Você está na página 1de 19

Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.

V – Ano letivo 21/22

CAP. II: SISTEMAS DE PROTECÇÃO

2.1-A IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE PROTECÇÃO


2.1.1- INTRODUÇAO
Todas as máquinas e elementos dos circuitos elétricos estão sujeitos a danos
resultantes de poderem ser chamados a funcionar num regime de serviço que
faça ultrapassar a sua robustez elétrica e/ou mecânica.

Acontece, porém, que a grande maioria desses danos pode ser prevista,
permitindo assim que sejam evitados, o que conseguido pela utilização de
APARELHOS e SISTEMAS DE PROTECÇÃO. OS aparelhos e sistemas de
proteção têm pois, por finalidade essencial, retirar automaticamente de serviço
(isto é, sem intervenção de qualquer operador) as máquinas, aparelhos ou
circuitos elétricos que por qualquer circunstância, são solicitados a trabalhar
em regimes capazes de lhes provocar avarias ou menos inutilização;
protegendo também o operador ou utilizador e permitindo assim maior
eficiência na exploração.

A atuação dos sistemas de proteção deve ser tano mais rápido forem as
alterações das grandezas elétricas em causa (corrente, tensão, potência etc.), e
deve também pôr fora de serviço apenas a parte estritamente necessária da
instalação (troço de rede com defeito) ficando a restante serviço.
Sendo as varias do tipo diverso, o tipo de proteção também será. Assim
podemos citar, entre outras, as seguintes situações anormais (defeitos).
 Sobrecargas
 Curto-circuito
 Sobretensões
 Falta de isolamento
 Aquecimento exagerado
 Falsas manobras
Genericamente, chama-se sobreintensidade a uma corrente superior á corrente
nominal, podendo resultar de sobrecargas ou de curto circuito.
Sobrecargas
A sobrecarga corresponde a uma solicitação mais ou menos duradouras, de
uma potência elétrica superior á nominal, isto é, a uma corrente superior á
nominal.
Curto circuito
É uma ocorrência de defeito, indesejável numa rede que se da que há uma
ligação direita entre dois ou mais condutores (ligações fase-neutro, fase-fase,
etc.), o que corresponde a um aumento exagerado e brusco do valor da
corrente, visto a corrente seguir sempre o trajeto de menor resistência.

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


1
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

U
Sendo: = --------
Rtotal

Se Rab  0

U
Vem: I  ------  
Rab

Sobretensão
As sobretensões são níveis de tensão superior aos valores usuais. Embora a
aparelhagem e instalações estejam em geral preparadas para suportar pequenos
excessos de tensão (os próprios regulamentos de segurança o permitem), não o
estarão certamente para elevados excessos de tensão ou mesmo para pequenos
excessos, mas por períodos prolongados. Em jeito de síntese, podemos dizer
que quanto maior for o excesso de tensão e/ou maior for o tempo de duração
da sobretensão menor será a vida da instalação. A sobretensão provoca
perfuração dos isolamentos e em muitos recetores um excesso de intensidade
que lhes será prejudicial.
Falsa manobra
As falsas manobras, conforme facilmente se pode imaginar, podem ter
consequências, mas diversas, as quais dependem obviamente do tipo de
instalação e da manobra em si. As falsas manobras podem ter efeitos
prejudiciais para a instalação elétrica, para as pessoas e objetos, ou pra ambos.
Exemplifiquemos:
Exemplo 1- Um operador de um motor que tem dois sentidos de rotação (a
direita ou a esquerda). Para executar uma determinada tarefa, o operador deve
fazer rodar o motor à direita, por pressão num primeiro botão; para executar
outro tipo de tarefa ele deve parar o motor e pressionar um segundo botão,
rodando o motor à esquerda. Se ele se engana na escolha do botão adequado,
nós dizemos que houve uma falsa manobra. Este tipo de falsa manobra traz
eventualmente prejuízo para pessoas e mecanismo acionados.
Diremos ainda esses tipos de anomalias (falsas manobras) são geralmente
resolvidos utilizando automatismo industrias.

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


2
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

Nesses casos, pretende-se, pelo emprego de elemento de proteção


criteriosamente escolhidos, evitar respetivamente as seguintes consequências
que surgiriam no caso de não serem tomadas as devidas precauções:
1. Aquecimento dos circuitos elétricos ao ponto de danificar os isolamentos ou
mesmo fundir os condutores (por sobrecarga).
2. Esfacelamento dos isolamentos em consequência das fortes ações
eletrodinâmica entre condutores, carbonização dos isolamentos e interrupção
dos circuitos e fusão dos condutores (o curto-circuito).
3. Perfuração dos isolamentos e perigo de choque e eletrocussão para os
operadores (por sobretensão).
4. Perigo de choque para os operadores e produção dos curtos-circuitos (por
falta de isolamento).
5. Carbonização do isolamento e aparecimento de curto-circuitos (por
aquecimentos exagerado).
6. Efeitos diversos resultantes das falsas manobras
Frequentemente os sistemas de proteção são também concebidos de formas a
acionarem um alarme, aviso sonoro ou luminoso, do modo a chamar a atenção
de que algo que anormal se passa.

2.2- CARACTERÍSTICAS DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO


Exige-se de qualquer sistema de proteção um certo número de características,
nomeadamente: segurança, seletividade, coordenação, rapidez de atuação,
insensibilidade a perturbações de curta duração e consumo reduzido.
• A segurança entende-se como a garantia de sistema de que o sistema de
proteção entra efetivamente em funcionamento quando se verifica as
condições determinantes da sua atuação.
• A seletividade significa que o sistema de proteção deliga apenas a parte
restrita da instalação em torno do defeito, permitindo assim que o resto da
instalação continue em serviço.
•. Diz-se que há coordenação entre dois órgãos de proteção em série num
circuito se, no caso de não disparar (atuar) por deficiência, o órgão mais
próximo de defeito dispara o seguinte, para o lado da fonte (a montante) a
rapidez da atuação do sistema de proteção é exigível porque as consequências
para a instalação são tanto mais vastas quanto maior for a duração do defeito.
• A insensibilidade a perturbações de curta duração evita interrupções
desnecessárias de serviços, visto estas perturbações não serem prejudicial (por
exemplo corrente de arranque de um motor, picos de corrente das lâmpadas de
incandescência, etc.)
• O consumo reduzido tem um interesse meramente económico.

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


3
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

2.3 - ORGANIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO

2.3.1 - INTRODUÇÃO
Ao projetar-se um sistema de proteção, devem ser devidamente escolhidos
todos os elementos (componentes) elétricos e mecânicos necessário á função e
deve, além disso, ter-se em conta a boa coordenação entre vários elementos de
proteção de forma a pôr fora de serviço, quando necessário, apenas a parte
estritamente indispensável da instalação (coordenação e seletividade).

2.3.1.1 – COMPONENTES DE UM SISTEMA DE PROTEÇÃO


Um sistema de proteção é normalmente constituído por:
a) Órgão de medida
b) Órgão de disparo (disparador)
c) Órgão de corte
d) Fonte auxiliar de energia
A intensidade entre os diversos órgãos de um sistema de proteção é
exemplificada, sob a forma de diagrama de blocos.

Fig., 2 – Diagrama de bloco de um sistema de proteção


• Órgão de medida (relé) é o mecanismo que mede o valor da grandeza
atuante (intensidade de corrente neste caso) e a compara com um valor de
referência predeterminado. Na figura 3, a bobina B e o shunt S constituem o
órgão de medida - logo que a corrente percorrendo o shunt S ultrapassa um
dado valor, a bobina B atrai o núcleo N e provoca o fecho de contacto I.

Note-se que a decisão de operador ou não depende do valor da regulação da


bobina B.

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


4
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

SISTEMA DE PROTEÇÃO ELÉCTRICA

1. 2.
Fig. 3: Esquema de proteção unifilar de um sistema de proteção simples

Em conclusão, a filosofia de actuação de um relé é sistematizada da seguinte forma:


- Medida
- Comparação com os valores de referência
- Decisão de operar ou não
- Emissão da ordem de atuação
• Órgão de disparo: é o dispositivo que atua, por ordem do órgão de medida,
no órgão de corte do circuito de potência.
• Órgão de corte: é o dispositivo de proteção que se encarrega de interromper
o circuito principal (é interromper I na figura acima)
• Fonte auxiliar de energia: A utilização de uma fonte de energia, não sendo
habitual nos dispositivos mais comuns, tem a vantagem de tornar o circuito
independente das flutuações da tensão da rede que alimenta o circuito de
potência (dispositivo F da figura).
Deste modo é garantido que o disparador atua apenas e somente quando o
interruptor I se fecha, isto é, quando B ordena. Se o disparador fosse
alimentado pela rede, poderia acontecer que este atuasse intempestivamente

2.3.1.2 – COORDENAÇÃO E SELECTIVIDADE


Sem estas duas características, o sistema pode não desempenhar cabalmente as
funções para que foi concebido. Assim, um sistema deve ser projetado de
forma que, em caso de defeito, seja interrompida a parte estritamente
necessária da instalação, ficando a restante em serviço. Além disso, um bom
sistema deve prever a situação em que um órgão de proteção não dispare, por
deficiência interna, atuando nesse caso o órgão de proteção imediatamente a
montante.
Estas duas características de um sistema de proteção complementares uma da
outra, constituem o suporte de um bom sistema de proteção.

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


5
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

2.4 - ELEMENTOS DE PROTEÇÃO


2.4.1 - Introdução
Os elementos – base de um sistema de proteção de um circuito são: Corta-
circuitos (fusíveis), relés e os disjuntores.
Analisemos então sucessivamente os principais tipos de corta–circuitos,
fusíveis e relés, na sua constituição, princípio de funcionamento e aplicações
práticas.
2.4.1.1 – CORTA-CIRCUITO FUSÍVEL
2.4.1.1 a) Constituição e funcionamento
Genericamente um corta-circuitos fusível é constituído por um fio condutor
homogéneo e calibrado por forma a suportar, sem aquecimento exagerado, a
corrente para que é previsto é interromper o circuito em que está intercalado,
por fusão ou volatilzação (efeito de Joule), quando a corrente que percorre
ultrapassa o valor da sua intensidade nominal, fundindo tanto mais depressa
quanto maior for o valor da corrente.

Fig. 4: Diversos tipos de Corta circuitos fusiveis

Em baixa tensão existe fusíveis de folha (rolo), ficha (gardy) e de cartucho


(alto poder de A.P.C). Os de rolha e gardy são usados em instalações de menor
importância, em que as intensidades de correntes são baixas. Os de A.P.C,
mercê da sua construção especial, possuem um elevado poder de corte, oque
permite emprega-los num grande número de aplicações em que os outros não
podem ser utilizados.
Nos fusíveis APC (fig.3), um ou vários fusíveis, ligados em paralelo, são
dispostos numa câmara constituída por um material isolante de forma
cilíndrica ou paralelepipédicas na qual se encontra, envolvendo os elementos
fusíveis, um material inerte que favorece a extinção do arco (areia de quartzo).
Por vezes a função é acompanhada pela libertação de uma mola que afasta
rapidamente as extremidades do condutor, o que igualmente favorece a
extinção do arco.
Existe, em regras, neste corta-circuito fusíveis, um indicador de fusão
instalados numa pequena janela do corpo isolante do cartucho, o qual salta
logo que se verifica a fusão do elemento fusível, dado que está ligado por
intermédio de uma mola a um dos elementos fusíveis, designado por FIO
TESTEMUNHO.

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


6
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

Noutros casos o sistema de deteção de fusão é um percutor. O percutor é um


dispositivo mecânico que, ao saltar, provoca abertura do seccionador-fusível
(ou o disjuntor) impedindo deste modo que o sistema funcione apenas duas
fases.

Fig. 5 – fusível APC em corte


Fusível de cartucho A.P.C., em corte: 1 – Elemento fusível: permite definir o
calibre e assegura o poder de corte; 2 - Invólucro: deve ser muito sólido que
suporta choques térmicos e eletrodinâmicos muito grandes, no corte; 3 - Areia:
o seu papel é o de arrefecer o arco; 4 - Ligação do elemento fusível com as
facas; 5 - Facas: estas peças asseguram a ligação eléctrica com o suporte, o
qual estabelece a continuidade do circuito eléctrico; 6 - Sistema de detecção de
fusão (sinalizador ou percutor).
Os fusíveis de rolo (fig. 4) contêm no interior o fio fusível que faz contacto,
na parte na parte superior, com tampa e na parte inferior com uma peça
metálica. Os rolos fusíveis introduzem-nos nas tampas, que, que por sua vez
enroscam na base do curto-circuito. O condutor de chegada deve ligar à base
do corta-circuito e a saída deve ficar em contacto com a rosca da tampa. Na
parte superior do fusível existe uma ‘’janela’’ indicadora de fusão, por onde se
pode verificar se o fusível está ou não fundido. Segundo o calibre, os rolos são
pintados de cores diferentes, correspondentes, portanto, as intensidades
nominais diferentes.
Os corta-circuitos do tipo gardy (fig. 4) compõem-se essencialmente de 3
peças: a base de porcelana com terminais para ligação do condutor que se
pretende proteger; as bases de porcelana pretendem alvéolos, pequeno
cilindro metálicos ocos, cujo o diâmetro varia com o calibre do fusível; a ficha
com o fusível, cujos pernos de contacto têm diâmetros diferentes conforme o
calibre do fusível e que introduzem nos orifícios dos alvéolos. O fio fusível,
está colocado no interior da ficha da porcelana que, cujos na parte superior,
tem um orifício tapado com a mica, por onde se pode verificar se o fusível está
ou não fundido.
Em paralelo com o fio fusível e em frente com orifício há frequentemente há
um fio indicador de fusão de pequena secção e grande resistência, o qual é
normalmente percorrido por uma corrente pequena, mas que também funde
quando o fusível também funde, indicando–nos que houve fusão. Nos corta-

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


7
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

circuitos de pequeno calibre o fio fusível serve simultaneamente de indicador


de fusão.
O fio fusível empregado nos diferentes modelos de corta-circuito pode ser de
vários metais ou ligas metálicas (cobre, prata, chumbo, estanho ou chumbo
com estanho).
Nota: O fusível tipo cilíndrico é muito usado em tensões reduzidas
(eletrodoméstico), mas também em Baixa Tensão e Média Tensão.
Em circuitos trifásicos ou monofásicos coloca-se um fusível por fase,
excluindo o condutor neutro.

Fig. 6: diferentes tipos de fusíveis (fusível de Rolo)

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


8
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

2.4.1.1 b) – Característica dos fusíveis


As principais a considerar para um corta-circuito fusíveis são:
• Intensidade Nominal (In) ou Calibre – é a intensidade de corrente máxima
que o fusível pode suportar permanentemente sem fundir.
• Curva de intensidade de fusão /tempo de fusão – é a curva que relaciona
os valores da intensidade a qual o fusível pode funde com respetivo tempo que
o fusível demora a fundir.
Quando ao andamento da curva, costumam os construtores fabricar três tipos
de corta-circuitos fusíveis (fig.6): de ação instantânea (1), de ação retardada
(2), e de ação lenta (3).
Note que os adjetivos instantâneo, retardado e lento referem-se à ação de
cada um dos três tipos de fusíveis em caso de curto-circuito. A ação em caso
de sobrecargas é obviamente diferente, conforme se pode verificar por análise
das curvas da figura 7.
Por análise das curvas, pode-se verificar que em caso de sobrecarga qualquer
dos fusíveis leva mais tempo a fundir do que em caso de curto-circuito, isto é:

I reduzido  t elevado
I elevado  t reduzido

O que é obviamente desejável.


Verifica-se também que, para curto – circuito, o fusível um 1 é mais rápido do
que o fusível 2 e este do que o 3; em caso de sobrecargas pequenas a ordem de
atuação é inversa.
• Poder de corte – é a máxima intensidade de corrente que o fusível é capaz
de interromper sem destruição do invólucro do elemento fusível (fusíveis
A.P.C. Pode ir até 100KA).
• Tensão nominal – A tensão que serve de base ao dimensionamento dos
corta-circuito, do ponto de vista do isolamento.
• Tensão de serviço – é a tensão existente no ponto de circuitos onde, corta –
circuito está instalado.
É conveniente que a tensão nominal do fusível não seja inferior a tensão de
serviço por motivos óbvios.
Segundo o art.º 134 do R.S.I.E.E, os fusíveis com a mesma característica de
fusão (curvas com igual inclinação) deveram ser construídos de forma que, em
condições idênticas, um fusível determinado IN funda sempre antes de uma
intensidade nominal superior. Esta condição não será obrigatória se não
tiverem a mesma característica de fusão.

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


9
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

Os elementos fusíveis são classificados em três classes: gF, gT e aM, segundo


a zona de funcionamento e as intensidades convencionas.

As duas primeiras classes: gF e gT (maior temporização) são previstas para


segurar simultaneamente a proteção contra sobrecargas e curto-circuitos
(atualmente, pelas normas C.E.I. são substituídas pelas classes gI). A classe
aM (ação instantânea) é prevista unicamente para assegurar uma proteção
contra curto-circuitos, sendo a proteção contra sobre cargas assegurada por
outro elemento de proteção. Por isto este fusível também é chamado FUSÍVEL DE
ACOMPANHAMENTO.

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


10
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

Curvas características dos cartuchos aM (0,16A a 125) LEGRAND

Para as classes gF e gT (atuais gL) são definidas a intensidade convencional


de não fusão e de fusão que estão relacionadas com a intensidade nominal do
fusível de forma indicada nos quadros do R.S.I.E.E (art.º 134) a seguir.

Na Figura a cima representamos aquilo a que se chama - ‘curva de fadiga


térmica’ de uma canalização, juntamente com a ‘curva caraterística’ de um
fusível.
O que se pretende é que o órgão de proteção atue bastante antes da canalização
atingir qualquer ponto da sua curva de fadiga térmica. Por exemplo, se A fosse
o ‘ponto de funcionamento’ do circuito, obviamente que nem a canalização
atingiria o seu ponto de fadiga térmica, nem o fusível iria atuar. Só como nota
final, repare-se que a fadiga térmica vai depender do valor da temperatura
atingida e esta vai depender não só do valor da intensidade como do tempo de
exposição.

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


11
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Curvas características dos cartuchos aM (16A a 1200A) LEGRAND

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


12
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

QUADRO 1

CARACTERÍSTICA DOS
CORTA-CIRCUITOS FUSÍVEIS
(Artigo 134 – comentário 2)

Intensidade Nominal Intensidade Intensidade


(IN) Convencional Convencional
de não fusão de fusão
(Inf) (If)
Inferior a 6 A 1.5 * IN 2.1 * IN
Superior a 6 A e igual
Ou inferior a 10 A 1.5 * IN 1.9 * IN

Superior a 10 A e igual
ou inferior a 25 A 1.4 * IN 1.75 * IN

Superior a 25 A 1.3 * IN 1.6 * IN

Exercicios de aplição:

1. –
2. –
3. –
4. –
5. –

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


13
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

QUADRO II
CARACTERÍSTICA DO CORTA - CIRCUITOS
FUSÍVEIS
(Art 134 – comentário 2)

Intensidade Intensidade intensidade


Nominal convencional convecional
de não fusão de fusão
IN (A) Inf (A) If (A)
2 3 4

4 6 8

6 9 13

8 12 16

10 15 19

12 17 21

15 21 26

16 22 28

20 28 35

25 35 44

30 39 48

32 41 51

40 52 64

50 65 80

60 78 96

63 82 101

80 104 108

100 130 160

125 162 200

160 208 256

200 260 320

250 325 400

315 410 504

400 520 640

500 650 800

630 820 1008

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


14
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

• Intensidade convencional de não fusão (Inf) - é a intensidade de corrente


que deve poder ser suportada pelo elemento fusível sem este fundir, durante o
tempo convencional.
• Intensidade convencional de fusão (If) – é a intensidade de corrente que
deve provocar a fusão do fusível num tempo não superior ao tempo
convencional.
Os tempos convencionais (tc) têm os seguintes valores em fusão dos calibres
dos fusíveis:

Intensidade nominal Tempo conve-


do fusível (IN) cional (tc)

a) IN  63 A 1h
b) 63 A  IN  160 A 2h
c) 160 A  IN  400 A 3h

d) IN  400 A 4h

Para a classe aM, em virtude das suas características, não é necessário definir
intensidade convencional.
Exemplificando: suponhamos um fusível com IN =10A.
Segundo o quadro I temos:
1) Inf = 1,5 x IN = 15 A
2) If = 1,9 x IN = 19 A
Isso significa que o fusível calibre 10 A nunca funde se a intensidade que
percorre for inferior ou igual a 10 A. Se a intensidade for menor ou igual a 15
A ele só funde num tempo superior ao tempo convencional (neste caso será
maior que 1 hora). Se a intensidade for maior ou igual a 19 A, ele funde num
tempo menor ou igual ao tempo convencional (neste caso,  1hora). Entre 15A
é inserto o tempo que demora a fundir.

t será uma margem de incerteza em relação ao instante de fusão deste fusível


quando a corrente se situa entre 15 A e 19 A.

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


15
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

2.4.1. Aplicações dos fusiveis

O valor do quoeficiente IN/If é uma caracteristica importante pois exprime a


sensibilidade de actuacao do fusivel, nas sobrecargas. Enquanto noutros
despositivos (disjuntores) a sensibilidade assim difinida pode ser muito
proxima da unidade, nos fusiveis é normalmente bastante baixa (isto é, If >> IN).

Esta consideração leva-nos desde já a admitir que no dominio das sobrecargas


o fusivel não é eficiente, embora o seja no corte de corrente de curto-circuito,
onde os tempos de fusão chegam a ser de 10-3 segundos (accão instantânea).
Em circuitos como iluminação e aquecimento central em que não há
sobrecargas, mas pode haver curto-circuitos, o fusível é o órgão mais eficiente.
Em circuitos de força motriz em que além dos curtos-circuitos há frequentes
sobrecargas, já é aconselhável haver, além do fusível, um órgão de protecção
contra sobrecargas, cuja função vai ser entregue a certos tipos de relés ( relés
térmicos). Ainda nos circuitos de força motriz temos a considerar os grandes
valores da corrente de arranque ( picos de correntes) que chegam a atingir 10 x
IN, os quais provocariam a fusão do fusível se o escolhêssemos como órgão de
protecção contra sobrecargas.

Fig. 8 – Selectividade entre fusiveis

2.4.1.2 - Selectividade entre Fusíveis


Quando se efectua a protecção de uma instalação, com vários circuitos
derivados, por meios de fusíveis, é possível garantir uma certa selectividade
desde que se escolham convenientemente as intensidades nominais dos
fusíoveis.
Consideremos o caso de um pequeno quadro eléctrico, englobando uma
protecção geral (fusívei F1) e duas protecções parciais ( fusíveis F2 e F3).

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


16
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

Nota: diz-se que F1 está a montante (para o lado do gerador) em relação a F2 e


F3; e que F2 e F3 estão a jusante (para o lado da carga) em relação a F1.

Compreende-se que, se houver um aumento considerável de corrente num dos


circuitos parciais, o fusível geral e o fusível parcialdo ramo onde se deu o
aumento de corrente tendam a fundir, interessa,no entanto, que o sistema de
protecção actue selectivamente, isto é, que funda apenas o fusível do circuito
onde houve o aumento, para o outro circuito parcial não deixe de ser
alimentado.

Fig. 9 – Sistema de proteção selectiva dos corta-circuitos fusiveis

Ao escolhemos os corta-circuitos de acordo com as caractéristicas dos


circuitos a proteger, a análise das respectivas curvas de intensidade de fusão/
tempo, permiti-nos á verificar se há ou não selectividade para determinados
valores de corrente.
Tratando-se de sobre cargas (pequenas sobreintensidades) em geral basta que
a intensidade de funcionamento do fusivel a montante seja maior do que a do
jusante.
Tratando-se de curto-circuitos (grandes sobreintensidades) a situação é mais
complicada, pois que o fusível a montante alimenta outras derivações,
encontrando-se a temperatura superior. Deste modo, o seu tempo de actuação
face ao defeito vai depender de várias factores (do valor da corrente de curto-
circuito, das correntes pedidas pelas várias derivações e dos tipos de fusíveis).
Em geral, podemos dizer que se tratando de corta-circuito fusíveis do mesmo
tipo (ambos de acção instantânea, ambos de ação retardada ou ambos de ação
lenta), há seletividade entre dois fusíveis em série no circuito (caso de F1 e F2
na fig.9) se a intensidade nominal do fusível a montante, F1, for pelo menos
tripla da do fusível a jusante, F2.
Usando diferentes tipos de fusíveis ( acção instantânea e acção retardada ou
lenta) consegue-se frequentemente uma protecção selectiva com intensidades
nominais iguais, por análise das respectivas curvas caractéristicas.

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


17
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

2.4.2 - RELÉS DE PROTECÇÃO

Sendo os relés órgãos de detecção da variação das grandezas eléctricas e


simultaneamente órgãos que dão ordens de actução, ou de sinalização, podem,
numa primeira análise, ser classificados em : relés de proteção, relé de
comando, relés auxiliares(ou contactores auxiliares) e relés de sinalização.

Neste capitulo interessa-nos, no entanto, estudar apenas os relés de protecção,


com vista ao estudo de de um sistema de protecção , de canalizações eléctricas
e de instalações de força motriz.

2.4.2.a) - Caractéristicas dos relés de protecção


Como grandezas actuante de relé, isto é, grandezas que provavam acção do
relé, fazendo actuar o disjuntor, podemos ter, entre outras as seguintes:
intensidade de corrente, tensão eléctrica, potência eléctrica,impedância,
pressão. Designados por G qualquer uma dessas grandezas define-se:

 Calibre ou valor nominal - da grandenza actuante do relé- O valor GN


que serviu de base do seu projecto.
 Valor de funcionamento ou regulação - é o valor GF (regulado por
botão, patilha móvel, etc.) para o qual o relé entra em acção.Se a
grandeza se a grandeza actuante ultrapassa esse valor, o relé diz-se de
mínima (mínima intensidade, mínima tensão,etc.); se a grandeza
ultrapassa o valor de regulação, crescendo o relé diz-se de máxima.O
valor de regulação GF é um valor regulável entre o valor nominal de
GN e um valor inferior a este.
 Poder corte - é a corrente máxima que o relé pode cortar sem atingir o
seu ponto de destruição térmica.
 Poder de fecho - é a corrente máxima que o relé pode ligar sem atingir
o ponto de destruição térmica.
 Consumo Próprio - é a potência consumida pelo relé.
 Tempo de funcionamento - é o intervalo de tempo compreendido
entre o instante de excitação e accionmento dos contactos do relé. Este
tempo tem a ver com a inércia do próprio mecanismo.
 Temporização - é o atraso introduzido de forma voluntariamente no
tempo de funcionamento de um relé, por certos mecanismos.
Quando o relé tem ‘temporização’, o tempo total de actuação do relé é
igual á soma destes dois tempos.

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


18
Tecnologia Elétrica 11ªC I.M.P.V – Ano letivo 21/22

2.4.2.b) - Classificação dos relés


1 - Quanto ao modo de ligação do elemento sensor, classificam-se em relés
primários e relés secundários:

 Relé Primário - se relé mede a própria corrente príncipal (corrente da


linha) (figs10e10d).
 Relé secundário - se o relé, mede não a corrente príncipal mas uma
corrente proporcional a esta ( corrente secundária de um transformador
de intensidade ‘’TT’’ ou derivação por shunt (figs. 10b e 10c).
Os relés podem ainda ser em relés diretos e relés inderectos:
Relé direto - se o relé envia a ordem ao disparador por processo direto (por
intermédio de uma alavanca). (figs 10a e 10b).

Relé indireto - se o relé necessita de uma fonte auxíliar (acumulador, por


exemplo) que alimenta o disparador. (figs. 10c e 10d).

Normalmente este tipo de classificação faz alguma confusão na leitura da


especialidade devido ao facto de geralmente os relés primários serem directos
e os secundários serem inderectos. No entanto, qualquer um dos quatros tipos
corresponde a caractéristicas diferentes.

Fig.10a - Relé directo e primário. 10b - Relé directo e secundário. 10c - Relé
secundário e inderecto. 10d - Relé primário e indireto

Elaborado por Prof. Herculano Cuangana


19

Você também pode gostar