2012
PROJETO DETALHE
Formação
Graduado em engenharia elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1969. Mestre
em Engenharia em 1978, pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá, com os créditos obtidos em 1974
através do Power Technology Course do P.T.I – em Schenectady, USA. Estágio em Sistemas Digitais de
Supervisão, Controle e Proteção em 1997, na Toshiba Co. e EPDC – Electric Power Development Co. de
Tokyo – Japão.
Engenharia Elétrica
Foi empregado da CESP – Companhia Energética de São Paulo no período de 1970 a 1997, com
atividades de operação e manutenção nas áreas de Proteção de Sistemas Elétricos, Supervisão e
Automação de Subestações, Supervisão e Controle de Centros de Operação e Medição de Controle e
Faturamento. Participou de atividades de grupos de trabalho do ex GCOI, na área de proteção, com ênfase
em análise de perturbações e metodologias estatísticas de avaliação de desempenho.
Atualmente é consultor e sócio administrador da Virtus Consultoria e Serviços Ltda. em São Paulo – SP. A
Virtus tem como clientes empresas concessionárias, empresas projetistas na área de Transmissão de
Energia, fabricantes e fornecedores de sistemas de proteção, controle e supervisão. Já prestou serviços ao
Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo e Instituto Presbiteriano Mackenzie.
Área Acadêmica
A impedância de um transformador de potência (> 5000 kVA) pode ser representada apenas
por uma reatância indutiva, desprezando as perdas e desprezando o ramo de magnetização.
Do modelo abaixo:
R1 j X1 R2 j X2
I1 I2
V1 Rp j Xm e1 e2
V2
N1:N2
Ideal
São desprezadas:
j (X1+[N1/N2]2.X2)
N1:N2
Ideal
j (X2+[N2/N1]2.X1)
N1:N2
Ideal
Ensaio de curto-circuito
Icc2
Icc1
CURTO-
TRAFO TRIFÁSICO CIRCUITO
FONTE
TRIFÁSICA
Neste ensaio, aplica-se uma tensão Vcc1 para que se tenha corrente nominal do
transformador, isto é:
N1:N2
Ideal
Vcc1
2
Xcc1 = [X1 + (N1/N2) .X2] =
3 ohms (visto do lado 1)
Inom1
Caso o ensaio de curto-circuito seja feito pelo outro lado do Transformador, teríamos:
j (X2+[N2/N1] 2.X1 )
N1:N2
Ideal
Vcc 2
2
Xcc2 = [X2 + (N2/N1) .X1] =
3 ohms (visto do lado 2)
Inom 2
Nota-se que os valores Xcc1 e Xcc2 são valores em ohms, numericamente diferentes.
Ambos representam a impedância de dispersão total do transformador, referidos a lados
diferentes.
2
Zbase(lado1) = kV1 /MVAnominal = [ (Vnom1 / 3 ) / Inom1]
2
Zbase(lado2) = kV2 /MVAnominal = [ (Vnom2 / 3 ) / Inom2]
E os valores Xcc1 e Xcc2 podem ser calculados, agora, com relação às respectivas bases:
Xcc1(%)
Xcc1(ohms ) x100
Xcc1x100
N 2 / N1 xXcc1x100
2
=
Zbase1 Vnom1 3 2 Vnom1 3
( N 2 / N1) x
Inom1 Inom1
Finalmente, como Xcc1 (%) = Xcc2 (%), pode-se representar um transformador de dois
enrolamentos através da sua impedância percentual (ou p.u. = % / 100):
j X (% ou pu)
R (pu ou %) j X (pu ou %)
1.2 POLARIDADE
H1 Y1
Y2
H2
Quando num transformador, não se conhece (ou se deseja confirmar) as polaridades dos
enrolamentos, se faz o teste da polaridade:
V1 V2
Transformador Transformador
sob ensaio sob ensaio
V1 V2 V1 V2
Polaridade Polaridade
“aditiva” “subtrativa”
Exemplo com defasamento de + 30 graus, com o lado estrela adiantado com relação ao
lado delta (conexão Dy11 ou Yd1). Fisicamente as fases são conectadas conforme a figura
a seguir.
c
B
a
C
Esquematicamente:
A
a = (A - C)
B
b = (B - A)
C
c = (C - B)
Com base nas conexões físicas mostradas, pode-se compor o diagrama vetorial das
tensões de linha de ambos os lados:
+30o
c
B
Alternativa
3 2 1
b c a A
c a b B
a b c C
Mudando a conexão para – 30 graus, ao invés dos + 30 graus mostrados, haveria três
outras possibilidades de defasamento, como mostrado a seguir:
Alternativa invertendo o Delta Defasamento (Lado Estrela com relação ao Lado Delta
1 - 30 graus
2 - 150 graus
3 + 90 graus
imag
V e N
Essa FMM, produz fluxo que se fecha pelo ar ou por outro caminho que não seja o núcleo
do transformador, que é o chamado fluxo disperso:
imag
núcleo
1
V e
Disp1 N .1
LDisp1 Henrys
imag i mag
R1 j X1
N
i mag iperda imag
V Rp j Xm e
Para sistemas de potência de Alta e Extra Alta Tensão, as resistências são desprezadas
nos modelos matemáticos utilizados. Assim, o modelo será:
jX
i mag
Os reatores shunt são conectados em estrela aterrada, ligados a cada fase do sistema
trifásico. Podem ser trifásicos (núcleo de três pernas) ou banco de reatores monofásicos
(cada fase com um núcleo).
A
Esquematicamente:
A
B
B
C
C
kV 2 kV 2 3.kV .I n
Potencia( MVAr ) onde, kV é a tensão de linha.
X (ohms) kV .1000 1000
3 xI n
Entretanto, para condição de seqüência zero, os fluxos têm mesmo módulo e ângulo nas
três fases e sua somatória é obrigada a fechar pelo ar / carcaça / óleo (circuito magnético
de baixa permeabilidade, com baixa indutância ou baixa reatância de magnetização).
Assim sendo, a impedância de seqüência zero desse reator (3 pernas) terá um valor bem
menor que a reatância de seqüência positiva (cerca de 7 a 8 vezes menor).
Esquematicamente:
B B
Para condição de seqüência zero os fluxos têm mesmo módulo e ângulo nas três fases,
porém cada fase tem o caminho magnético pelo respectivo núcleo. Assim, a impedância de
seqüência zero é praticamente igual à de seqüência positiva
Transformadores de Potência
Comutadores de Transformadores
Termômetros de óleo.
Sensores de pressão.
Reatores Shunt
Por outro lado, existem as chamadas proteções por relés. Utilizam-se proteções que podem
ser configuradas conforme filosofia e esquema de proteção desejada. As funções de proteção
relacionadas com a proteção de transformadores e reatores estão mostradas nos itens
seguintes.
Uma proteção diferencial ou uma função diferencial tem a finalidade de detectar curto-
circuito na sua área de supervisão, área essa que fica entre os TC’s que adquirem as
correntes medidas pela proteção, e prover imediato desligamento do equipamento
protegido quando da atuação.
A proteção diferencial não tem a finalidade de detectar faltas internas insipientes, do tipo
“arcing faults”, que podem ocorrer no transformador. Essas faltas são detectadas por
algumas das proteções intrínsecas do equipamento, mas em geral são detectadas por
técnicas de manutenção preditiva (análise periódica de óleo mineral isolante).
Função
DIFERENCIAL
Deve considerar os efeitos de erros de precisão nos TC’s e TC’s auxiliares utilizados
para conexão da proteção.
Deve manter a estabilidade (não atuar) para curto-circuito externo à área protegida,
mesmo com saturação de TC.
Deve manter a estabilidade para correntes de magnetização transitória (energização)
quanto aplica a transformadores de potência.
Deve ter rápida atuação para curto-circuito interno, mesmo para aquelas faltas de
baixa corrente.
Diferencial Percentual
Equipamento ou
Área Protegida
Carga ou
Curto Externo
IA IB Re strição I A I B
r r IA IB
ou
o 2
ID
Operação I A IB
Para um curto externo, com grande corrente diferencial, a restrição também seria grande,
com o valor percentual da corrente diferencial não atingindo o valor de atuação. Para um
curto interno, a restrição continuaria grande, mas percentualmente a corrente diferencial
seria grande, e a proteção atuaria.
IOPER = IDIFER
Área de IA IB Área de
Operação Operação
Área de
Área de
Restrição
ID MÍNIMA ID MÍNIMA Restrição
IRESTR
| I A | | IB |
Num relé digital, compara-se através de algoritmos, a soma dos módulos da corrente
como grandeza de restrição e o módulo da soma das correntes como grandeza diferencial.
Muitas implementações podem ser feitas através dos algoritmos e filtragens, buscando
sempre a estabilidade para curtos externos e sensibilidade para curtos internos ao
equipamento protegido. Numa proteção digital também é possível alterar a inclinação da
característica percentual para correntes maiores, permitindo maior sensibilidade para
correntes menores (menos erro nos TC’s).
As proteções da série KBCH da Areva têm funções baseadas no princípio percentual. Ele
tem valores fixos de ajuste de “bias” (inclinação) para baixas correntes e para altas
correntes (20% e 80%):
CURTO
EXTERNO
Divisor de
corrente
ID
V R Ajustável
Secundário
de TC
totalmente
Saturado
R do
secundário
do TC
EXEMPLO 2
R Ajustável
V
ID
Secundário
de TC
totalmente
Saturado
R do
secundário
do TC
Se a proteção for ajustada para operar com valor > V, então ela será estável para curto
externo, mesmo com um TC totalmente saturado. Para ajuste dessa proteção há
necessidade de se conhecer:
Valor das resistências dos cabos secundários dos TC’s até a proteção (adota-se a
maior resistência).
Valor da resistência do secundário do TC (valor de fábrica).
RAJUSTÁVEL RLIMITADORA
Não Linear
Relé R
Esse tipo de proteção é muito utilizado para proteção de barras e também de reatores ou
para proteção de enrolamentos (restrita a terra).
Área Protegida
B = (b-a) b b
C = (c-b) c c
Carga Normal
ou
C = (c-b) C = (c-b)
B = (b-a) Proteção B = (b-a)
A = (a-c) Diferencial A = (a-c)
Figura 3.07 – Correção de Modulo e de Ângulo antes da medição pela Proteção Diferencial
Para condição de carga normal ou curto circuito trifásico externo, as correntes que entram
e saem da proteção diferencial (em cada fase) necessitam ser iguais entre si, em módulo e
ângulo.
Nestas condições o relé é estável para carga e para curto-circuito trifásico externo à zona
de proteção. Note que a zona de proteção da proteção diferencial é delimitada pelos TC’s
principais. Qualquer curto-circuito dentro da zona de proteção implicará em atuação da
proteção diferencial.
Figura 3.08 Exemplo de Conexão para relé KBCH-120 da AREVA para transformador delta / estrela
aterrada
Observa-se que os TC’s estão conectados em estrela aterrada e não há TC’s auxiliares. A
parametrização da proteção permite que sejam informados todos os dados da conexão
para que a proteção efetue, digitalmente, todas as adequações conforme conceito já
mostrado.
a
a
b b
c c
Curto-Circuito c b a
Fase-Terra
Externo
Proteção
c b a
Estável
Proteção
Diferencial
Essa providência pode ter um outro tipo de compreensão, quando se analisa a situação
de um curto circuito fase-terra, externo, em termos de componentes simétricas.
O mesmo caso anterior pode ser representado através de componentes simétricas como
mostra a figura seguinte:
Portanto, deve haver um Delta nos TC’s do lado B do transformador, seja nos TC’s
principais ou nos TC’s auxiliares (como na figura), para que não chegue corrente de
seqüência zero na proteção diferencial pelo lado B – caso contrário, não haveria
estabilidade para a proteção diferencial para curtos à terra externos ao transformador.
Regra Prática:
Regra Prática:
Proteções Digitais
Para relés de tecnologia digital, todo esse bloqueio é feito digitalmente, de modo que
grandezas equivalentes de ambos os lados sejam comparadas na função diferencial.
Como já mencionado, basta que sejam informados todos os dados da instalação para que
a proteção faça a necessária adequação.
Se a fase for fechada quando teoricamente a corrente está passando por zero, não há
deslocamento DC para esta fase, sendo que a forma de onda da corrente de magnetização
segue seu curso normal. Se, entretanto, o fechamento da fase é fora deste instante,
ocorrerá deslocamento da corrente no eixo vertical para acomodar a situação. Isto é,
aparece componente DC. E o deslocamento do eixo da corrente pode levar a saturação
do núcleo
Não atuar para a corrente de magnetização transitória, cujo valor de pico pode
ultrapassar 8 x I nominal.
Manter a sensibilidade para detectar curto-circuito mesmo durante a energização do
transformador.
Nesses relés, os circuitos são implementados para que houvesse filtragem da corrente
medida, no sentido de separar, na medida do possível e no limite da tecnologia existente, a
corrente fundamental (60 Hz) das correntes de frequência elevada. As correntes filtradas
de frequência elevada eram aproveitadas para restringirem a atuação da proteção
diferencial percentual, reforçando o circuito de restrição do principio percentual. A corrente
fundamental era levada ao circuito de operação (diferencial).
Nos modernos relés digitais, a tecnologia de filtragem, tanto das harmônicas como da
componente DC, já é bastante desenvolvida. Geralmente as componentes de 2ª. e 4ª.
Restrição por harmônica: a corrente harmônica, filtrada, pode ser parametrizada para
contribuir para a restrição, reforçando a corrente mostrada no eixo horizontal da figura 2.03
anterior (princípio percentual).
Bloqueio por harmônica: a corrente harmônica, filtrada é detectada a partir de certo valor
ajustado. Na detecção, a proteção pode ser parametrizada para bloquear a atuação da
proteção diferencial percentual naquela fase. Há opção também para “bloqueio cruzado”,
isto é, a detecção de harmônica em uma fase pode ser utilizada para bloquear todas as
fases, durante a existência dessa harmônica acima do limite ajustado.
A proteção KBCH possui um processo de restrição (com bloqueio do nível chamado “low
set”), através de algoritmo específico que detecta magnetização transitória. Isso, diz o
fabricante, para evitar atraso na proteção por detecção de segunda harmônica.
Há relés digitais que possuem filtros de 5ª. Harmônica, com possibilidade de uso dessa
corrente para alarme ou restrição. O relé KBCH utiliza a 5ª. Harmônica para restrição em
condição de sobrefluxo.
87T
87T
Para relés eletromecânicos esses TC’s auxiliares externos são sempre necessários. Para
relés digitais, essa função é feita digitalmente, com a vantagem de reduzir erro de relação
de transformação do dispositivo físico.
87T
Relé de 03 entradas
de corrente
Observa-se que neste caso a proteção diferencial deve possuir três entradas de corrente.
A soma das três correntes é que permitirá a verificação de existência de corrente
diferencial (curto-circuito dentro da área de proteção). TC’s auxiliares não são indicados
para uma clareza conceitual maior para a figura.
0o 30o
Bloqueia Bloqueia
sequência Zero sequência Zero
TR Aterramento
Zig-Zag
0o
30o
87T
Relé de 02
Corrige Defasamento
entradas de 30o
corrente (TC Aux externo ou digital embutido
na proteção)
O exemplo a seguir mostra um caso de uso de TC’s em paralelo para uma configuração de
barras do tipo “disjuntor e meio”:
Relé de 03 entradas
de corrente
Verifica-se neste caso que há soma de correntes do lado do esquema “disjuntor e meio”
através da conexão em paralelo dos lados secundários dos TC’s do vão. A conexão de TC’s
em paralelo para barras “disjuntor e meio” ou em “anel” é uma prática muito comum.
Por outro lado, quando a proteção diferencial possui mais entradas para corrente, pode-se
fazer como na figura a seguir:
87T
Relé de 04 entradas
de corrente
Deve-se mencionar, entretanto, que a prática de conectar TC’s em paralelo pelo lado
secundário é uma prática difundida em todo o mundo. Não se tem registrado, na prática,
dificuldades quanto a este aspecto. Recomenda-se que os TC’s em paralelo tenham
características iguais ou semelhantes.
Ajustes Básicos
o Para proteções que utilizam TC’s auxiliares externos, este ajuste deve ser maior.
- Erros de precisão de TC’s para altas correntes (que pode chegar a 10% ,
para cada conjunto de TC’s e TC’s auxiliares externos, dependendo da
especificação dos TC’s aplicados. Ver classe de precisão dos TC’s).
Aspectos a Considerar
Outros Ajustes
Trata-se do valor percentual de uma corrente harmônica (2ª. ou 4ª. ) que caracterize a
existência da magnetização transitória para a proteção. Nos relés KBCH a segunda
harmônica é utilizada para restrição.
Trata-se do valor percentual de uma corrente harmônica (3ª. ou 5ª.) que caracterize a
existência de sobrefluxo no núcleo, com chance de atuação errônea da proteção. Nos
relés KBCH a quinta harmônica é utilizada para restrição.
Trata-se do valor percentual de uma corrente harmônica (5ª.) ou valor de V/Hz (função
24), que caracterize a existência de sobrefluxo devido a sobretensão.
Para reator não há transformação de nível de tensão e a corrente que flui nos dois lados
do equipamento protegido é a mesma (lado da linha e lado do neutro). Assim sendo não
há dificuldades como aqueles mencionados para o caso de transformador, como a
adequação de defasamentos ou correção de módulos e bloqueio de seqüência zero.
LT
Reator “Shunt”
87R
Relé de 02 entradas
de corrente
Figura 3.17– Proteção Diferencial de Reator Shunt com TC’s de ambos os lados.
Carga Normal -
Proteção
Estável
Figura 3.18– Esquema Trifilar para Proteção Diferencial de Reator Shunt com TC’s de ambos os lados.
Assim sendo, a escolha de proteção (percentual ou de alta impedância) passa ser mais
uma questão econômica que estritamente técnica.
Pode ocorrer caso onde, do lado do neutro, existe apenas TC de neutro, como mostrado
na figura a seguir:
LT
Reator “Shunt”
87R
Esta proteção é específica para faltas à terra, no reator ou na área delimitada pelos TC’s.
Este esquema é muito utilizado, considerando que a probabilidade para faltas entre fases
(sem terra) é muito baixa. É a chamada proteção de terra restrita. O esquema trifilar
correspondente é mostrado na figura a seguir (uma das alternativas possíveis, mas
depende do tipo da proteção empregada – ver documentação da proteção):
Curto Externo
-
Proteção
Estável
87R
Figura 3.20– Esquema Trifilar de Proteção Diferencial de Reator Shunt com TC de neutro.
Para condição de curto circuito (altas correntes), o erro de TC pode chegar até a 10% para
cada conjunto de TC’s ou TC’s auxiliares. Isso deve ser levado em consideração para a
inclinação da característica percentual.
Para modernos relés digitais, há possibilidade de ajuste percentual menor para uma
faixa inferior e um ajuste percentual maior para faixas de corrente superiores. Para o
slope 1 (faixa inferior), um ajuste entre 10 e 20% tem sido executado. Para o slope 2
(faixa superior), um ajuste entre 20 e 25% tem sido executado.
Entretanto, como o erro de TC (corrente alta para o TC) ocorre geralmente para curto-
circuito interno à área protegida, esse erro não traz grandes preocupações, havendo
grande flexibilidade para um ajuste mais sensível.
Uma proteção diferencial para detecção de curtos-circuitos à terra na área protegida, que
mede apenas as correntes residuais ou de neutro dos circuitos dos TC’s (correspondentes
às correntes de terra), referentes a um enrolamento (estrela aterrada) de transformador,
chama-se Proteção Diferencial Restrita de Terra (REF - “Restricted Earth Fault”).
a
a
b b
c c
TC Neutro
87
REF
a
a
b b
c c
TC Neutro
REF
Figura 3.22– Proteção Terra Restrita (REF) – Conexão para relé digital 1 (KBCH)
Em alguns relés, a somatória das correntes dos TC’s para se obter a corrente residual se
faz digitalmente, como na figura a seguir:
a
a
b b
c c
TC Neutro
REF
Figura 3.23– Proteção Terra Restrita (REF) – Conexão para relé digital 2
Auto-Tranformador
REF
Figura 3.24– Proteção Terra Restrita (REF) Convencional – Conexão para Autotransformador
i0
i0
i0
Secundário i0 i0 i0
TR Abaixador
- Triângulo
3i0
87N
3i0
c
TR Zig-Zag
de
Aterramento
a
c
3i0
i0
Para o relé KBCH pode ser utilizado o seguinte esquema de conexão para a função REF
(64):
Figura 3.26 – Proteção Terra Restrita (REF) para Autotransformador nos relés da série 7UT (entrada I7)
Figura 3.27– Um tipo de proteção REF. Característica de trip dependente do ângulo entre as correntes
de Neutro e Residual de TC’s. Curto externo 180 graus.
As diretrizes e critérios utilizados são aqueles válidos para a proteção de alta impedância
de qualquer componente do sistema (barra, reator, transformador). Isto é, considera-se um
TC totalmente saturado e se calcula a tensão através do conjunto (relé + resistência
ajustável).
Geralmente o relé do circuito de alta impedância é ajustado para atuar com valor igual ou
superior ao dobro da situação com um TC totalmente saturado.
Princípio Direcional
Corrente Mínima de Neutro: existe sempre uma corrente mínima para a corrente de
polarização (corrente do neutro), para acomodar erros (desbalanços) em condição normal
de operação e erro de precisão de TC (que é baixo em corrente nominal). Este ajuste é
importante, pois a proteção permite disparo quando há corrente de polarização superior ao
ajustado, sem corrente residual composta nos TC’s de linha. O ajuste deve permitir
desbalanço normal esperado, porém com sensibilidade ainda para detectar curtos à terra
no enrolamento. Evidentemente, esse ajuste deverá ser sempre superior ao desbalanço
esperado, com margem de segurança.
A função sobrecorrente, como o próprio nome diz, serve para detectar níveis de corrente
acima de limites estabelecidos e acionar providências para desconectar o componente
protegido. Assim, tal função serve para detectar condições de curto-circuito onde, quase
sempre, uma corrente de fase é sensivelmente maior do que a corrente de carga.
Para correntes de carga, não deve ocorrer atuação desta função. Isto é, a função de
sobrecorrente não é para detectar condição de sobrecarga em transformador.
Características de Tempo
Quanto às características tempo x corrente, estes relés podem ser classificados em relés
Instantâneos (Função 50) e relés Temporizados (Função 51). Os relés temporizados
podem ser classificados conforme sua característica tempo x corrente:
Extremamente
Inverso
Por exemplo,
para curva
“Normalmente
Inversa”:
Etc.
3 Time
Lever
2
1
1x x IPickup
Para relé de tempo inverso, pode-se ajustar também um valor para o chamado “elemento
instantâneo” (Relé ou Função 50). Isto é, a partir de um dado valor de corrente (expresso
em múltiplo da corrente nominal do relé), a proteção passa a atuar instantaneamente e não
mais de acordo com sua curva característica. A figura a seguir ilustra o mencionado.
x IPickup
Ajuste de Ajuste do
Corrente Elemento
Instantâneo
Para relés eletromecânicos e grande parte dos estáticos, todas estas características eram
definidas quando da especificação da proteção e procurava-se acomodar situações onde
se desejava estabelecer uma adequada coordenação entre proteções do Sistema Elétrico,
dependendo de cada aplicação e componente protegido. E quando de ajustes era
necessário utilizar as curvas desenhadas em papel logarítmico.
K
t T .
L
I
1
IS
Ou há a fórmula seguinte:
K
t T .
L
I
I 1
S
Figura 3.31 – Curvas IEC de Característica Normalmente Inversa – Relés MiCOM P120 a P123
TC
IB
Fase B
TC
IC
Fase C
TC
iA iB iC
Circuito
Residual
50/51
N
I Residual = IA + IB + IC
Onde,
TC - Transformador de Corrente.
A relação entre a corrente primária (I) e a corrente secundária (i) em cada fase
corresponde à relação de transformação do TC. Por exemplo, para um TC de 300/5
Ampères, a relação é de 60 para 1. A corrente secundária mais baixa que a primária.
Os relés são ajustados para a corrente secundária (i), levando-se em conta a corrente do
lado primário (I).
Numa proteção digital, a conexão é feita de modo semelhante, porém as funções das
fases A, B e C e a função de Terra são executadas digitalmente após a conversão A/D:
Disjuntor(es)
TC Fase A
TC
Fase B
TC Fase C
Circuito
Residual
I Residual = IA + IB + IC
Proteção Digital
Com Funções de
Sobrecorrente
50/51 Fases
50/51 Terra.
TC
Fase B
TC Fase C
Circuito
Residual
Proteção Digital
Mede IA, IB e IC
Calcula I Residual
I Residual = IA + IB + IC
Fase A
Relé de Neutro
com Função de
Sobrecorrente Fase B
50/51
TC
N
Fase C
I NEUTRO = IA + IB + IC
Em condição normal, as correntes das três fases são equilibradas entre si. Nessas
condições, não há corrente no circuito residual ou em neutro de equipamento. E também,
as correntes secundárias (i) devem estar aquém da sensibilidade mínima da proteção de
sobrecorrente (“Pick-up” mínimo ajustável) e os relés permanecem sem atuação.
Neste caso as correntes IA, IB e IC, apesar de equilibradas entre si, são elevadas.
Geralmente muito maiores que na condição de carga normal. E as correntes secundárias
(i) atuam os relés instalados nas fases ou as funções de fase. Não há corrente no circuito
residual, portanto não há atuação do relé ou da função 50/51N.
Neste caso, haverá aparecimento de corrente elevada de curto circuito apenas em uma
fase. Por exemplo, (IA). Proporcionalmente a correspondente corrente secundária (ia) será
elevada. Devido ao desequilíbrio à terra, o retorno da corrente (ia) se dará pelo circuito
residual (in). Nestas condições, há condição de atuação das funções 50/51A e 50/51N,
dependendo dos seus ajustes.
Uma atuação da função 50/51N indica que houve desequilíbrio envolvendo terra (curto à
terra). Dai sua denominação “Relé de Terra”.
IA Fase A
TC
Fase B
TC
Fase C
TC
iA
Curto-circuito
da Fase A à
Terra
50/51 50/51 50/51
A B C
50/51
I Residual = IA + IB + IC N
A função de sobrecorrente de fase não pode ser ajustada para correntes próximas à
corrente de carga máxima prevista no equipamento ou circuito protegido. Assim, sua
sensibilidade é limitada pela carga.
Valor de “Pick-up”
Seu valor deve ser igual ou superior a 50% acima da corrente nominal de carga do
Transformador protegido, com ventilação forçada. Isso é necessário para permitir
flexibilidade de operação do transformador, podendo muitas vezes operar com valor
superior à carga nominal. Trata-se de um critério empírico, amplamente utilizado
nas concessionárias de serviços de energia elétrica.
Característica de Tempo
A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,7 s para a maior
corrente de fase que pode ocorrer em condição de curto-circuito no lado da
Baixa Tensão do transformador, seja do tipo Trifásico ou Fase-Terra.
Função Instantânea de Sobrecorrente de Fase de relés digitais, com filtros que eliminam
harmônicas de ordem par e atenuam componente DC (deslocamento de eixo):
Os relés digitais que possuem filtros ou recursos adequados para que tenham
menos sensibilidade para corrente de magnetização transitória, podem ter
elementos instantâneos ajustados. Seu ajuste de atuação (“Pick-up”), em múltiplo
da corrente nominal da proteção ou em Ampères, deve obedecer aos seguintes
critérios:
Deve ser superior à maior corrente de fase que pode ocorrer em condição de
curto-circuito no lado da Baixa Tensão do transformador, seja do tipo Trifásico
ou Fase-Terra, com margem de segurança de pelo menos 100%.
Seu valor deve ser baixo, porém superior a corrente residual (3xI0) estimada
para desbalanço normal no transformador em condição de carga máxima. Erro
de precisão nos TC’;s podem agravar esse desbalanço, porém de modo não
significativo.
Seu valor deve ser o mínimo possível (faixa de ajustes do relé). O valor mínimo
já contempla, em geral, margem para eventual erro de precisão de TC’s. Note
que, então, a sensibilidade estará limitada pela relação de transformação dos
TC’s.
A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,7 s para a maior
corrente de terra (3xI0) que pode ocorrer em condição de curto-circuito à terra
no lado da Baixa Tensão do transformador.
A função deve operar com temporização igual ou superior a 1,5 segundos para
a maior contribuição de corrente de terra (3xI0) que pode ocorrer em condição
de curto-circuito no sistema de transmissão que alimenta o transformador (para
um ajuste conservador, calcular corrente de contribuição de terra para curto-
circuito fase-terra na barra de AT).
Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A escolha
da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de
transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá dos critérios de tempo
mencionados, adotando o maior deles.
Lembrar que não haverá corrente de seqüência zero (terra) para qualquer tipo de
falta que ocorra no lado da BT.
Função Instantânea de Sobrecorrente de Terra do lado AT de relés digitais (com filtros que
eliminam harmônicas de ordem par e atenuam componente DC) - para transformadores
estrela aterrada / estrela aterrada / triângulo.
Deve ser superior à maior corrente de terra que pode ocorrer em condição de
curto-circuito no lado da Baixa Tensão do transformador, com margem de
segurança de pelo menos 100%.
Valor de “Pick-up”
Seu valor deve ser igual ou superior a 50% acima da corrente nominal de carga do
Transformador protegido, com ventilação forçada. Isso é necessário para permitir
flexibilidade de operação do transformador, podendo muitas vezes operar com valor
superior à carga nominal. Trata-se de um critério empírico, amplamente utilizado
nas concessionárias de serviços de energia elétrica.
Característica de Tempo
A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,5 s para a maior
corrente de fase que pode ocorrer em condição de curto-circuito na própria
barra de Baixa Tensão, seja do tipo Trifásico ou Fase-Terra.
Esse tempo para curto na barra de BT pode ser maior, dependendo do critério
adotado tradicionalmente pela empresa, porém nunca deve ser inferior a 0,4 s.
Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada. A escolha da inclinação
dependerá do nível da corrente calculada e da relação de transformação do TC
O elemento instantâneo deve ser bloqueado, a menos que sua atuação esteja
condicionada a um esquema mencionado na NOTA 2 anterior.
Valor de “Pick-up”
Seu valor deve ser superior ao desbalanço em carga que pode ocorrer, para o
conjunto de alimentadores supridos pelo transformador protegido. Como já
mencionado, esse desbalanço pode chegar a 25% da carga no transformador,
dependendo da distribuição de carga na rede primária de distribuição.
Característica de Tempo
A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,5 s para a maior
corrente de terra que pode ocorrer em condição de curto-circuito na própria
barra de Baixa Tensão.
Esse tempo para curto na barra de BT pode ser maior, dependendo do critério
adotado tradicionalmente pela empresa, porém nunca deve ser inferior a 0,4 s.
Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada. A escolha da inclinação
dependerá do nível da corrente de terra calculada e da relação de transformação do
TC utilizado e a coordenação no tempo com o primeiro religador ou elo fusível na
rede de distribuição. O fator de tempo dependerá do critério de tempo mencionado.
O elemento instantâneo deve ser bloqueado, a menos que sua atuação esteja
condicionada a um esquema mencionado na NOTA 2 anterior.
Valor de “Pick-up”
Seu valor deve ser igual ou superior a 50% acima da corrente nominal de carga
do Transformador protegido, com ventilação forçada. Isso é necessário para
permitir flexibilidade de operação do transformador, podendo muitas vezes operar
com valor superior à carga nominal. Trata-se de um critério empírico, amplamente
utilizado nas concessionárias de serviços de energia elétrica.
Característica de Tempo
A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,9 s para a maior
corrente de fase que pode ocorrer em condição de curto-circuito no lado da
Média Tensão do transformador, seja do tipo Trifásico ou Fase-Terra.
Dos dois critérios acima devem estar satisfeitos. Esse tempo é superior ao tempo
de atuação da proteção de linha de transmissão que chega à barra, com margem
de segurança. Há concessionárias que adotam tempo entre 1,0 e 1,5 s ao invés
do mencionado 0,9 s.
Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A
escolha da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de
transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá do critério de tempo
mencionado.
Função Instantânea de Sobrecorrente de Fase de relés digitais, com filtros que eliminam
harmônicas de ordem par e atenuam componente DC (deslocamento de eixo):
Deve ser superior à maior corrente de fase que pode ocorrer em condição de
curto-circuito no lado da Média Tensão do transformador, seja do tipo Trifásico
ou Fase-Terra, com margem de segurança de pelo menos 100%.
Deve ser superior à maior corrente de fase que pode ocorrer em condição de
curto-circuito na barra de Alta Tensão do transformador, seja do tipo Trifásico
ou Fase-Terra, com margem de segurança de pelo menos 100%.
Valor de “Pick-up”
Seu valor deve ser baixo, porém superior a corrente residual (3xI0) estimada
para desbalanço normal no transformador em condição de carga máxima.
Para transformador de interligação esse desbalanço é mínimo. Erro de
precisão nos TC’;s podem agravar esse desbalanço, porém de modo não
significativo.
Característica de Tempo
A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,9 s para a maior
corrente de terra (3xI0) que pode ocorrer em condição de curto-circuito à terra
no lado da Média Tensão do transformador.
A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,9 s para a maior
corrente de terra (3xI0) que pode ocorrer em condição de curto-circuito à terra
na barra de Alta Tensão do transformador.
Dos dois critérios acima devem estar satisfeitos. Esse tempo é superior ao tempo
de atuação da proteção de linha de transmissão que chega à barra, com margem
de segurança. Há concessionárias que adotam tempo entre 1,0 e 1,5 s ao invés
do mencionado 0,9 s.
Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A
escolha da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de
transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá do critério de tempo
mencionado.
Deve ser superior à maior corrente de terra que pode ocorrer em condição de
curto-circuito no lado da Média Tensão do transformador, com margem de
segurança de pelo menos 100%.
Deve ser superior à maior corrente de terra que pode ocorrer em condição de
curto-circuito na barra de Alta Tensão do transformador, com margem de
segurança de pelo menos 100%.
Valor de “Pick-up”
Seu valor deve estar entre 20 e 25% acima da corrente nominal do Reator
protegido, para acomodar eventuais sobretensões dinâmicas (60 Hz) que
aumentam a corrente do reator.
Característica de Tempo
A função deve operar com temporização igual ou superior a 1,5 s para a maior
corrente de fase que pode ocorrer em condição de curto-circuito no lado da
Linha (fase-terra, externo)
Esse tempo pode ser menor (mínimo em torno de 0,8 s), dependendo do critério
adotado tradicionalmente pela empresa. Essa corrente é bem pequena uma vez
que a contribuição de fase para curto externo, de um reator shunt, resume-se a
corrente de seqüência zero. Geralmente o ajuste de tempo (fator de tempo) é
pequeno.
Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A escolha
da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de
transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá do critério de tempo
mencionado.
Valor de “Pick-up”
Seu valor deve ser o mínimo possível (faixa de ajustes do relé). O valor mínimo
já contempla, em geral, margem para eventual erro de precisão de TC’s. Note
que, então, a sensibilidade estará limitada pela relação de transformação dos
TC’s.
Característica de Tempo
A função deve operar com temporização igual ou superior a 1,5 s para a maior
corrente de terra (3xI0) de contribuição do reator, que pode ocorrer em condição
de curto-circuito à terra no lado da Linha (fase-terra, externo).
Esse tempo pode ser menor (nunca inferior a cerca de 0,8 s), dependendo do
critério adotado tradicionalmente pela empresa. Essa corrente pode ter um valor
razoável, dependendo do tipo de núcleo do reator shunt (se núcleo de três pernas
ou se banco de 3 monofásicos), uma vez que pode haver contribuição de (3 x I0)
para curto-circuito externo à terra.
Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A escolha
da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de
transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá do critério de tempo
mencionado
Função Instantânea
Valor de “Pick-up”
Seu valor deve ser o mínimo possível (faixa de ajustes do relé). O valor mínimo
já contempla, em geral, margem para eventual erro de precisão de TC’s. Note
que, então, a sensibilidade estará limitada pela relação de transformação dos
TC’s.
Característica de Tempo
A função deve operar com temporização igual ou superior a 1,5 s para a maior
corrente de terra (3xI0) que pode ocorrer em condição de curto-circuito à terra
no lado da Linha (fase-terra, externo).
Esse tempo pode ser menor (nunca inferior a 0,8 s), dependendo do critério
adotado tradicionalmente pela empresa.
Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A escolha
da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de
transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá do critério de tempo
mencionado.
3.4.1 Objetivo
Geralmente uma situação de desbalanço decorre de uma fase aberta devido a problema
em seccionadora ou disjuntor, ou ainda em conector. Eventualmente, a função de
seqüência negativa pode ser utilizada como função de retaguarda para faltas em linhas
adjacentes ao transformador, com a corrente de curto circuito da mesma ordem de
grandeza ou até menor que a corrente de carga.
Enfoque
Tanto uma fase aberta, como um curto circuito diferente do trifásico, produz componentes
de seqüência negativa na corrente medida. No caso da fase aberta, a intensidade dessa
componente depende da intensidade da carga através do transformador.
A função, aplicado em sistema (transformador) não radial, não deve atuar para eventual
desbalanço em circuito adjacente (por exemplo fase aberta), o que dificulta ainda mais o
estabelecimento do ajuste.
Num transformador, essa função poderá ser especificada ou ativada para utilização (em
relé digital) quando:
A proteção MiCOM P123 da AREVA possui função de seqüência negativa (I2) e também
uma função que relaciona I2 / I1 chamada “broken conductor” que podem ser ativadas.
Caso se deseje ativar e utilizar essa função para transformador, o seu tempo de atuação
pode ser igual ou superior a 4 [s], qualquer que seja a percentagem ajustada de seqüência
negativa. Assim, é desejável que se utilize função de tempo definido, mesmo que haja
disponível função de tempo inverso.
Isto é desejável para evitar qualquer interferência para condição de curto circuito no
desempenho da função. Deve-se observar que não há necessidade de rapidez para essa
função.
Para que isto seja possível, deverá haver, para cada relé, uma referência de tensão. Isto é,
os mesmos devem ser Polarizados.
Há duas funções direcionais de terra: aquela para corrente de fase e aquela para corrente
de terra. O código ANSI para a função direcional de sobrecorrente é (67). Pode ter, também,
elemento instantâneo, porém não há código específico para esse elemento instantâneo.
Enfoque
Num transformador, essa função poderá ser ativada para utilização (em relé digital)
quando:
Como o próprio nome menciona, é uma função para detectar condições de tensão
superiores aos valores normalmente aceitos para a Operação do Sistema ou do
Equipamento. São realizados através de funções ou relés específicos conectados nos
lados secundários dos Transformadores de Potencial.
A função instantânea não possui temporização intencional, isto é, seu tempo de atuação
depende apenas de suas características construtivas e inerentes ou do seu algoritmo (no
caso de ser digital). Por outro lado, a função temporizada é construída para introduzir uma
temporização intencional e ajustável. Os relés de sobretensão temporizados são,
Tempo (s)
Temporização
(Ajustável)
59 59
Tensão (V)
Valor de Valor de 59
Desatuação Atuação
(drop-out) (pick-up)
Este valor é sempre superior a 100 %. Quanto menor esta relação, mais segura a
aplicação da função de sobretensão. Um modelo ideal de função de sobretensão seria uma
relação de 100 %, isto é, qualquer abaixamento de tensão aquém do valor ajustado
provocaria a desatuação da função. Relés modernos, com tecnologia digital, permitem
relação próxima a 100 %.
Trata-se de uma proteção digital que permite o uso das seguintes funções: 59
(sobretensão), 27 (subtensão) e 59N (tensão residual).
Em geral, essas funções são ajustadas para atuarem a partir de uma tensão em torno de
20% acima da nominal de operação do sistema, no ponto de aplicação.
3.6.4 Proteção de Sobretensão para Terra em Circuitos Isolados – Código 59N ou 64.
Uma função 59 pode ser conectada para detectar o valor 3.V0, isto é, a tensão residual,
através de secundários de TP’s em “delta aberto”.
Tempo (s)
Temporização
(Ajustável)
Tensão (V)
Valor de Valor de 59N
Desatuação Atuação
(drop-out) (pick-up) ou 64
Figura 3.38 – Função 59 Terra, de tempo definido, para faltas a terra em sistema isolado.
Neste caso a tensão através do relé será: VRESIDUAL 3.V0 V AN VBN VCN
Num sistema solidamente aterrado, essa tensão residual é pequena, quando de um curto
circuito para terra. Entretanto, para um sistema isolado, ou para um sistema aterrado
através de resistência ou reatância, o valor é grande para faltas a terra.
Diretriz de Ajuste
Mede-se a relação V / Hz. De acordo com a Norma ANSI, sobre-excitação ocorre quando a
relação V/Hz excede 1,05 em valor p.u. a plena carga ou 1,10 p.u. sem carga.
Trata-se de uma condição a ser detectada, uma vez que a sobre-excitação produz
aquecimentos danosos no transformador, podendo danificar o núcleo.
O relé KBCH da AREVA possui entrada de tensão para a função V/Hz que tem a
característica mostrada na figura a seguir:
Aplicação
Diretriz de Ajuste
Temperatura
2
Variação
63% da
total
variação total
1
tempo
Uma proteção de sobrecarga (proteção térmica – Código 49) deve, portanto, emular as
condições de aquecimento do componente protegido em função da corrente através desse
componente.
I carga
Equipamento
i i
Relé Térmico)
+ Vcc
Assim, os diversos fabricantes nos seus diversos relés de proteção digitais apresentam
possibilidade de modelagem térmica do equipamento ou instalação a proteger contra
temperaturas elevadas causadas por sobrecarga.
I 2 (k .I Plena ) 2
)
exp( t
I 2 I Pr2 e
Onde:
Mais fácil estimar constante de tempo de aquecimento para transformadores secos, reator
com núcleo a ar, banco de capacitores, linhas aéreas e barras (isto é, equipamentos ou
instalações sem óleo de refrigeração), A tabela a seguir mostra um exemplo de valores
aproximados e típicos de constantes de tempo de aquecimento:
| K 2 2 |
tTRIP Te . ln 2
| K TRIP
2
Onde:
I equiv
K= Sobrecarga térmica
k .I
I Equiv
t 1 ( ) 2 ..1 exp( t ) t . exp( t )
kI Te Te
No Brasil não se utiliza, para esquemas regionais de rejeição de carga (ERAC), critério de
A função não faz parte da proteção de Transformador. Entretanto é aqui descrita, de modo
sucinto, uma vez que se relaciona com a proteção de alimentadores de distribuição
alimentados por transformadores de potência em derivação.
A função “cold load” faz com que, dinamicamente, se altere o valor de ajuste de partida
(“pick-up”) da proteção de sobrecorrente do alimentador, diminuindo sua sensibilidade para
esse período de tempo após o fechamento do disjuntor, após desligamento.
Característica
ajustada de
corrente -
tempo inverso
x In
Ajuste Normal Ajuste de “pick-up”
de “pick-up” com o “cold load” ativo
Quando a proteção diferencial utiliza TC’s de pedestal externos, junto aos disjuntores,
abrangendo não apenas o transformador ou reator protegido, como também as conexões e
demais instalações como pára-raios e eventuais TP’s que ficam entre os TC’s.
Transformadores em Derivação
Transformadores de Interligação
Proteção Diferencial para as três fases, curta, tipo percentual, como segunda proteção
diferencial (proteção alternada).
Ou, ao invés de uma segunda proteção diferencial completa, uma proteção diferencial
restrita de terra (REF) para cada enrolamento em estrela aterrada (AT e MT).
Proteção diferencial para as três fases, ampla ou curta. Tipo alta impedância ou
percentual, caso haja TC’s nas três fases no lado do neutro (aterramento).
Ou proteção diferencial restrita a terra, tipo alta impedância ou direcional, caso haja TC
apenas no aterramento do lado do neutro.
Proteção de sobrecorrente de fase no lado da AT.
Proteção de sobrecorrente de terra (circuito residual de TC’s) no lado da AT.
Proteção de sobrecorrente de terra do lado da BT (No TC de neutro, caso exista. Ou no
circuito residual dos TC’s do lado do neutro, caso também existam).
Transformadores em Derivação
- NOTA: Função de falha de disjuntor para ser utilizada para o disjuntor do lado da
BT depende do esquema adotado na Subestação. Eventualmente é desejável que
seja incluída nesta proteção.
Transformadores de Interligação
Proteção Numérica de Tensão, para uso com TP’s do lado da AT ou da MT, para
sobretensões trifásicas (59). Isto porém depende da filosofia adotada na subestação do
usuário.
Proteção Diferencial para as três fases, curta, tipo percentual, como segunda proteção
diferencial (alternada), geralmente como parte de uma segunda proteção
multifuncional.
Nota: Se a proteção primária possuir REF (duas entradas), não haveria, em princípio,
necessidade dessa função na proteção alternada. Ou vice-versa.