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Polarização de Ondas Eletromagnéticas


Breno Enrico Soares, Leonardo Hermont Abbes Scheinbein

I. INTRODUÇÃO

Caso um observador esteja localizado no eixo z, e a onda


A polarização de ondas eletromagnéticas está atrelada à se propagar no sentido positivo deste eixo, este irá
identificar uma variação do campo elétrico somente no
orientação do campo elétrico de dada onda que é emitida eixo x, a amplitude e sentido terá uma variação temporal
ou recebida. O estudo deste conceito é fundamental para a mas a direção irá se manter sempre ao longo do eixo x.
compreensão da propagação das ondas eletromagnéticas
em diversos meios. São várias as aplicações na Engenharia O desenho traçado pela ponta do vetor campo elétrico
deste fenômeno, desde transmissões de sinais de rádio e em um plano transversal à direção de propagação é
chamado de polarização da onda eletromagnética. No
TV, comunicações via satélite, dentre outros.
exemplo da figura 1, esta onda TEM está polarizada na
Neste trabalho será apresentada a polarização em meios
direção do eixo x. A referência na polarização é tomada
não dispersivos e meios dispersivos. Com auxílio do
sempre na direção do campo elétrico. A polarização pode
software EMANIM, serão simulados três tipos de ser classificada em três tipos: linear, circular e elíptica.
polarização: linear, circular e elíptica e o comportamento
destas ondas em diferentes meios.

II. POLARIZAÇÃO DE ONDAS ELETROMAGNÉTICAS


Dada uma onda eletromagnética do tipo TEM (transversal
eletromagnética), onde o campo magnético H e o campo
elétrico E são ortogonais ao vetor de propagação k. Se
considerarmos uma onda que se propaga na direção
positiva do eixo z, os campos E e H possuem componentes
apenas no plano perpendicular ao eixo z, isto é, no plano
xy.
A figura abaixo simula esta situação onde onde o campo
elétrico oscila apenas no eixo x e o campo magnético
apenas no eixo y.

Fig 2. Tipos de polarização:


(a) Linear
(b) Circular
(c) Elíptica

Fig 1. Onda TEM


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A expressão geral para o campo elétrico de uma onda TEM =


se propagando na direção positiva do eixo z é dada por: E❑x 0 cos (ω t−kz + φx ) ^
a❑x + E❑y 0 cos( ω t−kz +φ y ) ^
a❑ y
Na expressão acima, a ❑x e a ❑y são os vetores unitários
❑ ^ ❑ +¿E❑(t ) a^
E=E (t) a❑ ❑y nas direções x e y, k é a constante de propagação, ω é a
x x y

freqüência angular de oscilação e φ x , φ y são as fases


relativas de cada componente à origem do sistema de
coordenadas.
A. Polarização Linear se seu vetor campo elétrico possuir componentes
ortogonais de mesma amplitude e diferença de fase de
A solução geral para uma equação de onda de campo
distante é uma Onda Plana que se propaga na direção k +Π −Π
(polarização circular à direita) ou (polarização
(vetor de propagação): 2 2
circular à esquerda).

(2)
Em coordenadas cartesianas: .

(2.1)

Fig 4. Polarização circular

(a)

Fig 5. Polarização circular:


(a) à direita
(b)
(b) à esquerda
Fig 3. Polarização linear
(a) Representação em um gráfico cartesiano
(b) Representação no espaço, utilizando o software
EMANIM

A polarização é definida através da orientação do campo


elétrico. Dizemos que esta onda está linearmente
polarizada ao longo (ao longo de x).

B. Polarização circular

Uma onda eletromagnética é circularmente polarizada


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C. Polarização Elíptica D. Polarização em Meios Dispersivos e Não


Dispersivos

A polarização elíptica é o caso mais geral, sendo a A dispersão é um fenômeno associado ao alargamento
polarização circular o caso em que os eixos principais da de um pulso no tempo, podendo ocorrer em casos
elipse têm comprimentos iguais e, consequentemente, especiais o estreitamento do mesmo, e deve-se sobretudo
excentricidade (razão entre a metade da distância focal e a
às características eletromagnéticas do meio de
metade da medida do eixo maior) nula. A polarização
propagação, que em geral dependem da frequência.
linear o caso de uma elipse com excentricidade unitária (o
Um meio dispersivo é aquele cuja constante de
comprimento do eixo menor é nulo).
propagação k tenha uma dependência não linear com a
frequência, que é o caso para a maioria dos meios. Nesse
sentido, um meio não dispersivo é aquele cuja constante
de propagação k independe da frequência da onda.
Da teoria de campos, temos que ondas de rádio assim
como microondas em meio dielétrico perfeito, propagam-
se a uma velocidade dada por:

c
vp =
√❑
(2.2)

onde c é a velocidade da luz no vácuo e ε r é a


permissividade relativa do dielétrico perfeito.
Nesta relação, v p é a velocidade com que viaja uma
Fig 6. Polarização elíptica
superfície de equifase na direção de propagação da onda e
é denominada velocidade de fase. Essa relação pode ser
Aparentemente, este é um problema de difícil representada em função das frequências de fase e da onda
tratamento, porém, usando o princípio de superposição, através da seguinte equação:
mostra-se que a polarização elíptica pode ser descrita
como a superposição de duas ondas planas, uniformes e
linearmente polarizadas. c
De fato, a polarização elíptica pode ser descrita como a vp =
√❑
superposição de duas ondas planas, uniformes e
(2.3)
linearmente polarizadas, polarizadas nas direções vertical e
horizontal como mostrado na Fig. 5
onde f p é a frequência de fase e f é a frequência da
onda. Dessa forma, percebe-se que mudanças nos valores
da frequência geram variações na velocidade.
Assim, uma análise de Fourier do pulso eletromagnético
mostra que ele é composto de uma somatória de ondas de
diversas frequências (componentes harmônicas). Em meios
dispersivos, as componentes harmônicas de uma onda
eletromagnética viajam com diferentes velocidades e
chegam em um ponto de recepção com fases diferentes
daquelas que saíram da fonte emissora. Portanto, ao
serem combinadas nesse ponto de recepção, elas
reproduzirão um pulso, cuja forma de onda será diferente
da original, acarretando em um sinal distorcido. Com o
Fig 7. Polarização elíptica intuito de solucionar esse problema, introduz-se o conceito
de velocidade de grupo ( v g). A velocidade de grupo é
definida como a velocidade de propagação da crista de um
grupo de ondas interferentes, onde, no pacote de ondas
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componentes, tem-se velocidades de fase e frequências para a compreensão, utilizamos nossos conhecimentos
ligeiramente diferentes umas das outras. Pode-se, então, prévios a respeito de transformada de Fourier, equação de
ressaltar pelo menos duas conclusões relevantes: onda e equações de Maxwell para ondas planas uniformes.
Além disso, identificamos os tipos de polarização de onda
- a velocidade de propagação independe da assim como suas características; e a relação da constante
frequência e, nesse caso, o meio é não dispersivo. de propagação k com os meios dispersivos e não
Com isso, todas as componentes do pulso viajam dispersivos, observando a sua dependência (ou
com a mesma velocidade, de tal forma que a independência) com a frequência.
velocidade de grupo e a velocidade de fase são
iguais;
- o meio é dispersivo, isto é, cada componente de
Fourier do pulso tem sua própria velocidade de REFERENCES
propagação. Nesse caso, a velocidade de fase [1] Keiser, G. “Optical Fiber Communications”. McGraw-Hill, 2000.
varia com a frequência, o que resulta numa [2] (Basic Book/Monograph Online Sources) J. K. Author. (year, month,
day). Title (edition) [Type of medium]. Volume (issue).
dispersão do sinal eletromagnético. Available: http://www.(URL)
[3] J. Jones. (1991, May 10). Networks (2nd ed.) [Online]. Available:
http://www.atm.com
Um pulso de georradar, como mostra a figura 8 requer a [4] (Journal Online Sources style) K. Author. (year, month). Title.
sobreposição de frequências. Dessa forma, as várias Journal [Type of medium]. Volume(issue), paging if given.
frequências que compõem um sinal eletromagnético Available: http://www.(URL)
[5] R. J. Vidmar. (1992, August). On the use of atmospheric plasmas as
podem viajar em velocidades distintas da onda portadora. electromagnetic reflectors. IEEE Trans. Plasma Sci. [Online]. 21(3).
Consequentemente, teremos no sinal eletromagnético a pp. 876–880. Available:
http://www.halcyon.com/pub/journals/21ps03-vidmar
velocidade de grupo e a velocidade de fase. [6] https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
11172011000100007&lng=pt&nrm=iso
[7] https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/6610/0004438
87.pdf

Fig 8. Representação de um pulso do tipo emitido pelos


georradares modernos.

Em geral, os efeitos dispersivos não são desejáveis, pois


em um sistema de comunicação ocorre a propagação de
uma sequência de pulsos. Como cada pulso sofrerá
usualmente um alargamento, um dado pulso irá invadir a
janela temporal do pulso anterior e/ou do pulso seguinte,
resultando numa interferência eletromagnética
denominada Interferência Intersimbólica. Existe,
entretanto, a possibilidade de aplicação do fenômeno de
maneira desejável, como é o caso da realização de filtros
ópticos baseados em prismas, onde o ângulo de refração
de cada componente de um sinal eletromagnético
depende da frequência dessa componente, permitindo
separar fisicamente as componentes do espectro desse
sinal, como ocorre, por exemplo, na decomposição da luz
branca no espectro de cores.

III. CONCLUSÕES

Neste trabalho, procuramos apresentar os conceitos


básicos sobre polarização de ondas eletromagnéticas em
meios dispersivos e não dispersivos. Como ferramentas

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