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ESTO001-17 - Circuitos Elétricos e Fotônica Experimento 3 – 2023.

Experimento 3: Verificação experimental da Lei de Malus

1. Objetivos
Verificar experimentalmente a Lei de Malus utilizando um sistema com dois polarizadores
e um LDR (light dependent resistor) como fotodetector.
Observar a polarização de diferentes fontes de luz.

2. Material
Fonte de laser vermelho (650 nm, 5 mW, Azeheb) 1
Conjunto com dois polarizados rotacionais (Azeheb) 1
Multímetro portátil 1
Fotodetector LDR 1
Trilho 1
Peças de suporte para o laser; os polarizadores e o LDR 4
Cabos com conectores banana/jacaré 2
Régua 1

3. Introdução
Uma onda eletromagnética é formada pela oscilação temporal e espacial de campos
elétricos e magnéticos perpendiculares entre si, sendo que ambos são perpendiculares à
direção de propagação [1], conforme ilustrado pela a Figura 1.

Figura 1- Representação dos campos elétrico E (oscilando na direção y) e magnético B


(oscilando na direção z) de uma onda eletromagnética propagando-se na direção x.

Fonte: [2]
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Define-se a direção de oscilação do campo elétrico como sendo a direção de polarização


da onda eletromagnética. Dessa forma, a onda mostrada na Figura 1 é linearmente
polarizada na direção y. Quando uma fonte luminosa qualquer produz ondas
eletromagnéticas cuja direção de oscilação do campo elétrico varia de forma aleatória, diz-
se que a onda é randomicamente polarizada ou não-polarizada. Exemplos de fontes de luz
não polarizadas são as lâmpadas incandescestes comuns, lâmpadas de descarga ou a luz
solar. Em alguns casos as ondas eletromagnéticas podem ser emitidas já polarizadas. Por
exemplo, as ondas de rádio são produzidas por oscilações de cargas elétricas nas antenas
e, em geral, são linearmente polarizadas ao longo da direção paralela à antena.
Também é possível produzir luz polarizada a partir de onda não-polarizada utilizando
dispositivos conhecidos como filtros polarizadores, ou simplesmente polarizadores. De
forma simplificada, um polarizador consiste de uma placa feita de material que só permite
a passagem das componentes de campo elétrico que estão em uma determinada direção.
Um exemplo de polarizador é o polaróide, material constituído de longas cadeias de
moléculas orientadas em certa direção. Essas cadeias têm boa condutividade elétrica e
absorvem o campo elétrico da luz incidente paralelo à sua direção, transmitindo luz cujo
campo elétrico é perpendicular a elas.
A Figura 2 ilustra um arranjo experimental em que luz inicialmente não-polarizada incide
através de dois polarizadores [2, 3]. Quando um feixe de luz não-polarizada incide em um
polarizador com eixo de transmissão vertical, a luz resultante fica polarizada verticalmente.
Quando o feixe resultante incide em um segundo polarizador, com eixo de transmissão
formando um ângulo θ com relação à vertical, a luz resultante fica polarizada ao longo do
eixo θ e sua intensidade (=potência luminosa/área de incidência) obedece a Lei de Malus.

Figura 2- Luz não-polarizada incidindo através de dois polarizadores

1 2 ϴ

I2
I0 I1 analisador

Fonte: Adaptada de [2]

Portanto, de forma geral, quando luz linearmente polarizada atravessa um segundo


polarizador (também chamado de analisador) cujo eixo de transmissão faz um ângulo θ
com o eixo de transmissão do primeiro polarizador, a intensidade da luz resultante varia
com o quadrado do cosseno do ângulo entre os dois polarizadores, conforme descrito pela
seguinte equação:
I2 = I1 cos2  (1)

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A expressão acima é conhecida como Lei de Malus. Assim, quando luz não polarizada
passa pelo primeiro polarizador, usando-se a mesma lei e lembrando-se que o valor médio
de cos2  é ½, tem-se que a intensidade da luz se reduz pela metade, isto é, I1 = I0 /
2, e o feixe de luz resultante torna-se polarizado linearmente, de acordo com o eixo de
polarização do polarizador 1.
É interessante notar que no caso particular de θ=90º, teremos a condição de “polarização
cruzada”, em que I2=0, ou seja, a luz será totalmente bloqueada pelo conjunto dos dois
polarizadores.
O objetivo desse experimento é verificar experimentalmente a Lei de Malus, utilizando como
fotodetector um resistor dependente de luz (LDR - Light Dependent Resistor). O LDR é
construído a partir de material semicondutor com elevada resistência elétrica, de modo que
à medida que a intensidade luminosa aumenta, sua resistência elétrica diminui. Como
a dependência da resistência em função da intensidade luminosa ocorre de forma não
linear, será necessário utilizar uma curva de calibração, conforme apresentado no Apêndice
I, que relaciona a potência luminosa com a resistência elétrica do LDR.

4. Procedimento Experimental

Cuidado com o Laser!


Não olhe diretamente no feixe laser. Não o direcione para qualquer outro lugar
que não seja o fotodetector, pois poderá incidir no olho de um colega.

Parte 1: Verificação da Lei de Malus

a) Utilizando a fonte LASER, os polarizadores rotacionais e o LDR, faça a montagem


experimental conforme ilustra a Figura 3, com espaçamento entre as peças conforme
as marcas indicadas no trilho.
Esta fonte permite a utilização simultânea de 2 LASERS. Ligue somente um canal
conforme ilustrado na figura, mantendo o outro desligado. Ajuste o foco do laser para
que a fonte produza um ponto num anteparo de papel.
Conecte o multímetro portátil nos terminais do LDR utilizando um cabo
banana/jacaré. Escolha o fundo de escala adequado para as medidas de resistência
do LDR.
Alinhe com cuidado a altura do LDR, tal que o feixe de laser incida exatamente sobre
o centro desse dispositivo.
Não altere mais as posições do laser, dos polarizadores e do LDR durante todo
o experimento.
b) Inicialmente, ajuste o ângulo entre os eixos dos polarizadores de forma que a
intensidade da luz transmitida pelos polarizadores seja máxima, conforme indicação

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da resistência no multímetro. Sugestão: use uma folha de papel posicionada entre


os polarizadores para encontrar o ângulo do primeiro polarizador (ϴ 1) de forma que
a intensidade do feixe LASER seja máxima. Em seguida, ajuste o ângulo do segundo
polarizador (ϴ2) até obter a menor leitura de resistência no multímetro Rmin
(correspondente à máxima potência luminosa). Volte a variar ligeiramente ϴ 1 para
obter o ponto de mínima resistência (máxima potência luminosa no LDR).
c) Anote os valores de Rmin, ϴ1 e ϴ2ref na condição de máxima potência de luz no LDR.
Nessa condição, os eixos de polarização dos dois polarizadores estarão alinhados.
d) Mantenha fixo o ângulo ϴ1 e varie agora o ângulo ϴ2 de 90º. Verifique se foi obtida
a condição de mínima incidência de luz no LDR e máximo valor de resistência Rmáx.
Anote também esses valores. Esse é o caso de polarização cruzada.
e) Mantendo sempre fixo o eixo de transmissão do primeiro polarizador (isto é, ϴ1), gire
o eixo do segundo polarizador (ϴ2) e meça a resistência do LDR (R) em função do
ângulo ϴ= ϴ2-ϴ2ref. Complete a Tabela 1 com os dados obtidos.
Note que o valor ϴ2ref corresponde ao eixo de transmissão do polarizador 1, e deveria
ser (teoricamente) igual a ϴ1. Explique por que esses valores não coincidem!

Figura 3- Montagem experimental utilizada para verificação da Lei de Malus. Utilize somente
um dos canais da fonte LASER, conforme indicado pela figura. Note que o laser deve incidir
através dos dois polarizadores, atingindo o centro do fotodetector (LDR).

Fotodetector

Fonte: autores

f) Uma vez que a resposta do LDR é não linear com a intensidade de luz incidente, é
necessário converter os valores de resistência elétrica R (Ω) em valores de potência
P (watts) correspondentes. Para isto, utilize a curva média de calibração obtida da
potência luminosa em função da resistência do LDR, fornecida no Apêndice I.

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g) Utilizando os dados já convertidos em potência, faça um gráfico de P vs ϴ e verifique


a Lei de Malus de acordo com a equação (1). Lembre-se de que a Lei de Malus
relaciona a Irradiância ou Intensidade luminosa (W/m2) com cos2ϴ. No entanto, como
a área de incidência de luz deve permanecer constante durante as medidas, pode-
se considerar que a Irradiância seja proporcional à potência P.
h) A partir do valor de Rmin obtido no item c), calcule o valor da potência máxima, Pmáx,
usando a expressão da curva de calibração do LDR.
i) Superponha a curva da função f(ϴ)= Pmáx. cos2ϴ sobre o gráfico com os pontos
experimentais, obtido em g) e analise a semelhança entre o modelo (Lei de Malus)
e as medidas obtidas no laboratório.

Parte 2: Observações sobre a polarização de fontes de luz

a) Polarização da luz LASER: remova o polarizador 1 da montagem mostrada na Figura


3, e mantenha as outras peças na posição original. Em seguida, descreva de forma
qualitativa o que se obtêm na leitura de resistência do LDR ao se variar o ângulo de
rotação do polarizador 2.
• Anote os valores mínimo e máximo obtidos para a resistência do LDR, e os
respectivos ângulos do polarizador 2. Esses ângulos diferem de 90º?
• Você obteve a condição de polarização cruzada? O feixe do laser
desapareceu na condição de resistência máxima do LDR?
• Pode-se concluir que a luz emitida pelo LASER é polarizada ou não-
polarizada? Se for polarizada, qual é o ângulo de polarização, conforme
indicado na escala do polarizador 2? A polarização do laser é linear?
Comente!
• Por que essa fonte de luz difere daquela representada na Figura 2?

b) Investigação qualitativa da polarização da luz produzida por um LED ou lâmpada


fluorescente: Substitua agora a fonte LASER por uma fonte de luz não-polarizada
(como uma lanterna ou o LED de seu celular, por exemplo). Posicione a fonte de luz,
o polarizador e o LDR o mais próximos possível.
• Descreva de forma qualitativa o que se obtém na leitura de resistência do LDR
ao se variar o ângulo de rotação do polarizador.
• Anote os valores mínimo e máximo obtidos para a resistência do LDR.

c) Utilizando a fonte de luz não-polarizada, meça a resistência do LDR para pelo menos
4 valores diferentes do ângulo do polarizador. Em seguida, retire o polarizador e
meça a resistência do LDR, mantendo a fonte de luz na mesma posição anterior.
• Transforme os valores de resistência obtidos em potência luminosa (curva do
Apêndice I) e obtenha a razão entre a potência luminosa na situação em que a
luz não-polarizada atinge diretamente o LDR e na situação em que o polarizador
se encontra entre a fonte de luz e o LDR.
Explique seu resultado.
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• Quais as dificuldades encontradas nessas medidas?


• Por que não foi utilizada essa fonte de luz na verificação da lei de Malus?

5. Referências
[1] Halliday, D.; Resnick, R.; Walker, J. Fundamentals of Physics. 7th edition.
[2] Campos, A. A., Física Experimental Básica na Universidade. 2o edição revisada.
[3] Gutierre, H. G., et. al. Sistema fotodetector econômico para utilização em laboratórios de ensino e
pesquisa. Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 39, no 3, 2017.

6. Autores
Essa apostila foi elaborada pelo Prof. D. Papoti, com revisão e sugestões dos profs. J. Sims
e D. Consonni.

7. Agradecimentos
Os docentes da disciplina agradecem os técnicos de laboratório da UFABC, do campus de
São Bernardo do Campo: Henrique Lopes de Castro, Sílvio de Lima Ferreira e Rafael Costa
Fernandes; e do campus de Santo André: Edgard Gonçalves Cardoso, Lívia Pereira de
Castro e Natalia Satie Motokubo Halker, pela imensa ajuda com o todo o projeto e
manufatura dos kits de laboratório utilizando impressão 3D. Agradecimentos também ao
Professor Dr. Nasser Ali Daghastanli pela ajuda no levantamento das curvas de calibração
dos LDRs.

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OBS.: Cada equipe deverá entregar esta folha ao professor ao final do experimento,
com os dados coletados.

Inserir número do grupo, RA e Nomes


GRUPO # :
RA NOME

PARTE 1: Verificação da Lei de Malus


Condição de máxima incidência de luz no LDR:
Rmin= _____________ para ϴ1=______________ e ϴ2ref= ________________

Condição de mínima incidência de luz no LDR:


Rmáx= _____________ para ϴ1=______________ e ϴ2= ________________

Tabela 1- Medidas de R em função de ϴ


ϴ1= __________ (fixo) ϴ= ϴ2-ϴ2ref

ϴ2 (o) ϴ (o) R (kΩ) P (µW) ϴ2 (o) ϴ (o) R(kΩ) P (µW)

0 100

10 110

20 120

30 130

40 140

50 150

60 160

70 170

80 180

90

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PARTE 2: Observações sobre a polarização de fontes de luz


a) ϴmin = ___________ ϴmáx = ___________
Rmin= ____________ Rmáx= ____________

b) Rmin= ______________ Rmáx= _____________

c)

ϴ (o) R (kΩ) P (µW)

Sem polarizador

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APÊNDICE I- Curva de calibração de um LDR típico

A Figura 4 mostra a curva de calibração obtida para um LDR típico, relacionando a potência
P [μW] e a resistência R [Ω], utilizando um medidor de potência luminosa (Laser Power
Meter FieldMax II).

Figura 4- Curva de calibração potência P [μW] vs. resistência R[Ω] para um LDR típico

Através de um ajuste exponencial, foi obtida a seguinte função de ajuste P=f(R), para P
em μW e R em Ω.

P (R ) = ae bR + cedR
a = 4697
b = −0.005647
c = 205.4
d = −0.0009833

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