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F839 – 2s 2023

Polarização

Prof. Cristiano Cordeiro


IFGW - UNICAMP
Equação de Onda – caso 1D
Ex, Ey, Ez, Hx, Hy, Hz (onda eletromagnética)

tempo

z velocidade de propagação
direção de propagação

𝑈 𝑧, 𝑡 = 𝑈0 𝑐𝑜𝑠 𝑘𝑧 − 𝜔𝑡
2𝜋
n∙z
𝜆
vetor de onda
Natureza Vetorial da Luz

H
Das equações de Maxwell

Campo magnético oscilante sempre


E
acompanha o campo elétrico
oscilante k
Fotografia em certo instante de tempo t = cte

𝑈 𝑧, 𝑡 = 𝑈0 𝑐𝑜𝑠 𝑘𝑧 − 𝜔𝑡
Outra notação

parte real

Onda plana

planos de fase constante


Luz polarizada

Luz Polarizada
Vibração em um único plano.

Luz não Polarizada


Superposição de muitos feixes,
cada um com uma polarização
aleatória
Uma representação ....

E E

Não Polarizada
polarizada
Luz linearmente polarizada viajando direção z

z z
x

Campo elétrico horizontal

Campo elétrico vertical


Luz linearmente polarizada ângulo qualquer ()


x

Componentes x e y:
• amplitudes diferentes
• mesma fase
Polarização também pode ser circular

Componentes x e y:
• mesma amplitude (E0)
• diferença de fase de /2

Veremos melhor no final da aula

𝜆 𝜆 0,5 ∗ 10−6 𝑚 −14 −15


𝑣=𝑐= 𝑇= = ~10 − 10 𝑠
𝑇 𝑐 3 ∗ 108 𝑚/𝑠
Material Polarizador
Material polarizador permite a passagem de
campo elétrico em apenas uma direção
(a que está alinhada com o eixo do mesmo)

Lei de Malus
Exemplo
i) Suponha que seu feixe tem polarização linear ou circular e incide
em um detetor. Como é o sinal do detetor em função do tempo?
ii) E se for colocado um polarizador girando antes do detetor?

Polarização linear ou circular


Detetor

Polarização linear
ou circular
Detetor
Polarizador
girando
E se utilizado com luz não polarizada?

Sinal incidente: I0
Sinal transmitdo: I0/2

• Cada direção linear é atenuada por um fator cos2.


• Na média: <cos2 > = 1/2
Dois polarizadores com luz não polarizada

• Primeiro polarizador reduz a intensidade pela metade


• Segundo polarizador projeta o campo elétrico da luz polarizada em um
novo eixo rodado de ângulo  em relação ao primeiro.
• Segundo polarizador reduz a intensidade por um fator cos2
Polarizadores alinhados
luz não polarizada

Polarizadores cruzados
Tela LCD (liquid crystal display)

Sanduiche de dois
polarizadores cruzados

Recheio: cristal liquido cujo


alinhamento depende do
campo aplicado
Ref: https://bly.colorado.edu/lcphysics/lcintro/tnlc.html

A luz do seu celular / laptop / TV / Nosso próximo


relógio (com tela LCD) é experimento
linearmente polarizada! [#2B]
A qualidade do polarizador
Polarizador ideal permite passar 100% da luz com uma certa
polarização enquato bloqueia totalmente a polarização
ortogonal a esta.
Isto não existe !

1:100 >1:100.000
$ $$$$
Polarizador do tipo Wire Grid
Polarização de saída
contem apenas
polarização horizontal

• Luz excita elétrons que se movem ao longo do fio, induzindo


perda na direção vertical. Comum na região IR.
• Mesma ideia com folhas plásticas esticadas para gerar efeito
polarizador
Polarizadores do tipo beam splitter
(separador de feixe)

Reflexão interna total de uma das polarizações


Polarização por espalhamento
Elétron oscilando (aceleração  0)

fraco

forte
Polarização por espalhamento

Luz solar não polarizada

molécula em suspensão

Luz espalhada Luz solar transmitida


parcialmente não polarizada
polarizada
Polarização por reflexão REFLETIDO
INCIDENTE

n=1.0
Coeficiente de Fresnel em função do ângulo de
reflexão em interface dielétrica depende se a
polarização é s ou p. TRANSMITIDO n=1.5

Plano de incidência aqui é o


plano da tela do computador
TE (vertical ou horizontal,
depende do plano de
incidência)

Brewster
TM
(horizontal ou vertical, depende
Mais detalhes na
do plano de incidência) aula sobre os
coeficientes de
Fresnel

TM: transverso magnético


Campo magnético perpendicular ao plano de incidência
Campo elétrico paralelo ao plano de incidencia
Estamos sempre descrevendo, e
mostrando, polarizadores para
polarizar linearmente a luz

Vamos ver polarizadores para


polarizar a luz circularmente no final
desta apresentação
Birrefringência
Índice de refração diferente para
diferentes direções

Birrefringência circular /
Birrefringência linear
atividade óptica

ny nE nD

nx
Cristais Uniaxiais (um eixo óptico)

Luz viajando fora do E.O. experimenta


diferentes índices de refração
dependendo da direção do campo
elétrico:
•E paralelo ao E.O. onda extraordinária ou
•E perpendicular ao E.O. onda ordinária

Luz viajando no eixo óptico (E.O.) não


sofre birrefringência : índice de
refração independe do direção do
campo elétrico (campo elétrico
perpendicular ao E.O. - onda ordinária)
nordinário (no)
nextraordinário (ne)

Luz com outras direções de polarização podem ser decompostas em


componentes ordinários e extraordinários
Materiais Birrefringentes
Cristal birrefringente separa as duas
polarizações em diferentes feixes

o-ray

no e-ray

ne
Birrefringência Circular (Atividade Óptica)
Luz linearmente Luz linearmente
Quando luz polarizada polarizada polarizada
atravessa materiais com 
atividade óptica o plano de
polarização é rodado.
meio opticamente ativo
Exemplo: água com açúcar

Podemos decompor a luz linearmente polarizada em luz circularmente


polarizada a direita e a esquerda. Cada uma delas viajará com uma
velocidade = um índice de refração (nD e nE)

= +
Exemplo

(veremos esta notação em breve) Birrefringência circular


Atividade Óptica
No caso de soluções (como água com açúcar)

[ ou g/100ml ]
1m=10dm

const. de
proporcionalidade da
solução

Rotação pode ser positiva ou negativa, a


depender do material
Efeito Faraday
rotação θ do plano de polarização da luz é proporcional ao campo
magnético (B) na direção da propagação do feixe
θ

𝜃[𝑟𝑎𝑑] = 𝑉 ∙ 𝐵 ∙ 𝐿
𝑟𝑎𝑑
𝑉 B 𝑇 L 𝑚
𝑇∙𝑚
Constante de Verdet (V)
• Depende do comprimento de onda da luz
• Normalmente muito baixa
• No cristal TGG, V ~ 134 rad/T.m no vermelho
1 T=10.000 Gauss
Aplicação Efeito Faraday: Isolador Óptico
Birrefringencia por stress

Materiais isotrópicos sob


stress mecânico se
tornam birrefringentes

Se colocado entre
polarizadores um
padrão será formado.
Placas (ou lâmina) de onda (wave plate)
Quando um feixe atravessa um meio birrefringente (índices
nx e ny) cada polarização experimenta uma diferença de fase

Nosso próximo
𝑈 𝑧, 𝑡 = 𝑈0 𝑐𝑜𝑠 𝑘𝑧 − 𝜔𝑡 experimento
2𝜋 [#2A]
n∙z
𝜆

A diferença de fase total entre os dois


feixes altera o estado de polarização.

Lâmina de ½ comprimento de onda

Lâmina de ¼ de comprimento de onda


Luz linearmente polarizada 45° oscilando no tempo
=0  =/2 =  = 3/2  = 2
y y y y y

x x x x x

Depois de passar por uma lâmina de ½ onda,  = 

=0  =/2 =  = 3/2  = 2


y y y y y

x x x x x
2

=0 =0
y  y

x x
2 polarizadores
cruzados

polarizador x polarizador y
lâmina meia onda

eixo 0 ou 90° eixo 45°

Nosso próximo
experimento
[#2A]
½ comprimento de onda

•Entrada: polarização linear com ângulo 


 em relação ao eixo da lâmina
•Saída: polarização linear rodada de 2

¼ de comprimento de onda

•Entrada: polarização linear com ângulo 45° em relação ao eixo


da lâmina
•Saída: polarização circular
Espessura das placas de onda

Placas de meia ou quarto de onda:


•Se diferença de fase for  ou /2 teremos placa de ordem zero.
•Se diferença de fase for maior do que 2 (+  ou /2) teremos
uma placa de múltipla ordem

Exemplo
Para luz verde (=500nm) o quartzo tem índices de 1.5534 e
1.5443. Calcule a espessura de um pedaço de quartzo para
que o mesmo aja como lâmina de quarto de onda.
𝜆 0,5𝜇𝑚
𝐿= = = 13,7𝜇𝑚
4Δ𝑛 4 ∗ 0,0091
Dois polarizadors + fita durex
Representação Matricial dos
Estados de Polarização
Matrizes de Jones

Estado de Estado de
polarização polarização
conhecido desconhecido

Meio que altera o estado de polarização


Componente
horizontal

Componente
vertical

é 1 ù é 0 ù é 1 ù
y ê ú y ê ú y ê ú
ë 0 û ë 1 û ë 1 û

x x x
Vetores devem ser normalizados
y

Ângulo  em relação ao eixo horizontal


x
Cada meio que altera o estado de polarização da luz
pode ser modelado por uma matriz de Jones 2x2

Estado de Estado de
polarização polarização
conhecido desconhecido

vetor saida = matriz * vetor entrada


Matriz de Jones de um polarizador horizontal
Fase φ variando:
Polarização Circular distância z e tempo t variando !

=0  =/2 =  = 3/2  = 2


y y y y y

x x x x x

CLOCKWISE (para quem olha na direção da fonte)


( Polarização Circular a direita )
Polarização Circular
Polarização Circular a direita
CLOCKWISE
Polarização Circular a esquerda
ANTI-CLOCKWISE
(para quem olha na direção da fonte)

=0  =/2 =  = 3/2  = 2


y y y y y

x x x x x
Polarização Elíptica Ey
Ey

Ex Ex
+i: rotação a esquerda
-i: rotação a direita 1 3
2𝑖 −𝑖

E-field variation
over time (and y
Caso ainda mais geral space)
(diferença de fase  /2)
x
Polarizações ortogonais

Linear vertical e
linear horizontal

Circular a direita e
circular a esquerda

Elíptica a direita e
elíptica a esquerda
Resumindo os vetores que já vimos
Matrizes de Jones de alguns elementos ópticos
E se a luz não for polarizada?
(ou for parcialmente polarizada)

Vetores de Jones Vetores de Stokes


(2x1) (4x1)

Matrizes de Jones Matrizes de Mueller


(2x2) (4x4)
Fim da parte 1
Exemplo
i) O que ocorre se voce lançar luz linearmente polarizada na
horizontal (mesmo resultado ocorreria para vertical) em uma
lâmina de meia onda alinhada na vertical (ou horizontal)?

Ou seja, como esperado, o


estado de polarização não
se altera se a luz for
lançada no eixo da lâmina
de meia onda
Continuação (ii)

ii) E se a luz linearmente polarizada incidente na lâmina de meia


onda estiver a 45°?

Ou seja o estado de polarização final continua a


ser linearmente polarizado mas, agora, a -45°.
Lembrando.....
lâmina de meia onda
polarizador x polarizador y
lâmina meia onda

eixo 0 ou 90° eixo 45°


Continuação (iii)

iii) Vejamos o caso geral onde a luz linearmente polarizada


incidente faz ângulo  com o eixo da lâmina de meia onda. O que
ocorre com o sinal de saída?

Quando ’= - 

Ou seja, lançar luz linearmente polarizada (fazendo


ângulo  com o eixo da lâmina de meia onda) roda de 2 o
estado de polarização final.
Lâmina de meia onda


-
matriz 2x2 de um matriz 2x2 de
Matriz de rotação elemento óptico um elemento
rodado óptico

Como esperado voce pode


facilmente verificar que:

Exemplo: Qual a matriz de Jones de um polarizador rodado de 45° ?

R() Polarizador
horizontal
R()-1
Outro exemplo de aplicação das matrizes de rotação
PLACA DE QUARTO DE ONDA RODADA DE 45 GRAUS

2 1 −1
2 1 1

2 1 1
2 −1 1

2 1 −1 1 0 2 1 1 1 1 𝑖
∗ ∗ =
2 1 1 0 −𝑖 2 −1 1 2 𝑖 1
E quando temos muitos
elementos ópticos no
nosso sistema ?

É aqui que este formalismo se destaca pela sua simplicidade….


Para calcular o efeito de muitos elementos ópticos
fazemos a multiplicação matricial
(vimos algo similar em óptica geométrica) !

E1 = A3A2 A1 E0
Exemplo

Considere luz polarizada a +45° incidindo em duas


lâminas de quarto de onda com o eixo rápido na
vertical.
Calcule o sinal transmitido.

Ou seja, resultado é luz linearmente polarizada a -45°.


Isto significa rotação de 90°.

Duas lâminas de quarto de onda em série agindo, como


esperado, como uma lâmina de meia onda
Como fazer um Polarizador Circular??
Estado de
polarização de
saída
Luz incidente
Polarizador Lâmina /4
0° 45°
(pol. circular)

Ou seja, resposta
depende do
sentido de
Mas, e se invertermos a ordem dos components? incidencia da luz!

Estado de
polarização de saída 
Polarizador Lâmina /4 Luz incidente
0° 45°
(pol. linear)
Polarizador Circular independente do sentido de incidência
Estado de
polarização de
saída

Lâmina /4 Polarizador Lâmina /4


- 45° 0° + 45°
(pol. circular)

Vamos
confirmar isto
Estado de com Matrizes de
Jones !
polarização de
saída
Lâmina /4 Polarizador Lâmina /4
- 45° 0° + 45°
(pol. circular)
Polarizador Circular independente do sentido de incidência

Lâmina /4 1 𝑖 Lâmina /4 1 −𝑖 Polarizador 0 0


+ 45° 𝑖 1 - 45° −𝑖 1 0°
0 1
Ver slide 64

1 1 𝑖 0 0 1 1 −𝑖 1 1 𝑖
=
2 𝑖 1 0 1 2 −𝑖 1 2 −𝑖 1

Ou seja, com esta configuração a


resposta não depende do sentido de
incidencia da luz!

1 1 −𝑖 0 0 1 1 𝑖 1 1 𝑖
=
2 −𝑖 1 0 1 2 𝑖 1 2 −𝑖 1
Polarizador Circular como um filtro anti-reflexo

Superficie refletora

Podemos também criar um filtro anti-reflexo via interferência com filme fino. Tópico de outro dia…
Máquina fotográfica

sem polarizador com polarizador

Outros exemplos:
https://en.wikipedia.org/wiki/Polarizing_filter_(photography)
Máquina fotográfica
Polarizador linear

Polarizador circular

lâmina quarto de onda + polarizador linear

Em lentes com sistema de auto-foco existe um


separador de feixes (beam spitter) cuja eficiência
depende do estado da polarização linear.
Campo elétrico vs Intensidade

Observe que todas as matrizes de Jones se referem ao


campo elétrico e não a intensidade

Para calcular quanto do sinal é transmitido pelo sistema óptico é


necessário calcular a intensidade de entrada e de saída
Exemplo

Utilizando Matrizes de Jones:


i) Calcule o caso de dois polarizadores cruzados.
Sem sinal na saída, como esperado!

ii) Calcule o caso onde a luz incidente está linearmente polarizada


na vertical e encontra dois polarizadores cruzados, o primeiro
alinhado na vertical e o último na horizontal.
Suponha que um terceiro polarizador está entre ambos a 45°.

Luz linearmente
polarizada vertical
Polarizador Polarizador Polarizador
vertical 45° horizontal
E1 = A3A2 A1 E0
Ver slide 63

iii) Quanto do sinal é transmitido no caso do item (ii) anterior?


polarizador 0° polarizador 45° polarizador 0° polarizador 90°
polarizador 90° polarizador 45°

25%
0%

0%
Referências

• Optics, Eugene Hecht

• Introduction to Modern Optics, Fowles

• Optics Course, Prof. Rick Trebino

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