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FÍSICA EXPERIMENTAL III

2015/2016

Experiência 4: POLARIZAÇÃO COM MICROONDAS E VISÍVEL


As ondas electromagnéticas, geradas a partir de cargas eléctricas aceleradas, consistem num
campo eléctrico e num campo magnético que oscilam segundo direcções que são
perpendiculares entre si e à direcção de propagação. Estas ondas, que cobrem uma larga
gama de frequências desde as ondas de rádio à luz visível, são, de acordo com as direcções
de vibração referidas, ondas transversais. O fenómeno de polarização que vamos tratar
constitui uma evidência da natureza transversal destas ondas.
A impedância do meio (ou a igualdade dos campos de energia eléctrica e magnética) impõe
uma relação rígida entre campo eléctrico e campo magnético, de forma que conhecido um já
se sabe o outro. Costuma-se por isso, na maior parte dos casos, falar-se apenas do vector
campo eléctrico a propósito da polarização das ondas electromagnéticas.
Para as ondas longitudinais a direcção de vibração da perturbação que origina a onda
coincide com a direcção de propagação e é, portanto, bem definida. Para as ondas
transversais a direcção de vibração é em princípio uma direcção qualquer do plano que é
perpendicular à direcção de propagação, sendo todas as direcções deste plano igualmente
prováveis. Quando a vibração ocorre numa direcção bem definida deste plano a onda diz-se
polarizada.
A direcção de polarização de uma onda electromagnética é definida como a direcção
segundo a qual o campo eléctrico vibra. De um modo geral nas ondas electromagnéticas a
direcção de propagação vai variando ao longo do
tempo, mas é possível polarizar estas ondas, por
absorção, reflexão, difusão ou refracção em
materiais especiais.
Uma onda diz-se linearmente polarizada se o
campo eléctrico respectivo vibrar sempre na
mesma direcção em cada ponto. Pelo contrário se a
direcção do campo eléctrico rodar no plano
perpendicular à direcção de propagação, com a
extremidade do vector a descrever um círculo ou
uma elipse neste plano, a onda diz-se
respectivamente circular ou elipticamente
polarizada.
Utilizando dois materiais polarizadores de tal forma que os eixos de transmissão respectivos
formam um ângulo θ pode mostrar-se que a intensidade I da radiação transmitida será dada
por:
I=I0 ⋅ cos2 (θ) (1)
sendo I0 a intensidade da onda incidente. A intensidade da radiação depois do segundo
polarizador será máxima quando θ = 0˚ e 180˚; para um valor de 90˚ haverá completa
absorção não existindo portanto radiação transmitida.
Um polarizador é então um dispositivo capaz de extrair de qualquer onda uma determinada
componente com uma polarização bem definida. No caso desta experiência com

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microondas, o polarizador que vamos usar é simplesmente formado por uma série de barras
de metal paralelas. Um objecto destes é altamente anisotrópico do ponto de vista da sua
condutividade eléctrica macroscópica: a sua condutividade para campos eléctricos aplicados
paralelos às barras é essencialmente a do metal das barras. Pelo contrário, para campos
aplicados perpendiculares às barras a chapa é um dieléctrico, pois não passa corrente
eléctrica de barra para barra (é essencial que o espaçamento entre barras seja inferior ao
comprimento de onda da radiação).
Imagine agora a resposta deste dispositivo a uma onda electromagnética nele incidente com
uma polarização paralela às barras. O material comporta-se como um metal, pois o campo
eléctrico é capaz de criar fortes correntes eléctricas nas barras, e é praticamente anulado; as
microondas serão por isso reflectidas, como o são por uma placa de metal maciça. Se a
polarização for tal que o campo eléctrico incidente é perpendicular às barras, no entanto, o
dispositivo comporta-se como um dieléctrico; o campo eléctrico não é anulado, e a onda é
transmitida.
Este dispositivo é portanto um polarizador: de uma onda incidente com uma polarização
qualquer, apenas é transmitida a componente com o campo perpendicular às barras; a outra
componente, com polarização paralela às barras, é reflectida.
No caso da radiação visível, iremos utilizar como polarizador linear um polaroide, que é um
filme composto por uma substância anisotrópica, isto é, uma substância que oferece mais
resistência à passagem da luz numa direção do que noutra (analogia molecular com a grelha
de fios condutores).

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