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EFEITO COMPTON

J.R. Kaschny
Os Experimentos de Compton
Das diversas interações da radiação com a matéria, um
destaque especial é dado ao efeito, ou espalhamento,
Compton - Arthur Holly Compton (1923, Nobel 1927), que
confirma dramaticamente a natureza corpuscular da
radiação eletromagnética (fóton).

λ
(grafite)

O efeito Compton consiste no surgimento de um segundo


pico (raios X espalhados) devido a raios X com comprimento
de onda λ’ ≠ λ, (λ’ > λ ) onde ∆λ = λ’ - λ é chamado
deslocamento Compton.
λ λ’
Interpretação dos Resultados
A presença de um segundo comprimento de onda no feixe espalhado não pode ser
compreendidas se os raios X forem encarados como ondas eletromagnéticas (clássica).
Neste caso o campo elétrico da onda incidente, de freqüência ν = c/λ, faria com que os
elétrons do material oscilassem nesta mesma freqüência e, portanto, a onda espalhada
deveria ter o mesmo comprimento de onda.
Compton e independentemente Debye, interpretaram os resultado experimentais
postulando que o feixe de raios X incidente não era uma onda de freqüência ν, mas um
conjunto de fótons, cada um com energia

E = hν,
e que esses fótons colidiam com os elétrons livres do material da mesma forma que
bolas de bilhar.
Tal situação é completamente distinta da que ocorre com o chamado espalhamento
Thomson, que de fato compete com o espalhamento Compton, onde a radiação
espalhada possui a mesma freqüência que a radiação incidente. O espalhamento
Thomson pode ser explicado detalhadamente via a teoria eletromagnética (clássica).
A conservação de momento exige que:
[direção x] [direção y]
P0 = P1Cosθ + PCosφ e P1Senθ = PSenφ
Manipulando estas expressões, obtemos:
(P0 − P1Cosθ)2 = P 2Cos 2φ e P12 Sen 2 θ = P 2 Sen 2 φ
Somando ambas as expressões, temos:
P 2 = P02 + P12 − 2P0 P1Cosθ
A conservação de energia exige que:
E 0 + m 0 c 2 = E1 + T + m 0 c 2 ⇒ E0 − E1 = T
onde m0 é a massa de repouso do elétron.
Da relação relativistica entre energia ε e o momento p:
2 2 2
ε = c p + mf c( 2 2
)
obtemos para um fóton (massa de repouso mf = 0) as
relações:
ε hν h
ε = pc p= = =
c c λ
assim temos:
c(P0 − P1 ) = T
Das expressões relativiticas para um elétron de momento P
e energia E:
2
mc = T + m 0c 2
e E = ( mc
2
)
2 2
= c P + ( m 0c
2 2
)
2 2

temos:
T2
(T + m c ) = c P + (m c )
0
2 2 2 2
0
2 2
ou c2
+ 2Tm 0 = P 2

Aplicando este resultado na equação P 2 = P02 + P12 − 2P0 P1Cosθ ,


que foi previamente obtida, e usando c(P0 − P1 ) = T , temos:
(P0 − P1 )2 + 2m 0 (P0 − P1 ) = P02 + P12 − 2P0 P1Cosθ
⇒ m 0c(P0 − P1 ) = P0 P1 (1 − Cosθ )

portanto:
⎛ 1 1 ⎞ 1
⎜ P P ⎟ m c (1 − Cosθ )
⎜ − ⎟=
⎝ 1 0 ⎠ 0
⎛ 1 1 ⎞ 1
⎜ P P ⎟ m c (1 − Cosθ )
⎜ − ⎟=
⎝ 1 0 ⎠ 0

Multiplicando ambos os termos da expressão anterior por h e


lembrando da relação entre momento e comprimento de onda do
fóton, p = h / λ, obtemos finalmente a relação:

∆λ = λ 1 − λ 0 = λ C (1 − Cosθ )
onde:

h
λC = = 0.02426 × 10−8 cm
m 0c
é o chamado comprimento de onda Compton do elétron.
Probabilidade de Ocorrência
Quando incidimos luz (radiação eletromagnética / fótons)
sobre um material, um grande numero de fenômenos
podem ocorrer simultaneamente. Os fótons podem ser
espalhados, transmitidos ou absorvidos, provocando por
exemplo efeito fotoelétrico, efeito Compton, etc ....
No caso especifico do efeito Compton, o numero de fótons,
N, espalhados com comprimento de onda λ+∆λ será
proporcional a intensidade do feixe incidente, Γ, e ao
numero de átomos por unidade de volume, ρ (densidade do
material), ou seja, N = σ⋅ Γ⋅ ρ. Sendo Ω o angulo solido de
detecção, com a respectiva seção de choque, σ, dada por:

onde:
raio clássico
r0 = 2.82×10-13 cm
do elétron

α = h.ν/m0.c2 (ν = c/λ)
Atividade Experimental
Neste experimento, faremos uso da chamada técnica de
coincidência, esquematizada no diagrama de blocos:

137Cs

(γ’s de 622 keV)


Cintilador Plástico: Adequado
para detectar os eletrons, ou
137Cs seja, determinar as respectivas
energias de recuo.
Cintilador de NaI: Adequado
para detectar as radiações γ’s,
determinando suas energias.

Fonte
137Cs

→ A fotomultiplicadora com cintilador


plásti-co, serve tanto para detectar os
elétrons quanto como alvo espalhador.
→ A fotomultiplicadora com cintilador de
NaI é movel, formando um ângulo θ com o
feixe incidente.
Referencias Bibliográficas
• Física Quântica, R. Eisberg e R. Resnick.
• Fundamentos da Física Moderna, R. Eisberg.
• Experiments in Nuclear Physics, manual de laboratório da EG&G/ORTEC (AN34),
disponível para download em www.ortec-online.com

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