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Espectro de emissão de gases

Amanda Portes, Luana Mamed


Professor: Marcus Carrião
Física Experimental V, 6M2345 , Turma A
24 de janeiro de 2023

Resumo
O espectro de emissão de um elemento é fruto das transições permitidas dos elétrons oticamente ativos
entre os níveis eletrônicos desse átomo. O experimento teve como objetivo medir os espectros de emissão
dos átomos de He e Na e utilizar estes resultados para encontrar a constante de rede do material e encontrar
a variação de energia entre os subníveis do dubleto de sódio. Com os ângulos associados às raias do Hélio
foi possível aferir o valor da constante de rede 𝑑 = (1676 ± 20)𝑛𝑚 e do número de linhas por milímetro
𝑁 = (596, 7 ± 7, 2)𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠/𝑚𝑚 e com os ângulos associados às raias do dubleto de segunda ordem do Sódio,
adicionado aos valores de d encontrados anteriormente, foi possível obter o valor para os comprimentos de
onda para cada uma das raias do dubleto e utilizando a diferenças entre elesfoi possível obter a variação de
energia Δ𝐸 entre os dois subníveis. O valor para N foi compatível com o valor descrito na rede de difração,
com um erro associado de 𝜀 = 0, 5%. O valor da diferença entre os comprimento de onda do dubleto e a
variação de energia entre os subníveis do dubleto não se mostraram satisfatórios, com um erro de 𝜀 = 100%
e 𝜀 = 100% respectivamente, indicando erros na hora medição dos ângulos associados às raias do dubleto.
Dito isso foi possível observar os espectros de emissão dos gases estudados, porém o objetivo de encontrar
um valor satisfatório para a variação de energia entre os subníveis do dubleto de Sódio não foi alcançado.

1 Introdução
Um elétron, ao receber uma quantidade Δ𝐸 de energia, passa do estado fundamental para um nível mais
excitado, após algum tempo este elétron tende a voltar para seu nível fundamental devido ao princípio de
energia mínima e para isso este elétron emite a energia recebida em forma de fóton. As frequências discretas
dos fótons emitidos formam as linhas do espectro óptico do elemento em que este elétron faz parte. O espectro
de emissão é observado em linhas devido à quantização dos estados atômicos(KOK, 2018).
Figura 1: Exemplo de espectro de absorção. As linhas que não aparecem no espectro mostrado são correspondentes ao
comprimento de onda que o átomo absorve.

1.1 Átomos alcalinos


Para analisar as excitações eletrônicas, em um primeiro momento, se utiliza a simplificação de um átomo
alcalino. O átomo alcalino é um átomo constituído por um caroço de gás nobre, ou seja inerte, e um elétron
que se movimenta em uma sub camada mais externa (oticamente ativo). Com essa simplificação podemos
considerar apenas o elétron fora do caroço para descrever os estados excitados desse átomo, a variação de
energia também é definida a partir do elétron oticamente ativo uma vez que o caroço de gás nobre é inerte. Um
átomo que se comporta como um átomo alcalino é o Sódio (11 Na) que tem suas camadas n=1 e n=2 completas
com 1 elétron na camada de valência, ou seja, o Sódio tem 1 elétron oticamente ativo.
Fixando um valor para o número quântico n, a energia do elétron óptico varia de acordo com o número
quântico l. “No estado fundamental do átomo de 3 Li, o elétron oticamente ativo se encontra na subcamada
2s e sua energia é cerca de 2 eV mais negativa do que um elétron com n = 2 num átomo de 1 H. ”(EISBERG;
RESNICK, 1994). Isso acontece pois se o elétron está em uma subcamada l de menor valor este acaba se
aproximando do núcleo e ao detectar toda a carga do núcleo sua energia tende a ser mais negativa.
Devido às linhas emitidas pelos átomos alcalinos foi possível observar o fenômeno de desdobramento
de estrutura fina dos níveis de energia quando 𝑙 ≠ 0. O desdobramento de estrutura fina é a separação de
um nível de energia principal em subdivisões, cada uma com diferentes energias associadas, causadas pelo
acoplamento spin-órbita sobre o elétron oticamente ativo. O acoplamento spin-órbita é a interação entre o
momento magnético do elétron, devido ao momento angular spin, com o campo magnético gerado devido ao
movimento orbital aparente do núcleo causado pelo movimento orbital do elétron. Pela equação da energia de
interação spin-órbita é possível observar que, se 𝑙 = 0 então Δ𝐸 = 0, onde a variação de energia é a energia
necessária para mudar a orientação do momento do dipolo magnético.

ℎ2 1 𝑑𝑉 (𝑟)
Δ𝐸 = [ 𝑗 ( 𝑗 + 1) − 𝑙 (𝑙 + 1) − 𝑠(𝑠 + 1)] (1)
4𝑚 2 𝑐2 𝑟 𝑑𝑟
Essas transições entre os estados atômicos ocorre seguindo um padrão, onde as transições que não acontecem
ou que têm uma probabilidade mínima de ocorrer são chamadas de transições proibidas enquanto que as
transições que acontecem mais comumente são chamadas de transições permitidas, esses padrões podem ser
explicados pelo critério de seleção abaixo:
Δ𝑙 = ±1 (2)
Δ 𝑗 = 0, ±1 (3)

1.2 Átomo com mais de um elétron oticamente ativo


Para átomos com dois ou mais elétrons oticamente ativos, como o Hélio, ainda se usa o modelo de caroço
de gás nobre porém agora é utilizada a aproximação de que esses elétrons se movem de acordo com seus
números quânticos n e l (aproximação de Hertree). Além disso, a carga positiva do núcleo gera uma blindagem
eficiente contra os elétrons de camada interna, logo os elétrons mais externos interagem com uma carga líquida
inferior à carga “real” do núcleo.

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Novamente a energia do átomo é descrita em termos dos elétrons oticamente ativos e suas configurações.
O seu desdobramento em estrutura fina depende do acoplamento spin-órbita visto anteriormente adicionado
às interações coulombianas entre os elétrons de mesma camada. Dependendo de qual estado se encontram os
elétrons a energia devido à interação coulombiana se altera.
Considerando um átomo formado por um caroço de gás nobre e dois elétrons oticamente ativos, se esses
elétrons tiverem os mesmos números quânticos espaciais o spin total é nulo, caso contrário o spin resultante
S pode ser 1 (spins paralelos) ou 0 (spins antiparalelos), quando S=0 só há um valor para o momento angular
(j=1) sendo denominado um singleto. Mas para S=1 o momento angular pode ter três orientações possíveis
em relação à L (j=1 e 𝑙 ± 1) sendo denominado tripleto, onde cada um desses três estados possuem diferentes
energias, gerando um desdobramento fino, e como a distância entre os elétrons é maior em estados tripletos a
energia de repulsão coulombiana é menor.
A interação coulombiana residual gera tendências de acoplamento tanto para os momentos angulares do
spin quanto para os momentos angulares orbitais gerando módulos √︁ angulares orbitais totais constantes para
ambos (S’ e L’ onde cada termo destes satisfazem a condição 𝑋 = (𝑥 ′ (𝑥 ′ + 1)ℏ), onde X’= L’ ou S’). Devido

ao acoplamento spin-órbita, o módulo do momento angular total (J’) é descrito como a soma de S’ e L’, a
energia agora demonstra suas dependências com S’ e L’ que pode ser chamada de acoplamento LS.
A condição de quantização de 𝐽𝑧′ é 𝐽𝑧′ = 𝑚′𝑗 ℏ, com 𝑚′𝑗 = − 𝑗, − 𝑗 + 1, ..., + 𝑗

Figura 2: Exemplo de desdobramento.

1.3 Espectrômetro
A diferença entre os níveis de energia variam de acordo com o átomo analisado, o espectro óptico também
varia, de tal modo que é único para cada elemento, funcionando como se fosse a “digital” do elemento. Logo
o espectro óptico tem funções muito importantes, como a identificação da composição de estrelas, e a técnica
usada para o estudo dos espectros ópticos de emissão e absorção dos átomos é denominada espectroscopia e o
equipamento utilizado para a investigação se chama espectrômetro.
O espectrômetro é um equipamento que permite, a partir de uma fonte, uma rede de difração e um captador
de luz, observar as raias de absorção dos átomos em estudo. A rede de difração utilizada é uma superfície
regular de pontos separados por uma distância d que geram a dispersão da luz que incide sobre ela, a luz dispersa
em diferentes comprimentos de onda onde cada comprimento disperso pode interferir construtivamente ou
destrutivamente dependendo do ângulo formado, caso a interferência seja construtiva podemos relacionar o
ângulo formado com o comprimento de onda utilizando a fórmula 𝑚𝜆 = 𝑑𝑠𝑒𝑛(𝜃), onde d é a constante de rede
e m é a ordem do feixe gerado.

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Figura 3: Diagrama esquemático de um espectrômetro.

2 Objetivos
Medir os espectros de emissão dos átomos de He e Na e utilizar estes resultados para encontrar a constante
de rede do material e encontrar a variação de energia entre os subníveis do dubleto de sódio.

3 Procedimento Experimental
O aparato experimental utilizado na primeira etapa foi uma lâmpada de gás Hélio, uma luneta com mira,
uma rede de difração para difratar a luz emitida pela fonte acoplada à uma escala Vernier para medir o ângulo
𝜃 (de resolução Δ𝑟 = 1′). Na segunda parte, o aparato utilizado foi o mesmo, com a diferença de que a fonte
de luz emitida era uma lâmpada de Sódio. O espectrômetro é da marca alemã KRÜSS, as lâmpadas espectrais
são da marca alemã OSRAM.

(a) (b)

Figura 4: (a) Aparato experimental usado. (b) Escala de Vernier usada para a medição da posição angulas das raias
de He e Na.

3.1 Espectro de emissão do Hélio


Utilizando o arranjo mostrado na figura 4a, move-se o telescópio a fim de encontrar uma raia de emissão,
ao encontrar a raia se coloca a mira da luneta em cima da risca observada. Para o Hélio, observou-se seis raias,
que se repetiam tanto à direita quanto à esquerda: vermelho, amarelo, verde, verde-azulado, azul-esverdeado
e azul.
Para cada raia foi anotada a posição angular associada, e como cada linha de emissão se repetia tanto na
esquerda quanto na direita, o ângulo utilizado para os cálculos foi a média entre as duas posições encontradas
para a mesma raia.

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A fórmula utilizada para relacionar o ângulo (𝜃) encontrado com o comprimento de onda (𝜆) de cada risca
foi 𝑠𝑒𝑛(𝜃) = 𝜆 𝑚𝑑 , onde d é a constante da rede da lente e 𝑚 = 1 é a ordem da raia. Com os dados de 𝑠𝑒𝑛(𝜃) e
de 𝜆 foi construído um gráfico e realizada uma regressão linear a fim de encontrar os valores de d e do número
de linhas por milímetro 𝑁 = 𝑑1 .
As incertezas das posições foram tratadas como incertezas do tipo B, considerando uma distribuição
uniforme, pois foram medidas uma única vez. A incerteza do ângulo médio foi tratada como incerteza do Tipo
A pois a flutuação entre os dois dados utilizados para a média foi maior que a resolução da escala Vernier. As
incertezas dos comprimentos de onda, do número de linhas por milímetro e da constante de rede encontrados
foram tratadas como incertezas do tipo C por serem obtidas de maneira indireta.

3.2 Dubleto de Sódio


De forma análoga ao procedimento anterior, o aparato foi utilizado para medir as posições angulares das
duas raias amarelas de segunda ordem observadas, que também se repetiam à esquerda e à direita. O ângulo
utilizado para os cálculos foi a média entre as duas posições encontradas para a mesma raia.
Utilizando a fórmula 𝑠𝑒𝑛(𝜃) = 𝜆 𝑚𝑑 , e usando o valor de d achado anteriormente e 𝑚 = 2, foi encontrado o
valor de 𝜆 para cada um dos componentes do dubleto de segunda ordem. A diferença entre os comprimentos
de onda encontrados foi usada para encontrar a variação de energia entre os níveis de energia Δ𝐸 pela fórmula
Δ𝐸 = ℎ𝑐( 𝜆11 − 𝜆12 ), com 𝑐 = 3 × 108 𝑚/𝑠 e ℎ = 6, 63 × 10−34 𝐽.𝑠.
As incertezas das posições foram tratadas como incertezas do tipo B, considerando uma distribuição
uniforme, pois foram medidas uma única vez. A incerteza do ângulo médio foi tratada como incerteza do Tipo
A pois a flutuação entre os dois dados utilizados para a média foi maior que a resolução da escala Vernier. A
incerteza da variação de energia encontrada foi tratada como incerteza do tipo C por ser obtida de maneira
indireta.
Por ser uma função periódica e limitada, causando assim erros muito altos, para o tratamento da incerteza
de cada um dos comprimentos de onda do dubleto de Sódio em específico foi utilizada uma versão extendida
da fórmula para a incerteza do Tipo C que pode ser visualizada abaixo.(DAMASCENO et al., 2021).
1 √︃
𝜇𝜆 = (𝑑 (𝑐𝑜𝑠(𝜃)𝜇 𝑠𝑒𝑛(𝜃) − 𝑠𝑒𝑛(𝜃)𝜇2𝑠𝑒𝑛(𝜃) )) 2 + (𝑠𝑒𝑛(𝜃)𝜇 𝑑 ) 2 (4)
𝑚

4 Resultados
4.1 Espectro de emissão do Hélio
Na tabela abaixo é possível visualizar a média das posições angulares encontradas para cada comprimento
de onda correspondente a uma raia do espectro de emissão do Hélio.

Raia 𝜃 (º) 𝜆 (nm)


Azul 15, 54 ± 0, 41 447,1
Azul-esverdeado 16, 44 ± 0, 44 471,3
Verde-azulado 17, 16 ± 0, 39 492,2
Verde 17, 58 ± 0, 35 501,6
Amarelo 20, 49 ± 0, 39 587,6
Vermelho 23, 63 ± 0, 47 667,8

Tabela 1: Valores das posições angulares e dos comprimentos de onda para cada raia de Hélio.

Com os dados do 𝑠𝑒𝑛(𝜃) e de 𝜆 foi construído o gráfico abaixo:

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Figura 5: Gráfico de 𝑠𝑒𝑛(𝜃) em função de 𝜆 (nm).

Pela regressão linear feita, utilizando o modelo de medição 𝑠𝑒𝑛(𝜃) = 𝑑1 𝜆, obtemos o seguinte valor para a
constante de rede: 𝑑 = (1676 ± 20)𝑛𝑚.
Sabendo que 𝑁 = 𝑑1 , obtemos o número de linhas por milímetro: 𝑁 = (596, 7 ± 7, 2)𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠/𝑚𝑚.
Comparando com o valor encontrado no equipamento de 𝑁 = 600𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠/𝑚𝑚 temos um erro percentual de
𝜀 = 0, 5%.

4.2 Dubleto de Sódio


Na tabela abaixo é possível visualizar a média das posições angulares encontradas para cada um dos
componentes do dubleto de segunda ordem do espectro de emissão do Sódio.

Raia 𝜃 (º) 𝜆 (nm)


Amarelo 1 45, 05 ± 0, 92 (59 ± 13) × 10
Amarelo 2 45, 13 ± 0, 90 (59 ± 14) × 10

Tabela 2: Valores das posições angulares e dos comprimentos de onda para cada raia de Sódio.

Com os valores de 𝜆 encontrados temos que Δ𝜆 = (0, 0 ± 1, 9) × 102 𝑛𝑚, comparando com o valor
nominal Δ𝜆 = 0, 57𝑛𝑚, obtemos um erro de 𝜀 = 100%. A variação de energia encontrada foi de Δ𝐸 =
(0, 0 ± 6, 8) × 10−1 𝑒𝑉, comparando com o valor nominal Δ𝐸 = (2, 1 × 10−3 )𝑒𝑉, obtemos um erro de 𝜀 = 100%.

5 Discussões
A fonte de luz utilizada no experimento foi de lâmpadas espectrais de Hélio e Sódio, que tem seu funcio-
namento baseado na descarga elétrica que ocorre nos terminais de cada lâmpada gerando a movimentação de
elétrons gerando colisões internas com as moléculas do gás e produzindo energia, as moléculas ao absorverem
essa energia excitam seus elétrons para um nível mais excitado, e esses elétrons ao retornarem para seu estado
fundamental a energia absorvida é liberada em forma de fótons com comprimentos de onda no espectro visível.
Os espectros de emissão observados para as lâmpadas são discretos pois a luz emitida por essas lâmpadas não
abrange todas os comprimentos de onda do espectro visível.
O valor encontrado para o número de linhas por milímetro teve alta compatibilidade com o valor nominal
de 𝑁 = 600𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑠/𝑚𝑚, e como o valor de N foi encontrado devido à regressão linear dos dados do 𝑠𝑒𝑛(𝜃) e 𝜆,
sendo o 𝜆 utilizado retirado da literatura, este indica que os valores encontrados para o 𝑠𝑒𝑛(𝜃) estão próximos

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do correto. Como o valor da constante de rede é diretamente relacionado ao valor de N (𝑁 = 𝑑1 ) o valor
encontrado para d demonstra ser satisfatório.
O valor encontrado para Δ𝐸 e para a distância entre as raias do dubleto de segunda ordem teve seu valor
principal ocultado devido à alta incerteza, isso acontece pois as incertezas encontradas para o 𝑠𝑒𝑛(𝜃) foram
muito altas. Isso acontece pois, como a função seno é uma função periódica e limitada, ao realizar a derivada da
função para o tratamento das incertezas aparece a função cosseno que para o ângulo usado no experimento, 45º,
tem um valor muito próximo da função principal. Para contornar esse problema, no tratamento da incerteza
dessa função em específico foi utilizado mais um termo da série de Taylor utilizada na dedução da fórmula
das incertezas do Tipo C, esse artifício melhorou bastante a forma final dos valores encontrados para a energia
e para o comprimento de onda, porém não foi o suficiente para que se igualasse em ordem de grandeza ao
valor principal, outros termos foram inseridos mas agora sem mudanças significativas, com isso o valor final
apresentado só leva em consideração mais um termo adicional.
O valor principal encontrado para o comprimento de onda, desconsiderando sua incerteza, foi de Δ𝜆 =
0, 86nm, se for calculado o erro relativo perceberemos que na realidade 𝜀 = 51%, o mesmo acontece para a
variação de energia, que tem seu valor principal como Δ𝐸 = 3 × 10−3 𝑒𝑉, com um erro relativo de 𝜀 = 43%.
Perceba que de toda forma os valores encontrados têm um erro associado alto, sendo o comprimento de onda
encontrado aproximadamente o dobro do valor encontrado na literatura e com isso o valor de Δ𝐸 encontrado
também foi maior do que o esperado sendo 1,5 vezes maior que o valor nominal, indicando erros no momento
da medição dos valores das posições angulares(EISBERG; RESNICK, 1994).
O aparecimento da raias de Hélio pode ser visualizado utilizando o diagrama de energia abaixo:

Figura 6: Diagrama de energia do Hélio.

Onde as setas indicam que os comprimentos de onda observados no experimento e quais as suas transcrições
associadas.
No sódio ocorre um desdobramento de estrutura fina devido ao acoplamento spin-orbital na linha espectral
gerada pela transição de 3P para 3S. O nível 3 P, que tem l=1, se divide em dois subníveis, o de maior energia
tem seu momento angular j=3/2 e o de menor energia tem j=1/2, já o nível 3S, que tem l=0, não se desdobra e

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tem seu momento angular j=½. Tanto as transições de 3P menos energéticas para 3S quanto as transições de
3P mais energéticas para 3S satisfazem às regras de seleção, logo são permitidas. As duas raias observadas
são chamadas de dubleto de sódio.

Figura 7: Transições permitidas para o Sódio (Na).

6 Conclusão
O espectro de emissão de um átomo é constituído pelas transições permitidas os fótons emitidos, e como
cada átomo tem seu conjunto de transições permitidas, o espectro de emissão é uma característica única para
cada elemento. Os elétrons que constituem o espectro de emissão são ditos opticamente ativos, pois apenas os
elétrons de camadas mais externas e incompletas que realizam as transições observadas, sendo que os elétrons
mais próximos do núcleo e o próprio núcleo formam um caroço inerte denominado caroço de gás nobre. Para
observar esses espectros de emissão se utiliza um aparato constituído de uma rede que difrata a luz, uma fonte
que emite a luz a ser estudada e um captador de luz denominado espectrômetro.
Os valores encontrados para o 𝜃, d e N na medição das raias de Hélio se mostraram satisfatórios, com um
baixo percentual de erro associado e sem a presença de erros significativos. Logo o aparato e o protocolo
utilizados para o experimento se demonstraram adequados.
Já para os valores encontrados na medição do dubleto de sódio foram encontrados erros significativos
em relação à distância das raias que, mesmo ao desconsiderar a alta incerteza associada, o valor obtido no
experimento foi aproximadamente o dobro do valor encontrado na literatura, impactando diretamente no valor
de Δ𝐸 que também se mostrou maior do que o esperado. O erro devido à medição indica que os valores
encontrados para 𝜃 não foram satisfatórios, uma vez que os outros termos utilizados para o cálculo do valor do
comprimento de onda demonstraram compatibilidade com os valores teóricos, ao investigar os possíveis erros
associados à medição do ângulo 𝜃 foram elencados dois mais prováveis:

1. Posicionamento incorreto da mira da luneta: para que fosse possível observar as raias com mais nitidez
era necessário apagar as luzes, porém ao fazer isso a mira encontrada na lente da lutena desaparecia,
com isso o posicionamento correto da mira foi prejudicado.

2. Leitura incorreta dos valores aferidos.

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Dito isso, foi possível observar os espectros de emissão das lâmpadas de Hélio e Sódio e com isso encontrar
o valor da constante de rede utilizada, porém o experimento falhou na medição da variação de energia do
dubleto de Sódio.

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Referências
DAMASCENO, J. C. et al. Guia para a expressao de incerteza de medição. INMETRO, 2021.

EISBERG, R.; RESNICK, R. Fisica Quantica: Atomos, moleculas, solidos, nucleos e particulas. [S.l.]:
Campus, 1994.

KOK, P. A First Introduction to Quantum Physics. [S.l.]: Springer, 2018.

SANTANA, R. C.; SEBASTIAO, A. M. N. Experimento 9: Espectroscopia com rede de difração em gases


elementares. UFG, 2022.

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