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PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

PROTEÇÃO DE BANCO DE CAPACITORES

Edição 1 - 2003

Direitos Reservados: Autor: Total de Páginas


Virtus Consultoria e Serviços S/C Ltda. Toshiaki Hojo
1
SOBRE O AUTOR

Eng. Toshiaki Hojo

Graduado em engenharia elétrica pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de


São Paulo em 1975, com curso de especialização em Sistemas Elétricos de Potência (“Power
System Engineering Course”) pela General Electric Co. – USA em 1982.

Foi empregado da CESP – Companhia Energética de São Paulo no período de 1976 a 1998 e da
CTEEP – Transmissão Paulista de 1998 a 2001.

Atualmente é engenheiro consultor e associado da Virtus Consultoria e Serviços S/C Ltda. em São
Paulo – SP atendendo concessionárias, empresas de projetos elétricos e fabricantes de
equipamentos e sistemas de proteção e automação, com ênfase à Siemens Ltda.

BANCOS DE CAPACITORES Prefácio e índice 2 de 2


INDICE

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................... 4

2. BANCOS DE CAPACITORES .............................................................................................................................. 4


2.1 CAPACITORES DE POTÊNCIA COM FUSÍVEL EXTERNO ..................................................................... 4
2.2 CAPACITORES DE POTÊNCIA COM FUSÍVEL INTERNO....................................................................... 5
2.3 CAPACITORES DE POTÊNCIA SEM FUSÍVEL.......................................................................................... 6
2.4 TIPOS DE LIGAÇÃO DE BANCOS DE CAPACITORES “SHUNT”........................................................... 7
2.5 OS GRANDES BANCOS DE CAPACITORES “SHUNT” ............................................................................ 8
2.5.1 Fracionamento em Estágios ......................................................................................................................... 8
2.5.2 Formação dos Grandes Bancos.................................................................................................................... 9
3. PROTEÇÃO DE BANCOS DE CAPACITORES .............................................................................................. 16
3.1 GRANDES BANCOS DE CAPACITORES “SHUNT” ................................................................................ 16
3.2 PROTEÇÃO POR RELÉS.............................................................................................................................. 17
3.2.1 Bancos Conectados em Delta ..................................................................................................................... 17
3.2.2 Bancos Conectados em Estrela com Neutro Isolado.................................................................................. 18
3.2.3 Bancos Conectados em Estrela com Neutro Aterrado................................................................................ 19
3.2.4 Bancos Conectados em Dupla Estrela com os Centros Solidamente Interligados..................................... 21
3.3 APLICAÇÃO DE PÁRA-RAIOS .................................................................................................................. 22
3.4 APLICAÇÃO DE CHAVES DE ATERRAMENTO ..................................................................................... 22
3.5 APLICAÇÃO DE REATORES LIMITADORES .......................................................................................... 22
4. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................... 24

BANCOS DE CAPACITORES Prefácio e índice 3 de 3


1. INTRODUÇÃO
Bancos de Capacitores em derivação (“shunt”) ligados a um sistema de potência são
geradores econômicos de energia reativa, com a vantagem de poderem ser instaladas
próximas das cargas e sem a complicada engenharia de manutenção como por exemplo
de um compensador síncrono.

A utilização de bancos de capacitores shunt permite uma otimização na operação de um


sistema elétrico, reduzindo os custos de transmissão e perdas do sistema. Corrige o fator
de potência das redes de transmissão e distribuição e controla o nível de tensão.

2. BANCOS DE CAPACITORES

As matérias-primas principais usadas na construção dos capacitores de potência algumas


décadas atrás eram constituídas de eletrodos, papéis e impregnantes dielétricos.

Os papéis apresentavam muitas deformidades ou falhas, exigindo que muitas camadas de


papel fossem necessárias para evitar pontos suscetíveis a defeitos, o que tornava a unidade
grande, pesada e cara. Apesar de todo esse cuidado, as perdas dielétricas eram elevadas
causando sobre-temperaturas que aceleravam o envelhecimento da capacidade dielétrica do
capacitor. As falhas no material dielétrico ainda permitiam arcos contínuos que chamuscavam
e geravam gases que provocavam o estufamento ou até a explosão das caixas.

Atualmente, os capacitores são feitos de filme de polipropileno em substituição ao papel e


fluidos dielétricos com características muito superiores aos de antigamente. Com isso, o
capacitor ficou menor, mais barato e muito mais confiável. As perdas dielétricas foram
reduzidas e conseqüentemente, as ocorrências decorrentes disso foram minimizadas.

Em termos de projeto do capacitor de potência, são considerados três tipos de projeto por
poderem afetar na escolha do esquema de proteção de um banco de capacitores:
• Capacitores de potência com fusível externo
• Capacitores de potência com fusível interno
• Capacitores de potência sem fusível

2.1 CAPACITORES DE POTÊNCIA COM FUSÍVEL EXTERNO

O fusível externo permite a remoção somente da unidade defeituosa, impedindo maiores


danos na sua caixa e permitindo que o restante do banco de capacitores permaneça em
operação.

Um capacitor com fusível externo é constituído internamente de muitos elementos capacitivos


em série e poucos elementos em paralelo. Ver figura 2.1.

Um banco de capacitores com fusível externo é constituído de várias unidades de capacitores


conectados em paralelo dentro de cada grupo série de modo que o kVAr fornecido fique

BANCOS DE CAPACITORES Bancos 4 de 4


dentro de uma faixa de tolerância numa condição normal de operação para o caso falha de
alguma unidade capacitiva. Ver figura 2.1.

O capacitor com defeito é facilmente identificado dentro do banco pela localização do


respectivo fusível rompido. Já a detecção de falhas incipientes e identificação dos capacitores
com falhas parciais requer uma completa medição da capacitância de todas as unidades. Isto
porque, o capacitor feito de filme de polipropileno apresenta poucos defeitos e são utilizadas
apenas duas ou três camadas de filme entre os eletrodos. No caso de um rompimento, os
eletrodos se unem ao invés de formar arcos. Com isso, é mínima a chance de se gerar gases
e causar danos na caixa. Além disso, o fusível externo não se rompe com a corrente adicional
que circula pela unidade. O capacitor fica em operação até que outras falhas adicionais de
elementos em série causem o rompimento do fusível.

Figura 2.1 - Capacitor com Fusível Externo

2.2 CAPACITORES DE POTÊNCIA COM FUSÍVEL INTERNO

Capacitores de potência com fusível interno são aqueles constituídos de elementos


capacitivos internos cada qual com o seu respectivo fusível. Esses fusíveis são limitadores de
corrente e tem por objetivo, isolar os elementos defeituosos e manter o capacitor em
operação com os demais elementos internos remanescentes.

Um capacitor com fusível interno é constituído de um grande número de elementos em


paralelo em cada grupo série. Ver Figura 2.2.

No caso de uma falha em qualquer ponto da superfície dielétrica de um desses elementos,


ocorrerá o curto circuito, por onde circulará a corrente formada pela nova corrente devido à

BANCOS DE CAPACITORES Bancos 5 de 5


retirada de todo o grupo série de elementos (todas as correntes que passavam por cada
elemento passam a fluir pelo curto) e pela corrente proveniente da descarga da energia
armazenada em cada um elementos em paralelo.

Essa corrente de falha será suficiente para operar o fusível do elemento em curto. Após o
rompimento do fusível do elemento em curto, ocorrerá uma pequena sobretensão nos
elementos remanescentes em paralelo e também uma pequena redução de corrente os
demais, causando uma pequena (desprezível) redução na potência do capacitor.

Figura 2.2 - Capacitor com Fusível Interno

2.3 CAPACITORES DE POTÊNCIA SEM FUSÍVEL

Capacitores de potência sem fusível é constituído de poucos elementos em paralelo e muitos


em série. É um modelo similar ao capacitor com fusível externo. Ver figura 2.3.

Um banco de capacitores constituído de capacitores sem fusível caracteriza-se por ter os


capacitores conectados em série. Assim, a falha de um capacitor provoca um pequeno
aumento de tensão que é distribuída por todos os elementos série remanescentes.

BANCOS DE CAPACITORES Bancos 6 de 6


Figura 2.3 - Capacitor sem Fusível

2.4 TIPOS DE LIGAÇÃO DE BANCOS DE CAPACITORES “SHUNT”

Normalmente, são utilizados os seguintes tipos de ligação:


• Triângulo ou Delta
• Estrela com Neutro Aterrado
• Estrela com Neutro Isolado
• Dupla Estrela

Triângulo Estrêla com Estrêla com Dupla Estrêla


ou Delta Neutro Aterrado Neutro Isolado

Figura 2.4 Tipos de Ligação de Bancos de Capacitores “Shunt”

BANCOS DE CAPACITORES Bancos 7 de 7


2.5 OS GRANDES BANCOS DE CAPACITORES “SHUNT”

2.5.1 Fracionamento em Estágios

Um grande banco de capacitores pode ser ligado todo de uma vez, mas freqüentemente
convém o uso de disjuntores ou chaves interruptoras, de modo a se poder ligar ou desligar
do sistema diversos estágios. Até três estágios é o uso mais comum, embora possam ser
usados mais, dependendo da variação da tensão por estágio e da variação da carga.

Diversas disposições típicas para ligação de grandes bancos podem ser analisadas na
figura 2.5.1:

A B C
Chave
Chave Chaves Automática
Automática Automáticas
Chaves não
Automáticas

E
D
Chave
Chaves Automática
1 2 3 Automáticas

Fusíveis
Chaves não
1X 2X 4 X kVAr
Automáticas

Mesma Potência em kVAr por Estágio

Figura 2.5.1. Disposições Típicas para Ligação de Grandes Bancos

Na figura acima temos:

A) Um único grupo de capacitores, comandado por uma chave automática.

B) Quatro chaves automáticas, controlando quatro estágios iguais de um banco de


capacitores.

C) Três estágios iguais, com uma chave automática comandando todo o banco (e
desligando automaticamente, em caso de curto em quaisquer dos estágios); duas
chaves não automáticas controlam o 2o e 3o estágios, sendo o 1o controlado pela chave
principal.

BANCOS DE CAPACITORES Bancos 8 de 8


D) Três grupos de capacitores, sete estágios. A chave 1 comanda 1/7 do total, a chave 2,
2/7 e a chave 3, 4/7; as chaves 1 e 2, 3/7, as chaves 1 e 3, 5/7 e as chaves 2 e 3, 6/7;
as chaves 1, 2 e 3 juntas comandam os 7/7 do total.

A desvantagem deste esquema é que, durante o processo de desligar e ligar, operam-


se grandes mudanças de kVAr em cada mudança de estágio; a pior situação é a
mudança de 3/7 para 4/7 do total, quando as chaves 1 e 2 devem ser abertas,
desligando-se assim, todos os capacitores antes de ser fechada a chave 3, ou então a
chave 3 deve ser fechada colocando-se todos os capacitores em serviço, antes de
serem abertas as chaves 1 e 2.

Se a variação da tensão durante essas mudanças puder ser tolerada, então os sete
estágios do total de kVAr podem ser obtidos com apenas três chaves.

E) Uma chave automática comanda um determinado número de chaves não automáticas,


cada uma controlando um estágio idêntico em kVAr. Cada chave não automática é
provida de fusíveis de alta capacidade de ruptura, que isolam o estágio antes do
desligamento automático da chave geral.

Convém sempre verificar a grandeza dos transitórios de chaveamento, a fim de averiguar


se a freqüência dessas manobras não estará levando os capacitores a condições anormais
de trabalho. Caso os transitórios estejam excessivos, deve-se providenciar sua redução,
para cujo sucesso os métodos mais eficientes são:

a) Usar disjuntores ou chaves interruptoras que sejam adequados a esses casos; tais
equipamentos normalmente lançam uma resistência em série com a carga, ao ligar
e ao desligar, de modo a amortecer sensivelmente os transitórios;

b) Intercalar pequenos reatores indutivos entre os estágios (ou também entre o banco
e a fonte, se for o caso): esta reatância adicional, convenientemente calculada,
deverá reduzir suficientemente os transitórios.

É bom ainda lembrar que os transitórios excessivos, embora possíveis de aparecerem


também nas aplicações em baixa tensão, são mais freqüentes nas em alta tensão.

2.5.2 Formação dos Grandes Bancos

Por muitos anos foram empregados transformadores para abaixar a tensão até a tensão
nominal dos capacitores. Atualmente está estabelecido que, quando for o caso, a melhor
prática é a ligação em série de grupos de capacitores em paralelo, em vista do fator
econômico.

A figura 2.5.2 mostra como as unidades são dispostas em uma fase do sistema, numa
ligação estrela.

BANCOS DE CAPACITORES Bancos 9 de 9


Linha
Unidades
1 2 3 4 5 6 M1

Fusíveis
e1
Grupo 1

1 2 3 4 5 6 M2

e2
Grupo 2

ea
1 2 3 4 5 6 M3

Grupo 3 e3

1 2 3 4 5 6 Mx

ex
Grupo X

Neutro

Figura 2.5.2 - Ligação de Capacitores com Fusível Individual para Uma Fase de Um Banco Trifásico

BANCOS DE CAPACITORES Bancos 10 de 10


Os símbolos referem-se às equações adiante:

e1n = tensão normal do grupo 1

X = número de grupos em série por fase

M = número normal de capacitores em paralelo por grupo

N = número de unidades retiradas de um grupo

e1 = tensão real do grupo 1

ec1 = tensão nominal do grupo 1

ea = tensão nominal fase - neutro do sistema

O número de unidades em paralelo, por grupo, é da maior importância. Vários fatores


definem essa escolha:

a) em primeiro lugar, o número de unidades deve ser suficientemente


grande, de modo a assegurar que o fusível de uma unidade opere, se
ela entrar em curto circuito e o seu fusível for solicitado a suportar a
corrente total do grupo;

b) em segundo lugar, a tensão nas unidades remanescentes num grupo


não deve se tornar excessiva quando uma unidade for retirada desse
grupo por queima do fusível.

Se o número de unidades for muito pequeno, a corrente através do fusível pode ser tão
baixa, que não seja suficiente para queimá-lo, ou leve demasiado tempo.

Considerados os transitórios de operação da chave e a energia do arco necessário para


romper a caixa do capacitor, está atualmente estabelecido que a corrente através do
fusível, quando uma unidade entra em curto circuito, não deve ser menor que 10 vezes a
corrente nominal do fusível.

É também aconselhável evitar tensões maiores que 110% nas unidades remanescentes
num grupo, quando uma unidade é retirada de circuito por queima do fusível. No caso de
bancos com o número mínimo de unidades, apenas uma operação de queima de fusível é
permitida; por isso, inspeções periódicas são aconselháveis e recomendadas. É fato
comum, grandes bancos de capacitores serem constituídos por um número de unidades
maior que o mínimo recomendado; neste caso, mais de um fusível poderá operar sem
haver grandes sobretensões nas unidades remanescentes, mas uma inspeção periódica
nos fusíveis continua indispensável, a fim de que possam ser evitados danos em
capacitores bons.

Geralmente são os 10% de sobretensão que governam o número mínimo.

BANCOS DE CAPACITORES Bancos 11 de 11


Considerando-se a figura 2.5.2, desprezando-se a impedância do sistema até o banco de
capacitores e considerando-se que todos os capacitores do banco são de mesma potência
nominal, tem as equações seguintes:

Para Bancos conectados em Estrela com Neutro Isolado.

A tensão normal e1n do grupo 1 é:

2
ec1
(ea )
e1n =
M 1
2 2 2
ec1 ec 2 e
+ + ... + cx
M1 M 2 Mx

Quando N1 unidades são retiradas do grupo 1, a tensão e1 nas unidades remanescentes


fica:

2
ec1
(e a )
M 1 − N1
e1 =
(3 M 1 − N 1)(ec21) ec22 e2
+ + .... + cx
3 M 1 ( M 1 − N 1) M 2 Mx

Com as N1 unidades retiradas do grupo 1, o deslocamento eNO do potencial do neutro do


banco será:

2
N 1 ec1
(ea )
M 1 M 1 − N1
eNO =
(3 − N 1) ec21 ec22 e2
3( M 1 + + .... + cx )
3 M 1 ( M 1 − N 1) M 2 Mx

A corrente que circula no fusível de um capacitor em curto circuito no grupo 1 será a


corrente normal de operação multiplicada pelo fator If:

 ec21 ec22 ecx 


2
 + + .... + 
If = (M1)  M 1 M 2 M x 
 ec21 2
ec 2 ecx 
2

3 + + .... + 
 M1 M 2 Mx

BANCOS DE CAPACITORES Bancos 12 de 12


Para Bancos conectados em Estrela com Neutro Aterrado.

A tensão normal é a mesma da ligação em estrela com neutro isolado.

2
ec1
(ea )
e1n =
M 1
2 2 2
ec1 ec 2 e
+ + ... + cx
M1 M 2 Mx

Quando N1 unidades são retiradas do grupo 1, a tensão e1 nas unidades remanescentes


fica:

2
ec1
(ea )
e1 =
M 1 − N1
2 2 2
ec1 e e
+ c 2 + .... + cx
M 1 − N1 M 2 Mx

A corrente que circula no fusível da unidade em curto circuito no grupo 1 é igual à corrente
normal multiplicada pelo fator If:

 ec21 ec22 ecx 


2
 + + .... + 
If M
= (M1)  1 2 2
M Mx
 ec 2 2
ecx 
 + .... + 
 M2 Mx 

Para Bancos conectados em Dupla Estrela com os Centros Solidamente Interligados


e Não Aterrados.

A tensão normal é a mesma dos casos anteriores:

2
ec1
(ea )
e1n =
M 1
2 2 2
ec1 ec 2 e
+ + ... + cx
M1 M 2 Mx

Com N1 unidades retiradas do grupo 1 em uma das estrelas, a tensão e1 nas unidades
remanescentes deste grupo será:

BANCOS DE CAPACITORES Bancos 13 de 13


2
ec1
(e a )
M 1 − N1
e1 =
 
 6 − N 1  ec21 2 2
 M1 e e
+ c 2 + .... + cx
6(M 1 − N 1) M 2 Mx

A corrente que circula no fusível da unidade em curto circuito no grupo 1 é igual à corrente
normal multiplicada pelo fator If:

 ec21 ec22 ecx 


2
 + + .... + 
If = (M1)  M 1 M2 Mx 
 ec21 2
ec 2 ecx 
2

6 + 2 + .... + 
 M1 M 2 Mx

A corrente na ligação entre os centros das estrelas, quando N1 unidades são retiradas do
grupo 1 em uma das estrelas, será a corrente normal multiplicada pelo fator INO:

 
 
 
1 2
ec1  N 1 
INO =    
2  N 1 2   M − N 
 6 −  ec1 1 1
 M1 2 2 
 + ec 2 + .... + ecx 
 6(M 1 − N 1) M 2 Mx

Todas as equações anteriores podem ser simplificadas considerando-se que, na prática,


todas as unidades são de igual tensão e potência nominais e, o número de capacitores em
paralelo em cada grupo é o mesmo.

Assim, temos:

BANCOS DE CAPACITORES Bancos 14 de 14


Para Bancos conectados em Estrela com Neutro Isolado- Fórmulas Simplificadas.

ea
e1n =
X

3 M 1 ea
e1 =
2 N 1 + 3 X ( M 1 − N 1)

eNO =
N 1. ea
2. N 1 + 3. X .( M 1 − N 1)

3. M 1 . X
If =
3. X − 2

Para Bancos conectados em Estrela com Neutro Aterrado- Fórmulas Simplificadas.

ea
ein =
X

e1 =
M 1 . ea
N 1 + X .( M 1 − N 1)

M 1. X
If =
X −1

Para Bancos conectados em Dupla Estrela com os Centros Solidamente


Interligados- Fórmulas Simplificadas.

6.M 1. ea
e1 =
5.N 1 + 6. X .( M 1 − N 1)

6.M 1. X
If =
6. X − 5

3. M 1 N 1
INO =
5. N 1 + 6. X .( M 1 − N 1)

BANCOS DE CAPACITORES Bancos 15 de 15


3. PROTEÇÃO DE BANCOS DE CAPACITORES

A proteção de bancos de capacitores “shunt” requer uma compreensão das capacidades e


limitações de cada capacitor individualmente, do equipamento elétrico associado e do
comportamento esperado do sistema de potência. A proteção deve minimizar os danos nos
capacitores devido à falha e evitar atuações falsas ou indesejadas.

Assim, considerando-se as características de projeto do capacitor utilizado, como regra geral,


a proteção de um banco de capacitores em derivação deve cobrir ou considerar os seguintes
aspectos:
• Falha de cada capacitor isoladamente
• Falha ou rompimento do fusível
• Curtos circuitos na caixa do capacitor ou na estrutura do banco de capacitores
• Curtos circuitos no sistema externo ao banco de capacitores
• Correntes de Inrush devido a chaveamento do banco de capacitores

3.1 GRANDES BANCOS DE CAPACITORES “SHUNT”

Os tipos mais comuns de proteção de grandes bancos de capacitores são:


• Fusíveis individuais por capacitor.
• Fusíveis por grupo (ou banco).
• Relés de sobrecorrente para desligamento do disjuntor do banco de capacitores.
• Transformadores de potencial ligados em cada fase ou em cada grupo em série por
fase, em bancos conectados em estrela não aterrada para permitir o desligamento do
disjuntor do banco no caso de desbalanço de tensão na fase ou no grupo. Esse
esquema também pode ser utilizado em bancos conectados em delta ou estrela
aterrada se tiverem dois ou mais grupos de capacitores em série.
• Transformadores de potencial ou corrente ligados entre os neutros de dois ou mais
bancos estrela não aterrada para detectar desbalanço em um banco de desligar o
disjuntor único que serve a todos os bancos,
• Transformadores de potencial ligado entre a terra e o neutro de um banco conectado
em estrela não aterrada, ligado num sistema aterrado. O desligamento do disjuntor do
banco é feito quando da detecção de deslocamento do neutro.

• Transformador de corrente instalado no aterramento do neutro de um banco em


estrela aterrada. O TC alimenta um relé de tensão através de um resistor e um filtro
para 3a harmônica. Qualquer desiquilíbrio no banco, há circulação de uma corrente no
neutro que poderá ser utilizada com fins de alarme ou desligamento do disjuntor do
banco.

Em todo grande banco de capacitores, se os capacitores não forem do tipo com fusíveis
internos, cada capacitor deve ser protegido por um fusível individual para:

BANCOS DE CAPACITORES Proteção 16 de 16


• Isolar o capacitor defeituoso, antes que danifique unidades adjacentes. O fusível de
limitar e interromper a corrente de modo a impedir a decomposição do impregnante e
o aparecimento de pressão anormal dentro do capacitor, pela formação de arco
interno.
• Permitir a continuidade do banco em operação no caso de falha de um capacitor,
evitando-se o desligamento total do banco até a localização e correção do defeito.
• Identificar facilmente o capacitor defeituoso em um banco constituído de muitas
unidades.
• Indicar a presença de correntes anormais que poderão estar sendo causadas ou por
condições de sobretensão ou por harmônicas, as quais poderiam causar
superaquecimento e conseqüentemente, diminuição da vida útil do capacitor.

3.2 PROTEÇÃO POR RELÉS

3.2.1 Bancos Conectados em Delta

Os esquemas de ligação de grandes bancos de capacitores em delta são empregados


especialmente para classes de tensão até 2400 V. Para níveis de tensão maiores, utilizam-
se normalmente, outros tipos de ligação por serem mais econômicas.

Nas figuras seguintes são mostrados alguns esquemas de proteção.

Fase A

Fase B

Fase C

Proteção de
Sobrecorrente

Disjuntor

Figura 3.2.1.1 - Proteção de Sobrecorrente

BANCOS DE CAPACITORES Proteção 17 de 17


Fase A

Fase B

Fase C

Proteção de
Sobrecorrente

Disjuntor

TP TP

Figura 3.2.1.1 - Proteção por Desbalanço de Tensão

3.2.2 Bancos Conectados em Estrela com Neutro Isolado

Na figura a seguir, é mostrado um esquema de ligação em que uma proteção de


sobretensão é instalada para detectar uma tensão residual quando de um desbalanço
entre as três fases devido a uma falha em um ou mais capacitores.
Fase A

Fase B

Fase C

Proteção de
Sobrecorrente

Disjuntor

Figura 3.2.2.1 - Proteção por Tensão Residual

BANCOS DE CAPACITORES Proteção 18 de 18


Na figura seguinte é mostrado um esquema em que se utiliza um transformador de
potencial ligado entre a terra e o centro estrela.

A operação do relé se dá pelo deslocamento do neutro devido a falha de algum capacitor.

Fase A

Fase B

Fase C

Proteção de
Sobrecorrente

Disjuntor

V Centelhador

Alta Impedância

Figura 3.2.2.2 - Proteção de Tensão Através de TP Ligado Entre a Terra e o Centro Estrela

3.2.3 Bancos Conectados em Estrela com Neutro Aterrado

A figura a seguir mostra um esquema de proteção típico de um banco de capacitores em


estrela com neutro aterrado.

No aterramento do neutro é instalado um transformador de corrente que alimenta através


de um resistor e filtro de 3a harmônica, um relé de tensão. Qualquer desiquilíbrio no banco
de capacitores faz circular uma corrente no neutro, atuando o relé, que poderá ser
ajustado para alarme e/ou trip do disjuntor.

BANCOS DE CAPACITORES Proteção 19 de 19


Fase A

Fase B

Fase C

Proteção de
Sobrecorrente

Disjuntor

Filtro 3a. Harmônica


Resistor

Figura 3.2.3.1 - Proteção de Tensão Ligada no Aterramento do Centro Estrela

O diagrama unifilar da figura a seguir apresenta um esquema de proteção utilizando o


balanço de tensão para alarme e/ou trip.

Barra

TP de Barra

Relé
Banco de Balanço
Capacitores“Shunt” de Tensão

TP de Derivação
do Banco

Figura 3.2.3.2 - Proteção por Balanço de Tensão

BANCOS DE CAPACITORES Proteção 20 de 20


Dependendo da quantidade de Grupos de Capacitores ligados em série-paralelo em cada
fase, é possível a implementação de um esquema de proteção de balanço de corrente,
como mostrado na figura seguinte.

61

Fase A Fase C Fase B

Figura 3.2.3.3 - Proteção por Balanço de Corrente

3.2.4 Bancos Conectados em Dupla Estrela com os Centros Solidamente Interligados

No esquema de proteção mostrado na figura a seguir pode ser utilizado um transformador


de potencial ou de corrente, ligado entre os centros das duas estrelas e fornece proteção
contra o desiquilíbrio resultante da falha de um ou mais capacitores de uma fase do banco.
Fase A

Fase B

Fase C

Proteção de
Sobrecorrente

Disjuntor

Figura 3.2.4.1 - Proteção por Desiquilíbrio

BANCOS DE CAPACITORES Proteção 21 de 21


3.3 APLICAÇÃO DE PÁRA-RAIOS

Assim como os demais equipamentos de um sistema, os bancos de capacitores derivação


(“shunt”) devem ser protegidos por pára-raios contra surtos de tensão. O cálculo dos pára-
raios é feito a partir das condições de sobretensões geradas nas fases sem defeito durante
uma falha fase-terra.

Normalmente, os bancos de capacitores estão instalados numa área interna à malha de


proteção da subestação, sendo portanto improvável, a ocorrência de descargas nos terminais
adjacentes ao banco. Os surtos de tensão ocorrem normalmente como ondas entrando na
subestação através das linhas de transmissão.

Nos bancos comandados por disjuntores ou chaves interruptoras, os pára-raios devem ser
instalados entre esses equipamentos e o banco propriamente dito.

3.4 APLICAÇÃO DE CHAVES DE ATERRAMENTO

Em grandes bancos de capacitores é conveniente e desejável a instalação de uma chave de


aterramento para ser utilizada quando da execução de manutenção no banco ou troca de
fusíveis.

Cada capacitor possui resistências internas próprias de descarga que têm por objetivo, baixar
a tensão residual entre os terminais para 50V ou menos dentro de um intervalo de tempo
máximo de 5 minutos.

A chave de aterramento curto circuita e aterra todos os capacitores simultaneamente, por


meio do aterramento de todas as fases do banco desenergizado, eliminando eventual tensão
residual que ainda possa existir. No caso de banco ligado em estrela com neutro isolado, o
neutro também deverá ser aterrado.

3.5 APLICAÇÃO DE REATORES LIMITADORES

Quando um banco de capacitores é ligado a um sistema, a baixa impedância do banco faz


com que, no instante do chaveamento, surja uma corrente de energização (corrente de
“Inrush”) de alta freqüência. O valor da corrente e da freqüência dependem do valor total da
capacitância e indutância do circuito, bem como da tensão aplicada.

Normalmente o projeto do capacitor e o arranjo do banco de capacitores levam em


consideração os altos valores da corrente de energização, bem como a sua freqüência. A
instalação de reatores de amortecimento tem por objetivo, proteger os disjuntores e chaves
interruptoras utilizados para ligar ou desligar o banco de capacitores.

Existem chaves interruptoras e disjuntores com resistores de pré-inserção que servem para
limitar a corrente de energização, dispensando a utilização de reatores de amortecimento.
Assim, a indutância dos reatores necessária será calculada em função da limitação da chave
ou do disjuntor.

BANCOS DE CAPACITORES Proteção 22 de 22


Os valores máximos de corrente de energização e da sua freqüência em um banco isolado
podem ser calculados pelas expressões:

E  XC 
Imax = .1 + 
XC.X L  XL

XC
fmax = 60 .
XL

onde:

E = tensão fase-terra do sistema (kV)


XC = reatância capacitiva do banco por fase (Ω)
XL = reatância indutiva da fonte por fase (Ω)
Imax = valor máximo da corrente de energização (kA)
fmax = valor máximo da frequência da corrente de energização (Hz)

Por outro lado tem-se que:

2
(kV )
XC =
MVAr
2
(kV )
XL =
MVA

kV = tensão fase-fase do sistema


MVAr = potência trifásica do banco de capacitores
MVA = potência de curto circuito do sistema

Normalmente, tem-se observado que a corrente de energização é cerca de 15 vezes a


corrente nominal do banco.

Chaveamento Independente de Dois ou Mais Bancos Ligados Num Mesmo Barramento

Quando um banco de capacitores em paralelo com um ou mais bancos é energizado, uma


corrente de energização adicional fluirá devido à descarga dos capacitores energizados sobre
o banco que está sendo energizado. Nesse caso, o valor da corrente e freqüência dependem
basicamente da indutância existente entre os banco.

Os valores máximos de corrente e freqüência podem ser calculados pelas fórmulas:

BANCOS DE CAPACITORES Proteção 23 de 23


C
Imax = 2 .E .
L0

1
fmax =
2.π . C. L0

onde:

E = tensão fase-terra do sistema (kV)


C = capacitância equivalente do circuito (µF)
L0 = indutância entre bancos (µH)
Imax = valor máximo da corrente de energização (kA)
fmax = valor máximo da freqüência da corrente de energização (Hz)

A experiência indica valores máximos de corrente de energização de 20 a 250 vezes a


corrente nominal.

Uma corrente de energização menor pode ser obtida com a inserção de reatores limitadores
de corrente em série com o banco de capacitores.

Assim, sempre que existirem bancos de capacitores ligados a um mesmo barramento e


manobrados independentemente um do outro, os valores de corrente e freqüência de
energização devem ser verificados e, sendo elevados, esses valores devem ser limitados a
níveis compatíveis com a chave interruptora ou o disjuntor através da instalação de reatores.

4. BIBLIOGRAFIA

- “Protection of Fuseless Capacitor Banks Using Digital Relays” - Malkiat S. Dhillon (Pacific
Gas and Electric Co), Demetrios A. Tziouvaras ( SEL Inc.)

- Electrical Transmission and Distribution Reference Book - Westinghouse

- Manual de Capacitores de Potência - Inducon

- Application Guide - Volume IV - AG2000-18, SEL.

BANCOS DE CAPACITORES Proteção 24 de 24

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