Você está na página 1de 19

Proteção de

Linhas de Transmissão

Mariana Nalesso Gonçalves


PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

As usinas de geração de energia elétrica de fontes hidráulicas normalmente são


construídas longe dos centros de consumo, e, para fluir a potência gerada é
necessária a construção de linhas de transmissão de grandes comprimentos.

As linhas de transmissão de grandes extensões são susceptíveis às incidências de


defeitos como descargas atmosféricas e queimadas.

2
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

Para minimizar os efeitos desses eventos, as linhas de transmissão são protegidas


ao longo do seu percurso e nas duas extremidades pelos seguintes dispositivos:

• Cabos-guarda, posicionados na parte superior das torres.

• Para-raios de sobretensão contra ondas incidentes oriundas de descargas


atmosféricas ou surtos de manobras.

• Disjuntores associados a relés de proteção contra sobrecorrente e sobretensões.

3
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

As linhas de transmissão podem ser classificadas em diferentes níveis de tensão.

Os Procedimentos de Rede, documento preparado pelo ONS – Operador Nacional


do Sistema, consideram linhas de transmissão aquelas cujas tensões são 230, 345,
500 kV e acima e que compõem à Rede Básica do SIN – Sistema Interligado
Nacional.

As linhas de tensões de 69, 88 e 138 kV são classificadas como de distribuição.

4
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
As linhas de transmissão podem ser classificadas como urbanas e rurais.

Linhas de transmissão urbanas são aquelas que conectam duas subestações de


potência instaladas dentro de uma área urbana. Apresentam padrões de estrutura
bastante compactos devido às limitações das faixas de passagem, e são projetadas
com vãos muito curtos, respeitando a sinuosidade das vias públicas por onde irão
passar.

Linhas de transmissão rurais são aquelas que conectam duas subestações de


potência e têm seu caminhamento em áreas rurais. Apresentam padrões de
estrutura com grandes afastamentos entre os postes ou torres metálicas para
vencer grandes vãos, ultrapassando mais facilmente os obstáculos, tais como rios,
vales etc.
5
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

As proteções das linhas de transmissão devem utilizar, a princípio, relés muito


rápidos.

A utilização desses relés na proteção de linhas depende da transmissão de dados


entre os dois terminais que estão a quilômetros de distância, envolvendo custos
adicionais elevados com aplicação de meios transmissores das informações, tais
como onda portadora (carrier).

6
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

Independentemente do nível de tensão, as proteções mais utilizadas nos terminais


das linhas de transmissão são:
• Função 21: proteção de distância. • Função 51N: proteção temporizada de
• Função 21N: proteção de distância de neutro. neutro.
• Função 27: proteção contra subtensão. • Função 59: proteção contra sobretensão.
• Função 32P: direcional de potência ativa. • Função 67: proteção direcional de fase.
• Função 46: desbalanço de corrente de sequência • Função 67N: proteção direcional de neutro.
negativa. • Função 79: religamento
• Funções 50: proteção instantânea de fase. • Função 85: proteção auxiliar de carrie
• Funções 50N: proteção instantânea de neutro. (bloqueio de abertura do disjuntor).
• Função 50BF: proteção contra falha de disjuntor. • Função 86: bloqueio de segurança. Função
• Função 51: proteção temporizada de fase. 87L: proteção diferencial de linha

7
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção de Sobrecorrente
A proteção de sobrecorrente é empregada praticamente em todos os níveis de
tensão, associada a outros tipos de proteção de primeira linha, como proteções por
distância, direcional e diferencial.

• Unidade temporizada
Fase: A sobrecarga admitida na rede pode variar de 20 a 50%, ou seja, Kf varia
entre 1,2 e 1,5.

Neutro: O desequilíbrio de corrente na rede pode variar de 10 a 30% da corrente


nominal da fase, ou seja, Kn varia entre 0,1 e 0,3.

A seleção da curva de atuação é através do Múltiplo de Corrente.


8
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção de Sobrecorrente
• Unidade instantânea
Fase: O ajuste da unidade instantânea de fase é realizado com a equação:

𝐹𝑎𝑠𝑠 ∗ 𝐼𝑐𝑐 3ϕ
𝐼𝑖𝑛𝑠𝑡 𝑓𝑎𝑠𝑒 = ∗ 𝐹𝑓 ∗ 𝐼𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝 𝑓𝑎𝑠𝑒
𝐼𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛 𝑡𝑒𝑚𝑝 𝑓𝑎𝑠𝑒

Onde
𝐼𝑐𝑐 3ϕ – corrente de curto-circuito trifásica, valor eficaz, em A.
𝐹𝑎𝑠𝑠 – fator de assimetria da corrente de curto-circuito trifásica.
𝐹𝑓 – fator de multiplicação de ajuste da corrente de fase: pode ser utilizado um valor entre 0,60 e 0,80.
𝐼𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛 𝑡𝑒𝑚𝑝 𝑓𝑎𝑠𝑒 – corrente de acionamento da unidade temporizada de fase, em A.

9
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção de Sobrecorrente
• Unidade instantânea
Neutro: O ajuste da unidade instantânea de neutro é realizado com a equação:

𝐹𝑎𝑠𝑠 ∗ 𝐼𝑐𝑐 3ϕ
𝐼𝑖𝑛𝑠𝑡 𝑓𝑎𝑠𝑒 = ∗ 𝐹𝑓 ∗ 𝐼𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝 𝑛𝑒𝑢𝑡𝑟𝑜
𝐼𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛 𝑡𝑒𝑚𝑝 𝑛𝑒𝑢𝑡𝑟𝑜

Onde
𝐼𝑐𝑐 ϕ−𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎 – corrente de curto-circuito fase-terra, valor eficaz, em A.
𝐹𝑎𝑠𝑠 – fator de assimetria da corrente de curto-circuito trifásica.
𝐹𝑓 – fator de multiplicação de ajuste da corrente de neutro: pode ser utilizado um valor entre 0,60 e 0,80.
𝐼𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛 𝑡𝑒𝑚𝑝 𝑛𝑒𝑢𝑡𝑟𝑜 – corrente de acionamento da unidade temporizada de neutro, em A.

10
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção de Direcional de Sobrecorrente

Se um sistema de potência é composto de uma única linha de transmissão


conectando duas subestações, e a fonte de geração é aplicada em somente uma
subestação, não há necessidade de utilização de relés direcionais de sobrecorrente,
pois a corrente flui somente no sentido da geração para carga.

Se há uma segunda fonte geradora conectada à outra subestação é obrigatória a


instalação de relés direcionais de sobrecorrente nas duas extremidades da linha de
transmissão, já que o fluxo de corrente pode ocorrer nos dois sentidos.

11
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção de Direcional de Sobrecorrente

Critérios básicos para definir a aplicação de um relé direcional na proteção de


linhas de transmissão:

• Proteção instantânea: quando a corrente inversa for superior a 80% da corrente


que deve fluir no sentido normal.

• Proteção temporizada: quando a corrente inversa for superior a 25% da corrente


que flui no sentido normal.

12
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção de Distância

A proteção por sobrecorrente pode não ser efetiva em algumas situações de


operação, em que a impedância do sistema é alterada e, consequentemente, a
corrente de curto circuito, que é a grandeza de parametrização destes relés.

A proteção de distância possibilita alcançar a coordenação desejada numa linha de


transmissão, independentemente de qualquer condição operacional, utilizando
relés de distância associados a esquema de teleproteção.

Cabe ao projetista a seleção do tipo de relé de distância que irá adotar em função
das particularidades da linha de transmissão em que trabalha.
13
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção de Distância
1ª zona: corresponde a 80% do comprimento da linha 1, podendo chegar a 90%.
Valores superiores podem fazer a atuação da 1ª zona alcançar indevidamente as proteções
da extremidade oposta da linha de transmissão, perdendo a coordenação e seletividade.

2ª zona: corresponde a 100% de alcance da linha 1 e mais 20% a 50% de alcance da linha 2.

3ª zona: corresponde a 100% de alcance da linha 1, mais 100% de alcance da linha 2 e mais
20% da linha 3.

4ª zona: corresponde à zona reversa, quando o alcance do relé está no sentido inverso ao
anteriormente adotado, limitando-se ao secundário do transformador.
14
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção de Distância

A ocorrência de falhas do sistema de proteção por distância se da por defeitos que


ocorrem muito próximos da barra da subestação onde está instalada a proteção de
distância, pela resistência de arco que altera a impedância vista pelo relé, impedância de
defeito à terra muito elevada, impedância mútua entre os condutores das linhas de
transmissão paralelas, grandes oscilações de potência, entre outros.

Estes fatores podem conduzir à falhas como sobrealcance de atuação do relé, se a


impedância vista pelo relé for superior à impedância da linha de transmissão e então o relé
não atuará; ou subalcance de atuação do relé, se a impedância vista pelo relé for inferior à
impedância da linha de transmissão, em que naturalmente o relé atuará.

15
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção Diferencial de Linha

A proteção diferencial de linha de transmissão emprega o mesmo princípio da


proteção diferencial utilizada em transformadores de potência, em que são
comparados os valores de corrente que circulam numa extremidade da linha de
transmissão com os valores de corrente que circulam na extremidade oposta.

Os relés empregados nesse tipo de proteção utilizam a função 87L e são instalados
nas duas extremidades das linhas de transmissão e interligados por um dos meios
de comunicação.

Esses relés devem comparar as correntes local e remota de fase e de sequência


para permitir a operação num tempo esperado muito curto.
16
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção Diferencial de Linha

Os relés diferenciais podem operar em faltas desequilibradas com fluxo de corrente


inferior ao valor da corrente de carga da linha de transmissão, e a compensação entre os
transformadores de corrente pode ser realizada por ajustes no próprio relé.

Os relés também possuem detecção de falha de fusíveis do TP e dos TCs no que se


referem aos terminais abertos ou em curto-circuito.

Os relés 87L ainda são dotados de funções de medição de tensão, corrente, potência ativa,
potência reativa, potência aparente e fator de potência, e localização da falta.

17
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção Diferencial de Linha

A proteção diferencial de linha pode ser aplicada em linha de transmissão com dois
ou três terminais, e a proteção diferencial pode evitar a perda da linha para uma
falta da linha de derivação.

Deve-se coordenar a atuação do diferencial de linha com a atuação do relé


instalado na derivação.

18
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção de Sobretensão

Os sistemas de potência estão sujeitos a níveis de sobretensão elevados,


normalmente resultantes do rompimento do equilíbrio energético entre a
quantidade de energia que está sendo gerada e injetada na barra de geração e a
quantidade de energia que está sendo consumida nas barras de consumo.

O desequilíbrio pode ser ocasionado pela abertura de um disjuntor, que remove


uma grande quantidade de carga do sistema. As sobretensões muitas vezes são
acompanhadas de sobrefrequências.

Para estabelecer os ajustes dos relés de sobretensão, são necessários estudos do


sistema em regime dinâmico.
19

Você também pode gostar