio, dando ao universo a chance de inflar por um grande fator de escala,
e que nos estágios posteriores do processo, a taxa de crescimento e frequência de oscilação
do campo ϕ próximo ao mı́nimo de V (ϕ) seja grande o suficiente para garantir que o universo
seja reaquecido eficientemente após a transição de fase.

3.2 O cenário de inflação caótica


O modelo proposto por Andrew Linde parte de uma campo escalar simples, acoplado mini-
V ′ (ϕ)
mamente com a gravidade e uma lagrangeana da tipo ϕ̇ = 3H . Dado as condições de que

o campo varie lentamente, que o potencial varia mais lentamente que e Mp , essa condição é
facilmente satisfeita por qualquer potencial do tipo:

λϕn
V (ϕ) = (18)
nMpn−4

com λ << 0.
Considerando que o universo seja majoritariamente dominado por esse campo escalar ϕ de
tal forma que a contribuição de qualquer outra componente se torne negligenciável, a evolução
do universo pode ser estudada sob a ação desse campo. Para isso, os valores iniciais do campo
e suas derivadas devem ser definidos.
De acordo com o princı́pio de incerteza de Heisemberg só é possı́vel conhecer o calor do
campo em uma ordem próxima a da massa de planck (O(Mp4 )). Admitindo valores para o
campo ϕ que obedeçam aos vı́nculos:

∂ 0 ϕ∂0 ϕ ≤ Mp4
∂ i ϕ∂i ϕ ≤ Mp4 , i = 1, 2, 3
(19)
V (ϕ) ≤ Mp4
R2 ≤ Mp4
Como não há razão para crer que qualquer um desses valores seja muito menor que Mp2 ,
pode-se assumir que as condições mais naturais para o momento de quando o universo se

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3.2 O cenário de inflação caótica 3 CENÁRIOS INFLACIONÁRIOS

tornou pela primeira vez classicamente factı́vel são:

∂ 0 ϕ∂0 ϕ ∼ Mp4 (20)

∂ i ϕ∂i ϕ ∼ Mp4 , i = 1, 2, 3 (21)


V (ϕ) ∼ Mp4 (22)
R2 ∼ Mp4 (23)
Para facilitar o estudo dessas equações, assume-se que ao invés de ter-se um universo sob
esse conjunto de condições iniciais, tem-se diversas regiões diferentes do universo que tenham
atingido tais condições, de tal modo que elas formam o que se assemelha a um universo
de Friedmann expandindo exponencialmente. Nesse cenário, um observador no centro dessa
região que se expande não é capaz de receber nenhuma informação de qualquer objeto que
esteja fora de um raio H −1 . Além disso, em um espaço De Sitter, um universo vazio com
uma constante cosmológica positiva, qualquer objeto que esteja dentro de uma esfera de
raio H −1 deixará essa esfera em um intervalo de tempo da ordem H −1 . Isso garante que
o universo em expansão exponencial se aproxima das condições de um espaço De Sitter, se
tornando homogêneo e isotrópico, posto que todas as inomogeneidades são lançadas para fora
do horizonte de eventos, e a região homogênea e isotrópica se expande exponencialmente.
O ponto chave passa a ser analisar se é possı́vel que em uma região mı́nima do universo,
de tamanho l ∼ H(ϕ)−1 ∼ Mp−1 (menor região que pode ser trabalhada em termos clássi-
cos), possa ter condições necessárias para iniciar um processo de inflação. Se isso é possı́vel,
pode-se admitir que o universo tenha sido originado de uma única região dessa, expandindo
inflacionariamente.
A partir condições (20) à (23) pode-se determinar as caracterı́sticas dessa região inflacio-
nária. A equação (21) implica que o valor inicial do campo é muito maior que o do potencial,
dado a condição λ ≪ 0. Considerando uma região do universo com tamanho inicial da ordem
de Mp4 , com ∂ν ϕ∂ ν iϕ e R2 muito menores em relação ao valor do potencial V (ϕ) ∼ Mp4 ,
seus graus de anisotropia e inomogeneidades são pequenos de modo a serem governados pela
equação de Friedmann. Partindo disso e considerando que para um campo uniforme que varie
lentamente, e como a2 >> k, tem-se:

ϕ2 n2 Mp2 dV 2
 
= (24)
2 48πV dϕ

A partir da forma do potencial é possı́vel calcular o valor do campo ϕ e seu comportamento


evolutivo. Ao considerar-se um potencial do tipo V (ϕ) ∝ ϕn tem-se:

1 2 n2 Mp2
ϕ̇ = V (ϕ) (25)
2 48πϕ2
Portanto, quando ϕ ≫ 4√n3π Mp , o termo cinético é muito menor que o potencial de modo
que o tensor de energia-momento do universo é totalmente dominado pelo potencial, p ≈ −ρ,
e a região se expande aproximadamente exponencialmente. Pode-se mostra que nesse modelo
o universo expande segundo um fator de ∼ eHt com H decrescendo lentamente com o tempo,
n
o que leva ao resultado de que o regime inflacionário termina em ϕ ≲ 12 MP .

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4 PERTURBAÇÕES: 4 PERTURBAÇÕES:

Assim, a quantidade de inflação gerada por um campo ϕ com valor inicial muito pequeno
também é pequena, o que indica que a maior parte do volume fı́sico do universo foi gerada por
regiões com tamanho da ordem de H −1 , contendo um campo ϕ com valor ϕ0 extremamente
grande. O único vı́nculo imposto na magnitude do campo é dada pela equação (22) e pelas
condições de ”slow-roll”. Deste modo, há uma infinidade de potenciais da forma equação (18)
que satisfazem a condição de inflação e podem gerar o universo observado hoje.
Assumindo o seguinte estado inicial

λϕn0
V (ϕ0 ) ∼ ∼ MP4 (26)
nMPn−4
depois que o campo ϕ diminui em magnitude para um valor de ordem MP , a quantidade
H não é mais grande o suficiente para evitar que o campo ϕ role rapidamente para o mı́nimo
do potencial efetivo. O campo ϕ inicia suas oscilações próximo ao mı́nimo de V (ϕ), e sua
energia é transferida para as partı́culas que são criadas como resultado dessas oscilações.
As partı́culas assim criadas colidem umas com as outras, e aproximam-se de um estado de
equilı́brio termodinâmico, ou seja, o universo aquece.
Se o reaquecimento do universo ocorre rápido o suficiente (⪅ H −1 (ϕ ∼ MP )), toda a
energia de oscilação do campo será transformada em energia térmica e a temperatura do
universo após o reaquecimento será

π 2 N (TR ) 4  n 
TR ∼ V ϕ ∼ MP (27)
30 12
Uma circunstância que é especialmente importante é que tanto o valor quanto o compor-
tamento do campo ϕ próximo a ϕ ∼ MP são essencialmente independentes do valor inicial
ϕ0 quando ϕ0 ≫ MP ; ou seja, a temperatura inicial do universo após o reaquecimento não
depende das condições iniciais durante o estágio inflacionário, nem de sua duração, etc. O
único parâmetro que muda durante a inflação é o fator de escala, que cresce exponencialmente.
Esta é precisamente a circunstância que permite resolver a maioria dos problemas do modelo
padrão.

4 Perturbações:
Fazendo uma análise estatı́stica das perturbações que surgem na inflação, tem-se que em
um determinado instante, a flutuação média tende a ser nula, pois temos regiões em que
o valor do campo é maior que seu valor médio, e regiões em que o valor é menor. Mas
a média do quadrado dessas flutuações (variância) não é zero. Calcula-se essa variância e
sua evolução durante a inflação e a partir dela encontra-se uma função de distribuição que
possui exatamente essa variância, essa distribuição é, então, usada para definir os valores
iniciais para as perturbações. Esses valores iniciais são dados ao final da inflação, instante no
qual redefinimos nosso tempo conforme como sendo zero. Podemos então usar esses valores
iniciais das perturbações nas equações perturbadas que deduzimos para a métrica e para os
constituintes.
Existem 2 tipos de perturbações na métrica introduzidas durante a inflação: perturbações
tensoriais e escalares. A primeira é responsável pela emissão de ondas gravitacionais. Essas
ondas introduzem anisotropias na RCF (assinatura da inflação, usada para confirmar e res-

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4.1 Perturbações Escalares: 5 REAQUECIMENTO:

tringir hipóteses). Enquanto a segunda se acopla com densidades de matéria e radiação, e é


responsável pelas estruturas observadas hoje.

4.1 Perturbações Escalares:


Já as partı́culas produzidas no caso das perturbações escalares são as partı́culas de radiação
e matéria, responsáveis pela evolução das estruturas do universo e pela RCF. Essas pertur-
bações escalares, ψ e ϕ, podem ser calculadas a partir da perturbação do campo escalar.
Essa perturbação do campo escalar é encontrada levando-se em conta perturbações no tensor
de Energia-Momento e sua lei de conservação. Por fim, pode-se relacionar a perturbação
encontrada no campo, com as perturbações na métrica, ψ e ϕ.

4.2 Perturbações Tensoriais:


As partı́culas produzidas no caso das perturbações tensoriais são os grávitons, responsáveis
pelas ondas gravitacionais, que poderiam ser detectadas indiretamente, através das anisotropias
que introduzem no espectro da RCF. A detecção dessas ondas (medidas do seu espectro de
potência) permitiria calcular a taxa de Hubble na época da inflação e o potencial do campo
escalar.

5 Reaquecimento:
O estudo do processo de reaquecimento do universo e a assimetria bariônica gerada por ele
é de grande importância, uma vez que esse processo funciona como o elo de ligação entre
o universo inflacionário em seu estado de vácuo e o universo quente de Friedmann. Nesse
estágio, a energia potencial da substância responsável pelo processo inflacionário, descrita por
um campo escalar massivo ϕ, é transferida para a radiação e o universo é termalizado.
Na versão original do cenário de reaquecimento, denominado como velho reaquecimento,
a decadência do campo escalar ϕ é descrita pela teoria da perturbação. No entanto, este
processo não é eficiente para que o cenário de bariogênese da escala TGU tenha sucesso.
Todavia, posteriormente, foi constatado que a existência de um estágio não perturbativo
antes do reaquecimento, denominado pré-aquecimento, pode garantir o sucesso desse cenário.
Tsujikawa (2003)

5.1 Velho Reaquecimento:


Nesse modelo o estágio de reaquecimento começa quando o campo escalar ϕ atinge o mı́nimo
potencial e começa a oscilar. No cenário do velho reaquecimento, considera-se que o campo
escalar massivo ϕ é acoplado a um campo escalar χ e um campo férmion ψ com a seguinte
Lagrangeana:
L = −ρϕχ2 − hϕψ̄ψ (28)
onde ρ e h são constantes de acoplamento. Foi assumido que as massas χ e de ψ são muito
menores do que a massa do campo ϕ, mϕ e essas foram desprezadas. Para descrever o processo
de produção de partı́culas com sua concomitante diminuição na amplitude do campo ϕ, são
consideradas as correções quânticas da equação de movimento para o campo homogêneo,
oscilando em uma frequência k0 = mϕ << H(t):

ϕ̈ + 3H(t)ϕ̇ + [m2ϕ + Π(k0 )]ϕ = 0 (29)

12
6 CONCLUSÃO: 6 CONCLUSÃO:

Aqui Π(k0 ) é o operador de polarização para o campo ϕ em um quatro-momento k =


(k0 , 0, 0, 0), k0 = mϕ.Embora a parte real de Π(m) seja pequena em relação a m2 , Π(m)
adquire uma parte imaginária: ImΠ(m) = −mΓ, onde Γ é a taxa de decadência total da
inflação. Combinando a equação 22 e a equação para ImΠ(m), tem-se:
mpl
Φ(t) = √ exp −Γt/2 (30)
3πmt
onde Φ(t) = ϕ exp −imt. A relação, Γ < 3H, mantém-se no estágio inicial enquanto as
constantes de acoplamento forem pequenas. Uma vez que o parâmetro de Hubble diminui
como H ∝ 1/t, a fração de partı́culas produzidas para a densidade de energia total torna-se
importante quando 3H cai menos que Γ. A densidade de energia do universo neste momento
pode ser estimada por: Γ2 = (3H)2 = 24πρ/mpl . Se assumirmos que esta densidade de
energia é rapidamente transferida para as partı́culas recém-produzidas que adquirem a energia
da radiação com temperatura TR por termalização instantânea, obtemos a relação:

g∗ π 2 TR4 Γ2 m2pl
ρ= = (31)
p 30 24π
−4
TR < 0.1 Γmpl << 10 mpl (32)

onde g∗ > 100 é o número efetivo de graus de liberdade em T = TR . Este valor é muito
menor do que a temperatura da escala TGU (TT GU = 10−3 mpl ), o que indica que a bariogênese
da escala TGU não funciona bem nesse cenário.
5.2 Pre-reaquecimento:
No inı́cio da década de 90, percebeu-se que a decadência do campo escalar pode ter come-
çado em um processo muito mais explosivo, chamado de pré-aquecimento antes da decadência
perturbativa. Nesse estágio, as flutuações das partı́culas escalares podem crescer quase expo-
nencialmente por ressonância paramétrica. Esse processo consiste em três etapas: (Tsujikawa
(2003))

1. Estágio de pré-aquecimento onde as partı́culas são produzidas de forma não perturbada;

2. Estágio perturbativo em que a decadência do campo escalar é descrita pelo processo de


Born;

3. Termalização das partı́culas produzidas.

6 Conclusão:
A inflação consiste em um perı́odo que ocorreu no inı́cio do universo em que o raio de Hubble
comóvel era grande (maior do que o raio de Hubble atual) e foi diminuindo com o tempo, man-
tendo a taxa de Hubble constante. Nesse perı́odo, o universo cresceu de maneira exponencial,
com a(t) = ae eH(t−te ) , se expandindo cerca de 60 e-folds. Essa expansão acelerada permite
resolver o problema do horizonte, da planicidade e do monopolo já que ao final da inflação o
universo é liso, vazio e uniforme. Durante a inflação o potencial desse campo escalar domina
o termo cinético, permitindo a expansão acelerada, com pressão negativa. Acredita-se que a
inflação seja causada por uma substância que pode ser descrita por um campo escalar, este

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REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS

campo pode ser dividido em uma parte homogênea e uma perturbação. Durante o perı́odo
inflacionário são criadas pequenas flutuações quânticas, de acordo com o princı́pio da incerteza
de Heisenberg, estas são esticadas até escalas macroscópicas, devido ao crescimento do fator
de escala, até deixarem o horizonte. Após a inflação, durante o domı́nio da radiação e maté-
ria, essas flutuações reentram no horizonte e fornecem as condições iniciais para o crescimento
das perturbações e formação de estruturas. Acredita-se, também, que no final da inflação,
a energia potencial da substância é transferida para a radiação, fazendo com que o universo
seja termalizado. Algumas teorias apontam que esse aquecimento é descrito pela teoria das
perturbações enquanto outras acreditam que antes desse reaquecimento, houve um perı́odo
em que as flutuações das partı́culas escalares crescem exponencialmente por ressonância pa-
ramétrica. Apesar da teoria inflacionária resolver muitos problemas, ainda há muitas questões
em aberto como o campo escalar que descreve a inflação, como de fato ocorre o processo de
reaquecimento e de como ocorre a transformação dessa substância em radiação e matéria.
Esse desafio fica evidenciado pelos buracos encontrados nos cenários desenvolvidos de infla-
ção, eles apresentam limitações. Como exemplo, no novo cenário inflacionário só pode ocorrer
em teorias que o potencial V (ϕ) assume uma forma muito especı́fica. A construção de tais
teorias ocorre de forma ingênua, como resultado, a ideia original e simples por trás da inflação
do universo é gradualmente perdida em diversas condições para suas implementações. Alguns
dos pontos problemáticos do novo cenário são resolvidos pelo cenário caótico de inflação, como
o valor inicial do potencial, pois a ideia básica desse cenário é que não é mais necessário que o
campo ϕ esteja em um mı́nimo de seu potencial efetivo V (ϕ) ou V (ϕ, T ) no inı́cio do universo.
Ao invés disso, é apenas necessário estudar a evolução de ϕ para um conjunto de condições
iniciais naturais e verificar se elas geram o perı́odo inflacionário. Essa flexibilidade permite que
a solução do problema da planicidade seja plausı́vel nessa cenário mesmo que o universo seja
fechado. Para isso, a inflação deve iniciar em V (ϕ) ∼ MP4 , e essa condição é satisfeita por
uma classe de teorias nas quais o potencial efetivo cresce mais rápido que o campo no limite
ϕ ≫ MP .

Referências
Dodelson, S. (2021). Modern Cosmology. Academic Press, New York, 2 edition.

Guth, A. H. (1981). Inflationary universe: A possible solution to the horizon and flatness problems.
Phys. Rev. D, 23:347–356.
Linde, A. (1990). Particle Physics and Inflationary Cosmology. Harwood, Chur, Switzerland, 1
edition.
Ryden, B. (2017). Introduction to Cosmology. Cambridge University Press, New York, 2 edition.

Tsujikawa, S. (2003). Introductory review of cosmic inflation.

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