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Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Departamento de Engenharia Elétrica

Máquinas de Corrente Contínua

Prof. Dr. Rafael Rorato Londero


Conteúdo
1. Aspectos Construtivos
2. Princípio de Funcionamento
3. Problemas na Comutação
4. Tensão Induzida
5. Circuito Equivalente
6. Curva de Magnetização
7. Parâmetros de Desempenho
8. Classificação das Máquinas de Corrente Contínua
9. Dinâmica nas Máquinas de Corrente Contínua
1. Aspectos Construtivos
Enrolamento de Campo
Estator
Condutores da Armadura

Escovas
Anéis do Comutador
Rotor

Máquina de Corrente Contínua Elementar 2 Polos


1. Aspectos Construtivos
Circuito elétrico externo
Escova
Condutores da Armadura
Comutador
Eixo

Rotor de Ferro
Laminado
2. Princípio de Funcionamento

A   
F  I  B
x
 
    B  dA
F
  B A
e  Bv
d d B  A dA d   x  dx
e  B B  B   Bv
dt dt dt dt dt
2. Princípio de Funcionamento
Vamos assumir que o
fluxo seja senoidal,
  max cost 
Porém, sabe-se que:
B  cte
Então,
A   Amax cost 
Logo,
d
e  BAmax   sent 
dt
2. Princípio de Funcionamento
Entretanto, devido a forma polar das faces dos polos,
a forma de onda senoidal anterior torna-se achatada.
A forma de onda da tensão
permanece alternada, mas
não deveria ser contínua???
2. Princípio de Funcionamento
 0 max  0
 
 B
B B

O comutador reverte
as conexões da
bobina alterando a
polaridade da tensão
induzida.
2. Princípio de Funcionamento
Para aumentar o valor da tensão retificada deve-se
inserir mais anéis comutadores.

Máquina CC real vários anéis comutadores (50 segmentos)


3. Problemas na Comutação
Durante a operação da máquina de corrente
contínua, surgem alguns problemas sérios que
devem ser superados para um funcionamento
adequado. São eles:

3.1 Reação da Armadura

3.2 Tensão de Comutação


3.1 Reação da Armadura
PNM Plano Neutro Magnético

Fluxo produzido pelo Campo

Fluxo de Reação da Armadura


faísca na comutação

Fluxo resultante
(Campo+Armadura)
3.1 Reação da Armadura
3.2 Tensão de Comutação
Após a comutação, a corrente na bobina inverte o
seu sentido.

1 1
1

Instante da comutação
3.2 Tensão de Comutação
tc : tempo _ de _ comutação

Instante da comutação
3.2 Tensão de Comutação
Devido a indutância da bobina, a comutação não
ocorre no tempo de comutação ideal.

tc
I
Comutação Real

Comutação Faíscas nas escovas e


Ideal comutador devido o
atraso na comutação.
I
Atividade (1 ponto na prova)
Pesquisar nas referências as soluções
adotadas para os problemas relacionados a
comutação: reação de armadura e tensão de
comutação.

Prazo de entrega: duas semanas.


Exercício
Considere um gerador de corrente contínua 220 V
acionado em 800 rpm. O comutador desse gerador
possui 50 segmentos e a corrente fornecida pelo
gerador é 400 A. As bobinas da armadura possuem
uma indutância de 1,3 mH. Calcule:
(a) o tempo médio de comutação;
(b) o valor aproximado da tensão de comutação.
Exercício
(a) Como o gerador efetua 800 rotação em 1 minuto.
Então, 1 rotação será efetuada em quantos
segundos?
60
trotação   0,075s
800
O comutador possui 50 segmentos, os quais são
percorridos durante uma rotação. O intervalo de
tempo sobre cada segmento do comutador fornece
uma aproximação do tempo médio de comutação.
0,075
tc   0,0015s  1,5ms
50
Exercício
(b) A tensão de comutação pode ser aproximada por:

I 400
vL v  1,3m   346,67V
t 1,5m

Isso representa uma sobretensão de:


346,67
sobre  tensão  100%  157%
220
4. Tensão Induzida
A tensão induzida em um condutor submetido a um
campo magnético é dada por:
   

e  vB  
Considerando uma espira quadrada com condutores
de comprimento , a tensão induzida será: 
etotal  2  B    v r e  B    v
etotal  2  B    r   B
v r
e0
4. Tensão Induzida
Quando a espira quadrada é rotacionada, a mesma
produz um cilindro de revolução.

A área lateral desse cilindro é dada por:


A  2  r  
A área por polo que o fluxo magnético atravessa é a
metade dessa área, considerando que a máquina
tenha apenas dois polos. Portanto,
Apor_ polo
Apor_ polo    r   r  

4. Tensão Induzida
Substituindo na equação da tensão induzida,
e  2  B    r 

A por_ polo
e  2 B 

2
e   B  Apor_ polo  

4. Tensão Induzida
O fluxo magnético que atravessa cada polo da
máquina é dado por:
  B  Apor_ polo
Consequentemente,
2
e    

O fator 2  é parâmetro que depende das
características construtivas da máquinas.
4. Tensão Induzida
Podemos escrever a tensão induzida como:
e  k   
fator que depende da construção da máquina
Comumente, a velocidade angular é expressa em
rpm. Logo,
E  kg   n
4. Tensão Induzida
Pode-se demonstrar que:
z p
E   n
60  a
ou seja, total de condutores na armadura

z p polos
kg 
60  a condutores em paralelo
4. Tensão Induzida
Enrolamento Imbricado Enrolamento Ondulado

a p a p
2
Exercício
Uma máquina de corrente contínua, 4 polos,
728 condutores na armadura, fluxo por polo
de 30 mWb esta girando a 1800 rpm. Calcule a
tensão induzida na armadura, considerando
que o enrolamento da armadura seja:
(a) ondulado;
(b) imbricado.
Exercício
(a) A tensão induzida será calculada por:
z p
E   n
60  a
728  4
E  30m 1800  1310,4V
60  2
(b) Para o enrolamento imbricado, têm-se:
728  4
E  30m 1800  655,2V
60  4
5. Circuito Equivalente
O circuito equivalente da máquina de corrente
contínua, pode ser dividido em dois circuitos:
enrolamento de campo e enrolamento da armadura.
enrolamento
de campo Motor corrente de armadura

resistência da armadura
Gerador rotação (rad/s)
tensão terminal

resistência
de campo
tensão induzida
5. Circuito Equivalente
Considerando que a máquina esteja operando como
um motor, a corrente de armadura pode ser
calculada por: V E
IA 
RA
A potência elétrica disponível será dada por:
Pe  E  I A
Consequentemente, o torque eletromagnético
desenvolvido será:
Pe
Te 
m
Exercício
Considere que a máquina de corrente contínua do
exercício anterior opere como um motor com
enrolamento imbricado. Sabendo que a resistência
de armadura é 0,4Ω e a tensão terminal 700 V.
Calcule:
(a) a corrente de armadura;
(b) a potência elétrica disponível na armadura;
(c) a torque eletromagnético desenvolvido;
(d) a potência elétrica consumida pelo motor.
Dados: E = 655,2 V ; n = 1800 rpm
Exercício
(a) A corrente de armadura pode ser calculada por:
V  E 700  655,2
IA    112 A
RA 0,4
(b) A potência disponível na armadura será:
Pe  E  I A  655,2 112  73,38kW
(c) O torque eletromagnético será:
Pe 73,38k
Te    389,3N  m
m 1800  2
60
(d) A potência consumida pode ser calculada por:
P  V  I A  700112  78,4kW
6. Curva de Magnetização
A curva de magnetização é gráfico da tensão
induzida versus a corrente de campo (ou fmm do
enrolamento de campo) a velocidade constante.

tensão induzida [Volts]

saturação magnética

operação nominal f  N  I excitação[ampères  espiras]


mm F F

corrente de campo [Ampères]


Exercício
Uma máquina de corrente contínua tem uma curva
de magnetização conforme mostra a figura abaixo. A
máquina opera como um motor a 800 rpm e
consume uma corrente de armadura de 30 A com
corrente de campo de 2,5 A. Sabe-se que a
resistência de armadura é 0,3 Ω e a resistência de
campo 50 Ω. Determine:
(a) a tensão aplicada ao enrolamento de campo;
(b) a tensão terminal;
(c) o torque e a potência disponíveis na armadura.
Exercício
Exercício
(a) A tensão aplicada ao enrolamento de campo pode
ser calculada simplesmente por:
VF  RF  I F  50 2,5  125V
(b) Quando a corrente de campo é 2,5 A, a tensão
induzida é 145 V, conforme a curva de
magnetização. Porém, como o motor gira a 800 rpm
deve-se corrigir proporcionalmente a tensão
induzida, ou seja,
E1 n1 n2 800
  E2   E1  E2  145  96,67V
E2 n2 n1 1200
Exercício
Logo, a tensão terminal poderá ser calculada por:

V  E  RA  I A

V  96,67  0,3  30

V  105,67V
Exercício
(c) A potência disponível pode ser calculada por:
Pe  E  I A  96,67  30  2900W
Consequentemente, o torque será dado por:
Pe 2900
Te    34,62 N  m
m 800  2 60
Alternativamente, o torque pode ser dado por:
E  IA k    m  I A
Te    k  I A
m m
Exercício
A constante k pode ser calculada pela tensão
induzida. Logo,
E 96,67
k    1,154
m 800  2
60
Portanto,
Te  k  I A  1,154  30  34,62 N  m

O torque eletromagnético é diretamente proporcional a


corrente de armadura.
7. Parâmetros de Desempenho
perdas elétricas perdas mecânicas
(armadura e campo) (atrito, ventilação, etc)
perdas suplementares
(1% da pot. saída)

Potência Potência disponível na armadura Potência


de Entrada de Saída

Fluxo de potência
perdas magnéticas
em motor CC (histerese, foucault, etc)
7. Parâmetros de Desempenho
perdas elétricas perdas mecânicas
perdas suplementares

Potência potência desenvolvida pela armadura Potência


de Saída de
Entrada

Fluxo de potência
perdas magnéticas
em gerador CC
7. Parâmetros de Desempenho
Pelos fluxogramas anteriores, podemos definir o
rendimento de uma máquina de corrente contínua
como:
Pot .Saída Pot .Saída
%  100%  100%
Pot .Entrada Pot .Saída  perdas

Regulação de Velocidade Regulação de Tensão


nvazio  nc arg a Vvazio  Vc arg a
RN %  100% RV%  100%
nc arg a Vc arg a
8. Classificação das Máquinas de
Corrente Contínua
Dependendo da organização do enrolamento de
campo e do enrolamento da armadura, podemos
classificar as máquinas de corrente contínua como:
8.1 Excitação Independente (Separada)
8.2 Excitação em Derivação (Shunt)
8.3 Excitação em Série
8.4 Excitação Composta
8.4.1 Composta Aditiva (Cumulativa)
8.4.2 Composta Subtrativa (Diferencial)
8.1 Excitação Independente

A máquina CC com excitação independente é assim


chamada porque o enrolamento de campo é excitado por
uma fonte independente da tensão terminal.
Exercício
Uma máquina de corrente contínua com excitação
independente, 25 kW, 125 V opera com velocidade
constante em 3000 rpm e uma corrente de campo
constante tal que a tensão de armadura de circuito
aberto seja 125 V. A resistência de armadura é
0,02Ω. Considerando somente as perdas na
armadura, calcule o rendimento da máquina quando
a tensão terminal é:
(a) 128 V;
(b) 124 V;
Exercício
(a) Em ambos os casos (a) e (b) a tensão induzida na
armadura E = 125 V.
Para se calcular o rendimento é necessário
conhecer a corrente de armadura e o modo como a
máquina esta operando: gerador ou motor.
Se a tensão terminal (128 V) é maior do que a
tensão induzida (125 V). Então, a corrente de
armadura esta fluindo para dentro da máquina,
caracterizando uma operação motora.
Exercício
Desse modo, a corrente de armadura é dada por:
V  E 128  125
IA    150 A
RA 0,02
A potência total consumida pelo motor será:
Pot .Entrada  V  I A  128 150  19,2kW
A potência mecânica de saída será:
Pot .Saída  E  I A  125 150  18,75kW
Finalmente, o rendimento será:
18,75k
%  100%  97,65%
19,2k
Exercício
(b) Nessa situação, a máquina opera como um gerador,
pois a tensão induzida é maior do que a tensão
terminal. Logo, a corrente de armadura será:
E  V 125  124
IA    50 A
RA 0,02
Portanto,
Pot .Entrada  E  I A  125  50  6,25kW
Pot .Saída  V  I A  124  50  6,2kW
6,2k
%  100%  99,2%
6,25k
8.1.1 Característica de Tensão
Chama-se de característica de tensão de um gerador
CC um gráfico da tensão terminal versus a corrente
de linha (corrente terminal).

Porém, para o gerador com excitação independente


a corrente de linha é igual a corrente de armadura.
Logo,
VT  E  RA  I A
8.1.1 Característica de Tensão
VT  E  RA  I A

Tensão terminal sem enrolamentos


de compensação
8.1.1 Característica de Tensão
A queda de tensão devido a reação de armadura (RA)
pode ser contabilizada através de uma corrente de
campo equivalente.
fmmtotal  fmmindependente  fmmRA

N F  I Feqv  N F  I F  fmmRA

Corrente de
fmmRA
Campo I Feqv  IF 
Equivalente NF
Exercício
A figura a seguir representa a curva de magnetização
de um gerador CC com excitação independente, 172
kW, 430 V, 400 A e 1800 rpm. O enrolamento de
campo desse gerador tem uma bobina com 1000
espiras em cada polo. O circuito de campo tem um
reostato ajustável até 300Ω em série com a sua
resistência de campo de 20Ω. A resistência de
armadura é 0,05Ω e a tensão de campo esta ajustada
para 430 V.
(a) Se o reostato do circuito de campo for ajustado para
63Ω e uma turbina estiver acionando o gerador a
1600 rpm, qual será a tensão terminal a vazio?
Exercício
(b) Qual seria sua tensão terminal se uma carga de 360
A fosse conectada aos seus terminais? Assuma que o
gerador tem enrolamentos de compensação.
(c) Qual seria sua tensão terminal assumindo que o
gerador não tenha enrolamentos de compensação?
Considere que a carga de 360 A produz uma reação
de armadura de 450 Ae.
(d) Qual a corrente de campo necessária para que a
tensão terminal fosse igual a tensão a vazio?
(Assuma que a máquina seja compensada.) Qual o
valor de ajuste do reostato de campo para que isso
seja possível?
Exercício
Exercício
(a) A corrente de campo será dada por:
VF 430
IF    5,2 A
RF  Raju 20  63
Pela curva de magnetização, encontramos que a
tensão interna é 430 V. Entretanto, o gerador é
acionado a 1600 rpm. Então,

430 1800 1600


  E2   430  382V
E2 1600 1800
Exercício
(b) Admitindo que o gerador seja compensado, então
não existe queda de tensão devido a reação de
armadura. Logo,
VT  E  RA  I A  382  0,05  360  364V
(c) Admitindo que o gerador não seja compensado, a
reação de armadura deverá ser incluída no cálculo da
corrente de campo equivalente. Logo,
fmmRA 450
I Feqv  IF   5,2   4,75 A
NF 1000
Exercício
Consultando novamente a curva de magnetização
encontra-se a tensão induzida de 410 V. Porém,
deve-se novamente corrigir este valor para 1600
rpm.
410 1800 1600
  E2   410  364V
E2 1600 1800
Então, a tensão terminal será:
VT  E  RA  I A  364  0,05  360  346V
A reação de armadura diminui a tensão terminal
do gerador, piorando a sua regulação de tensão.
Exercício
(d) Nesse caso devemos fazer a tensão terminal igual a
382 V e determinar a tensão induzida requerida.
E  VT  RA I A  382  0,05  360  400V
Para utilizar a curva de magnetização deve-se corrigir
a tensão induzida para 1800 rpm. Portanto,
400 1600 1800
  E2   400  450V
E2 1800 1600
Consultando a curva de magnetização obtemos uma
corrente de campo de 6,15 A.
Exercício
A resistência de ajuste do reostato pode ser
calculada pela corrente de campo.

VF
IF 
RF  Raju

VF 430
Raju   RF   20  49,9  50
IF 6,15
8.1.2 Característica de Velocidade
Chama-se de característica de velocidade de um
motor CC um gráfico do torque (conjugado) versus a
velocidade (rad/s ou rpm).

Vimos anteriormente que o torque eletromagnético


desenvolvido é diretamente proporcional a corrente
de armadura.

Te  k  I A
8.1.2 Característica de Velocidade
A corrente de armadura para o motor com excitação
independente pode ser calculada por:
VT  E
IA 
RA

 VT  E 
Te  k   
 RA 
k
Te   VT  k  m 
RA
8.2 Excitação em Derivação
Enrolamento de Campo Enrolamento da Armadura

Raju

A máquina CC em derivação é assim chamada porque o


enrolamento de campo encontra-se em paralelo com a armadura.
Exercício
Um gerador com excitação em derivação, 100 kW,
230 V, tem uma resistência de armadura de 0,05Ω e
resistência de campo de 57,5Ω. Se o gerador opera à
tensão nominal e carga nominal, calcule:
(a) a tensão induzida na armadura;
(b) considerando que as perdas rotacionais e
magnéticas totalizam 3,8 kW, calcule a potência
mecânica de entrada;
(c) o rendimento para carga nominal.
Exercício
Para a operação geradora considere a figura abaixo.

corrente de linha
Raju
Exercício
(a) Se o gerador opera em carga nominal, a corrente
fornecida pelo gerador será:
Pot .Saída 100k
IL    434,8 A
VT 230
A corrente de campo pode ser calculada por:
VF 230
IF    4A
RF 57,5
Então, a corrente de armadura é:
I A  I L  I F  434,8  4  438,8 A
Exercício
Portanto, a tensão induzida na armadura será:
E  VT  RA  I A  230  0,05  438,8  252V
(b) Primeiramente, devemos calcular a potência
desenvolvida pela armadura.
Pe  E  I A  252  438,8  110,57kW
Então, a potência mecânica de entrada será:
Pot .Entrada  Pe  Prot mag  110,57  3,8  114,37kW
(c) Desse modo, o rendimento será dado por:
Pot .Saída 100k
%  100%  100%  87,4%
Pot .Entrada 114,37k
8.2.1 Escorvamento em Máquinas CC
Considere um gerador cc em derivação,
representado pelo circuito abaixo operando a vazio.
iL  0
RF  Ra

L  Lf 
E VT di f
a  E  RF i f
dt

 E  La  L f 
di f
 RF  Ra i f  0
dt
8.2.1 Escorvamento em Máquinas CC
Algumas máquinas cc são construídas com material
ferromagnético que apresentam um magnetismo
residual, de tal modo que:
E i f  0  E0  0
Analisando a equação diferencial anterior,

La  Lf 
di f
 E0  RF i f  0 pois, if = 0
dt
Desse modo, a corrente crescerá autonomamente
até a sua taxa de variação ser igual a zero, ou seja, se
igualar a tensão induzida na armadura E.
Ao processo de crescimento espontâneo da corrente
de campo, chamamos de escorvamento.
8.2.1 Escorvamento em Máquinas CC

L
a  Lf 
di f
 0  E  RF i f  0
dt
Processo de Escorvamento

E0
8.2.1 Escorvamento em Máquinas CC
Analisando a equação diferencial, para que o
processo de escorvamento ocorra é necessário que:

1. A máquina CC tenha um magnetismo residual;

2. A resistência de campo seja ajustada em um valor


que não exceda a resistência crítica.
8.2.1 Escorvamento em Máquinas CC

Curva de Magnetização

VT
RF  Raju 
IF
R3  R2  R1  R0

R2  Rcrit : resistênci a _ crítica


E0
Exercício
Um gerador CC em derivação apresenta uma curva de
magnetização a 1200 rpm conforme a figura abaixo. O
enrolamento de campo da máquina possui 500 espira
por polo.
(a) Qual o valor de resistência de campo para o qual o
processo de escorvamento ocorre?
(b) Qual é a resistência total do circuito de campo se a
tensão induzida é 230 V?
(c) Em relação ao item (b), qual o valor máximo que
pode ser ajustado o reostato de campo para que o
escorvamento não seja perdido?
Tensão Induzida, Volts
Exercício
(a) Pela curva de magnetização,
VT VT 200
Rcrit     66,67
IF fmm 1500
NF 500
(b) Novamente,
VT 230
RF _ 230V   46
fmm 2500
NF 500
(c) A resistência pode ser ajustada até o limite de:
Raju  Rcrit  RF _ 230V  66,67  46  20,67
8.2.2 Característica de Tensão
A característica de tensão de um gerador em
derivação será diferente do gerador com excitação
independente porque a tensão de campo depende
da tensão terminal.

Considerando um gerador em derivação,


E  VT  RA  I A
Mas,
I A  IL  IF
Isolando a tensão terminal e substituindo a corrente
de armadura,
8.2.2 Característica de Tensão

VT  E  RA I L  I F 
Em um gerador em derivação, a corrente de campo
pode ser calculada por:
VT
IF 
Raju  RF
Substituindo a corrente de campo e isolando
novamente a tensão terminal, obtém-se:
8.2.2 Característica de Tensão
 
 
E  RA  I L 
1
VT  
 1  RA 

 R aju  R 
F 

Porém,
RF  Raju  RA
Logo,

VT  E  RA  I L
8.2.2 Característica de Tensão
RA I L

VT  E  RA  I L

A regulação de tensão do gerador CC em derivação é pior do


que a do gerador com excitação independente, porque a
redução na tensão terminal do gerador diminui a corrente de
campo e consequentemente, a tensão induzida.
8.2.2 Característica de Tensão
A queda de tensão devido a reação de armadura
pode ser contabilizada através de uma corrente de
campo equivalente.
fmmtotal  fmmderivação  fmmRA

N F  I Feqv  N F  I F  fmmRA

Corrente de
fmmRA
Campo I Feqv  IF 
Equivalente NF
8.2.3 Característica de Velocidade
Pode-se demonstrar que a característica de
velocidade do motor em derivação é idêntica a do
motor com excitação independente.
k
Te  VT  k  m 
RA
Naturalmente, a reação de armadura também tende
a reduzir o torque e os seus efeitos podem ser
computados conforme visto anteriormente.
8.2.3 Característica de Velocidade
Te

k
Te  VT  k  m 
RA
Exercício
Um motor CC em derivação, 50 HP tem uma curva de
magnetização conforme a figura abaixo. O motor é
alimentado com tensão terminal de 240 V, a
resistência de armadura é 0,065 Ω, a resistência de
campo é 10 Ω e a resistência ajustável é 14 Ω. Na
velocidade de 1200 rpm, as perdas rotacionais são
1450 W. Esse motor alimenta um guindaste que
demanda um torque de 250 N.m para qualquer
velocidade de rotação. Calcule:
(a) a rotação do motor;
(b) o rendimento para essa condição de operação.
Exercício
(a) Para compreender o problema, considere a figura
a abaixo.
Motor CC

Ponto de Operação
Guindaste

op
Velocidade de Operação
Exercício
Precisamos obter a característica de velocidade do
motor CC, a qual é dada por:
k
Te  VT  k  m 
RA
É necessário determinar o valor da constante k .
A corrente de campo pode ser calculada por:
VT 240
IF    10 A
Raju  RF 14  10
Exercício
Consultando a curva de magnetização, obtém-se:
E  280V
Desse modo, a constante k pode ser calculada por:
E 280
k    2,228
m 1200  2
60
Agora, podemos obter a característica de velocidade
do motor em derivação.
k
Te  VT  k  m   2,228
240  2,228  m 
RA 0,065
Exercício
Simplificando,
Te  8226,5  76,37  m
Agora, para conhecer a velocidade de operação,
precisa-se conhecer o torque eletromagnético
desenvolvido, o qual é dado por:
Te  Tc arg a  Trotacionais Te  250 
1450
1200  2
P 60
Te  Tc arg a  rot
rot Te  261,5N  m
Exercício
Então, a velocidade de operação pode ser calculada
resolvendo-se a equação:
261,5  8226,5  76,37  op
op  104,3rad / s
Convertendo para rotações por minuto (rpm):
60
nop  104,3   996rpm
2
Exercício
(b) Para se calcular o rendimento é necessário conhecer
a potência de entrada e a potência de saída.

A corrente de armadura pode ser calculada por:


VT  E  RA  I A
VT  E VT  k  op
IA  
RA RA
240  2,228 104,3
IA   117,23 A
0,065
Exercício
A corrente de linha pode ser calculada por:
I L  I F  I A  10  117,23  127,23 A
Então, a potência de entrada será:
Pot.Entrada  VT  I L  240 127,23  30,53kW
A potência de saída pode ser calculada pelo torque
de saída e pela velocidade de operação.
Pot .Saída  Tc arg a  op  250 104,3  26,08kW
Pot .Saída 26,08k
%  100%  100%  85,4%
Pot .Entrada 30,53k
Exercício
A figura a seguir representa a curva de magnetização
de um motor em derivação 50 HP, 250 V e 1200 rpm.
A resistência total do enrolamento de campo
(incluindo o reostato de ajuste) é 50 Ω e a resistência
de armadura 0,06 Ω. O enrolamento de campo é
constituído de uma bobina de 1200 espiras em cada
polo. Quando o motor consome uma corrente de
linha de 200 A, a reação de armadura correspondente
é 840 Ae. Calcule a rotação do motor para a carga de
200 A quando a reação da armadura é:
(a) desprezada (motor compensado);
(b) considerada (motor sem compensação).
Exercício
(a) Vamos admitir que o motor esteja operando sob
tensão nominal de 250 V. Então, a corrente de
campo será:
VT 250
IF    5A
Raju  RF 50
Portanto, a corrente de armadura é:
I A  I L  I F  200  5  195 A
Desse modo, a tensão interna será:
E  VT  RA I A  250  0,06 195  238,3V
Exercício
Para calcular a rotação do motor sabemos que a
vazio a tensão induzida é 250 V e a sua rotação é
1200 rpm. Logo,
E1 238,3
n2  n1  1200  1144rpm
E2 250
(b) Para contabilizar a reação da armadura precisamos
calcular a corrente de campo equivalente.
fmmRA 840
I Feqv  IF   5  4,3 A
NF 1200
Exercício
Consultando a curva de magnetização encontramos
uma tensão induzida correspondente de 233 V para
uma rotação de 1200 rpm. Portanto,
233 1200
  n2  1227rpm
238,3 n2

A reação da armadura enfraquece o torque


eletromagnético e o motor estabiliza sua rotação em
uma velocidade maior em relação ao caso quando o
motor apresenta enrolamentos de compensação.
8.3 Excitação em Série

A máquina CC em série é assim chamada porque o


enrolamento de campo encontra-se em série com a
armadura.
8.3.1 Característica de Tensão
Considerando a máquina cc série operando como um
gerador, podemos escrever:
E  VT  RA  RF  I A
Porém, devido a conexão série temos que:
I A  IF  IL
Isolando a tensão terminal,
VT  E  RA  RF  I L
A máquina cc em série não consegue desenvolver o
processo de escorvamento a vazio.
8.3.1 Característica de Tensão
VT  E  RA  RF  I L

I L0

Amplificação de Tensão Fonte de Corrente Constante


8.3.2 Característica de Velocidade
Considere a máquina cc série operando como um
motor. Desse modo, podemos escrever:
VT  RA  RF  I A  E
VT  RA  RF  I A  k  m

VT  RA  RF  I A  k  k F I F  m
Mas, I A  I F  I L

VT  RA  RF  I A  k  k F I A  m
8.3.2 Característica de Velocidade
Porém, sabemos que o torque se relaciona com a
corrente de armadura por:
Te  k  I A

Te  k  k F I F  I A

Te  kkF  I A
2

Te

2
IA
kkF
8.3.2 Característica de Velocidade
Arrumando a equação da tensão terminal,
VT  RA  RF  kkF  m  I A
Elevando ambos os membros ao quadrado,
VT  RA  RF  kkF  m   I A
2 2 2

Substituindo a corrente de armadura,

VT  RA  RF  kkF  m 
Te

2 2

kkF
Finalmente, isolando o torque,
kkF V 2
Te  T

RA  RF  kkF  m 2
8.3.2 Característica de Velocidade

Velocidade excessiva
Exercício
Um motor cc série gira a 1200 rpm quando
alimentando uma carga que demanda um torque de
12 Nm. Despreze todas as perdas e os efeitos da
saturação. Determine:
(a) a potência de saída.
(b) Suponha que o torque de carga aumente para 24
Nm. Calcule a nova velocidade de operação e a
potência de saída do motor.
Exercício
(a) A potência de saída, desprezadas todas as perdas,
será dada simplesmente por:
Pot .Saída  Tc arg a  m  12 1200  2  1508W
60

(b) Desprezadas as resistências, a equação do torque se


resume a:
2
V
Te  T

kkF  m
2
Exercício
Supondo que a tensão terminal permaneça fixa,
podemos determinar a nova velocidade de operação
relacionando as duas condições de operação pela
equação do torque.
2
V T
Te1 m 2
2 2
Te1 kkF  m1
2
 Te1 n2
  2
Te 2 VT 2 Te 2 m1 2
Te 2 n1
kkF  m 2
2
Exercício
Isolando n2,

Te1 12
n2  n1   1200   848,5rpm
Te 2 24
Novamente, a potência de saída pode ser calculada
por:

Pot .Saída  Tc arg a  m  24  848,5  2  2133W


60
8.4 Excitação Composta
• Excitação Composta Longa

Armadura Série

Derivação
8.4 Excitação Composta
• Excitação Composta Curta
Armadura Série

Derivação
Exercício
Uma gerador cc composto, 50 kW, 250 V, tem os
seguintes dados: resistência de armadura 0,06Ω,
resistência de campo série 0,04Ω e resistência de
campo derivação 125Ω. Calcule a tensão induzida na
armadura quando o gerador alimenta carga nominal
em tensão nominal. As escovas tem uma queda de
tensão de 2 V. Considere as seguintes ligações:
(a) derivação curta;
(b) derivação longa.
Exercício
(a) A figura abaixo mostra as correntes do gerador
composto com conexão composta curta.

VF
Exercício
A corrente de linha pode ser calculada por:
Pot .Saída 100k
IL    200 A
VT 250
A tensão no enrolamento de campo em derivação é:
VF  VT  RS  I L
VF  250  0,04  200  258V
A corrente de campo em derivação será:
VF 258
IF    2,06 A
RF 125
Exercício
Desse modo, a corrente de armadura será dada por:

I A  I F  I L  200  2,06  202,06 A

Portanto, a tensão induzida na armadura é:


E  VF  RA I A  Ves cova

E  258  0,06  202,06  2

E  272,12V
Exercício
(b) A figura abaixo mostra as correntes do gerador
composto com conexão composta longa.
Exercício
Novamente, a corrente de linha é:
Pot .Saída 100k
IL    200 A
VT 250
A corrente de campo em derivação é dada por:
VF 250
IF    2A
RF 125
Então, a corrente de armadura será:
I A  I F  I L  200  2  202 A
Exercício
Desse modo, a tensão induzida na armadura pode
ser calculada por:

E  VT  RA  RS  I A  Ves cova

E  250  0,06  0,04 202  2

E  272,2V
8.4.1 Excitação Composta Cumulativa
Considere, por exemplo, um gerador cc com ligação
composta longa.

A fmm produzida pelo enrolamento série se soma a fmm


produzida pelo enrolamento derivação.
8.4.1 Excitação Composta Cumulativa
Para um gerador composto cumulativo as fmm
produzidas pelos enrolamentos de série e derivação
somam-se, ou seja,
fmmtotal  fmmsérie  fmmderivação  fmmRA

N F  I Feqv  N S  I S  N F  I F  fmmRA
Corrente de NS fmmRA
Campo I Feqv  IF   IS 
Equivalente
NF NF
8.4.2 Excitação Composta Diferencial
Considere, por exemplo, um gerador cc com ligação
composta longa.

A fmm produzida pelo enrolamento série subtrai da fmm


produzida pelo enrolamento derivação.
Exercício
Um gerador composto cumulativo 100 kW, 250 V,
400 A, com ligação em derivação longa tem
resistência de armadura de 0,025Ω e resistência de
campo série 0,005Ω. O enrolamento de campo em
derivação possui 1000 espiras por polo e o
enrolamento série possui 3 espiras por polo. O efeito
da reação da armadura esta representado na curva
de magnetização para várias correntes de armadura.
O gerador fornece corrente nominal quando a
corrente do campo em derivação é 4,7 A e a rotação
1150 rpm. Calcule a tensão terminal supondo que:
(a) a reação da armadura é desprezada;
(b) a reação da armadura é considerada.
(c) Refaça o item (b) considerando que uma espira é
acrescentada ao enrolamento série aumentando a
resistência do enrolamento para 0,007Ω.
Exercício
(a) Para conexão em derivação longa a corrente de
armadura é igual a corrente do enrolamento série.
Portanto,
I S  I A  I F  I L  400  4,7  404,7 A
Desprezada a reação da armadura, a corrente de
campo equivalente será:
NS 3
I Feqv  IF   I S  4,7   404,7  5,9 A
NF 1000
Desprezada a reação da armadura podemos utilizar
a curva Ia = 0 da curva de magnetização. Nesse
caso, a tensão induzida será 274 V.
Exercício
Todas as tensões na curva de magnetização foram
medidas para 1200 rpm. Consequentemente, deve-
se corrigir a tensão induzida obtida anteriormente.
Logo,
274 1200 1150
  E2   274  263V
E2 1150 1200
Desse modo, a tensão terminal será dada por:
VT  E  RA  RS  I A
VT  263  0,025  0,005 404,7  251V
Exercício
(b) Ao considerar a reação da armadura, a tensão
induzida pode ser obtida diretamente pela curva de
magnetização. A corrente de armadura é 404,7 A.
Vamos aproximar esse valor para 400 A e utilizar a
curva de magnetização Ia = 400. Então, a tensão
induzida será 261 V. Porém, devemos corrigir essa
tensão para 1150 rpm. Logo,
261 1200 1150
  E2   261  250V
E2 1150 1200
Exercício
A tensão terminal será igual a:
VT  E  RA  RS  I A
VT  250  0,025  0,005 404,7  238V
(c) Ao acrescentar mais uma espira no enrolamento
série, a corrente de campo equivalente será alterada
para:
NS 4
I Feqv  IF   I S  4,7   404,7  6,3 A
NF 1000
Exercício
Consultando novamente a curva de magnetização
referente a corrente de armadura de 400 A para uma
corrente de campo de 6,3 A, obtém-se uma tensão
induzida de 269 V. Mas, devemos novamente corrigir
esse valor para 1150 rpm.
269 1200 1150
  E2   269  258V
E2 1150 1200
VT  E  RA  RS  I A
VT  258  0,025  0,007 404,7  245V
A tensão terminal aumentou em relação ao item (b) com
a inclusão de uma espira.
8.4.3 Característica de Tensão

N3
N2
N1
NS

Espiras do campo série


N3  N 2  N1

NS VT
8.4.3 Característica de Tensão
8.4.4 Característica de Velocidade

As conexões cumulativa e diferencial do motor composto


estão trocadas em relação ao gerador composto, pois a
corrente de armadura inverteu o sentido.
8.4.4 Característica de Velocidade
8.4.4 Característica de Velocidade
8.4.4 Característica de Velocidade

Operação Instável

Gerador Composto Diferencial


Exercício
Um motor CC ligação composta longa, com
enrolamentos de compensação, 100 HP, 250 V, tem
uma resistência interna incluindo o enrolamento série
de 0,04Ω. O enrolamento em derivação possui 1000
espiras por polo e o enrolamento série 3 espiras por
polo. A curva de magnetização é dada abaixo. A vazio,
o reostato de campo foi ajustado para que a rotação
do motor fosse 1200 rpm. As perdas mecânicas,
magnéticas e suplementares pode ser desprezadas.
(a) Qual a corrente do campo em derivação a vazio?
(b) Se o motor é composto cumulativo, qual será a sua
velocidade se a corrente de armadura é 200 A?
(c) Repita o item (b) considerando o motor composto
diferencial.
Exercício
(a) Considerando que o motor opera com tensão
terminal nominal de 250 V. Então, a corrente de
campo é 5 A, conforme a curva de magnetização.

(b) Se a corrente de armadura é 200 A, então:


E  VT  RA  RS  I A

E  250  0,04 200

E  242V
Exercício
A corrente de campo equivalente pode ser calculada
por:
NS fmmRA
I Feqv  IF   IS 
NF NF

3
I Feqv  5  200
1000

I Feqv  5,6 A
Exercício
Consultando a curva de magnetização, para uma
corrente de campo de 5,6 A obtém-se uma tensão
induzida de 262 V em 1200 rpm.

E1 n1 262 1200
  n2  1108rpm
E2 n2 242 n2
(c) Para a ligação diferencial, a corrente de campo
equivalente será dada por:
NS fmmRA
I Feqv  IF   IS 
NF NF
Exercício
Substituindo valores,
3
I Feqv  5  200 I Feqv  4,4 A
1000

Consultando novamente a curva de magnetização


obtém-se uma tensão induzida de 236 V em 1200
rpm. Portanto,

236 1200
 n2  1230rpm
242 n2

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