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Química 11ª Classe

Curso Técnico de Saúde-Lubango

1. NÚMEROS QUÂNTICOS
O movimento do eletrão ao redor do núcleo foi descrito por Schrödinger, em 1927, através
de uma equação matemática que relaciona a natureza corpuscular (partícula), a energia,
a carga e a massa do eletrão. As soluções numéricas para essa equação, denominados
números quânticos, permitem que cada eletrão seja caracterizado pela sua quantidade
de energia. A caracterização de cada eletrão é feita por quatro números quânticos:
Principal, Secundário, Magnético e Spin.

Isto significa que, os números quânticos são números que servem para identificar
qualquer eletrão de um átomo.

1.1. Número quântico principal (n)- é o número primordial na determinação da energia de


um eletrão. Representa o nível de energia do eletrão, isto é, indica o nível de energia e a
distância dos eletrões ao núcleo. Como os elementos conhecidos atualmente contém
eletrões até o sétimo nível de energia, utilizaremos apenas estes sete valores do número
quântico.principal.
n=1,2,3,4,5,6,7.

Camadas K L M N O P Q

Número Quântico Principal (n) 1 2 3 4 5 6 7

Ex1: Um electrão com n =5 estará mais afastado do núcleo e terá mais energia que um
electrão com n =2.

Ex2: Um electrão com n = 3 estará na terceira camada e possuirá menos energia que outro
electrão com n =7, que estará na sétima camada.

1.2. Número quântico secundário, azimutal ou angular (ℓ)- indica a forma do


orbital, e representa os subníveis de energia, já que um nível de energia está
subdividido em subníveis. Os seus valores dependem de n, isto é, ℓ= n – 1, e
podem ir de 0 até n – 1.

Orbital é a região do espaço à volta do núcleo onde há maior probabilidade de se


encontrar um determinado eletrão.

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Os orbitais têm formas geométricas variadas, que podem ser determinadas por equações
matemáticas. Os níveis de energia podem ter mais de uma forma de orbital, cada uma
designada por um subnível, representado pelas letras minúsculas s, p, d, f, g, h, etc.

Portanto, Número quântico secundário ou azimutal assume os valores 0, 1, 2 e 3, que


habitualmente são designados pelas letras s, p, d, f, respectivamente.

O número máximo de eletrões, em cada subnível, é dado pela equação 𝟐(𝟐𝓵 + 𝟏)

Subníveis ℓ Número máximo de eletrões em cada subnível

s 0 2(2 . 0 + 1) = 2

p 1 2(2 . 1 + 1) = 6

d 2 2(2 . 2 + 1) = 10

f 3 2(2 . 3 + 1) = 14

1.3. Número quântico magnético (m ou mℓ) - representa o nº de orbitais em cada subnível


e indica a orientação espacial do orbital. Os valores do número quântico magnético
dependem de ℓ e vão desde –ℓ até +ℓ, passando pelo valor 0, são números inteiros.

Portanto, o número quântico magnético indica o número de orbitais existentes em um


subnível.

Subnível Valor de ℓ Valores de m № de orbitais

S 0 0 1

p 1 -1, 0, +1 3

d 2 -2, -1, 0, +1, +2 5

F 3 -3, -2, -1, 0, +1, +2, +3 7

Como notamos, cada valor de m indica a existência de 1 orbital. Cada orbital recebe a
mesma letra do subnível correspondente. Assim:

Subnível s 
 1 orbital s

Subnível p 
 3 orbitais p

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Subnível d 
 5 orbitais d

Subnível f 
 7 orbitais f

Ex1: Para ℓ = 0 => m = 0; para ℓ= 1 => m = -1, 0, + 1 (m = 0 indica apenas um orbital com
simetria esférica e m = -1, 0, +1, indica 3 orbitais orientados segundo os eixos x, y e z).

Ex2: Para n = 4, tem-se n = 1, n = 2, n = 3 e n = 4.

Logo:

ℓ =0; 1; 2; 3, temos 4 subníveis s, p, d, f.

Quando ℓ =0; m = 0 ----------------------------------tem-se 1 orbital s.

Quando ℓ =1; m = -1;0; +1--------------------------tem-se 3orbitais p.

Quando ℓ =2; m = -2; -1;0; +1; +2---------------tem-se 5 orbitais d.

Quando ℓ =3; m = -3; -2; -1;0; +1; +2; +3-----tem-se 7 orbitais f.

Então quando n = 4-----------------------------------------------------------tem-se 16 orbitais

Vejamos agora quantos eletrões podem ser encontrados em um nível. O cientista sueco
Johannes Robert Rydberg (1854-1919) determinou, teoricamente, que o número máximo
de eletrões por nível é dado por 2n2, em que n é o nível de energia. Assim, para os sete
níveis, podemos montar o quadro que se segue:

Camada Nível Número máximo Número de Subnível


de electrões orbitais
K 1 2.12 = 2 1 s
L 2 2. 22 =8 4 sp
M 3 2. 32 = 18 9 spd
N 4 2. 42 = 32 16 spdf
O 5 2. 52 = 50 25 spdfg
P 6 2. 62 = 72 36 spdfgh
Q 7 2. 72 = 98 49 spdfghi

Os subníveis em negrito na tabela existem em teoria, pois os elementos até hoje


conhecidos não possuem tantos eletrões a ponto de preencher esses subníveis. Essa
tabela foi construída segundo um desenvolvimento teórico. Na prática, para os elementos
conhecidos, o que ocorre é o seguinte:

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Nível Número de Subnível Número de


orbitais electrões
1 1 s 2
2 4 sp 8
3 9 spd 18
4 16 spdf 32
5 16 spdf 32
6 9 spd 18
7 1 s 2

1.4. Número quântico Spin (representa-se por s ou ms)


Os três números quânticos estudados, n, ℓ e m, servem para estabelecer a probabilidade
da posição do eletrão no espaço e também a da energia. No entanto, a prática provou que
o eletrão tem um campo magnético intrínseco e isto deu origem a um quarto número
quântico, o número quântico de Spin ou rotacional, simbolizado pela letra S. O valor do Spin
do eletrão pode ser -1/2 ou +1/2 e pode ser também representado por setas: ↑↓, em que
uma indica o sinal - e a outra o sinal +.

Portanto, o número quântico Spin representa a rotação do electrão.

Representa, por convenção, um electrão com Spin negativo (ms= -½)

Representa, por convenção, um eletrão com Spin positivo (ms= +½)

O estado do eletrão no átomo que se caracteriza por valores determinados dos números
quânticos n, ℓ , m, isto é, pela dimensão, forma e localização no espaço da nuvem
electrónica, denomina-se orbital atómica.

2. PRINCÍPIO DE EXCLUSÃO DE PAULING. PREENCHIMENTO DOS


ORBITAIS.
Para caracterizar o estado de um eletrão num átomo polieletrônicos (átomo que tem mais
de um eletrão) tem grande importância a tese formulada por Wolfgang Pauli (1901-1958),
conhecido por Princípio de exclusão de Pauling.

Este princípio estabelece que, em um orbital poderão existir, no máximo, dois eletrões que
devem possuir spins contrários. O seu enunciado é:‘‘Num mesmo átomo não existem
dois eletrões com os quatro (4) números quânticos iguais.’’

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Daí se segue que cada orbital atómica que se caracterize por determinados valores de n, ℓ
, m, pode ser ocupada no máximo por dois eletrões com spins opostos ou antiparalelos.
Esses dois electrões, que se encontram numa mesma orbital e possuem spins opostos (isto
é, comportamentam-se como tendo rotações em sentidos opostos), chamam-se
emparelhados, diferentemente do eletrão isolado (isto é, desemparelhado) que ocupa
uma orbital qualquer.

Baseando-se neste princípio e nos valores possíveis dos números quânticos podemos
determinar o número máximo de eletrões em cada nível e subnível.

Ex1: Para os 1º e 2º níveis, teremos:

Números Quânticos Número Máximo de


electrões

N ℓ M S
Em cada Em cada
Nº de Nº de Spin dos dois subnível nível
Níveis Valores Valores
subníveis orbitais 2e-/Orbital

1 0 (s) 1 0 1(s) -½ +½ 2 2

0 1(s) -½ +½ 2

0 (s) +1 -½ +½
2 2 8
1 (p) 0 3(p) -½ +½ 6

-1 -½ +½

Ex2: A seguir tem-se outra demonstração do Princípio de Pauli, usando os quatro nº


quânticos, para n = 1.
Se n=1, então ℓ = n-1
Logo:
n=1 n=1

ℓ =0 ℓ=0

m=0 m=0

S=-½ S =+½

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3. REGRA DA MÁXIMA MULTIPLICIDADE OU DE HUND.

Esta regra conhecida com o nome de regra de Hund, estabelece que os eletrões
correspondentes a um mesmo subnível tendem a ocupar um nº máximo de orbitais; ou seja,
“o preenchimento dos orbitais de um mesmo subnível deve ser feito de modo que
tenhamos o maior número possível de eltrões isolados, isto é, desemparelhados.”

Este facto, comprovado na prática, deve-se a que as estruturas completas, ou seja, as que
têm todos os orbitais ocupados por dois eletrões, e as estruturas semipreenchidas, isto é,
as que possuem em cada subnível o maior número de eletrões não emparelhados
apresentam maior estabilidade que qualquer outra.

Ex: Para o subnível p com três (3) eletrões, as duas possibilidades de preenchimento dos
três orbitais, são:

↓↑ ↑ ↑ ↑ ↑
ou
px py pz px py pz
A última é a mais estável pois é semipreenchida, portanto, está de acordo com regra de
Hund.

 Subníveis de energia

O factor determinante na colocação do eletrão em uma região da eletrosfera é a sua


quantidade de energia.
Definição – É o conjunto de orbitais que possuem eletrões com a mesma energia. É o
conjunto de orbitais de mesma energia.

Representação dos subníveis:

Subnível s

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Possui apenas um orbital que é do tipo s. As orbitais s são esferas concêntricas ao núcleo;
correspondem ao subnível s e estão presentes em todos os níveis de energia.

Pode conter no máximo 2 eletrões.


Forma espacial esférica

Subnível p

Possui três orbitais do tipo p, têm forma alongada, do tipo duplo-ovóide. Pode conter no
máximo 6 eletrões Na constituição do subnível p, os três orbitais se distribuem no espaço
de tal maneira que formam entre si ângulos de 90°, são representados sobre 3 eixos
designados pelas letras X, Y, Z .No cruzamento dos 3 eixos fica o Núcleo.

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Subnível d

Possui cinco orbitais, pode conter no máximo 10 eletrões.

Subnível f

Possui sete orbitais, pode conter no máximo 14 electrões.

As orbitais d e f, possuem formas geométricas complexas, respectivamente, com cinco e


sete orientações, correspondentes aos subníveis d e f.

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À medida que aumenta o nº de níveis, a diferença de energia vai diminuindo entre eles, o
que faz com que os subníveis mais energéticos de um nível possuam maior conteúdo
energético que os subníveis menos energéticos do nível seguinte.

4. CONFIGURAÇÃO ELECTRÓNICA DOS ELEMENTOS PELA NOTAÇÃO


NℓX (DISTRIBUIÇÃO DOS ELECTRÕES NOS ÁTOMOS E NOS IÕES)

Devido à grande dificuldade de saber a posição do eletrão na eletrosfera, a preferência é


identificá-lo pelo seu conteúdo energético. Calculando a energia para todos os subníveis,
chegamos ao seguinte diagrama:

O químico norte-americano Linus Carl Pauling (1901-1992) criou um dispositivo prático


que nos dá a ordem crescente de energia dos subníveis. Veja:

Esse dispositivo recebe o nome de diagrama de Pauling: para obter os subníveis na ordem
crescente de energia, basta seguir a indicação das setas, começando pelo 1s.

Existe uma tendência natural de procurar situações de menor energia; isso porque, dessa
forma, a estabilidade é maior.

Menor energia → maior estabilidade

Com os eletrões também é assim. Na eletrosfera, eles ocupam as posições de menor energia.
A sequência de ocupação segue, portanto, a ordem crescente de energia dos subníveis. Essa

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sequência é chamada de distribuição electrónica ou configuração electrónica, e é feita


segundo o diagrama de Pauling.

Vejamos alguns exemplos (lembre-se de que, para os átomos eletricamente neutros, Z = p =


e):

Ex1: Hidrogénio, 1H 1s1


Ex2: A distribuição electrónica do elemento Boro (Z=5), é: 5B 1s22s22p1.
Trata-se portanto, da Distribuição Electrónica Pela Notação nℓx. Nesta notação n
representa o nível, ℓ o subnível e x o nº de eletrões. Por exemplo: 3p5 significa, subnível p
no 3º nível de energia com 5 eletrões.

 Conforme a explicação anterior, ao realizar a distribuição electrónica devemos


atender ao cumprimento da regra de Hund.
Ex3: Para o Carbono (Z=6), tem-se: 6C 1s22s22p2 , aplicando a regra de Hund tem-se:

6C 1s22s22p12p1.

 A regra de Hund é só aplicável nos casos em que os eletrões do último nível


estão situados nos orbitais p, d ou f e nunca se aplica para os orbitais s.
Para átomos com Z > 20, depois de feita a distribuição electrónica em
conformidade com o esquema, devemos ordená-la segundo a ordem
crescente de n e ℓ.
Ex4: No caso do Zinco (Z=30), teremos: 30Zn 1s22s22p63s23p64s23d10. Ordenando teremos:
30Zn 1s22s22p63s23p63d104s2, o esquema assim ordenado ajuda-nos a saber o nº de
eletrões presentes no último nível e a distribuição correta.

Reparem que escrevemos os subníveis 1s, 2s, 2p, 3s, 3p, 4s, 3d, 4p, 5s … em ordem
crescente de energia e colocamos um “expoente” para indicar o número total de
eletrões existentes em cada subnível considerado.

ATENÇÃO
Alguns elementos do grupo 11 não seguem o Principio de Aufbau
Exemplo1: 24Cr 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d4 → 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s1 3d5
Exemplo2: 29Cu 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d9 → 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s1 3d10

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5. A DISTRIBUIÇÃO ELECTRÓNICA DOS IÕES


A distribuição eletrónica dos iões é semelhante à dos átomos neutros. No entanto, é
importante salientar que os eletrões que o átomo irá ganhar ou perder (para se transformar
num ião) serão recebidos ou retirados da última camada electrónica, e não do
subnível mais energético. Assim, por exemplo, o átomo de ferro (com número atómico =
26) tem a seguinte distribuição electrónica:

26Fe 1s22s22p63s23p64s23d6 ou K=2; L=8; M=14; N=2.

4s2 ------- Última camada

3d6 ----- Subnível mais energético

Quando o átomo de ferro perde 2 eletrões e se transforma no ião Fe2+, este terá a seguinte
distribuição electrónica:

26Fe 1s22s22p63s23p63d6 ou K=2; L=8; M=14

Evidentemente, se o átomo de ferro perder 3 eletrões e se transformar no ião Fe3+, este


terá a seguinte distribuição electrónica:

26Fe 1s22s22p63s23p63d5 ou K=2; L=8; M=13

6. CONFIGURAÇÕES ELECTRÓNICAS DOS IÕES POSITIVOS E


NEGATIVOS (ATÉ Z= 20)
Já vimos que os metais (os mais típicos à esquerda na T.P), tendem a perder eletrões,
formando iões positivos (ou catiões) e que os não – metais (a direita, na T.P), tendem a
ganhar eletrões, formando iões negativos (ou aniões) e outros adquirindo em geral
configuração de gás nobre. Vejamos a distribuição electrónica dos elementos e seus iões:

K: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s1 K+: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 ou [Ar]

Mg: 1s2 2s2 2p6 3s2 Mg+2: 1s2 2s2 2p6 ou [Ne]

Ca: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 Ca+2: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 ou [Ar]

O: 1s2 2s2 2p4 O-2: 1s2 2s2 2p6 ou [Ne]

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7. A TABELA PERIÓDICA
BREVE HISTÓRIA, ORGANIZAÇÃO DA TABELA PERIÓDICA ATUAL

Breve história

Vários cientistas sentiram a necessidade de organizar os elementos conhecidos em


tabelas, de modo a salientar propriedades comuns. Antoine Lavoisier, em 1789, resolveu
classificar os cerca de 30 elementos então conhecidos em metais, gases não-metais e
elementos terrosos. Esta terá sido a primeira tentativa de ordenação sistemática dos
elementos. Em 1829, Johann Döbereiner enunciou a lei das tríadas que consistia em
grupos de três elementos com propriedades semelhantes e organizadas por ordem
crescente de massas atómicas. Em 1862, Alexandre de Chancourtois planteou o
chamado caracol de Chancourtois organizando os elementos por ordem crescente de
massas atómicas, colocou-os sobre uma linha helicoidal que recobria uma superfície
cilíndrica formando como que um caracol. Em 1864, John Newlands, anunciou a lei das
oitavas que consistia na organização dos elementos por ordem crescente de massas
atómicas, de tal modo que os elementos com propriedades semelhantes se repetiam em
intervalos de 8, isto é o oitavo elemento, a partir de um qualquer, apresentava propriedades
semelhantes às do elemento considerado como ponto de partida. Em 1872, Dmitri
Mendeleev publicou uma tabela periódica baseada na repetição periódica e regular das
propriedades dos elementos, onde dispunha os cerca de 60 elementos até então
conhecidos, por ordem crescente de massas atómicas, as suas propriedades variavam de
forma regular. Os elementos foram dispostos por Mendeleev, em linhas horizontais e
verticais, por ordem crescente de massas atómicas, mas deixando espaços vazios
destinados aos elementos que, na sua opinião, viriam a ser descobertos. Esta foi a primeira
Tabela Periódica.

Em 1913, Henry Moseley publicou uma Lei Periódica, segundo a qual, as propriedades
dos elementos repetem-se periodicamente quando estes são colocados por ordem
crescente de número atómico. É nesta lei periódica que se baseia a Tabela Periódica atual.
Organização dos elementos na tabela periódica atual.

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7.1. Os elementos na tabela periódica estão organizados em períodos e em grupos.

Períodos: são as líneas horizontais, definem o número de camadas dos elementos.


Numericamente são 7 líneas constituindo assim 7 períodos.

Grupos: são as líneas verticais, definem o número de eletrões da camada de valência.


Numericamente são 18 líneas constituindo 18 grupos. Devemos assinalar que algumas
famílias têm nomes especiais, como se vê no quadro a baixo:

Grupo Elementos Nome específico


Metais alcalinos
1A (1) Li, Na, K, Rb, Cs, Fr (Do árabe álcali “cinza de plantas)
Metais alcalinos terrosos
2A (2) Be, Mg, Ca, Sr, Ba, Ra (O termo terroso refere-se a “existir na terra”)
Calcogênios
6A (16) O, S, Se, Te, Po (Formadores de cobre)
Halogênios
7A (17) F, Cl, Br, I, At (Formadores de sais)

8A (18) He, Ne, Ar, Kr, Xe, Rn Gases nobres, raros ou inertes

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É importante considerar os seguintes aspetos:


O hidrogênio, devido a suas propriedades particulares, distintas dos demais elementos, é
disposto isoladamente, não pertencendo a nenhum grupo, mas faz parte do primeiro
período juntamente com o hélio.
Quando a família não ter nome especial, é costume chama-lo pelo nome do primeiro
elemento que nele aparece. Exemplo
 Os elementos do grupo 13 são chamados elemento da família do Boro.
 Os elementos do grupo 14 são chamados elemento da família do Carbono.
 Os elementos do grupo 15 são chamados elemento da família do Nitrogénio.
Observe a Tabela Periódica, verificar-se que os elementos com propriedades
semelhantes se agrupam. Assim encontramos os elementos representativos, os
elementos de transição e os elementos de transição interna como se faz referência
na distribuição eletrónica dos elementos.
4.4.3. CLASSIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS
Outra maneira de classificar os elementos é agrupá-los, segundo suas propriedades físicas
e químicas, em: metais, ametais ou não- metais, semimetais, gases nobres e hidrogênio.

Observação:
A linha vermelha, separa os metais dos ametais. Os elementos próximos à linha são
conhecidos por semi-metais.

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O HIDROGÊNIO
É um elemento atípico, pois possui a propriedade de se combinar com metais, ametais e
semimetais. Nas condições ambientes, é um gás extremamente inflamável.
GASES NOBRES
Como o próprio nome sugere, nas condições ambientes apresentam-se no estado gasoso
e sua principal característica química é a grande estabilidade, ou seja, possuem pequena
capacidade de se combinar com outros elementos.
OCORRÊNCIA DOS ELEMENTOS
Oficialmente, são conhecidos hoje 118 elementos químicos, dos quais 88 são naturais
(encontrados na natureza) e 30 artificiais (produzidos em laboratório); estes últimos podem
ser classificados em:
 cisurânicos — apresentam número atômico inferior a 92, do elemento urânio, e são
os seguintes: tecnécio (Tc), astato (At), frâncio (Fr), promécio (Pm);
 transurânicos — apresentam número atômico superior a 92 e são atualmente em
número de 26.

7.2. Classificação periódica dos elementos químicos


 Quanto ao número de eletrões na última camada de energia
Metais: aqueles elementos que possuem menos de 4 eletrões de valência na última
camada de energia

Semi-metais: aqueles elementos que possuem 4 eletrões de valência na última camada


de energia

Não mentais: aqueles elementos que possuem 5 a 7 eletrões de valência na última camada
de valência

Gases raros: aqueles elementos que possuem 8 eletrões de valência na última camada de
energia.

 Quanto ao eletrão diferenciação nos sub níveis de energia


Elementos representativo: aqueles cujo o eletrão de diferenciação se encontra no sub
nível s ou p do último nível de energia

Elemento de transição externa: aqueles cujo o eletrão de diferenciação se encontra no


sub nível d do penúltimo nível de energia

Elementos de transição interna: aqueles cujo o eletrão de diferenciação se encontra no


sub nível f do antepenúltimo nível de energia

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RELAÇÃO NA ESTRUTURA DA TABELA PERIÓDICA


A configuração eletróncia está intimamente relacionada com a estrutura da tabela periódica.
As propriedades química de um átomo são largamente determinados pelo arranjo dos
eletrões da sua camada externa “Valência” (embora outros fatores, como raio atómico,
massa atómica e o aumento da acessibilidade de estado eletrónico adicionas também
contribui para a química dos elementos como o aumento do tamanho do átomo) então os
elementos no mesmo grupo da tabela são quimicamente semelhantes porque eles contêm
o mesmo número de eletrões de “Valência”.
Esses com nsx estão no grupo x, com npx estão no grupo (12 + x), com ndx estão no grupo
(2 + x).
O número total de camadas de eletrões que um átomo tem, determina o período ao qual
ele pertence.
Exemplo para alguns elementos:

Elemento Nº atómico Configuração Eletrónica Grupo Período


(Z)

Na 11 1s2 2s2 2p6 3s1 1 3

Be 4 1s2 2s2 2 2

Co 27 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d7 (2+7) = 9 4

Ar 18 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 (12 + 6) 3


=18

8. PROPRIEDADES PERIÓDICAS DOS ELEMENTOS

Propriedades periódicas: São aquelas que a medida que o número atómico aumenta,
assumem valores crescentes ou decrescentes em cada período ou seja repetem-se
periodicamente na Tabela periódica. Exemplo o número de electrões na camada de
valência.

Vamos estudar:

1. Raio Atómico
2. Energia De Ionização
3. Afinidade Electrónica Ou electroafinidade

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4. Electronegatividade.
5. Electropositividade

8.1. RAIO ATÓMICO

O raio de um átomo é uma propriedade difícil de ser determinada, pois a electrosfera de um


átomo não tem fronteira bem definida

O raio atómico: é a distância entre o centro do átomo e a sua camada de valência, que é
o nível de energia com electrões mais externo deste átomo. Devido a dificuldade em obter-
se o raio de átomos isolados determina-se através da distância entre os núcleos de dois
átomos ligados do mesmo elemento, no estado sólido assim, raio atómico será a distância
média calculada.

Raio atómico de um elemento depende de dois factores:


a) Número de níveis eletrónicos (camadas): numa família, quanto maior o número
atómico, maior é o raio atómico.
b) Carga nuclear (número atómico): num período, quanto maior o número atómico,
menor é o raio atómico. Assim:

 Num mesmo grupo ou família o raio atómico aumenta a medida que aumenta o
número atómico isto é de cima para baixo devido ao aumento do número quântico
principal.
 Num mesmo período o tamanho dos átomos aumenta da direita para esquerda
devido a diminuição do número de protões neste sentido o que diminui a força de
atracção sobre os electrões

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Quando um átomo se transforma em ião aumentará ou diminuirá de tamanho, o seu raio


sofre alteração e o raio do ião chama-se Raio iónico.

8.2. ENERGIA DE IONIZAÇÃO


Energia de ionização (Potencial de ionização) – É a energia mínima necessária para
remover um electrão de um átomo no estado fundamental, isolado e gasoso.

Ei + X ( g )  X + ( g ) + e-

Ex.:

Li(g)----------- Li+(g) + 1e- 1.ª Ei = 124kcal/mol

Li+(g)---------- Li2+(g) + 1e- 2 ª Ei = 1744kcal/mol

Li2+(g)--------- Li3+(g) + 1e- 3 ª Ei = 2823kcal/mol

1.ª Ei <2 ª Ei < 3 ª Ei <...

A cada novo electrão que se retira do átomo, maior é a Energia de ionização. Isso ocorre
devido o aumento da sua carga. É mais fácil retirar um electrão de um átomo neutro do que
de um ião positivo, já que, quanto maior a distância do núcleo para o electrão, menor é a
força de atracção entre eles.

À medida que aumenta o tamanho do átomo, aumenta a facilidade para a remoção de um


electrão de valência. Portanto, quanto maior o tamanho do átomo, menor a energia de
ionização.

 Num mesmo grupo/ família a energia de ionização aumenta de baixo para cima
a medida que o número atómico diminui.

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 Num mesmo período a energia de ionização aumenta da esquerda para direita.

8.3. AFINIDADE ELECTRÓNICA OU ELECTROAFINIDADE

Electroafinidade: é a energia liberta quando um átomo isolado, no estado gasoso


"ganhar" um electrão.

X(g)+ e- → X-(g) + energia

A energia liberada é proporcional à força que o núcleo faz sobre o electrão, ou seja,
inversamente proporcional ao raio atómico.

 Nas famílias ou grupos: a afinidade electrónica aumenta conforme diminui o


número de camadas, ou seja, de baixo para cima.
 No período: a afinidade electrónica aumenta conforme o número atómico
aumenta: da esquerda para a direita.

8.4. AFINIDADE ELETRÔNICA ou ELETROAFINIDADE

Afinidade electrónica (A) – é a energia libertada quando se adiciona uma mole de


electrões a uma mole de átomos neutros no estado gasoso (T = 0 K) e fundamental.

X (g) + e-  X - (g) + A Ou

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X (g) + e-  X - (g) H < 0

Os elementos que libertam maior energia ao ganhar um electrão são os halogéneos (Grupo
17), pois são os que estão mais próximos de atingir configuração electrónica de um gás
nobre (oito electrões).

8.5.ELECTRONEGATIVIDADE
Electronegatividade: – É a propriedade pela qual o átomo apresenta maior tendência a
ganhar electrões ou seja atrair. Esta propriedade depende de dois factores: número de
electrões na última camada e tamanho do átomo (raio atómico).

Quanto menor o raio atómico, maior a força de atração que o núcleo do átomo exerce sobre
o eletrão e portanto, maior a sua eletronegatividade. Como consequência, essa propriedade
tende a crescer na tabela periódica:

 Nas famílias ou grupos: de baixo para cima, aumenta


 Nos períodos: da esquerda para direita diminui.

Em excepção, os gases nobres. Concluindo-se que o elemento mais electronegativo da


tabela é o flúor, e o menos electronegativo é o Frâncio.

8.6.ELECTROPOSITIVIDADE
Electropositividade: – É a propriedade pela qual o átomo apresenta maior tendência a
perder electrões. Evidentemente, esta propriedade é o inverso da eletronegatividade.

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9. LIGAÇÕES QUÍMICAS
Se átomos de um mesmo elemento ou de elementos diferentes não tivessem a capacidade
de se combinarem uns com os outros, certamente não encontraríamos na natureza uma
grande variedade de substâncias. Há diferentes maneiras pelas quais os átomos podem se
combinar, como, por exemplo, mediante o ganho ou a perda de eletrões, ou pelo
compartilhamento de eletrões dos níveis de valência.
Alguns poucos elementos, como os da família dos gases nobres (família 0 ou VIIIA),
aparecem na forma de átomos isolados. Esses elementos apresentam oito eletrões na
camada de valência. O hélio (He) é a única exceção: ele apresenta apenas uma camada
com dois eletrões.
Em 1916, os cientistas Lewis e Kossel associaram esses dois fatos, ou seja, a tendência
de elementos com oito eletrões na camada de valência aparecerem isoladamente, com a
tendência que os elementos manifestam de perder, ganhar ou compartilhar eletrões. A partir
dessa associação, propuseram uma teoria para explicar as ligações químicas entre os
elementos:
Teoria do Octeto: um grande número de átomos adquire estabilidade eletrônica quando
apresenta oito eletrões na sua camada mais externa.
Essa teoria é aplicada principalmente para os elementos representativos (família A),
sendo que os elementos de transição (família B) não seguem obrigatoriamente esse
modelo. Embora existam muitas exceções a essa regra, ela continua sendo utilizada por se
prestar muito bem como introdução ao conceito de ligação química e por explicar a
formação da maioria das substâncias encontradas na natureza.
9.1. LIGAÇÃO IÔNICA OU ELETROVALENTE
Como o próprio nome indica, a ligação iônica ocorre entre iões, positivos (catiões) e
negativos (aniões), e é caracterizada pela existência de forças de atração eletrostática entre
os iões.
A ligação iônica ocorre, então, entre elementos que apresentam tendências opostas, ou
seja, é necessário que um dos átomos participantes da ligação possua a tendência de
perder eletrões enquanto o outro, a de receber eletrões.
Na maioria das vezes, os átomos que perdem eletrões são os metais das famílias IA, IIA
e IIIA e os átomos que recebem eletrões são os ametais das famílias VA, VIA e VIIA. O
hidrogênio (Z = 1) apresenta, na sua primeira e única camada, um eletrões, atingindo a
estabilidade, nesse tipo de ligação, ao receber mais um eletrão.
Obs: A ligação iônica é a única em que ocorre transferência definitiva de eletrões.
Esquematicamente, a ligação iônica entre os átomos A e B, genéricos, pode ser assim
representada:

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O exemplo mais representativo de uma ligação iônica é a formação do sal de cozinha


(cloreto de sódio) a partir de átomos de sódio (Na) e de cloro (Cl).
O átomo de sódio (Na) não é estável pela Teoria do Octeto, pois apresenta um eletrão na
camada de valência. Sua estabilidade eletrônica será atingida pela perda de um eletrão,
originando o ião Na+. Observe:

O átomo de cloro (Cl) não é estável pela Teoria do Octeto, pois apresenta sete eletrões na
camada de valência. Sua estabilidade eletrônica será atingida pelo ganho de um eletrão,
originando o íon Cl– . Observe:

Usando as representações de Lewis, temos:

Após a formação dos iões (Na+ e Cl– ) eletronicamente estáveis, ocorre uma interação
eletrostática ((cargas com sinal contrário se atraem):

Os compostos assim formados são denominados compostos iônicos. Constituem estruturas


eletricamente neutras.
9.2. LIGAÇÃO COVALENTE
Características
Esse tipo de ligação ocorre quando os átomos envolvidos tendem a receber eletrões. Como
é impossível que todos os átomos recebam eletrões sem ceder nenhum, eles compartilham
seus eletrões, formando pares eletrônicos. Cada par eletrônico é constituído por um
eletrões de cada átomo e pertence simultaneamente aos dois átomos.

A COORDENAÇÃO VS 23
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Como não ocorre ganho nem perda de eletrões, formam-se estruturas eletricamente
neutras, de grandeza limitada, denominadas moléculas. Por esse motivo, essa ligação
também é denominada molecular.
Esquematicamente, a ligação covalente pode ser assim representada:

9.3. A LIGAÇÃO COVALENTE E A TABELA PERIÓDICA


A relação entre a posição na tabela e o número de ligações é indicada a seguir:

Fórmulas químicas
A representação do número e dos tipos de átomos que formam uma molécula é feita por
uma fórmula química. Existem diferentes tipos de fórmulas: a molecular, a eletrônica e a
estrutural plana.
Fórmula Molecular: é a representação mais simples e indica apenas quantos átomos de
cada elemento químico formam a molécula.

Fórmula Eletrônica: também conhecida como fórmula de Lewis, esse tipo de fórmula
mostra, além dos elementos e do número de átomos envolvidos, os eletrões da camada de
valência de cada átomo e a formação dos pares eletrônicos.

Fórmula Estrutural plana: também conhecida como fórmula estrutural de Couper, ela mostra
as ligações entre os elementos, sendo cada par de eletrões entre dois átomos representado
por um traço.

A COORDENAÇÃO VS 24
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Perceba que mais de um par de eletrões pode ser compartilhado, formando-se, então,
ligações simples, duplas e triplas. Veja as fórmulas de algumas moléculas simples:

Alguns casos particulares


A regra do octeto não é absoluta. Vários compostos estáveis não apresentam oito eletrões
em torno de um átomo da molécula. Veja alguns elementos que não seguem a regra do
octeto:
Boro (B)
O boro forma compostos estáveis por meio de três ligações simples, estabilizando-se com
seis eletrões na camada de valência.
Berílio (Be)
O berílio — embora classificado como metal alcalino-terroso, pelo fato de seus dois eletrões
da camada de valência apresentarem elevadas energias de ionização, forma compostos
moleculares com duas ligações simples. Assim, estabilizasse com quatro eletrões na
camada de valência.

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Alumínio (Al)
Como seus eletrões de valência apresentam elevadas energias de ionização, o alumínio
forma, em alguns casos, três ligações simples. Assim, estabiliza-se com seis eletrões na
camada de valência.

9.4. LIGAÇÃO COVALENTE DATIVA OU COORDENADA


Características
Essa ligação é semelhante à covalente comum, e ocorre entre um átomo que já atingiu a
estabilidade eletrônica e outro ou outros que necessitem de dois elétroes para completar
sua camada de valência.

A ligação dativa pode ser indicada por uma seta ou por um traço (A — B). O
exemplo clássico dessa ligação é o dióxido de enxofre (SO2). Nesse caso, o enxofre
estabelece uma dupla ligação com um dos oxigênios, atingindo a estabilidade eletrônica
(oito eletrões na camada de valência). A seguir, o enxofre compartilha um par de seus
eletrões com o outro oxigênio, através de uma ligação covalente dativa ou coordenada.
Observe:

Além do oxigênio, outra espécie química, o catião H+, comumente se associa a outros
elementos através de ligações dativas. O catião H+ forma-se quando o átomo de hidrogênio,
em condições especiais, perde seu único eletrão:

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A eletrosfera do H+ fica vazia e se estabiliza com dois elétr0es, que “recebe” normalmente
através de uma dativa.
Dois exemplos muito comuns de dativas envolvendo o catiões H+ são a formação dos
catiões amônio (NH4 +) e hidrónio (H3O+).
Formação do íon NH4 +

As fórmulas do tipo HxEOy correspondem a uma série de compostos classificados como


ácidos oxigenados. Nessas fórmulas, todos os oxigênios aparecem unidos ao elemento
central E. Cada átomo de hidrogênio irá unir-se a um átomo de oxigênio, formando tantos
grupos OH quantos forem possíveis. Um exemplo desse tipo de substância é o ácido
sulfúrico (H2SO4).

9.5. LIGAÇÃO METÁLICA


Algumas propriedades apresentadas pelos metais são muito diferentes das observadas em
outras substâncias. A maioria dos metais é sólida à temperatura ambiente (25 °C) e
apresenta cor prateada. As exceções são o mercúrio — único metal encontrado no estado
líquido, cujo brilho característico é denominado aspeto metálico —, o cobre (Cu) e o ouro
(Au), os quais apresentam, respetivamente, cor avermelhada e dourada.
Experiências com raios X levam a crer que os retículos cristalinos dos metais sólidos
consistem em um agrupamento de catiões fixos, rodeados por um verdadeiro "mar" de
eletrões. Esses eletrões são provenientes da camada de valência dos respetivos átomos e
não são atraídos por nenhum núcleo em particular: eles são deslocalizados. Esses eletrões
ocupam o retículo cristalino do metal por inteiro e a liberdade que têm de se moverem
através do cristal é responsável pelas propriedades que caracterizam os metais:
• Condutibilidade — são excelentes condutores de corrente elétrica e de calor;
• Maleabilidade — capacidade de produzir lâminas, chapas muito finas;
• Ductilidade — capacidade de produzir fios.

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Com a aplicação de uma pressão adequada numa determinada região da superfície do


metal, provocamos um deslizamento das camadas de átomos, produzindo lâminas ou fios.

Ligas metálicas: são materiais com propriedades metálicas que contêm dois ou mais
elementos, sendo pelo menos um deles metal.
As ligas metálicas possuem algumas características que os metais puros não apresentam
e por isso são produzidas industrialmente e muito utilizadas. Veja os exemplos:

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TEMA 1: INTRODUÇÃO A QUÍMICA ORGÂNICA

INTRODUÇÃO
Já há muito tempo que o homem conhece as substâncias orgânicas, por exemplo
fabricação do álcool através da fermentação de frutas e de vinagre utiliza corantes naturais
para tingir tecidos, o açúcar de cana os óleos vegetais e gorduras animais como géneros
alimentícios.

1.1. Objeto da química orgânica


A química orgânica estuda os compostos do carbono e suas propriedades especificas. Os
ramos principais dessa área são: funções orgânicas, isomeria, reações e polímeros.

1.2. Breve resumo histórico do desenvolvimento da química orgânica


Entretanto, somente no século XVIII, teve início a sistematização dos processos de
obtenção de substâncias a partir de produtos naturais.

No ano de 1777 surge pela primeira vez a expressão Química Orgânica, introduzida nos
textos de Química pelo químico sueco Torben Olaf Bergman (1735-1784).

Assim, de acordo com ele, temos:

 Compostos Orgânicos: Substâncias produzidas por organismos vivos,


 Compostos Inorgânicos: Substâncias não provenientes do reino animal.
O químico francês Lavoisier, depois de muitas análises, concluiu que o carbono está
presente em todas as substâncias provenientes de organismos.

No início do século XIX, concretamente em 1807, o químico sueco Jons Jakob Berzelius
(1779-1848), defendeu a ideia segundo a qual as substâncias extraídas de organismos
vivos não podiam ser produzidas em laboratórios, pois só os seres possuíam uma
força vital capaz de sintetiza-las. Essa ideia ficou conhecida como a teoria da força vital.
Essa doutrina, ou vitalismo (do latim vita que significa vida) profundamente errada e
idealista, travou o desenvolvimento da ciência, mas foi paulatinamente desacreditada a
medida que se ia conhecendo melhor a natureza.

Em 1828, um aluno de Berzelius, o químico alemão Friedrich Wohler (1800-1882), após


inúmeras tentativas, obteve pela primeira vez um composto orgânico, a ureia que existe na
urina dos animais, sem a intervenção de qualquer força vital. Isso foi possível pelo
aquecimento do composto mineral cianeto de amónio:

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NHO4C N O=C NH2


cianeto de NH2
amónio Ureia

Essa operação conhecida hoje como síntese de Wohler e tem uma importância histórica
muito grande, pois foi a partir dela que os cientistas abandonaram a teoria da força vital e
começaram realmente a preparar os compostos orgânicos em laboratório. Desse
modo,1845 o químico alemão Kolbe sintetizou o ácido acético, em 1861, o químico francês
Berthlot obteve gorduras e em 1861, o químico russo Aleksandre Butlerov realizou a
síntese de uma substância açucarosa.

Por tanto um número sempre crescente de compostos orgânicos, antes formadas apenas
nos organismos vivos, começou a sintetizar-se no laboratório, derrotando por completo a
noção da força vital.

As análises de compostos orgânicos confirmaram a presença de carbono. Por isso, em


1848 Leopold Gmelin (1788-1853), reconheceu claramente que o carbono é o elemento
fundamental dos compostos orgânicos, e em 1858 Friedrich August Kekulé (1829-1896),
definiu a Química Orgânica como a química dos compostos de carbono. Isto se mantém
até hoje.

Os compostos orgânicos podem ser divididos em dois grupos:

 Compostos orgânicos naturais: aqueles encontrados na natureza, como os


provenientes do petróleo por exemplo, os gases metano e propano, ou dos
vegetais sacarose, celulose, etc.
 Compostos orgânicos artificiais: aqueles produzidos pelo homem, como
plásticos, medicamentos, corantes, tecidos, etc.

Os êxitos da Química Orgânica utilizam-se largamente na indústria moderna, na


transformação das substâncias naturais e nas sínteses orgânicas, na criação dos novos
compostos e matérias-primas para vários ramos industriais, para agricultura, medicina, vida
doméstica, etc.

É deste modo que, com o seu desenvolvimento, a Química Orgânica acabou se


subdividindo e dando origem a mais um ramo da ciência, a Bioquímica que estuda as

A COORDENAÇÃO VS 30
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substancias mais intimamente ligadas à vida dos vegetais e animais, como por exemplo,
os alimentos, as vitaminas, as hormonas, os ácidos nucleicos (existentes no núcleo das
células vivas), etc.

E da Bioquímica surgiram outros ramos da ciência e da tecnologia, como por exemplo, a


Biologia molecular e a Biotecnologia. Essas divisões e subdivisões que ocorrem na
ciência são normais no desenvolvimento do conhecimento humano.

1.3. O ÁTOMO DE CARBONO


Como todos compostos orgânicos são constituídos por átomos de carbono, torna-se
necessário conhece-lo:

O átomo de carbono apresenta número atómico (Z) igual á 6 e número de massa (A) igual
á 12. Estão assim distribuídos

2 2

6C
1s22 s 2 p 2p
2s
2 1 1 0

C 1s2 2 s 2 px 2 py 2 pz
6
átomo no es tad o fu nd amen tal
ou
6
C p romoç ão

2p
1 1 1 1
ou
2s
C 1s2 2 s 2 px 2 py 2 pz
6
6
C promo ç ão
átomo no es tad o exc itad o

A TETRAVALÊNCIA DO ÁTOMO DE CARBONO


O átomo de carbono excitado pode participar na formação de 4 ligações covalentes. Nos
anos 1858 e 1859, Kekulé, juntamente com Couper, chegou as seguintes conclusões:

1. O carbono é tetravalente, isto é, tem 4 eletrões na última camada (tem a


tendência de formar 4 ligações covalentes) e as 4 unidades de valência são
iguais entre si.

A COORDENAÇÃO VS 31
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2. Os seus átomos têm a facilidade de se ligarem entre si com outros


elementos, formando estruturas curtas ou longas, com as mais variadas
disposições, denominadas cadeias carbónicas ou carbonadas.
Exemplo: 1 Exemplo: 2 Exemplo: 3

C C O C C
C C C C C C C
C CC CC C C
Heteroatomo

Exemplo 4 Exemplo 5 Exemplo 6

C C N C
C C C C
C C C N
Heteroatomo

Exemplo 7 Exemplo 8

C
C C
C C C C C C
C C
C C C C

As 4 valências do carbono podem aparecer em ligações simples, duplas e triplas.

C C C C C C
ligação ligação ligação
simples dupla Tripla

Note que, em qualquer cadeia carbónica, cada carbono estabelece sempre ligações. Assim,
podemos dizer que cadeia carbonada é a estrutura formada por átomos de carbono ligados
entre si, podendo haver, entre dois carbonos, um átomo de outro elemento (que recebe o
nome de heteroátomo).

Quer dizer que, existem outros elementos capazes de se ligarem entre si (H,N, O, S, P),
entretanto, em nenhum deles essa característica é tão acentuada quanto no carbono.

A COORDENAÇÃO VS 32
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Como vimos, os compostos orgânicos apresentam como unidade fundamental o elemento


carbono sendo que os átomos desse elemento aprecem ligados entre si, formando cadeias
carbónicas, que constituem o esqueleto dos compostos orgânicos.

De acordo com a ligação do átomo de carbono na cadeia, ele pode ser:

- Primário: quando se liga, além de outros átomos, a apenas outro átomo de carbono, são
átomos extremos da cadeia. Por exemplo:

c c c c ou c c c c

carbono primário
Extremos

- Secundário: quando se liga a dois outros átomos de carbono. Por exemplo:

c c c c

carbonos secundários

- Terciário: quando aparece ligado a 3 outros átomos de carbono. Por exemplo:

c
c c c c

carbono terciário

- Quaternário: quando se liga a 4 outros átomos de carbono.

c
c c c
c
carbono quaternário

EXERCÍCIOS
1. Acha que é correto chamar Química Orgânica à Química dos compostos de carbono.
a) Fundamenta a sua resposta?

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2. Exponha em breves palavras em que consiste a teoria da força vital e como foi
destruída pelos factos experimentais?
3. O carbono é um elemento químico cujos átomos têm a particularidade de
combinar-se entre si, formando as chamadas cadeias carbonadas.
4. Estabeleça uma cadeia carbonada onde se distinguem átomos de carbonos primários,
secundários, terciários e quaternários?

RUPTURA HOMOLÍTICA E RUPTURA HETEROLÍTICA DAS LIGAÇÕES COVALENTES

Em determinadas condições, a ligação carbono pode romper-se de duas formas diferentes,


uma das quais forma “Iões” (ruptura heterolitica ou polar) e outra forma radicais livres
(ruptura homolítica ou radicular). Deste modo, tem-se:

Ruptura heterolitica ou polar (presença de um catalisador):

A B catalisador A
+
+ B-
electrofilo
nucleofilo

A B catalisador A
- +
+ B
nucleofilo electrofilo

Exemplo:

a) Rompendo-se heteroliticamente a ligação entre o carbono e o bromo, forma-se


do ião brometo e do carbocatião.

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b) Rompendo-se heteroliticamente a ligação entre o carbono e o hidrogénio, de


modo que o carbono leve consigo o par electrónico, temos a formação de um carbanião e
uns iões H+ (protão).

-Ruptura homolítica ou radicalar (luz ou radiação ultravioleta):

A B luz ( )
A + B
Radical Radical

Exemplo:

A.2.3-RADICAL ORGÂNICO

Radical orgânico é a estrutura que apresenta um ou mais carbonos com eletrões livres
(resultantes da ruptura homolítica ou radicalar). Este radical deve vir acompanhado
por pontos (.) ou por traços (–) para indicar a existência de eletrões livres, ou seja, de
valências livres.

Vejamos, uma fórmula constituída por um carbono e quatro hidrogénios:

Se desta estrutura retirarmos um ou


H H
mais hidrogénios, obteremos uma
H C H ou H C H nova estrutura denominada radical.
H H

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H
H H
H C H retirando 1 hidrogenio
H C + H ou H C
H H
H
Alcano
radical monovalente

Isto é possui um electrão livre.

H
H H
H C H retirando 2 hidrogenios
H C + 2H ou H C
H
Radical
Alcano

Assim, tendo-se um radical, o seu nome será conseguido de acordo com o seguinte
esquema que utiliza os prefixos gregos:

Radical com Usa-se


(um átomo de carbono) 1C Met
(Dois átomos de carbono) 2C Et
(Três átomos de carbono) 3C Prop
(Quatro átomos de carbono) 4C But
(cinco átomos de carbono) 5C Pent
(Seis átomos de carbono) 6C Hex
(Sete átomos de carbono) 7C Hept
oito átomos de carbono) 8C Oct
(Nove átomos de carbono) 9C Non
(Dez átomos de carbono) 10 C Dec + il (ou ilo ou ila)
(Onze átomos de carbono) 11 C Undec
(Doze átomos de Carbono) 12 C Dodec
(Catorze átomos de Carbono) 14 C Tetredec
(Vinte átomos de Carbono) 20 C Eicos
(Cinquenta átomos de Carbono) 50 C Pentacont
(Cem átomos de Carbono) 100 C Hect
Ex1:
H
H C ou simplificando H3C átomo de C = Met + il
H Metil

Ex2:

A COORDENAÇÃO VS 36
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H H
H C C ou H3C CH2 2 átomos de C= Et + il
H H Etil

Ex3:
H H H
H C C C ou H3C CH2 CH2 3 átomos de C= Prop + il
H H H Propil

Havendo mais de um radical com o mesmo número de átomos de carbono, procura-se usar
os prefixos convenientes (n, significa normal; s, significa secundário; t, significa
terciário; iso, significa igual).

Ex4:
a) Com três carbonos, podem existir:

1)

H H H
H C C C (ou simplesmente H3C CH2 CH2 )
H H H
Chama-se radical propil (n – propil)
2)
H H H
H C C C H (ou simplesmente H3C CH CH3 )

H H
Chama-se radical isopropil.

b) Com quatro carbonos, podem existir:


1)

A COORDENAÇÃO VS 37
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H3C CH2 CH2 CH2 Radical butil (n butil)

2)

H3C CH2 CH CH3 Radical s butil (sec butil)

3)

CH3
H3C C CH3 Radical t butil (terc butil)

4)

H3C HC CH3 Radical Isobutil


H2C

c) Com cinco carbonos, podem existir:


1)

H3C CH2 CH2 CH2 CH2 radical pentil (n pentil ou n amil )

2)

CH3
CH CH2 CH2 radical isopentil (isoamil)
CH3

3)

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CH3
H3C C CH2 radical neopentil
CH3

4)

CH3
H3C CH2 C radical t pentil(terc pentil)
CH3

Os nomes que estão entre parêntesis são bastantes diferentes, porém não
necessariamente recomendados pela IUPAC (União Internacional de Química Pura e
Aplicada).

Em suma, os principais radicais monovalentes, derivados dos hidrocarbonetos pela


subtração de um único hidrogénio, são:

I – Série alifática:
Radicais alquil (los ou las) ou radicais alcoil (ou los ou las), cujos símbolos geral é o R. ou
R – conforme os exemplos já vistos (os derivados de alcanos).

II – Série Cíclica:
a) Radicais cicloaquilos (ou cicloalcoilos)
Ex1:

H2C CH2
CH ou

Ex2:

A COORDENAÇÃO VS 39
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CH2
CH2 CH
ou
CH2 CH2 radidical ciclohexil
CH2

b) Radicais Arilos (símbolo geral Ar – )

Ex1:

CH CH
ou
ou
CH CH

CH
Radical fenil

Ex2:

CH2
CH2
C

CH CH
ou

CH CH Radical Benzil
CH

O conhecimento dos radicais é muito importante, pois eles facilitam a nomenclatura dos
compostos orgânicos.

OS HIDROCARBONETOS
Os compostos Orgânicos podem ser divididos em uma série de categorias diferentes, de
acordo com as suas propriedades.

Os hidrocarbonetos correspondem a mais simples. São definidos como compostos


orgânicos formados exclusivamente por carbono e hidrogénio.

Os hidrocarbonetos são encontrados no petróleo, no gás natural, em resinas vegetais,


etc.; eles servem também como produtos intermediários em indústrias importantes, como
as de plásticos, fibras têxteis, borrachas sintéticas, corantes, explosivos, etc.

A COORDENAÇÃO VS 40
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CLASSIFICAÇÃO
Os hidrocarbonetos constituem uma classe muito numerosa e muito importante, pois
formam o “esqueleto” de todos os demais compostos orgânicos. Eles se subdividem em
várias subclasses, o resumo a seguir:

Subclasse Características Exemplos Fórmula


Molecular
Geral

Alcanos ou Cadeia aberta


Parafinas
(Ligações simples) H3C CH2 CH2 CH2 CH3 C nH n 2 +2

Alcenos ou Cadeia aberta


H2C CH CH2 CH2 CH3
Alquenos ou
(1 ligação dupla)
CnH n 2
ainda olefinas

Alcinos ou Cadeia aberta


Alquinos
(1 ligação tripla) HC C CH2 CH3
CnH n - 2 2

Alcadienos ou Cadeia aberta


dienos
(2 ligações duplas)
H2C CH CH CH2
CnH n - 2 2

Cicloalcanos ou Cadeia fechada CH2


ciclanos CH2
(ligações simples) CH2
ou
CH2 CH2 CnH n 2
CH2

Clicloalcenos ou Cadeia fechada CH


ciclenos
(1 ligação dupla)
ou
CH2 CH

CH2
CnH n - 2 2
CH2
CH2

Cicloalcinos Cadeia fechada CH2


CH2 C
(1 ligação tripla) ou
C
CnH2n - 4
CH2

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CH3
ou
Aromáticos Contêm anel benzénico CnH2n-6

Em resumo, temos:

Hidrocarbonetos

Cadeia aberta Cadeia fechada

Saturados Insaturados
Alicíclicos Aromáticos

Alcanos
alcenos Dienos alcinos Cicloalcanos Ciclenos

Portanto, apesar dos hidrocarbonetos estarem subdivididos em várias subclasses, as mais


importantes, são: alcanos, alcenos, alcinos, hidrocarbonetos cíclicos, e os
hidrocarbonetos aromáticos, que serão estudados ao longo deste curso. ALCANOS

ESTRUTURA

Alcanos ou parafinas são hidrocarbonetos que apresentam cadeia aberta e saturada.

Nestes hidrocarbonetos parafínicos todos átomos de carbono se encontram no estado de


hibridação sp3, por quanto todos eles fazem quatro ligações simples.

2p
2s
1 1 0
6c 1s 2 s
2 2
2 p 2p2p ou 6 c
estado fundamental do carbono

A COORDENAÇÃO VS 42
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

2p
2s
1 1 1 1
6c 1s 2 s 2 p 2p2p
2
ou 6 c ou 6 c
3
hibridação sp 3 3
hibridação sp sp

A fórmula molecular geral dos alcanos é: CnH2n+2, donde n representa o número de átomos
de carbono na molécula e é, um número inteiro.

NOMENCLATURA
Outra tarefa é dar nomes a milhões de compostos orgânicos. Até ao século XIX, os nomes
eram dados arbitrariamente, apenas lembrando a origem ou alguma característica dos
compostos. Com o crescimento do número dos compostos orgânicos a situação foi se
complicando de tal modo que os químicos reunidos no congresso Internacional de Genebra
em 1892, resolveram iniciar uma racionalização da nomenclatura orgânica. Após, várias
reuniões internacionais, surgiu a denominada nomenclatura IUPAC.

Apesar da nomenclatura IUPAC ser considerada pelos químicos como uma nomenclatura
oficial, ainda persistem até hoje outros tipos de nomenclatura (nomenclatura racional ou
derivada e nomenclatura trivial ou de uso), como veremos.

Deste modo, a semelhança de outros compostos, para se nomear os alcanos utilizam-se,


para alguns casos, as três nomenclaturas acima referenciadas.

a) Nomenclatura IUPAC
Pela nomenclatura IUPAC, estes hidrocarbonetos são nomeados colocando-se um prefixo
grego (ver tabela de prefixos gregos anteriormente apresentada) que indica o número de
átomos de carbono na cadeia principal, seguida da terminação ano:

a1) Para cadeias normais:


Para evitar qualquer confusão e informar com precisão que se trata de alcanos de cadeia
não ramificada, fazem-se seguir estes nomes de “normal” (a partir somente de quatro
carbonos C4)

A COORDENAÇÃO VS 43
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

Exemplos:

H3C CH3 Etano

H3C CH2 CH3 Propano

H3C CH2 CH2 CH3 Butano normal ( n butano)

H3C CH2 CH2 CH2 CH3 Pentano normal (n pentano)

a2) Para cadeias ramificadas


Para um alcano de cadeia ramificada, segue-se as seguintes regras fundamentais:

1ª Deve-se procurar a cadeia mais longa possível e mais ramificada, que é a cadeia
carbonada principal ou matriz (aquela que tem o maior número de átomos de
carbonos);

2ª Numera-se os carbonos da cadeia principal, de tal forma que a soma dos


números dos carbonos que tenham as ramificações, sejam a menor possível;

3ª Montar o nome situando as ramificações (em ordem crescente de complexidade


ou em ordem alfabética, com os seus números de colocação na cadeia principal) e
finalizar com o nome do alcano correspondente à cadeia principal. Por tanto, na
seguinte ordem:

Nome para a cadeia


Nº de Carbono que Nome da principal, obedecendo
contem a ramificação ramificação ao que se fez para as
Seguida cadeias normais

Observações:
1ª Os prefixos para os radicais, são di=2; tri=3; tetra=4; penta=5; hexa=6 …; que indicam
quantas vezes um radical da mesma espécie está repetido (os números que indicam a
posição do radical, ficam sempre separados por virgula);

2ª Quando os radicais são diferentes, escrevem-se os nomes em ordem crescente, de


complexidade ou em ordem alfabética e coloca-se o hífen (– ) entre números e palavra e
também entre palavra e palavra.

A COORDENAÇÃO VS 44
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

Ex1;

Se for a partir daqui teremos: 2 + 4 + 5 =1 1

H
1 2 3
H
4 5 6
H3C C CH2 CH C CH3
6 5 4 3 2 1
CH3 CH3 CH3

Se for a partir daqui teremos: 2 + 3+ 5 =1 0

Então como vemos 11 10 , logo a numeração tem que começar da direita para
esquerda:

H
4
H
6 5 3 2 1
H3C C CH2 CH C CH3
CH3 CH3 CH3

2 – metil – 3 – metil – 5 – metil – hexano ou simplesmente: 2, 3, 5 – trimetil – hexano

b) Nomenclatura racional ou derivada

H
H C H
H

Para nomenclatura racional os alcanos são considerados derivados do metano


Exemplos:

CH3
H3C C CH2 CH3 trimetil etil metano
ou trimetiletilmetano
CH3

A COORDENAÇÃO VS 45
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

CH3 CH3

H3C Dimetil isopropil metano


CH CH CH3

CH3 CH3
CH3
H3C CH CC CH3
Metil isopropil diterc butil metano
CH3 ou Metilisopropilditercbutil metano
H3C C CH3
CH3

CH3
H3C C CH3 Tetrametil metano
Tetrametilmetano
CH3

Observação: será carbono central o carbono mais substituído.

C) Nomenclatura trivial
Muitas vezes em Química Orgânica os nomes triviais estão em concordância com a
história da descoberta de determinados compostos ou uma fonte de obtenção dos mesmos.
Por exemplo, o metano (CH4) é trivialmente designado por gás dos pântanos (nome dado
por Alessandro Volta em 1778 quando por ele foi descoberto).

ISOMERIA
O início da Química Orgânica moderna está intimamente ligado à ocorrência de isómeros.

Isómeros são compostos que possuem a mesma fórmula molecular e que apresentam
propriedades diferentes devido a fórmulas estruturais diferentes.

Existem, vários tipos de isomerias, entretanto para os alcanos a isomeria de cadeia é a


característica.

Os compostos orgânicos são isómeros de cadeia quando possuem a mesma fórmula


molecular, pertencem à mesma função e diferem no tipo de cadeia carbónica (por tanto
apresentam cadeias carbónicas diferentes).

Ex1: Para C4H10 existem 2 isómeros de cadeia:

1º 2º

A COORDENAÇÃO VS 46
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

H3C CH2 CH2 CH3 H3C CH CH3


Butano nomal CH3
(Hidrocarboneto parafínico
de cadeia aberta e normal) Metilpropano
(Hidrocarboneto parafínico
de cadeia aberta e ramificada)

PROPRIEDADES FÍSICAS
As propriedades físicas (ponto de ebulição ponto fusão) variam com o aumento do número
de átomos de carbonos na cadeia.

Deste modo, em condições ambientais (25ºc, 1 atm):

 Do CH4 ao C4H10 os alcanos são gasosos


 Do C5H12 ao C17H36 os alcanos são líquidos
 Do C18H38 em diante os alcanos são sólidos
Portanto, em todos casos as temperaturas de ebulição e solidificação são mais altas quanto
maior for a massa molar.

Além disso, são todos insolúveis em água e menos denso que ela; dissolvem-se, porém,
nos solventes orgânicos (álcool, éter, benzeno, etc. …) em geral, os alcanos são maus
condutores de calor e de eletricidade.

PROPRIEDADES QUÍMICAS
A mais importante característica dos alcanos é a sua pouca reatividade química. É por essa
razão que também se lhes chamam parafinas (do latim parum affinis, que significa
pouca afinidade). Devido a esse facto, são muito usados como solventes para reações,
pois não as “atrapalham”, graças a sua baixa reatividade. Portanto os alcanos são estáveis
(ligações C – C e C – H que os constituem são muito fortes e consequentemente
difíceis de romper) e só reagem com reagentes energéticos e em condições energéticas
(temperatura elevada, auxilia luz ultravioleta, etc.).

Deste modo as reações típicas dos alcanos são as de substituição; as outras reações
importantes dos alcanos são a combustão ou queima, o craqueamento ou craking, a

A COORDENAÇÃO VS 47
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

decomposição térmica ou pirolise, a isomerização, a desidrogenação e as


transformações biológicas).

Para o presente curso (11ª Classe), trataremos apenas de reações de substituição e


reações de combustão ou queima ou ainda reações de oxidação e redução (reações
redox).

1. Reacções de substituição

Um ou mais átomos de hidrogénio do alcano podem ser substituídos por outras espécies
químicas, o nome de cada substituição depende do tipo de substituintes. Os exemplos
mais importantes são:

a) Halogenação
O nome da halogenação depende do nome do halogéneo por exemplo, quando o
substituinte é o cloro, chama-se cloração, quando o substituinte é o bromo, chama-se
bromação, assim sucessivamente.

A ordem de reactividade dos halogénios é:

F2 Cl2 Br2 I2

O processo de halogenação dos alcanos efetua-se em várias etapas e o mecanismo é


radicalar.

Exemplo genérico:

X
R CH2 CH3 + 2 X2 ou h R C CH3 + 2 HX
Alcano halogénio X
haleto de alquila
ou derivado halogenado

O mecanismo deste processo pode ser:


1ª Etapa: formação de radicais livres por ação da luz ou calor, a molécula do halogéneo
desfaz-se (rompe-se a ligação X – X ou X : X) e forma-se dois radicais livres.

A COORDENAÇÃO VS 48
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

X2 XX

ou h
X X X + X

2ª Etapa: iniciação da reação de cadeia, o radical (.X) halogéneo formado na primeira etapa
ataca o carbono e dele arranca um hidrogênio, criando-se um radical alquilo.

H
H
R C CH3 + X R C CH3 + HX
H radical
alquilo

3ª Etapa: o radical formado na segunda etapa ataca novamente uma molécula de

halogéneo.

H H
R C CH3 + X X R C CH3 + X
X

4ª Etapa: a partir da quarta etapa observa-se uma repetição da segunda e terceira etapas,
respectivamente.

H
R C CH3 + X R C CH3 + HX
X X

5ª Etapa

X
R C CH3 + X X R C CH3 + X
X X

Exemplo: Bromação do etano e cloração do propano

A COORDENAÇÃO VS 49
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

CH3 CH3 + Br2 CH3 CH2 Br + HBr


Etano Bromoetano

H3C CH2 CH3 + Cl2 H3C CH CH3 + HCl


Cl
2 Cloropropano

b) Nitração
A reação entre um alcano e o ácido nítrico (HNO3) é denominada nitração. Trata-se de um
processo no qual um hidrogéneo no alcano é substituído por um grupo NO2 (grupo nitro)
formando nitrocompostos.

Nitrocompostos: são compostos que apresentam o grupo funcional NO2 (R – NO2 e Ar –


NO2).

R H + HO NO2 R NO2 + H2O


ou

R H + HNO3 R NO2 + H2O


Nitrocompostos

H H
H C H + HO NO2 H C NO2 + H2O
H H
Nitrometano

H3C CH2 CH3 + HNO3 H3C CH CH3

NO2
Nitropropano

c) Sulfonação
A reação entre um alcano e o ácido sulfúrico (H2SO4) é chamada sulfonação. Nela um
átomo de hidrogéneo é substituído por um grupo SO3H, formando ácidos sulfónicos.

Ácidos sulfónicos, são compostos que apresentam o grupo funcional SO3H (R – SO3H).
Pela nomenclatura oficial, escrevemos ácido mais o nome do hidrocarboneto
correspondente e a palavra sulfônico.

A COORDENAÇÃO VS 50
Química 11ª Classe
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H O O
H2SO4 S HO SO3 H
H O O

H
H
R C CH3 + HO SO3H R C CH3 + H2O
H SO3H
Ácido Sulfónico

R H + HO SO3H R SO3H + H2O

CH4 + HO SO3H CH3 SO3H + H2O


Ácido sulfónico

Exemplo:

CH3 CH3 + HO SO3H CH3 CH2 SO3H + H2O

Ácido etano sulfónico

1. Reacção de combustão

A combustão é uma reacção entre um combustível (que pode ser qualquer substância) e
um comburente (o principal é o oxigénio gasoso), havendo libertação de calor ( H  0 ).

Assim, a semelhança de todos outros compostos orgânicos, os alcanos queimam com


muita facilidade, bastando lembrar os exemplos do gás engarrafado para fogões (formado
principalmente por C3H8 e C8H18) e da gasolina (C7H16 e C8H18).

A combustão pode ser completa (ou total) e incompleta (ou parcial).

- Completa ou total
Combustão

1)

3n + 1
C n H 2n + 2 + 2 O2 n CO2 + (n + 1 ) H2O
combustão completa ou total

A COORDENAÇÃO VS 51
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

Exemplo:

C3H8 + 5 O2 3CO2 + 4 H2O + Q


2)

C n H 2n + 2 + O2 n CO + nH
2O
+ Q
Combustão incompleta
Monóxido
de carbono ou parcial

CH4 + 3 O2 CO + 2H2O + Q
2

CH4 + O2 C + 2 H2O + Q
2. Reacção de oxidação

Para as reações de oxidação dos alcanos usam-se soluções diluídas ou frias (5ºC) de
KMnO4 ou uma mistura Sulfocrómica (H2SO4 + K2Cr2O7). Esta reacção efetua-se em 3
etapas, tendo como produto final um ácido carboxílico (RCOOH)

R CH3 O R CH2 OH O O
O O
R C R C
Alcano Álcool H OH
Aldeído Ácido
carboxílico

Exemplo:

CH4 O O O
O O
CH3 OH H C H C
Metano Álcool H OH
Ácido
Aldeído carboxílico

O maior interesse dessas reações reside na produção de energia (como nos motores de
automóveis) e calor (como nos fogões a gás engarrafado). O monóxido de carbono (CO),
altamente tóxico, é o principal responsável pela poluição produzida pelos automóveis; o
carbono (C) é o responsável pela nuvem “escura” (Fuligem) expelida por camiões.

MÉTODOS DE OBTENÇÃO DOS ALCANOS


Os alcanos podem ser obtidos por vários métodos onde destacamos:

A COORDENAÇÃO VS 52
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

1 - Hidrogenação dos alcenos ou alcinos


Em presença de catalisadores (em geral Ni, Pt ou Pd) a temperaturas elevadas. É na seta
que indicamos, que para ocorrer a reacção são necessárias estas condições.

t
R CH CH2 + H2 º Catalisador R CH2 CH3
Alceno Alcano

tº, Ni
H3C CH CH2 H3C CH2 CH3
Alceno Propano

t
R C CH + 2 H2 º Catalisador R CH2 CH3
Alcino Alcano

t
R C CH + 2 H2 º Catalisador R CH2 CH3
Alcino Alcano

2- Reações de Wurtz ou método de Wurtz


Os alcanos podem ser obtidos pelo método de Wurtz, que consiste na reacção de duas
moléculas de haletos de alquilo (ou derivados Halogenados ou halogenetos de alquilos)
com o sódio.

R X + 2 Na + R X R R + 2 Na X
Haleto de Haleto de
Alquilo Alcano
Alquilo
ou
2R X + 2 Na R R + 2 Na X
Haleto de Alcano Haleto de
Alquilo sódio

A COORDENAÇÃO VS 53
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

Exemplo:

H3C CH2 Cl + 2 Na + H3C CH2 Cl H3C CH2 CH2 CH3 + 2NaCl


Cloreto de Cloreto de Butano normal Cloreto
etilo etilo de sódio
No entanto, a reacção de Wurtz só se presta para a síntese de alcanos simétricos (R = R).
Caso contrário o que se produz é uma mistura de vários alcanos

R R + R R + R R R R .

Ao invés da reacção de Wurtz pode-se também utilizar a reacção que usa o zinco.

R X + Zn + R X R R + Zn X 2
ou
2R X + Zn 2 R + Zn X2

Os alcanos podem obter-se partir das funções oxigenadas:


Eletrólise dos sais dos ácidos carboxílicos (síntese de Kolbe).

Reacção de neutralização

Ácido + Base Sal + H2O

H2SO4 + NaOH Na2SO4 + H2O


A eletrólise é a decomposição pela acção da eletricidade (lise = decomposição).

O
2R C + 2 H2O 2R + 2 CO2 + 2 NaOH + H2
O Na
Carboxilato de
sódio

A COORDENAÇÃO VS 54
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

O mecanismo da reacção pode ser o seguinte:

1º P as so : D is so ci ação d o s s ai s
O O
+
2R C E lect ró li se 2R C + 2 Na
O Na
aq O aq
aq cáto d o
Carboxilato de âno d o
sódio Ião carb o xi lato Ião só d io
2 º P as so : N o ân od o o ião carb o xi lato n eu trali sa se fo rmand o rad ical e
d ió xi do d e carb o no .

O
2R C 2R + 2 CO2
O
aq
3 º P as so : a segu ir o s d o is rad icais i nt erag em en tre s i p ara fo rmar o alcan o.

2R 2R
+
2 Na + 2 H2O 2 NaOH + H2

Os alcanos podem ser obtidos a partir da reacção dos sais dos ácidos carboxílicos com
bases alcalinas por fusão. Neste caso provoca-se a partida do grupo carboxílico e
passagem a alcano que possui um átomo de carbono menos que o sal de origem.

O
R C + M O H R H + M2CO3
OM A lcan o Carbo n at o
sal do alcali n o (s al )
ácido
b as e
carboxílico
alcali n a

O
H3C CH2 CH2 C + NaOH H3C CH2 CH3 + Na2CO3
O Na
Butanoato de sódio P ropano Carbonato
de sódio

4. Para além desses métodos também são utilizados os compostos organometálicos.


Compostos organometálicos são aqueles que apresentam um átomo de carbono. Entre os
compostos organometálicos, podemos destacar os compostos de Grinard, que apresentam
o grupo funcional MgX (R – MgX e Ar – MgX). A nomenclatura desses compostos, segundo
a IUPAC deve ser:

A COORDENAÇÃO VS 55
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

“Halogeneto de” + nome do radical + “magnésio”.

H3C CH2 MgBr


Brometo de H3C MgCl
etilmagnésio

Cloreto de
metilmagnésio

Os haletos de alquilos (R – X) reagem com o magnésio ou com o lítio em éter seco para
formar compostos organometálicos, que possuem um sítio básico carboniónico:

a)
R X + 2 Li R Li + LiX
alquillitío

A seguir o alquillítio reage com a água.

R Li + H OH R H + LiOH
Alcano Hidroxido
de Lítio

b) Se usarmos o magnésio ao invés do lítio, teremos:

R X + Mg Éter seco R Mg X
composto de
Grignard

A seguir o composto de Grinard reage com a água:

R Mg X + H OH R H + OHMg X
Alcano

Nota: nestas reações o efeito resultante é a substituição do halogéneo por hidrogénio.

APLICAÇÕES DOS ALCANOS


Os maiores empregos dos alcanos, são:

A COORDENAÇÃO VS 56
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

 Como combustíveis: gasolina, querosene, óleo diesel, etc.;


 Como matéria-prima: para obtenção de milhares de compostos
orgânicos, através da indústria petroquímica.

EXERCÍCIOS
1. Dê nomes, segundo a IUPAC, aos seguintes alcanos:

a)
CH2 CH2 CH2 CH3

H3C

b)
H3C CH CH CH3
H3C CH2 CH3
c)
CH3

H3C C CH2 CH2

CH CH3

H3C
d)

H3C CH CH CH3
CH2 CH2
H3C CH3

2- Escreva as fórmulas estruturais dos seguintes compostos:

a) 2 – metil - heptano;

b) 2,4-dimetil-pentano;

c) 3-etil-2,2-dimetil-octano;

d) metil-etil-propil-butil-metano.

3- O nome do composto formado pela união dos radicais etil e terc-butil é:

a) 2,2 dimetilbutano c) 3 metilpentano e) etilpropano

b) 2 metilpentano d) n hexano

A COORDENAÇÃO VS 57
Química 11ª Classe
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4-Apresenta todos isómeros de cadeia param o Octano.

5- Escreva a fórmula molecular de um alcano que tenha 10 átomos de carbono.

6- Pretende-se obter um derivado mono bromado de metano. Que reagentes podem


utilizar?

a). Equacione a reacção?

b) Apresenta o seu mecanismo?

ALCENOS
ESTRUTURA, SÉRIE HOMÓLOGA, NOMENCLATURA
Alcenos, alquenos olefinas ou hidrocarbonetos etilénicos são hidrocarbonetos que
apresentam cadeia aberta e insaturada, com uma única ligação dupla (−C=C−). Estes
hidrocarbonetos são geralmente representados pela fórmula molecular geral CnH2n, onde
n≥2, o que nos leva facilmente a conclusão de que eles têm dois átomos de hidrogéneo
menos que as parafinas ou alcanos. Possuem a mesma fórmula molecular que os
cicloalcanos, desta maneira são isómeros que pertencem a diferentes séries homólogas.

n Fórmula Molecular Fórmula estrutural condensada

n=2
H2C CH2
C2H4
n=3 CH3 CH CH2 CH2 CH CH3
ou
C3H6
n=4
1 H3C H2C CH CH2 2 H3C HC CH CH3

C4H8

ESTRUTURA DOS ALCENOS


Ao formar a dupla ligação o carbono sofre hibridação sp2 com uma estrutura trigonal plana
que ocorre esquematicamente da seguinte maneira:

A COORDENAÇÃO VS 58
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

EX1: 2
2 2 2p
C 1s 2 s 2 p EX2:
6 2 1 1 1 1
2s sp
2

2 2 1 1 0
C 1s 2 s 2 p2 p 2 p
C 1s 2 s 2 p2 p 2 p 6 1s
6

Os três orbitais híbridos encontram-se situados no mesmo plano e formam um ângulo de


120º enquanto o orbital p pura coloca-se perpendicularmente ao plano.

A dupla ligação entre átomos de carbono é constituída por uma ligação sigma (  ) e outra
pi (  )

NOMENCLATURA
1- Nomenclatura IUPAC:
A nomenclatura, segundo a IUPAC, é semelhante à dos alcanos, bastando trocar a
terminação ano por eno.

Por Exemplo:

Fórmula Fórmula estrutural condensada Nome


Molecular

Eteno
H2C CH2
C2H4

CH3 CH CH2 CH2 CH CH3 Propeno


ou
C3H6

Nos alcenos com 4 ou mais carbonos, a dupla ligação pode ocupar posições diferentes na
cadeia, por isso é necessário localiza-la por um número. A IUPAC regulamenta que esse
número seja o menor possível e venha escrito depois do nome do composto, separado por
hífen (-).

A COORDENAÇÃO VS 59
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

Portanto, segundo a IUPAC a nomenclatura dos alcenos de cadeias longas e ramificadas,


é feita de modo semelhante aos alcanos, acrescentando – se porém as seguintes regras:

 A cadeia principal é a cadeia mais longa, contendo porém a dupla ligação;


 A numeração da cadeia principal é sempre feita a partir da extremidade mais
próxima da dupla ligação.
Exemplos:

H2C CH CH2 CH2 CH3


Penteno 1

H2C CH CH2 CH CH3


4 metilpenteno 1 CH3

H2C C CH2 CH3


CH2
CH3
2 etilbuteno 1

Observação:

1. Para a nomenclatura IUPAC, a numeração da cadeia principal é sempre feita da


dupla ligação, independentemente das ramificações presentes na cadeia. No nome
do alceno, a posição da dupla ligação é dada pelo número do primeiro carbono da
dupla ligação; esse número é escrito antes ou depois do nome do alceno.

H3C H2C CH CH CH2 CH2 CH3


Hepteno 3

H2C CH CH2 CH2 CH3


Penteno 1

A COORDENAÇÃO VS 60
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

H2C C CH2 CH3


CH2
CH3
2 etilbuteno 1

H2C CH CH2 CH3


H3C CH CH CH3
Buteno
ou
1 Buteno 2
1 Buteno ou
2 Buteno

H3C CH CH2 CH CH CH3


CH3
5 metilhexeno 2
ou
5 metil 2 hexeno

2- Nomenclatura trivial ou usual.


Esta nomenclatura é das mais antigas, porém ainda usualmente para os alcenos mais
simples.

Essa nomenclatura usa a terminação ileno.

Exemplos:

H3C CH CH CH3
H2C CH2 H2C CH CH3
Etileno Butileno 2
P ropileno

3- Nomenclatura Racional ou derivada


Pela nomenclatura racional os alcenos são considerados derivados do etileno ou eteno.

Exemplos:

H2C CH CH3
metiletileno H3C CH CH CH3
ou
metileteno 1 ,2 dimetiletileno

ISOMERIA

A COORDENAÇÃO VS 61
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

Os alcenos apresentam isomeria plana e isomeria geométrica.

a) Isomeria plana: Pode ser de cadeia ou de posição.

EX: C 4H 8
1) H2C CH C H 2 C H3 2) H3C CH C H C H3

)
3 H 3C C C H2

C H3

a1) Isomeria de cadeia


Ocorre quando os isómeros pertencem à mesma função química e diferem no tipo de cadeia
carbónica (por tanto, apresentam cadeias carbonadas diferentes).

EX: C
4H8

1) H3C CH2 CH CH2 )


2 H2C C CH3

CH3
metilpropeno

1 e 2 são isómeros de cadeia.

EX : C
5H10 CH2 CH2
CH2 CH2
1 H2C CH CH2 CH2 CH3 2 ) H2C ou
cadeia aberta
CH2 CH2 CH2 CH CH3
cadeias fechadas

1e 2 são também são isómeros de cadeia

a2) Isomeria de posição


Ocorre quando os isómeros têm a mesma cadeia carbónica mas diferem pela posição das
ligações duplas ou de ligações triplas.

A COORDENAÇÃO VS 62
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

EX: C
5H10

1) H2C CH CH2 CH3 2 ) H3C CH CH CH3


Buteno 1 Buteno 2
Logo 1 e 2 são isómeros de posição.
Obs: Portanto na isomeria de posição os compostos pertencem à mesma função química
e diferem na posição de um grupo de átomos, na posição de uma instauração (dupla ou
tripla ligações) ou na posição de uma ramificação.

a3) Isomeria de função (ou funcional)


Ocorre quando os isómeros pertencem a funções químicas diferentes.

Os casos mais comuns de isomeria de função ocorrem entre:

 Álcoois e éteres;
 Álcoois aromáticos;
 Éteres aromáticos e fenóis;
 Ácidos carboxílicos e éteres.

1) H3C CH2 OH
Álcool
C2H6O

2) CH3 O CH3
Éter

1 e 2 são isómeros de função.


a4) Isomeria de compensação (ou metameria)
Ocorre quando os isómeros diferem pela posição de um heteroátomo na cadeia carbónica
(do grego meta que significa mudança).

1) H3C O CH2 CH2 CH3

C4H1 0O

)
2 CH3 CH2 O CH2 CH3

A COORDENAÇÃO VS 63
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

1) H3C N CH2 CH2 CH3

C4H1 1N H

)
2 CH3 CH2 N H
CH2
CH3

a5) Tautomeria
É o caso particular de isomeria funcional em que os dois Isómeros ficam em equilíbrio
químico dinâmico.

b) Isomeria geométrica (ou cis-trans) : Ela pode ocorrer em dois casos principais, a saber:

 Em compostos com duplas ligações;


 Em compostos cíclicos.
Para distinguir os isómeros geométricos antepõe-se ao nome os prefixos cis e trans.

EX: C4H8

1) H3C CH3
2) H CH3

C C C C

H H H3C H

cis trans

Repare no seguinte:

 - Na 1ª arrumação espacial (fórmula) os dois radicais metil estão do “mesmo”


lado do plano que divide a molécula ao meio, essa é a chamada “forma cis”
(do latim cis que significa do “mesmo lado”;
 - Na segunda arrumação os dois radicais metil estão de lados “opostos” do
plano que divide a molécula ao meio, essa é a chamada “forma trans” (do latim
trans que significa do outro lado”).
Os dois compostos acima podem também ser representados do seguinte modo:

H3 C H
H H3C
C
C
1) )
2

C
C
H CH3
H CH3
Cis Buteno 2 Trans Buteno 2

A COORDENAÇÃO VS 64
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

Portanto, para ocorrer a isomeria geométrica, são necessários as seguintes condições:

- Os compostos alifáticos devem possuir pelo menos uma dupla ligação entre os átomos
de carbono, haver dois ligantes diferentes entre si:

R1 R3
C C
R2 R4

R1 R2 e R3 R4

Por outras palavras, obrigatoriamente R1≠ R2 e R3≠R4 e podendo R1 (ou R2) ser igual ou
diferente de R3 e R4.

- Os compostos com cadeia carbónica cíclica devem possuir, em pelo menos 2 carbonos
do ciclo; 2 ligantes diferentes entre si:

CH2 CH2
R1
C
R2 R1 R3
R2 e R4
CH2 C R4

R3

Os dois radicais mais simples do mesmo lado diferem o isómero cis e em lados opostos, o
isómero trans.

A COORDENAÇÃO VS 65
Química 11ª Classe
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CH2 CH2

H3C CH CH CH3

CH2 CH2
H2C CH2

H3C CH3
C C
H3C C C H
H H
H H3C
Cis 1, 2 dimetil Ciclobutano Trans 1, 2 dimetil Ciclobutano

Em suma, quanto a isomeria os alcenos apresentam isomeria de cadeia, isomeria de


posição da dupla ligação e isomeria geométrica.

Isomeria óptica

O caso mais comum é a isomeria óptica com carbono assimétrico ou carbono quiral
(chama-se carbono assimétrico ou carbono quiral ao átomo de carbono que está ligado a
4 grupos diferentes entre si).

PROPRIEDADES FÍSICAS DOS ALCENOS


A medida que o número de grupos metilenos (CH2) aumenta e, portanto, a massa molar,
aumentam consecutivamente a densidade e a temperatura de ebulição dos homólogos do
etano, e de modo irregular a temperatura de fusão.

Os alcenos de 2 até 4 átomos de carbono são gases, os de 5 à 17 átomos de carbono são


líquidos e os restantes são sólidos a temperatura ambiente.

Em comparação com os alcanos eles são mais polares, por isso dissolvem-se em solventes
polares (quer dizer todos são pouco solúveis em água e solúveis em dissolventes de baixa
polaridade). Geralmente, os trans-isómeros apresentam pontos de ebulição mais
elevados.

PROPRIEDADES QUÍMICAS DOS ALCENOS

A COORDENAÇÃO VS 66
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

Estes hidrocarbonetos são bastante reativos devido a dupla ligação que possuem alta
densidade electrónica.

A reacção característica dos alcenos é a reacção de adição eletrofílica. Embora sejam


também características as reações de oxidação, alquilação, dimerização, polarização e
substituição. Por outras palavras, ao contrário dos alcanos, os alcenos são bastantes
reativos a dupla ligação constitui o ponto fraco da molécula.

Na realidade o que acontece é o seguinte: a ligação pi (  ) é fraca; ela quebra com


facilidade e permite a adição de outros átomos ou radicais aos carbonos onde havia a dupla
ligação.

A B
H2C CH2 + AB H2C CH2

A e B podem ser iguais ou diferentes entre si.

É por este motivo que se costuma dizer que as reações características dos alcenos são as

reações de adição à dupla ligação. Conforme já se estudou anteriormente os principais

casos são:

 Adição de hidrogénio (redução)

Catal. (Ni,Pt ou Pt)


H2C CH2 + H2 H3C CH3
Eteno Etano

Este processo chama-se hidrogenação, ocorre sempre em presença de catalisador

Conduz sempre a formação de alcanos.

CH3 CH3
H3C C HC C CH3 H2 / Ni
H3C C CH2 CH CH3
CH3 CH3 CH3 CH3

Os catalisadores mais ativos desta reacção são: a platina (Pt), o paládio (Pd) e
frequentemente o níquel (Ni) triturado.

A COORDENAÇÃO VS 67
Química 11ª Classe
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 Adição de halogéneos (Cl2 ou Br2):

H2C CH2 + Br 2 H2C CH2


Eteno Br Br
Haleto de Alquilo
( 1,2 dibromoetano)

H2C CH2 + Cl2 H2C CH2


Cl Cl

 Adição halogenidretos (HI, HBr ou HCl) ou os ácidos HX


Br
H3C CH CH CH3 + HBr H3C CH2 CH CH3
2 Bromo Butano

Cl
H3C CH CH2 HCl CH CH3
CH3
2 Cloropropano

Neste segundo caso o hidrogéneo dirige-se ao carbono mais hidrogenados segundo a


regra de Markovnikov cujo enunciado é: na adição de HX o hidrogéneo dirige-se para
o átomo de carbono que tem maior número de átomos de hidrogéneo (átomo de
carbono mais hidrogenado), enquanto a base do ácido ou anião (X-) dirige-se para o
átomo de carbono menos hidrogenado, isto é que tem menos átomos de hidrogéneo,

O mecanismo da reacção é:

H
1º H3C CH CH2 + +
HCl CH2 CH CH3 + Cl CH3 CH CH3 + Cl
Complexo
~ Carbacatião

2º Cl
+
CH3 CH CH3
+ Cl CH3 CH CH3

Carbacatião 2 Cloropropano

Os alcenos em condições normais adicionam os halogéneos em particular o Cl2 e o Br2


com mais facilidade. Como resultado se formam derivados de Halogenados (alcanos, com

A COORDENAÇÃO VS 68
Química 11ª Classe
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2 átomos de halogéneos), que contém halogéneo em átomos de carbono vizinhos e que


recebem o nome de derivados vicinais.

CH3 CH CH2 + Br2 CH3 CH CH2


Br Br

 Adição da água (hidratação)


+
H2C CH2 + HOH H H2C CH2
Eteno H OH
Álcool

Observação: conforme já se estudou anteriormente, em alcenos maiores, estas duas


últimas adições se processam de modo tal que o hidrogéneo vai se adicionar ao carbono
que já possui maior número de átomos de hidrogénios (regra de Markovnikov).

H2C CH CH3 + HBr H3C CH CH3


Br

II- Reações de oxidação


Os principais casos de reações de oxidação são:
a) Oxidação branda
Esta oxidação é chamada de branda porque só há rompimento da ligação  do alceno.

A oxidação branda é obtida usando-se uma solução diluída, neutra ou levemente básica,
de permanganato de potássio (KMnO4), conhecida como reativo de Bayer.

H2C CH CH3 + O + H2O H2C CH CH3


OH OH

O símbolo O indica o emprego de um reagente oxidante


 Combustão

A COORDENAÇÃO VS 69
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A combustão dos alcenos produz H2O e também CO2, CO ou C, como acontece com os
alcanos.

III – Alquilação dos alcenos


A essência desta reacção é a adição do alcano (de preferência o terciário) a dupla ligação
do alcano.

A reacção decorre em meio ácido, além do ácido sulfúrico também pode ser usado os HCl,
H3PO4, HF ou então os ácidos de Lewis.

Esta reacção que é industrial serve para obtenção do isoctano ou 2,2,4-trimetilpentano


combustível de aviões.

CH3 CH3
H3C C CH2 + H2SO4 Conc.
H C CH3 H3C CH CH2 C CH3
CH3 CH3 CH3
2 metilpropeno 2 metilpropano CH 3
2,2,4trimetilpentano
ou Isoctano (Combustível de aviões)

IV- Reacção de substituição dos alcenos


Em alguns casos os alcenos podem entrar em reações de substituição. O que se substitui
com mais facilidade é o hidrogéneo do átomo de carbono alfa (  ) com relação a dupla
ligação.

α
C C C H C C H

a energia de a energia de ligação


ligação é de 4 3 5Kj/mol
3 2 2Kj/mol
Exemplo:

H3C CH CH CH3 + Br2 H3C CH CH CH2 Br + HBr

A COORDENAÇÃO VS 70
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H2C C CH3 + Br2 H2C C CH2 Br


CH3 CH3

V- Reacção de polimerização dos alcenos


As moléculas dos alcenos podem reagir entre si. Portanto, se pode obter também produtos
da união de um grande número de moléculas, os polímeros. Por exemplo, o polímero do
etileno com alto “peso” molecular chama-se polietileno.

+ H2C CH2 + H2C CH2 3 0 0ºc


+ CH2 CH2 CH2 CH2
200 atm/catal

Ou

n H2C CH2 ( CH2 CH2 )


2 0 0 atm/catal
etileno Polietileno
(monomero) (Polímero)

Observações:
1ª Monómeros: são um composto cujas moléculas combinam-se para formar um
polímero.

2ª Polímero: é um composto que resulta a combinação das moléculas da mesma


substância (monómero).

3ª Grau de polimerização: é um número de moléculas de um monómero que se


combinam para formar um polímero. Cada polímero recebe o nome de acordo o número
de moléculas do monómero que o constituem.

Por exemplo:
1. Dímero: quando tem duas moléculas de monómero.

2. Trímero: quando tem três moléculas de monómero.

MÉTODOS DE OBTENÇÃO OU PREPARAÇÃO DOS ALCENOS

A COORDENAÇÃO VS 71
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

Ao contrário dos alcanos, que são muito abundantes, os alcenos praticamente não ocorrem
na natureza.

Atualmente, a principal fonte dos alcenos é o petróleo e seus derivados, porém o etileno é
obtido na indústria a partir do etano que passa dentro de um tubo a temperatura de 830ºc
por segundo.

8 3 0ºc/s
H3C CH3 CH2 CH2 + H2
etano eteno

Portanto, na indústria a obtenção de olefinas é feita de entre outros métodos por


desidrogenação de alcanos. Processo efetua-se a elevadas temperaturas (geralmente à
temperatura superior a 450ºc) como catalisadores, de entre outros se usam ou seja, se usa
o óxido de crómio (III), Cr2O3.

H3C HC CH3 600ºc


CH2 C CH3 + H2
Cr2O3
CH3 CH3

Métodos laboratoriais

Redução parcial dos alcinos (hidrogenação dos alcinos ou adição de hidrogénios):

R + H2 + H2
C HC R CH2 CH2 R CH2 CH3
Alcino Catal. Catal.
Alceno Alcano

Se for empregado um catalisador forte (Ni ou Pt), a reacção produz diretamente o alcano,
se porém, for empregado um catalisador fraco (Pd misturado com BaCO3), a reacção
“para” no alceno, pois neste caso, a 2ª etapa é mais lenta que a primeira.

R + H2 /Pd
C HC R CH2 CH2
Alcino BaCO3
Alceno

A COORDENAÇÃO VS 72
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

+ H2 /Pd
HC C CH3 H2C CH CH3
Propino BaCO3 Propeno

2- Reações de eliminação
Este método é o principal para os laboratórios e permite retirar 2 átomos ou grupos de
átomos de carbono adjacentes (carbonos vicinais ou carbonos vizinhos).

As eliminações mais usadas, são:

a) Desidratação dos álcoois (eliminação da água):

A desidratação dos álcoois pode efetuar-se ou em fase de vapor a uma temperatura


aproximada de 350ºc em contato com Al2O3 ou em fase líquida por aquecimento em
presença de diversos ácidos, tais como: ácido Sulfúrico (H2SO4), ácido fosfórico (H3PO4),
e o ácido oxálico (H2C2O4).

O O
C C
HO OH

Nestas reações deve-se atender ao facto de que se existir vária possibilidades de retirada
de um átomo de hidrogéneo do carbono vizinho daquele que contém o grupo hidróxido (-
OH), saíra de preferência o átomo de hidrogéneo do carbono vizinho menos hidrogenado
(regra de Saytzeff).

H2SO4 , Conc.
H3C CH2 OH H2C CH2 + H2O
etanol eteno

Exemplo:

H2SO4 , Conc.
H3C CH CH2 CH3 H3C CH CH CH3 + H2O
OH

O mecanismo desta reacção pode ser o seguinte:

A COORDENAÇÃO VS 73
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

A desidratação dos álcoois é catalisada por protões, intervindo temporariamente e


regenerando depois:

δ+ δ
1º H3C CH CH2 CH3 + H O SO3H H3C CH CH2 CH3 + O S O3H
O O H

+
H
(Álcol Instável)

2º H3C CH CH2 CH3 H3C CH CH2 CH3 + H O H


+
O H

+
H

3º H3C CH CH CH3
+
H3C CH CH CH3 + H+
H

+
4º H + O S O3H H O S O3H

b) Desidrohalogenação
Esta reacção efetua-se em presença de KOH em meio alcoólico, sob influência do calor
(cumpre-se também a regra de Saytzeff).

KOH(solução alcoólica)
H3C CH CH3 H3C CH CH2
HBr
Br

H3C CH2 CH CH CH3 KOH(solução alcoólica) H3C CH2 C CH CH3 + HCl


CH3 Cl CH3

c) Desalogenação
No laboratório os alcenos podem ser obtidos a partir de um dialeto ou dialogeneto de alquilo
em presença de Mg ou Zn:

A COORDENAÇÃO VS 74
Química 11ª Classe
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H2C CH2 + Zn
H2C CH2 + ZnBr2
Br Br

H3C CH CH2 + Mg H3C CH CH2 + MgCl2


Cl Cl

d) Desidrogenação

H3C CH3 H2C CH2 + H2

ALCINOS
Alcino, alquinos hidrocarbonetos étnicos ou ainda hidrocarbonetos acetilénicos são
hidrocarbonetos acíclicos contendo uma única ligação tripla. Por outras palavras, são
hidrocarbonetos que apresentam cadeia aberta e insaturada, com uma única ligação tripla.

Os alcinos são matérias-primas para a fabricação de produtos de grande importância


industrial como por exemplo plásticos, solventes.

SÉRIE HOMÓLOGA
A fórmula geral dos alcinos é CnH2n-2 onde n≥2, as suas moléculas contêm quatro
hidrogénios a menos que os correspondentes alcanos e dois átomos a menos que os
correspondentes alcenos.

se n = 2 C2H2 H C C H

se n =3 C3H4 H C C CH3

1) H C C CH2 CH3
se n = 4 C4H6

2) H3C C C CH3

O representante mais simples dos alcinos é o C2H2 (acetileno). Os seus homólogos são:
C3H4, C4H6, C5H8, etc.

A COORDENAÇÃO VS 75
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

CLASSIFICAÇÃO DOS ALCINOS


Costuma-se classificar os alcinos em:
a) Alcinos verdadeiros ou terminais:
Quando possuem hidrogénios ligados ao carbono da tripla ligação, portanto, são aqueles
que possuem a tripla ligação na extremidade da cadeia.

H C C H e R C C H

b) Alcinos falsos ou não terminais


São os que não têm a tripla ligação na extremidade.

R C C R´ (R R´ou R R´ )

ESTRUTURA DA LIGAÇÃO TRIPLA


Segundo a teoria dos orbitais moleculares, os dois átomos de carbono ligados por tripla
ligação encontram-se no estado de hibridação sp e os demais se encontram no estado de
hibridação sp3.

EX1: 2
2 2
C 1s 2 s 2 p
6
2 2 1 1 0
C 1s 2 s 2 p 2 p 2 p
6

A COORDENAÇÃO VS 76
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

3s

2p

2s

1s

sp
3s 3s

2p 2p

2s 2s

1s 1s
átomo no estado
excitado ou activado

Molécula do C2H2

H σ sp s
C σ sp ~
sp
C σ sp s
H
NOMENCLATURA
O Alcino mais simples e o único que tem o nome trivial que é o acetileno.

H C C H

Os demais alcinos nomeiam-se pelas nomenclaturas IUPAC e racional (ou derivada).

I- Segundo a IUPAC a nomenclatura dos alcinos é semelhante à dos alcenos,


bastando trocar a terminação eno por ino.
Exemplo:

H C C H Etino

H C C CH3 Propino

A COORDENAÇÃO VS 77
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

Nos alcinos mais complexos a nomenclatura IUPAC é feita de modo semelhante à dos
alcenos. Aqui, também, a cadeia principal é a mais longa que contém a ligação tripla e a
numeração é feita a partir da extremidade mais próxima da ligação tripla (o número que
indica a posição da ligação tripla é colocada sempre no fim do nome).

Exemplo:

H C C CH2 CH3 H3C C C CH2 CH3


Butino 1 Pentino 2

CH3
H3C C C CH3 H3C CH2 C C CH CH3
Butino 2 2 metilhexino 3

II- De todos os alcinos, o mais importante é o etino, até hoje conhecido pelo seu nome
vulgar acetileno. Assim pela nomenclatura racional os outros alcinos podem receber, então,
nomes derivados do acetileno (ou etino).

Exemplo:

H C C CH2 CH3 H3C C C CH3


Dimetilacetileno
Etilacetileno

H3C CH C C CH3 H3C CH C C CH2 CH3

CH3 CH3
Metilisopropilacetileno Etilisopropilacetileno

Observação
1º. A IUPAC recomenda que os radicais sejam colocados em ordem alfabética. No
entanto ainda é muito comum ou difundido a ordem de complexidade dos radicais.
2º. Quando existir a possibilidade de se escolher duas ou mais cadeias com o número
máximo de carbono, deve-se escolher a que tiver maior número de ramificações.
ISOMERIA

A COORDENAÇÃO VS 78
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

A isomeria dos alcinos está condicionada pela ramificação da cadeia carbonada e pela
posição da tripla ligação. Por outras palavras, para os alcinos são mais características as
isomerias de cadeia e de posição.

Exemplo: Isomeria de cadeia e de posição (C5H8):

1) H3C CH C C H 2) H3C CH2 C C CH3 3) H C C CH2 CH2 CH3


CH3 cadeia normal
cadeia ramificada
1 e 2 são isomeros de cadeia enquanto que 2 e 3 são isomeros de posição

Observação
1. Para os hidrocarbonetos acetilénicos não podem existir isómeros cis-trans
(geométricos).
2. Devido a sua fórmula molecular geral (CnH2n-n) os alcinos são isómeros dos
alcadienos e dos cicloalcenos (ciclenos).

Ex: C3H4
CH2

HC CH
H3C C C H H2C C CH2

PROPRIEDADES FÍSICAS DOS ALCINOS


Os alcinos pelas suas propriedades físicas se assemelham às olefinas e às parafinas. Os
alcinos inferiores C2-C4 são gases, de C5-C15 são líquidos e os superiores são sólidos em
condições ambientais.

As temperaturas de ebulição e as densidades dos alcinos são superiores do que as dos


correspondentes alcenos. Assim, o etileno possui uma temperatura de ebulição de -103ºc,
o acetileno de -83,6ºc, o propileno e o metil-acetileno (H−C≡C−CH3), de -47ºc e -23ºc
respectivamente.

Alcinos Alcenos alcanos


; no entanto, todos são menos denso que a
água. Os alcinos são insolúveis na água e solúveis em solventes orgânicos.

A COORDENAÇÃO VS 79
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

PROPRIEDADES QUÍMICAS DOS ALCINOS


Tal como nos alcenos, para os alcinos também são características as reações de adição,
quer dizer que o ponto vulnerável dos alcinos é a ligação tripla.

Outrossim, são conhecidas outras reações, tais como: reações de oxidação, reacção
de substituição do hidrogénio, polimerização, isomerização e outras.

I- reações de adição a tripla ligação:


a) Adição de halogéneos (halogenação): a reacção ocorre mais lentamente que no caso
dos alcenos. Conduz á formação de derivados tetrahalogenados dos alcanos.

X X
R C C R´ + 2 X2 R C C R´

X X
Derivado tetrahalogenado

Ex:
Cl Cl
H C C H + 2 Cl2 H C C H 1, 1, 2 , 2 Tetracloroetano
Cl Cl

Br Br
H3C C C CH3 + 2Br2 H3C C C CH3 2 , 2 , 3 , 3 Tetrabromobutano
Br Br

b) Adição de hidrogénio (hidrogenação)


A tripla ligação se hidrogena com mais facilidade que a dupla ligação. Assim, pela adição
de hidrogénio os alcinos convertem-se em alcenos ou alcanos. Se for empregado um
catalisador forte (Ni ou Pt), a reacção produz diretamente o alcano; se porém, usarmos um
catalisador mais fraco (Pt misturado com BaCO3), a reacção “para” no alceno, pois, neste
caso, a 2ª etapa é mais lenta que a primeira.

R C C R´ + H2 Pd R HC CH R´
BaCO3
Alceno

A COORDENAÇÃO VS 80
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

R C C R´ + H2 Pd ou Ni R CH2 CH2 R´
Alcano

H3C C C CH3 + H2 Pd H3C CH HC CH3


BaCO3

H C C CH2 CH2 CH3 + 2H 2 H3C CH2 H2C CH2 CH3

H C C CH2 CH2 CH3 Ni


+ 2 H2 H3C CH2 H2C CH2 CH3

c) Adição de hidrogenidrodos ou dos ácidos do tipo HX (hidrohalogenação)


Esta adição conduz a formação de derivados halogenados dos alcanos (cumpre-se também
a regra de Markovinikov).

H X
R C C R´ + 2 HX R C C R´

H X

H Br
H C C H + HBr H C C H + HBr H C C H
H Br H Br

Note que o hidrogénio ligou-se ao carbono mais hidrogenado, em obediência á regra de


Markovnikov já estudada anteriormente.

d) Adição de água (hidratação)


A reação ocorre mais facilmente que nos alcenos o ácido sulfúrico diluído (H2SO4) e os sais
de mercúrio (Hg) bivalentes servem de catalisadores.

Neste tipo de reacção só o acetileno produz aldeído (neste caso, o etanal), os demais
alcinos produzem cetonas, em decorrência da regra de Markovinikov. O enol e o aldeído
(ou cetona) são isómeros em equilíbrio este fenómeno é chamado Tautomeria; o enol e o
aldeído (ou cetona) são tautómeros.

O
OH H
R H2SO4
C C H + H OH R C C H R C C H
HgSO4
H H
Enol (instável) cetona

A COORDENAÇÃO VS 81
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

Exemplo:

O
OH
H2SO4
H C C H + H OH H C C H H C CH3
HgSO4
H
Enol (instável) cetona

e) Adição de cianidreto ou ácido cianídrico (HCN)

Exemplo:
H
H C C H + H CN H C C CN
H
acri l o n i t ri l o

II- Reacção de substituição do hidrogénio


Os átomos de hidrogénio dos alcinos terminais (R−C≡C−H) têm carácter levemente ácido
e podem ser substituídos por metais, dando origem aos monocarbonetos ou dicarbonetos,
ou seja, acetiletos.

R C C H + Na em NH3 R C C Na + 1 H2
líquido 2

R em NH3
C C H + NaNH2 R C C Na + NH3
líquido
acetileto de sódio

R C C H + AgNO3 em solução R C Ag
no NH4OH
C + HNO3
acetileto ácido
de prata nítrico

R C C H + CuCl em solução
R C C Cu + HCl
no NH4OH acetileto
de cobre ( I )

Exemplo:

A COORDENAÇÃO VS 82
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

H C C H + Na em NH3 líquido H C C Na + Na em NH3 líquido Na C C Na


1H 1H
2 2 2 2
ou

H C C H + 2 Na em NH3 líquido Na C C Na + H2

H3C C C H + NaNH2 em NH3 líquido H3C C C Na + NH3

Evidentemente, o H−C≡C−H poderá dar as mesmas reações em dobro, já que possui dois
hidrogénios ácidos.

Os acetiletos dos metais alcalinos e alcalinos terrosos hidrolisam-se facilmente:

R C C Na + H OH R C C H + NaOH
Ex:
H3C C C Na + H OH H3C C C H + NaOH

O acetileto mais importante é o acetileto de cálcio (chamado comercialmente de carbeto),


usado na produção do acetileno.

C C + 2 H OH H C C H + Ca(OH)2
Ca
acetileto
de cálcio ou

CaC2 + 2 H2O H C C H + Ca(OH)2


acetileto
de cálcio

Os acetiletos dos metais pesados (Ag, Cu, etc.) precipitam em soluções aquosas e a
reacção serve para diferenciar os alcinos “verdadeiros” dos alcinos “falsos”, pois estes
últimos não podem dar a reacção e, consequentemente não formam precipitado. Os
acetiletos dos metais pesados, quando secos, são explosivos violentos, sendo usados em
detonadores (detonação = ruído provocado por uma explosão e detonador = aquilo que
provoca a detonação de uma substância explosiva).

A COORDENAÇÃO VS 83
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

Os alcinos terminais reagem com os compostos organometálicos (R–MgX) para formar


complexos de Iozich.

O esquema geral da reacção é o seguinte:

R C C H + R´MgX R C C MgX + R´H


Alcino composto complexo
organometalico alcano
de Iozich
Ex:
H3C C C H + C2H5MgBr H3C C C MgBr + C2H6
P ropino complexo etano
Brometo de
etilmagnésio de Iozich

Esta reacção (reacção de substituição de hidrogénio) é amplamente utilizada na síntese


orgânica. A partir dos complexos de Iozich podem ser obtidos álcoois ou ácidos não
saturados.

III- Reacção de Dimerização


A reacção de dimerização consiste em fazer reagir dois dímeros em presença de catalisador
(por exemplo, Cu(NH3)2) para se obter um vinil acetileno.

H C C H + H C Cu(NH3)2Cl
C H H C C CH CH2
vinilacetileno

IV- Reacção de polimerização


A polimerização dos alcinos pode ser de dois tipos linear e cíclica.
a) Polimerização linear:
Por exemplo, as moléculas de acetileno possuindo triplas ligações sob influência de
catalisadores como por exemplo o NH4Cl, CaCl2, MnCl2 reagem entre si.

MgCl2
3H C C H CH2 HC C C CH CH2
divinilacetileno

b) Polimerização cíclica:
Tem-se apenas como referência histórica, porquanto foi utilizada pela primeira vez por
Berthelot para sintetizar o benzeno. Hoje em dia ninguém sintetiza o benzeno a partir do
acetileno uma vez que é mais barato obtê-lo a partir dos derivados do petróleo.

A COORDENAÇÃO VS 84
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

CH
HC CH CH CH
CH CH 500ºc

CH CH
CH CH
acetileno CH
Benzeno

V- Isomerização
As reações de isomerização não são muito práticas, pois por requerer muita energia,
tornam-se na maioria das vezes reversíveis.

H3C H2C H2C C C H tº


H3C H2C C C CH3
Pentino 1 Pentino 2

H3C H2C H2C H2C C C H tº tº


H3C H2C H2C C C CH3 H3C H2C C C CH2 CH3
hexino 1 hexino 2 hexino 3

VI- Oxidação de ligações triplas


a) Oxidação branda
É conseguida usando-se, como oxidante KMnO4, em solução aquosa diluída, neutra ou
levemente alcalina. Se, no Alcino inicial existir um hidrogénio ligado diretamente ao carbono
da tripla ligação, no composto final teremos, do mesmo lado, um radical aldeído. Por tanto,
o composto final pode ser uma dicetona, um dialdeído ou uma cetona, aldeído.

O O
R C C R´ + 2 O R C C R´
Dicetona

O O
H3C H2C C C CH3 + 2 O H3C H2C C C CH3
Dicetona

b) Oxidação enérgica
Com o permanganato de potássio (KMnO4) em solução, a quente, há ruptura da cadeia no
lugar da ligação tripla, com formação de ácidos carboxílicos. Se R ou R´ for o hidrogénio,
em lugar da molécula do ácido correspondente teremos CO2 e H2O.

A COORDENAÇÃO VS 85
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

O O
R C C R´ + 3 O + H2O R C + R´ C
alci no OH
ácid o OH
fals o ácid o
carb o xi lico
carb o xi lico

O
R C C H +3 O + H2O R C + CO2 + H2O
alcino OH
ácido H2CO3
verdadeiro
carboxilico

c) Combustão
Os alcinos também queimam com facilidade.

5
Combustão C2H2 +
2
O2 2 CO2 + H2O + Q
completa

3
Combustão C2H2 + 2 O2 2 CO2 + H2O + Q
incompleta
ou parcial
C2H2 + 1
O2 2 C + H2O
2

MÉTODO DE OBTENÇÃO DOS ALCINOS


Os alcinos não existem livres na natureza.

1. A preparação industrial volta-se quase exclusivamente para o acetileno que é sem


dúvida o hidrocarboneto mais importante da série. Existem fundamentalmente dois
“caminhos” para a produção industrial do acetileno.
a) Processo carboquímico de produção do acetileno (hidrólise do carboneto de cálcio):
este método consiste no seguinte:

1) 1 0 0 0ºc
CaCO3 CaO + CO2
calcário cal

2) A calcinação do carbono com o óxido de cálcio (cal) em fornos eléctricos leva


à formação de carboneto de cálcio (ou acetileno de cálcio).

15 00ºc
CaO + C CaC2 + CO

3) A água ao decompor-se o acetileto de cálcio, propicia a formação de acetileno.

A COORDENAÇÃO VS 86
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

CaC2 + 2 H2O HC CH
acetileno

Observação: etapa mais difícil deste processo é a segunda reacção, pois a cal (CaO)
só reage com o carvão coque (C) em temperaturas muito elevadas; isto exige o
emprego de fornos especiais, aquecidos, com alto consumo de energia eléctrica. A
última reacção é muito fácil. Álias, o carboneto de cálcio ou carbureto (CaC2) é um sólido
que deve ser conservado em latas hermeticamente fechadas, pois caso contrário
acabará reagindo até com a humidade (H2O) do ar.

b) Processo petroquímico de produção do acetileno:


São os mais usados atualmente. Eles se baseiam em reações feitas a altas
temperaturas (1500ºc), de cracking e de desidrogenação:

b1) De alcanos provenientes de petróleo; por exemplo:

ºc
1500
H3C CH3 HC CH + 2 H2
acet i l en o

b2) Do metano proveniente do gás natural:

2 CH4 1 5 0 0ºc HC CH + 3 H2
met an o acet il en o

2- A preparação dos demais alcinos em laboratórios pode ser feita por processos
semelhantes aos de preparação dos alcenos, executando-se as reações em dobro.

a) Desidrogenação de dihaletos de alquilos vicinais ou geminados (reacção com KOH


em solução alcoólica).

X
R CH CH2 R C CH3
X X X
d i h al et o d e
al q u i l o v i ci n al d i h al et o d e
al q u i l o g emi n ad o

O esquema da reação é o seguinte:

H X
2 KOH(solução alcoólica)
R C C H R C CH + 2 HX
alcino
X H

A COORDENAÇÃO VS 87
Química 11ª Classe
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H
Br
2 K OH(solução alcoólica)
C3H7 C C H C3H7 C CH
2 H Br
Br H

H
Br
2 KOH(solução alcoólica)
C2H5 C C C2H5 C2H5 C C C2H5
2 HBr
Br H

b) Reacção de tetrahaletos com zinco

O esquema da reacção é o seguinte:


X X
R C C R´ + 2 Zn em meio alcoólico R C C R´ + 2 ZnX2
X alcino haleto de
X
zinco
Tetrahaleto
de alquilo

Cl
Cl
H3C H2C C C CH3 + 2 Zn em meio alcoólico H3C H2C C C CH3 + 2 ZnCl2
Cl Cl

c) Os alcinos também podem ser obtidos a partir dos haletos de alquilo em combinação
com os acetiletos de sódio e com os complexos de Iozich.

R C C Na + X R´ R C C R´ + NaX
acetileto de Alcino
sódio

H C C Na + Br CH3 H C C CH3 + NaBr

R C C MgBr + Br R´ R C C R´ + MgBr2
Composto de haleto de Alcino
Iozich alquila

Ex:

A COORDENAÇÃO VS 88
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H C C MgBr + Br CH2CH3 H C C CH2CH3 + MgBr2

Estas reações (C1 e C2) são muito usadas em laboratórios e permitem transformar um
alcino mais simples em um mais complexo.

APLICAÇÃO DOS ALCINOS


Do ponto de vista industrial o alcino mais importante é o acetileno (C2H2). Na Alemanha,
durante a 2ª guerra mundial, o químico Reppe conseguiu obter centenas de produtos
orgânicos a partir do acetileno obtido do carvão; criou-se assim uma verdadeira Química
de acetileno.

Portanto esse gás constitui um composto da mais alta importância no sector industrial,
sendo matéria-prima na obtenção de solventes indústriais, plásticos explosivos,
borrachas sintéticas, etc,

Outras utilidades do acetileno


 Ao queimar, produz uma chama muito luminosa, cuja temperatura chega ao
redor de 3000ºc, sendo utilizado no maçarico oxiacetilénico, empregado no corte
e na soldadura de metais;
 É utilizado na preparação do etileno e do etano através de hidrogenações
catalíticas;
 É usado na obtenção do álcool etílico e ácido acético, compostos de grande
importância industrial;
 Quando puro, é empregado como anestésico, com o nome de narcileno.
EXERCÍCIOS
 Dê nomes segundo a IUPAC, aos seguintes alcenos:

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a) H2C CH CH CH3

CH3

b) H2C C CH CH2 CH3


CH2 CH
3
CH3
CH3
c) H3C C CH2 CH2 CH CH2
CH2
CH3

 Escreva a fórmula estrutural dos seguintes compostos:


a) 4- metilpenteno-1
b) Dimetilbuteno-2
c) 2-metil 4,4-dimetilhexeno-2
d) 5-etil-6,7,7-trimetil- octeno-3
e) 4-metilhexino-1
f) 4,4-dimetilheptino-2
g) Octino-3
 Dê nomes segundo a IUPAC, aos seguintes alcinos:

a) HC C CH2 CH2 CH3

b) H3C CH2 CH2 CH CH3


C

CH
c) CH3
H3C C CH2 CH2 C CH
CH2
CH3

d) H3C H2C H2C C C CH CH2 CH3

CH3

A COORDENAÇÃO VS 90
Química 11ª Classe
Curso Técnico de Saúde-Lubango

A COORDENAÇÃO VS 91
Química 11ª Classe
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A COORDENAÇÃO VS 92

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