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UFBA - Universidade Federal da Bahia

Instituto de Física
Departamento de Física do Estado Sólido
Física Geral e Experimental IV

Polarização com Micro-


Ondas e Luz
Física III – Laboratório 2

INTRODUÇÃO

O objetivo maior desse experimento é analisarmos as características de uma polarização


linear, elíptica ou circular, demonstrando o efeito da reflexão de ondas eletromagnéticas. Para tal
é preciso um emissor e um receptor de microondas, onde serão realizadas as medidas das
correntes.
Primeiramente observamos os efeitos do giro das cornetas em torno dos seus eixos na
corrente lida amperímetro. De forma análoga, os efeitos de uma grade polarizadora entre as
cornetas, variando a sua angulação em relação à antena das cornetas. Posteriormente montamos
um aparato com uma grade polarizadora e uma placa refletora, onde variamos a distância entre
elas e mais uma vez observamos as correntes lidas no amperímetro.
Finalmente analisamos também a atividade óptica dos dois meios, sendo calculado as
respectivas constantes de rotação.

RESUMO DA TEORIA

- Diversos tipos de polarização


Uma onda eletromagnética é uma onda transversal. Isso significa que os dois campos, o
elétrico E e o magnético B, oscilam em um plano perpendicular à direção de propagação. Esta é
sempre dada pelo produto vetorial E x B.
Qualquer onda linearmente polarizada pode ser considerada como a superposição de duas
ondas cujas direções de polarização são perpendiculares. Como pode ser verificado pelas
seguintes equações:
E(z,t) = E1 + E2 = Eo cos( kz – ωt ) (i + j), onde
E1 = Eo cos( kz – ωt ) i
E2 = Eo cos( kz – ωt ) j
Considere, agora, a superposição de ondas cujos campos são dados por:
E1’ = Eo cos( kz – ωt ) i
E2’ = Eo sen( kz – ωt ) j
Neste caso, embora as duas ondas iniciais sejam linearmente polarizadas, a onda
resultante não o é. O campo elétrico resultante E’ = E1’ + E2’ tem amplitude constante igual a
Eo. A sua direção, entretanto, varia quando z e t variam, como pode ser verificado na expressão
abaixo:
E’ = E1’ + E2’ = Eo [ cos( kz – ωt ) i + sen( kz – ωt ) j] .
Essa é a expressão do campo elétrico de uma onda que tem polarização circular.
De uma maneira mais geral podemos escrever E1 e E2 como:
E1 = Eo cos( kz – ωt ) i
E2 = Eo cos( kz – ωt + φ ) j
Física III – Laboratório 3

A diferença de fase φ entre elas não depende do tempo. A depender do valor dessa
diferença de fase, a polarização pode ser linear (φ = nπ, n inteiro), circular (φ = (2n + 1) π/2), ou
elíptica (para todos os outros valores de φ).

- Atividade ótica
O termo atividade ótica refere-se à rotação da direçãot de polarização de luz linearmente
polarizada quando esta atravessa certas substâncias ou soluções ditas oticamente ativas. O efeito
ocorre também para ondas eletromagnéticas de outras faixas de freqüências fora da região
visível, permanecendo a mesma denominação. No caso das microondas, pequenas espirais de
arame causam uma rotação do plano de polarização de uma microonda, o que é análogo à
atividade ótica de uma solução de açúcar ou de um cristal de quartzo.

- Emissão e recepção de microondas


O mecanismo de produção de ondas eletromagnéticas de mais simples visualização é o de
dipolo elétrico oscilante – duas cargas, uma positiva e outra negativa, vibrando ao longo de uma
linha reta, criando campos elétrico E e magnético B que se propagam no espaço. A radiação de
dipolo é importante na produção de ondas de rádio e de microondas.
O equipamento que utilizamos, no experimento, para a transmissão e recepção de
microondas consiste de duas cornetas: uma emissora e outra receptora. A corneta emissora
contém uma válvula (Klystron) que emite uma única freqüência na faixa de microondas. A onda
emitida é linearmente polarizada.
A corneta receptora contém uma antena (um fio condutor metálico de comprimento igual
à metade do comprimento de onda da microonda) na qual o campo elétrico da onda gera uma
corrente senoidal que pode ser medida por um amperímetro de escala apropriada. Ao medirmos a
corrente estamos também medindo a componente do campo elétrico da onda na direção da
antena receptora.
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PROCEDIMENTOS, RESUTADOS E DISCUSSÃO


MATERIAIS UTILIZADOS

 Corneta emissora;
 Corneta receptora;
 Grade polarizadora;
 Cristal oticamente ativo;
 Substância oticamente ativa;
 Placa semi-refletora;
 Placa metálica refletora.

TRATAMENTO DE DADOS

IV.1 Polarização linear:

É armado um dispositivo de modo que as cornetas fiquem frente a frente e com suas
antenas na vertical. Ao girarmos a corneta receptora em torno do seu eixo foi observado um
decréscimo da corrente, até chegar em zero quando o giro é de 90º. Tal fato se deve porque a
corneta emissora irradia sinais linearmente polarizados na vertical e quando posicionamos a
corneta receptora na horizontal ela não consegue captar os sinais que estão na vertical.
Colocando a grade polarizadora entre as cornetas e fazendo-a girar, no sentido de deixá-la
na posição vertical, a corrente tende a diminuir até adquirir um valor nulo quando sua posição é a
vertical. Isso porque os elétrons da grade, que é de material condutor, absorvem a energia
transportada pelas microondas. Os elétrons da grade são induzidos, então, a oscilar, refletindo as
ondas de volta para o emissor, impedindo assim que as ondas cheguem ao receptor.
Por outro lado, quando a grade tende a ficar na posição horizontal, a corrente vai
adquirindo valores cada vez maiores até atingir o seu máximo na própria posição horizontal. Isso
porque os elétrons não conseguem oscilar na mesma direção do campo elétrico (vertical).
Agora, com as cornetas lado a lado, colocamos a placa metálica na frente delas e ajustamos
a corrente para o valor de 0,8 mA. Esse valor foi obtido após ajustes nas posições dos elementos
(que foram deixados com suas antenas na vertical) e dos potenciômetros. Substituímos a placa
pela grade na posição vertical e a corrente medida no amperímetro foi máxima. Mais uma vez a

E
grade se comportou como “espelho” refletindo as microondas. Já com a grade na posição
horizontal, as microondas passam por ela sem serem refletidas, o que é evidenciado pela corrente
nula medida.
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IV.2 Rotação do Plano de Polarização

Colocamos as cornetas frente a frente e ajustamos os potenciômetros para uma corrente


de 0,8 mA. Giramos a corneta receptora até que nenhuma corrente fosse detectada (posição
horizontal da antena). Posicionamos a grade num ângulo de 45º em relação às cornetas e a
corrente medida foi aproximadamente 0,4 mA (metade da corrente máxima). Isso porque quando
o campo elétrico das ondas chega à barra, já que ele é vertical teremos duas componentes, e
apenas uma componente passa pela grade (E’) que é igual a E(cos45o). Quando E’ atinge a
antena do receptor, acontece a mesma coisa (apenas uma componente será absorvida) e agora
essa componente (E’’) será igual a E(cos45 o)(cos45 o), conforme a figura abaixo.

Ondas não refletidas

E’
E
E’

Eabs Antena
45°
grade 45° E’’

E’ = E.cos45° E’’ – onda absorvida


E’’ = E’.cos45° =E(cos45°)2  E’’= E/2

IV.3 Polarização circular e elíptica:

Armamos o dispositivo de forma que a corneta emissora transmita o campo elétrico à 45°
com a bancada ( horizontal ) e reflita com um ângulo de 45° numa placa refletora e numa grade
polarizadora. Esses raios refletidos foram captados pela corneta receptora à 45° com a placa. A
distância entre a placa e a grade foi variada e os resultados obtidos, quando giramos a corneta
receptora em torno do seu eixo, foram correntes que variavam de valor ou ficavam
aproximadamente constantes. Isto acontece porque o raio ao incidir primeiro na grade é
decomposto em duas componentes ortogonais, sendo, neste caso, a componente vertical refletida
pela grade e a horizontal, refletida pela placa. A distância entre a grade e a placa é o que define o
tipo da polarização resultante. Quando a corrente variava bastante era porque a diferença de fase
entre as 2 componentes refletidas era um valor diferente de 90 o (ou múltiplos ímpares). Quanto
mais próximo esse valor de defasagem se aproximava de 90 o (ou múltiplos ímpares), mais
próxima a polarização era do tipo circular e a corrente, nesse caso, se mantinha
aproximadamente constante. Sabemos também que se a defasagem for igual a 180o, a
polarização será linear. Isto quer dizer que o vetor campo elétrico tem mesma intensidade pra
qualquer direção na polarização circular e varia para a polarização elíptica. Já no caso da
polarização linear o vetor terá diferentes valores de intensidade, mas sempre na mesma direção.
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Um dispositivo que poderia modificar a polarização de uma luz monocromática de linear


para circular seria um semelhante ao utilizado no experimento só que uma restrição: que a
distância entre a grade e a placa seja tal que a diferença de percurso entre a componente refletida
pela grade e a refletida pela placa seja igual a ( n + ½ ), com n=0,1,2,3...

IV.4 Atividade ótica:

Neste item colocamos um meio oticamente ativo entre as cornetas e verificamos a rotação
do plano de polarização. Para isso ajustamos as cornetas, uma em frente a outra, de forma que a
leitura no amperímetro fosse zero. Então, colocamos o meio oticamente ativo entre elas e
procuramos um ângulo em que a leitura do amperímetro voltasse a ser zero. Esse ângulo é o
ângulo de giro.
Calculando a constante de rotação dos meios:
Kr =  / L;
Onde  é o ângulo de giro e L é o comprimento do meio.
 Para o meio I (bolinhas de simulando uma solução oticamente ativa):
Kr = (π/12)/0,40m = 0,65 rad/m
 Para o meio II (bloco de isopor simulando um cristal):
Kr = (π /18)/0,40m = 0,44 rad/m

Percebemos, então, que a constante de rotação é maior para meios mais desordenados.

CONCLUSÃO

No experimento observamos fenômenos, como a polarização e a reflexão. Apesar de a


microonda ser apenas um exemplo de uma onda eletromagnética, as características observadas
no experimento podem ser estendidas para todas as ondas eletromagnéticas. Foram observados
ainda as suas formas de polarização (linear, circular ou elíptica), seu caráter transversal e a
atividade ótica dos meios utilizados (solução e cristal), em relação às microondas. É importante
sempre levar em consideração que existem erros nos valores encontrados por conta das
condições de obtenções das medidas que não são muito precisas. Também devemos considerar o
fato de que podem ter existido interferências no experimento graças a campos eletromagnéticos
que nos cercavam.

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