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FAP2293

Fı́sica para Engenharia Elétrica 4


PROVA SUB
15/12/2009
IFUSP Gabarito – 15 de dezembro de 2009

Questão 1
Considere o modelo de Bohr para o átomo de hidrogênio.
(0,5): a) Determine, usando a regra de quantização de Bohr, os raios rn das órbitas permitidas em
função das constantes universais e, h, 0 e me e do número quântico n.
(1,0): b) Calcule a freqüência angular ωn da órbita de raio rn em função das constantes e do número
quântico n.
(0,5): c) Determine a freqüência angular ω da radiação emitida em transições entre órbitas consecuti-
vas (n+1 → n).
(0,5): d) Classicamente, a freqüência da radiação emitida por uma carga em movimento circular é
igual à sua freqüência de rotação. Mostre que para números quânticos grandes, n  1, a
freqüência da radiação emitida é igual à freqüência de rotação ωn .

Modelo de Bohr
a) Regra de quantização de Bohr:
L = mvr = n~.
Segunda lei de Newton (k = 1/4π0 ):

mv 2 e2 L2 L2
= k 2 ⇒ mv 2 r = = ke2 ⇒ r = .
r r mr mke2
Assim:
~2 2
rn = n = a0 n2 ,
mke2
com a0 = ~2 /mke2 .
b) A freqüência angular de rotação será

vn Ln n~ ~ 1 mk 2 e4 1
ωn = = = 2 ⇒ ωn = 2 = .
rn mrn2 ma0 n4 ma0 n3 ~3 n3

c) A energia do fóton emitido será:

hf = ~ω = ∆E = En+1 − En .

ke2 1
Como En = − ,
2a0 n2

ke2 1 ke2 (n + 1)2 − n2 ke2


   
1 1
~ω = 2
− 2
= 2 2
= .
2a0 n (n + 1) 2a0 n (n + 1) a0 n(n + 1)2

d) Para n  1
ke2 1 ~ 1 mk 2 e4 1
ω≈ = = = ωn .
~a0 n3 ma20 n3 ~3 n3
Questão 2
A radiação emitida por uma lâmpada de hidrogênio atômico é analisada depois de passar, em in-
cidência normal, por uma rede de difração. O espaçamento entre as ranhuras da rede de difração é
e2
d = 20hc/E0 , onde E0 = é a energia de ionização do átomo de hidrogênio.
8π0 a0
(0,5): a) Quais são os comprimentos de onda limites (λmı́n e λmáx ) da série de Balmer do espectro do
hidrogênio (faixa visı́vel). Expresse o seu resultado em termos de hc/E0 .
(1,0): b) Em quais ordens de difração raias da série de Balmer podem ser observadas através da rede
de difração especificada? Há superposição de espectros de ordens diferentes para esta rede?
Em caso afirmativo, quais ordens se superpõem?
(1,0): c) Suponha que o espectro do hidrogênio produzido por esta rede seja analisado utilizando-se
uma célula foto-elétrica de prata (função trabalho Φ = 4,3 eV). Você espera observar alguma
corrente foto-elétrica enquanto a posição da célula varre a faixa angular correspondente à
primeira ordem de difração da série de Balmer? Explique sua resposta.

Modelo de Bohr, rede de difração


a) A série de Balmer corresponde
 aos decaimentos para o estado n = 2. Assim
hc 1 1
hf = = En − E2 = E0 − .
λ 4 n2
O menor comprimento de onda λmı́n corresponde à maior energia, ou seja n = ∞:
hc E0 hc
= ⇒ λmı́n = 4 .
λmı́n 4 E0
O maior comprimento de onda λmáx corresponde à menor energia, ou seja n = 3:
hc E0 E0 36 hc
= − ⇒ λmáx = .
λmáx 4 9 5 E0
d hc
b) d sen θ = mλ, sen θ < 1 ⇒ m < = 20
λ E0 λ
Tomando λ = λmı́n = 4hc/E0 , vemos que m < 5. Assim raias podem ser observadas nas ordens
m=1, 2, 3 e 4.
Os limites de cada ordem correspondem a
λmı́n λmáx m 36m
m ≤ sen θ ≤ m ⇔ ≤ sen θ ≤ ⇔ 0,2m ≤ sen θ ≤ 0,36m:
d d 5 100
m=1: 0,2 ≤ sen θ ≤ 0,36
m=2: 0,4 ≤ sen θ ≤ 0,72
m=3: 0,6 ≤ sen θ ≤ 1
m=4: 0,8 ≤ sen θ ≤ 1

Assim, vemos que o espectro de terceira ordem se superpõe ao espectro de segunda ordem e o
espectro de quarta ordem se superpõe ao espectro de terceira ordem.
c) A energia mı́nima de um fóton capaz de produzir corrente foto-elétrica na célula de prata é
Φ = 4,3 eV. O fóton mais energético da série de Balmer tem energia Emáx = E0 /4 = 3,4 eV.
Assim, as raias da série de Balmer não são capazes de produzir corrente foto-elétrica.
Entretanto, a energia mı́nima das raias da série de Lyman (transições para n = 1) é E0 (1 − 1/4) =
3E/4 = 10,2 eV > Φ. Assim qualquer linha da série de Balmer pode excitar corrente foto-elétrica
na célula de prata. Na região angular da primeira ordem de difração da série de Balmer há linhas
correspondentes a ordens superiores da série de Lyman (m ≥ 4) que devem ser observáveis na
célula foto-elétrica.
Questão 3
Considere uma partı́cula de massa m confinada a uma caixa bi-dimensional de paredes infinitamente
rı́gidas no intervalo 0 ≤ x ≤ L, 0 ≤ y ≤ L do plano xy. As auto-funções deste sistema são da forma:

ψ = A sen(kx x) sen(ky y).

(0,5): a) Utilizando as condições de contorno pertinentes, determine os valores possı́veis dos parâmetros
kx e ky e das energias correspondentes.
(0,5): b) Identifique os quatro estados de menor energia e as respectivas energias.
(0,5): c) Determine a constante A para que as auto-funções ψ(x,y) sejam normalizadas.
Suponha agora que a caixa contenha 6 elétrons e despreze a repulsão entre eles.
(0,5): c) Compute a energia total dos sistema de 6 elétrons no seu estado fundamental.
(0,5): d) Qual é a energia do fóton com o maior comprimento de onda que este sistema pode absorver
a partir do seu estado fundamental? Especifique a transição correspondente.

Partı́cula numa caixa, princı́pio de Pauli


a) A função de onda deve se anular nas paredes da caixa, ou seja, em x = 0,L e y = 0,L.
A função dada é automaticamente nula para x = 0 ou y = 0.
Para x=L: ψ(L,y) = A sen(kx L) sen(ky y) = 0 ⇒ sen(kx L) = 0 ⇔ kx L = nx π, nx = 1,2,3, . . . .
Para y=L: ψ(x,L) = A sen(kx x) sen(ky L) = 0 ⇒ sen(ky L) = 0 ⇔ ky L = ny π, ny = 1,2,3, . . . .
A energia de um estado com momento p~ = ~~k, onde o vetor de onda é ~k = kx x̂ + ky ŷ, é
p2 ~2 k 2 ~2 ~2 π 2
kx2 + ky2 ⇒ E(nx ,ny ) = n2x + n2y .
 
E= = = 2
2m 2m 2m 2mL  
2mL2
nx ny E/ ~2 π 2
1 1 2
b) Os quatro estados de menor energia correspondem a: 2 1 5
1 2 5
2 2 8
c) A condição de normalização é: ZZ
dxdy|ψ(x,y)|2 = 1.

Com ψnx ,ny (x,y) = A sen(nx πx/L) sen(ny πy/L), para 0 ≤ x ≤ L, 0 ≤ y ≤ L:


L L
L2
ZZ Z Z
2 2 2 2
dxdy|ψ(x,y)| = |A| sen (nx πx/L)dx sen2 (ny πy/L)dy = |A|2 ⇒ A= .
0 0 4 L

d) Levando em conta o princı́pio de Pauli, cada estado orbital (nx ,ny ) pode acomodar dois elétrons
com spins opostos. Assim, a configuração de menor energia corresponde a dois elétrons ocu-
pando cada um dos estados (1,1), (2,1) e (1,2). A energia total do sistema de 6 elétrons é:

~2 π 2
E = 2E1,1 + 2E2,1 + 2E1,2 ⇒ E = 24 .
2mL2

e) A menor energia de excitação deste sistema corresponde a promover um dos elétrons nos estados
(2,1) e (1,2) para o estado (2,2). A energia deste elétron, e portanto a energia do sistema, aumenta
~2 π 2 3h2
de ∆E = (8 − 5) 2mL 2 = 8mL2 . O comprimento de onda do fóton correspondente é:

hc 8mcL2
λ= = .
∆E 3h
Questão 4
PARTE A
(0,5): a) Mostre que para um gás ideal as capacidades térmicas molares satisfazem a relação cP =cV +R.
Encontre γ = cP /cV para um gás ideal monoatômico.
(0,5): b) Demonstre que para um gás ideal numa transformação adiabática reversı́vel vale a relação
T V γ−1 = constante.
P
PARTE B C
PC
Considere 1 mol de um gás ideal monoatômico sub-
metido aos dois processos quasi-estáticos consecutivos
ilustrados na figura. O processo A→B é uma com-
pressão isotérmica e o processo B→C é uma compressão
adiabática. No estado inicial A a temperatura é TA = T1 PB B
PA A
e o volume do gás é VA = V0 . A cada compressão
o volume é reduzido pelo fator r > 1, de modo que
VB = V0 /r e VC = V0 /r2 .
V0/r2 V0/r V0 V
(0,5): c) Determine as pressões e as temperaturas nos estados A, B e C em termos dos dados do
problema.
(0,5): d) Calcule o calor recebido pelo gás e o trabalho realizado pelo gás nos processos A→B e
B→C.
(0,5): e) Compute a variação da entropia do gás no processo combinado A→C.

Gás ideal, primeira lei da Termodinâmica


a) Primeira Lei: dU = dQ − P dV .
U = ncV T ⇒ dU = ncV dT .
A pressão constante, P V = nRT ⇒ P dV = nRdT .
dQ = dU + P dV = n(cV + R)dT .
1 dQ
Assim cP = = cv + R.
n dT P
3 5 5
Para um gás ideal monoatômico f = 3 e cV = R ⇒ cP = R ⇒ γ = cP /cV = .
2 2 3
b) Como na transformação adiabática dQ = 0 a primeira lei resulta em dU = −P dV .
n dT R dV dV
Com dU = ncV dT e P = Vn RT , vem: ncV dT = − RT dV ⇔ =− = −(γ − 1) .
V T cV V V
Integrando os dois membros, a partir de um estado inicial T0 ,V0 :
dT 0 dV 0
Z T Z h i
−(γ−1)
0
= ln(T /T 0 ) = −(γ − 1) V = −(γ − 1) ln(V /V 0 ) = ln (V /V 0 ) .
T0 T V0 V0
Ou seja:
T V γ−1 = T0 V0γ−1 = constante.
RT1
c) No estado A: PA VA = nRTA ⇒ PA = .
V0
Como o processo A → B é uma expansão isotérmica
RT1
TB = TA ⇒ TB = T1 PB VB = nRTB ⇒ PB = r
V0
Ao longo do processo adiabático B → C
 2/3
γ−1 γ−1 TC VB RT1
TV = TB VB ⇒ = ⇒ TC = r2/3 T1 PC VC = RTC ⇒ PC = r8/3 .
TB VC V0
d) No processo isotérmico A → B, ∆U = 0 porque, para o gás ideal U = ncV T .
Assim ∆U = Q − W = 0 ⇒ Q = W . Mas,
Z VB Z V0 /r
dV
W = P dV = RT1 ⇒ QA→B = WA→B = −RT1 ln r.
VA V0 V

No processo adiabático B → C, QB→C = 0 e, portanto ∆U = −W . Assim,

3 3  
W = UB − UC = R(TB − TC ), ou WB→C = − RT1 r2/3 − 1
2 2

dQ
e) Ao longo de A → B, dS = e ao longo de B → C, dS = 0:
T1
QA→B
∆S = ∆SA→B + ∆SB→C = + 0 → ∆S = −R ln r.
T1
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Fı́sica para Engenharia Elétrica 4
Formulário Prova SUB — 15/12/2009
IFUSP

c = 3,00×108 m/s e = 1,60×10−19 C


µ0 = 4π×10−7 N A−2 = 1,26×10−6 N A−2 e2 /4π0 = 2,31×10−28 J·m = 1,44 eV·nm
0 = 1/µ0 c2 = 8,85×10−12 F/m me = 9,11×10−31 kg = 0,511 MeV/c 2
h = 6,63×10−34 J·s = 4,14×10−15 eV·s λC = h/me c = 2,43×10−3 nm
~ = h/2π = 1,05×10−34 J·s = 6,58×10−15 eV·s h2 /2me = 2,41×10−37 J·m2 = 1,504 eV·nm2
hc = 2,00×10−25 J·m = 1240 eV·nm a0 = 4π0 ~2 /me e2 = 5,29×10−2 nm
σ = 5,67×10−8 W m−2 K−4 mp = 1,673×10−27 kg = 938,3 MeV/c 2
b = 2,90×10−3 K m mn = 1,675×10−27 kg = 939,6 MeV/c 2
R = 8,315 J/(mol · K) u = 1,661×10−27 kg = 931,5 MeV/c 2
NA = 6,022×1023 mol−1 k = R/NA = 1,38×10−23 J/K=8,62×10−5 eV/K

θi = θ r n1 sen θi = n2 sen θt d sen θ


φ ≈ 2π I = Imax cos2 (φ/2)
ω c λ
v = = λf = d sen θesc = m+ 12 λ

k n d sen θbril = mλ

 2
a sen θ sen (Φ/2)
Φ ≈ 2π I = Imax
λ (Φ/2)
2nt = m+ 12 λ

a sen θesc = mλ (m = ±1,±2, . . . ) 2nt = mλ
θmin ≈ λ/a; θmin ≈ 1,22λ/D

d sen θbril = mλ (m = 0,±1,±2, . . . ) 2d sen θ = mλ (m = 0,±1,±2, . . . )

En = nhf ; n = 0,1,2,3, . . .
2
I = I0 cos θ
RT = σT 4 λmax T = b = 2,90×10−3 K m
p
hc E h E= (pc)2 + (mc2 )2
E = hf = ; p= =
λ c λ λ0 − λ0 = λC (1 − cos θ)
Kmax = hf − φ = e∆Vs h
λC =
me c

h
E = hf = ~ω p= = ~k
λ
Z 2 e2 1 Z2 ω E dω dE
L = n~ En =− ≈− 13,6 eV vf = = vg = =
8π0 a0 n2 n2 k p dk dp
~ ~
∆x∆px ≥ ∆E∆t ≥
2 2
~2 1 d
   
~2 d2 ψ 2 dψ `(`+1)
− + U (x)ψ = Eψ − r − ψ +U (r)ψ=Eψ
2m dx2 2m r2 dr dr r2
h2 2 Ze2 Z 2 e2 1 Z2
En = n En = (n + 21 ) ~ω U (r)=− En =− ≈ − 13,6 eV
8mL2 4π0 r 8π0 a0 n2 n2

Z +∞
2
P (x)dx = |ψ(x)| dx |ψ(x)|2 dx = 1 P (r)dr = |ψ(r)|2 dV = |ψ(r)|2 4πr2 dr
−∞ Z +∞ Z +∞
Z +∞
∗ P (r)dr = 1 hf (r)i = f (r)P (r)dr
hf (x)i = ψ (x)f (x)ψ(x)dx 0 0
−∞

~ = L = `(` + 1)~
p
(k1 − k2 )2 4k1 k2 |L| Lz = m` ~
R= ; T = ~ = S = s(s + 1)~
p
(k1 + k2 )2 (k1 + k2 )2 |S| Sz = ms ~

T ≈ e−2CL ,
p
~C = 2m(U0 − E)
∆` = ±1 ∆m` = 0, ± 1

~2 m1 m2
Erot = J(J + 1), J = 0,1,2, . . . µ= , I = µr02
2I m1 + m2
p ∆J = ±1 ∆ν = ±1
Evib = (ν + 12 )~ω, ω = K/µ, ν = 0,1,2, . . .

1 ~2 2/3
f (E) = EF 0 = 3π 2 n
e(E−EF )/kT + 1 2m

PV = nRT U = ncV T
∆U = Q−W
cV =
fR cP = cV + R
1
2
dU = dQ − P dV
 m 3/2 2 TC = T − 273,15
Nv (v)dv = N 4πv 2 dv e−mv /2kT
2πkT

W |Qf | Tf dQ
e= =1− eC = 1 − ∆S ≥ 0 dS =
|Qq | |Qq | Tq T

+∞
Z r
−au2 π
e du =
−∞ a
+∞
Z
1
Z r
1 π
u e 2 −au2
du = (sen u)2 du =(u − sen u cos u)
−∞ 2 a3 2
Z
Z ∞
n! 1
un e−au du = n+1 (cos u)2 du = (u + sen u cos u)
a 2
Z0 ∞
2 1
u3 e−au du = 2
0 2a

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