Você está na página 1de 10

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CAMPUS PROFESSOR ALBERTO CARVALHO


DEPARTAMENTO DE FÍSICA

MARCOS GABRIEL NUNES DA CUNHA

O ESPECTRO DE EMISSÃO DO HIDROGÊNIO

PROFESSOR: JOSÉ GERIVALDO DOS SANTOS DUQUE

ITABAIANA–SE
13/02/2023
Sumário
1. RESUMO...............................................................................................................................3
2. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................3
3. OBJETIVO..............................................................................................................................4
4. MATERIAIS UTILIZADOS........................................................................................................4
5. METODOLOGIA.....................................................................................................................5
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................................7
7. CONCLUSÃO.......................................................................................................................10
8. REFERÊNCIAS......................................................................................................................10

2
1. RESUMO
Este experimento tem como objetivo verificar a veracidade dos valores teóricos
do espectro de emissão do hidrogênio encontrados através da série de Balmer e o
modelo de Bohr comparando-os com os dados calculados experimentalmente e
encontrar a constante de Rydberg através dos dados experimentais obtidos. Foi possível
observar uma proximidade relativamente grande entre os valores experimentais obtidos
e os teóricos encontrados na literatura para o comprimento de onda e o resultado da
constante de Rydberg.

2. INTRODUÇÃO
Um gás excitado devido a passagem de uma corrente elétrica emite radiação de
caráter discreto, ou seja, não contínuo contendo apenas alguns comprimentos de onda e
esse espectro emitido possuí características específicas de um determinado elemento no
estado gasoso quando excitado. Dessa forma, tem-se que a análise do espectro emitido
pode nos informar sobre a composição química das substâncias. O espectro emitido se
origina devido a uma excitação da nuvem eletrônica ao redor do núcleo do átomo, de
modo que os elétrons excitados emitem fótons ao passar de um estado de maior energia
para um de menor energia e a energia de cada fóton é igual a diferença de energia entre
os níveis transitados. O espectro emitido constitui-se de diferentes séries de linhas para
cada determinado elemento, J. J. Balmer observou em 1885 a série de linhas discretas
emitidas pelo hidrogênio. [1]
Temos que a seguinte equação pode descrever de maneira acurada a relação
entre intensidade e medida em que se encontra a determinada linha discreta emitida pelo
hidrogênio. [1]
1 = 𝑅𝐻 [(
1 1
𝜆 ) − )]
(
2 2
2 𝑛2
Onde 𝑛2 = 3,4,5, … , 𝜆 é o comprimento de onda da linha emitida pelo
elemento e 𝑅𝐻 é a constante de Rydberg para o átomo de hidrogênio cujo seu valor é
1,097𝑋107𝑚−1.
Outras séries foram posteriormente descobertas para o hidrogênio identificando
a relação de linhas discretas emitidas na região do ultravioleta e do infravermelho. As
transições eletrônicas que originam as séries para o átomo de hidrogênio estão
disponíveis a seguir (Ver Figura 1).

3
Figura 1 – Transições entre os níveis de energia do átomo de hidrogênio. [2]

O modelo atômico de Bohr foi uma tentativa de aplicar as ideias de


quantização ao modelo nuclear de Rutherford. Considerando o referencial fixo no
núcleo do átomo, o modelo está baseado nas seguintes hipóteses:
1. O movimento do elétron em torno do núcleo é descrito pelas leis de Newton
2. O elétron pode ocupar apenas órbitas específicas ao redor do núcleo e são

determinadas de acordo com 𝐿 = 𝑛, (com n=1, 2, 3, ...) onde L é o
2𝜋
momentum angular do elétron
3. As orbitas são estacionárias
4. O átomo pode passar de um estado estacionário para outro ao absorver ou
|∆𝐸|
emitir radiação eletromagnética com frequência dada por 𝑓 = , em que

|∆𝐸|é o módulo da diferença de energia entre os estados estacionários
O modelo atômico de Bohr é um modelo semi-clássico porque envolve tanto
conceitos da Física Clássica quanto conceitos da Física Quântica. Num modelo
puramente quântico, não podemos falar em uma energia bem definida para cada órbita
e, também, não podemos falar em órbitas para os elétrons ao redor do núcleo atômico.

3. OBJETIVO
Verificar a veracidade dos valores teóricos do espectro de emissão do hidrogênio
encontrados através da série de Balmer e o modelo de Bohr comparando-os com os
dados calculados experimentalmente. Encontrar a constante de Rydberg através dos
dados experimentais obtidos. [5]

4. MATERIAIS UTILIZADOS
 Espectrômetro;
 Lâmpada de hidrogênio;
 Grade de difração de 300 linhas/mm;

4
 Grade de difração de 600 linhas/mm;

 Grade de difração de 1000 linhas/mm.

5. METODOLOGIA
O experimento teve início com a utilização do espectrômetro e feitos os ajustes
possíveis, onde a prosseguimento da seguinte forma: primeiro deixando a base principal
fixa na mesa temos um colimador nele e também uma fenda simples acoplada que pode
ser ajustada, ainda fixa a base temos a mesa do espectrômetro, onde pode ser ajustada o
telescópio giratório, ele está ligado a base podendo se movimentar em 360º se
necessário, nele temos uma lente ocular. Na base principal temos um goniômetro usado
para medir a rotação em graus do telescópio no aparelho ainda temos algumas travas
para dar pequenos ajustes e fixar as medições.
A uma distância de 1cm temos um aparato que possui abertura para colocar uma
lâmpada, nestes experimentos utilizamos uma lâmpada de hidrogênio. Quando ligamos
o aparato na tomada fazemos passar pela lâmpada uma corrente elétrica, onde o
hidrogênio sob baixa pressão sofrem colisões com os elétrons da corrente elétrica e os
átomos da lâmpada absorve energia e assim consegue emitir luz.
É possível observar um esquema do espectrômetro na imagem a seguir (Ver
Figura 2).

Figura 2 – Ilustração do espectrômetro e seus componentes [3].

Ao iniciar o experimento é preciso realizar alguma ajustes no equipamento, o


primeiro ajuste a ser feito é o nivelamento da base em que o espectrômetro está fixo e
para isso utilizamos o nivelador horizontal de bolha. Depois fazemos o nivelamento da
mesa do espectrômetro, posteriormente colocamos a rede de difração podendo também
movimentar 3 parafusos que tem na messa com auxílio do nivelador.

5
Precisamos também ajustar o colimador com o telescópio de modo que eles
fiquem perpendicular com a grade de difração, fazemos isso girando a mesa do
espectrômetro.
Dando inicio ao experimento todo ajustado colocando a primeira rede de
difração onde foi escolhida a de 300 linhas/mm, primeiramente observamos o feixe que
não difrata e anotamos o ângulo onde este ângulo será o nosso ângulo zero.
Movimentando o telescópio para o lado direito medimos o ângulo das cores difratadas e
depois voltamos o telescópio para o nosso ângulo zero fazendo o lado oposto, ou seja,
esquerdo coletamos também as cores difratadas, depois repetimos todo o procedimento
para as redes de 600 linhas/mm e 1000 linhas/mm. E importante mencionar que algumas
linhas não foram possíveis observar devido as péssimas condições da rede de difração.
5.1. ETAPAS PARA REALIZAR AS ANALISES DOS DADOS
Para encontramos a incerteza do tipo do tipo A para o comprimento de onda
das raias observadas na experimentação, utilizamos as equações abaixo:

𝜎=√ 2
∑(𝜆𝑖 − 𝜆̅)
𝑛−1
𝜎
𝜎𝐴 =
√𝑛
Já a incerteza do tipo B para o comprimento de onda, nós utilizamos a
propagação da média.

𝑛 2
𝜎𝐵 = √∑ ( 𝜕𝜆 𝜎𝜆 )
𝑖
𝜕𝜆𝑖
𝑖=1

2 𝑛
𝜎𝐵 = √(1) ∗ ∑(𝜎𝜆 ) 2
𝑖
𝑛
𝑖=1

A incerteza do tipo C, é a combinação das duas incertezas vistas acima, a qual


é expressa por:

𝜎 𝑐 = √𝜎 2 + 𝜎 2
𝐴 𝐵

E a incerteza propagada que é dado por

𝜎̅𝜆 = √( 2
𝛿𝜆 2
𝛿𝜆 2
𝛿𝜆 2
𝛿𝜆 ∙ 𝜎 ) ∙ 𝜎 𝜆2 ) + ( ∙ 𝜎 𝜆3 ) + ( ∙ 𝜎𝜆4 ) + ⋯
𝜆1 +(
𝛿𝜆1 𝛿𝜆2 𝛿𝜆3 𝛿𝜆4

6
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com os dados coletados do experimento foi possível montar uma tabela com o
ângulo zero (𝜃0), com o lado direito (𝜃𝐷) e para o lado esquerdo (𝜃𝐸).
Com os dados na tabela foi necessário fazer o tratamento deles para poder
chegar ao objetivo deste trabalho, o primeiro passo foi converter os minutos em graus,
sabendo que 60 minutos equivale a 1º, e pela regra de três simples chegamos a um
resultado, com os valores obtidos e somados com os graus relativo aos minutos
podemos então calcular a variação dos ângulos para cada cor refratada. Utilizaremos a
equação a seguir:
|∆𝜃| = 𝜃0 − 𝜃
É necessário também transformar de graus para radianos, para isso utilizamos a
seguinte equação:
𝜃𝑔𝑟𝑎𝑢𝑠 ∗ 𝜋
𝜃𝑟𝑎𝑑 =
180
Os cálculos para os comprimentos de onda e suas respectivas incertezas foram
realizados através do programa Excel e estão montamos as tabelas abaixo:
Tabela 1: Medidas dos ângulos para a grade de 300, 600 e 1000 linhas/mm
n=1 n=2 n=1 n=1

300/mm Direito Esquerdo Direito Esquerdo 600/mm Direito Esquerdo 1000/mm Direito Esquerdo
Linha θ (°) θ (°) θ (°) θ (°) Linha θ (°) θ (°) Linha θ (°) θ (°)
Violeta 7,86 7,97 15,53 15,72 Violeta 15,53 15,80 Violeta - 26,80
Ciano 8,36 8,47 - - Ciano 16,70 16,64 Ciano 29,11 29,72
Vermelho 11,20 11,30 22,90 22,80 Vermelho 22,86 22,97 Vermelho 41,36 41,97

Com os dados acima utilizamos a Lei de Bragg para poder encontrarmos os


comprimentos de onda e sua respectiva incerteza, a equação é dada por:
𝑎𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝑛𝜆
Podendo ser escrita da seguinte forma:
𝑎
𝜆 = 𝑠𝑒𝑛𝜃
𝑛
E com a propagação de sua incerteza teremos:

𝜎𝜆 = √(
𝛿𝜆 ∙ 𝜎 ) 2 = 𝛿𝜆 ∙ 𝜎 = 𝑎
𝖯 𝖯 𝑐𝑜𝑠𝜃 ∙ 𝜎𝖯
𝛿𝖯 𝛿𝖯 𝑛

A seguir montamos duas tabelas com os comprimentos de ondas obtidos por


cada rede de difração:

7
Tabela 2: Comprimento de onda coletados para a grade de 300 linhas/mm

HIDROGÊNIO n=1 n=2

300/mm Direito Esquerdo Direito Esquerdo


Linha 𝜆(Å) 𝜆(Å) 𝜆(Å) 𝜆(Å)
Violeta 4555 4617 4457 4511
Ciano 4843 4904 - -
Vermelho 6466 6526 6478 6453

Tabela 3: Comprimento de onda coletados para as grades de 600 e 1000 linhas/mm

n=1 n=1

600/mm Direito Esquerdo 1000/mm Direito Esquerdo


Linha 𝜆(Å) 𝜆(Å) Linha 𝜆(Å) 𝜆(Å)
Violeta 4444 4520 Violeta - 4509
Ciano 4769 4752 Ciano 4865 4957
Vermelho 6449 6478 Vermelho 6608 6687

Posteriormente calculamos a incerteza do comprimento de onda e montamos a


seguinte tabela:
Tabela 4: Incerteza do comprimento de onda para 300 linhas/mm

n=1 n=2

300/mm Direito Esquerdo Direito Esquerdo


Linha 𝜎(Å) 𝜎 (Å) 𝜎 (Å) 𝜎 (Å)
Violeta 115 115 112 112
Ciano 115 115 - -
Vermelho 114 114 107 107

Tabela 5: Incertezas do comprimento de onda para 600 e 1000 linhas/mm

n=1 n=1

600/mm Direito Esquerdo 1000/mm Direito Esquerdo


Linha 𝜎(Å) 𝜎(Å) Linha 𝜎(Å) 𝜎(Å)
Violeta 112 112 Violeta - 104
Ciano 111 111 Ciano 101 101
Vermelho 107 107 Vermelho 874 866

Agora montamos uma tabela com a incerteza propagada com as equações


supracitadas:

8
Tabela 6: Incerteza propagada

HIDROGÊNIO
Linha SOMA N MEDIA (Å) 𝜎 (Å) 𝜎𝐴 𝜎𝐵 𝜎𝐶
Violeta 3,16 ∗ 10 −6
7 4516 58 22 42 47
Ciano 2,91 ∗ 10−6 6 4848 78 32 44 55
Vermelho 5,21 ∗ 10−6 8 6518 85 30 36 47

Com os dados obtidos foi possível encontrar o comprimento de onda final e sua
incerteza para cada cor do espectro do hidrogênio, segue a tabela com os dados:
Tabela 7: Comprimento de onda de cada cor com a incerteza obtido experimentalmente

LINHA COMPRIMENTO DE ONDA 𝝀 (Å)


VIOLETA 4516 ± 47
CIANO 4848 ± 55
VERMELHO 6518 ± 47

Agora podemos determinar a constante de Rydberg, essa constante descreve


todo o espectro da luz emitida pelo hidrogênio,
Usaremos a equação a seguir:
1 = 𝑅𝐻 [(
𝜆 1 1
)− )]
(
2 2
2 𝑛2
Que pode ser escrita
como
1 4𝑛2
𝑅𝐻 = ∗
𝜆 2−4
𝑛
O valor n utilizado na equação acima se refere a transições eletrônicas nos
átomos, quando o elétron muda de camada ele emite um fóton e esse fóton está
relacionado com as cores observada. Esse valor n é um número inteiro e já conhecido na
literatura para cada cor, para o violeta temos n=5, para o ciano temos n=4 e para o
vermelho temos n=3.
E sua incerteza é dado por

2
𝛿𝑅𝐻 2
1 1 4𝑛2
|𝜎𝑅𝐻| = √( ∙ 𝜎𝜆) = √(− 𝜎 𝜆)
1 = ( ) 𝜎𝜆
𝛿𝜆 𝜆2 [(12) − ( 2)] 𝜆2 𝑛2 − 4
2 𝑛2

Fazendo todos os cálculos através do Excel ficamos com a tabela a seguir para
a constante de Rydberg:

9
Tabela 8: Valores da Constante de Rydberg e sua incerteza

Linha 𝑹𝑯 𝝈𝑹𝑯
Violeta 1,055 ∗ 10 4,682 ∗ 104
7

Ciano 1,101 ∗ 107 4,553 ∗ 104


Vermelho 1,105 ∗ 107 3,397 ∗ 104
Para os valores para cada cor, faz-se necessário o calculo da media e a
incerteza associada, assim encontramos os valores finais através o Excel e finalmente
encontramos a constante de Rydberg para seu valor experimental sendo:
𝑅𝐻 = (1,09 ± 0,03) ∗ 10−7𝑚−1

7. CONCLUSÃO
Através deste experimento foi possível constatar a proximidade dos valores de
comprimento de onda calculados experimentalmente e os indicados na literatura, segue
abaixo a tabela com os respectivos valores, vale salientar que obteve alguns valores
discrepantes devido a degradação de algumas redes de difração.
LINHA COMPRIMENTO DE ONDA 𝝀 (Å) TEÓRICO
VIOLETA 4516 ± 47 4200-4400
CIANO 4848 ± 55 4900
VERMELHO 6518 ± 47 6700
Também foi possível chegar ao cálculo da constante de Rydberg de maneira
satisfatória pois encontramos o seguinte valor 𝑅𝐻 = (1,09 ± 0,03) ∗ 10−7𝑚−1 sendo
que na literatura temos o valor de 𝑅𝐻 = (1,09) ∗ 10−7𝑚−1 .

8. REFERÊNCIAS
[1] – Young, Hugh D. Física III: eletromagnetismo/Young e Freedman;
tradução Sonia Midori Yamamoto; revisão técnica Adir Moisés Luiz. – São Paulo,
2009, p. 365- 369.
[2] – UFPR – Setor de Exatas. Experiência B1 - As Linhas de Balmer.
Disponível em <http://fisica.ufpr.br/LE/roteiros/balmer.htm>. Acesso em: 28 jan. 2023.
[3] – DUQUE, José Gerivaldo dos Santos. GUIA DE LABORATÓRIO PARA
FÍSICA MODERNA. fev. 2023. Pag. 3 – 7.
[4] – UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ. A SÉRIE DE BALMER E
O ESPECTRO DE HIDROGÊNIO. Disponível em <https://seara.ufc.br/pt/secoes-
especiais-de-ciencia-e-tecnologia/secoes-especiais-fisica/a-serie-de-balmer-e-o-
espectro-do-hidrogenio/>. Acesso em 28 jan. 202.
[5] – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. O QUE É O
MODELO DE BOHR?. Disponível em:
<https://www.ufsm.br/cursos/graduacao/santa- maria/fisica/2020/02/27/o-que-e-o-
modelo-de-bohr/>. Acesso em 01 de fev. 2023.
[6] – AMRITA VISHWA VIDYAPEETHAM UNIVERSITY. ESPECTROS
DE EMISSÃO. Disponível em: <http://mpv-au.vlabs.ac.in/modern-
physics/Emission_Spectra/experiment.html>. Acesso em: 01 de fev. 2023.

10

Você também pode gostar