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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Departamento de Física – CCEN


Laboratório de Física Moderna – I
Ângelo Ronkali Marinho Falcão – Física (Licenciatura)
Antônio de Melo Fonseca Neto (Licenciatura)
Severino do Ramo Fernandes da Silva Neto (Licenciatura)

01 de junho de 2018

RELATÓRIO 3: CONSTANTE DE PLANCK

RESUMO

No presente trabalho temos como objetivo encontrar experimentalmente a constante de


Planck utilizando curvas características VxI de diodos emissores de luz de cores diferentes
(vermelho, verde, amarelo e azul), conhecidos em nosso dia-a-dia como LED’s, porém a parte do
experimento em que era necessário fazer a espectroscopia dos diferentes LED’s foi abstraída,
sendo utilizado os valores de comprimento de onda encontrados nas curvas de espectro dos
LED’s da literatura, mas especificamente do roteiro do experimento. Apesar de encontrar um
erro percentual de aproximadamente 35%, o valor encontrado para constante de Planck, h =
4,35x10-34 ± 0,32x10-34, pode ser considerado aceitável, pois a ordem de grandeza (10-34) foi
preservada e os erros podem ser atribuídos as incertezas nas leituras de V e I, além das incertezas
encontradas na detecção dos comprimentos de onda.

I – INTRODUÇÃO

LED é a abreviação de Light Emmiting Diode ou Diodo Emissor de Luz. Os primeiros


diodos emissores de luz criados foram então de um material denominado Arseneto de Gálio e
Arseneto de Gálio com Índio (FgaAs e GaAsI) emitindo radiação principalmente na faixa dos
infravermelhos, como mostra a Figura 1.

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Figura 1– Emissão de radiação por uma junção PN percorrida por uma corrente.

O passo seguinte foi à criação de materiais capazes de emitir radiação com


comprimentos de onda cada vez menores até cair na parte do espectro visível. Surgiram então os
primeiros LEDs capazes de emitir luz no espectro visível, na região do vermelho, cuja estrutura
é representada abaixo.

Figura 2: Evolução do LED para emissão do espectro visível.

Figura 3: Estrutura de um LED.

O princípio de funcionamento pode ser entendido a partir de dois semicondutores


diferentes: um de tipo p e outro do tipo n, que estão unidos. Assim quando submetidos a uma
diferença de potencial de modo que o polo positivo de LED fique ligado ao pólo positivo do

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gerador e a resistência é praticamente nula, o LED é atravessado pela corrente eléctrica e, nestas
condições, ocorre à emissão de luz.

Como mencionado anteriormente o espectro de emissão do LED depende do tipo de


material semicondutor que poderá emitir radiação na faixa do visível, como mostra a figura 4.

Figura 4: Emissão dos semicondutores.

A energia eletrostática que os portadores de carga perdem na passagem da interface entre


os dois semicondutores é transformada em luz, na forma de fótons cuja energia emitida está
representada abaixo.

𝐸 = ℎ𝜐 (𝟏)

Onde E é a energia emitida, h é a constante de Planck, e υ a frequência. Devido à emissão


de esses fótons terem uma frequência bem próxima, podemos definir a emissão de um Led como
monocromática. Quando associados, os valores da ddp e a corrente que passa pelo LED, a curva
característica será uma exponencial , que quando ajustada linearmente se assemelha a um
receptor cujo gráfico é uma reta. A reta fornece o valor de V0 (força eletromotriz) que representa
a energia elétrica, por unidade de carga, que é transformada em luz no LED.

Figura 5: Gráfico U X I da emissão do LED, cuja reta tracejada caracteriza o comportamento


linear da emissão.
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Considerando a energia que cada eletrón perde quando atravessa a interface entre os dois
semicondutores é igual a:

𝑒. 𝑉0 (𝟐)

e igualando a equação (1) temos;

𝑒. 𝑉0 = ℎ𝜐 (𝟑)

Como:
𝑐
𝜐= (𝟒)
𝜆
,

Onde c é a velocidade da luz no vácuo e λ o comprimento de onda, assim:

𝑐
𝑒. 𝑉0 = ℎ (𝟓)
𝜆

Logo,

𝑒𝑉0 𝜆
ℎ= (𝟔)
𝑐

A equação (6) é útil para medir experimentalmente o valor da constante de Planck, a partir da
caraterística tensão-corrente de um LED.

II – METODOLOGIA

De início, foi preciso fazer as devidas conexões de cabos no circuito (Sistema Building,
amperímetro, voltímetro, fonte de tensão e o LED) e observar se ligações estavam feitas
corretamente para que não pudesse haver danos aos aparelhos utilizados para efetuar as medidas.
Ao ligar a fonte de tensão, fomos regulando a voltagem até que começasse a conduzir corrente
para o LED, assim, fazendo com que ele chegasse ao ponto de emissão de luz (acender).

Após a observação da emissão de luz devida do LED, foi posto o Espectrômetro/goniômetro


equipado com a escala Vernier angular, além da grade de difração para que pudéssemos observar
o espectro continuo de emissão do LED.

III – DESCRIÇÃO EXPERIMENTAL

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Para a realização desse experimento, no qual procuravámos cálcular o valor da constante
de Planck, ou ao menos encontrar um valor muito próximo ao valor aceito hoje para a constante,
utilizamos os seguintes materiais:

Figura 6: Disposição dos materiais utilizados nas medidas do experimento.

1. Fonte de tensão ajustável;

2. Sistema Building Block da PHYWE para circuitos elétricos e eletrônica, módulo SB, parte
1 (cód. 05600.88);

3. Cabos para efetuar as ligações;

4. Multímetro utilizado como voltímetro

5. Multímetro utilizado como amperímetro

6. Base para servir de suporte ao LED.

7. LED’s (Verde, azul, vermelho e amarelo);

Todo o material foi disposto da forma como mostra a Figura 6, sendo o circuito
eletrônico montado pelos Building Block, mostrado pelo diagrama da Figura 7. Após a
montagem foi dado inicio à realização das medidas para podermos encontrar os valores de tensão
e corrente para que possa ser feito o levantamento das curvas V x I.

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Figura 7: À esquerda, montagem de Building Block da PHYWE e à direita diagrama
eletrônico das ligações feitas entre os componentes.

Foram realizadas medidas de corrente (I) e tensão (V) para cada LED, ao manusear o
knob da fonte para aumentarmos gradativamente os valores de tensão, os valores anotados foram
os estavam sendo marcados no voltimetro, e como aumentarmos o valor da tensão, de acordo
com a Lei de Ohm a corrente também aumenta, e tal corrente era medida pelos valores marcados
no outro multímetro que estava sendo utilizado como amperímetro, pois são equipamentos que
obtem uma maior precisão, tendo em vista que são específicos para efetuar tais medições.
Ao realizarmos as medidas, foram utilizadas escalas convenientes para a leitura. Com
isso, temos uma incerteza que é advinda de cada escala em que está sendo adotada , isso se deve
à leitura feita tanto no voltimetro quanto no amperimetro. Foram utilizados diferentes valores de
escalas, tanto para medir o valor da voltagem (V), quanto para medir o valor da corrente (i), isso
porque a escala na qual a medida foi iniciada não fornecia os valores que estavam sendo
medidos.
A escala de tensão usada foi de 2,5V e em alguns dos casos foi necessário aumentar para
o fundo de escala de 10V, já a corrente foi necessário variar em todas as medidas, alterando de
50 μA para 2,5mA e depois para 25mA.
Os resultados das medidas da d.d.p. (V) e de corrente (i) para cada um dos LED’s
(vermelho, azul, amarelo e verde) estão dispostos na próxima seção do relatório.

IV - RESULTADOS DE MEDIÇÕES, CÁLCULOS E ANÁLISE DE DADOS

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Os valores de tensão e corrente elétrica medidos no experimento foram organizados em
uma tabela para cada tipo diferente de LED. Após cada tabela, referente a cada LED será
mostrado o gráfico VxI.

LED VERMELHO

Voltagem Corrente Incerteza da Incerteza da


(V) (μA) Tensão (V) corrente (μA)
0,100 2,2 0,025 0,5
0,200 4,0 0,025 0,5
0,300 6,2 0,025 0,5
0,400 8,2 0,025 0,5
0,500 10,5 0,025 0,5
0,600 12,3 0,025 0,5
0,700 14,8 0,025 0,5
0,800 16,5 0,025 0,5
0,900 18,8 0,025 0,5
1,000 20,8 0,025 0,5
1,100 22,5 0,025 0,5
1,200 24,3 0,025 0,5
1,300 26,6 0,025 0,5
1,400 29,4 0,025 0,5
1,500 38,2 0,025 0,5
1,600 80,0 0,025 0,025
1,700 430,0 0,025 0,025
1,800 1880,0 0,025 0,025
1,900 4600,0 0,025 0,25
2,000 9500,0 0,025 0,25
2,100 14600,0 0,025 0,25
Tabela 1: Valores de Tensão e Corrente elétrica, associados as incertezas da medida

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Gráfico 1: VxI Led Vermelho.

LED VERDE

Tensão Corrente Incerteza da Incerteza da


(V) (μA) Tensão (V) corrente (μA)
0,100 2,0 0,025 0,5
0,200 4,2 0,025 0,5
0,300 6,0 0,025 0,5
0,400 8,2 0,025 0,5
0,500 10,2 0,025 0,5
0,600 12,2 0,025 0,5
0,700 14,5 0,025 0,5
0,800 16,7 0,025 0,5
0,900 18,8 0,025 0,5
1,000 20,9 0,025 0,5
1,100 22,8 0,025 0,5
1,200 24,3 0,025 0,5
1,300 26,1 0,025 0,5
1,400 29,0 0,025 0,5
1,500 29,9 0,025 0,5
8
1,600 31,8 0,025 0,5
1,700 33,5 0,025 0,5
1,800 35,6 0,025 0,5
1,900 37,5 0,025 0,5
2,000 39,9 0,025 0,5
2,100 41,9 0,025 0,5
2,200 45,5 0,025 0,5
2,300 50,000 0,025 0,025
2,400 275,000 0,025 0,025
2,5 900,000 0,5 0,025
2,6 3600,00 0,5 0,25
2,7 7100,00 0,5 0,25
2,8 11500,00 0,5 0,25
2,9 18250,00 0,5 0,25
Tabela 2: Valores de Tensão e Corrente elétrica, associados as incertezas da medida

Gráfico 2: VxI Led Verde

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LED AMARELO
Tensão Corrente Incerteza da Incerteza da
(V) (μA) Tensão (V) corrente (μA)
0,1 2,0 0,025 0,5
0,2 3,9 0,025 0,5
0,3 6,0 0,025 0,5
0,4 8,1 0,025 0,5
0,5 10,0 0,025 0,5
0,6 12,2 0,025 0,5
0,7 14,3 0,025 0,5
0,8 16,3 0,025 0,5
0,9 18,4 0,025 0,5
1,0 20,4 0,025 0,5
1,1 22,3 0,025 0,5
1,2 24,3 0,025 0,5
1,3 26,1 0,025 0,5
1,4 28,1 0,025 0,5
1,5 30,1 0,025 0,5
1,6 40,1 0,025 0,5
1,7 140,000 0,025 0,025
1,8 1310,000 0,025 0,025
1,9 7400,00 0,025 0,25
2,0 22100,00 0,5 0,25
2,1 52000,00 0,5 0,25
Tabela 3: Valores de Tensão e Corrente elétrica, associados as incertezas da medida

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Gráfico 3: VxI Led Amarelo

LED AZUL
Tensão Corrente Incerteza da Incerteza da
(V) (μA) Tensão (V) corrente (μA)
0,100 1,8 0,025 0,5
0,200 3,9 0,025 0,5
0,300 6,0 0,025 0,5
0,400 7,9 0,025 0,5
0,500 10,0 0,025 0,5
0,600 12,1 0,025 0,5
0,700 14,2 0,025 0,5
0,800 16,3 0,025 0,5
0,900 18,5 0,025 0,5
1,000 20,2 0,025 0,5
1,100 22,2 0,025 0,5
1,200 24,1 0,025 0,5
1,300 26,0 0,025 0,5
1,400 27,9 0,025 0,5

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1,500 29,9 0,025 0,5
1,600 31,2 0,025 0,5
1,700 33,2 0,025 0,5
1,800 35,3 0,025 0,5
1,900 37,2 0,025 0,5
2,000 39,5 0,025 0,5
2,100 41,2 0,025 0,5
2,200 43,5 0,025 0,5
2,300 46,8 0,025 0,5
2,4 198,000 0,5 0,025
2,5 755,000 0,5 0,025
2,6 4200,00 0,5 0,25
2,7 7500,00 0,5 0,25
2,8 12500,00 0,5 0,25
2,9 19000,00 0,5 0,25
Tabela 4: Valores de Tensão e Corrente elétrica, associados as incertezas da medida.

Gráfico 4: VxI Led Azul

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Como não foi realizada a espectroscopia dos LED’s, os comprimentos de onda contidos
na Tabela 5, foram retirados da média dos picos das curvas do espectro, contidos no roteiro, que
serão exibidos a seguir.

Figura 8: Espectro dos LED’s.

LED λ Incerteza
AZUL 460 nm 25nm
VERDE 555 nm 25nm
AMARELO 565 nm 25nm
VERMELHO 630 nm 25nm
Tabela 5: Comprimento de onda médio dos LED’s.

LED Vext Incerteza


AZUL 2,61 V 0,0045
VERDE 2,63 V 0,0000133
AMARELO 1,84 V 0,0000133
VERMELHO 1,83 V 0,0000233
Tabela 6: Tensão de condução obtida na extrapolação gráfica

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LED V0
AZUL 2,3
VERDE 1,5
AMARELO 1,5
VERMELHO 1,5
Tabela 7: Tensão de condução, quando o LED acende.

Em posse dos valores contidos na tabela (6) e na tabela (7) foi esboçado os gráfico Vext x
λ-1, e V0 x λ-1 no qual conseguimos obter o valor da inclinação da reta que melhor se ajustaria aos
pontos experimentais (Pela tabela 5) , através do ajuste FitSlope. Utilizando então a (eq.6),
podemos afirmar que o valor Vext .λ é o mesmo valor da inclinação da reta, ou seja, o valor de A,
que é A = 8,14x107.

Gráfico 5: Vext x λ-1.

Em posse das tensões que ligaram os LEDs durante o experimento, foi traçado o gráfico
conforme os dados apresentados na tabela 7.

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Gráfico 6: V0 x λ-1

Então para encontrarmos o valor da constante de Planck só precisamos do valor de mais


duas constantes, a velocidade da luz no vácuo (c), e o valor da carga elementar (e), ambas
retiradas da literatura [1]. Sendo assim teremos:

𝐴𝑒
ℎ=
𝑐

Tal que: c = 2,99 x 108, e= 1,60 x 10-19.

8,14 ∗ 10−7 ∗ 1,60 ∗ 10−19


ℎ= = 4,35 ∗ 10−34
2,99 ∗ 108

A incerteza associada ao valor da constante medida experimentalmente foi de 0,32*10-34.


Portanto, podemos escrever a constante de Planck através desse experimento da seguinte forma:

h = 4,35*10-34 ± 0,32*10-34

Comparando o valor obtido para constante de Planck através dos dados experimentais,
com o valores encontrados na literatura, encontramos um erro percentual de aproximadamente
35%.

V – CONCLUSÃO E DISCUSSÕES

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A partir dos resultados obtidos através desse experimento, podemos concluir que, é
possível medir a constante de Planck, a partir da curva característica VxI de cada um dos Led’s
de diferentes cores. Vale salientar que não foi feita espectroscopia nos Led’s como estava
planejado nos objetivos devido a problemas de calendário, já que se fazia necessário utilizar o
tempo do laboratório com outros experimentos.

Uma observação pertinente é quanto ao processo de obtenção de dados tanto de tensão


quanto de corrente elétrica, ao deslizarmos o knob para aumentar os valores de V, não deve ser
observado os valores que estão no display da fonte, e sim, os valores que estão sendo marcados
no multímetro configurado para operar como voltímetro.

As curvas dos gráficos 1-4 dos Led’s nos mostrou o valor de tensão de condução para
cada cor, já que os mesmos estão associados valores de comprimento de ondas diferentes, então
devido aos problemas já citados da espectroscopia, os referidos valores de comprimentos de
onda foram retirados da literatura, para que assim fosse possível traçar o gráfico 5 e com o ajuste
feito pelo software QtiPlot, encontramos o valor da inclinação da reta e assim a constante de
Planck, no qual o erro do experimento em relação à literatura foi de aproximadamente 35%,
porém podemos afirmar que o valor encontrado foi aceitável pela ordem de grandeza está em
acordo com a constante da literatura.

VI – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] D. HALLIDAY, R. RESNICK, J. WALKER, Fundamentos de Física, Vol. 4, LTC, 8a ed.,


Rio de Janeiro, 2009.

[2] PHYWE, Laboratory Experiments in Physics, Götinger-Germany, 2008.

[3] R. EISBERG, R. RESNICK, FÍSICA QUÂNTICA, Ed. Campus, Rio de Janeiro, 1979.

[4] INSTITUTO NCB. Como funcionam os leds. Disponível em:


<http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/como-funciona/4076-art553>. Acesso em: 27 mai.
2018.

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