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Métodos e fundamentos para executar a proteção de sistemas de distribuição. Identificação dos dispositivos de proteção,
bem como seu funcionamento, aplicabilidade, esquemas e arranjos de coordenação.
PROPÓSITO
Apresentar os métodos e fundamentos de proteção para sistemas de distribuição de energia elétrica. Identificar os
dispositivos de proteção e suas características. Por fim, conhecer os esquemas e arranjos de emprego e coordenação de
dispositivos para garantir segurança às instalações e aos usuários.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o estudo deste tema, tenha em mãos papel, caneta e uma calculadora, ou use a calculadora de seu
smartphone/computador.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
Reconhecer os princípios básicos de funcionamento, esquemas e arranjos típicos de emprego dos dispositivos de proteção,
e coordenação de proteção
INTRODUÇÃO
Neste tema, vamos conhecer os princípios básicos de proteção de sistemas de distribuição. Para começarmos,
assista ao vídeo a seguir.
Considerando as falhas e anormalidades que ocorrem nos sistemas elétricos de potência quando fornecem energia, um
sistema de proteção, ao perceber operação fora do usual, visa garantir que a parte afetada do sistema elétrico seja
desconectada para evitar danos às instalações e a seus usuários.
A finalidade de um bom projeto de proteção de sistemas de distribuição é reduzir os custos de eventuais reparos, limitar a
propagação do defeito, minimizar o tempo de equipamentos indisponíveis, evitar perdas de produção em setores industriais
e comerciais, dentre outros.
MÓDULO 1
SISTEMAS DE PROTEÇÃO
Para iniciar este módulo, assista ao vídeo a seguir no qual serão tratados os métodos e filosofia sobre proteção de
sistemas de distribuição.
Um sistema de proteção fornece as informações relativas aos defeitos ocorridos, objetivando a correção e recuperação do
sistema protegido. Outras vantagens são melhorar a continuidade do fornecimento de energia e diminuir as despesas com
manutenção corretiva.
De forma geral, os defeitos são percebidos quando há elevação da corrente, elevação ou redução da tensão, inversão do
sentido da corrente ou alteração do valor de impedância do sistema. À elevação da corrente frequentemente se sucede um
curto-circuito. Além da variação da corrente, o curto-circuito também causa distúrbios no nível de tensão. Ambos os
defeitos podem provocar prejuízos às instalações. O curto-circuito é a ligação direta entre as três fases, entre duas fases
quaisquer ou entre uma fase e a terra. Trata-se de falha mais severa se comparada a sobrecargas, que, similarmente aos
curtos-circuitos, causam elevação da corrente, mas em um nível moderado.
CURTO-CIRCUITO
O nível de curto-circuito permite o dimensionamento dos dispositivos de proteção e seu correto ajuste, para atender as
demandas de coordenação e tempo de atuação. O nível de curto-circuito depende apenas da topologia e dos componentes
do circuito a montante, portanto é indiferente à carga instantânea; além disso, seu cálculo depende dos diagramas de
sequências de fase (positiva, negativa e zero). São quatro os tipos de curto-circuito: trifásico, bifásico (representando 11%
das faltas), bifásico-terra, fase-terra (representando 79% das faltas).
SELETIVIDADE
Em um sistema elétrico existem diversos dispositivos de proteção. Imagine uma instalação com um quadro geral de
distribuição de energia cujo diagrama unifilar está representado na figura 1.
Caso haja uma falha no circuito de tomadas do hall, em um sistema cujo projeto se preocupou com a seletividade entre os
dispositivos, o primeiro disjuntor a atuar seria o DJ 5. Assim, apenas esse circuito fica fora de operação. Se não houver
seletividade, os disjuntores DJ 8 e DJ 9 podem atuar antes do DJ 5, deixando outros circuitos inoperantes de forma
desnecessária.
ZONAS DE ATUAÇÃO
O dispositivo de proteção deve conseguir identificar se a falha é interna ou externa à sua zona de atuação. Se o defeito
ocorre fora da zona protegida, o dispositivo não atua.
VELOCIDADE
A velocidade com que o dispositivo de proteção atua sobre o sistema pode reduzir ou evitar danos; logo, o ideal é que o
desligamento do trecho afetado seja no menor tempo possível dentro de cada situação. O tempo de atuação dos elementos
de proteção pode ser definido e isso é importante para garantir a seletividade do sistema de proteção.
SENSIBILIDADE
É a capacidade que o sistema tem para reconhecer com precisão os valores indicados para sua operação.
CONFIABILIDADE
É a probabilidade de o sistema de proteção funcionar com segurança e exatidão, sob todas as circunstâncias.
AUTOMAÇÃO
Os elementos de proteção podem atuar automaticamente quando as condições de operação são atendidas.
TIPOS DE PROTEÇÃO
Conforme comentado, existem diversas falhas possíveis em instalações elétricas. A fim de minimizar os efeitos desses
eventos, emprega-se um conjunto de dispositivos, cada um tendo sua função e condições de operação. Vamos conhecê-
los!
PROTEÇÃO DE SOBRECORRENTE
Em determinadas situações, o sistema de proteção deve ser projetado de forma a permitir uma sobrecarga definida e por
tempo limitado.
EXEMPLO
Como exemplo, podemos citar os transformadores de potência, que podem atuar em sobrecarga sem
prejudicar o restante da instalação. Outro exemplo são os motores de indução, que possuem correntes de
partida elevadas, as quais devem ser suportadas.
Quando os limites permitidos são ultrapassados, os elementos de proteção devem agir para interromper a falha.
Normalmente, para sobrecargas, são aplicados relés térmicos. Já os curtos-circuitos, que causam avarias maiores, devem
ser limitados em um intervalo de tempo menor. Portanto, os dispositivos de proteção, cuja função é operar em curtos-
circuitos, devem ser rápidos em sua atuação, como, por exemplo, um fusível.
PROTEÇÃO DE SOBRETENSÃO
VOCÊ SABIA
As descargas atmosféricas causam prejuízos às redes elétricas quando são diretas e indiretas. As descargas
diretas atingem mais as redes aéreas de baixa e média tensão, devido ao baixo grau de isolamento. No
entanto, as redes de distribuição localizadas em áreas urbanas têm menor probabilidade de ser atingidas
pois há edificações, árvores e outras linhas que funcionam como uma proteção natural.
Para evitar as descargas diretas, as redes elétricas têm cabos de guarda, que funcionam como para-raios, ou têm para-
raios atmosféricos de haste (figura 2).
Figura 2 – Cabo de guarda ou cabo para-raio
Devido aos campos eletromagnéticos produzidos, as descargas indiretas induzem picos de tensão e corrente nas redes de
arame, nos cabos das redes elétricas, nos cabos das redes de dados e telefonia, e nas estruturas metálicas das
edificações.
PROTEÇÃO DE SUBTENSÃO
Os dispositivos de proteção de subtensão protegem, principalmente, motores e geradores. Esses equipamentos suportam
por aproximadamente dois segundos uma tensão de valor equivalente a 80 % da tensão nominal antes de atuarem.
Relé de rádio.
PROTEÇÃO DE FREQUÊNCIA
A alteração da velocidade de máquinas girantes pode ter como resultado eventos de sobrefrequência ou subfrequência,
além de aquecimentos e vibrações no sistema elétrico. A variação da frequência atinge a qualidade da energia fornecida.
Normalmente, as proteções impedem que um sistema de 60 Hz opere fora da faixa de 58 Hz e 62 Hz.
SELETIVIDADE
Há três critérios que podem ser utilizados para projetar a seletividade de um sistema de proteção:
POR VALOR DE CORRENTE
POR LÓGICA
SELETIVIDADE AMPERIMÉTRICA
Método empregado no primário de transformadores, com elos fusíveis, dispositivos instantâneos. A corrente de curto-circuito
aumenta à medida que o ponto de defeito se aproxima da fonte de alimentação, ou seja, o dispositivo a jusante vê uma
corrente menor do que a corrente vista pelo dispositivo a montante da falha. Isso ocorre quando há uma impedância
considerável entre os pontos em que se deseja impor a seletividade. A figura 3 ilustra esse processo:
A corrente de atuação do primeiro dispositivo de proteção a montante da falha, IDP1, deve ser inferior em relação à corrente
A corrente de atuação dos demais dispositivos de proteção a montante da falha, IDPn, deve ser superior em relação à
corrente de curto-circuito.
SELETIVIDADE CRONOLÓGICA
Nesse método utilizam-se os ajustes de temporização dos dispositivos. Os elementos de proteção a montante e mais
afastados da falha têm sua atuação retardada, permitindo que os elementos próximos ao defeito atuem primeiro. A diferença
de tempo de atuação deve considerar o tempo de abertura do dispositivo acrescido de um tempo de incerteza. Esse período
chama-se intervalo de coordenação. A figura 4 ilustra esse processo:
Figura 4 – Seletividade cronológica
ATENÇÃO
A seletividade cronométrica não é vantajosa em sistema de distribuição que possui muitas subestações em
série, pois à medida que se aproxima da fonte, o tempo de atuação torna-se elevado em demasia. Para
casos com mais de três níveis de coordenação, não é indicado o uso de atuação por tempo definido. Ao
permitir que uma corrente de defeito circule por tanto tempo, provoca-se queda de tensão no sistema,
prejudicando o restante das cargas.
SELETIVIDADE LÓGICA
Esse método, ideal para casos de níveis de curto-circuito muito próximos, surgiu com a aplicação dos relés digitais e
permite que os dispositivos atuem mais rapidamente do que em outros esquemas. Na seletividade lógica, diversos níveis de
proteção têm comunicação entre si. Assim, quando uma proteção falha, outra é logo acionada. Nesse caso, também é
utilizada a temporização dos relés a montante, mas não se tem o mesmo problema que ocorre com a seletividade
cronológica, pois as temporizações estão na ordem de 50 a 100 ms. A figura 5 ilustra esse processo:
Figura 5 – Seletividade lógica
SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO
Existem alguns critérios básicos para proteção de sistemas de distribuição:
Empregam-se chaves fusíveis, religadores ou seccionadores no percurso de linhas longas de distribuição, onde for
necessário (como, por exemplo, após cargas que requerem continuidade no fornecimento de energia).
Não se empregam mais de duas chaves fusíveis em série numa linha de distribuição. Se forem necessárias mais proteções,
deve-se usar seccionadores.
Vale por fim destacar que as principais funções utilizadas em redes de distribuição são as proteções temporizadas e
instantâneas de fase e de neutro, proteção de sobretensão, proteção de subtensão e religamento.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO
Para iniciar este módulo, assista ao vídeo a seguir que trata dos dispositivos de proteção existentes: disjuntores
(comandados por relés), religadores, seccionadores, chave/elo fusível.
Já vimos que há diversos dispositivos de proteção que auxiliam a garantir o fornecimento de energia com segurança e
eficiência, dentre eles: chaves fusíveis, disjuntores comandados por relés, religadores e seccionadores. Vamos conhecê-los
com mais detalhes a seguir.
CHAVE FUSÍVEL
A chave fusível (figura 1) é um dispositivo unipolar composto por um elo fusível – elemento metálico e sensível a elevadas
correntes elétricas que se funde num intervalo de tempo inversamente proporcional ao valor de corrente. A interrupção da
corrente elétrica não ocorre necessariamente quando o elo se funde; muitas vezes um arco elétrico continua entre os
terminais. O elo fusível tem um tubinho protetor que, quando aquecido, libera gases que ajudam na extinção do arco
elétrico.
TIPO K
Conhecidos pela rápida atuação, são aplicados na proteção de redes aéreas e de transformadores de distribuição. Os
fusíveis preferenciais são fabricados nas correntes nominais: 6 A, 10 A, 15 A, 25 A, 40 A, 65 A, 100 A, 140 A e 200 A. Os
fusíveis não preferenciais são fabricados nas correntes nominais: 8 A, 12 A, 20 A, 30 A, 50 A e 80 A.
TIPO T
Também são aplicados na proteção de redes aéreas de distribuição, mas conhecidos pela lenta atuação. São fabricados
nos mesmos valores de corrente nominal do tipo K.
Para a escolha do elo fusível na proteção do primário dos transformadores, utiliza-se a potência nominal como referência.
Observe a tabela 1 a seguir. Nos casos em que ocorre acionamento frequente do elo, pode-se utilizar um elo com corrente
nominal acima da indicada.
3 0,5H 0,5H -
7,5 0,5H 1H -
10 1H 2H 0,5H
15 1H 2H 0,5H
25 2H 3H 1H
30 2H 5H 2H
37,5 3H 5H 2H
75 - - 3H
112,5 - - 5H
150 - - 6K
Potência do transformador Transformador Transformador monofásico Transformador
(kVA) monofásico MRT trifásico
225 - - 10K
300 - - 15K
500 - - 20K
Para a escolha do elo fusível na proteção de redes aéreas de distribuição, a corrente nominal deve ser pelo menos 150 %
do valor da corrente máxima prevista no projeto. Isso porque é preciso prever o crescimento da carga por um período de
pelo menos cinco anos e considerar eventuais cargas que serão alimentadas nos momentos de manutenção de outros
ramais.
Nos sistemas de distribuição de energia, os alimentadores podem ser protegidos por disjuntores comandados por relés de
sobrecorrente. Os disjuntores devem ter tensão nominal adequada ao sistema protegido, sua capacidade nominal deve
considerar o crescimento da carga no longo prazo e sua capacidade de interrupção deve ser compatível com as correntes
de curto-circuito.
RELÉ DE SOBRECORRENTE
Dispositivo que vigia o sistema e, a todo instante, compara a corrente medida com sua corrente de ajuste. Quando a
corrente ultrapassar o valor da corrente de ajuste, o relé atua de forma temporizada ou instantânea comandando outros
dispositivos como disjuntores.
Os relés que comandam os disjuntores têm suas características conforme seu uso: fase ou neutro, unidade temporizada ou
instantânea. Veja a figura 2.
Figura 2 – Esquema de ligação disjuntor trifásico e relé 50/51 e 50/51N
No estudo de proteção de sistemas elétricos de potência, cada função tem um número relacionado. O relé 50 refere-se ao
relé de sobrecorrente com atuação instantânea; e o 50N, ao relé de sobrecorrente instantâneo de neutro. O relé 51 refere-
se ao relé de sobrecorrente com atuação temporizada, podendo ser tempo definido ou tempo inverso. Já o 51N, ao relé de
sobrecorrente temporizado de neutro. O disjuntor de corrente alternada tem a função 52.
FUNÇÃO
K.Icmax
I51 =
RT C
Os relés funcionam de acordo com curvas fixas, chamadas curvas de temporização. Cada curva é identificada por um
número múltiplo da corrente ajustada. Então, a regulagem do relé é feita por meio da escolha da curva de atuação, ou seja,
a partir da definição do múltiplo:
Im
M =
RT C.I51
Na equação, Im é a máxima corrente admitida no circuito, por exemplo, uma corrente de sobrecarga ou de curto-circuito. As
curvas dos relés temporizados podem ser de tempo definido ou tempo inverso (inverso, moderadamente inverso, muito
inverso e extremamente inverso). Veja a figura 3.
VOCÊ SABIA
O tempo de atuação dos relés depende do valor da corrente de ajuste. As curvas temporizadas inversas são
descritas como:
K.dt
t = ∝
M −1
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Na equação, K é a constante que caracteriza o relé; dt é o ajuste de tempo de atuação; M é o múltiplo da corrente de
atuação; e ∝, a constante que caracteriza a curva. Veja a tabela 2.
K 0,14 13,5 80 80
∝ 0,02 1 2 1
A corrente de ajuste da função 50 deve considerar que o dispositivo de proteção atue para qualquer falha dentro da zona
protegida pelo disjuntor e de forma que não opere com a energização do transformador.
VOCÊ SABIA
Para transformadores a óleo de até 2000 kVA, pode-se calcular como sendo oito vezes a corrente nominal.
8.Pn
Imag =
√3.Vp
Para transformadores com isolamento e encapsulamento em epóxi, a corrente de magnetização é igual a 16 vezes a
corrente nominal. Para transformadores de potência superior a 2000 kVA, o valor deve ser informado pelo fabricante.
Quando há mais de um transformador, calcula-se a corrente de magnetização como sendo a do maior transformador, mais
as correntes nominais dos demais equipamentos.
Relé de sobrecorrente de neutro – unidade temporizada
K.Icmax
I51 =
RT C
Na equação, K é o valor de desequilíbrio das correntes e erros no nível de saturação dos TC, normalmente entre 0,1 e 0,3.
Nesse caso, o ajuste deve considerar sua operação baseado no valor de corrente de curto-circuito fase-terra do trecho
protegido.
Nesse caso, o ajuste também deve basear sua operação no valor de corrente de curto-circuito fase-terra do trecho
protegido. Após todos os ajustes, a curva de operação de um relé fica conforme a figura 4.
Dentre os curtos-circuitos, o mais comum é o monofásico a terra. Sabe-se, ainda, que apenas 8 a 13 % deles são curtos-
circuitos permanentes em redes de distribuição, ou seja, a proteção atua de forma definitiva no sistema e o sistema só
retorna ao funcionamento normal após manutenção. Em instalações industriais e comerciais, os curtos-circuitos são,
normalmente, permanentes. Nesses casos, não é recomendado o uso de religador.
Sendo temporária a maior parte dos curtos e pensando na continuidade do serviço de fornecimento de energia, são
empregados religadores no sistema de proteção. Quando ocorre um defeito e a proteção é ativada, o religador faz o
religamento automático do sistema. Caso o curto-circuito seja temporário, o sistema volta a operar em sua normalidade.
Caso seja permanente, a proteção irá atuar novamente. Nos sistemas aéreos de distribuição de energia, os religadores
realizam até quatro tentativas de restabelecer a linha, permitindo o ajuste para o ciclo de operação conforme as opções:
Esses dispositivos são classificados quanto ao tipo de instalação: subestação ou rede de distribuição. Vejamos:
RELIGADORES DE SUBESTAÇÃO
Quando se opta por empregar disjuntor em uma subestação, o projetista deve se preocupar com o fornecimento do
disjuntor, dos transformadores de corrente, do relé de religamento e dos demais materiais para seu funcionamento. Já os
religadores de subestação são um conjunto: religador, transformadores de corrente, circuitos de controle e dispositivo de
proteção. Dessa forma, os religadores tornam-se equipamentos mais práticos e até financeiramente mais vantajosos.
Os religadores também são compostos por relés de proteção de fase e de terra. O ajuste da corrente de acionamento deve
ser feito de forma que o relé atue para um valor inferior à corrente mínima de curto-circuito entre fases da zona protegida,
tanto para a unidade temporizada quanto para a instantânea. O tempo de rearme deve considerar o tempo que o relé de
sobrecorrente leva para estar apto a um novo acionamento.
RELIGADORES DE DISTRIBUIÇÃO
Esses dispositivos são instalados em postes e deseja-se que sua operação seja rápida. Caso a operação seja retardada, a
chave fusível pode atuar primeiro, impedindo o religamento do sistema.
Os religadores são empregados em pontos onde a corrente de curto-circuito não sensibiliza os demais equipamentos de
proteção, em derivações de ramais, em pontos onde há cargas com prioridade na continuidade do serviço de energia.
SECCIONADOR
Os seccionadores são equipamentos de manobra capazes de abrir e fechar circuitos em carga e, quando abertos, mantêm
entre os terminais uma distância segura de isolamento. Normalmente são acionados sem carga, pois seus contatos sofrem
desgaste quando operados sob carga, além de porem em risco a vida do operador. Observe a figura 5:
Figura 5 – Seccionador
Podem ser unipolares ou tripolares e geralmente são empregados para manobrar circuitos e isolar equipamentos para
execução de manutenção e outros serviços. Os dispositivos tripolares são construídos de forma que sempre ocorre a
abertura e o fechamento simultâneo das três fases.
Os seccionadores de uso interno, aplicados em subestações abrigadas, são basicamente fabricados sobre uma estrutura
metálica dobrada que sustenta os três terminais. Alguns modelos são feitos com isoladores de porcelana ou de resina epóxi
e chamam-se seccionadores com buchas passantes. Ainda há os seccionadores fusíveis, nos quais há um fusível para cada
fase, de forma que o equipamento, além de seccionar, serve como proteção.
SAIBA MAIS
Outro tipo de seccionador de uso interno é o seccionador reversível. Esse equipamento tem mais de uma
posição fechada e é empregado para transferência de carga entre circuitos.
Para redes aéreas de distribuição e subestações abertas, são usados os seccionadores para uso externo. Os dispositivos
monopolares, normalmente, são empregados nas redes de distribuição e os tripolares, nas subestações. As chaves
seccionadoras tripolares variam conforme a abertura, podendo esta ser central, lateral singela, dupla abertura lateral,
abertura vertical ou pantográfica. Por fim, é importante identificar as principais características elétricas que devem ser
escolhidas em um projeto. Vejamos:
TENSÃO NOMINAL
É a que está submetida no sistema elétrico em que é aplicada.
CORRENTE NOMINAL
O seccionador deve conduzir continuamente uma corrente sem exceder os limites de temperatura definidos. No entanto, há
um valor de sobrecarga contínua que é permitido.
Por norma, tem-se que a máxima temperatura ambiente permitida é de 40oC. Quando o equipamento está operando em
uma temperatura menor que essa, há um valor de corrente de sobrecarga admissível, a saber:
Tm −Ta
Isc = In . √
Tm −40
Na equação, In é a corrente nominal; Tm, a temperatura no ponto mais quente do seccionador; e Ta, a temperatura
Isc
Fs =
In
CAPACIDADE DE INTERRUPÇÃO
Como já comentado, os seccionadores podem abrir o circuito mesmo quando estão circulando elevadas correntes. A
capacidade de interrupção é dada por:
D
Ii = .K
Vl
Na equação, Vl é a tensão de linha em kV; D, a distância entre as fases em mm; e K, o fator de correção (tabela 3).
MÓDULO 3
Reconhecer os princípios básicos de funcionamento, esquemas e arranjos típicos de emprego dos dispositivos
de proteção e coordenação de proteção
Agora que os dispositivos de proteção já foram apresentados, pode-se analisar como eles atuam em conjunto nos sistemas
de proteção de sistemas de distribuição.
Nos casos em que há mais de uma chave fusível em uma linha de distribuição, primeiro deve-se identificar a posição
relativa entre as chaves: qual é o elemento protegido (o mais próximo a fonte) e qual é o protetor (o mais próximo da carga).
Veja a figura 1.
Elo protegido
Elo protetor
12 15 20 25 30 40
20 - - - - 500 1100
25 - - - - - 660
Elo protegido
Elo protetor
10K 12K 15K 20K 30K 40K
Elo protegido
Elo protetor
10 12 15 20 25 30 40
20 - - - - 990 1100
25 - - - - - 1400
Elo protegido
Elo protetor
8T 10T 12T 15T 20T 25T 30K 40K
Em vez de consultar as tabelas apresentadas, a coordenação de dois elos fusíveis em série pode ser obtida, de modo mais
minucioso, relacionando os tempos de atuação dos elos:
Nessa relação:
T(max.protetor)
=
É o máximo tempo de atuação do elo fusível protetor
T(min,protegido)
Observe o gráfico das curvas características de tempo x corrente dos elos fusíveis tipo K (figura 2) e veja o exemplo de
coordenação do elo fusível 30K (protegido) e do 20K (protetor), da tabela 1: para uma corrente de curto-circuito de 500 A os
elos estão coordenados.
Do gráfico, extrai-se o tempo de atuação máxima do elo protetor e o tempo de atuação mínima do elo protegido:
T(MIN,PROTEGIDO) = 0,08 S
T(MAX.PROTETOR) = 0,04 S
ATENÇÃO
É possível que, na coordenação entre um elo fusível protegido e um elo fusível de proteção de um
transformador, a corrente nominal necessária do elo protegido seja muito alta, dificultando sua coordenação
com os demais dispositivos da rede de distribuição. Entre garantir a coordenação dos equipamentos de
proteção e garantir a proteção da rede de distribuição, o ideal é que se opte pela proteção da rede.
Eles devem atuar para os defeitos trifásicos, bifásicos e fase-terra, além de coordenar com as proteções a montante e a
jusante.
Os ajustes de atuação instantânea são realizados utilizando-se a seletividade amperimétrica ou por ajuste de tempo, desde
que o ajuste instantâneo seja acionado por tempo definido.
Os ajustes de atuação temporizados são realizados utilizando-se a seletividade cronológica e o intervalo de coordenação é,
geralmente, de 0,30 a 0,40 s.
Suponha que uma instalação está sendo projetada e para a subestação foi dimensionado o uso de dois transformadores de
300 kVA, impedância 4,5 %, fator de potência 0,92. A linha de fornecimento de energia é de 13,8 kV e a demanda prevista
de projeto é de 350 kW. Nessa subestação será instalado um relé de sobrecorrente com funções 50/51 e 50/51N para
comandar o disjuntor de média tensão.
A definição das especificações dos TC, do relé e seus ajustes, para que a proteção da subestação esteja coordenada com a
rede de distribuição da concessionária, está demonstrada na figura 3, a seguir.
Figura 3 – Diagrama unifilar da subestação
NÍVEIS DE CURTO-CIRCUITO
Icc 3Ø 3.519
Icc Ø Ø 3.047
Icc ØT 2.316
Unidade instantânea 8 3
Z1 (Ω) Z0 (Ω)
R1 X1 R0 X0
Cálculos
2
T ens ã o de f ornecimento 2
. Z% 13800 .0,045
Ztraf = =
P otê ncia do traf o 300000
ê ncia dos transf ormadores
P ot
In =
√3 . T ensã o de f ornecimento
=
600
∴ I n = 25, 10 A
√3 .13,8
Demanda prevista 350
Idem = =
√3 . T ens ã o de f ornecimento . F P √3 . 13,8 .0,92
- Corrente de desbalanço
- Corrente de magnetização
8.Pn 8.600
Imag = =
√3.Vp √3.13,8
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
- Ponto ANSI
300
0,58 .
0,58 . Intraf o
∴ I
√3 .13,8
ATENÇÃO
O ponto ANSI é o máximo valor de corrente que um transformador suporta por um período de dois segundos, sem sofrer
danos. No caso de falta de fase-terra em transformador delta-estrela com neutro aterrado, utiliza-se a equação apresentada.
Esse ponto deve ficar acima da curva do relé temporizado de fase.
- Cálculo do TC
I cc 3 Ø
In =
20
=
3519
20
∴ I n = 175, 95 A
ATENÇÃO
É importante que os transformadores de corrente de proteção retratem com fidelidade as correntes de defeito
sem sofrer os efeitos da saturação. Apenas devem entrar em saturação para valores de elevada indução
magnética, o que corresponde a uma corrente de 20 vezes a corrente nominal primária.
- Especificação do TC
PRIMÁRIO
200
SECUNDÁRIO
RTC
40
Corrente nominal 5 A
Z burden do TC 1 Ω
- Impedância do TC
ATENÇÃO
A impedância do TC pode ser obtida pelo manual do fabricante ou pode ser considerada como 20% do valor
de impedância burden.
- Impedância do cabo
8,87.10
Zcabo = Rcabo . Dist â ncia = 1000
∴ Z cabo = 0, 089 Ω
- Impedância do relé
Consumo do rel é 0,2
Zrelé =
Corrente nominal
2
=
5
2
∴Z rel é = 0, 008 Ω
- Tensão secundária do TC
Vs = 33, 91 V
- Carga nominal do TC
2 2
Ptc = Isecundá rio . (Ztc + 2. Zcabo + Zrelé ) = 5 . (0, 2 + 2. 0, 089 + 0, 008)
Ptc = 9, 65 W
- Sensor de fase
- Sensor de neutro
TC DE PROTEÇÃO
Fator de sobrecorrente 20
Classe de exatidão 10 %
Relação nominal 40
Coordenograma – Fase
Figura 4 – Curvas de relé de sobrecorrente de fase coordenadas
Coordenograma – Neutro
As curvas de tempo x corrente do relé que aciona o disjuntor e as do elo fusível não devem se cruzar em nenhum momento
no trecho protegido pelo disjuntor.
Ao empregar a seletividade cronológica, utiliza-se um intervalo mínimo de coordenação de 0,20 s para garantir a
coordenação. Graficamente, esse valor de 0,20 s é o distanciamento mínimo entre as curvas.
Os ajustes de fase devem atuar para o valor da menor corrente de curto-circuito bifásico do trecho protegido.
Os ajustes de neutro devem atuar para o valor da menor corrente de curto-circuito fase-terra do trecho protegido.
O religador tem, preferencialmente, o ciclo de operação com duas operações rápidas e duas retardadas. Isso permite que o
fusível não seja acionado nas duas primeiras tentativas e, em casos de defeitos temporários, é mantida a continuidade do
serviço.
Na coordenação, utilizando-se as curvas de operação do religador, deve-se atentar para o fator de correção K da curva, que
é alterado conforme o ciclo de operação escolhido.
Em relação à seletividade cronométrica, é ideal um afastamento de 0,20 s entre as curvas de atuação dos equipamentos.
A faixa de coordenação entre o religador e o elo fusível utiliza dois pontos como referência: ponto de máximo tempo de
atuação é a intersecção entre a curva de operação retardada do religador e a curva de tempo máximo de interrupção do
elemento fusível e o ponto de mínimo tempo de atuação é a intersecção entre a curva de operação rápida do religador
(corrigida pelo fator K) e a curva de tempo mínimo de fusão do elemento fusível.
ATENÇÃO
Tendo em vista as características das curvas de atuação de elos fusíveis, a coordenação entre o elo e o
religador ocorre de maneira facilitada quando a curva de sobrecorrente de fase e de neutro do religador
escolhida é do tipo muito inversa.
COORDENAÇÃO ENTRE RELIGADORES DE
SUBESTAÇÃO E SECCIONADORES
Nessa ação seguem-se estes critérios:
Os ajustes de fase e neutro do religador devem atuar para o valor da menor corrente de curto-circuito a jusante do
seccionador.
O ajuste de corrente do seccionador deve ser no máximo 80 % da corrente de ajuste do religador.
O religador em ciclo de operação com duas operações rápidas e duas retardadas deve ser evitado, pois pode ocorrer a
atuação simultânea do elo fusível e do seccionador.
Os demais critérios de coordenação entre religador e seccionador, e religador e elo fusível também são seguidos nesse
caso.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo vimos, além dos métodos, fundamentos e requisitos para a proteção de sistemas de distribuição, os principais
dispositivos de proteção para a construção de um bom projeto. Obtivemos informações sobre o uso, partes construtivas e
características elétricas. Por fim, conhecemos os princípios básicos de funcionamento, esquemas, e arranjos típicos de
emprego dos dispositivos de proteção e coordenação de proteção.
Agora, a professora Rafaela Furtado encerra o tema falando sobre os Princípios Básicos de Proteção de Sistemas de
Distribuição.
PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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KINDERMANN, G. Proteção de sistemas elétricos de potência. 3. ed. Florianópolis: Edição do autor, 2012.
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MARDEGAN, C. Proteção e seletividade. In: O setor elétrico – capítulo XVII: A seletividade. Publicado em: mai. 2011.
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TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO EM FOCO. Cabos para-raios. Consultado em meio eletrônico em: 24 nov. 2020.
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CONTEUDISTA
Rafaela Furtado Teixeira
CURRÍCULO LATTES