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Comportamento do

Transformador de Corrente
durante o Regime Transitório

Fabiano Amaral Correia


Itajubá –2009
Introdução

Como todos os equipamentos ligados na Rede Elétrica,


os transformadores de corrente, uma vez energizados,
permanecem constantemente expostos às variações de
tensão e corrente do Sistema.
Como transformadores de instrumentos, os TC’s
servem tanto para medir estas oscilações quanto para
proteger a Rede de níveis extremos que podem causar
danos tanto para a operação do Sistema quanto para
os próprios equipamentos.
O objetivo desta apresentação é mostrar a necessidade
de transformadores de correntes especiais para
detectarem e protegerem o Sistema Elétrico de uma
oscilação em especifíco: o curto-circuito.

3 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Curto-circuito

No momento de um curto-circuito em um Sistema


Elétrico, a impedância equivalente do sistema é
reduzida drasticamente, e conseqüentemente, a
corrente elétrica atinge níveis muitas vezes maiores
que a corrente nominal.
Para tanto, os transformadores de corrente de proteção
são projetados para “enxergarem” esta alta corrente
sem saturar-se e com um erro dentro de limites
definidos pelo cliente.

4 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Curto-circuito

Por exemplo:
Um cliente precisa instalar um TC num sistema cuja
corrente nominal - agora denominada IN - seja de 100A.
E ele sabe que, no momento de um curto-circuito, a
corrente elétrica atinge um nível de 2000A (ICC). E que
a carga equivalente do relé mais cablagem até o
transformador é de 100 VA.

5 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Curto-circuito

Para que o TC proteja o sistema elétrico deste nível de


curto-circuito, há a necessidade de se projetar um
núcleo de proteção que não sature até 20 vezes a
corrente nominal. Supondo que o cliente deseje que a
resposta tenha um erro menor que 10%, a
especificação dirá:
• núcleo de proteção 10P20 - 100 VA (10B400) para
atender uma carga de relé de 100 VA e não saturar até
uma tensão entre os terminais secundários de 400
Volts (para IS = 5A).

6 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
A Curva de Saturação

Por fim, a curva de saturação deste núcleo será assim:

Tensão [V]

18500 gauss

400

Corrente Primária
Ip/In
10 20 30 40 Histerese

7 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Necessidade de TC’s especiais

Os núcleos de característica 10P20, que vamos


classificar como uma proteção convencional - ou
clássica - são núcleos projetados para atuarem frente a
um curto-circuito simétrico único.
Porém, no Sistema Elétrico, há diversos pontos ao
longo da rede em que os TC’s devem ser projetados
para atuarem os ciclos de operação de disjuntores, que
na maioria das vezes são de minúsculos intervalos de
tempo.

8 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Tempo de Desmagnetização
Para se ter uma idéia de dimensão:
Um núcleo convencional, de acordo com as normas
mais usadas de transformadores de corrente, deve
estar com uma magnetização remanescente menor que
10%, dado um evento de curto-circuito, após 3 minutos.
Atualmente, os disjuntores mais simples trabalham com
o seguinte ciclo de operação:

ABERTURA DO
DISJUNTOR

TEMPO MORTO - DISJUNTOR ABERTO AGUARDANDO


NOVO COMANDO PARA FECHAMENTO

ABERTURA DO
DISJUNTOR

t [ms]
0 100 600 700
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Tempo de Desmagnetização

Portanto, todo o ciclo de operação do disjuntor se dá


em menos de 1 segundo.
Se o mesmo núcleo de proteção convencional fosse
usado para atuar o disjuntor referido previamente, ele
estaria muito próximo à região de saturação quando
houvesse a necessidade do segundo religamento, e
portanto não atuaria devidamente os relés de proteção.

10 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Curva de Histerese B x H

Curva de Saturação

11 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Curto-circuito Assimétrico

Outro problema grave dos núcleos convencionais é não


estarem aptos para “enxergarem” curto-circuitos não-
simétricos.
Analisemos o instante do curto-circuito mais
detalhadamente. Ele pode ocorrer em dois casos
extremos: quando a onda senoidal da tensão estiver
passando pelo seu valor máximo; e quando estiver
passando pelo valor nulo.

12 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Curto-circuito Assimétrico

CASO 1
Supondo que o curto-circuito ocorra no instante em que
a tensão passa pelo seu valor senoidal máximo. Como
consideramos o circuito elétrico do transformador
puramente indutivo (defasagem 90º entre I e V),
devemos compreender que a corrente primária estará
passando pelo seu valor nulo (IP = 0).
No instante logo após o curto-circuito, a corrente
tenderá a assumir valores bem maiores do que os
valores nominais, porém também estará partindo do
valor nulo. Portanto, não haverá descontinuidade do
sinal de corrente.

13 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Curto-circuito Assimétrico

I(t)

t [s]

E(t)

A ausência da descontinuidade no sinal da corrente


caracteriza a ausência do termo transitório. E, portanto,
o curto-circuito é SIMÉTRICO.

14 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Curto-circuito Assimétrico

CASO 2
Supondo que o curto-circuito agora ocorra no instante
em que a tensão passa pelo seu valor senoidal nulo.
Como consideramos o circuito elétrico do transformador
puramente indutivo, compreendemos que a corrente
primária estará passando pelo seu valor máximo
(IP = [máx]).
No instante logo após o curto-circuito, a corrente
tenderá a assumir valores bem maiores do que os
valores nominais, mas agora saindo do valor nulo.
Neste momento, há uma descontinuidade da corrente
primária do equipamento.

15 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Curto-circuito Assimétrico

I(t)

t [s]

E(t)

A curva em azul mostra a componente exponencial do


sinal da corrente após o curto-circuito. A
descontinuidade neste caso caracteriza o curto-circuito
ASSIMÉTRICO.
16 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Curto-circuito Assimétrico

Com o surgimento da componente exponencial, o valor


máximo da corrente de curto-circuito chega a valores
muito maiores do que os valores típicos para curto-
circuitos simétricos.
Portanto, o núcleo projetado inicialmente irá saturar
muito antes da corrente primária alcançar seu valor
máximo, e não será capaz de atuar os relés de
proteção.

17 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Identificando os problemas

Podemos compreender agora as limitações de um


núcleo de proteção convencional frente a casos
específicos de curto-circuito:
• não desmagnetiza em tempo hábil para poder
“enxergar” o segundo ciclo de operação do disjuntor; e
• satura antes da corrente primária alcançar seu nível
máximo de curto-circuito.

18 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Conceitos Básicos

Antes de começarmos a abordar tais problemas, há a


necessidade de definirmos alguns conceitos básicos
que estarão nos ajudando a compreender melhor os
efeitos envolvidos, e nos ajudando a encontrar as
soluções viáveis.
Comecemos pelas Constantes de Tempo.

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Constantes de Tempo

A constante de tempo de um circuito elétrico é definida


pela razão entre a indutância equivalente do circuito
sobre a resistência equivalente do mesmo.

Leq
T= [s ]
Req

20 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Constantes de Tempo

Nos nossos cálculos, estaremos sempre tratando com


duas constantes de tempo: a constante de tempo
primária e a secundária.
A constante de tempo primária reflete os valores do
circuito primário do transformador. Isto é, os
parâmetros do próprio Sistema Elétrico. Este é um valor
que necessariamente deve ser fornecido pelo cliente
para o projeto de um transformador linearizado.

L1
T1 = [ s ]
R1

21 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Constantes de Tempo
Para o cálculo da constante de tempo secundária do
transformador, consideremos o seguinte circuito elétrico
equivalente de um TC:

Z’1 Z2
L’1 R’1 L2 R2
U2
I’1 I0 I2 Lc
Lo Rp

Carga
U’1 Iµ Iω E2 Zc
Rc

22 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Constantes de Tempo

Curto-circuitando os terminais secundários, e


desconsiderando a parte resistiva das perdas do TC,
temos a seguinte representação do circuito secundário:

I’1 I2
I0
L2
L0
Rt

23 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Constantes de Tempo

Do circuito, observamos que:

i1 = i2 + i0

E através do equacionamento das malhas, podemos


dizer que:

di0 di2
L0 = L2 + Rt i2
dt dt

24 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Constantes de Tempo
Agora, substituindo a segunda equação na primeira,
temos:

di0 R2 L2 di1 Rt
+ i0 = + i1
dt L0 + L2 L0 + L2 dt L0 + L2

Que vamos simplificar na seguinte equação diferencial:

di0 1 di1 1
+ i0 = p + i1
dt T2 dt T2

Onde: L2 e L0 + L2
p= T2 =
L0 + L2 Rt
25 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Constantes de Tempo
Define-se, portanto, a constante de tempo secundária
de um transformador de corrente como sendo a razão
entre a soma da indutância de magnetização com a
indutância do circuito secundário, e a resistência do
enrolamento secundário:
L0 + L2
T2 =
R2 + Rc

Devemos notar que a constante de tempo secundária


está diretamente ligada à razão entre a corrente
primária e a corrente de magnetização. A razão entre
as duas que definirá o erro do núcleo de proteção.

26 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Fator de Assimetria

Já foi visto previamente que, dependendo do momento


da falha, o curto-circuito pode ser simétrico ou
assimétrico.
O fator de assimetria é definido como a razão entre o
valor de crista máximo da corrente de curto-circuito e o
valor eficaz de sua componente senoidal.
Para iniciarmos os cálculos destes valores, precisamos
ter em mente o instante em que ocorreu o curto-
circuito. Isto é, a fase (ângulo) da onda no instante do
evento.

27 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Fator de Assimetria

Normalmente consideraríamos que o curto ocorreu no


instante t0 = 0 segundos. Porém, para montarmos uma
equação genérica, assumiremos que o curto-circuito
ocorre num instante t0 genérico onde o ângulo da onda
será definido como φ.
Como o transformador está conectado a um Sistema
Elétrico, devemos subtrair o ângulo φ do ângulo do
sistema, isto é, relacionado à constante de tempo
primária do sistema.

ϖ ⋅ L1
θ = arctg = arctg ϖ ⋅ T1
R1

28 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Fator de Assimetria

Portanto, denominamos como δ o ângulo da corrente


primária no instante do curto-circuito, onde:

δ = φ −θ
O maior valor de crista ocorre em um tempo
denominado ta que depende do instante em que
ocorreu o curto-circuito, ou seja, depende do angulo φ,
conseqüentemente do ângulo δ, e ainda da constante
de tempo primária T1. A equação que representa este
tempo é:
π
−δ
ta = 2
ϖ
29 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Fator de Assimetria

Por fim, o fator de assimetria deve ser calculado pela


seguinte equação:

⎡ −ta

A = ⎢− sen δ ⋅ e + sen (ϖ ⋅ t a + δ )⎥ ⋅ 2
T1

⎢⎣ ⎥⎦

Consideremos, a seguir, os dois casos extremos: um


curto-circuito totalmente simétrico, e outro, totalmente
assimétrico, e calculemos os seus fatores de
assimetria.

30 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Fator de Assimetria

Para iniciarmos nossos cálculos, vamos supor que a


constante de tempo primária seja de T1 = 100 ms, e
que a freqüência do sistema seja de 60 Hz.

ϖ ⋅ L1
θ = arctg = arctg ϖ ⋅ T1 ≅ 90°
R1

31 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Fator de Assimetria

CASO 1: Assimetria Total, φ = 0


Como o circuito é considerado indutivo, sabemos que a
corrente está defasada (atrasada) da tensão de 90°,
portanto de π/2. Para considerarmos um curto
totalmente assimétrico, devemos entender que:

π
δ = φ −θ e δ =−
2

32 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Fator de Assimetria

CASO 1: Assimetria Total, φ = 0

π
−δ
1
ta = 2 = = 0,0083 s
ϖ 2⋅ f

E portanto:

⎡ −ta

A = ⎢− sen δ ⋅ e T1 + sen (ϖ ⋅ t a + δ )⎥ ⋅ 2 = 2,72
⎢⎣ ⎥⎦

33 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Fator de Assimetria

CASO 1: Assimetria Total, φ = 0


Conclusão:
Para uma assimetria de 100%, sabemos que o fator de
Assimetria é igual a 2,72.

34 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Fator de Assimetria

CASO 2: Simetria Total, φ = π/2


Para considerarmos um curto totalmente simétrico,
sabemos que:

δ = φ −θ e δ =0

35 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Fator de Assimetria

CASO 2: Simetria Total, φ = π/2

π
−δ
1
ta = 2 = = 0,0042 s
ϖ 4⋅ f

E portanto:

⎡ −ta

A = ⎢− sen δ ⋅ e T1 + sen (ϖ ⋅ t a + δ )⎥ ⋅ 2 = 1,41
⎢⎣ ⎥⎦

36 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Fator de Assimetria

CASO 2: Simetria Total, φ = π/2


Conclusão:
Para uma Simetria total, sabemos que o fator de
Assimetria é igual a 1,41.

37 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Núcleo com entreferro
No instante da interrupção da corrente de curto-circuito
primária, a indução no núcleo de proteção convencional
do TC pode estar próxima de seu valor máximo.
Interrompida a corrente, a indução começa a cair,
segundo uma exponencial definida pela constante de
tempo secundária T2, atingindo um valor final, dito
indução remanescente, que pode ser da ordem de 70% a
80% da indução no instante da interrupção da corrente.

φsat − tm
−tm T2 =
Br
Br = Bs ⋅ e T2
ln
80% φsat Bs

tm
38 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Núcleo com entreferro
Por exemplo, vamos considerar um núcleo
convencional em um sistema cujo tempo morto é de
350 ms. Sabendo que a razão entre a indução residual
e a indução de saturação é de 0,8 (ou 80%), temos:

− tm − 0,35
T2 = = = 1,56 segundos
Br ln 0,8
ln
Bs

Para atingirmos uma indução remanescente de 10%,


devemos ter uma constante de tempo secundária de:

− tm − 0,35
T2 = = = 0,152 segundos
B ln 0,1
ln r
Bs

39 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Núcleo com entreferro

Para se conseguir uma desmagnetização mais rápida,


há a necessidade de uma constante de tempo
secundária menor. Para diminuirmos o valor desta
constante, necessitamos diminuir a indutância de
magnetização do núcleo - L0. E para diminuirmos esta
indutância, a solução mais prática é a introdução de
pequenos entreferros ao longo do núcleo.
A introdução de um entreferro diminui o valor da
indutância representativa do ramo magnetizante,
diminuindo o valor da constante de tempo T2 e
aumentando o valor da corrente de magnetização i0.

40 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Núcleo com entreferro
Porém, este aumento do valor da corrente de
magnetização i0 gera um aumento do erro do TC, que
pode ser traduzido nas seguintes equações:

~ − 100 ⋅ X 2
Erro de relação: ε % =
X0 + X2
3438 ⋅ R2
Erro de fase: δ min =
X0 + X2

100 ⋅ Z 2 r
Erro total: ε % =
X0 + X2
Nota: Para TC de enrolamentos distribuídos simetricamente, X2 é
desprezível.

41 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Núcleo com entreferro

A introdução do entreferro permite a desmagnetização


do núcleo durante o tempo morto no religamento. Este
entreferro não impede, no entanto, que o TC se sature
durante os primeiros ciclos da corrente de curto-circuito
se esta apresentar uma componente exponencial
(curto-circuito assimétrico).
Conforme a análise do TC feita até este momento,
considerou-se uma corrente de curto-circuito simétrica,
o que implica que o TC só elabora uma resposta dentro
dos limites de precisão especificados quando, tendo
ocorrido um curto-circuito assimétrico, a componente
exponencial tiver (praticamente) desaparecido.

42 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Núcleo com entreferro

Os TC’s vistos até agora são utilizados para


alimentarem relés que não atuam ou não necessitam
atuar nos primeiros ciclos de curto-circuito (i.e. relés
eletromecânicos).
E ainda não definimos como evitar que o núcleo sature
com a presença da componente exponencial da
corrente de curto-circuito, que provoca a saturação do
núcleo muito antes do que a componente simétrica.
Em busca desta solução, vamos passar a trabalhar
com um núcleo de proteção com seção majorada.

43 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Núcleo com seção majorada

A finalidade da majoração do núcleo de proteção é


evitar a saturação por uma corrente de curto-circuito
assimétrica.
Com a majoração, este núcleo terá uma indutância
característica L0 muito grande, e a corrente de
magnetização i0 será, portanto, desprezível durante
todo o curto-circuito.
Conseqüentemente, a corrente de curto-circuito
primária será perfeitamente reproduzida no secundário.

44 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Coeficiente de majoração

A relação entre o fluxo exponencial e o fluxo senoidal


da onda da corrente de curto-circuito é dada pela
equação abaixo:
φ exp max X2
= ϖ ⋅ T1 ⋅ cos β onde β = arctg
φ sen max R2

Então, define-se como Fator de Majoração a seguinte


relação:
φ totalmax
M=
φ senmax

45 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Coeficiente de majoração
Por exemplo, para um TC alimentando uma carga Z
qualquer, com fator de potência cosβ, temos:
φ totalmax φ exp max φ sen max
M= = + = ϖ ⋅ T1 ⋅ cos β + 1
φ senmax φ sen max φ sen max

Sendo a constante primária igual a 100 ms e cosβ = 0,8


temos:
M = 31,16

Isto significa que, para o núcleo atender as


características transitórias no instante do curto-circuito,
ele deve possuir uma seção 31,16 vezes MAIOR que
um núcleo projetado para atender um curto-circuito
puramente simétrico.
46 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Coeficiente de majoração

Núcleos de seção majorada pelo fator M só se


justificam quando a proteção deve operar nos primeiros
ciclos do curto-circuito fortemente assimétricos, com
reprodução fiel desta corrente no secundário.
Porém, a simples majoração da seção do núcleo pelo
fator M não significa que todos os problemas para a
reprodução fiel da corrente de curto-circuito primária no
secundário tenham sido resolvidos.
A indução remanescente de até 80% para os núcleos
deste tipo implica aumentar ainda mais o fator de
majoração da seção.

47 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Coeficiente de majoração

Se a corrente de curto-circuito é totalmente assimétrica,


e com a amplitude máxima prevista, o valor instantâneo
do fluxo no núcleo, no instante da abertura do disjuntor,
estará bem próximo do valor correspondente à
saturação.
Aberto o disjuntor, a indução decrescerá muito
lentamente, ao longo do tempo, uma vez que a
constante de tempo secundária do TC de núcleo de
seção majorada pode atingir vários segundos.

48 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Coeficiente de majoração

No instante do religamento, após o tempo morto, a


indução remanescente ainda será muito elevada. Se a
falta persistir, e se a corrente de curto-circuito exigir do
núcleo uma variação do fluxo de mesma polaridade que
a anterior, a reprodução da corrente de curto-circuito
será altamente incorreta.
A introdução de um pequeno entreferro pode resolver o
problema da remanescência, da mesma maneira que
vimos previamente. Se o religamento, no entanto,
ocorre em um tempo muito curto (na casa de
centésimos de milissegundos) isto não elimina a
necessidade de majorar a seção do núcleo.

49 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado

Dispondo de todos conceitos básicos referentes a um


ciclo transitório de operação de um transformador de
proteção, estamos capacitados a resolvermos os dois
problemas colocados inicialmente:
• a não-desmagnetização do núcleo em tempo hábil
para poder “enxergar” o segundo ciclo de operação do
disjuntor; e
• a saturação do núcleo antes da corrente primária
alcançar seu nível máximo de curto-circuito.
A solução para estes dois problemas será um núcleo
com seção majorada e pequenos entreferros: um
núcleo linearizado.

50 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado
A seguir está o ciclo de operação C-O (Close-Open) do
regime transitório:

φ sat

Bs

10% Bs
t [s]
t’al t’

tm

Nota: este ciclo é mais comum próximo da geração, onde a


constante de tempo primária é grande (~ 250 ms).
51 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado

Onde:
t’al = tempo de atuação da proteção (relé)
t’ = tempo de comando de abertura de disjuntor
tm = tempo para desmagnetização até 10% da indução de
saturação (remanência)

52 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado

Precisamos agora definir o fator de majoração do núcleo


para que este possa “enxergar” a corrente de curto-
circuito assimétrica. O fator de majoração M traduz
quantas vezes o fluxo máximo total, num TC alimentando
uma carga Z2 qualquer, é maior que o fluxo máximo
senoidal, num TC alimentado com uma carga resistiva
R2:


ϖ ⋅ T1 ⋅ T2 ⎜ T1
− t 'al − t 'al

M= e − e T2 ⎟+ 1
T1 − T2 ⎜⎝ ⎟ cos β

53 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado
Após o estabelecimento do curto-circuito, a corrente i0
passa por um valor máximo, que ocorre [tmax] segundos
após o instante do curto. Caso este tempo tmax for menor
que o instante tal’ (exigido pelo cliente), então o fator de
majoração será definido por este tempo. Ele é dado pela
seguinte equação:

T1 ⋅ T2 T1
t max = ⋅ ln
T1 − T2 T2
E portanto a equação do fator de majoração deve ser
adequada para:


ϖ ⋅ T1 ⋅ T2 ⎜ T1
− t max − t max

M= e − e T2 ⎟+ 1
T1 − T2 ⎜⎝ ⎟ cos β

54 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado
Um exemplo:
Seja um núcleo num sistema de constante de tempo
primária igual a 100 ms, com constante de tempo
secundária igual 60 ms e um tempo máximo calculado
igual a 77 ms.
Consideremos que o cliente especificou uma carga cujo
cosβ = 0,8 e definiu o tempo para atuação da proteção
como 100 ms. Então devemos usar o tempo máximo ao
invés deste tempo.
Temos:


ϖ ⋅ T1 ⋅ T2 ⎜ T1
− t max − t max

M= e − e T2 ⎟ + 1 = 11,76
T1 − T2 ⎜⎝ ⎟ cos β

55 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado

Conclusão:
Isto significa que, para este núcleo, agora com entreferros,
atender as características transitórias no instante do curto-
circuito, ele deve possuir uma seção 11,76 vezes MAIOR
que um núcleo projetado para atender um curto-circuito
puramente simétrico.
Isto é, com o entreferro, o fator de majoração neste caso, é
praticamente 3 vezes menor que o fator do núcleo sem
entreferros porém com seção majorada.

56 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado
Uma vez que o TC linearizado deve fornecer uma corrente
secundária que retrate a corrente de curto-circuito no
regime transitório, o núcleo também deve atender ao erro
máximo da classe especificada.
O erro do TC linearizado é medido em relação ao valor de
crista da corrente de curto-circuito e é dado pela seguinte
equação:
100 ⋅ i0
εˆ% =
I
E pode ser escrita em função do fator de majoração:


100 ⋅ T1 ⎜ T1
− t 'al − t 'al
⎞ 1
εˆ% = e − e T2 ⎟+
T1 − T2 ⎜⎝ ⎟ ϖ ⋅ T2 ⋅ cos β

57 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado
A introdução de um entreferro não mais permite que a
corrente de magnetização i0 seja desprezível. Sendo que a
corrente de magnetização possui uma componente
exponencial que depende da característica construtiva do
entreferro (T2), a corrente secundária não será mais uma
imagem fiel da corrente de curto-circuito primária. Porém,
estará dentro dos limites pré-estabelecidos de precisão.
A introdução do entreferro reduz a constante de tempo
secundária, o que facilita a desmagnetização do núcleo
durante o tempo morto no religamento. Conforme as
dimensões do entreferro, a remanescência pode ser
reduzida a um valor máximo de 10% da indução de
saturação ou mesmo ser desprezível.

58 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado
Um regime transitório também pode possuir dois ciclos de
operação, conhecido como ciclo C-O-C-O (Close-Open-
Close-Open), que é ilustrado a seguir:
φ sat M12
M1

t’al t’ t’’al t’’ t [s]


tm
Nota: este ciclo é mais comum para sistemas de transmissão de alta e extra alta
tensão, onde a constante de tempo primária é em torno de 80 a 150 ms.

59 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado

Onde:
t’al = tempo de atuação da proteção para o 1° ciclo (relé)
t’ = tempo de comando de abertura de disjuntor no 1° ciclo
tm = tempo morto - intervalo de tempo de interrupção da
corrente de curto-circuito
t’’al = tempo de atuação da proteção para o 2° ciclo (relé)
t’’ = tempo de comando de abertura de disjuntor no 2° ciclo

60 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado

Quando o regime transitório possui dois ciclos de operação,


o fator de majoração M será dado pela equação abaixo:
− (t m + t ''al )

M = A1 ⋅ M 1 ⋅ e T2
+ A2 ⋅ M 2

Onde:
⎛ −t '
ϖ ⋅ T1 ⋅ T2 ⎜ T1
−t '
T2 ⎟
⎞ 1
M1 = e −e +
T1 − T2 ⎜⎝ ⎟ cos β


ϖ ⋅ T1 ⋅ T2 ⎜ T1
− t ''al − t ''al

M2 = e − e T2 ⎟+ 1
T1 − T2 ⎜⎝ ⎟ cos β

61 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado

Atualmente, há somente uma norma internacional que


regulariza os parâmetros dos núcleos de proteção
linearizados - a IEC 60044.6/1992.
De acordo com esta norma, sempre que o regime
transitório for definido por 1 ciclo, o fator de majoração M1
será definido como ktf.
E, sempre que o regime transitório for definido por 2
ciclos, o fator de majoração M12 será definido como ktd.
Ainda de acordo com esta norma IEC, os núcleos
linearizados podem ser definidos como PR, TPX, TPY e
TPZ.

62 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado

Classe PR:
São núcleos clássicos providos de entreferro que permite
a desmagnetização do núcleo durante um tempo morto
no religamento.
As exigências de precisão são idênticas às exigidas do
TC clássico sem entreferro. O erro devido à presença do
entreferro deve ser considerado.

63 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado

Classe PR:
Erro devido ao nível de indução no núcleo:
T
100 1
εC%=
I ef T ∫
o
( K n i 2 − i1 )2 dt

Erro devido à presença do entreferro:


r 100 Z 2
ε%=
X0+ X2

Erro total:
r
ε~T % = ε C% +ε %
64 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado

Classe TPX:
São núcleos de seção majorada e aplicados quando o
sistema de proteção exige que a corrente de curto-
circuito primária, em regime transitório, seja retratada
pela corrente secundária, dentro dos limites de precisão
especificados.
O erro é medido em relação ao valor de crista da corrente
de curto-circuito, uma vez que se trata de regime
transitório.
O erro instantâneo é:
100 i0
εˆ0 % =
I
65 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado

Classe TPY:
São núcleos de seção majorada e com entreferro
correspondente ao fator de majoração.
O erro é medido em relação ao valor de crista de curto-
circuito, uma vez que se trata de regime transitório.
São núcleos aplicados quando o sistema de proteção
exige que a corrente de curto-circuito primária, em regime
transitório, seja retratada pela corrente secundária, nas
componentes exponencial e senoidal, dentro dos limites
de precisão especificados.

66 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado

Classe TPY:
Erro devido ao nível de indução no núcleo:

100 i0
εˆ0 % =
I
Erro devido à presença do entreferro relativo às duas
componentes:
100 M
εˆ% =
ω T2
Erro total:

εˆT % = εˆ0 % + εˆ%


67 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado

Classe TPZ:
São núcleos de seção majorada e com entreferro
correspondente ao fator de majoração.
O erro é medido em relação ao valor de crista de curto-
circuito, uma vez que se trata de regime transitório.
São núcleos aplicados quando o sistema de proteção
exige que a corrente de curto-circuito primária, em regime
transitório, seja retratada pela corrente secundária,
somente na componente senoidal, dentro dos limites de
precisão especificados.

68 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
O Transformador Linearizado

Classe TPZ:
Erro devido ao nível de indução no núcleo:

100 i0
εˆ0 % =
I
Erro devido à presença do entreferro relativo às duas
componentes:
r 100 ⋅ Z 2
ε%=
X0 + X2
Erro total:
r
εˆT % = εˆ0 % + ε %
69 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Análise de Erros de um TC

TC Clássico em regime permante

Classe Erro de relação a In Erro de fase à In Erro composto à


[%] [minutos] corrente limite de
precisão [%]
5P ±1 ± 60 5

10P ±3 - 10

70 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Análise de Erros de um TC

TC linearizado:

Classe Erro de relação a In Erro de fase à In Erro instantâneo [%]


[%] [minutos]
TPX ± 0,5 ± 30 10

TPY ±1 ± 60 10

TPZ ±1 180 ± 18 10

71 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Dimensionamento
Dimensional, da esquerda para a direita:
5P20, TPX, TPY, TPZ - 10 VA

72 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Testes

TC Clássico
E = (Rcarga + R2).I.Kssc
E = 60 [V]
I0 = 0,17 [A]

73 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Testes

Classe TPX
E = (Rcarga + R2).I.Ktf.Kssc
E = 795 [V]
I0 = 0,80 [A]

74 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Testes

Classe TPY
E = (Rcarga + R2).I.Ktf.Kssc
E = 803 [V]
I0 = 5,8 [A]

75 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Testes

Classe TPZ
E = (Rcarga + R2).I.ktf.Kssc
E = 540 [V]
I0 = 45 [A]

76 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Especificação de TC’s linearizados

Cada classe de núcleo linearizado exige certos


parâmetros a serem fornecidos pelo cliente, que veremos
a seguir.

77 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Especificação de TC’s linearizados

Classe PR:
• 5PR ou 10PR;
• Fator de sobrecorrente;
• Carga a ser atendida;
• Constante de tempo secundária (T2) ou tempo de
desmagnetização (tm).
A relação entre a constante de tempo secundária e o
tempo de desmagnetização é de acordo com a seguinte
fórmula:
−tm Onde o erro será 5% ou 10%, de
acordo com a classe exigida pelo
ε% = e T2
cliente.
78 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Especificação de TC’s linearizados

Classes TPX, TPY e TPZ:


• tempos do ciclo de operação t’al, t’, tfr, t’’al e t’’;
• constante de tempo primária T1;
• fator de curto-circuito simétrico Kssc;
• carga a ser atendida Rb e fator de potência (cos φ);
• fator de assimetria A do curto-circuito (entre 0 e 100%).

79 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Especificação de TC’s linearizados
Tempos do ciclo de operação

tal’ t’ tal’
tfr t’

80 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Especificação de TC’s linearizados

Constante de tempo primária T1


L X
T 1= = ( seg )
R R (2πf )

Fator de curto-circuito simétrico Kssc


Ipsc
kssc =
I1

81 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Variáveis de saída

Após os cálculos do núcleo linearizado, devemos ter em


conta as variáveis de saída para verificação da classe
exigida.
São elas:
Eal = K td ⋅ K ssc ⋅ (Rb + Rct ) ⋅ I 2 [V ]
X 0 = ϖ ⋅ RT ⋅ T2 [Ω]

I al =
Eal 2 ⋅ K ssc ⋅ I 2 ⋅ K td
[ A] I al ≤ [ A]
X0 ϖ ⋅ T2

4,8 ⋅ ⎛⎜ f ⎞⎟ ⋅ S N ⋅ N S ⋅10 −6
2

e= ⎝ 60 ⎠ [mm]
X0

82 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Variáveis de saída

Ktd é o fator de majoração de acordo com o ciclo:

Ciclo CO

Ciclo CO-CO

83 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Variáveis de saída

É importante observar que há também algumas variáveis


de controle, que podem ser “controladas” para tanto
ajustarmos o erro do núcleo quanto para ajustarmos sua
majoração.
Lembrando que:

L0 + L2
T2 =
R2 + Rc
Portanto, para controlarmos a indutância de
magnetização do núcleo, podemos controlar tanto a
resistência do enrolamento quanto a constante de
tempo secundária do circuito.

84 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Variáveis de saída

Para reduzirmos o tamanho do núcleo, devemos atuar


diretamente sobre seu fator de majoração. Para reduzí-lo,
uma das variáveis diretamente proporcionais que pode
ser controlada é a constante de tempo secundária.
Ao forçá-la para valores menores, é possível reduzir o
fator de majoração, e muitas vezes conseguir encaixar o
núcleo em equipamentos menores. Porém, a constante
de tempo secundária é inversamente proporcional ao erro
do núcleo. Portanto, a redução da constante T2 é limitada
ao erro da classe, que não pode ser ultrapassado.

85 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Variáveis de saída

Ainda com relação à constante secundária, ela também


deve ser controlada quando o núcleo TPY precisar
atender uma classe 5P, onde o erro na corrente nominal
deve ser menor que 1%.
Portanto, uma saída nestes casos é ir no sentido
contrário: aumentar a constante secundária. Desta
maneira haverá um entreferro menor, e portanto o erro no
regime permamente será menor, o que possibilitará gerar
um núcleo com dimensões menores.

86 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Variáveis de saída

A outra variável é a resistência do enrolamento do


núcleo. Ela pode ser variada alterando a bitola do fio
usado na bobinagem secundária.
Na maioria das vezes, torna-se extremamente mais
econômico usar fio chato ao invés de fio AWG, para
permitir resistências bem menores e diminuir, portanto, o
fator de majoração do núcleo.

87 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Exemplos de projeto

t2 0,314
t´ 0,060
t´al 0,017
tfr 0,500
w 376,991
KSSC 20,000
RCT 0,650
Rb 8,000
I2 5,000
KTD 8,663394
EAL 7493,836

88 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
CONTATO
Engº Fabiano Correia
Coordenador Técnico-Comercial
Telefone:(35) 3629-7190
Fax:(35) 3629-7007
fabiano.correia@areva-td.com

89 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia
Muito obrigado!

90 Comportamento do Transformador de Corrente durante o Regime Transitório – 2009 – Fabiano Amaral Correia

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