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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA E REATORES SHUNT

2012

PROJETO DETALHE

CURSO DE PROTEÇÃO Proteção de Transformadores de Potência e Reatores Shunt


Direitos Reservados: Autor: Instrutores: Total de Páginas
Virtus Consultoria e Serviços Ltda. Paulo Koiti Maezono Paulo Koiti Maezono
81
SOBRE O AUTOR

Eng. Paulo Koiti Maezono

Formação

Graduado em engenharia elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1969. Mestre
em Engenharia em 1978, pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá, com os créditos obtidos em 1974
através do Power Technology Course do P.T.I – em Schenectady, USA. Estágio em Sistemas Digitais de
Supervisão, Controle e Proteção em 1997, na Toshiba Co. e EPDC – Electric Power Development Co. de
Tokyo – Japão.

Engenharia Elétrica

Foi empregado da CESP – Companhia Energética de São Paulo no período de 1970 a 1997, com
atividades de operação e manutenção nas áreas de Proteção de Sistemas Elétricos, Supervisão e
Automação de Subestações, Supervisão e Controle de Centros de Operação e Medição de Controle e
Faturamento. Participou de atividades de grupos de trabalho do ex GCOI, na área de proteção, com ênfase
em análise de perturbações e metodologias estatísticas de avaliação de desempenho.

Atualmente é consultor e sócio administrador da Virtus Consultoria e Serviços Ltda. em São Paulo – SP. A
Virtus tem como clientes empresas concessionárias, empresas projetistas na área de Transmissão de
Energia, fabricantes e fornecedores de sistemas de proteção, controle e supervisão. Já prestou serviços ao
Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo e Instituto Presbiteriano Mackenzie.

Área Acadêmica

Foi professor na Escola de Engenharia e na Faculdade de Tecnologia da Universidade Presbiteriana


Mackenzie no período de 1972 a 1987. É colaborador na área de educação continuada da mesma
universidade, de 1972 até 2009.

Foi colaborador do Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da EPUSP – Escola


Politécnica da Universidade de São Paulo, desde 1999 até 2009, com participação no atendimento a
projetos especiais da Aneel, Eletrobrás e Concessionárias de Serviços de Eletricidade.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Introdução e índice 2 de 81


ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO A TRANSFORMADORES ......................................................................................................... 5


1.1 IMPEDÂNCIA PERCENTUAL ....................................................................................................................... 5
1.2 POLARIDADE.................................................................................................................................................. 9
1.3 CONEXÃO TRIÂNGULO – ESTRELA DE TRANSFORMADOR TRIFÁSICO OU DE BANCO DE
TRANSFORMADORES .............................................................................................................................................. 10
2. NOÇÕES BÁSICAS DE REATOR EM DERIVAÇÃO ..................................................................................... 13
2.1 NUM REATOR ............................................................................................................................................... 13
2.2 DISPERSÃO DE FLUXO ............................................................................................................................... 13
2.3 MODELO MATEMÁTICO DE REATOR SHUNT ....................................................................................... 14
2.4 CONEXÃO ESTRELA DE REATOR SHUNT TRIFÁSICO OU DE BANCO DE REATORES................... 15
3. FUNÇÕES DE PROTEÇÃO ................................................................................................................................. 17
3.1 FUNÇÃO DIFERENCIAL .............................................................................................................................. 18
3.1.1 Finalidade e Enfoque .................................................................................................................................. 18
3.1.2 Princípios e Requisitos da Proteção Diferencial ........................................................................................ 18
3.1.3 Tipos Básicos de Função Diferencial ......................................................................................................... 19
3.1.4 Proteção de Transformador (87T) – Conexões e Polaridades .................................................................... 22
3.1.5 Corrente de Magnetização Transitória e a Proteção Diferencial de Transformador................................. 28
3.1.6 Sobrefluxo no núcleo do transformador devido a sobretensão ................................................................... 30
3.1.7 Configurações de Barras e Alternativas de uso de TC’s............................................................................. 30
3.1.8 Diretrizes de Ajustes para Proteção Diferencial de Transformador .......................................................... 33
3.1.9 Proteção de Reator “Shunt” - Conexões .................................................................................................... 36
3.1.10 Diretrizes de Ajustes para proteção diferencial de Reator “Shunt” ...................................................... 38
3.2 FUNÇÃO TERRA RESTRITA ....................................................................................................................... 39
3.2.1 Finalidade e Enfoque .................................................................................................................................. 39
3.2.2 Conexões e Polaridades .............................................................................................................................. 39
3.2.3 Princípios Utilizados ................................................................................................................................... 42
3.2.4 Diretrizes de Ajustes para Proteção Terra Restrita .................................................................................... 43
3.3 FUNÇÃO DE SOBRECORRENTE ................................................................................................................ 44
3.3.1 Finalidade e Enfoque .................................................................................................................................. 44
3.3.2 Relés de Sobrecorrente e Características ................................................................................................... 44
3.3.3 Funções de Sobrecorrente em Relés Digitais .............................................................................................. 46
3.3.4 Conexão dos TC’s – Proteção Convencional .............................................................................................. 48
3.3.5 Conexão dos TC’s – Proteção Digital ........................................................................................................ 49
3.3.6 TC de Neutro – Corrente de Terra no Neutro ............................................................................................. 50
3.3.7 Condições de Atuação para a Função de Sobrecorrente ............................................................................ 51
3.3.8 Sensibilidade das Funções de Sobrecorrente de Fase e de Terra ............................................................... 52
3.3.9 Diretrizes de Ajustes para Transformadores de Potência.......................................................................... 52
3.3.9.1 Transformadores em Derivação ........................................................................................................................... 52
3.3.9.2 Transformador de Interligação de Sistemas ......................................................................................................... 58
3.3.10 Diretrizes de Ajustes para Reatores Shunt............................................................................................. 62
3.4 FUNÇÃO DE SEQUÊNCIA NEGATIVA ...................................................................................................... 65
3.4.1 Objetivo ....................................................................................................................................................... 65
3.4.2 Utilização para Transformador .................................................................................................................. 65
3.4.3 Diretrizes de Ajustes para a Função ........................................................................................................... 66
3.5 FUNÇÃO DIRECIONAL DE SOBRECORRENTE ....................................................................................... 66
3.5.1 Objetivo ....................................................................................................................................................... 67
3.5.2 Utilização para Transformador .................................................................................................................. 67
3.6 FUNÇÕES DE TENSÃO ................................................................................................................................ 67

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Introdução e índice 3 de 81


3.6.1 Função de Sobretensão (59) ....................................................................................................................... 67
3.6.2 Uso da Função 59 em Transformadores de Potência ................................................................................. 68
3.6.3 Diretrizes de Ajustes para a Função 59 ...................................................................................................... 69
3.6.4 Proteção de Sobretensão para Terra em Circuitos Isolados – Código 59N ou 64. .................................... 69
3.6.5 Função de Sobre-excitação. Código 24 ...................................................................................................... 70
3.6.6 Função ou relé de Subtensão ou – Código 27 ............................................................................................. 71
3.7 FUNÇÃO DE SOBRECARGA TÉRMICA .................................................................................................... 71
3.7.1 Relés Térmicos de Tecnologia Eletromecânica .......................................................................................... 72
3.7.2 Modernas Proteções Digitais ...................................................................................................................... 73
3.7.3 Exemplo das Proteções MiCOM P122 e P123 da AREVA.......................................................................... 73
3.8 OUTRAS FUNÇÕES ...................................................................................................................................... 75
3.8.1 Função de Frequência (81) e Rejeição de Carga ....................................................................................... 75
3.8.2 Função “COLD LOAD PICKUP” .............................................................................................................. 76
4. FILOSOFIA DE PROTEÇÃO .............................................................................................................................. 77
4.1 ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL ................................................................... 77
4.1.1 Proteção Ampla ........................................................................................................................................... 77
4.1.2 Proteção Curta ............................................................................................................................................ 77
4.2 ESQUEMAS COM RELÉS CONVENCIONAIS ELETROMECÂNICOS OU ESTÁTICOS ....................... 77
4.2.1 Para Transformadores em Geral ................................................................................................................ 77
4.2.2 Para Sistemas de Extra Alta Tensão ........................................................................................................... 78
4.2.3 Para Reatores Shunt ................................................................................................................................... 78
4.3 ESQUEMAS COM RELÉS DIGITAIS ........................................................................................................... 79
4.3.1 Para Transformadores em Geral ................................................................................................................ 79
4.3.2 Para Sistemas de Extra Alta Tensão ........................................................................................................... 80
4.3.3 Funções e Facilidades Adicionais em Relés Digitais .................................................................................. 81
4.3.4 Para Reatores Shunt ................................................................................................................................... 81

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Introdução e índice 4 de 81


1. INTRODUÇÃO A TRANSFORMADORES

1.1 IMPEDÂNCIA PERCENTUAL

A impedância de um transformador de potência (> 5000 kVA) pode ser representada apenas
por uma reatância indutiva, desprezando as perdas e desprezando o ramo de magnetização.
Do modelo abaixo:

R1 j X1 R2 j X2
I1 I2

iexc+I1 iperda imag

V1 Rp j Xm e1 e2
V2

N1:N2
Ideal

Figura 1.1 – Modelo Matemático de Transformador

São desprezadas:

R1 = que representa as perdas por calor no enrolamento 1


R2 = que representa as perdas por calor no enrolamento 2
Rp = que representa as perdas por calor no núcleo

E considerada Xm =  (corrente de magnetização desprezível).

São levadas em consideração as reatâncias:

j.X1 = que representa o fluxo disperso no enrolamento primário


j.X2 = que representa o fluxo disperso no enrolamento secundário

Pode-se ter então uma representação Simplificada:

j (X1+[N1/N2]2.X2)

N1:N2
Ideal

Figura 1.2 – Circuito Equivalente Simplificado, visto do Lado Primário

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Ou, visto do outro lado:

j (X2+[N2/N1]2.X1)

N1:N2
Ideal

Figura 1.3 – Circuito Equivalente Simplificado, visto do Lado Secundário

Ensaio de curto-circuito

As reatâncias indicadas anteriormente podem ser medidas através do ensaio de curto-


circuito como o mostrado na figura a seguir.

Icc2
Icc1

CURTO-
TRAFO TRIFÁSICO CIRCUITO

FONTE
TRIFÁSICA

Figura 1.4 – Ensaio de curto-circuito em transformador trifásico

Neste ensaio, aplica-se uma tensão Vcc1 para que se tenha corrente nominal do
transformador, isto é:

Icc1 = Inom 1 e Icc2 = Inom 2

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j (X1+[N1/N2]2.X2)

Icc1 Icc2 Curto-


Vcc1
circuito

N1:N2
Ideal

Figura 1.5 – Ensaio de curto-circuito pelo lado primário

Vcc1
2
Xcc1 = [X1 + (N1/N2) .X2] =
3 ohms (visto do lado 1)
Inom1

Caso o ensaio de curto-circuito seja feito pelo outro lado do Transformador, teríamos:

j (X2+[N2/N1] 2.X1 )

Curto- Icc1 Icc2


circuito Vcc2

N1:N2
Ideal

Figura 1.6 – Ensaio de curto-circuito pelo lado secundário

Vcc 2
2
Xcc2 = [X2 + (N2/N1) .X1] =
3 ohms (visto do lado 2)
Inom 2

Valor Percentual da Reatância

Nota-se que os valores Xcc1 e Xcc2 são valores em ohms, numericamente diferentes.
Ambos representam a impedância de dispersão total do transformador, referidos a lados
diferentes.

Para se evitar dois valores, a impedância do transformador é indicada em valor


PERCENTUAL (%). Este valor (%) é único para o transformador de dois enrolamentos,
independente do lado.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Introdução a Transformadores 7 de 81


Todo valor percentual tem como referência uma BASE. Neste caso, esta base dever ter a
dimensão de impedância (ohms). Para um transformador, toma-se como BASE seus
valores nominais. Assim,
2
Zbase = kVnominal / MVAnominal (ohms)

2
Zbase(lado1) = kV1 /MVAnominal = [ (Vnom1 / 3 ) / Inom1]
2
Zbase(lado2) = kV2 /MVAnominal = [ (Vnom2 / 3 ) / Inom2]

E os valores Xcc1 e Xcc2 podem ser calculados, agora, com relação às respectivas bases:

Xcc1 (%) = [ Xcc1 (ohms) / Zbase1 ] x 100 %

Xcc2 (%) = [ Xcc2 (ohms) / Zbase2 ] x 100 %

Pode-se provar que:

Xcc1 (%) = Xcc2 (%) valor percentual da impedância do transformador.

Xcc1(%) 
Xcc1(ohms ) x100

Xcc1x100

N 2 / N1 xXcc1x100
2
=
Zbase1 Vnom1 3 2 Vnom1 3
( N 2 / N1) x
Inom1 Inom1

Xcc 2 x100 Xcc 2 x100


   Xcc 2(%)
( N 2 / N1).Vnom1 Vnom2 / Inom2. 3
( N1 / N 2). 3.Inom1

Diagrama de Impedância do Transformador em p.u.

Finalmente, como Xcc1 (%) = Xcc2 (%), pode-se representar um transformador de dois
enrolamentos através da sua impedância percentual (ou p.u. = % / 100):

j X (% ou pu)

Figura 1.7 – Circuito Equivalente de Transformador de Potência de Dois Enrolamentos

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O modelo vale para transformadores de potência.

Para transformadores de menor potência (transformadores industriais e de distribuição),


não se pode desprezar o valor da resistência. Então, o modelo será:

R (pu ou %) j X (pu ou %)

Figura 1.8 – Circuito Equivalente de Transformador de Distribuição de Dois Enrolamentos

1.2 POLARIDADE

É a marcação (uma marca ou uma identificação padronizada) que mostra a referência


(modo de enrolar) daquele enrolamento. Por exemplo:

H1 Y1

Y2
H2

Figura 1.9 – Exemplos de identificação de polaridades

Considerando uma condição de carga, se a corrente em um dado instante entra pela


polaridade do enrolamento do lado da fonte, nesse mesmo instante a corrente do
enrolamento do lado da carga estará saindo pela polaridade. É a tradução prática do
conceito visto de compensação de ampères - espiras.

Quando num transformador, não se conhece (ou se deseja confirmar) as polaridades dos
enrolamentos, se faz o teste da polaridade:

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Transformador
sob ensaio

V1 V2

Figura 1.10 – Esquema básico de teste de polaridade

Na figura acima, o voltímetro pode indicar o resultado de V1 + V2 ou o resultado de V1 – V2,


e assim pode-se determinar as polaridades:

Transformador Transformador
sob ensaio sob ensaio

V1 V2 V1 V2

Polaridade Polaridade
“aditiva” “subtrativa”

Figura 1.11 – Resultados possíveis do teste de polaridade

1.3 CONEXÃO TRIÂNGULO – ESTRELA DE TRANSFORMADOR TRIFÁSICO OU DE BANCO


DE TRANSFORMADORES

Exemplo com defasamento de + 30 graus, com o lado estrela adiantado com relação ao
lado delta (conexão Dy11 ou Yd1). Fisicamente as fases são conectadas conforme a figura
a seguir.

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b
A

c
B

a
C

Esquematicamente:

A
a = (A - C)
B
b = (B - A)
C
c = (C - B)

Figura 1.12 – Conexão estrela - triângulo

Com base nas conexões físicas mostradas, pode-se compor o diagrama vetorial das
tensões de linha de ambos os lados:

+30o

c
B

Figura 1.13 – Vetores de tensões de linha para conexão estrela - triângulo

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADORES E REATORES Introdução a Transformadores 11 de 81


O mesmo transformador, com outras indicações de fases no lado triângulo, mantendo as
indicações no lado estrela, permitiria outras possibilidades de defasamento, conforme
mostra a tabela e figura a seguir:

Alternativa Defasamento (Lado Estrela com relação ao Lado Delta


1 (a-c) + 30 graus
2 + 150 graus
3 - 90 graus

Alternativa

3 2 1

b c a A

c a b B

a b c C

Figura 1.14 – Alternativas de identificação do lado delta

Mudando a conexão para – 30 graus, ao invés dos + 30 graus mostrados, haveria três
outras possibilidades de defasamento, como mostrado a seguir:

Alternativa invertendo o Delta Defasamento (Lado Estrela com relação ao Lado Delta
1 - 30 graus
2 - 150 graus
3 + 90 graus

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2. NOÇÕES BÁSICAS DE REATOR EM DERIVAÇÃO

A Lei de Faraday e demais conceitos mostrados para os transformadores referem-se também


a reatores em derivação. A diferença é que, nos reatores, não há enrolamento secundário –
conseqüentemente, não há correntes para compensação de ampères - espiras.

O que existe é a corrente de excitação (magnetização + perdas). No modelo matemático,


ficam a indutância de magnetização e a indutância que representa o fluxo disperso no
enrolamento único, além das perdas resistivas.

2.1 NUM REATOR

Pode-se esquematicamente representar um reator em derivação através da figura a seguir:

imag

V e N

Figura 2.1 – Representação Esquemática de Reator Shunt

Os conceitos envolvidos são os mesmos daqueles para transformador, com a diferença de


NÃO HAVER ENROLAMENTO SECUNDÁRIO ALIMENTANDO CARGA para o reator.

2.2 DISPERSÃO DE FLUXO

No enrolamento tem-se: Fmag  N .imag

Essa FMM, produz fluxo que se fecha pelo ar ou por outro caminho que não seja o núcleo
do transformador, que é o chamado fluxo disperso:

imag
 núcleo

1
V e

Figura 2.2 – Fluxo Disperso no Reator

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Esse fluxo 1 está associado a FEM induzida, devido ao acoplamento com o enrolamento:

 Disp1 N .1
LDisp1   Henrys
imag i mag

A “queda de tensão” (FEM) no enrolamento, devido à dispersão de fluxo será:

V Disp1  X 1 (i mag )  2. . f .LDisp1 (imag )  2. . f .N .1 Volts

2.3 MODELO MATEMÁTICO DE REATOR SHUNT

Pode-se agora montar o modelo matemático do reator, considerando todos os aspectos


vistos até agora, mais as perdas por calor.

R1 j X1

N
i mag iperda imag

V Rp j Xm e

Figura 2.3 – Modelo Matemático de Reator

R1 = representa as perdas por calor no enrolamento

Rp = representa as perdas por calor no núcleo

j.Xm = representa o circuito magnético

j.X1 = representa o fluxo disperso no enrolamento

Para sistemas de potência de Alta e Extra Alta Tensão, as resistências são desprezadas
nos modelos matemáticos utilizados. Assim, o modelo será:
jX

i mag

Figura 2.4 – Modelo Simplificado de Reator

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 14 de 81


2.4 CONEXÃO ESTRELA DE REATOR SHUNT TRIFÁSICO OU DE BANCO DE REATORES

Os reatores shunt são conectados em estrela aterrada, ligados a cada fase do sistema
trifásico. Podem ser trifásicos (núcleo de três pernas) ou banco de reatores monofásicos
(cada fase com um núcleo).

Eventualmente, os reatores shunt de LT podem estar aterrados através de uma bobina


para ajudar na extinção do arco secundário, quando de religamento automático monopolar
na LT.

Reator Trifásico (Núcleo de 3 pernas)

A
Esquematicamente:

A
B
B

C
C

Figura 2.5 – Núcleo de Três Pernas

Em condição trifásica equilibrada (seqüência positiva) e pressupondo puramente indutivo:

kV 2 kV 2 3.kV .I n
Potencia( MVAr )    onde, kV é a tensão de linha.
X (ohms) kV .1000 1000
3 xI n

X (ohms) = kV2 / MVAr

Entretanto, para condição de seqüência zero, os fluxos têm mesmo módulo e ângulo nas
três fases e sua somatória é obrigada a fechar pelo ar / carcaça / óleo (circuito magnético
de baixa permeabilidade, com baixa indutância ou baixa reatância de magnetização).
Assim sendo, a impedância de seqüência zero desse reator (3 pernas) terá um valor bem
menor que a reatância de seqüência positiva (cerca de 7 a 8 vezes menor).

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 15 de 81


Banco de Reatores Monofásicos

Esquematicamente:

B B

Figura 2.6 – Cada fase com seu núcleo

Para condição de seqüência zero os fluxos têm mesmo módulo e ângulo nas três fases,
porém cada fase tem o caminho magnético pelo respectivo núcleo. Assim, a impedância de
seqüência zero é praticamente igual à de seqüência positiva

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3. FUNÇÕES DE PROTEÇÃO

Transformadores de potência e reatores shunt possuem as chamadas proteções intrínsecas,


que vêm configuradas de fábrica. A configuração pode variar com o fabricante e a potência,
mas em geral incluem:

Transformadores de Potência

 Relés Buchholz para cada tanque.


 Imagem térmica para cada tanque.
 Termômetros para cada enrolamento.
 Termômetros de óleo para cada tanque.
 Nível de óleo para cada tanque de expansão.
 Sensor de ruptura da membrana / bolsa de cada tanque de expansão

Comutadores de Transformadores

 Termômetros de óleo.
 Sensores de pressão.

Reatores Shunt

 Relés Buchholz para cada tanque.


 Termômetros de óleo para cada tanque.
 Nível de óleo para cada tanque de expansão.
 Sensor de ruptura da membrana / bolsa de cada tanque de expansão

Não é objetivo deste curso a apresentação dessas proteções intrínsecas.

Por outro lado, existem as chamadas proteções por relés. Utilizam-se proteções que podem
ser configuradas conforme filosofia e esquema de proteção desejada. As funções de proteção
relacionadas com a proteção de transformadores e reatores estão mostradas nos itens
seguintes.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 17 de 81


3.1 FUNÇÃO DIFERENCIAL

3.1.1 Finalidade e Enfoque

Uma proteção diferencial ou uma função diferencial tem a finalidade de detectar curto-
circuito na sua área de supervisão, área essa que fica entre os TC’s que adquirem as
correntes medidas pela proteção, e prover imediato desligamento do equipamento
protegido quando da atuação.

Essa proteção é inerentemente seletiva, isto é, a seletividade é obtida pela própria


concepção e não através de temporizações ou graduações de corrente. Assim sendo, seu
tempo de atuação pode e deve ser o menor possível, sem temporização intencional.

A proteção diferencial não tem a finalidade de detectar faltas internas insipientes, do tipo
“arcing faults”, que podem ocorrer no transformador. Essas faltas são detectadas por
algumas das proteções intrínsecas do equipamento, mas em geral são detectadas por
técnicas de manutenção preditiva (análise periódica de óleo mineral isolante).

3.1.2 Princípios e Requisitos da Proteção Diferencial

Como o próprio nome indica, seu princípio de funcionamento baseia-se na comparação


entre grandezas (ou composição de grandezas) que entram no circuito protegido e
grandezas de mesma natureza que saem do circuito protegido.

Equipamento, Máquina, Barra


ou Circuito Protegido
Grandezas ou Grandezas ou
composição de composição de
grandezas que grandezas que SAEM
ENTRAM

Função
DIFERENCIAL

Comparação das Grandezas segundo


critério estabelecido pelo princípio de
medição

Dentro de uma mesma SE: Entre Subestações:

- Cabos de cobre - OPLAT


- Fibra óptica - Microondas (rádio)
- Fibra óptica / dielétrico
- Fio Piloto
- OPGW

Figura 3.01 – Princípio da Proteção Diferencial

No caso de se apurar diferença entre grandezas comparadas, descontando-se os aspectos


esperados das condições de contorno como erros de TC´s, defasamentos angulares e
diferenças de potencial entre os lados comparados, pode-se concluir quanto à existência
de anormalidade no componente protegido.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 18 de 81


A função DIFERENCIAL é utilizada na proteção de transformadores, equipamentos de
compensação reativa, máquinas rotativas, sistemas de barramentos, cabos e linhas de
transmissão.

Requisitos de uma Proteção Diferencial

Os seguintes são os requisitos básicos de qualquer proteção diferencial:

 Deve considerar os efeitos de erros de precisão nos TC’s e TC’s auxiliares utilizados
para conexão da proteção.
 Deve manter a estabilidade (não atuar) para curto-circuito externo à área protegida,
mesmo com saturação de TC.
 Deve manter a estabilidade para correntes de magnetização transitória (energização)
quanto aplica a transformadores de potência.
 Deve ter rápida atuação para curto-circuito interno, mesmo para aquelas faltas de
baixa corrente.

3.1.3 Tipos Básicos de Função Diferencial

Dois tipos de proteção diferencial são, geralmente, utilizados para proteção de


transformadores de potência e reatores em derivação, para sistemas elétricos de potência:

Diferencial Percentual

O chamado princípio “diferencial percentual” tem a finalidade de permitir uma proteção


sensível para curtos-circuitos internos à área protegida, apresentando, ao mesmo tempo,
uma boa estabilidade para curtos-circuitos externos, mesmo com erros de transformação
nos TC’s (em condição de curto pode chegar a 10% cada TC para correntes elevadas) e
até com certo grau de saturação de TC. O princípio está ilustrado na figura a seguir:

Equipamento ou
Área Protegida
Carga ou
Curto Externo

IA IB Re strição  I A  I B

r r IA  IB
ou 
o 2
ID

Operação   I A  IB 

Figura 3.02 – Diferencial Percentual

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 19 de 81


Por exemplo num relé eletromecânico, as correntes |IA| + |IB| nas bobinas de restrição (r)
tendem a RESTRINGIR a atuação do relé. A corrente diferencial (IA + IB) pela bobina de
operação (o) tende a OPERAR o relé e é ajustado num valor percentual com relação à
restrição.

Para um curto externo, com grande corrente diferencial, a restrição também seria grande,
com o valor percentual da corrente diferencial não atingindo o valor de atuação. Para um
curto interno, a restrição continuaria grande, mas percentualmente a corrente diferencial
seria grande, e a proteção atuaria.

Esse princípio que era tradicionalmente implementado para as proteções eletromecânicas


e estáticas, continua sendo implementado também para as proteções de tecnologia digital.

IOPER = IDIFER
Área de IA  IB Área de
Operação Operação

Área de
Área de
Restrição
ID MÍNIMA ID MÍNIMA Restrição

IRESTR
| I A |  | IB |

Tecnologia Convencional Tecnologia Digital

Figura 3.03 – Característica da Proteção Diferencial Percentual

Num relé digital, compara-se através de algoritmos, a soma dos módulos da corrente
como grandeza de restrição e o módulo da soma das correntes como grandeza diferencial.
Muitas implementações podem ser feitas através dos algoritmos e filtragens, buscando
sempre a estabilidade para curtos externos e sensibilidade para curtos internos ao
equipamento protegido. Numa proteção digital também é possível alterar a inclinação da
característica percentual para correntes maiores, permitindo maior sensibilidade para
correntes menores (menos erro nos TC’s).

As proteções da série KBCH da Areva têm funções baseadas no princípio percentual. Ele
tem valores fixos de ajuste de “bias” (inclinação) para baixas correntes e para altas
correntes (20% e 80%):

Figura 3.04 – Característica da Proteção Diferencial Percentual KBCH-140

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 20 de 81


Diferencial de Alta Impedância

A chamada proteção de “alta impedância” é indicada para barras e equipamentos com


TC’s onde não há transformação de tensão. É aplicada onde há possibilidade de saturação
completa de TC e se deseja, mesmo assim, estabilidade da proteção diferencial para curto-
circuito externo à área protegida.

Seu princípio de funcionamento se baseia nas seguintes premissas:

 Quando um TC está totalmente saturado, o seu circuito secundário pode ser


representado por um valor resistivo, sem imposição de corrente pelo seu lado primário.
 A corrente diferencial resultante da situação percorre o circuito diferencial e também o
circuito secundário desse TC saturado.

Nessas condições, haveria uma divisão de corrente, em circuitos resistivos. A figura a


seguir ilustra o mencionado:
EXEMPLO 1

CURTO
EXTERNO

Divisor de
corrente

ID

V R Ajustável

Secundário
de TC
totalmente
Saturado

R do
secundário
do TC

EXEMPLO 2

R Ajustável
V
ID

Secundário
de TC
totalmente
Saturado

R do
secundário
do TC

Figura 3.05 – Princípio da Proteção de Alta Impedância

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 21 de 81


Instala-se uma resistência ajustável no circuito diferencial, de modo que a tensão através
desse circuito diferencial (resistência + relé) tenha um determinado valor para um TC
totalmente saturado como mostrado na figura.

Se a proteção for ajustada para operar com valor > V, então ela será estável para curto
externo, mesmo com um TC totalmente saturado. Para ajuste dessa proteção há
necessidade de se conhecer:

 Valor das resistências dos cabos secundários dos TC’s até a proteção (adota-se a
maior resistência).
 Valor da resistência do secundário do TC (valor de fábrica).

Para curto interno à área protegida, a possibilidade de saturação de TC é pequena. Então


haverá grande corrente diferencial e a tensão será sempre maior que o V ajustado.

O circuito diferencial é mostrado na figura a seguir:

RAJUSTÁVEL RLIMITADORA
Não Linear

Relé R

Figura 3.06 – Circuito Diferencial de Alta Impedância

A finalidade da resistência não linear, em paralelo com o circuito diferencial, é proteger o


circuito quando de elevadas tensões (V) para curtos internos ao circuito protegido,
limitando a tensão através do circuito. Nem sempre é necessária.

Esse tipo de proteção é muito utilizado para proteção de barras e também de reatores ou
para proteção de enrolamentos (restrita a terra).

As proteções KBCH (diferencial) e P120 a P123 (sobrecorrente) da AREVA permitem a


utilização desse princípio de alta impedância para a Função Terra Restrita (64) através de
uma entrada, função essa que pode ser utilizada concomitantemente com a função
diferencial percentual.

3.1.4 Proteção de Transformador (87T) – Conexões e Polaridades

Para a proteção de transformadores de potência utiliza-se, basicamente, a proteção


diferencial percentual (para transformadores ≥ 5.000 kVA).

É o caso específico onde se comparam correntes medidas em níveis de tensão diferentes


e com defasamentos introduzidos pelo tipo de conexão do transformador protegido.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 22 de 81


Portanto as correntes devem ser devidamente condicionadas antes da medição da
diferença entre as correntes de um lado e do outro.

Os seguintes aspectos devem ser considerados:

a) As correntes primárias em ambos os lados do transformador são inversamente


proporcionais aos respectivos níveis de tensão.
b) Uma conexão estrela - triângulo introduz defasamento (geralmente) de + 30º ou – 30º
entre as tensões do lado primário e do lado secundário.

Utiliza-se TC’s acrescidos ou não de TC’s auxiliares com relações de transformação


diferentes e escolhidas de tal modo que compensem a relação de transformação do
transformador.

Utilizam-se conexões de TC’s ou de TC’s auxiliares que compensem o defasamento


introduzido pelo tipo de conexão do transformador protegido.

Área Protegida

A área protegida é determinada pelos TC’s que alimentam a proteção diferencial:

 Proteção Diferencial Ampla – alimentada por TC’s de pedestal externos ao


transformador.

A área de proteção engloba o transformador em si, chaves seccionadoras e conexões


externas até os TC’s.

 Proteção Diferencial Curta – alimentada por TC’s das buchas do transformador


protegido.

A área de proteção engloba apenas o transformador em si.

Estabilidade para Carga e para Curto-circuito Trifásico Externo

A figura a seguir mostra um exemplo de conexão de proteção diferencial para um


transformador de potência Delta / Estrela Aterrada, que leva em consideração o
mencionado, analisado para o caso de carga normal ou curto-circuito trifásico externo.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 23 de 81


Tranformador de Potência
TC's Lado A TC's Lado B
- 30o
a 0o
A = (a-c) a

B = (b-a) b b

C = (c-b) c c

Carga Normal
ou

Curto-Circuito c b a TC's Auxiliares


Trifásico
Externo Corrige
Defasamento e
acerta o módulo
Proteção c b a
Estável

C = (c-b) C = (c-b)
B = (b-a) Proteção B = (b-a)
A = (a-c) Diferencial A = (a-c)

Figura 3.07 – Correção de Modulo e de Ângulo antes da medição pela Proteção Diferencial

Para condição de carga normal ou curto circuito trifásico externo, as correntes que entram
e saem da proteção diferencial (em cada fase) necessitam ser iguais entre si, em módulo e
ângulo.

Os TC’s auxiliares corrigem o defasamento angular da corrente do lado B. Tanto os TC’s


principais como os TC’s auxiliares têm relações de transformação escolhidas de tal modo
que o relé compara correntes iguais em condição normal de operação.

Nestas condições o relé é estável para carga e para curto-circuito trifásico externo à zona
de proteção. Note que a zona de proteção da proteção diferencial é delimitada pelos TC’s
principais. Qualquer curto-circuito dentro da zona de proteção implicará em atuação da
proteção diferencial.

Confirma-se que a proteção diferencial é inerentemente seletiva, uma vez que a


seletividade depende apenas da localização da falta, se dentro ou fora da área de proteção
diferencial.

Caso de Relés Digitais

Os relés de proteção de transformadores de tecnologia digital possuem função diferencial


(87T), que realizam, para cada entrada de corrente, a emulação dos TC’s auxiliares, o que
permite adequar as conexões (estrela – delta ou estrela – estrela) e corrigir as relações de
transformação. Isto é feito digitalmente, não havendo mais necessidade de dispositivos

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 24 de 81


físicos. A vantagem é a grande flexibilidade, precisão (evita erros que podiam chegar a
10%) e economia.

A figura a seguir mostra um exemplo de conexão para o relé KBCH-120 para


transformador Delta / Estrela Aterrada de dois enrolamentos:

Figura 3.08 Exemplo de Conexão para relé KBCH-120 da AREVA para transformador delta / estrela
aterrada

Observa-se que os TC’s estão conectados em estrela aterrada e não há TC’s auxiliares. A
parametrização da proteção permite que sejam informados todos os dados da conexão
para que a proteção efetue, digitalmente, todas as adequações conforme conceito já
mostrado.

Estabilidade para Curto-circuito Fase-Terra Externo

A figura a seguir mostra o mesmo transformador, com as mesmas conexões, analisado


para o caso de um curto circuito fase-terra externo. Sendo a falta externa à área protegida,
a proteção deve permanecer estável.

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Tranformador de Potência
TC's Lado A TC's Lado B

a
a

b b

c c

Curto-Circuito c b a
Fase-Terra
Externo

Proteção
c b a
Estável

Proteção
Diferencial

Figura 3.09 – TC’s Auxiliares reproduzem no lado secundário o


defasamento do transformador protegido

Observa-se que os TC’s auxiliares estão com polaridades e conexões exatamente


iguais aos do Transformador de Potência protegido. Isso permite que, quando de um
curto circuito fase-terra externo, a proteção diferencial tenha correntes iguais, em módulo e
ângulo, sendo comparadas.

Bloqueio para Corrente de Seqüência Zero

O uso de TC’s auxiliares no lado secundário com polaridades e conexões exatamente


iguais ao do transformador de potência protegido permite a estabilidade para qualquer tipo
de curto-circuito externo.

Essa providência pode ter um outro tipo de compreensão, quando se analisa a situação
de um curto circuito fase-terra, externo, em termos de componentes simétricas.

O mesmo caso anterior pode ser representado através de componentes simétricas como
mostra a figura seguinte:

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Figura 3.10 – A Conexão Delta dos TC’s Auxiliares Bloqueia a Seqüência Zero

Observa-se em termos de componentes simétricos que, da mesma maneira que ocorre


para o transformador de potência, a conexão Delta nos TC’s auxiliares é um circuito
aberto para a componente de corrente de seqüência zero.

No transformador de potência não há corrente de seqüência Zero do lado externo ao delta.


Assim, as correntes que chegam na proteção diferencial através dos TC’s do lado A não
possuem componente de seqüência zero.

Portanto, deve haver um Delta nos TC’s do lado B do transformador, seja nos TC’s
principais ou nos TC’s auxiliares (como na figura), para que não chegue corrente de
seqüência zero na proteção diferencial pelo lado B – caso contrário, não haveria
estabilidade para a proteção diferencial para curtos à terra externos ao transformador.

Regra Prática:

 No lado Delta do Transformador de Potência, os TC’s devem ser conectados em


estrela aterrada.
 No lado Estrela Aterrada do Transformador de Potência: Tem que haver uma conexão
Delta no circuito dos TC’s.

Regra Prática:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 27 de 81


 Seja através dos TC’s principais ou através dos TC’s auxiliares, deve-se representar no
circuito dos TC’s (lado secundário – cablagem) a mesma conexão com as mesmas
polaridades do Transformador de Potência protegido (lado primário – potência).

Proteções Digitais

Para relés de tecnologia digital, todo esse bloqueio é feito digitalmente, de modo que
grandezas equivalentes de ambos os lados sejam comparadas na função diferencial.
Como já mencionado, basta que sejam informados todos os dados da instalação para que
a proteção faça a necessária adequação.

3.1.5 Corrente de Magnetização Transitória e a Proteção Diferencial de Transformador

É um fenômeno transitório para acomodação do campo magnético no núcleo do


transformador, da condição estável “antes” para a condição estável “depois”. Surgem altas
correntes de magnetização quando da energização, com intensidades diferentes nas três
fases.

Há elevada corrente de magnetização transitória (“inrush”) no lado da energização, sem


respectiva corrente nos demais enrolamentos.

Duas causas devem ser consideradas para o fenômeno do “inrush”:

 O aparecimento da componente DC devido a chaveamento de circuito indutivo.


 A existência de fluxo remanente no núcleo do transformador.

Se a fase for fechada quando teoricamente a corrente está passando por zero, não há
deslocamento DC para esta fase, sendo que a forma de onda da corrente de magnetização
segue seu curso normal. Se, entretanto, o fechamento da fase é fora deste instante,
ocorrerá deslocamento da corrente no eixo vertical para acomodar a situação. Isto é,
aparece componente DC. E o deslocamento do eixo da corrente pode levar a saturação
do núcleo

Adicionalmente, o núcleo do transformador possui um Fluxo Residual que é o fluxo que


permanece (“imantado”) quando a corrente de magnetização vai a zero, quando da
desenergização. Quando da nova energização, ocorre também acomodação da densidade
de fluxo B, partindo do fluxo residual.

Então, o aparecimento da componente DC associado à acomodação do fluxo devido ao


fluxo residual faz com que haja intensa corrente de magnetização transitória, cuja forma de
onda típica é mostrada na figura a seguir.

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Figura 3.11 – Característica da corrente de magnetização transitória

Para a proteção diferencial de tecnologia digital, principalmente a componente de 2ª.


harmônica pode ser detectada e medida, sendo utilizadas tanto para bloqueio da função
diferencial (“bloqueio por harmônicas”) ou para reforço no circuito de restrição da proteção
diferencial percentual (“restrição por harmônicas”), dependendo do modelo ou fabricante
do relé. A corrente de segunda harmônica varia entre 50 e 70% da corrente
fundamental nos primeiros 1 a 7 ciclos após a energização, com sua intensidade
diminuindo ao longo do tempo juntamente com a intensidade da fundamental. Também a
componente de 4ª. harmônica pode ser utilizada para tanto, o que depende de cada
fabricante / modelo de relé digital.

Numa Proteção Diferencial

Uma proteção diferencial de transformador de potência deve, portanto:

 Não atuar para a corrente de magnetização transitória, cujo valor de pico pode
ultrapassar 8 x I nominal.
 Manter a sensibilidade para detectar curto-circuito mesmo durante a energização do
transformador.

Para atendimento desses requisitos, a proteção ou a função deve possuir circuitos ou


algoritmos adequados.

Relés eletromecânicos ou estáticos

Nesses relés, os circuitos são implementados para que houvesse filtragem da corrente
medida, no sentido de separar, na medida do possível e no limite da tecnologia existente, a
corrente fundamental (60 Hz) das correntes de frequência elevada. As correntes filtradas
de frequência elevada eram aproveitadas para restringirem a atuação da proteção
diferencial percentual, reforçando o circuito de restrição do principio percentual. A corrente
fundamental era levada ao circuito de operação (diferencial).

Relés de tecnologia digital

Nos modernos relés digitais, a tecnologia de filtragem, tanto das harmônicas como da
componente DC, já é bastante desenvolvida. Geralmente as componentes de 2ª. e 4ª.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 29 de 81


harmônicas são utilizadas para restringir ou bloquear a atuação da função diferencial nos
ciclos iniciais da magnetização transitória.

Restrição por harmônica: a corrente harmônica, filtrada, pode ser parametrizada para
contribuir para a restrição, reforçando a corrente mostrada no eixo horizontal da figura 2.03
anterior (princípio percentual).

Bloqueio por harmônica: a corrente harmônica, filtrada é detectada a partir de certo valor
ajustado. Na detecção, a proteção pode ser parametrizada para bloquear a atuação da
proteção diferencial percentual naquela fase. Há opção também para “bloqueio cruzado”,
isto é, a detecção de harmônica em uma fase pode ser utilizada para bloquear todas as
fases, durante a existência dessa harmônica acima do limite ajustado.

A proteção KBCH possui um processo de restrição (com bloqueio do nível chamado “low
set”), através de algoritmo específico que detecta magnetização transitória. Isso, diz o
fabricante, para evitar atraso na proteção por detecção de segunda harmônica.

3.1.6 Sobrefluxo no núcleo do transformador devido a sobretensão

Quando, por motivos operacionais, um transformador de potência é submetido a uma


sobretensão, haverá saturação do seu núcleo e a corrente de magnetização (elevada) terá
primordialmente correntes de 3ª. e 5ª. Harmônicas.

Há relés digitais que possuem filtros de 5ª. Harmônica, com possibilidade de uso dessa
corrente para alarme ou restrição. O relé KBCH utiliza a 5ª. Harmônica para restrição em
condição de sobrefluxo.

3.1.7 Configurações de Barras e Alternativas de uso de TC’s

As configurações mais freqüentes para proteção diferencial de transformadores são


mostradas nas figuras a seguir:

87T

Relé de 02 entradas de corrente

87T

Relé de 02 TC auxiliar externo ou


entradas de TC auxiliar “digital”
corrente incorporado

Figura 3.12 – Transformador de Dois Enrolamentos

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Observe a conexão estrela aterrada para os TC’s do lado de Delta e conexão delta do lado
de estrela aterrada do Transformador de Potência. Para relés convencionais, a
necessidade ou não de TC’s auxiliares dependerá das relações de transformação dos TC’s
principais.

Para relés eletromecânicos esses TC’s auxiliares externos são sempre necessários. Para
relés digitais, essa função é feita digitalmente, com a vantagem de reduzir erro de relação
de transformação do dispositivo físico.

87T

Relé de 03 entradas
de corrente

Figura 3.13– Transformador de Três Enrolamentos

Observa-se que neste caso a proteção diferencial deve possuir três entradas de corrente.
A soma das três correntes é que permitirá a verificação de existência de corrente
diferencial (curto-circuito dentro da área de proteção). TC’s auxiliares não são indicados
para uma clareza conceitual maior para a figura.

O exemplo a seguir mostra um transformador Estrela / Triângulo alimentando um sistema


cujo aterramento é feito por transformador Zig-Zag. A proteção diferencial, neste caso,
engloba o transformador de aterramento:

0o 30o

Bloqueia Bloqueia
sequência Zero sequência Zero
TR Aterramento
Zig-Zag

0o
30o
87T
Relé de 02
Corrige Defasamento
entradas de 30o
corrente (TC Aux externo ou digital embutido
na proteção)

Figura 3.14 – Transformador Abaixador com TR de Aterramento do lado da BT.

O exemplo a seguir mostra um caso de uso de TC’s em paralelo para uma configuração de
barras do tipo “disjuntor e meio”:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 31 de 81


87T

Relé de 03 entradas
de corrente

Figura 3.15 – Transformador de Três Enrolamentos em configuração disjuntor e meio

Verifica-se neste caso que há soma de correntes do lado do esquema “disjuntor e meio”
através da conexão em paralelo dos lados secundários dos TC’s do vão. A conexão de TC’s
em paralelo para barras “disjuntor e meio” ou em “anel” é uma prática muito comum.

Por outro lado, quando a proteção diferencial possui mais entradas para corrente, pode-se
fazer como na figura a seguir:

87T

Relé de 04 entradas
de corrente

Figura 3.16 – Transformador de Três Enrolamentos com relé de 4 entradas de corrente.

Relés de proteção de transformadores, com função diferencial associadas a 04 entradas


de corrente começaram a surgir recentemente. Alguns usuários especificam entradas de
corrente separadas para os dois TC’s do lado do disjuntor e meio, pois preferem não usar
TC’s em paralelo.

Deve-se mencionar, entretanto, que a prática de conectar TC’s em paralelo pelo lado
secundário é uma prática difundida em todo o mundo. Não se tem registrado, na prática,
dificuldades quanto a este aspecto. Recomenda-se que os TC’s em paralelo tenham
características iguais ou semelhantes.

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3.1.8 Diretrizes de Ajustes para Proteção Diferencial de Transformador

Ajustes Básicos

Numa proteção diferencial percentual, os seguintes ajustes básicos devem ser


implementados pelo usuário:

 A corrente diferencial mínima de atuação.

o Trata-se da sensibilidade da proteção, para corrente diferencial, em ampères ou


múltiplo da corrente nominal da proteção.

o Devem ser levadas em consideração:

- Diferenças resultantes de relações de transformação de TC’s e TC’s


auxiliares, caso não compensados exatamente.
- Erros de precisão de TC’s em correntes normais de operação do
transformador (excitação).
- Diferença introduzida pelo comutador de taps do transformador, em sua
posição extrema de operação com relação ao tap médio.

o Geralmente se ajusta para um valor superior a 10% da corrente nominal do


transformador protegido, para relés digitais com fatores de correção digitais.

o Para proteções que utilizam TC’s auxiliares externos, este ajuste deve ser maior.

 A inclinação da característica percentual (“slope”).

o Trata-se do valor percentual da corrente diferencial em função da corrente de


restrição, acima do qual há operação do relé ou da função.

o Devem ser levadas em consideração:

- Para proteções eletromecânicas ou estáticas, considerar os erros de relação


de TC’s e TC’s auxiliares, equipamentos esses que nunca acomodam
exatamente as correntes comparadas.

- Erros de precisão de TC’s para altas correntes (que pode chegar a 10% ,
para cada conjunto de TC’s e TC’s auxiliares externos, dependendo da
especificação dos TC’s aplicados. Ver classe de precisão dos TC’s).

- Diferença introduzida pelo comutador de taps do transformador, na sua


posição extrema com relação ao tap central.

- Saturação de TC’s para condições extremas de corrente, o que depende das


características dos TC’s empregados e o nível de curto-circuito no local.
Assim sendo, nem sempre esse fator precisa ser levado em consideração, ou
eventualmente, pode ser ajustado para uma condição com pequena

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 33 de 81


saturação. Para relés digitais, há fórmulas na documentação técnica da
proteção que permitem estimar a possibilidade de saturação.

o Para proteções eletromecânicas ou estáticas do passado, a inclinação


(percentual) ajustada é, geralmente, única para toda faixa de correntes superior à
corrente mínima diferencial. Em transformadores ou bancos de transformadores
ou autotransformadores de transmissão, um ajuste na faixa de 40 a 50% tem sido
satisfatório.

o Para modernos relés digitais, há possibilidade de ajuste percentual menor para


uma faixa inferior e um ajuste percentual maior para faixas de corrente
superiores. Para o slope 1 (faixa inferior), um ajuste entre 20 e 30% tem sido
executado. Para o slope 2 (faixa superior), um ajuste entre 30 e 50% tem sido
executado.

NOTA: As proteções da série KBCH possuem inclinações fixas de 20% e 80%.

Aspectos a Considerar

o Relações de TC’s Auxiliares ou Fatores de Compensação

Proteções Eletromecânicas ou Estáticas


Para essas proteções podem existir TC’s auxiliares para acomodar as correntes
secundárias dos lados de AT e/ou BT (módulo e ângulo) no sentido de torná-las
aproximadamente iguais para o relé, na relação de transformação nominal (tap
central do comutador de taps). Mesmo assim podem subsistir erros percentuais
relativos entre essas correntes.

Relações: Escolher relações e conexões de TC’s auxiliares para que se tenha


correção de módulos e ângulos das correntes secundárias provenientes dos TC’s
principais, visando torná-los iguais (na medida do possível) para o relé.

Nota: Atentar para as conexões (delta – estrela ou estrela – delta ou estrela –


estrela) que dependem das conexões do transformador protegido.

Proteções Numéricas Digitais


Em algumas dessas proteções existem recursos que aplicam fatores de correção
(“TC’s digitais”) para a acomodação das correntes secundárias dos lados de AT
e/ou BT (módulo e ângulo) no sentido de torná-las iguais para o relé (mesma
base), na relação de transformação nominal (tap central do comutador de taps).
Geralmente, o erro percentual que subsiste é pequeno.

Outras efetuam automaticamente a correção de módulos e ângulos, uma vez


informados os dados da instalação (TC’s, conexões, relações, etc.).

Relações: Escolher relações e conexões “digitais” (recurso que depende do


modelo da proteção) para que se tenha correção de módulos e ângulos das
correntes secundárias provenientes dos TC’s principais, visando torná-los iguais
para o relé.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 34 de 81


o Erros introduzidos pelas relações escolhidas de TC’s + TC’s auxiliares (ou Fatores
de Correção) e pelo Comutador de Taps do transformador

Pode-se esperar um erro da ordem de 10% da corrente nominal do transformador.

o Erros de Precisão de TC’s

Considerar os seguintes critérios para estimativa de erro de precisão de TC’s de


proteção:

Para o Conjunto de TC’s de cada Lado do Transformador

Faixa de Sem TC’s Auxiliares (físicos) Com TC’s Auxiliares (físicos)


Corrente
Condição de
10% 20%
Curto-Circuito.
mesmo para 2 TC’s em paralelo mesmo para 2 TC’s em paralelo
Superior à 3 x I
no esquema disjuntor e meio no esquema disjuntor e meio
Nominal do TC
2% 4%
Em torno da
Nominal do TC mesmo para 2 TC’s em paralelo mesmo para 2 TC’s em paralelo
no esquema disjuntor e meio no esquema disjuntor e meio

Outros Ajustes

 Bloqueio ou Restrição para Corrente de Magnetização Transitória.

Trata-se do valor percentual de uma corrente harmônica (2ª. ou 4ª. ) que caracterize a
existência da magnetização transitória para a proteção. Nos relés KBCH a segunda
harmônica é utilizada para restrição.

 Bloqueio para Corrente de Magnetização por Sobrefluxo.

Trata-se do valor percentual de uma corrente harmônica (3ª. ou 5ª.) que caracterize a
existência de sobrefluxo no núcleo, com chance de atuação errônea da proteção. Nos
relés KBCH a quinta harmônica é utilizada para restrição.

 Alarme ou Trip para Condição de Sobre-Fluxo.

Trata-se do valor percentual de uma corrente harmônica (5ª.) ou valor de V/Hz (função
24), que caracterize a existência de sobrefluxo devido a sobretensão.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 35 de 81


3.1.9 Proteção de Reator “Shunt” - Conexões

Para reator não há transformação de nível de tensão e a corrente que flui nos dois lados
do equipamento protegido é a mesma (lado da linha e lado do neutro). Assim sendo não
há dificuldades como aqueles mencionados para o caso de transformador, como a
adequação de defasamentos ou correção de módulos e bloqueio de seqüência zero.

Utiliza-se TC’s de mesma relação em ambos os lados, de preferência, com conexão


estrela aterrada. Conseqüentemente, não há, em geral, necessidade de TC’s auxiliares.

LT
Reator “Shunt”

87R

Relé de 02 entradas
de corrente

Figura 3.17– Proteção Diferencial de Reator Shunt com TC’s de ambos os lados.

O diagrama trifilar para o esquema acima está mostrado a seguir:

TC's Lado AT Reator Shunt TC's Lado Neutro

Carga Normal -
Proteção
Estável

87C 87B 87A

Figura 3.18– Esquema Trifilar para Proteção Diferencial de Reator Shunt com TC’s de ambos os lados.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 36 de 81


Para o esquema acima, com TC’s em cada fase do lado do neutro, pode-se utilizar:

- Proteção Diferencial Percentual


- Proteção Diferencial de Alta Impedância para cada fase.

Não há preocupação maior quanto à corrente de magnetização transitória pois ambos os


TC’s medem a mesma corrente em cada fase. Entretanto, usa-se geralmente relé com os
recursos que detectam harmônicas de ordem par quanto da energização do reator,
dependendo da configuração dos TC’s.

Também quanto à saturação de TC, não há possibilidade de saturação para curto-circuito


externo. Haveria possibilidade de saturação para curto na bucha de Alta Tensão do reator
ou no trecho entre o reator e o TC da alta tensão, com elevadas correntes. Mas, neste
caso, a possibilidade de haver, ainda corrente diferencial é grande (outro TC), ampla
possibilidade de atuação da proteção (curto interno).

Assim sendo, a escolha de proteção (percentual ou de alta impedância) passa ser mais
uma questão econômica que estritamente técnica.

Pode ocorrer caso onde, do lado do neutro, existe apenas TC de neutro, como mostrado
na figura a seguir:

LT
Reator “Shunt”

87R

Para faltas à terra

Figura 3.19– Proteção Diferencial de Reator Shunt com TC de neutro.

Esta proteção é específica para faltas à terra, no reator ou na área delimitada pelos TC’s.
Este esquema é muito utilizado, considerando que a probabilidade para faltas entre fases
(sem terra) é muito baixa. É a chamada proteção de terra restrita. O esquema trifilar
correspondente é mostrado na figura a seguir (uma das alternativas possíveis, mas
depende do tipo da proteção empregada – ver documentação da proteção):

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 37 de 81


TC's Lado AT Reator Shunt TC de Neutro

Curto Externo
-
Proteção
Estável

87R

Figura 3.20– Esquema Trifilar de Proteção Diferencial de Reator Shunt com TC de neutro.

3.1.10 Diretrizes de Ajustes para proteção diferencial de Reator “Shunt”

Corrente Diferencial Mínima

Há baixo erro em condição normal de operação. A corrente diferencial mínima de atuação


é ajustada bem sensível. No reator não há “tap changer”.

 Geralmente um ajuste da ordem de 10% da corrente nominal do TC, dependendo


também da corrente nominal do reator protegido, tem sido adequado para proteção
digital microprocessada.

Inclinação da Característica Percentual

Para condição de curto circuito (altas correntes), o erro de TC pode chegar até a 10% para
cada conjunto de TC’s ou TC’s auxiliares. Isso deve ser levado em consideração para a
inclinação da característica percentual.

 Para proteções eletromecânicas ou estáticas do passado, a inclinação (percentual)


ajustada é, geralmente, única para toda faixa de correntes superior à corrente mínima
diferencial. Em transformadores ou bancos de transformadores ou
autotransformadores de transmissão, um ajuste na faixa de 20 a 25% tem sido
satisfatório.

 Para modernos relés digitais, há possibilidade de ajuste percentual menor para uma
faixa inferior e um ajuste percentual maior para faixas de corrente superiores. Para o
slope 1 (faixa inferior), um ajuste entre 10 e 20% tem sido executado. Para o slope 2
(faixa superior), um ajuste entre 20 e 25% tem sido executado.

Entretanto, como o erro de TC (corrente alta para o TC) ocorre geralmente para curto-
circuito interno à área protegida, esse erro não traz grandes preocupações, havendo
grande flexibilidade para um ajuste mais sensível.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 38 de 81


3.2 FUNÇÃO TERRA RESTRITA

3.2.1 Finalidade e Enfoque

Uma proteção diferencial para detecção de curtos-circuitos à terra na área protegida, que
mede apenas as correntes residuais ou de neutro dos circuitos dos TC’s (correspondentes
às correntes de terra), referentes a um enrolamento (estrela aterrada) de transformador,
chama-se Proteção Diferencial Restrita de Terra (REF - “Restricted Earth Fault”).

É utilizado, geralmente, quando se deseja maior sensibilidade para curtos à terra no


enrolamento, como uma proteção adicional à proteção diferencial para todos os tipos de
curto-circuito

Modernas proteções diferenciais de tecnologia digital apresentam, quase sempre,


elementos REF para proteção de enrolamentos do tipo estrela-aterrada de
transformadores de potência, que podem ser utilizadas ou não a critério do usuário. Deve-
ser observar que o uso dessa função exige TC’s no lado do neutro do enrolamento estrela
aterrada, ou um TC no próprio neutro (aterramento). As proteções KBCH apresentam
entradas que permitem efetuar a função REF através do princípio de alta impedância..

3.2.2 Conexões e Polaridades

Geralmente é aplicada a um enrolamento de transformador, desde que seja enrolamento


estrela – aterrada. A figura a seguir mostra um caso típico para um transformador triângulo
/ estrela:

Tranformador de Potência TC's Lado B

a
a

b b

c c

TC Neutro
87
REF

Figura 3.21– Proteção Terra Restrita (REF) típica – Tecnologia convencional

O esquema acima mostra um caso tradicional de relé eletromecânico ou estático. Para


relés digitais, podem existir as seguintes alternativas:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 39 de 81


Tranformador de Potência TC's Lado B

a
a

b b

c c

TC Neutro

REF

Figura 3.22– Proteção Terra Restrita (REF) – Conexão para relé digital 1 (KBCH)

Em alguns relés, a somatória das correntes dos TC’s para se obter a corrente residual se
faz digitalmente, como na figura a seguir:

Tranformador de Potência TC's Lado B

a
a

b b

c c

TC Neutro

REF

Figura 3.23– Proteção Terra Restrita (REF) – Conexão para relé digital 2

Podem ser aplicadas a autotransformador, devendo-se tomar o cuidado de somar todas as


correntes de terra referentes ao conjunto de enrolamentos supervisionado (considerado
como um nó de Kirschoff). A figura a seguir ilustra o mencionado:

Auto-Tranformador

REF

Figura 3.24– Proteção Terra Restrita (REF) Convencional – Conexão para Autotransformador

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 40 de 81


Para um transformador com transformador de aterramento Zig-Zag, também pode-se
configurar uma proteção REF, englobando o Zig-Zag, como mostrado na figura a seguir:

i0

i0

i0

Secundário i0 i0 i0
TR Abaixador
- Triângulo

3i0

87N

3i0

c
TR Zig-Zag
de
Aterramento
a

c
3i0
i0

Figura 3.25– Proteção Terra Restrita (REF) – Envolvendo transformador de aterramento

Para o relé KBCH pode ser utilizado o seguinte esquema de conexão para a função REF
(64):

Figura 3.26 – Proteção Terra Restrita (REF) para Autotransformador nos relés da série 7UT (entrada I7)

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 41 de 81


3.2.3 Princípios Utilizados

Dependendo do modelo e fabricante da proteção, diversos métodos existem para a


determinação da localização da falta, se dentro ou fora da área protegida.

Princípio de Alta Impedância

Neste método, a corrente diferencial resultante do circuito de terra é medida através de


uma proteção de alta impedância, como é feito nos relés KBCH, P120 a P123 da AREVA.

Princípio Direcional associado a princípio percentual e supervisão de ângulo

A corrente de neutro, no fechamento da estrela, é medida como corrente de polarização


(referência). A determinação da localização da falta é feita através de composição de
correntes, onde basicamente se determina a direção de uma corrente composta através
de um algoritmo (determinação principalmente do ângulo entre essas correntes).
Associado a esse aspecto, para diminuir a possibilidade de falsa atuação por erro nos
TC’s, há restrição pela somatória dos módulos das correntes envolvidas. Assim, quanto
maior a somatória dessas correntes, maior a corrente de neutro necessária para atuação
(princípio percentual).
Ainda para garantir a correta atuação da proteção mesmo com saturação de TC, há
algoritmo específico para manter a sensibilidade da proteção para uma faixa ampla de
ângulo entre a corrente de polarização e a corrente direcional (quando há saturação de
TC’s, os ângulos das correntes comparadas podem ser diferentes de 0 graus para curto
interno ou 180 graus para curto externo).
Ainda pode haver caso onde há corrente apenas no neutro, não havendo corrente dos
TC’s de linha – trata-se do caso típico de curto-circuito no enrolamento, sem fonte
conectada nos terminais de linha do enrolamento protegido. Neste caso, há atuação direta
da proteção (seletividade inerente).

Figura 3.27– Um tipo de proteção REF. Característica de trip dependente do ângulo entre as correntes
de Neutro e Residual de TC’s. Curto externo 180 graus.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 42 de 81


3.2.4 Diretrizes de Ajustes para Proteção Terra Restrita

Princípio de Alta Impedância

As diretrizes e critérios utilizados são aqueles válidos para a proteção de alta impedância
de qualquer componente do sistema (barra, reator, transformador). Isto é, considera-se um
TC totalmente saturado e se calcula a tensão através do conjunto (relé + resistência
ajustável).

Geralmente o relé do circuito de alta impedância é ajustado para atuar com valor igual ou
superior ao dobro da situação com um TC totalmente saturado.

Princípio Direcional

Corrente Mínima de Neutro: existe sempre uma corrente mínima para a corrente de
polarização (corrente do neutro), para acomodar erros (desbalanços) em condição normal
de operação e erro de precisão de TC (que é baixo em corrente nominal). Este ajuste é
importante, pois a proteção permite disparo quando há corrente de polarização superior ao
ajustado, sem corrente residual composta nos TC’s de linha. O ajuste deve permitir
desbalanço normal esperado, porém com sensibilidade ainda para detectar curtos à terra
no enrolamento. Evidentemente, esse ajuste deverá ser sempre superior ao desbalanço
esperado, com margem de segurança.

NOTA 1: Desbalanços maiores ocorrem em transformadores em subestações de


distribuição, que suprem alimentadores da rede primária de distribuição. Dependendo da
instalação e configuração das cargas na rede de distribuição, o desbalanço pode chegar a
25% da corrente de carga do transformador. Entretanto, essa corrente deve ser medida
caso a caso, em condição de carga pesada no transformador.

NOTA 2: Desbalanço em transformador de interligação de sistemas de transmissão pode


ocorrer quando de problema no seu Comutador de “Taps”, com uma das fases
permanecendo tap diferente dos taps das duas outras fases do banco. Neste caso, pode
haver corrente de seqüência zero no neutro de enrolamento em estrela aterrada. O
desbalanço poderia chegar, por exemplo, a 15% da corrente de carga no banco para uma
posição deslocada de tap.

Elemento Direcional: Dependendo do fabricante e modelo da proteção, pode haver


alguns ajustes associados ao princípio de medição, principalmente no sentido de garantir
estabilidade para erro e saturação em TC’s – ver documentação da proteção.

Temporização: alguns modelos de relés permitem temporizar o disparo da proteção REF.


Geralmente se ajusta operação dessa função sem temporização intencional ou com tempo
muito baixo.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 43 de 81


3.3 FUNÇÃO DE SOBRECORRENTE

3.3.1 Finalidade e Enfoque

A função sobrecorrente, como o próprio nome diz, serve para detectar níveis de corrente
acima de limites estabelecidos e acionar providências para desconectar o componente
protegido. Assim, tal função serve para detectar condições de curto-circuito onde, quase
sempre, uma corrente de fase é sensivelmente maior do que a corrente de carga.

Há dois tipos de corrente a detectar:

 Correntes de fase superiores a correntes de carga, decorrentes de curtos-circuitos.


 Correntes de terra decorrentes de curtos-circuitos a terra.

Para correntes de fase, utiliza-se Função de Sobrecorrente de Fase (50/51F ou 50/51P).


Para correntes de terra, utiliza-se Função de Sobrecorrente de Terra (50/51N ou 50/51G ou
50/51E).

Para correntes de carga, não deve ocorrer atuação desta função. Isto é, a função de
sobrecorrente não é para detectar condição de sobrecarga em transformador.

Funções de Sobrecorrente podem ser individuais, em relés específicos, ou incorporadas


em outros conjuntos de proteção.

3.3.2 Relés de Sobrecorrente e Características

São dispositivos ligados no lado secundário dos transformadores de corrente, e portanto


são acionados por correntes proporcionais àquelas primárias (no circuito ou equipamento
protegido), concebidos e construídos para exercer a função sobrecorrente. Atuam sobre
disjuntores ou religadores que, por sua vez, isolam o circuito defeituoso.

Características de Tempo

Quanto às características tempo x corrente, estes relés podem ser classificados em relés
Instantâneos (Função 50) e relés Temporizados (Função 51). Os relés temporizados
podem ser classificados conforme sua característica tempo x corrente:

 Relés de Tempo Definido


 Relés de Tempo Inverso
 Normalmente Inverso
 Muito Inverso
 Extremamente Inverso

O relé instantâneo é assim denominado porque não introduz temporização intencional


quando se atinge o limite de corrente ajustado. A sua atuação é efetuada com
temporização inerente, que depende da tecnologia e da construção do relé.

Os relés temporizados apresentam características conforme mostradas a seguir:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 44 de 81


Tempo
Tempo
Normalmente
Definido
Inverso
t
Ajustado Inverso

Extremamente
Inverso

Ajuste de x IPickup Ajuste de x IPickup


Corrente Corrente

Figura 3.28 – Característica de Tempo para Funções de Sobrecorrente

No relé de tempo definido, para qualquer corrente de curto-circuito acima do valor de


ajuste, há atuação com um tempo definido (ajustável). Nos demais, existe a relação
inversa entre a corrente e o tempo.

Normalmente um relé de tempo inverso (ou muito inverso, ou extremamente inverso)


apresenta várias curvas, de mesma característica, escalonadas no tempo, sendo que uma
das quais pode ser escolhida quando do ajuste da proteção através da “Alavanca de
Tempo” (“Time Lever”) ou “Dial de Tempo”:
Tempo

Por exemplo,
para curva
“Normalmente
Inversa”:

Etc.

3 Time
Lever
2
1

1x x IPickup

Figura 3.29 – Ajuste do Tempo em Relé de Tempo Inverso

Função ou Elemento Instantâneo

Para relé de tempo inverso, pode-se ajustar também um valor para o chamado “elemento
instantâneo” (Relé ou Função 50). Isto é, a partir de um dado valor de corrente (expresso
em múltiplo da corrente nominal do relé), a proteção passa a atuar instantaneamente e não
mais de acordo com sua curva característica. A figura a seguir ilustra o mencionado.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 45 de 81


Tempo
Time
Lever
3

x IPickup
Ajuste de Ajuste do
Corrente Elemento
Instantâneo

Figura 3.30 – Ajuste do Elemento Instantâneo

Para relés eletromecânicos e grande parte dos estáticos, todas estas características eram
definidas quando da especificação da proteção e procurava-se acomodar situações onde
se desejava estabelecer uma adequada coordenação entre proteções do Sistema Elétrico,
dependendo de cada aplicação e componente protegido. E quando de ajustes era
necessário utilizar as curvas desenhadas em papel logarítmico.

3.3.3 Funções de Sobrecorrente em Relés Digitais

As funções de sobrecorrente nos modernos relés digitais de tecnologia microprocessada


há uma flexibilidade bem maior. É possível escolher um tipo de curva (“inclinação”) dentre
muito normalizados (norma IEC ou IEEE / ANSI) e aplicando fórmula para determinação do
tempo de atuação.

A fórmula normalizada e aplicada para as funções de sobrecorrente em relés digitais é a


seguinte:

 
 
 K 
t  T . 
 L
 I  
    1 
  IS  

T= Múltiplo de Tempo (equivalente ao “Time Lever” da proteção eletromecânica).


K= Coeficiente (vide tabela a seguir).
I = Corrente no Relé.
IS = Corrente de Atuação Ajustada para a Função.
= Coeficiente (vide tabela a seguir).
L= Coeficiente (vide tabela a seguir).

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 46 de 81


Tipo de Curva Norma K  L

Standard Inverse 0,14 0,02 0


Very Inverse 13,5 1 0
IEC
Extremely Inverse 80 2 0
Long Inverse 120 1 0
Moderately Inverse IEEE / ANSI 0,0515 2 0,18
Very Inverse 19,61 2 0,491
Extremely Inverse 28,2 2 0,1215

Ou há a fórmula seguinte:

 
 
 K 
t  T . 
 L
 I  
 
  I   1 
 S  

Tipo de Curva Norma K  L

Inverse 8,9341 2,0938 0,17966


Short Inverse 0,2663 1,2969 0,03393
Long Inverse 5,6143 1 2,18592
Moderately Inverse IEEE / ANSI 0,0103 0,02 0,0228
Very Inverse 3,922 2 0,0982
Extremely Inverse 5,64 2 0,02434
Definite Inverse 0,4797 1,5625 0,21359

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 47 de 81


Exemplo de Características da Norma IEC

Figura 3.31 – Curvas IEC de Característica Normalmente Inversa – Relés MiCOM P120 a P123

3.3.4 Conexão dos TC’s – Proteção Convencional

A conexão da proteção aos Transformadores de Corrente para relés individuais é


mostrada na figura a seguir:
Disjuntor(es) IA
Fase A

TC
IB
Fase B

TC
IC
Fase C

TC

iA iB iC

50/51 50/51 50/51


A B C

Circuito
Residual
50/51
N

I Residual = IA + IB + IC

Figura 3.32 – Conexão de Relés de Sobrecorrente (3 de fase e 1 de terra)

Onde,

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 48 de 81


IA, IB e IC – Correntes primárias.

iA,iIB e iC – Correntes secundárias.

50/51 A, B e C - Elemento Instantâneo (50) / Elemento Temporizado (51) das Funções de


Sobrecorrente das fases A, B e C respectivamente.

50/51N – Elemento Instantâneo (50) / Elemento Temporizado (51) da Função de


Sobrecorrente de Terra.

TC - Transformador de Corrente.

A relação entre a corrente primária (I) e a corrente secundária (i) em cada fase
corresponde à relação de transformação do TC. Por exemplo, para um TC de 300/5
Ampères, a relação é de 60 para 1. A corrente secundária mais baixa que a primária.

Os relés são ajustados para a corrente secundária (i), levando-se em conta a corrente do
lado primário (I).

A simbologia 50 ou 51 corresponde à antiga norma ASA (Americana), atual IEEE / ANSI.

Para funções de fase, a sensibilidade da proteção é limitada pela carga no circuito


protegido. Para função de terra, a limitação é a relação de transformação dos TC’s
utilizados, isto é, quanto maior a relação de transformação, menor será a sensibilidade da
função.

3.3.5 Conexão dos TC’s – Proteção Digital

Numa proteção digital, a conexão é feita de modo semelhante, porém as funções das
fases A, B e C e a função de Terra são executadas digitalmente após a conversão A/D:
Disjuntor(es)
TC Fase A

TC
Fase B

TC Fase C

Circuito
Residual

I Residual = IA + IB + IC

Proteção Digital
Com Funções de
Sobrecorrente
50/51 Fases
50/51 Terra.

Figura 3.33 – Conexão de Proteção Digital de Sobrecorrente. Opção 1.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 49 de 81


Observa-se que há digitalização das correntes de fase e também do circuito residual. Uma
alternativa seria a digitalização apenas das correntes de fase (3) e a corrente residual seria
calculada, como mostra a figura a seguir.
Disjuntor(es)
TC Fase A

TC
Fase B

TC Fase C

Circuito
Residual

Proteção Digital

Funções 50/51 Fases e


50/51 Terra

Mede IA, IB e IC
Calcula I Residual

I Residual = IA + IB + IC

Figura 3.34 – Conexão de Proteção Digital de Sobrecorrente. Opção 2.

3.3.6 TC de Neutro – Corrente de Terra no Neutro

Um TC de neutro de neutro de equipamento mede diretamente a corrente de terra que


passa pelo neutro como mostra a figura a seguir.

Fase A

Relé de Neutro
com Função de
Sobrecorrente Fase B
50/51
TC
N

Fase C

I NEUTRO = IA + IB + IC

Figura 3.35 – Conexão de Proteção de Sobrecorrente de Neutro

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 50 de 81


3.3.7 Condições de Atuação para a Função de Sobrecorrente

Condição Normal de Operação

Em condição normal, as correntes das três fases são equilibradas entre si. Nessas
condições, não há corrente no circuito residual ou em neutro de equipamento. E também,
as correntes secundárias (i) devem estar aquém da sensibilidade mínima da proteção de
sobrecorrente (“Pick-up” mínimo ajustável) e os relés permanecem sem atuação.

Condição de Curto Circuito Trifásico

Neste caso as correntes IA, IB e IC, apesar de equilibradas entre si, são elevadas.
Geralmente muito maiores que na condição de carga normal. E as correntes secundárias
(i) atuam os relés instalados nas fases ou as funções de fase. Não há corrente no circuito
residual, portanto não há atuação do relé ou da função 50/51N.

Condição de Curto-Circuito Fase-Terra

Neste caso, haverá aparecimento de corrente elevada de curto circuito apenas em uma
fase. Por exemplo, (IA). Proporcionalmente a correspondente corrente secundária (ia) será
elevada. Devido ao desequilíbrio à terra, o retorno da corrente (ia) se dará pelo circuito
residual (in). Nestas condições, há condição de atuação das funções 50/51A e 50/51N,
dependendo dos seus ajustes.

Uma atuação da função 50/51N indica que houve desequilíbrio envolvendo terra (curto à
terra). Dai sua denominação “Relé de Terra”.
IA Fase A

TC

Fase B

TC

Fase C

TC

iA
Curto-circuito
da Fase A à
Terra
50/51 50/51 50/51
A B C

50/51
I Residual = IA + IB + IC N

Figura 3.36 – Condição de Curto-Circuito da Fase A à Terra

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 51 de 81


3.3.8 Sensibilidade das Funções de Sobrecorrente de Fase e de Terra

A função de sobrecorrente de fase não pode ser ajustada para correntes próximas à
corrente de carga máxima prevista no equipamento ou circuito protegido. Assim, sua
sensibilidade é limitada pela carga.

Por outro lado, como em condições normais de operação em um sistema trifásico


equilibrado não há corrente pelo circuito residual dos TC´s, a função de sobrecorrente de
terra pode ser ajustada bem sensível. Isto é, quando há corrente no circuito residual, isto
significa que há curto-circuito à terra. Normalmente ajustam-se esses relés de terra na
máxima sensibilidade. A seletividade se obtém ajustando adequadamente seu tempo de
atuação.

3.3.9 Diretrizes de Ajustes para Transformadores de Potência

3.3.9.1 Transformadores em Derivação

Sobrecorrente de fase do lado de Alta Tensão

Finalidade: proteção de retaguarda para curtos-circuitos entre fases nos alimentadores


supridos por este transformador e proteção de retaguarda para curtos-circuitos internos
quando da eventual falha da proteção diferencial. A proteção de sobrecorrente NÃO é para
detectar condição de sobrecarga no transformador.

Valor de “Pick-up”

Trata-se da corrente a partir da qual inicia-se a atuação, isto é, a contagem de


tempo. É expressa em Ampère ou em múltiplo da corrente nominal da proteção.

Seu valor deve ser igual ou superior a 50% acima da corrente nominal de carga do
Transformador protegido, com ventilação forçada. Isso é necessário para permitir
flexibilidade de operação do transformador, podendo muitas vezes operar com valor
superior à carga nominal. Trata-se de um critério empírico, amplamente utilizado
nas concessionárias de serviços de energia elétrica.

Característica de Tempo

Utiliza-se característica de tempo inverso. Deve-se escolher a característica (ANSI /


IEEE ou IEC ou ainda emulação de relés convencionais), sua inclinação e seu fator
de tempo (“dial de tempo”) com base na seguinte condição:

 A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,7 s para a maior
corrente de fase que pode ocorrer em condição de curto-circuito no lado da
Baixa Tensão do transformador, seja do tipo Trifásico ou Fase-Terra.

Esse tempo pode ser menor ou maior, dependendo do critério adotado


tradicionalmente pela empresa, porém nunca deve ser inferior a 0,5 s, para que
possa haver coordenação com a proteção das saídas dos circuitos alimentadores
que são supridos pelo transformador.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 52 de 81


Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A escolha
da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de
transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá do critério de tempo
mencionado.

Função Instantânea de Sobrecorrente de Fase de relés eletromecânicos ou estáticos


convencionais

 Em geral não se utiliza ou se bloqueia o elemento instantâneo, para evitar


qualquer possibilidade de atuação para corrente de magnetização transitória.

Função Instantânea de Sobrecorrente de Fase de relés digitais, com filtros que eliminam
harmônicas de ordem par e atenuam componente DC (deslocamento de eixo):

Essa função, nos relés digitais, é implementada através das funções de


sobrecorrente de tempo definido, com ajuste de tempo igual a zero.

Os relés digitais que possuem filtros ou recursos adequados para que tenham
menos sensibilidade para corrente de magnetização transitória, podem ter
elementos instantâneos ajustados. Seu ajuste de atuação (“Pick-up”), em múltiplo
da corrente nominal da proteção ou em Ampères, deve obedecer aos seguintes
critérios:

 Deve ser superior à maior corrente de fase que pode ocorrer em condição de
curto-circuito no lado da Baixa Tensão do transformador, seja do tipo Trifásico
ou Fase-Terra, com margem de segurança de pelo menos 100%.

 Deve ser superior a pelo menos 3 ou 4 x a corrente nominal do Transformador


protegido, para prevenir atuação para corrente de magnetização transitória,
mesmo que o relé seja digital.

 Deve ter sensibilidade para detectar curto-circuito no lado da AT do


transformador (bucha), com margem de segurança limitada pelo primeiro critério
acima.

Deve-se notar que a atuação instantânea dessa função de sobrecorrente não é


determinante ou obrigatória, uma vez que a proteção é de retaguarda. Seu bloqueio
tem sido uma diretriz bastante comum entre as concessionárias, o que pode estar
mudando com o advento das proteções digitais com algoritmos de filtragem de
harmônicas e de componente DC da corrente de magnetização transitória.

Sobrecorrente de terra do lado de Alta Tensão

Finalidade: proteção de retaguarda para curtos-circuitos à terra nos alimentadores


supridos por este transformador (estrela aterrada / estrela aterrada / terciário em triângulo
para circulação de seqüência zero) e proteção de retaguarda para curtos circuitos internos,
à terra, quando da eventual falha da proteção diferencial.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 53 de 81


Se o transformador tem conexão triângulo no lado da AT, essa proteção tem a única e
exclusiva finalidade de servir como retaguarda para curtos-circuitos a terra nesse
enrolamento da AT, não detectando curtos no lado da BT.

Valor de “Pick-up” para transformadores estrela aterrada / estrela aterrada / triângulo

 Seu valor deve ser baixo, porém superior a corrente residual (3xI0) estimada
para desbalanço normal no transformador em condição de carga máxima. Erro
de precisão nos TC’;s podem agravar esse desbalanço, porém de modo não
significativo.

Valor de “Pick-up” para transformadores com triângulo na AT

 Seu valor deve ser o mínimo possível (faixa de ajustes do relé). O valor mínimo
já contempla, em geral, margem para eventual erro de precisão de TC’s. Note
que, então, a sensibilidade estará limitada pela relação de transformação dos
TC’s.

Característica de Tempo para transformadores estrela aterrada / estrela aterrada /


triângulo

Utiliza-se característica de tempo inverso. Deve-se escolher a característica (ANSI /


IEEE ou IEC ou ainda emulação de relés convencionais), sua inclinação e seu fator
de tempo (“dial de tempo”) com base nas seguintes condições:

 A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,7 s para a maior
corrente de terra (3xI0) que pode ocorrer em condição de curto-circuito à terra
no lado da Baixa Tensão do transformador.

Esse tempo pode ser menor ou maior, dependendo do critério adotado


tradicionalmente pela empresa, porém nunca deve ser inferior a 0,5 s, para que
possa haver coordenação com a proteção das saídas dos circuitos alimentadores
que são supridos pelo transformador.

 A função deve operar com temporização igual ou superior a 1,5 segundos para
a maior contribuição de corrente de terra (3xI0) que pode ocorrer em condição
de curto-circuito no sistema de transmissão que alimenta o transformador (para
um ajuste conservador, calcular corrente de contribuição de terra para curto-
circuito fase-terra na barra de AT).

Essa temporização é necessária considerando que pode ocorrer curto a terra em


linha de transmissão de AT na região e, no caso de eventual falha de proteção de
linha, pode haver desconexão de vários transformadores da região que, apesar de
serem radiais, contribuem com corrente de terra, o que deve ser evitado.

Geralmente esse segundo critério se sobrepõe ao primeiro.

Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A escolha
da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de
transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá dos critérios de tempo
mencionados, adotando o maior deles.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 54 de 81


Característica de Tempo para transformadores com triângulo na AT

Para proteção digital pode-se utilizar característica de tempo definido, com


temporização mínima ou sem temporização. Não há necessidade de se utilizar
função de tempo inverso, pois não há necessidade de coordenação com o lado de
BT.

Lembrar que não haverá corrente de seqüência zero (terra) para qualquer tipo de
falta que ocorra no lado da BT.

Se o relé é eletromecânico, pode-se usar sua característica de tempo inverso com o


menor dial de tempo. Neste caso o elemento instantâneo pode ser ajustado para
uma corrente superior a erro máximo nos TC’s, porém bem inferior a curto-circuito a
terra (corrente de terra) na bucha de AT do transformador.

Função Instantânea de Sobrecorrente de Terra do lado AT, de relés eletromecânicos ou


estáticos convencionais - para transformadores estrela aterrada / estrela aterrada /
triângulo.

 O elemento instantâneo deve ser bloqueado, para evitar qualquer possibilidade


de atuação para corrente residual proveniente da corrente de magnetização
transitória.

Função Instantânea de Sobrecorrente de Terra do lado AT de relés digitais (com filtros que
eliminam harmônicas de ordem par e atenuam componente DC) - para transformadores
estrela aterrada / estrela aterrada / triângulo.

Essa função, nos relés digitais, é implementada através das funções de


sobrecorrente de tempo definido, com ajuste de tempo igual a zero.

Seu ajuste de atuação (“Pick-up”), em múltiplo da corrente nominal da proteção ou


em Ampères, deve obedecer aos seguintes critérios:

 Deve ser superior à maior corrente de terra que pode ocorrer em condição de
curto-circuito no lado da Baixa Tensão do transformador, com margem de
segurança de pelo menos 100%.

 Deve ser superior a pelo menos 4 x a corrente nominal do Transformador


protegido, para prevenir atuação para corrente de magnetização transitória.

 Deve ter sensibilidade para detectar curto-circuito a terra no lado da AT do


transformador (bucha), com margem de segurança limitada pelo primeiro critério
acima.

Deve-se notar que a atuação instantânea dessa função de sobrecorrente não é


determinante ou obrigatória, uma vez que a proteção é de retaguarda. Seu bloqueio
tem sido uma diretriz bastante comum entre as concessionárias, o que pode estar
mudando com o advento das proteções digitais com algoritmos de filtragem de
harmônicas e de componente DC da corrente de magnetização transitória.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 55 de 81


Sobrecorrente de fase do lado de Baixa Tensão

Finalidade: proteção de retaguarda para curtos-circuitos entre fases nos alimentadores


supridos por este transformador e proteção principal para curtos entre fases no barramento
de BT.

Valor de “Pick-up”

Seu valor deve ser igual ou superior a 50% acima da corrente nominal de carga do
Transformador protegido, com ventilação forçada. Isso é necessário para permitir
flexibilidade de operação do transformador, podendo muitas vezes operar com valor
superior à carga nominal. Trata-se de um critério empírico, amplamente utilizado
nas concessionárias de serviços de energia elétrica.

Característica de Tempo

Utiliza-se característica de tempo inverso. Deve-se escolher a característica (ANSI /


IEEE ou IEC ou ainda emulação de relés convencionais), sua inclinação e seu fator
de tempo (“dial de tempo”) com base na seguinte condição:

 A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,5 s para a maior
corrente de fase que pode ocorrer em condição de curto-circuito na própria
barra de Baixa Tensão, seja do tipo Trifásico ou Fase-Terra.

 Coordenação no tempo com correntes de curto-circuito no alimentador, para


falta próximo ao primeiro religador ou elo fusível após a saída do alimentador.
(escolha do tipo de inclinação, se muito inverso, inverso ou extremamente
inverso).

Esse tempo para curto na barra de BT pode ser maior, dependendo do critério
adotado tradicionalmente pela empresa, porém nunca deve ser inferior a 0,4 s.

NOTA 1: Deve-se estar ciente que, para um curto-circuito na barra de BT, a


proteção atuará com temporização igual ou maior que 0,5 s, considerando que a
prioridade é a seletividade com a proteção das saídas dos alimentadores.

NOTA 2: Esquemas de proteção podem ser desenvolvidos com relés digitais de


modo que essa limitação da NOTA 1 possa ser superada:

 Fazendo com que a proteção diferencial do transformador englobe a


barra de BT.

 Efetuando conexão (informações) entre os relés digitais das saídas


dos alimentadores e o relé do lado da BT do transformador. A
atuação do relé do alimentador bloqueando o relé da BT do
transformador. Não havendo bloqueio, o relé da BT do transformador
atuando com tempo inferior a 0,5 s.

Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada. A escolha da inclinação
dependerá do nível da corrente calculada e da relação de transformação do TC

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 56 de 81


utilizado e a coordenação no tempo com o primeiro religador ou elo fusível na rede
de distribuição. O fator de tempo dependerá do critério de tempo mencionado.

Função Instantânea de Sobrecorrente de Fase

O elemento instantâneo deve ser bloqueado, a menos que sua atuação esteja
condicionada a um esquema mencionado na NOTA 2 anterior.

Sobrecorrente de terra do lado de Baixa Tensão

Finalidade: proteção de retaguarda para curtos-circuitos à terra nos alimentadores


supridos por este transformador, faltas essas localizadas no trecho da rede até o último
religador ou elo fusível, e proteção principal para curtos à terra no barramento de BT.

Valor de “Pick-up”

Seu valor deve ser superior ao desbalanço em carga que pode ocorrer, para o
conjunto de alimentadores supridos pelo transformador protegido. Como já
mencionado, esse desbalanço pode chegar a 25% da carga no transformador,
dependendo da distribuição de carga na rede primária de distribuição.

Característica de Tempo

Utiliza-se característica de tempo inverso. Deve-se escolher a característica (ANSI /


IEEE ou IEC ou ainda emulação de relés convencionais), sua inclinação e seu fator
de tempo (“dial de tempo”) com base na seguinte condição:

 A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,5 s para a maior
corrente de terra que pode ocorrer em condição de curto-circuito na própria
barra de Baixa Tensão.

 Coordenação no tempo com correntes de curto-circuito a terra (3xI0) no


alimentador, para falta próximo ao primeiro religador ou elo fusível após a saída
do alimentador. (escolha do tipo de inclinação, se muito inverso, inverso ou
extremamente inverso).

Esse tempo para curto na barra de BT pode ser maior, dependendo do critério
adotado tradicionalmente pela empresa, porém nunca deve ser inferior a 0,4 s.

NOTA 1: Deve-se estar ciente que, para um curto-circuito na barra de BT, a


proteção atuará com temporização igual ou maior a 0,5 s, considerando que a
prioridade é a seletividade com a proteção das saídas dos alimentadores.

NOTA 2: Esquemas de proteção podem ser desenvolvidos com relés digitais de


modo que essa limitação da NOTA 1 possa ser superada:

 Fazendo com que a proteção diferencial do transformador englobe a


barra de BT, como mostrado na figura 2.18.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 57 de 81


 Efetuando conexão (informações) entre os relés digitais das saídas
dos alimentadores e o relé do lado da BT do transformador. A
atuação do relé do alimentador bloqueando o relé da BT do
transformador. Não havendo bloqueio, o relé da BT do transformador
atuando com tempo inferior a 0,5 s.

Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada. A escolha da inclinação
dependerá do nível da corrente de terra calculada e da relação de transformação do
TC utilizado e a coordenação no tempo com o primeiro religador ou elo fusível na
rede de distribuição. O fator de tempo dependerá do critério de tempo mencionado.

Função Instantânea de Sobrecorrente de Terra

O elemento instantâneo deve ser bloqueado, a menos que sua atuação esteja
condicionada a um esquema mencionado na NOTA 2 anterior.

3.3.9.2 Transformador de Interligação de Sistemas

Sobrecorrente de fase do lado de Alta Tensão

Finalidade: proteção de retaguarda para curtos-circuitos entre fases nas barras da


subestação (AT ou MT) conectados ao transformador, ou em linhas de transmissão que
chegam a essas barras. Proteção de retaguarda para curtos-circuitos internos quando da
eventual falha da proteção diferencial.

Valor de “Pick-up”

Trata-se da corrente a partir da qual inicia-se a atuação, isto é, a contagem de


tempo. É expressa, em geral, em múltiplo da corrente nominal da proteção. Para
alguns tipos de relés, entretanto, essa corrente pode ser expressa em Ampère.

Seu valor deve ser igual ou superior a 50% acima da corrente nominal de carga
do Transformador protegido, com ventilação forçada. Isso é necessário para
permitir flexibilidade de operação do transformador, podendo muitas vezes operar
com valor superior à carga nominal. Trata-se de um critério empírico, amplamente
utilizado nas concessionárias de serviços de energia elétrica.

Característica de Tempo

Utiliza-se característica de tempo inverso. Deve-se escolher a característica (ANSI


/ IEEE ou IEC ou ainda emulação de relés convencionais), sua inclinação e seu
fator de tempo (“dial de tempo”) com base na seguinte condição:

 A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,9 s para a maior
corrente de fase que pode ocorrer em condição de curto-circuito no lado da
Média Tensão do transformador, seja do tipo Trifásico ou Fase-Terra.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 58 de 81


 A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,9 s para a maior
corrente de fase que pode ocorrer em condição de curto-circuito na barra de
Alta Tensão do transformador, seja do tipo Trifásico ou Fase-Terra.

Dos dois critérios acima devem estar satisfeitos. Esse tempo é superior ao tempo
de atuação da proteção de linha de transmissão que chega à barra, com margem
de segurança. Há concessionárias que adotam tempo entre 1,0 e 1,5 s ao invés
do mencionado 0,9 s.

Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A
escolha da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de
transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá do critério de tempo
mencionado.

Função Instantânea de Sobrecorrente de Fase de relés eletromecânicos ou estáticos


convencionais

 O elemento instantâneo deve ser bloqueado, para evitar qualquer


possibilidade de atuação para corrente de magnetização transitória.

Função Instantânea de Sobrecorrente de Fase de relés digitais, com filtros que eliminam
harmônicas de ordem par e atenuam componente DC (deslocamento de eixo):

Essa função, nos relés digitais, é implementada através das funções de


sobrecorrente de tempo definido, com ajuste de tempo igual a zero.

Seu ajuste de atuação (“Pick-up”), em múltiplo da corrente nominal da proteção ou


em Ampères, deve obedecer aos seguintes critérios:

 Deve ser superior à maior corrente de fase que pode ocorrer em condição de
curto-circuito no lado da Média Tensão do transformador, seja do tipo Trifásico
ou Fase-Terra, com margem de segurança de pelo menos 100%.

 Deve ser superior à maior corrente de fase que pode ocorrer em condição de
curto-circuito na barra de Alta Tensão do transformador, seja do tipo Trifásico
ou Fase-Terra, com margem de segurança de pelo menos 100%.

 Deve ser superior a pelo menos 4 x a corrente nominal do Transformador


protegido, para prevenir atuação para corrente de magnetização transitória.

 Deve ter sensibilidade para detectar curto-circuito no lado da AT do


transformador (bucha), com margem de segurança limitada pelo primeiro
critério acima.

Deve-se notar que a atuação instantânea dessa função de sobrecorrente não é


determinante ou obrigatória, uma vez que a proteção é de retaguarda. Seu
bloqueio tem sido uma diretriz bastante comum entre as concessionárias, o que
pode estar mudando com o advento das proteções digitais com algoritmos de
filtragem de harmônicas e de componente DC da corrente de magnetização
transitória.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 59 de 81


Sobrecorrente de terra do lado de Alta Tensão

Finalidade: Proteção de retaguarda para curtos-circuitos à terra nas barras de Alta


Tensão e Média Tensão conectados ao transformador e nas linhas de transmissão que
chegam a essas barras. Proteção de retaguarda para curtos circuitos internos, à terra,
quando da eventual falha da proteção diferencial.

Considera-se transformador (ou autotransformador) de interligação com conexão estrela


aterrada / estrela aterrada / terciário em triângulo para circulação de seqüência zero.

Valor de “Pick-up”

 Seu valor deve ser baixo, porém superior a corrente residual (3xI0) estimada
para desbalanço normal no transformador em condição de carga máxima.
Para transformador de interligação esse desbalanço é mínimo. Erro de
precisão nos TC’;s podem agravar esse desbalanço, porém de modo não
significativo.

Característica de Tempo

Utiliza-se característica de tempo inverso. Deve-se escolher a característica (ANSI


/ IEEE ou IEC ou ainda emulação de relés convencionais), sua inclinação e seu
fator de tempo (“dial de tempo”) com base na seguinte condição:

 A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,9 s para a maior
corrente de terra (3xI0) que pode ocorrer em condição de curto-circuito à terra
no lado da Média Tensão do transformador.

 A função deve operar com temporização igual ou superior a 0,9 s para a maior
corrente de terra (3xI0) que pode ocorrer em condição de curto-circuito à terra
na barra de Alta Tensão do transformador.

Dos dois critérios acima devem estar satisfeitos. Esse tempo é superior ao tempo
de atuação da proteção de linha de transmissão que chega à barra, com margem
de segurança. Há concessionárias que adotam tempo entre 1,0 e 1,5 s ao invés
do mencionado 0,9 s.

Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A
escolha da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de
transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá do critério de tempo
mencionado.

Função Instantânea de Sobrecorrente de Terra do lado AT, de relés eletromecânicos ou


estáticos convencionais

O elemento instantâneo deve ser bloqueado, para evitar qualquer possibilidade de


atuação para corrente residual proveniente da corrente de magnetização transitória.

Função Instantânea de Sobrecorrente de Terra do lado AT de relés digitais (com filtros


que eliminam harmônicas de ordem par e atenuam componente DC)

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 60 de 81


Essa função, nos relés digitais, é implementada através das funções de
sobrecorrente de tempo definido, com ajuste de tempo igual a zero.

Seu ajuste de atuação (“Pick-up”), em múltiplo da corrente nominal da proteção ou


em Ampères, deve obedecer aos seguintes critérios:

 Deve ser superior à maior corrente de terra que pode ocorrer em condição de
curto-circuito no lado da Média Tensão do transformador, com margem de
segurança de pelo menos 100%.

 Deve ser superior à maior corrente de terra que pode ocorrer em condição de
curto-circuito na barra de Alta Tensão do transformador, com margem de
segurança de pelo menos 100%.

 Deve ser superior a pelo menos 4 x a corrente nominal do Transformador


protegido, para prevenir atuação para corrente de magnetização transitória.

 Deve ter sensibilidade para detectar curto-circuito a terra no lado da AT do


transformador (bucha), com margem de segurança limitada pelo primeiro
critério acima.

Deve-se notar que a atuação instantânea dessa função de sobrecorrente não é


determinante ou obrigatória, uma vez que a proteção é de retaguarda. Seu
bloqueio tem sido uma diretriz bastante comum entre as concessionárias, o que
pode estar mudando com o advento das proteções digitais com algoritmos de
filtragem de harmônicas e de componente DC da corrente de magnetização
transitória.

Sobrecorrente de fase do lado de MÉDIA Tensão

Finalidade: proteção de retaguarda para curtos-circuitos entre fases nas barras da


subestação (AT ou MT) conectados ao transformador, ou em linhas de transmissão que
chegam a essas barras. Proteção de retaguarda para curtos-circuitos internos quando da
eventual falha da proteção diferencial.

Ajuste: mesmos critérios já mencionados para o lado de AT

Sobrecorrente de terra do lado de MÉDIA Tensão

Finalidade: Proteção de retaguarda para curtos-circuitos à terra nas barras de Alta


Tensão e Média Tensão conectados ao transformador e nas linhas de transmissão que
chegam a essas barras. Proteção de retaguarda para curtos circuitos internos, à terra,
quando da eventual falha da proteção diferencial.

Ajuste: mesmos critérios já mencionados para o lado de AT

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 61 de 81


3.3.10 Diretrizes de Ajustes para Reatores Shunt

Sobrecorrente de fase do lado da Linha

Finalidade: proteção de retaguarda para curtos-circuitos entre fases no reator, quando de


eventual falha da proteção diferencial.

Valor de “Pick-up”

Trata-se da corrente a partir da qual inicia-se a atuação, isto é, a contagem de


tempo. É expressa em Ampères ou em múltiplo da corrente nominal da proteção.

Seu valor deve estar entre 20 e 25% acima da corrente nominal do Reator
protegido, para acomodar eventuais sobretensões dinâmicas (60 Hz) que
aumentam a corrente do reator.

Característica de Tempo

Pode-se utilizar característica de tempo definido ou tempo inverso.

No caso de tempo inverso, deve-se escolher a característica (ANSI / IEEE ou IEC),


sua inclinação e seu fator de tempo (“dial de tempo”) com base na seguinte
condição:

 A função deve operar com temporização igual ou superior a 1,5 s para a maior
corrente de fase que pode ocorrer em condição de curto-circuito no lado da
Linha (fase-terra, externo)

Esse tempo pode ser menor (mínimo em torno de 0,8 s), dependendo do critério
adotado tradicionalmente pela empresa. Essa corrente é bem pequena uma vez
que a contribuição de fase para curto externo, de um reator shunt, resume-se a
corrente de seqüência zero. Geralmente o ajuste de tempo (fator de tempo) é
pequeno.

Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A escolha
da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de
transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá do critério de tempo
mencionado.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 62 de 81


Função Instantânea

Seu ajuste de atuação (“Pick-up”), em múltiplo da corrente nominal da proteção ou


em Ampères, deve obedecer aos seguintes critérios:

 Deve ser superior a pelo menos 4 x a corrente nominal do Reator protegido,


para prevenir atuação para corrente de magnetização transitória (para relé
eletromecânico, adotar 6 x).

 Atendida a condição anterior, a função deve ser ajustada para detectar a


corrente de fase de contribuição do sistema elétrico, para curto circuito bifásico
(86,7% do curto trifásico) ou curto circuito fase-terra no terminal de AT do
reator, com margem de segurança.

Deve-se notar que a atuação instantânea dessa função de sobrecorrente não é


determinante ou obrigatória, uma vez que a proteção é de retaguarda.

Sobrecorrente de terra do lado da Linha

Finalidade: proteção de retaguarda para curtos-circuitos à terra no Reator, para eventual


falha de proteção diferencial.

Valor de “Pick-up”

 Seu valor deve ser o mínimo possível (faixa de ajustes do relé). O valor mínimo
já contempla, em geral, margem para eventual erro de precisão de TC’s. Note
que, então, a sensibilidade estará limitada pela relação de transformação dos
TC’s.

Característica de Tempo

Utiliza-se característica de tempo inverso. Deve-se escolher a característica (ANSI /


IEEE ou IEC), sua inclinação e seu fator de tempo (“dial de tempo”) com base nas
seguintes condições:

 A função deve operar com temporização igual ou superior a 1,5 s para a maior
corrente de terra (3xI0) de contribuição do reator, que pode ocorrer em condição
de curto-circuito à terra no lado da Linha (fase-terra, externo).

Esse tempo pode ser menor (nunca inferior a cerca de 0,8 s), dependendo do
critério adotado tradicionalmente pela empresa. Essa corrente pode ter um valor
razoável, dependendo do tipo de núcleo do reator shunt (se núcleo de três pernas
ou se banco de 3 monofásicos), uma vez que pode haver contribuição de (3 x I0)
para curto-circuito externo à terra.

Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A escolha
da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de
transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá do critério de tempo
mencionado

Função Instantânea

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 63 de 81


Seu ajuste de atuação (“Pick-up”), em múltiplo da corrente nominal da proteção ou
em Ampères, deve obedecer aos seguintes critérios:

 Deve ser superior a pelo menos 4 x a corrente nominal do Reator protegido,


para prevenir atuação para corrente de magnetização transitória, no caso de
relés digitais (para relé eletromecânico, adotar 6 x).

 Atendida a condição anterior, a função deve ser ajustada para detectar a


corrente de terra (3xI0) de contribuição do sistema elétrico, para curto circuito
fase-terra no terminal de AT do reator, com margem de segurança.

Deve-se notar que a atuação instantânea dessa função de sobrecorrente não é


determinante ou obrigatória, uma vez que a proteção é de retaguarda.

Sobrecorrente de terra do relé de neutro (caso exista TC no neutro)

Finalidade: proteção de retaguarda para curtos-circuitos à terra no Reator, para eventual


falha de proteção diferencial. Esta proteção tem maior sensibilidade que a proteção de
terra anterior, uma vez que se tem uma relação de transformação menor no TC de neutro.

Valor de “Pick-up”

 Seu valor deve ser o mínimo possível (faixa de ajustes do relé). O valor mínimo
já contempla, em geral, margem para eventual erro de precisão de TC’s. Note
que, então, a sensibilidade estará limitada pela relação de transformação dos
TC’s.

Característica de Tempo

Utiliza-se característica de tempo inverso. Deve-se escolher a característica (ANSI /


IEEE ou IEC), sua inclinação e seu fator de tempo (“dial de tempo”) com base nas
seguintes condições:

 A função deve operar com temporização igual ou superior a 1,5 s para a maior
corrente de terra (3xI0) que pode ocorrer em condição de curto-circuito à terra
no lado da Linha (fase-terra, externo).

Esse tempo pode ser menor (nunca inferior a 0,8 s), dependendo do critério
adotado tradicionalmente pela empresa.

Tanto a curva ANSI / IEEE como a IEC pode ser utilizada, sem distinção. A escolha
da inclinação dependerá do nível da corrente calculada e da relação de
transformação do TC utilizado. O fator de tempo dependerá do critério de tempo
mencionado.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 64 de 81


Função Instantânea

 Geralmente essa função para o relé do neutro é bloqueada (desativada ou não


ativada).

3.4 FUNÇÃO DE SEQUÊNCIA NEGATIVA

3.4.1 Objetivo

A função de tem a finalidade de detectar desbalanços no transformador ou no banco,


traduzido pelo aparecimento de componente de seqüência negativa na corrente. Isto é, o
surgimento da componente de seqüência negativa I2 significa que há desbalanço de
corrente através do circuito onde está aplicada a proteção e pode ser causada por:

 Uma fase aberta


 Duas fases abertas
 Carga desequilibrada (comum para circuitos primários de Distribuição)
 Curto-circuito fase-terra.
 Curto-circuito bifásico.
 Curto-circuito bifásico-terra.

Geralmente uma situação de desbalanço decorre de uma fase aberta devido a problema
em seccionadora ou disjuntor, ou ainda em conector. Eventualmente, a função de
seqüência negativa pode ser utilizada como função de retaguarda para faltas em linhas
adjacentes ao transformador, com a corrente de curto circuito da mesma ordem de
grandeza ou até menor que a corrente de carga.

Enfoque

Tanto uma fase aberta, como um curto circuito diferente do trifásico, produz componentes
de seqüência negativa na corrente medida. No caso da fase aberta, a intensidade dessa
componente depende da intensidade da carga através do transformador.

Há dificuldade para se estimar a porcentagem de corrente de seqüência negativa para a


função, bem como para o tempo para atuação, uma vez que tudo depende da carga no
momento e da ocorrência ou não de curto-circuito desequilibrado externo.

A função, aplicado em sistema (transformador) não radial, não deve atuar para eventual
desbalanço em circuito adjacente (por exemplo fase aberta), o que dificulta ainda mais o
estabelecimento do ajuste.

3.4.2 Utilização para Transformador

Num transformador, essa função poderá ser especificada ou ativada para utilização (em
relé digital) quando:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 65 de 81


 Há possibilidade razoável de condição de fase aberta (histórico do desempenho de
equipamentos de manobra na subestação ou do desempenho da instalação elétrica em
si).

 Há necessidade de proteção de retaguarda, localizada no transformador, quando de


possibilidade de curtos-circuitos em rede primária ou linha de transmissão adjacente ao
transformador, com característica especial (baixa corrente de curto, igual ou menor que
a corrente de carga, com dificuldade de detecção pela proteção de sobrecorrente).

A proteção MiCOM P123 da AREVA possui função de seqüência negativa (I2) e também
uma função que relaciona I2 / I1 chamada “broken conductor” que podem ser ativadas.

3.4.3 Diretrizes de Ajustes para a Função

Caso se deseje ativar e utilizar essa função para transformador, o seu tempo de atuação
pode ser igual ou superior a 4 [s], qualquer que seja a percentagem ajustada de seqüência
negativa. Assim, é desejável que se utilize função de tempo definido, mesmo que haja
disponível função de tempo inverso.

Assim, para transformador, é desejável se usar um estágio apenas, sensível, com


temporização elevada, mesmo que haja disponível um segundo estágio.

Isto é desejável para evitar qualquer interferência para condição de curto circuito no
desempenho da função. Deve-se observar que não há necessidade de rapidez para essa
função.

O valor percentual da corrente I2 (seqüência negativa) com relação à corrente I1


(seqüência positiva) – função “broken conductor” dos relé P122 e P123 - poderá, neste
caso, ser ajustado para um valor entre 10 e 40%. Nunca superior a 50% da carga prevista,
pois quando se perde uma fase, a corrente de seqüência negativa é da ordem de 58% da
corrente de fase.

O melhor procedimento é seguir as orientações do documento técnico da proteção.

3.5 FUNÇÃO DIRECIONAL DE SOBRECORRENTE

A única diferença entre uma função de sobrecorrente e uma função direcional de


sobrecorrente é que esta última tem uma característica extra associada à direção da corrente
medida, e não apenas ao módulo da corrente medida.

Para que isto seja possível, deverá haver, para cada relé, uma referência de tensão. Isto é,
os mesmos devem ser Polarizados.

Há duas funções direcionais de terra: aquela para corrente de fase e aquela para corrente
de terra. O código ANSI para a função direcional de sobrecorrente é (67). Pode ter, também,
elemento instantâneo, porém não há código específico para esse elemento instantâneo.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 66 de 81


3.5.1 Objetivo

A função tem a mesma finalidade daquela citada para a Proteção de Sobrecorrente do


transformador.

Enfoque

O fato de essa função ter característica direcional, implica em:

- Melhor seletividade para as várias contingências envolvendo o local de curto-circuito.


- Menor abrangência uma vez que detectam faltas em uma só direção.
- Necessidade de TP’s na barra do lado em que está aplicada a função, para informação
de tensão / direção.

3.5.2 Utilização para Transformador

Num transformador, essa função poderá ser ativada para utilização (em relé digital)
quando:

 Há necessidade de maior seletividade, isto é, quando se deseja atuação em tempos


menores com curto-circuito numa direção, quando os valores de curto na direção
reversa são muito maiores.

 As correntes na direção reversa não apresentam significado para a proteção (caso da


função de sobrecorrente de terra no lado da AT de um transformador em derivação, de
conexão estrela aterrada / estrela aterrada / terciário em triângulo). Neste caso, seu
uso é apenas opcional.

Deve-se observar que a utilização da função de sobrecorrente direcional para proteção de


transformador, na grande maioria dos casos, é praticamente desnecessária. As exceções
referem-se a casos especiais referentes aos dois itens acima,

3.6 FUNÇÕES DE TENSÃO

3.6.1 Função de Sobretensão (59)

Como o próprio nome menciona, é uma função para detectar condições de tensão
superiores aos valores normalmente aceitos para a Operação do Sistema ou do
Equipamento. São realizados através de funções ou relés específicos conectados nos
lados secundários dos Transformadores de Potencial.

Pode ser de dois tipos: Função de Sobretensão Instantânea ou Função de Sobretensão


Temporizada.

A função instantânea não possui temporização intencional, isto é, seu tempo de atuação
depende apenas de suas características construtivas e inerentes ou do seu algoritmo (no
caso de ser digital). Por outro lado, a função temporizada é construída para introduzir uma
temporização intencional e ajustável. Os relés de sobretensão temporizados são,

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 67 de 81


geralmente, de característica definida de tempo (não inversa). Numa proteção digital, todos
esses aspectos são configuráveis.

Tempo (s)

Temporização
(Ajustável)

59 59
Tensão (V)
Valor de Valor de 59
Desatuação Atuação
(drop-out) (pick-up)

Figura 3.37 – Função 59, de tempo definido, para tensões de linha.

Dependendo do nível de sobretensão esperado, utiliza-se função instantânea ou


temporizada.

Uma característica muito importante numa função ou num relé de sobretensão é a


chamada “relação pick-up / drop-out”. Num relé de sobretensão, dependendo da sua
construção e da tecnologia utilizada, há sua atuação quando se atinge o nível de tensão
ajustado e há desatuação quando a tensão retorna às condições normais. A tensão em que
o relé deixa de atuar (“drop-out”) é sempre menor que a tensão de atuação. E a relação
“pick-up / drop-out” pode ser definida como:

Relação “pick-up / drop-out” = (tensão de atuação / tensão de desatuação) * 100 %

Se esta relação é muito grande, significa que há necessidade de redução acentuada de


tensão para que a função retorne à condição de não atuação. Haverá sempre o perigo de
se ter uma proteção de sobretensão atuada após a tensão do sistema protegido ter
retornado ao normal.

Este valor é sempre superior a 100 %. Quanto menor esta relação, mais segura a
aplicação da função de sobretensão. Um modelo ideal de função de sobretensão seria uma
relação de 100 %, isto é, qualquer abaixamento de tensão aquém do valor ajustado
provocaria a desatuação da função. Relés modernos, com tecnologia digital, permitem
relação próxima a 100 %.

Utiliza-se a função de sobretensão na proteção de equipamentos que podem ter sua


isolação deteriorada no caso de exposição prolongada ou repetitiva a condições de
sobretensão. Em EAT é aplicada em linhas para que tenha uma função sistêmica, isto é,
para desligar trechos do sistema afetados por sobretensão (excesso de reativos na região).

3.6.2 Uso da Função 59 em Transformadores de Potência

Não se usa proteção de sobretensão, especificamente para transformadores de potência


em derivação (suprindo redes de distribuição).

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 68 de 81


Para transformadores de potência de interligação de sistemas de transmissão, entre duas
redes de Alta ou Extra Alta Tensão, seu uso é opcional. Isto porque, geralmente, as linhas
de EAT já possuem proteções de sobretensão nos seus terminais.

Em tempos recentes, os sistemas de proteção para transformadores que interligam


sistemas de EAT (superior a 345 kV) no Brasil têm sido especificados com funções de
sobretensão. A função utilizada é a de sobretensão temporizada trifásica (sobretensão
simultânea nas 3 fases, isto é, de característica sistêmica).

Exemplo: Proteção MiCOM P921

Trata-se de uma proteção digital que permite o uso das seguintes funções: 59
(sobretensão), 27 (subtensão) e 59N (tensão residual).

3.6.3 Diretrizes de Ajustes para a Função 59

Em geral, essas funções são ajustadas para atuarem a partir de uma tensão em torno de
20% acima da nominal de operação do sistema, no ponto de aplicação.

Sua temporização é ajustada, dependendo da empresa operadora, entre 1,0 e 4,0 s.

3.6.4 Proteção de Sobretensão para Terra em Circuitos Isolados – Código 59N ou 64.

Uma função 59 pode ser conectada para detectar o valor 3.V0, isto é, a tensão residual,
através de secundários de TP’s em “delta aberto”.

Tempo (s)

Temporização
(Ajustável)

Tensão (V)
Valor de Valor de 59N
Desatuação Atuação
(drop-out) (pick-up) ou 64

Figura 3.38 – Função 59 Terra, de tempo definido, para faltas a terra em sistema isolado.

Neste caso a tensão através do relé será: VRESIDUAL  3.V0  V AN  VBN  VCN

Num sistema solidamente aterrado, essa tensão residual é pequena, quando de um curto
circuito para terra. Entretanto, para um sistema isolado, ou para um sistema aterrado
através de resistência ou reatância, o valor é grande para faltas a terra.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 69 de 81


Assim, utiliza-se essa proteção para se detectar curtos de uma fase à terra, por exemplo,
num sistema 13,8 kV conectado no terciário em Delta de um transformador (sistema
isolado, sem neutro). Daí identificar essa proteção também como 64 (proteção terra).

Essa função sempre é necessária para o caso de um transformador de interligação de


sistemas, com terciário em Delta, estiver alimentado o serviço auxiliar da subestação
(geralmente em 13,8 kV).

Diretriz de Ajuste

Considerando secundário de TP de 115: 3 = 66,4 Volts, no caso de um curto circuito de


uma fase à terra no circuito isolado (sem neutro), a tensão através dos terminais da
proteção será de 3 x 66,4 = 199,2 V. O relé deve ter sensibilidade para detectar essa
tensão, com margem.

Há sempre necessidade de resistência de estabilização em paralelo com a função 59, no


secundário em delta aberto do TP. Essa resistência atenua problemas de
ferroressonância.

3.6.5 Função de Sobre-excitação. Código 24

Alguns relés digitais de tensão incorporam a função denominada “Sobre-excitação”. Ela


tem a finalidade de detectar excesso de fluxo magnético no núcleo do transformador que
pode provocar danos por aquecimento.

Mede-se a relação V / Hz. De acordo com a Norma ANSI, sobre-excitação ocorre quando a
relação V/Hz excede 1,05 em valor p.u. a plena carga ou 1,10 p.u. sem carga.

Trata-se de uma condição a ser detectada, uma vez que a sobre-excitação produz
aquecimentos danosos no transformador, podendo danificar o núcleo.

O relé KBCH da AREVA possui entrada de tensão para a função V/Hz que tem a
característica mostrada na figura a seguir:

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 70 de 81


Figura 3.39 – Característica da função 24 da proteção KBCH da AREVA

Aplicação

Sua aplicação é sempre desejável para transformadores elevadores conectados a


geradores, onde existe a possibilidade de sobretensão por excitação do gerador conectado
ao transformador e isolado do sistema elétrico.

Diretriz de Ajuste

Deve-se seguir orientação da documentação técnica da proteção.

3.6.6 Função ou relé de Subtensão ou – Código 27

Não se utiliza essa função na proteção de transformador ou reator.

A função 27 só é utilizada em esquemas de automação de subestações (manobras


automáticas), quando há necessidade de detectar falta de tensão em um circuito. Neste
caso, bastaria haver um contator atuado por tensão.

3.7 FUNÇÃO DE SOBRECARGA TÉRMICA

Uma proteção de sobrecarga, seja de transformador, máquina rotativa ou de cabos ou linhas


tem a ver, sempre, com a temperatura que pode chegar o componente protegido em função
da corrente de carga.

Qualquer equipamento ou instalação não se aquece instantaneamente em função de carga


excessiva. Para um determinado degrau de corrente, para mais, a temperatura desse
componente variará exponencialmente em função da sua constante de tempo de
aquecimento.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 71 de 81


A figura a seguir mostra o conceito de constante de tempo para o aquecimento de um corpo
homogêneo, para uma variação exponencial:

Temperatura

2

Variação
63% da
total
variação total

1

tempo

= Constante de Tempo


Figura 3.40 – Definição de Constante de Tempo de Aquecimento

Uma proteção de sobrecarga (proteção térmica – Código 49) deve, portanto, emular as
condições de aquecimento do componente protegido em função da corrente através desse
componente.

3.7.1 Relés Térmicos de Tecnologia Eletromecânica

No passado, procurou-se construir relés térmicos com tecnologia eletromecânica que,


através de dissipadores térmicos (alumínio), tentavam simular a constante de tempo do
equipamento protegido. Mas esses dispositivos nunca conseguiram prover uma boa
proteção para sobrecarga. Eram viáveis apenas para alguns tipos de motores. A figura a
seguir mostra o esquema de um relé térmico com tecnologia eletromecânica:

I carga

Equipamento

i i

Relé Térmico)

+ Vcc

i Trip por Trip por


corrente elemento térmico

Figura 3.41 – Esquema de Relé Térmico com Tecnologia Eletromecânica

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 72 de 81


Para transformadores de potência não se utilizavam esses tipos de relés eletromecânicos
por absoluta falta de compatibilidade quanto às características térmicas. Assim para
transformadores, por muitos anos, confiou-se nos dispositivos intrínsecos como a Imagem
Térmica e os termômetros de óleo e de enrolamento.

3.7.2 Modernas Proteções Digitais

A tecnologia digital tornou possível, através de algoritmos específicos, a emulação de


constantes de tempo de aquecimento e demais parâmetros associados ao aquecimento de
transformadores, máquinas girantes, cabos e linhas.

Assim, modernos relés possuem a função 49 de “Sobrecarga Térmica” para ser


devidamente aplicada na detecção de aquecimentos provocados por sobrecargas, o que
passa a ser uma opção de utilização não existente num passado recente. Um dos tipos
baseia-se na modelagem de uma réplica térmica com base na corrente de carga. O calor
gerado, por exemplo, em cabo ou transformador é função do tipo I2.R.t, isto é, proporcional
à corrente ao quadrado. O quadrado da corrente é integrado no tempo, para modelagem.

A grande dificuldade no uso dessa função está na determinação da constante de tempo e


demais parâmetros (relacionados a normas) do componente protegido.

Um segundo tipo baseia-se no cálculo da temperatura do enrolamento no ponto mais


quente “hot spot”.

Assim, os diversos fabricantes nos seus diversos relés de proteção digitais apresentam
possibilidade de modelagem térmica do equipamento ou instalação a proteger contra
temperaturas elevadas causadas por sobrecarga.

3.7.3 Exemplo das Proteções MiCOM P122 e P123 da AREVA

Essa proteção apresenta conceituação e uma modelagem envolvendo constante de tempo


de aquecimento, constante k, corrente de carga máxima, corrente em condição de
sobrecarga, corrente de pré carga, etc.

A característica térmica de um cabo, um banco de capacitores, um transformador a seco,


etc. é dada pela expressão:

 
I 2  (k .I Plena ) 2 
)
exp( t
I 2  I Pr2 e

Onde:

t= tempo para trip após início da sobrecarga.

= constante de tempo de aquecimento ou esfriamento


I= corrente de carga / sobrecarga
k= fator associado a fórmula (constante), depende de norma/fabricante.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 73 de 81


Se k = 1,05, então a instalação ou equipamento suporta

Continuamente < 1,05. IPlena.


IPlena = Corrente de Plena Carga (norma ou fabricante)
IPré = Corrente previamente existente, antes da sobrecarga

Mais fácil estimar constante de tempo de aquecimento para transformadores secos, reator
com núcleo a ar, banco de capacitores, linhas aéreas e barras (isto é, equipamentos ou
instalações sem óleo de refrigeração), A tabela a seguir mostra um exemplo de valores
aproximados e típicos de constantes de tempo de aquecimento:

Instalação Constante de tempo em


minutos
Transformador Seco até 400 kVA 40
Transformador Seco entre 400 e 800 kVA 60 a 90
Reator de Núcleo a Ar 40

Instalação Constante de tempo em


minutos
Banco de Capacitores 10
Linhas Aéreas 10
Barras 60
Cabo blindado ou isolado a Polipropileno (150 mm2 66 kV) 60
2
Cabo blindado ou isolado a Polipropileno (150 mm 33 kV) 40

O relé utiliza a seguinte fórmula matemática para atuação:

 | K 2  2 | 
tTRIP  Te . ln  2 
 | K   TRIP 
2

Onde:

tTRIP = Tempo para trip


Te = Constante de tempo térmica (segundos)

I equiv
K= Sobrecarga térmica 
k .I 

Iequiv = Corrente de carga / sobrecarga. No relé, a maior corrente de fase.

k = fator associado à fórmula do estado térmico.

I = corrente a plena carga da mesma fórmula do estado térmico

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 74 de 81


 = 2
Estado térmico inicial (Exemplo, se 30%, então  = 0,3)

TRIP2 = Estado térmico do trip (Exemplo, se 100%, então TRIP2 = 1,0)

A proteção calcula o estado térmico a cada 100 ms através da expressão:

I Equiv
 t 1  ( ) 2 ..1  exp( t )   t . exp( t )
kI    Te  Te

3.8 OUTRAS FUNÇÕES

3.8.1 Função de Frequência (81) e Rejeição de Carga

As funções de sobre-freqüência e sub-frequência são utilizadas tanto para condições


específicas do sistema elétrico (proteção sistêmica) como para proteção de máquinas
sensíveis a baixas ou altas freqüências. Exemplos:

 Esquemas de rejeição de carga, para condição de sub-frequência, no sentido de tentar


salvar o sistema quando de perturbações com excesso de carga e falta de geração.
 Esquemas de controle de emergência para ilhamentos em condições específicas,
também no sentido de salvar parte do sistema quando de perturbações.
 Proteção de máquinas girantes, térmicas, que são sensíveis a altas ou baixas
freqüências.
 Alternativa elétrica para proteção contra sobre-velocidade de máquinas geradoras.

No caso específico de transformadores em derivação, alimentando cargas radiais,


funções de sub-frequência podem ser utilizadas para esquema de rejeição de carga.

No Brasil, os níveis de rejeição associados aos vários graus de sub-frequência são


determinados em conjunto com o ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico, para as
concessionárias de serviços de Distribuição de Energia Elétrica.

Esquema de Rejeição de Carga

Quando se implementa um esquema de rejeição de carga, os seguintes procedimentos e


critérios devem ser considerados:

 Quantidade de estágios de rejeição.


 Ajuste de frequência para cada estágio.
 Temporização para cada estágio.
 MVA de rejeição correspondente a cada estágio.
 Máxima sobrecarga permitida.

No Brasil não se utiliza, para esquemas regionais de rejeição de carga (ERAC), critério de

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 75 de 81


taxa de variação de freqüência.

3.8.2 Função “COLD LOAD PICKUP”

A função não faz parte da proteção de Transformador. Entretanto é aqui descrita, de modo
sucinto, uma vez que se relaciona com a proteção de alimentadores de distribuição
alimentados por transformadores de potência em derivação.

Quando um circuito alimentador de Distribuição fica desligado por um período de tempo


(ordem de grandeza de minutos), a chamada diversidade das cargas intermitentes é
perdida. Na reenergização do circuito, a “carga fria” pode ser maior que o carregamento
normal desse mesmo circuito. Há um tempo até que a carga se “normalize”, sendo esse
período transitório denominado “cold load inrush”.

A função “cold load” faz com que, dinamicamente, se altere o valor de ajuste de partida
(“pick-up”) da proteção de sobrecorrente do alimentador, diminuindo sua sensibilidade para
esse período de tempo após o fechamento do disjuntor, após desligamento.

Característica
ajustada de
corrente -
tempo inverso

x In
Ajuste Normal Ajuste de “pick-up”
de “pick-up” com o “cold load” ativo

Figura 3.42 – Característica dinâmica da função “cold load”

Dependendo do modelo do relé ou do fabricante, há opções para detecção da situação de


fechamento com “cold load”. Em geral usa-se o estado do disjuntor através de contato
auxiliar e verifica-se o tempo em que ele permanece aberto.

Por exemplo, pode-se ajustar o esquema para:

 Ativação após 30 minutos aberto.


 Permanece ativo durante 5 minutos após fechamento.
 Não ativação para religamento automático.

Os relés MiCOM P122 e P123 possuem essa função.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 76 de 81


4. FILOSOFIA DE PROTEÇÃO

4.1 ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL

4.1.1 Proteção Ampla

Quando a proteção diferencial utiliza TC’s de pedestal externos, junto aos disjuntores,
abrangendo não apenas o transformador ou reator protegido, como também as conexões e
demais instalações como pára-raios e eventuais TP’s que ficam entre os TC’s.

Em termos de proteção é o esquema de preferência, pois tem uma área de proteção


ampla.

4.1.2 Proteção Curta

Quando a proteção diferencial utiliza TC’s de BUCHA do equipamento protegido. Tem a


vantagem de não necessitar TC’s externos (eventual economia, principalmente para
reatores shunt).

Em termos de proteção tem a desvantagem de incluir, na sua área de proteção, somente o


equipamento em si (transformador ou reator).

4.2 ESQUEMAS COM RELÉS CONVENCIONAIS ELETROMECÂNICOS OU ESTÁTICOS

4.2.1 Para Transformadores em Geral

Transformadores em Derivação

O esquema básico deve ser constituído de:

 Proteção diferencial para as três fases, tipo percentual, ampla ou curta.


 Proteção de sobrecorrente de fase no lado da AT.
 Proteção de sobrecorrente de terra (circuito residual de TC’s) no lado da AT.
 Proteção de sobrecorrente de fase do lado da BT (opcional)
 Proteção de sobrecorrente de terra do lado da BT (no TC de neutro, caso exista ou no
circuito residual dos TC’s).

Transformadores de Interligação

O esquema básico deve ser constituído de:

 Proteção diferencial para as três fases, tipo percentual, ampla.


 Proteção de sobrecorrente de fase no lado da AT.
 Proteção de sobrecorrente de terra (circuito residual de TC’s) no lado da AT.
 Proteção de sobrecorrente de fase do lado da MT.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 77 de 81


 Proteção de sobrecorrente de terra do lado da MT (circuito residual dos TC’s) no lado
da MT.
 Proteção de sobrecorrente de fase no lado da BT – Terciário, caso exista acessível.
 Proteção de sobrecorrente de terra (circuito residual de TC’s) no lado da BT –
Terciário, caso exista acessível
 Proteção de Sobretensão Residual, para secundário dos TP’s do lado terciário em delta
aberto, para detecção de curto circuito fase-terra em sistema isolado, caso exista
acessível com TP’s.

4.2.2 Para Sistemas de Extra Alta Tensão

Adicionalmente ao esquema básico anterior para Transformadores ou


Autotransformadores (Bancos) de Interligação de Sistemas, dependendo da filosofia da
empresa usuária e da importância e potência do banco de transformadores protegido,
pode-se utilizar:

 Proteção Diferencial para as três fases, curta, tipo percentual, como segunda proteção
diferencial (proteção alternada).
 Ou, ao invés de uma segunda proteção diferencial completa, uma proteção diferencial
restrita de terra (REF) para cada enrolamento em estrela aterrada (AT e MT).

4.2.3 Para Reatores Shunt

O esquema básico deve ser constituído de:

 Proteção diferencial para as três fases, ampla ou curta. Tipo alta impedância ou
percentual, caso haja TC’s nas três fases no lado do neutro (aterramento).
 Ou proteção diferencial restrita a terra, tipo alta impedância ou direcional, caso haja TC
apenas no aterramento do lado do neutro.
 Proteção de sobrecorrente de fase no lado da AT.
 Proteção de sobrecorrente de terra (circuito residual de TC’s) no lado da AT.
 Proteção de sobrecorrente de terra do lado da BT (No TC de neutro, caso exista. Ou no
circuito residual dos TC’s do lado do neutro, caso também existam).

PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS – TRANSFORMADOR INTERLIGAÇÃO Esquemas de Proteção 78 de 81


4.3 ESQUEMAS COM RELÉS DIGITAIS

4.3.1 Para Transformadores em Geral

Transformadores em Derivação

O esquema básico deve ser constituído de:

 Uma Proteção Multifuncional com, no mínimo, as seguintes funções de proteção:


- Função diferencial para as três fases, tipo percentual, ampla ou curta.
- Função de sobrecorrente de fase no lado da AT.
- Função de sobrecorrente de terra (circuito residual de TC’s) no lado da AT.
- Função de sobrecorrente de fase do lado da BT (opcional)
- Função de sobrecorrente de terra do lado da BT (alimentado pelo TC de neutro,
caso exista, ou pelo circuito residual dos TC’s).
- Função de seqüência negativa.

- NOTA: Função de falha de disjuntor para ser utilizada no lado AT depende do


esquema adotado para a Subestação. Eventualmente é desejável que seja incluída
na proteção multifuncional.

 Uma Proteção de Sobrecorrente, fisicamente distinta da primeira, com no mínimo:


- Função de sobrecorrente de fase do lado da AT
- Função de sobrecorrente de terra do lado da AT.

- NOTA: Função de falha de disjuntor para ser utilizada para o disjuntor do lado da
BT depende do esquema adotado na Subestação. Eventualmente é desejável que
seja incluída nesta proteção.

Transformadores de Interligação

O esquema básico deve ser constituído de:

 Uma Proteção Multifuncional com, no mínimo, as seguintes funções de proteção:


- Função diferencial para as três fases, tipo percentual, ampla (proteção primária).
- Função de sobrecorrente de fase no lado da AT.
- Função de sobrecorrente de terra (circuito residual de TC’s) no lado da AT.
- Função de sobrecorrente de fase do lado da MT.
- Função de sobrecorrente de terra do lado da MT (circuito residual dos TC’s) no lado
da MT.
- Função de Seqüência Negativa, para uso no lado AT ou no lado MT, ou em ambos.
- Duas funções de terra restrita (REF) para enrolamentos estrela aterrada, uma para
o lado da AT outra para o lado da MT.

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- NOTA: Função de falha de disjuntor para ser utilizada no lado AT depende do
esquema adotado para a Subestação. Eventualmente é desejável que seja incluída
na proteção multifuncional. Porém deve-se notar que em EAT (igual ou superior a
345 kV) no Brasil, se adota proteção de falha de disjuntor específica e não como
parte de uma proteção multifuncional.

 Uma Proteção de Sobrecorrente, fisicamente distinta, com no mínimo:


- Função de sobrecorrente de fase do lado da AT (pode ser MT, dependendo do
usuário).
- Função de sobrecorrente de terra do lado da AT (pode ser MT, dependendo do
usuário).

- NOTA: Função de falha de disjuntor para ser utilizada no lado MT depende do


esquema adotado para a Subestação. Eventualmente é desejável que seja incluída
na nesta proteção. Porém deve-se notar que em EAT (igual ou superior a 345 kV)
no Brasil, se adota proteção de falha de disjuntor específica e não como parte de
uma proteção multifuncional.

 Uma Proteção de Sobrecorrente, fisicamente distinta, caso exista terciário acessível,


com no mínimo:
- Função de sobrecorrente de fase do lado da BT (terciário).
- Função de sobrecorrente de terra do lado da BT (terciário).

 Uma Proteção Numérica de Tensão, com no mínimo:


- Função de Sobretensão Residual (59N), para uso com TP’s do lado terciário
(secundário em delta aberto), caso exista acessível com TP’s.

 Proteção Numérica de Tensão, para uso com TP’s do lado da AT ou da MT, para
sobretensões trifásicas (59). Isto porém depende da filosofia adotada na subestação do
usuário.

4.3.2 Para Sistemas de Extra Alta Tensão

Adicionalmente ao esquema básico anterior para Transformadores ou


Autotransformadores (Bancos) de Interligação de Sistemas, dependendo da filosofia da
empresa usuária, do sistema interligado e da importância e potência do banco de
transformadores protegido, pode-se opcionalmente utilizar:

 Proteção Diferencial para as três fases, curta, tipo percentual, como segunda proteção
diferencial (alternada), geralmente como parte de uma segunda proteção
multifuncional.

Nota: Se a proteção primária possuir REF (duas entradas), não haveria, em princípio,
necessidade dessa função na proteção alternada. Ou vice-versa.

Nota: Eventualmente, dependendo da configuração do sistema interligado no qual o


Banco protegido esteja inserido, poderá haver necessidade de funções direcionais de
sobrecorrente de fase e de terra na Proteção Multifuncional principal.

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4.3.3 Funções e Facilidades Adicionais em Relés Digitais

A tecnologia digital proporciona, nas proteções digitais, funcionalidades adicionais de


proteção, supervisão e controle que podem e devem ser aproveitadas. Nesse sentido, é
comum existirem, adicionalmente, as seguintes funções:

 Função de sobrecarga térmica.


 Função de frequência.

4.3.4 Para Reatores Shunt

 Uma Proteção Multifuncional com, no mínimo, as seguintes funções de proteção:


- Função diferencial para as três fases, tipo percentual ou de alta impedância, ampla
ou curta.
- Função de sobrecorrente de fase no lado da AT.
- Função de sobrecorrente de terra (circuito residual de TC’s) no lado da AT.
- Função de sobrecorrente de terra do lado do neutro (do TC do neutro ou circuito
residual dos TC’s do lado do neutro, caso existam).
- Função de Seqüência Negativa, para uso no lado AT.

 Uma Proteção de Sobrecorrente, fisicamente distinta, com no mínimo:


- Função de sobrecorrente de terra do lado do neutro do reator.

São Paulo, janeiro de 2012.

VIRTUS CONSULTORIA E SERVIÇOS LTDA.

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