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Universidade 

Federal Rural do Semi­Árido – UFERSA 

Estrutura Eletrônica dos Átomos 

1. Estrutura geral dos átomos 

Após  vários  anos  de  intensos  estudos,  acredita‐se  que  um  átomo  consiste 
basicamente de um pequeno núcleo muito denso, rodeado por elétrons, que estão 
em constante movimento em torno do núcleo.  

Elétrons  apresentam  carga  negativa  e  estão  distribuídos  por  um  volume 


espacial relativamente grande em volta do núcleo, estima‐se que se o átomo fosse 
do  tamanho  do  estádio  do  maracanã  o  núcleo  seria  do  tamanho  de  uma  bola  de 
futebol localizada no centro deste estádio, ou seja, nessas condições, o elétron mais 
próximo do núcleo estaria a aproximadamente 1,5 Km de distância do núcleo. 

Figura 1: Ilustra a distância entre o núcleo do átomo a seu elétrons mais próximo. 

Segundo  o  princípio  da  incerteza  de  Heisenberg  é  impossível  pré‐dizer 


simultaneamente  a  posição  e  a  velocidade  de  um  elétron.  Deste  modo,  torna‐se 
mais  conveniente  falar  em  termos  de  probabilidade  de  o  elétron  ser  encontrado 
em  certa  posição  do  espaço  em  determinado  instante.  Deste  modo,  a  região  do 
espaço  onde  é  máxima  a  probabilidade  de  se  encontrar  o  elétron  é  chamado  de 
orbital. 

Figura  2:  Ilustra  duas  regiões  no  espaço.  A  região  “A”  é  a  região  de  maior 
probabilidade  de  se  encontrar  o  elétron  em  relação  à  outras  regiões,  como  por 
exemplo a região “B”. Sendo assim, a região “A” é o orbital. 

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O  núcleo  de  um  átomo  contém  prótons  carregados  positivamente  e 


nêutrons  que  não  apresentam  carga.  Sendo  assim,  o  núcleo  é  carregado 
positivamente.  Como  a  quantidade  de  carga  positiva  em  um  próton  é  igual  à 
quantidade  de  carga  negativa  em  um  elétron,  um  átomo  neutro  tem  o  mesmo 
número  de  prótons  e  elétrons.  Átomos  podem  ganhar  elétrons  e  tornarem‐se 
carregados negativamente, ou podem perder elétrons para se tornarem carregados 
positivamente. Entretanto, o número de prótons em um átomo não muda.  

Figura 3: Ilustra o núcleo do átomo contendo prótons e neutros e os elétrons na 
eletrosfera. 

O  que  realmente  define  um  átomo  não  é  seu  número  de  elétrons  nem 
número  de  nêutrons  e  muito  menos  sua  massa  atômica  (como  se  achava 
antigamente), mas sim o número de prótons. Assim, átomos diferentes apresentam 
números de prótons diferentes e, inclusive, a tabela a própria periódica atualmente 
é  organizada  de  acordo  com  o  número  de  prótons  de  cada  elemento,  pois 
observou‐se  que  organizando  os  elementos  desta  maneira  eles  apresentavam 
propriedade  que  se  repetiam  dentro  de  uma  mesma  família  ou  período 
(propriedades periódicas) 

Prótons  e  nêutrons  têm  aproximadamente  a  mesma  massa  e  são 


aproximadamente 1.800 vezes 

Tabela 1: Constituintes do átomo. 

Partícula  Localização  Carga  Massa 


Elétron  Eletrosfera  ‐ 1  1/1800 
Próton  Núcelo  + 1  1 
Neutron  Núcleo  0  1 
 

2. Estrutura Eletrônica dos Átomos 

2.1 Números Quânticos 

São números que descrevem o elétron. Estes levam em consideração, dentre 
outras propriedades, sua energia, sua localização e sua rotação.  


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2.1.1 Primeiro Número Quântico ou Número Quântico Principal (n): 

O número quântico principal nos dá a informação do nível de energia que o 
elétron apresenta. À medida que  n aumenta, o orbital torna‐se maior, e o elétron 
passa mais tempo mais distante do núcleo. Um aumento de n significa também que 
o elétron tem energia mais alta e, por isso está menos fortemente preso ao núcleo. 

  Todos  os  orbitais  com  mesmo  valor  de  n  estão  na  mesma  camada,  ou  seja, 
apresentam o mesmo nível de energia; 

  O número quântico principal pode assumir qualquer valor inteiro positivo (n = 
1,  2,  3  ...  ∞).  Cada  número  representa  um  determinado  nível  de  energia  (também 
chamado de camada). 

  As camadas podem ser identificadas por letras latinas maiúsculas, começando 
por  K,  para  a  primeira  camada  (n  =  1).  Daí  em  diante  as  letras  seguem  a  ordem 
alfabética. 

   

2.1.2 Segundo Número Quântico, Número Quântico Secundário ou 
Número Quântico Azimutal (ℓ) 

  O  número  quântico  secundário  divide  as  camadas  em  grupos  menores, 


denominadas subcamadas (ou subníveis), definindo o formato do orbital.  

  Para um dado valor de n, ℓ pode variar de 0 a n – 1. Ou seja o número máximo 
de ℓ permitido é: 

ℓ = n – 1  (Eq. 1)

  Os subníveis associados com os valores de ℓ = 0, 1, 2 e 3 são designados pelas 
letras:  s, p, d e f, respectivamente; 

  

Tabela 2: Designação dos orbitais. 

Valor de n  1  2  3  4 
Valor de ℓ  0  1  2  3 
Designação dos orbitais  s  P  d  f 
 

Ordem de energia 

s < p < d < f 

­ Energia crescente   

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Figura 4: Diagrama aproximado dos níveis de energia. 

2.1.3 Terceiro Número Quântico, Número Quântico Terciário ou 
Número Quântico Magnético (mℓ) 

  O  número  quântico  magnético  dá  a  orientação  dos  orbitais  atômicos  no 


espaço. Cada subnível consiste em um número específico de orbitais. Cada orbital 
corresponde a diferentes valores permitidos de mℓ. Os valores de mℓ são números 
inteiros  que  assumem  diferentes  valores  dependendo  do  nível  e  subnível  em 
questão.  Para  determinado  valor  de  ℓ,  existem  2ℓ  +  1  valores  permitidos  de  mℓ,  
variando de  – ℓ a + ℓ. Portanto, cada subnível s (ℓ=0) consiste de um orbital; cada 
subnível p (ℓ=1) consiste em três orbitais; cada subnível d (ℓ=2) consiste em cinco 
orbitais; cada subnível f (ℓ=3) consiste de sete orbitais, e assim por diante. 

  Orbitais de um mesmo subnível (ℓ = 2, por exemplo) apresentam a mesma 
energia e, por isso, são chamados de orbitais degenerados. 

Exemplos de orbitais: 

• Para  ℓ  =  0:  corresponde  ao  orbital  s,  onde  existe  somente  uma  orientação 
permitida (mℓ = 0). 


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Figura 5: Ilustra o formato do orbital s 

• Para  ℓ  =  1:  corresponde  ao  orbital  p,  onde  existem  três  orientações 
permitidas (mℓ = ‐1, 0, 1) que coincidem com os três eixos cartesianos; 

Figura 6: Ilustra o formato do orbital p. 

• Para  ℓ  =  2:  correspondem  aos  orbitais  d  onde  existem  cinco  orientações 


permitida (mℓ = ‐2, ‐1, 0, 1, 2); 

   

Figura 7: Ilustra o formato do orbital d. 

 

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• Para  ℓ  =  3:  correspondem  aos  orbitais  f,  onde  existem  sete  orientações 
permitidas (mℓ = ‐3, ‐2, ‐1, 0, 1, 2, 3); 

Figura 8: Ilustra o formato do orbital f. 

Tabela 3: Capacidades dos quatro primeiros níveis. 

Elétrons máximos  Elétrons máximos 
N  ℓ  mℓ  Subnível 
no subnível  no nível 

           
1  0  0  1s  2  2 
0  0  2s  2 
2  8 
1  ‐1, 0, 1  2p  6 
0  0  3s  2 
   
1  ‐1, 0, 1  3p  6 
3  18 
2  ‐2, ‐1, 0, 1, 2  3d  10 
0  0  4s  2 
  1  ‐1, 0, 1  4p  6   
4  2  ‐2, ‐1, 0, 1, 2  4d  10  32 
3  ‐3, ‐2, ‐1, 0, 1, 2, 3  4f  14 
 


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2.1.4 Quarto Número Quântico, Número Quântico Quaternário ou 
Número Quântico Magnético de Spin do Elétron (ms) 

  O  número  quântico  magnético  de  spin  não  está  relacionado  com  o  orbital, 
mas sim com o elétron. O ms está associado com a rotação do elétron em torno de 
seu próprio eixo. 

  Os  elétrons  giram  em  rotação  igual,  porém  em  sentidos  contrários.  Para 
representá‐los convencionou‐se atribuir os valores +1/2  a um sentido de rotação 
e  ‐1/2  ao  outro  sentido  de  rotação.  Outra  forma  de  representar  os  elétrons  em 
orbitais  seria  como  setas.  Onde  uma  seta  voltada  para  cima  seria  um  sentido  de 
rotação e uma seta voltada para baixo seria o outro sentido de rotação. 

Figura 9: Ilustra o modo de usar as setas para indicar a rotação do elétron. 

• Quando  dois  elétrons  estão  ocupando  o  mesmo  orbital  de  um  mesmo 
subnível diz‐se que seus elétrons estão emparelhados. Com spins opostos. 

Figura 10: Ilustra o emparelhamento de dois elétrons. 

2.2 Principio da Exclusão de Pauli 

O princípio da exclusão de Pauli estipula que: 

a) Não mais que dois elétrons podem ocupar cada orbital; 

b) Em  um  átomo  não  pode  existir  dois  elétrons  com  os  quatro  números 
quânticos iguais.  

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  Assim,  para  não  ferir  este  princípio,  se  quisermos  colocar  mais  de  um 
elétron  dentro  de  um  mesmo  orbital  a  única  opção  é  assinalar  diferentes  valores 
de  ms  para  os  elétrons.  Como  só  existem  dois  valores  de  ms,  concluímos  que  um 
orbital  pode  comportar  no  máximo  dois  elétrons,  e  eles  devem  apresentar  spins 
opostos (+1/2 e ‐1/2). 

2.3  Configuração Eletrônica 

  A maneira na qual os elétrons estão distribuídos entre os vários orbitais de 
um  átomo  é  chamada  de  configuração  eletrônica.  A  mais  estável  configuração 
eletrônica de um átomo é aquela na qual os elétrons estão nos estados mais baixos 
de energias possíveis. 

  Como o princípio da exclusão diz que pode haver no máximo dois elétrons 
no mesmo orbital, devemos preencher os orbitais em ordem crescente de energia.  

  O  preenchimento  dos  diagramas  de  orbitais  de  cada  subnível  segue  os 
Princípio da Construção e a Regra de Rund. 

Princípio  da  Construção:  de  acordo  com  este  princípio,  um 


elétron sempre vai para um orbital de menor energia. As energias 
relativas dos orbitais atômicos são as seguintes: 

1s < 2s < 2p < 3s < 3p < 4s < 3d < 4p < 5s < 4d < 5p < 6s < 4f < 5d <  

6p < 7s < 5f 

Regra de Rund: quando orbitais de mesma energia (degenerados) 
estão  sendo  preenchidos,  o  estado  de  menor  energia  é  aquele  que 
tiver  o  maior  número  possível  de  elétrons  com  mesmo  spin  (ms). 
Diz­se  que  os  elétrons  dessa  forma  têm  spins  paralelos  ou,  ainda, 
emparelhados. 

Notações: 

  Onde:   X simboliza o elemento químico;  
A               A é o número de massa (no prótons + no nêutrons); 

Z X                Z é o número atômico (no prótons) 
               Z é numericamente igual ao no elétrons) 
 


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       onde:       C é o símbolo que representa o átomo de carbono 

                       12 é número de massa (no prótons + no nêutrons) 
12
  
6 C                        6 é o número atômico, ou seja é o n  prótons, que é 

                                              numericamente igual ao  n
o
o

 elétrons. 

2.4  Diagrama de Energia de Pauling 

O  cientista  americano  Linus  C.  Pauling  apresentou  a  teoria  até  o  momento 


mais  aceita  para  a  distribuição  eletrônica.  Pauling  apresentou  esta  distribuição 
dividida em níveis e subníveis de energia. 

A  distribuição  eletrônica,  conforme  Pauling,  não  era  apenas  uma  ocupação 


pelos  elétrons  dos  espaços  vazios  nas  camadas  da  eletrosfera.  Os  elétrons  se 
distribuem segundo o nível de energia de cada subnível, numa seqüência crescente 
em que ocupam primeiro os subníveis de menor energia e, por último, os de maior. 
O  diagrama  de  energia  de  Pauling  define  a  ordem  de  energia  crescente 
que é também a seqüência de distribuição dos elétrons: 
 

Figura 11: Ilustra como ocorre a distribuição eletrônica. 


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Na  Figura  11,  as  setas  indicam  a  ordem  crescente  dos  níveis  de  energia, 
concordando com o diagrama de energia na Figura 4, veja:  
 
1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s2 4f14 5d10 6p6 7s2 5f14 6d10 … 
 
Note. No diagrama de energia (Figura 4) que o 4s2 apresenta menor energia 
do que o 3d10, por isso que no diagrama de Pauling (Figura 11) o 4s2 vem antes do 
que 3d10. Assim, seguindo o diagrama de Pauling, podemos montar a distribuição 
eletrônica para a maioria dos elementos químicos. 
Exemplos: 
• Para 9F, temos: 1s2, 2s2, 2p5 

• Para 20Ca, temos: 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6, 4s2 

• Para 40Zr, temos: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d2 

  Com o diagrama de Pauling pode‐se fazer a distribuição eletrônica de vários 
compostos. Uma observação cuidadosa nos mostra que há umas poucas exceções 
para estas regras. Duas exceções dignas de nota são o cromo e o cobre. Seguindo as 
regras que estudamos esperaríamos que suas configurações fossem: 

24Cr: 1s
2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d4 

29Cu: 1s
2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d9 

No entanto, as distribuições eletrônicas determinadas experimentalmente são: 

24Cr: 1s
2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s1 3d5 

29Cu: 1s
2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s1 3d10 

Os diagramas de orbitais correspondentes são: 

24Cr
4s
3d  

29Cu
4s
3d  

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Note que, no caso do cromo, um elétron foi “emprestado” pelo subnível 4s para um 
subnível  3d  que  ficou  exatamente  com  metade  de  sua  “população”  de  elétrons 
máxima.  Já  no  caso  do  cobre,  este  mesmo  elétron  4s  é  utilizado  para  preencher 
completamente uma subcamada 3d. 

3. Ligações Químicas 

  As  ligações  químicas  que  ocorrem  naturalmente  a  fim  de  se  formar 
compostos mais estáveis, ou seja, de menor energia. 

3.1 Estruturas de Lewis 

  As  ligações  ocorrem  usando  os  elétrons  presentes  na  última  camada,  ou 
seja,  na  camada  de  valência.  Elétrons  presentes  na  camada  de  valência  são 
chamados  elétrons  de  valência.  Para  representar  um  átomo  usando  uma 
estrutura  de  Lewis  deve‐se  representar  o  átomo  por  seu  símbolo  químico,  os 
elétrons de valência por pontos e as ligações por traços. Veja os exemplos abaixo: 

Tabela 4: Estruturas de Lewis 

 
 

3.2 A Regra do Octeto 

  Por muito se estudou os gases nobres devido poderem ser encontrados na 
natureza na sua forma atômica, ou seja, não necessitam de fazer ligações para se 
estabilizarem. Quando estudaram suas estruturas observaram que, com exceção do 
Hélio,  todos  os  gases  nobres  apresentam  oito  elétrons  em  sua  última  camada. 
Assim, concluíram que qualquer os átomos tendem a se ligar ganhando, perdendo 
ou compartilhando elétrons para alcançar a configuração de um gás nobre, ou seja, 
oito elétrons em sua camada de valência. Fazendo isso os átomos alcançariam sua 
estabilidade. Deste modo, surgiu a Regra do Octeto que dá base para que se possa 
montar uma infinidade de estrutura de moléculas. 

H + O + H H O H ou H O H
 

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H
H
H C H H C H
H
H  

-
Li + F Li + F
 

  Alguns  compostos  fogem  a  Regra  do  Octeto  como,  por  exemplo,  o 


pentacloreto de fósforo, PCl5, no qual o átomo de fósforo é ligado covalentemente  
cinco átomos de cloro.  

Cl
Cl
P Cl
Cl
Cl  
Deste  modo,  a  camada  de  valência  do  fósforo  possui  10  elétrons.  Neste  caso, 
dizemos que a camada de valência se expandiu. 

  Algumas vezes a camada de valência de um átomo numa molécula contém 
menos elétrons do que o octeto. Este é o caso do trifluoreto de boro, BF3,: 

F
B F
F  
  Neste  composto  a  camada  de  valência  do  boro  é  ocupada  por  apenas  três 
pares de elétrons, pois o número total de elétrons de valência  é insuficiente para 
atingir o octeto. Novamente a regra do octeto é desrespeitada. 

3.3 Ligações Iônicas 

Na  ligação  iônica  ocorre  a  formação  de  íons  devido  a  transferência  de 
elétrons, que residem na camada mais externa (camada de valência), de um átomo 
para  o  outro.  Normalmente,  nesta  ligação,  existe  um  elemento  que  tende  a  ceder 
elétrons (metal ‐ cátion), e outro que tende a receber elétrons (não metal ‐ ânion). 

Observação:  A  ligação  iônica  é  a  única  em  que  ocorre  a  transferência  de 


elétrons. 

12 
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al do Semi­Á
Árido – UFE
ERSA 

A  ligaçãoo  se  dá  dev


vido  à  atraações  eletrrostáticas  fortes 
f que  se  estabelecem 
d ligação  são  não  diirecionadass,  ou  seja,  podem  oco
entree  os  íons.  Este  tipo  de  orrer 
com dois ou maais átomos,, como pod de‐se ver naa Figura 12 2.  

Exemploss  

Para 11Na, temos: 
N

1s2, 2s2, 2
2p6, 3s1 

Para 17Cl, temos 
C

1s2, 2s2, 2p
, 6, 3s2, 3
3p5 

Temos: 100Na+: 1s2, 2s2, 2p6, 3s0 

Temos: 188Cl‐ : 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6 

-
Na + Cl Na Cl+
 

Fig
gura 12: Ilustra o retíículo cristaalino do clo
oreto de sód
dio. 

3.4  Ligações Cova
alentes 

  Uma dass teorias ussadas para o estudo ddas ligaçõess covalentees é a Teoria de 
ação  de  Va
Liga alência  (TLV).  Segun
ndo  esta  teeoria,  uma  ligação  co
ovalente  occorre 
quan
ndo dois átomos se ap proximam ttão perto uum do outro o que o orb bital ocupad
do de 

13 
Prof.f. Zilvam Meelo – Químicca Orgânica

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um  átomo  (orbital  atômico)  se  sobrepõe  ao  orbital  ocupado  do  outro  átomo.  Os 
elétrons  estão  agora  emparelhados  nos  orbitais  que  se  sobrepuseram  e  são 
atraídos por ambos os núcleos, unindo os átomos. Em outras palavras, na ligação 
covalente  os  átomos  possuem  a  tendência  de  compartilhar  os  elétrons  de  sua 
camada  de  valência.  Neste  tipo  de  ligação  não  há  a  formação  de  íons,  pois  as 
estruturas formadas são eletronicamente neutras. 

Figura 13: Ilustra como se dá a atração entre dois átomos numa ligação covalente. 

   

  As ligações covalentes são mais fracas que as ligações iônicas. Estas ligações 
são orientadas, ou seja, cada ligação envolve apenas dois átomos.  

Exemplos: 

 
Figura 14: Ilustra exemplos de compostos com ligações covalentes. 

3.4.1 Tipos de Ligações Covalentes 

3.4.2 Ligação Normal ou Ligação Sigma (σ) 

  Nas  ligações  covalentes  que  consideramos  até  aqui,  está  concentrada 


simetricamente  ao  redor  da  linha  que  une  os  núcleos  (eixo  intermolecular).  Em 
outras palavras a ligação se dá  pela sobreposição frontal desses orbitais ao longo 
do eixo de ligação. Essas ligações são chamadas ligações sigma (σ).  

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Figura 15: Ilustra a sobreposição frontal para formação de ligação σ. 

  Entre dois átomos ligados por ligação covalente só pode existir uma ligação 
sigma; 

  Cada  átomo  que  participa  da  ligação  colabora  com  um  elétron  para  a 
formação da ligação. Os orbitais possuem uma simetria cilíndrica ao longo do eixo 
de ligação; 

Exemplos de compostos com ligação σ: 

 
 

3.4.3 Ligações Pi (π) – Ligações Múltiplas (Duplas ou Triplas) 

  Os eixos dos orbitais da ligação π ficam orientados perpendicularmente aos 
da  ligação  σ  (acima  e  abaixo  do  eixo  imaginário).  Só  pode  formar  uma  ligação  π 
(ligação dupla) onde já existir uma ligação σ. Se entre dois átomos existirem duas 
ligações π (ligação tripla), então elas serão perpendiculares entre si. 

Figura 16: Ilustra a sobreposição lateral para formação de ligação π. 
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Exemplos de compostos com ligação π: 

     

3.4.4  Ligação Covalente Coordenada ou Dativa 

  Na ligação covalente coordenada o par de elétrons da ligação é proveniente 
de um único átomo. 

H Cl  

H N B Cl O S O
 
H Cl  
 

3.4.5 Ligação Covalente Polar 

É  gerada  quando  átomos  de  diferentes  eletronegatividades  se  ligam.  Uma 


ligação covalente polar tem pequena carga positiva em um lado da molécula e uma 
pequena  carga  negativa  no  outro  lado  da  molécula.  Estas  pequenas  cargas 
positivas  e  negativas  são  chamadas  de  cargas  parciais  e  são  indicados  pelos 
símbolos  δ+  e  δ‐,  respectivamente.  A  extremidade  parcialmente  negativa  de  uma 
ligação  é  a  que  tem  o  átomo  mais  eletronegativo.  Quanto  maior  a  diferença  de 
eletronegatividade entre os átomos ligados, mais polar será a ligação. 

Eletronegatividade:  É  a  habilidade  relativa  de  um  átomo  em 


atrair, com maior ou menor intensidade, para si elétrons que estão 
sendo compartilhados em uma ligação covalente. 

 
 

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O  cloreto  de  hidrogênio  possui  uma  extremidade  parcialmente  positiva  e  outra 


parcialmente negativa, está molécula apresenta um dipolo e possui  um  momento 
dipolo (μ). O momento dipolo pode ser calculado pela equação abaixo: 

μ=e x d 
Momento dipolo = carga (em Coulomb) x distância (em metro) 

A unidade dos momentos dipolos normalmente são dadas em debey (D): 

1 D = 3,33 x 10‐30 C x m 

Figura 17: Ilustra a tabela periódica com valores de eletronegatividade de 
todos os elementos. 

3.4.6 Ligação covalente Apolar 

  Quando dois ou mais átomos da mesma ou de eletronegatividades similares 
reagem,  não  ocorre  uma  transferência  completa  de  elétrons.  Nesses  casos,  os 
átomos  alcançaram  configurações  de  gás  nobre  compartilhando  elétrons. 
Ligações covalentes se formam entre os átomos, e seus produtos são chamados de 
moléculas. 

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H  

H C H
 
N N  
H  
 

Exemplo de compostos polares e apolares 

Figura 18: Ilustra compostos com ligações polares e apolares. 

4. Hibridização e Geometria dos Compostos do Carbono 

  A distribuição eletrônica para o átomo de carbono no estado fundamental é: 

6C
1s2 2s2 2px 2py 2pz
 

  Sendo assim só seria possível do carbono formar duas ligações σ, haja vista 
que o carbono apresenta somente dois elétrons desemparelhados para formarem 
ligações.  No  entanto,  foi  comprovado  que  o  carbono  forma  diversos  compostos 
com quatro ligações sigma ou com duas ligações σ e uma ligação π ou, ainda uma 
ligação  σ  e  duas  ligações  π.  Como  isso  pode  ocorrer?  A  explicação  para  tal 
fenômeno vem da teoria de hibridização. A hibridização é a mistura de orbitais. 
Com  esta  mistura  os  o  átomo  de  carbono  pode  assumir  três  estados  de 

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hibridização (sp3, sp2 e sp) e cada estado de hibridização tem suas características 
intrínsecas. 

  O  fenômeno  da  hibridização  só  pode  ocorrer  se  os  orbitais  envolvidos 
tiverem energias próximas, possibilitando a migração de um elétron de um orbital 
de menos energético para um mais energético.  

4.1 Hibridização sp3 (ligações σ) 

  Quando  o  carbono  está  hibridizado  em  sp3  ocorre  a  mistura  do  orbital  2s 
com os três orbitais 2p. Assim, um dos elétrons do orbital 2s migra para o orbital 
2p, que está vazio.  

6C
1s 2
sp 3  

  Podemos entender esta hibridização usando um diagrama de energias dos 
elétrons no estado fundamental e no estado excitado. 

Figura 19: Diagrama de energia para a hibridização sp3. 

  Neste processo, ocorre a formação de quatro orbitais híbridos sp3 com um 
elétron  desemparelhado  em  cada.  Estes  orbitais  híbridos  ficam  orientados  a 
ângulos de 109,5o em relação uns aos outros. Estes ângulos formam uma estrutura 
tetraédrica.  A  sobreposição  dos  quatro  orbitais  híbridos  sp3  é  frontal  por  isso  o 

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carbono  se  torna  capaz  de  formar  compostos  com  quatro  ligações  σ,  assumindo 
estruturas tetraédricas, como exemplifica a Figura. 

 
Figura 20: Exemplo de estrutura tetraédrica. 
 

  Abaixo veja como se dá a formação do etano pela sobreposição dos orbitais 
híbridos sp3 para a formação de quatro ligações σ  C−C e C−H. 
 

 
Figura 21: Ilustra a formação de ligações σ pela sobreposição frontal dos orbitais 
que participam das ligações. Todas as ligações que se formam, tanto C‐C como C‐H 
são ligações σ. 
 
4.2 Hibridização sp2 (ligações σ e ligações π) 

  Quando  o  carbono  está  hibridizado  em  sp2  ocorre  a  mistura  do  orbital  2s 
com dois orbitais 2p. Assim, um dos elétrons do orbital 2s migra para o orbital 2p, 
que está vazio, restando um orbital p puro que não participou da sobreposição.  

6 C
1s 2 p
sp2  

Podemos entender esta hibridização usando um diagrama de energias dos elétrons 
no estado fundamental e no estado excitado. 

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Figura 22: Diagrama de energia para a hibridização sp2. 

  Neste  processo,  ocorre  a  formação  de  três  orbitais  híbridos  sp2  com  um 
elétron desemparelhado em cada. Os três orbitais híbridos são orientados para os 
cantos  de  um  triângulo  regular,  com  ângulos  de  120o  entre  si,  gerando  estrutura 
trigonal  planar,  como  exemplifica  a  Figura.  O  orbital  p  puro  (que  não  sofreu 
hibridização)  fica  orientado  perpendicularmente  ao  plano  do  triângulo  formado 
pelos orbitais híbridos sp2. 

 
Figura 23: Exemplo de estrutura trigonal planar. 
  Os  três  orbitais  híbridos  sp2  podem  sofrer  sobreposição  frontal.  Deste 
modo, o carbono se torna capaz de formar compostos com três ligações σ. Abaixo 
veja  como  se  dá  a  formação  do  eteno  pela  sobreposição  dos  orbitais  sp2  para 
formação de ligações σ  C−C e C−H.  

Figura 24: Ilustra a sobreposição dos orbitais sp2 para a formação de ligações σ. 
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  Já  o  orbital  p  pode  sofrer  sobreposição  perpendicular  ao  eixo  de  ligação 
frontal,  gerando  assim,  uma  ligação  π.  Este  tipo  de  hibridização  possibilita  o 
carbono gerar estruturas trigonal planar com uma ligação π, como, por exemplo o 
eteno, assim como exemplifica a Figura. 

Figura 25: Ilustra a sobreposição de orbitais p para a formação de ligações π. 

4.3 Hibridização sp (ligações σ e ligações π) 

  Quando o carbono está hibridizado em sp ocorre a sobreposição do orbital 
2s com um orbitais 2p. Assim, um dos elétrons do orbital 2s migra para o orbital 
2p, que está vazio.  

6 C
1s 2 p p
sp  

  Podemos entender esta hibridização usando um diagrama de energias dos 
elétrons no estado fundamental e no estado excitado. 

 
Figura 26: Diagrama de energia para a hibridização sp. 

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  Neste  processo,  ocorre  a  formação  de  dois  orbitais  híbridos  sp,  com  um 
elétron  desemparelhado  em  cada.  Os  dois  orbitais  híbridos  são  orientados  a  um 
ângulo de 180o em relação um com o outro. Cada um dos dois orbitais p puros (que 
não  sofreu  hibridização)  ficam  orientados  perpendicularmente  ao  eixo  frontal  de 
ligação  dos  dois  orbitais  híbridos  sp.  Os  dois  orbitais  híbridos  sp  podem  sofrer 
sobreposição frontal, gerando a formação de ligações σ, como mostra a Figura. 

 
Figura 27: Ilustra a sobreposição dos orbitais sp para a formação de ligações σ. 

  Já os orbitais p não‐hibridizados podem sofrer sobreposição perpendicular 
entre si ao eixo de ligação frontal. Este tipo de hibridização  possibilita o carbono 
gerar estruturas lineares com duas ligações σ e duas ligações π. 

5. Comprimento de ligações 

  O comprimento de ligação segue a seguinte seqüência: 

 
  O  princípio  geral  diz  que:  quanto  maior  for  o  caráter  s  dos  orbitais  que 
participam  da  ligação  menor  será  o  comprimento  da  ligação.  Assim,  quando  o 
carbono está hibridizado em sp ele apresenta 50% de caráter s, por isso apresenta  
menor  comprimento  de  ligação  do  que  os  compostos  nos  quais  as  átomos  de 
carbono  apresentam  ligações  duplas  e  este,  por  sua  vez,  apresenta  menor 
comprimento do que os compostos que ligações simples. 

Tabela 5: Mostra as características que os átomos sofrem ao se hibridizarem. 

Tipo de  Ligações que  Caráter s  Geometria  Ângulos das 


hibridização  se formam  (%)  ligações (o) 
sp3  4σ  25  Tetraédrica  109,5 

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sp2  3σ e  1π  33,3  Triangular  120 


sp  2σ e  2π  50  Linear  180 
 

6. Referências 

BROWN,  LEMAY  e  BURSTEN.  Química:  Ciência  Central.  9.  ed.  São  Paulo: 
Pearson, 2007. 

SOLOMONS, T. W.; GRAHAM; CRAIG FRYHLE. Química Orgânica. 8. ed. Rio de 
Janeiro: LTC, 2005. 1 e 2 v. 

BRUICE, P. Y. Química Orgânica. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2006. 

MCMURRAY, J. Química Orgânica, 6. ed. São Paulo: Thomson, 2005. 1 e 2 v. 

ALLINGER, N. L. Química Orgânica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1978. 

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