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1.1. Introdução.
• Exemplo 1.1:
- Determinar a energia do átomo de He desprezando a interação entre elétrons:
(1) para o estado fundamental;
(2) para o primeiro estado excitado.
13,6eV
Obs.: E = − (para o átomo de hidrogênio).
n2
- Resolução:
1. Energia de cada elétron ( E1 e E 2 ) será dada pela energia do átomo de hidrogênio
multiplicado por Z2, onde Z é o número atômico do He (Z = 2). E a energia do átomo
( ET ) será dada pela soma da energia de cada elétron. Logo:
Z2 4
E1 = E 2 = − 2
⋅ 13,6eV = − 2 ⋅ 13,6eV
n 1
ET = E1 + E 2 = −108,8eV
2. O primeiro estado excitado do átomo de He ocorre quando um dos elétrons tem número
quântico principal igual a 1 e o outro igual a 2, ou seja: n1 = 1 e n2 = 2 .
4 4
E1 = − 2 ⋅ 13,6eV e E 2 = − 2 ⋅ 13,6eV
1 2
ET = E1 + E 2 = −68eV
Obs.: o resultado experimental para a energia do átomo de He no estado fundamental é
ET = −80eV e para o primeiro estado excitado é ET = −62eV .
Comparando as energias calculadas com os valores experimentais verifica-se que no caso
(1) o erro é de 26,5%, enquanto no segundo caso o erro é de 8,8%. A energia do estado
fundamental apresenta um erro significativamente maior que a energia do primeiro estado
excitado, quando comparadas aos resultados experimentais. Isso pode ser explicado pelo
fato de os elétrons no mesmo nível de energia (estado fundamental) estarem mais próximos
e, com isso, a repulsão eletrostática é mais relevante.
1s1 1s2
Figura 1.1: Esquema do preenchimento dos orbitais para os átomos de Hidrogênio e Hélio.
5 6
B: C:
7 8
N: O:
http://www.conecteeducacao.com/escconect/medio/QUI/imagem/1_1_10_2_1_2.jpg
Figura 1.4: Diagrama para o preenchimento das camadas atômicas.
• Exemplo 1.2:
- Duas partículas independentes estão em uma caixa unidimensional (poço quadrado
infinito), uma está no estado fundamental e outra no primeiro estado excitado. Determinar o
fator de normalização da função de onda simétrica formada por essas partículas. Obs.:
Desconsiderar o spin nesse caso.
- Resolução:
1. As funções de onda para o estado fundamental e o primeiro estado excitado do poço
2 πx 2 2πx
quadrado infinito são, respectivamente, ψ A ( x) = cos e ψ B ( x) = sen ,
a a a a
a a
para um poço limitado: − ≤ x ≤ .
2 2
2. A função de onda simétrica é dada pela combinação linear de ψ A (x) e ψ B (x) :
ΨS = N {ψ A (1)ψ B (2) + ψ A (1)ψ B (2)}.
∞ ∞
∫ ∫ Ψ Ψ dx dx = 1 . Substituindo as funções de
*
3. Pela condição de normalização tem-se: S S 1 2
− ∞− ∞
onda nessa integral obtemos:
2 πx1 2 2πx 2 2 2πx1 2 πx 2
cos a sen a + sen a cos a +
2
a a
2 πx 2πx 2 πx 2 2πx1
2 2
N 2 ∫ ∫ cos 1 sen cos sen + dx1 dx 2
−a −a
a a a a a
2 2
2πx πx 2πx πx
sen 1
cos 2 sen 2
cos 1
a a a a
As duas primeiras integrais podem ser resolvidas conhecendo-se os resultados das
a a
πx 2 2 2πx
2 2
2
duas integrais a seguir: ∫ a
cos 2 dx e
a
∫ a
sen dx . Observando que os
a
−a −a
2 2
integrandos são o quadrado das funções de onda que já estão normalizadas, o resultados de
ambas é igual a 1. As outras duas integrais possuem como integrando uma função ímpar,
que quando integrada em extremos simétricos o resultado é zero. Dessa forma:
1
N 2 (1 + 1) = 1 ⇒ N = .
2
Conhecendo-se a constante de normalização, a função de onda simétrica
normalizada é dada por:
1
ΨS = {ψ A (1)ψ B (2) + ψ A (2)ψ B (1)} .
2
Ze 2
− para r → 0
r
V (r ) = e2
− para r → ∞
r
Esse potencial é definido dessa forma pois o elétron próximo ao núcleo ( r → 0 ) só
“vê” a carga positiva Ze 2 no núcleo. Já, para o elétron mais afastado ( r → ∞ ), a carga do
núcleo fica blindada por todos os outros (Z – 1) elétrons.
2. Cálculo de ψ 1 , ψ 2 ...
3. Montagem do átomo (satisfazendo o princípio de exclusão de Pauling).
4. Distribuição de carga.
5. Substituir o novo potencial V(r) na equação de Schrödinger.
6. Repetir os passos 2-5 até que V(r) “não muda”.
Pode também ser considerado que um número atômico efetivo Z n que é dependente da
constante de blindagem σ : Z n = Z − σ , e assim, tem-se o potencial aproximado
Z ne2
V (r ) = − . Com isso, os valores de Z podem ser calculados a partir da teoria de
4πε 0 r
Hartree.
• Exemplo 1.3:
Determinar as energias para os elétrons do argônio usando Z 1 ≅ 16 , Z 2 ≅ 8 e Z 3 ≅ 3 .
- Resolução: As energias dos elétrons são calculadas da mesma maneira do exemplo 1.1.
Porém é importante ressaltar que, nesse caso, a interação entre os elétrons foi considerada
no cálculo de Z pela teoria de Hartree e no exemplo 1.1 essa interação era desprezada.
Assim, as energias E1 , E 2 e E3 para os estados n = 1, n = 2 e n = 3, respectivamente,
podem ser calculadas pela relação:
2
Zn
E n ≅ − 2 ⋅ 13,6eV
n
Os valores das energias são: E1 ≅ −3500eV , E 2 ≅ −220eV e E3 ≅ −13,6eV . Observa-se
que essas energias vão diminuindo com o avanço para as camadas mais externas do átomo.
Com isso, se for fornecida uma energia suficiente para ionizar o átomo, serão retirados
primeiro os elétrons mais afastados do núcleo.
13,6eV 13,6eV
I1 = − + ⇒ I 1 = 1,5eV = 145kJ / mol
(∞) 2 32
Obs1: Nesse caso, a energia não é multiplicada por Z 2 pois a carga do núcleo fica blindada
por todos os outros n − 1 elétrons.
Obs2: Experimentalmente tem-se que a energia de ionização do sódio é I 1 = 496kJ / mol ,
um valor muito diferente do obtido acima, concluindo-se que a energia de ionização é
afetada pela repulsão entre os elétrons do átomo.
3p dλ
3s
- Resolução:
c
1. A energia do fóton liberado na transição 3p para 3s é dada por: E = hν = h . Portanto:
λ
hc 6,626 × 10 −34 × 3 × 10 8
λ= = ⇒ λ = 5900 Å
E 2,1 × 1,6 × 10 −19
2. Correção dλ :
hc
- Como a energia do fóton é dada por E = , a correção da energia dE é obtida através
λ
da derivada com relação a λ :
hc
dE = 2 dλ , onde o sinal de menos não é considerado, pois o fóton está sendo emitido e
λ
não absorvido.
λ2 c 2 dE
c hc
- Assim, dλ = dE , substituindo λ = , dλ = = dE .
hc ν hcν 2
(hν )2
- A diferença de energia dE pode ser obtida experimentalmente e tem o valor de
21 × 10 −4 eV. Substituindo esse valor, tem-se: dλ = 5,7 Å.
l ' = l1 − l 2 , l1 − l 2 + 1,..., l1 + l 2 ;
j ' = s − l , s − l + 1,..., s + l ;
1) Quais são os valores permitidos de s’?
1
Nesse caso, como são dois elétrons, s1 = s 2 = .
2
1 1 1 1
Assim, s ' = − ,..., + → s ' = 0,1.
2 2 2 2
2) Quais seriam os valores de j’ se um elétron estiver no orbital p e outro no orbital d?
No orbital p o número quântico correspondente é l1 = 1 e no orbital d é l 2 = 2 . Assim os
valores possíveis para l são:
l ' = 1 − 2 ,...,1 + 2 → l ' = 1,2,3 .
Então, os valores possíveis para j são:
• Exercício 1.1:
Determinar os valores possíveis de s’, l’ e j’ para 3 elétrons, sendo que l1 = 1 , l 2 = 2 e
l3 = 4 .
- Resolução:
1
Para os três elétrons: s1 = s 2 = s3 = . Então, as possibilidades para s’ são:
2
1 1 1 1 1 1 1 3
s ' = − − ,..., + + → s ' = , .
2 2 2 2 2 2 2 2
Os possíveis valores de l’ são:
l ' = 4 − 2 − 1 ,...,4 + 2 + 1 → l ' = 1,...,7 → l ' = 1,2,3,4,5,6,7 .
1 1 3 17
Com isso, o valor mínimo de j’ é j min = 1 − = e o valor máximo é j max = 7 + = ,
2 2 2 2
1 3 5 7 9 11 13 15 17
então, os valores possíveis de j' são: , , , , , , , e .
2 2 2 2 2 2 2 2 2
1.10.Notação espectroscópica:
Como foi visto anteriormente, o número quântico de spin não sai diretamente da
resolução da equação de Scrödinger, ele foi introduzido devido à necessidade de explicar
resultados experimentais Assim, os níveis energéticos encontrados pela resolução da
equação de Schrödinger só não dependem explicitamente de j. Contudo, a interação spin –
órbita faz com que ocorra um desdobramento dos níveis de energia. Esses níveis podem se
desdobrar em outros dois níveis (dubletos), três níveis (tripletos) ou mais de três níveis
(multipletos).
A notação desses níveis será composta de uma letra e dois números, como no esquema
a seguir:
número letra
número
1. A letra se relaciona com o momento angular orbital total l, e segue a mesma regra usada
na notação das subcamadas atômicas, porém agora é usada a letra maiúscula. Por exemplo,
se l = 0 , a letra é S, se l = 1 , a letra é P e assim sucessivamente.
2. Número superior à esquerda: fornece a multiplicidade que é dada pela regra (2 s + 1) .
3. Número inferior à direita: é o valor do número quântico do momento angular total j.
• Exemplo 1.7:
Notação referente ao exemplo 1.6:
1
P1
1
D2
1
F3
3
P2
3
P1
3
P0
3
D3
3
D2
3
D1
3
F4
3
F3
3
F2
• Exemplo 1.8:
- Verificar se é possível existir a notação 2F3:
1. O símbolo F fornece que l ' = 3 .
2. De acordo com a notação, o número 2 fornece a multiplicidade. Assim,
1
2s '+1 = 2 ⇒ s ' = .
2
5 7
3. Os valores possíveis para j ' são: j ' = l '− s ' ,..., l '+ s ' =
, . Com isso, não é possível o
2 2
valor de j ' igual a 3 e, portanto, a notação fornecida não existe.
• Exemplo 1.9:
- Verificar se é possível existir a notação 3F2:
1. O símbolo F fornece que l ' = 3 .
2. De acordo com a notação, o número 3 fornece a multiplicidade. Assim,
2s '+1 = 3 ⇒ s ' = 1 .
3. Os valores possíveis para j ' são: j ' = l '− s ' ,..., l '+ s ' = 2,3,4 . Com isso, é possível o valor
de j ' igual a 2 e, portanto, a notação fornecida existe.
ε = ∆ E ( j '+1) − ∆ E ( j ' ) = K [( j '+1)( j '+2) − l ' (l '+1) − s ' ( s '+1)] − K [ j ' ( j '+1) − l ' (l '+1) − s ' ( s '+1)]
• Exercício 1.2:
O átomo de 20Ca possui uma configuração 3d3d que exibe um tripleto: 3P0, 3P1, 3P2,
sendo que 3P0 possui energia mais baixa que 3P1 que, por sua vez, tem energia mais baixa
que 3P2. Observa-se que a diferença de energia medida entre os níveis 3P1 e 3P0 é
16,7.10 −4 eV e entre os níveis 3P2 e 3P1 é 33,3.10 −4 eV . Lembrar que ε = 2 K ( j '+1) e
comparar o valor teórico com o experimental.
- Resolução:
Ponto de vista teórico:
1. Entre os níveis 3P1 e 3P0: j ' = 0 e j '+1 = 1 ;
2. Entre os níveis 3P2 e 3P1: j ' = 1 e j '+1 = 2 ;
Logo:
ε ( 3 P2 , 3 P1 ) 2 K ( j '+1) 2 K .2
= = = 2.
ε ( 3 P1 , 3 P0 ) 2 K ( j '+1) 2 K .1
Valor Experimental:
ε ( 3 P2 , 3 P1 ) 33,3.10 −4 eV
= = 1,994.
ε ( 3 P1 , 3 P0 ) 16,7.10 − 4 eV
Pelos resultados obtidos pode-se verificar que a previsão teórica é muito próxima do valor
esperado experimentalmente. A interação spin-órbita é uma boa ferramenta em átomos
leves, em átomos mais pesados os erros obtidos são bem maiores.
• Exercício 1.3:
Determinar o valor da constante K a partir da figura abaixo que representa a transição
observada no átomo de sódio (linha D):
2
P3/2
17 cm-1
2
P1/2
2
S1/2
- Resolução:
1. Pela regra de Landé tem-se: ε = 2 K ( j '+1) ;
2. Como na maioria dos experimentos em espectroscopia os dados fornecidos são os
1
números de onda , a regra de Landé fica em unidades de cm-1 se fizermos a seguinte
λ
relação:
hc 1 E
E = hν = e, portanto, = .
λ λ hc
1 2K
Assim temos: = ( j '+1) .
λ hc
2K 3 3
3. Sendo A = e ( j '+1) = : 17cm −1 = A. →∴ A = 11,3cm −1 .
hc 2 2
• Exercício 1.4:
Identificar os símbolos para o Na e o F no estado fundamental.
- Resolução:
1. Sódio (Na):
Configuração eletrônica: 11Na 1s 2 2 s 2 2 p 6 3s 1 = [ Ne]3s 1 , sendo [Ne] a configuração do
gás nobre Neônio.
A camada fechada não contribui, pois todos os números quânticos s, l, j são 0. Assim, a
camada de valência do sódio 3s1 possui um elétron no orbital s. Dessa forma os números
1 1 1
quânticos são: s ' = (1 elétron com spin ), l ' = 0 (camada s) e j ' = .
2 2 2
A multiplicidade que é dada pela relação (2 s '+1) é, portanto, 2.
Assim, a notação espectroscopia para o átomo de sódio no estado fundamental é: 2S1/2.
2. Flúor (F):
Configuração eletrônica: 9F 1s 2 2 s 2 2 p 5 = [ Ne]2 p −1 . Essa representação indica que o
flúor tem um elétron a menos na camada 2p em relação à configuração do neônio.
Nesse caso, a notação espectroscópica vai ser a contribuição que esse elétron a menos daria
1
para o átomo. Logo, os números quânticos são: l '= 1 (camada p), s ' = (1 elétron com spin
2
1 1 1 1 3
) e j ' = 1 − ,1 + → j ' = , . A multiplicidade será (2 s '+1) = 2.
2 2 2 2 2
Dessa forma tem-se o seguinte dupleto para o átomo de flúor no estado fundamental: 2P1/2,
2
P3/2.
• Exercício 1.5:
Identificar os símbolos para o carbono na configuração 1s 2 2 s 2 2 p 2 = [ He]2s 2 2 p 2 , onde
[He] é a configuração eletrônica do gás nobre hélio.
- Resolução:
A camada de valência, nesse caso, é 2s 2 2 p 2 , porém, a subcamada 2s 2 não contribui, pois
de acordo com o princípio da exclusão de Pauli, os elétrons devem estar emparelhados,
tendo como resultado o número quântico do spin total igual a 0 e l é 0 por se tratar da
subcamada s.
Considerando então os dois elétrons da subcamada p ( l1 = l 2 = 1 ) tem-se:
1 1 1 1
s ' = − , + → s ' = 0,1.
2 2 2 2
l ' = 1 − 1,...,1 + 1 → l ' = 0,1,2.
1
P1
1
D2
3
S1
3
P2
3
P1
3
P0
3
D3
3
D2
3
D1
Obs.: Na figura acima nota-se que no caso em que s’ = 1 e l’ = 0 a multiplicidade dada por
(2 s'+1) é 3, porém, só existe um nível de energia no diagrama. Sendo assim, os casos de l =
0 são exceções em que a multiplicidade não indica o número de desdobramentos do nível
energético.
• Exercício 1.6:
- Em uma medida para determinar o espectro de linhas espectrais observou-se um
multipleto com quatro estados onde a separação dos níveis de energia em ordem crescente
corresponde a aproximadamente a razão de 3 para 5. Determinar os números quânticos s’, l’
e j’ para esses níveis.
- Resolução:
1. Pela regra de Landé, temos: ε = 2 K ( j '+1) . De acordo com o enunciado tem-se a seguinte
2 K ( j '+1) 3
razão: = . Como dentro do mesmo multipleto a constante K é a mesma,
2 K ( j '+2 ) 5
1
encontramos a seguinte igualdade: 5 j '+5 = 3 j '+6 ⇒ j ' = .
2
3
2. Como a multiplicidade é 4, temos: 2s '+1 = 4 ⇒ s ' = .
2
3. O multipleto vai ser dado por:
j' = 7
2
j' = 5
2
j' = 3
2
j' = 1
2
4. Conhecendo as regras para j’, temos:
1 7
I. s '−l ' = e s '+l ' = ; ou
2 2
1 7
II. l '− s ' = e s '+l ' =
2 2
3
A condição I fornece os valores: s ' = 2 e l ' = . Essa condição não é aceita, pois l’ deve ser
2
inteiro.
3
Da condição II temos: s ' = e l ' = 2 . Essa condição é válida, pois l’ é inteiro e, por tratar-
2
3
se de um multipleto de quatro estados, s ' deve ser .
2
1.12.Regras de seleção:
Essas regras são frutos da conservação do momento angular. São elas:
1. ∆s = 0 ;
2. ∆l = 0,±1 ;
3. ∆j = 0,±1 → Porém a transição de j = 0 para j = 0 é proibida.
1.13.Efeito Zeeman:
O momento magnético é dado por µ z = γ e L z , onde γ e é denominada de razão
giromagnética.
L z = ml h
µ z = γ e ml h
E = − µ z .B = −γ e ml hB .
Dessa forma, se um átomo tem energia inicial ε, quando ele é colocado na presença
de um campo magnético B sua energia será ε + E . Se por exemplo, l = 1, tem-se que os
números possíveis para o número quântico ml são -1, 0 e 1. Dessa forma o nível de energia
inicial seria desdobrado em três níveis:
ε + γ e hB
ε
0
ε − γ e hB
Esse desdobramento dos níveis de energia é chamado de efeito Zeeman.
E ml = µ B ml B → µ B = γ e h , com B sendo o campo magnético externo.
e eh
Para o elétron: γ e = − e µB = .
2 ml 2 ml
• Pensando no spin:
µ z = g e γ e m s h → E ms = − g e γ e hm s B = g e µ B m s B . Foi chamado de efeito Zeeman
anômalo.
2. Método Variacional:
2.1. Introdução:
Como a equação de Schrödinger tem resolução restrita a poucos potenciais é preciso
lançar mão de alguns métodos aproximativos como o método variacional. Esse método
consiste na escolha de uma função arbitrária ψ µ que é utilizada para calcular o autovalor de
energia do sistema. O princípio variacional garante que a energia obtida é sempre um limite
superior da energia real do sistema ( E 0 ), ou seja:
- Principio Variacional:
“Se uma função arbitrária for usada para calcular a energia, o valor calculado
nunca é menor que o da energia verdadeira”. Atkins.
- Demonstração:
Dada uma função de onda qualquer ψ , esta pode ser definida como um espaço de
funções, ou seja,
ψ = ∑ aE u E ,
E
< H >= ∑∑ a E* a E ′ ∫ u E* Hu E ′ dV .
E E′ V
∫u u E ′ = δ E ′E .
*
Pela condição de ortonormalidade da função de onda, sabe-se que E
V
Logo,
< H >= ∑∑ E ′a *E a E ′δ E ′E = ∑ E a E .
2
E E′ E
Substituindo na soma a energia E pela energia do estado fundamental E0, temos que
o sinal de igualdade deve ser substituído pelo de maior ou igual, ou seja,
< H >≥ ∑ E 0 a E →< H >≥ E 0 ∑ a E .
2 2
E E
∑a
2
Como E é o somatório dos pesos que é igual a 1, a energia média será:
E
< H >≥ E0 .
Reescrevendo essa equação, obtemos o limite para a energia do estado fundamental:
∫V ψ µ Hψ µ dV
*
E0 ≤ ,
∫ ψ ψ
*
µ µ dV
V
onde a função teste ψ é dependente de µ que é chamado de parâmetro variacional. Quanto
mais próximo do valor real a função teste estiver, mais próximo do sinal de igualdade a
energia do estado fundamental estará.
• Exemplo 2.1:
Considere o problema de uma partícula confinada em uma caixa unidimensional
infinita ( 0 ≤ x ≤ L ), use a função teste φ = x ( L − x ) para determinar pelo método
variacional quanto vale o autovalor de energia para estado fundamental do sistema.
- Resolução:
h2 d 2
- o hamiltoniano para a partícula na caixa infinita é dado por: H = − ;
2m dx 2
- Calculando a normalização:
L L L L L
∫ψ dV = ∫ x (L − x ) dx =∫ x (L − 2 Lx + x )dx =L ∫ x dx − 2 L ∫ x dx + ∫ x dx ,
2 2 2 2 2 2 2 2 3 4
V 0 0 0 0 0
1 1 1 L
5
∫ψ dV = L5 − + =
2
.
V 3 2 5 30
- Calculando a ∫ψ HψdV : *
V
L
h2 d 2 h2
L
d2
∫ψ HψdV = ∫ x(L − x ) − 2 [x(L − x )]dx = − ( ) [x(L − x )]dx =
2m ∫0
*
x L − x
V 0 2m dx dx 2
L
∫ (xL − x )dx = 6m
h2 2
h L 3
= 2
.
m 0
h 2 L3
∫ψ HψdV
*
5h 2 5h 2 h2
- < H >= V * = 6m →< H >= = = 0,127 ≥ E1 (energia do
∫V ψ ψdV L5 mL2 4π 2 mL2 mL2
30
estado fundamental).
- O resultado obtido para a energia do estado fundamental resolvendo a equação de
Schrödinger para a partícula numa caixa infinita é:
h2 h2
E1 = = 0,125 .
8mL2 mL2
E − E1 0,127 − 0,125
- O erro cometido na aproximação é: 1 = ≅ 0,016 = 1,6% .
E1 0,125
• Exemplo 2.2:
2
- Usar a função teste ψ = e − ax e o método variacional para determinar o autovalor de
k
energia para o estado fundamental do oscilador harmônico unidimensional ( V ( x) = x 2 ).
2
- Resolução:
3. Resolvendo o numerador:
∞
− ax 2 h 2 d 2 k 2 − ax 2
∫ ψ * Hψ dV = ∫−∞ 2m dx 2 + 2 x e dx =
e −
h2 ∞ ∞
k ∞
⋅ 2a ⋅ − ∫ e −2 ax dx + 2a ∫ x 2 e − 2 ax dx + ∫ x 2 e −2 ax dx =
2 2 2
=−
2m −∞ −∞ 2 −∞
∂ π
∞ ∞
∂
=
π 1
- A integral: ∫ x e 2 − 2 ax 2
dx = − ∫ e − 2 ax 2
dx = − ⋅
−∞
∂a −∞ ∂ ( 2a ) 2 a 2 (2a ) 3 2
- Substituindo a integral acima temos:
h2 π π 1 k π 1
∫ ψ * Hψ dV = −
2m
⋅ 2 a ⋅
−
2a
+ 2 a ⋅ ⋅ +
2 ( 2a ) 2 2 2 ( 2a ) 3 2
3
=
h2 k π
∫ψ * HψdV = − 4m
⋅ 2πa +
4 ( 2a ) 3 2
.
E0 ≤
∫ψ µ * Hψ µ dV .
∫ψ µ *ψ µ dV
Vamos agora determinar como fica a energia para o estado fundamental de um problema de
força central: V (r ,θ , ϕ ) = V (r ) . Sabendo que a parte angular da função de onda para esse
tipo de problemas é dada pelos harmônicos esféricos, Y (θ , ϕ ) , temos:
∫ψ µ (r )Y * (θ , ϕ ) Hψ µ (r )Y (θ , ϕ )r senθdrdθdϕ
* 2
E0 ≤
∫ψ µ (r )Y * (θ , ϕ )ψ µ (r )Y (θ , ϕ )r senθdrdθdϕ
* 2
∫ψ µ (r ) Hψ µ (r )r dr ∫∫ Y * (θ , ϕ )Y (θ , ϕ ) senθdθdϕ
* 2
E0 ≤
∫ψ µ (r )ψ µ (r )r dr ∫∫ Y * (θ , ϕ )Y (θ , ϕ ) senθdθdϕ
* 2
∫ψ µ (r ) Hψ µ (r )r
* 2
dr
E0 ≤ 0
∞
∫ψ µ (r )ψ µ (r )r
* 2
dr
0
• Independente do tempo:
- Caso não degenerado:
A equação de autovalores para o Hamiltoniano não perturbado é dada por:
H 0ψ n( 0) = E n( 0)ψ n( 0) .
Considera-se uma perturbação, somando ao hamiltoniano um termo que dê
contribuições muito menores para a energia que H 0 . Dessa forma, o hamiltoniano total é
dado pela soma do hamiltoniano não perturbado ( H 0 ) com o termo perturbativo ( H ' ):
H = H0 + H' .
É introduzido na equação acima um parâmetro ( λ ) de tal forma que a perturbação é
aplicada em termos desse parâmetro:
H = H 0 + λH ' .
A equação de Schrödinger para esse hamiltoniano é:
( H 0 + λH ' )ψ n = E nψ n
Vamos agora expandir a autofunção e o autovalor de energia em série de Taylor, em
termos do parâmetro λ :
∂ψ n ∂ 2ψ n λ2
ψ n = ψ n λ =0 + ⋅λ + ⋅ + ... e
∂λ λ =0 ∂λ2 λ =0 2!
∂E n ∂ 2 En λ2
En = En + ⋅λ + ⋅ + ...
λ =0
∂λ λ =0 ∂λ2 λ =0
2!
Será utilizada a seguinte notação:
1 ∂ kψ n
ψ n( k ) = para k = 1, 2, 3,...
k! ∂λk λ =0
1 d kψ n
E n( k ) = .
k ! dλ k λ =0
Para a energia é utilizada a derivada total porque ela depende somente do parâmetro
λ , ao contrário de ψ n que também depende das coordenadas espaciais. Utilizando essas
notações na expansão de Taylor, tem-se:
ψ n = ψ n( 0) + λψ n(1) + λ2ψ n( 2 ) + ...
E n = E n( 0 ) + λE n(1) + λ2 E n( 2) + ...
Substituindo as expansões em série de ψ n e E n na equação de Schrödinger
obtemos:
[ ] [ ]
( H 0 + λH ' ) ψ n( 0) + λψ n(1) + λ2ψ n( 2) + . = ( E n( 0) + λE n(1) + λ2 E n( 2) + ...) ψ n( 0) + λψ n(1) + λ2ψ n( 2) + ...
Vamos colecionar os termos em λ : n
- λ : H 0ψ n( 0) = E n( 0)ψ n( 0)
0
- 1ª ordem de perturbação, λ1 :
( H 0 − E n( 0) )ψ n(1) = ( E n(1) − H ' )ψ n( 0 )
Para encontrarmos as soluções para a primeira ordem de perturbação, vamos
expandir ψ n(1) no espaço de funções, usando ψ n( 0) como a base no espaço de funções:
ψ n(1) = ∑ a jψ (j0 ) .
j
⇒ ∑ a j ( H 0 − E n( 0) )ψ (j 0 ) = ( E n(1) − H ' )ψ n( 0) .
j
∑a
j
j ( E (j 0 ) − E n( 0 ) ) ∫ψ m( 0 )*ψ (j 0 ) dV = E n(1) ∫ψ m( 0 )*ψ n( 0 ) dV − ∫ψ m( 0 )* H 'ψ n( 0 ) dV ⇒
∑a
j
j ( E (j 0 ) − E n( 0 ) )δ mj = E n(1)δ mn − ∫ψ m( 0 )* H 'ψ n( 0 ) dV
- 2º Caso: m ≠ n .
Para m ≠ n , δ mn = 0 . Assim,
∫ψ H 'ψ n( 0 ) dV
( 0 )*
m
am =
E n( 0 ) − E m( 0 )
Conhecendo os coeficientes am , as autofunções para a primeira ordem de
perturbação podem ser determinadas pela igualdade:
ψ n(1) = ∑ a mψ m( 0) , com a n = 0 para que a condição de ortonormalidade das funções de onda
m
seja satisfeita.
- Segunda ordem na perturbação, λ2 :
Se for levada a expansão até a segunda ordem de perturbação, a equação de
Schrödinger a ser resolvida é:
H 0ψ n( 2) + H 'ψ n(1) = E n( 0)ψ n( 2) + E n(1)ψ n(1) + E n( 2 )ψ n( 0 )
Rearranjando a equação acima:
( H 0 − E n( 0) )ψ n( 2 ) = E n( 2 )ψ n( 0 ) + ( E n(1) − H ' )ψ n(1)
Da mesma forma realizada para a primeira ordem de perturbação, é feita a expansão
em série de Taylor das autofunções ψ n( 2 ) , ψ n( 2 ) = ∑ b jψ (j 0 ) . Substituindo a expansão na
j
∫ψ H 'ψ
( 0 )* (0)
m n dV
com a m = para n ≠ m e a n = 0 .
E n( 0 ) − E m( 0 )
Substituindo ψ n(1) na integral ∫ψ n( 0)*ψ n(1) dV obtemos a seguinte igualdade:
∫ψ Hψ
( 0 )*
' n( 0) dV H ' mn H ' nm
=∑ H 'ψ m( 0) dV = ∑
m
∫ψ
( 2) ( 0 )*
E n n ,
m≠n E ( 0)
n −E ( 0)
m m ≠n E n − Em
(0) (0)
E ( 2)
=∑
H ' mn
2
=∑
[∫ψ ( 0 )*
m Hψ
' n( 0) dV ]
2
=∑
[< ψ (0)
m H 'ψ n( 0) > ]
2
n
m≠n E n( 0) − E m( 0) m≠ n E n( 0) − E m( 0) m≠ n E (0)
n − E m( 0 )
• Exemplo 3.1:
- Determinar em termos da teoria de perturbação o estado fundamental (até 1ª ordem) do
p2 1 2
oscilador anarmônico descrito pelo hamiltoniano H = + kx + ax 4 . Considerar ax 4
2µ 2
como a perturbação.
- Resolução:
p2 1 2
- O hamiltoniano não perturbado é H 0 = + kx .
2µ 2
- O termo de perturbação a ser adicionado ao hamiltoniano original é H ' = ax 4 .
- A equação de Schrödinger para o hamiltoniano não perturbado é H 0ψ n( 0 ) = E nψ n( 0 ) e a
solução dessa equação para o oscilador harmônico é bem conhecida:
1
ξ2
1 α 2 − 1 1
1
ψ n (ξ ) = n
(0)
H n (ξ )e
2
e E n = n + hω = n + hν , com ξ = α 2 x e
2 n! π 2 2
2πνµ
α= .
h
4.1. Introdução:
Os compostos formados por dois átomos são chamados de moléculas diatômicas.
Dentre elas existem as moléculas homonucleares (formadas por átomos iguais) e as
moléculas heteronucleares (formadas por átomos diferentes).
Os átomos podem fazer dois tipos de ligações para formar a molécula, são elas:
- ligações iônicas: ocorrem entre átomos distantes na tabela periódica;
- ligações covalentes: ocorrem entre átomos próximos na tabela periódica.
Para que a molécula formada seja estável é preciso que sua energia seja menor que a
energia dos dois átomos separados.
• Exemplo 4.1:
Formação do NaCl – cloreto de sódio:
- Resolução:
1. Para ionizar o átomo de sódio, ou seja, para retirar um elétron desse átomo, é necessário
fornecer uma energia de 5,1eV;
2. A retirada de um elétron do átomo de cloro fornece uma energia de 3,8eV;
3. A união dos íons Na+ e Cl- fornece uma energia de 4,9eV.
4. Dessa forma, a formação do NaCl fornece um ganho de energia de 3,6eV.
5. Esquema:
Na Cl
+5,1eV -3,8eV
Na+ + e- Cl- - e-
-4,9eV
Na+Cl-
6. Dessa forma, a molécula de cloreto de sódio é estável já que ocorre um ganho de energia
de 3,6eV na formação da molécula.
• Exemplo 4.2:
Estimativa da energia eletrostática liberada na ligação Na++Cl- na aproximação de duas
°
cargas pontuais, sabendo que o raio médio da molécula de NaCl é R = 2,4 A .
- Resolução:
1 e2
1. A energia potencial para duas cargas pontuais é dada por V = − ;
4πε 0 R
9.10 9 (1,602.10 −19 ) 2
V =− J
2,4.10 −10
V = −6eV .
Obs.: Com essa aproximação a energia obtida é bem menor que o encontrado a partir de
dados fenomenológicos no exemplo anterior. Uma das causas é que, nesse exemplo, a
repulsão eletrostática entre os elétrons dos dois átomos não foi considerada.
- Espectros rotacionais:
L2
A energia cinética de rotação em torno de um eixo fixo é dada por: E c = , onde
2I
L é o momento angular e I é o momento de inércia.
Da quantização do momento angular tem-se a seguinte relação: L2 = l (l + 1)h 2 .
h2
Assim, E = l (l + 1) . Como l é o número quântico usado para o momento orbital
2I
atômico, vai ser trocado l por r para indicar que é a energia rotacional. Logo,
h2
E = r (r + 1) .
2I
A variação de energia na transição de r para (r – 1) é
h2 h2 h2 h2
∆E r = E r − E r −1 = r (r + 1) − r (r − 1) = (r + 1 − r + 1)r ⇒ ∆E r = r . Essa energia
2I 2I 2I I
deve ser igual à energia do fóton incidente, ou seja, ∆E r = hν . Assim,
2 2
h h c 1 h
r = hν → r = h . Então, = r.
I I λ λ 2πIc
1 h
O espaçamento entre os níveis de energia no espectro é dado por ∆ = ∆r .
λ 2πIc
1 h
A regra de seleção para o número quântico rotacional é ∆r = ±1 . Com isso, ∆ = .
λ 2πIc
Como o espaçamento entre os níveis energéticos é dependente só de constantes, o espectro
de rotação é sempre igualmente espaçado. Além disso, o espaçamento entre os níveis é
proporcional ao momento de inércia da molécula. Dessa forma é possível obter o valor do
1
momento de inércia a partir de medidas diretas de ∆ .
λ
• Exemplo 4.3:
O espaçamento entre as linhas do espectro rotacional da molécula de HCl é 2079,4m-1.
Determinar o momento de inércia dessa molécula e a distância entre os núcleos, sabendo
que mCl = 35u.m.a. e m H = 1u.m.a. .
- Resolução:
1. Momento de inércia:
h 6,626.10 −34
= 2079,4 → = 2079,4
2πIc (2π ) 2 .I .3.10 8
I = 2,66.10 −47 kg.m 2
2. O momento de inércia da molécula é dado por: I = µR02 , onde µ é a massa reduzida da
molécula e R0 é a distância entre os núcleos.
- Calculando a massa reduzida:
m × mH 1
µ = Cl × kg ⇒ µ = 1,62.10 −27 kg
mCl + m H 6,02.10 26
- Calculando R0 :
I
R0 = = 1,27.10 −10 m
µ
• Exemplo 4.5:
Determinar a diferença de energia entre o estado de mais baixa energia e o primeiro estado
excitado dos níveis vibracionais, sendo a constante elástica k = 470 N / m , mCl = 35u.m.a. e
m H = 1u.m.a. .
- Resolução:
1. ∆Eν = hω .
k
2. A freqüência de vibração pode ser escrita como ω = , onde µ é a massa reduzida da
µ
molécula de cloro. A massa reduzida já foi calculada num exemplo anterior e é
470
µ = 1,62.10 −27 kg . Dessa forma, ω = − 27
rad / s = 5,39.1014 rad / s .
1,62.10
6,626.10 −34
3. ∆Eν = .5,39.1014 J = 5,68.10 − 20 J , ou, ∆Eν = 0,36eV .
2π
Obs.: Essa energia é duas ordens de grandeza maior que o ∆E rotacional.
4.3. Energias em moléculas diatômicas:
A energia total das moléculas diatômicas é dada por:
∆E = ∆E e + (Eν′ − Eν′′ ) + (E r′ − E r′′ ) ,
onde o primeiro termo é eletrônico, os segundo termo é vibracional e o último termo é
rotacional.
e2 1 1 1 1 e2
Ve = − + + + +
4πε 0 rA1 rA 2 rB1 rB 2 4πε 0 r12
O primeiro termo dessa expressão é o termo de atração entre os elétrons e os dois núcleos,
cada uma das distâncias são indicadas na figura 4.1.. O segundo termo é de repulsão entre
os dois elétrons.
rA1 r12
rB2
R
rA2 Elétron2
Núcleo1
Figura 4.1: Esquema das distâncias envolvidas entre os dois átomos da molécula
diatômica.
h2 2 h2 2
H =− ∇1 − ∇ 2 + Ve + V N ,
2m 2m
onde o primeiro termo é o operador da energia cinética do elétron 1, o segundo termo é
referente a energia cinética do elétron 2 e os outros dois termos foram descritos
anteriormente, são eles a energia potencial eletrônica e a energia de repulsão nuclear.
• Exemplo 4.6:
Molécula de hidrogênio: H2.
Essa molécula possui dois elétrons. Sua função de onda é escrita como uma combinação
linear das funções de onda dos dois elétrons, como a seguir:
ψ = A(1) B(2) ± A(2) B(1) , onde A(1) é a função de onda do elétron (1) no átomo A e assim
sucessivamente.
4.9. Promoção:
A promoção é um fenômeno que ocorre, por exemplo, no átomo de carbono, onde
um elétron de um orbital atômico completo é promovido para um orbital mais distante do
núcleo e disponibilizado para fazer uma ligação.
Promoção:
1s2 2s1 2p3
Dessa forma, é devido à promoção que o átomo de carbono faz quatro ligações químicas.
4.10. Hibridização:
A hibridização é uma distorção que ocorre nos orbitais para os elétrons ficarem
disponíveis para fazer as ligações químicas e facilitar essas ligações.
- Hibridização sp3 carbono (CH4) metano;
- Hibridização sp2 eteno (H2C = CH2);
- Hibridização sp etino (HC ≡ CH).
- Normalização:
Para que a função de onda seja normalizada tem-se que:
∫ψ ψ dV = 1 .
*
± ±
V
Considerando A e B funções de onda reais, tem-se que:
∫ N ( A ± B)N ( A ± B)dV = N ∫ ( A ± B) dV =N ∫ ( A ± 2 AB + B )dV =
2 2 2 2 2
V V V
N 2 ∫ A 2 dV + ∫ B 2 dV ± 2 ∫ A.BdV = 1
V V V
Como A e B já estão normalizadas as integrais ∫ A 2 dV e ∫B
2
dV são iguais a 1 e a
V V
integral ∫ A.BdV é chamada de integral de overlap S que mede o quanto uma função de
V
onda está superposta a outra. Portanto,
N 2 (2 ± 2S ) = 1
1
N= .
2(1 ± S )
- Energia dos Orbitais:
- As energias dos orbitais moleculares podem ser escritas como:
h2 2 e2 1 1 e2 1
E ± =< H >= ∫ψ + Hψ + dV = ∫ N ( A ± B) − ∇ − + + N ( A ± B)dV =
V V 2m 4πε 0 rA rB 4πε 0 R
h2 2 e 2 1 1 e2 1
= N 2 ∫ ( A ± B ) − ∇ −
+ ( A ± B)dV + ∫ N 2 ( A ± B) 2 dV =
V 2m 4πε 0 rA rB 4πε 0 R V
h2 2 e2 1 h2 2 e2 1
= N 2 ∫ A− ∇ − AdV + N 2
∫ 2m
B − ∇ − BdV +
V 2m 4πε 0 rA V
4πε 0 rB
h2 2 e2 1 h2 2 e2 1
± N ∫ A −
2
∇ − BdV ± N ∫ B −
2
∇ − AdV +
V 2m 4πε 0 rB V 2m 4πε 0 rA
e 2 A2 e2 B2 e2 AB 2 e
2
BA e2 1
− N2∫ dV − N 2 ∫
4πε 0 V∫ rA 4πε 0 V∫ rB
dV m N 2 dV m N dV + .
V
4πε 0 rB V
4πε 0 rA 4πε 0 R
h2 2 e2 1 h2 2 e2 1
- As integrais ∫ 2m
V
A − ∇ −
4πε 0 rA
AdV e ∫ 2m
V
B − ∇ − BdV são iguais à
4πε 0 rB
energia do átomo de hidrogênio ( E H1s );
h2 2 e2 1
- A integral ∫ A− 2m ∇ − 4πε 0 rB BdV pode ser
V
escrita como
V
∫ AE H1s BdV = E H1s ∫ ABdV = E H1s S , onde S é a integral de overlap.
V
h2 2 e2 1
- Analogamente, a integral ∫ 2m
V
B − ∇ − AdV também é igual a EH1s S .
4πε 0 rA
e2 A2 e2 B 2
- As integrais ∫ 4πε 0 rB
V
dV e ∫ 4πε 0 rA dV são consideradas iguais devido à simetria do
V
problema e serão chamadas de integrais j.
e2 AB e2 BA
- Pela mesma razão, as integrais ∫
4πε 0 V rA
dV e ∫
4πε 0 V rB
dV são também consideradas
r + rB r −r
ξ = A
; η = A B ; ϕ = ϕ , onde R é a distância média entre os dois
R R
núcleos, sendo que para o átomo de hidrogênio R = 1,06 A ° .
- Os limites de integração dessas coordenadas são: 0 ≤ ϕ ≤ 2π , 1 ≤ ξ ≤ ∞ e − 1 ≤ η ≤ 1 . O
1
elemento de volume é dado por dV = R 3 (ξ 2 − η 2 )dξdηdϕ .
8
- Com isso, a integral de overlap pode ser escrita como:
2π ∞ −Rξ 1 R
R3 ∞
2πR 3 − a0 ξ 2
1 1
S= 3 ∫
d ϕ ∫ e a0
∫ ξ 2
(− η 2
d η )
d ξ S = 3 ∫
e ∫ ξ d η − ∫ η 2 dη
8πa 0 0 1 −1 8πa 0 1 −1 −1
R3 1 − ξ
∞ R ∞ R ∞ R
− ξ − ξ
R3 2
S = 3 ∫ e a0 2ξ 2 − dξ S = 2 3 ∫ ξ 2 e a 0 dξ − ∫ e a 0 dξ
4a 0 1 3 4a 0 1 31
R3 2 d 2 ∞ − aR ξ a 0 − a0
R
R3 d2 a − aR a − aR
0e 0 − 0 e 0
2 ∫
S= 3 a 0 e 0
dξ − e S= a 02
2a 0 dR 1 3R 2 a 03 dR
2 R 3R
R3 3 1 2 2 − a0 a 0 − a0
R R
R R2
R
− a0
S=
0 2
a + + e − e S =
a + 3a 2
1 + e .
2a 03 a 0 R a 0 R
2
R 3 3R 0 0
rA
−2
a0
1 e
j=∫ dV .
V πa 0
3
rB
Nesse caso, a integral j também será resolvida utilizando as coordenadas elípticas
R R
confocais, sendo que rA = (ξ + η ) e rB = (ξ − η ) . O elemento de volume
2 2
1 3 2
dV = R (ξ − η 2 )dξdηdϕ também pode ser escrito como
8
1
dV = R 3 (ξ − η )(ξ + η )dξdηdϕ Com isso temos:
8
2π 1 − R η ∞ − R ξ 1 − R η ∞ R
− ξ ∞ − Rξ
R2 R2
( )
4πa 03 ∫0 −∫1 ∫ 2a 03 −∫1 ∫ ∫1
j= d ϕ e a0
e a0
ξ + η dξ d η j = e a0
ξe a0
d ξ + η e a0
d ξ dη
1 1
1 − Rη
d − a 0 ξ
∞ R ∞ −Rξ
R2
2 a 03 −∫1 dR ∫1 ∫1
j= e a0
− a e d ξ + η e a0
d ξ dη →
0
R2
1 −
R
η d a 0 − a0
R
−
R
+ η a 0 e a0 dη →
→ j= ∫e − a 0
a0
e
2 a 03 −1 dR R
R
R R
a0 a 0 a
1 − η 2
R 2 − a0 a0
→ j= 3
e ∫e 2 + + η 0 dη →
2a0 −1 R R R
R 2 − a0
R
a 2 a 1 − aR η a 0 1 − a 0 η
R
R −∫1 R −∫1
→ j= 2 + e dη + ηe dη →
0 0
e 0
2 a 03 R
R 2 − a0
R
a 2 a a − R a R a2 d 1 −
R
η
0 − 0
→ j= 2 + − 0 e a 0 + 0 e a0 ∫e dη →
0 a0
e
2 a 03 R R R R R dR
−1
R 2 − a0
R
a 3 a 2 − R a 3 a 2 a0 a 02 a 0
R R
1 − a0 a 0 1 a0
R
→ j= − 3 + 2 e 0 + 3 + 2 e − + + − + →
a
e 0 0 0 0
e e
2 a 03 R R R R R R 2 R R
2
R
R2 a 3 a 2 − 2 aR a 3 a 2 a 3 a 2 − 2 aR a 3 a 2
→ j= − 3 + 2 e 0 + 3 + 2 − 3 + 2 e 0 + 3 − 2 →
0 0 0 0 0 0 0 0
2 a 03 R R R R R R R R
R2 a 3 a 2 − 2 aR a 03
→ j= 0 0
− 2 3 + 2 e 0
+2 3→
2 a 03 R R R
R
1 1 1 − 2 a0
j = − + e
R R a0
R
2. Utilizando as coordenadas elípticas confocais tem-se: rA = (ξ + η ) , rA + rB = Rξ e
2
1 3
dV = R (ξ − η )(ξ + η )dξdηdϕ . Logo:
8
2π ∞ R ∞ R
AB R2 − ξ 1 AB R2 − ξ
∫ dV = ∫ dϕ ∫ e ∫ (ξ − η )dη dξ ∫ dV = 3 ∫ ξe a0 dξ
a0
V
rA 4πa 03 0 1 −1 V
rA a0 1
∞ R R
AB R2 d − ξ
AB 1 R − a0
∫V rA = − ∫ dξ ∫ dV = 1 + e .
a0
dV 3
( a 0 ) e
a0 dR 1 V
rA a0 a0
5. Portanto,
R
e2 1 R − a0
k= 1 + e
4πε 0 a 0 a0
A2
• Exemplo 4.13: Cálculo da ∫
V
rA
dV .
rA
−
1
Sendo A = e a0
, temos:
(πa 03 )1 / 2
rA
−2
2 a0
A 1 e
1. ∫r
V A
dV =
πa 03 V∫ rA
dV . Esta integral pode ser resolvida diretamente por coordenadas
esféricas.
2. O elemento de volume em coordenadas esféricas é dV = r A dr A sen θ d θ d ϕ .
2
rA
−2 rA
∞ π 2π ∞
A 2
1 e a0
4π − 2
3. ∫ dV = 3 ∫ rA2 drA ∫ senθdθ ∫ dϕ = 3 ∫ e a0 rA drA .
V A
r πa 0 0 rA 0 0 πa 0 0
4. Resolvendo a integral acima por partes tem-se:
r ∞ rA rA ∞
A2 4 a0 −2 A a 0 ∞ − 2 a0 4 a 0 a 0 − 2 a0 4 a0
2
∫ rA dV = a03 − 2 rA e + ∫e drA = 3 − e =
a0
.
2 0 a0 2 2 a 3 4
V
0 0
0
6. Portanto,
A2 1
∫V rA dV = a0
- Orbitais ligantes: ψ = N ( A + B ) .
Nesses orbitais a nuvem eletrônica fica mais densa na região entre os dois átomos,
ocorrendo uma interferência construtiva. Nessa região é necessário somar as duas funções
de onda A e B, fazendo com que a probabilidade de encontrar o elétron entre os dois átomos
aumente. Esse aumento permite que os átomos fiquem blindados e que, consequentemente,
a repulsão entre os núcleos diminua o que permite a ligação para formar moléculas.
- Orbitais antiligantes: ψ = N ( A − B ) .
Nesses orbitais a nuvem eletrônica fica mais tênue (chegando à zero) na região entre
os dois átomos, ou seja, ocorre uma interferência destrutiva. Esses orbitais desfavorecem a
ligação química já que a densidade de probabilidade de encontrar o elétron chega a zero na
região entre os átomo A e B.
4.12. Níveis de Energia:
No caso de moléculas, os diagramas dos níveis de energia são preenchidos da seguinte
forma:
- Para cada orbital ligante existe um orbital antiligante, porém o orbital ligante é preenchido
primeiro.
- O orbital σ ligante é representado por σ e o orbital σ antiligante é representado por σ*. A
mesma notação é utilizada para os orbitais π.
- Os orbitais σ e π podem ser preenchidos por até dois elétrons sendo que estes devem ter
spins contrários.
2σ*
1s1 1s1
E
H 1σ H
H2
1
- A ordem de ligação, nesse caso, é dada por: b = (2 − 0) = 1. Logo a molécula é estável e
2
formada por ligação simples: H-H.
1s2 1s2
E
He 1σ He
He2
1
- A ordem de ligação é b = (2 − 2) = 0 . Como há o mesmo número de elétrons nos
2
orbitais ligantes e antiligantes, essa molécula não é estável.
- Diagrama:
2σ*
1s2 1s2
E
H 1σ H
H 2+
1
- Ordem de ligação: b = (1 − 0) = 1 .
2 2
4σ*
2π*
1
- Ordem de ligação: b = (8 − 4) = 2 . Logo, a molécula de O2 é formada por uma dupla
2
ligação: O=O.
2π*
2p4 2p4
1π
3σ
E
*
2σ
2s2 2s2
1
- Ordem de ligação: b = (8 − 6) = 1 . Logo, a molécula de Flúor á formada por uma ligação
2
simples: F-F.
Existem algumas exceções em que a ordem com que os orbitais são preenchidos não
é a mesma descrita nas moléculas de O2 e F2. Algumas dessas exceções são as moléculas de
Li2, Be2, B2, C2 e N2. A estrutura geral dessas moléculas é descrita na figura a seguir:
2π*
2p 2p
3σ
1π
E
2σ*
2s 2s
1σ
4σ*
• Exemplo 4.19: Molécula de N2.
- O número atômico do nitrogênio é 7 e sua configuração eletrônica é 1s22s22p3. Assim esse
átomo tem 5 elétrons em sua camada de valência e, portanto há 10 elétrons para serem
distribuídos no diagrama de níveis de energia da molécula de N2.
- Diagrama:
4σ*
2π*
2p 2p
3σ
1π
1
- Ordem da ligação: b = (8 − 2) = 3 . Portanto, a molécula de N2 é formada por uma tripla
2
ligação N ≡ N.
- Obs.: No caso da molécula de N2+, haveria um elétron a menos no orbital 3σ e a ordem de
1
ligação para essa molécula é b = (7 − 2 ) = 2,5 .
2
1. Paridade Símbolo
Par g
Ímpar u
2. Termos: Σ, Π, ∆...
Λ = 0,1,2... momentos angulares associados ao eixo de rotação.
λ 1 elétron.
• Exemplo 4.21:
- elétron no orbital π ( λ = ±1 ) Π;
λ=0 Σ
- 2 elétrons no orbital π
λ = 2 ∆
• Exemplo 4.22: símbolo de O2:
- Diagrama: Pelo diagrama de níveis de energia feito no exemplo 4 desta aula, é utilizado
para notação somente os níveis que estão incompletos.
- Notação: 3 Σ −g .
- Molécula Homonuclear: ψ MO = N (ψ A ± ψ B ) .
- Molécula Heteronuclear: ψ MO = c Aψ A + c Bψ B . No caso dessas moléculas tem que haver
um peso diferente para cada átomo, pois o peso tem haver com a eletronegatividade do
átomo: o átomo mais eletronegativo tem um peso maior.
4.16.Orbital Molecular:
A função teste para o orbital molecular é escrita como uma combinação linear das
funções de onda dos orbitais atômicos: ψ MO = c Aψ A + c Bψ B . Agora iremos aplicar o
método variacional nessa função que consiste no cálculo da energia
∫V ψ MO Hψ MO dV
*
ψ MO dV = ∫ (c Aψ A + c Bψ B ) (c Aψ A + c Bψ B )dV = ∫ (c Aψ A + c Bψ B ) dV =
2
∫ψ
* *
MO
V V V
= ∫ c ψ dV + ∫ 2c A c Bψ Aψ B dV + ∫ c ψ dV = c
2
A
2
A
2
B
2
B
2
A ∫ψ
2
A dV + c B2 ∫ψ B2 dV + 2c A c B ∫ψ Aψ B dV .
V V V V V V
∫ψ ψ MO dV = c A2 + c B2 + 2c A c B S
*
MO
V
∫ψ
*
MO Hψ MO dV = ∫ (c Aψ A + c Bψ B )H (c Aψ A + c Bψ B )dV =
V V
= c A2 ∫ψ A Hψ A dV + c B2 ∫ψ B Hψ B dV + c A c B ∫ψ A Hψ B dV + c B c A ∫ψ B Hψ A dV .
V V V V
∂E
- Minimizando a energia com relação ao parâmetro c A : = 0:
∂c A
( ) (
∂E (2c Aα A + 2c B β ) c A2 + c B2 + 2c A c B S (2c A + 2c B S ) c A2 α A + c B2 α B + 2c A c B β
= − 2
)
=
∂c A (
c A2 + c B2 + 2c A c B S
2
) ( )(
c A + c B2 + 2c A c B S c A2 + c B2 + 2c A c B S )
2(c α + c B β ) 2 E (c A + c B S )
= 2 A2A − 2 = 0.
c A + c B + 2c A c B S c A + c B2 + 2c A c B S
- Portanto:
c Aα A + c B β − Ec A − Ec B S = 0 ;
c A (α A − E ) + c B (β − ES ) = 0 (eq. 1)
∂E
- Minimizando a energia com relação ao parâmetro c B : = 0:
∂c B
∂E (2c Bα B + 2c A β )(c A2 + c B2 + 2c A c B S ) (2c B + 2c A S )(c A2 α A + c B2 α B + 2c A c B β )
= − 2 =
∂c B (c A2 + c B2 + 2c A c B S )2 (c A + c B2 + 2c A c B S )(c A2 + c B2 + 2c A c B S )
2(c Bα B + c A β ) 2 E (c B + c A S )
= − 2 = 0.
c + c B + 2c A c B S c A + c B2 + 2c A c B S
2
A
2
- Portanto:
c Bα B + c A β − Ec B − Ec A S = 0 ;
c A (β − ES ) + c B (α B − E ) = 0 (eq. 2)
c A (α A − E ) + c B (β − ES ) = 0
c A (β − ES ) + c B (α B − E ) = 0
- Para que esse sistema tenha solução não trivial é necessário que o determinante dos
coeficientes seja igual a 0. Logo:
α A − E β − ES
= 0.
β − ES α B − E
- Resolvendo o determinante temos:
(α A − E )(α B − E ) − (β − ES )2 = 0 .
- Uma outra equação que relaciona os parâmetros c A e c B sai da condição de
normalização:
∫ψ MOψ MO dV = 1 ⇒ c A + c B + 2c A c B S = 1 . (eq. 3)
* 2 2
mesmos átomos, α A = α B = α .
- Então, o determinante escrito anteriormente pode ser reescrito da seguinte forma:
α − E β − ES
= 0.
β − ES α − E
- Resolvendo o determinante tem-se:
(α − E )2 − (β − ES )2 = 0 .
- Vamos agora rearranjar essa equação:
( )
α 2 − 2αE + E 2 − β 2 + 2 βES − E 2 S 2 = 0 → 1 − S 2 E 2 + 2(βS − α )E + α 2 − β 2 = 0 .
- Resolvendo essa equação do segundo grau em E:
E= ;
2(1 − S 2 )
− 2(βS − α ) ± 4(β − αS ) − 2(β S − α ) ± 2(β − αS )
2
E= = ;
2(1 − S )
2
2(1 − S 2 )
− (β S − α ) ± (β − α S )
E= .
(
1− S 2 )
- Com isso, temos duas opções para a energia:
− βS + α + β − αS β (1 − S ) + α (1 − S ) α+β
1. E + = = ⇒ E+ = .
(1 − S )
2
(1 − S )(1 + S ) 1+ S
− βS + α − β + αS − β (1 + S ) + α (1 + S ) α −β
2. E − = = ⇒ E− = .
(
1− S 2
) (1 − S )(1 + S ) 1− S
(β − αS )2 (1 + S )2 (β − αS ) (1 + S ) S + 1 = 1 ⇒ c 2 (β − αS )2 − 2 (β − αS ) S + 1 = 1
c B2 − 2 B
(1 + S ) (αS − β )
2 2
(1 + S ) (αS − β ) (αS − β )
2
(αS − β )
(β − αS ) − 2 S (β − αS )(αS − β ) + (αS − β )
2 2
2 2(αS − β ) + 2 S (αS − β )
2 2
c B2 = 1 ⇒ c =1
(αS − β )2
B
(αS − β )2
1
c B2 (2 + 2 S ) = 1 ⇒ c B = . (eq. 8)
2(1 + S )
- Substituindo (6) e (7) em (4), obtém-se a seguinte equação para c A :
− (β − ES ) (β − αS ) (1 + S ) c
cA = cB ⇒ c A = −
αA − E (1 + S ) (αS − β ) B
∴ c A = cB
- Finalmente, os resultados obtidos foram:
1 1
c A = cB = e ψ MO = (ψ A + ψ B ) .
2(1 + S ) 2(1 + S )
- Esse resultado obtido a partir do método variacional é o mesmo da teoria do orbital
molecular, onde a função de onda do orbital molecular foi escrita como uma combinação
linear das funções de onda dos orbitais atômicos.
• Exercício 4.1:
α −β
Determinar c A e c B para uma molécula homonuclear quando E = E − = . (Resp.:
1− S
1 1
c A = −c B ; c A = ;ψ MO = (ψ A − ψ B ) )
2(1 − S ) 2(1 − S )
• Exemplo 4.24:
Quando dois átomos apresentam afinidades eletrônicas bem diferentes como, por
exemplo, o hidrogênio e o flúor, o elétron fica a maior parte do tempo “capturado” pelo
átomo de maior afinidade eletrônica. Dessa forma, a integral de overlap é praticamente
zero. Nesse exemplo vamos considerar, portanto, S ≅ 0 .
- Se S = 0, o determinante pode ser reescrito como:
αA − E β
= 0.
β αB − E
- Resolvendo esse determinante obtemos a seguinte equação:
(α A − E )(α B − E ) − β 2 = 0 ⇒ α Aα B − α A E − α B E + E 2 − β 2 = 0
E 2 − (α A + α B )E − β 2 + α Aα B = 0 .
- A energia pode ser obtida resolvendo essa equação do segundo grau. Logo:
(α A + α B ) ± (α A + α B )2 − 4(− β 2 + α Aα B )
E= ;
2
1
E± = α A + α B ± (α A − α B )2 + 4β 2 .
2
1 2β
- Escrevendo as energias de uma forma mais compacta, onde ξ = arctg ,
2 α B − α A
obtém-se:
E + = α B + β cot gξ ⇒ ψ + = ψ A cos ξ + ψ B senξ ;
E − = α A − β cot gξ ⇒ ψ − = −ψ A senξ + ψ B cos ξ .
- Quanto mais próximos estiverem α A e α B , maior será o efeito obtido.
- α A e α B são as energias do elétron nos átomos A e B, respectivamente, que podem ser
entendidos como a energia de ionização do átomo.
- β = −1eV
- O orbital dominante do flúor é aquele com energia mais próxima à do átomo de
hidrogênio. Quando essas energias são iguais temos o chamado orbital ressonante.
- Resolução:
1 2β 2β 2.1 2
ξ = arctg ⇒
= tg (2ξ ) = = = 0,4
2 αB −α A αB −αA − 13,6 − (−18,6) 5
∴ ξ = 10,9°
- E + = α B + β cot gξ ⇒ ψ + = ψ A cos ξ + ψ B senξ
- E + = −18,8eV ⇒ ψ + = 0,19ψ H = 0,98ψ F . (Orbital ligante).
Como pode ser visto no exemplo 3.5, as funções de onda ficam muito mais
complexas que no caso de moléculas diatômicas. Por isso, vamos trabalhar com estruturas
mais “simples”, como as cadeias de carbono. Mesmo assim, são necessárias algumas
simplificações. São elas:
1. A contribuição do hidrogênio é homogênea em toda a cadeia. Com isso, só vai
contribuir para as funções de onda moleculares os orbitais atômicos dos átomos de
carbono;
2. Vamos olhar somente para as ligações π, pois as ligações σ são consideradas fixas
na cadeia.
∂E
E= =0 e = 0.
∫ Ψ *
Ψ dV ∂ c A ∂c B
V
- Formalmente, o problema a ser resolvido é idêntico ao da molécula homonuclear, porém
deve ser lembrado que existem diversas aproximações por detrás dessas equações.
- O determinante, nesse caso, pode ser escrito como:
α − E β − ES
= 0.
β − ES α − E
- Determinante:
α−E β AB − ES AB β AC − ES AC β AD − ES AD
β BA − ES BA α−E β BC − ES BC β BD − ES BD
= 0,
β CA − ES CA β CB − ES CB α −E β CD − ES CD
β DA − ES DA β DB − ES DB β DC − ES DC α−E
onde os índices indicam os átomos envolvidos, como por exemplo, β AB = ∫ψ A Hψ B dV .
V
Mesmo com as aproximações já feitas, o determinante a ser resolvido ainda é muito
complexo. Por isso ainda vai ser necessário lançar mão de novas aproximações.
2π*
LUMO
1π HOMO
α−E β 0 0
β α−E β 0
= 0.
0 β α−E β
0 0 β α−E
- Usando o método dos cofatores para resolver o determinante temos:
α −E β 0 β β 0
(α − E ) β α − E β + β 0 α − E β = 0
0 β α −E 0 β α−E
x=
(α − E )2 , obtendo a seguinte equação:
β2
x 2 − 3x + 1 = 0 .
3± 5
- Essa equação possui as raízes x = .
2
2π E = α + 0,62β HOMO
1π E = α + 1,62 β
- A energia total da molécula é duas vezes a energia do orbital 1π mais duas vezes a energia
do orbital 2π, pois há dois elétrons em cada um deles. Ou seja,
E = 2(α + 1,62β ) + 2(α + 0,62 β ) = 4α + 4,48β .
- Vamos fazer uma comparação entre essa energia e a energia de duas moléculas de eteno
separadas que são duas ligações π independentes. O eteno, como mostrado em exemplos
anteriores tem a energia dada por: E = 2(α + β ) . Então, a energia de duas moléculas de
eteno é E = 4α + 4 β . Essa energia é 0,48 β maior que a energia da molécula de butadieno.
Com esse resultado conclui-se que é mais vantajosa, do ponto de vista energético, a
formação de macromoléculas, pois como a energia é menor a molécula é mais estável. Do
ponto de físico essa vantagem está associada à deslocalização do elétron (maior incerteza
na posição). De acordo com o principio da incerteza, se a incerteza na posição é maior, a
incerteza no momento é menor, assim a macromolécula tem menor energia cinética com a
mesma energia potencial e a energia total é menor.
- A diferença de energia entre o butadieno e as duas ligações π independentes é chamada de
energia de deslocalização. Nesse caso temos:
E deslocalização = 0,48β .
- Para o butadieno: E deslocalização = −36 KJ / mol .
3π* E = α − 2β LUMO
2π E = α HOMO
1π E = α + 2β
- A energia da molécula de ciclobutadieno é, então:
E = 2(α + 2 β ) + 2α = 4α + 4 β .
- Comparando essa energia com a energia de dois etenos independentes ( E = 4α + 4β ),
não há qualquer diferença entre elas. Assim, do ponto de vista energético, não é vantagem a
formação do ciclo. Na verdade, o ciclobutadieno deve ter energia um pouco maior devido a
maior repulsão eletrostática.
α−E β 0 0 0 β
β α−E β 0 0 0
0 β α −E β 0 0
=0
0 0 β α−E β 0
0 0 0 β α−E β
β 0 0 0 β α−E
4.20.Isolantes e semicondutores:
Como foi visto anteriormente, com o aumento do número de carbonos na cadeia
aumenta o número de níveis energéticos, pois a ordem do determinante e da equação a ser
resolvida tem relação com o número de átomos. Assim se a cadeia de carbono tiver um
número n → ∞ de átomos é formada uma banda de energia onde os níveis de energia ficam
muito próximos e aproximadamente contínuos.
A capacidade de n bandas é de 2n elétrons. O nível de energia que separa os níveis
ocupados dos níveis não ocupados é chamado de nível de Fermi. Abaixo do nível de Fermi
os níveis estão todos ocupados, consequentemente, os elétrons estão emparelhados e sem
mobilidade.
Em algumas moléculas as bandas sofrem descontinuidade e um gap de energia separa a
banda de valência (orbital σ) da banda de condução (orbital π). Se esse gap for muito
1s2
grande a energia necessária para o elétron saltar da banda de valência para a de condução é
muito grande. Esse tipo de material é chamado de isolante. Já se o gap for menor o salto é
possível. Nos materiais semicondutores um material dopante é colocado para que os
elétrons possam vencer a barreira de energia.