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FERNANDÓPOLIS – FEF
FONOAUDIOLOGIA
FUNDAMENTOS DE
FÍSICA E BIOFÍSICA
ALUNA: __________________________
2004
Fundamentos de Física e Biofísica 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NUSSENZVEIG, M. Física básica. São Paulo: Edgard Blücher Ltda., 1998, v. 1-4.
OKUNO, E.; CALDAS, I. L.; CHOW, C. Física para ciências biológicas e biomédicas. São
Paulo: Harbra, 1986.
OBJETIVO
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
INTRODUÇÃO À ACÚSTICA
Acústica: Ramo da física que se preocupa com o estudo do som, que se divide em
produção, transmissão e detecção. Usualmente pode ser estudada segundo dois aspectos:
- Acústica física: É à parte da acústica que trata das vibrações e ondas mecânicas;
Comprimento (d)
É uma medida de distância, ou seja, a separação espacial entre dois pontos. Para
determinar a magnitude da distância, selecionamos uma unidade de medida como o metro no
m.k.s. e pelo processo de medida determinamos quantas vezes esta unidade está contida em
uma dada distância. As unidades usualmente empregadas para se medir o comprimento são:
Massa (m)
É uma propriedade de toda matéria e pode ser definida como a quantidade de matéria
que o corpo possui. O uso da palavra quantidade indica, simplesmente, que há uma
propriedade observável que pode ser medida ou de alguma forma especificada
numericamente. O conceito de massa está ligado ao conceito de inércia e a palavra massa é
algumas vezes usada para referir quanta inércia o corpo possui. Quanto maior a massa de um
objeto, maior é a sua inércia.
1 Kg = 1.000 g
Tempo (t)
Ë a mais difícil de ser definida, uma vez que apresente um aspecto de certo modo
intuitivo. Nós possuímos a noção intuitiva de tempo e nos acostumamos a medi-lo em
segundos, minutos ou horas.
Em virtude do dia solar ser dividido em 24 horas, uma hora em 60 minutos, um minuto
em 60 segundos, cada dia tem 86.400 segundos. Isso nos leva ao conceito de que segundo é
1/86.400 de um dia solar.
Velocidade (c)
Refere-se à quantidade de deslocamento por unidade de tempo. Deslocamento é
uma mudança na posição de um móvel e é especificada pelo cálculo da distância de um ponto
de referência ou de partida até um novo ou posição final. O deslocamento envolve tanto a
distância quanto a direção do móvel. Portanto, velocidade pode ser definida como a
distância do móvel em função do tempo.
Aceleração (a)
É a taxa de variação da velocidade. Se a velocidade do móvel aumenta dizemos que
a aceleração é positiva e se diminui é negativa ou também chamada de desaceleração. Assim,
como a velocidade é o deslocamento do móvel em função do tempo, a aceleração é uma
mudança na velocidade em função do tempo.
Força (F)
É todo agente capaz de produzir a aceleração de um corpo ou então sua
deformação. A força é definida como o produto da massa do corpo e aceleração.
Matematicamente:
F = m.a
m.k.s.: Newton (N) c.g.s.: g.cm/s 2
1 Newton = 10 dina
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Trabalho (W)
É a medida do efeito causado por uma força. Assim, quando uma força consegue
pôr em movimento um corpo sob sua ação, o trabalho foi realizado e esse é o produto da
magnitude da força aplicada e a distância movida. Por outro lado, se a força não produz o
movimento, nenhum trabalho foi realizado.
W = F.d
m.k.s.: joule c.g.s.: erg
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1 joule = 10 5 erg
Energia (E)
É uma medida da capacidade de realizar trabalho. Uma forma de distinguir energia
de trabalho é perceber que energia é alguma coisa que o corpo possui, enquanto que trabalho
é alguma coisa que o corpo faz.
Potência (Pot)
É a medida do trabalho realizado em função do tempo.
Pot = W
t
m.k.s.: Watt c.g.s.: erg
s
1 Watt = 10 6 erg
s
Pressão (P)
É a força exercida por unidade de área. Se a força F está agindo sobre uma
superfície de área A, a pressão é definida como sendo:
P=F
A
m.k.s.: Newton c.g.s.: dina
m2 cm2
1 Nt/ m = dina/ cm2
2
Uma forma alternativa de medirmos pressão é utilizarmos em vez de Newton por metro
quadrado, uma unidade denominada Pascal (Pa). As relações entre essas várias unidades de
medida para pressão são mostradas abaixo:
FENÔMENOS ONDULATÓRIOS
ONDA
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TIPOS DE ONDA
Quanto à Natureza
Dependendo do meio de propagação das ondas, elas podem ser classificadas em:
- Mecânicas: São aquelas que precisam de matéria para se propagar. As partículas do meio
vibram somente ao redor de suas posições de equilíbrio, sem se deslocarem como um todo
juntamente com a onda. Por exemplo: onda numa corda, ondas na água e ondas sonoras.
- Não-mecânicas: São aquelas que não necessitam de um meio material para se propagar
e são constituídas por variações de campos elétricos e magnéticos. Por exemplo: luz, onda
eletromagnética.
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- Trem de Ondas: Quando uma sucessão de pulsos move-se ao longo do meio. Ex:
Sucessão continua de pulsos no caso de algumas sacudidelas na corda tensionada.
- Estacionária: Nesta onda, a amplitude depende da posição do ponto, sendo máxima nos
ventres de vibração. As ondas originadas no interior de uma flauta são estacionárias, isto é,
possuem mesma freqüência e amplitude, mas direções opostas. A formação de ondas
estacionárias é critério seguro para caracterizar a natureza ondulatória de um fenômeno e
permite determinar o comprimento de onda correspondente.
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Superposição de Ondas
Consiste no fato de duas ou mais ondas atingirem a mesma região do espaço,
simultaneamente.
A Forma de Onda
O fenômeno ondulatório é comumente registrado em um gráfico que representa o
movimento das partículas materiais em função do tempo.
Um pulso ou perturbação em uma corda longa, fixa em uma de suas extremidades, é
gerado quando movimentamos sua extremidade livre para cima e para baixo, com igual
deslocamento vertical.
O movimento ondulatório resultante revela a existência de pontos permanentemente
imóveis em suas posições, denominados nós ou nodos de vibração, onde a amplitude é nula.
Situados entre os nós e com o crescente afastamento dos mesmos, encontram-se os
ventres de vibração, onde a amplitude é máxima.
Quando o ventre de vibração está voltado para cima é denominado crista e, quando
está voltado para baixo, vale.
À distância entre duas cristas ou dois vales consecutivos é chamada de comprimento
de onda ().
A figura abaixo mostra a representação gráfica do movimento ondulatório, que reflete
um movimento harmônico simples, também chamado de movimento senoidal. Este tipo de
representação é denominado forma de onda e não é restrito somente ao deslocamento, mas
também podem representar velocidade, aceleração, força, pressão, etc. em função do tempo.
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Onda Sonora
É produzida por um elemento vibrador ou fonte, que pode ser desde um cristal, uma
corda, um tubo, uma membrana, uma placa que, quando estimulado, é capaz de produzir
perturbações ou variações na densidade do meio ao seu redor, como conseqüência do
aumento ou diminuição da pressão sonora.
Pelo fato das partículas materiais, que transmitem a onda, oscilarem paralelamente à
direção da propagação, as ondas sonoras são longitudinais.
Uma vez que necessitam de um meio material para se propagarem, pois não se
propagam no vácuo, as ondas sonoras são mecânicas. Além disso, são tridimensionais, pois
sua propagação é feita em todas as direções, ou seja, no espaço.
A figura abaixo ilustra a variação do comprimento de onda de duas ondas sonoras de
freqüências diferentes, propagando-se no ar e na água em velocidade de propagação
constante.
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( ) Psicólogo
( ) Físico
( ) Uma pessoa
Muitos corpos podem servir como fontes sonoras desde que vibrem. Para isso eles
necessitam de duas propriedades físicas inerentes a cada corpo: massa e elasticidade.
Massa: É a quantidade de matéria que está presente que representa a matéria que o corpo
possui.
Diferença entre MASSA e PESO: (M) é a quantidade de matéria presente e (P) refere-se à
força gravitacional de atração exercida sobre a massa pela Terra. Peso é força e devido à força
da gravidade, as moléculas da atmosfera se acumulam próximas à superfície da Terra. Há,
portanto, uma pressão exercida para baixo e as moléculas são comprimidas em um menor
volume, o que aumenta a densidade que é a quantidade de massa por unidade de volume.
Diapasão: Fonte sonora é uma barra metálica em forma de U. As hastes do diapasão possuem
massa e elasticidade, o que faz com que retornem à posição original após terem sido
deslocadas. A amplitude de deslocamento é proporcional à magnitude da força aplicada.
Devido à interação de duas forças opostas, elasticidade e inércia (tendências de um
corpo em repouso permanecer em movimento e a tendência de um corpo em repouso
permanecer em repouso), as hastes do diapasão continuam a mover-se e estão em vibração.
O movimento vibratório consiste, então, em movimentos de vaivém de um corpo que
apresenta massa e elasticidade, como resultado de duas forças opostas: inércia e elasticidade.
f=1 T=1
T f
OBS: Esses multiplicadores são encontrados para designar faixas amplas de freqüências como
aquelas utilizadas pelas estações de rádio, TV, por exemplo:
- AM: 550 a 1.600 kHz;
- FM: 88 a 108 MHz;
- VHF: 54 a 216 MHz;
- UHF: 470 a 890 MHz.
O ouvido humano é sensível somente aos sons cuja faixa de freqüências se situa entre 20
e 20.000 Hz, denominada faixa audível. Ondas sonoras situadas abaixo de 20 Hz são
chamadas de infra-som e acima de 20.000 Hz de ultra-som.
Curiosidades: A faixa de freqüências audível difere para alguns animais, tais como:
- Gatos: 10 Hz a 60 Hz;
- Cães: 15 Hz a 50 Hz;
- Morcegos: 10 kHz a 120 kHz;
- Golfinhos: 10 kHz a 240 kHz.
Determinantes de Freqüência
Quanto maior a massa menor a freqüência e quanto maior a rigidez, maior a
freqüência.
AMPLITUDE (A)
Altura
É a qualidade relacionada à freqüência da onda sonora que, por sua vez, nos permite
classificá-la em uma escala que varia de grave a aguda.
Quanto mais alta for a freqüência, mais agudo é o som e quanto mais baixa for a
freqüência, mais grave ele o será.
Intensidade
É a qualidade relacionada tanto à amplitude da onda sonora quanto à sua pressão
efetiva e sua energia transportada, permitindo-nos classificá-la dentro de uma escala que varia
de fraco a forte.
Quanto maior for a amplitude, mais forte é o som e quanto menor for, mais fraco
ele o será.
Timbre
Não é uma qualidade do som, mas sim da fonte sonora. Por meio dele podemos
diferenciar a mesma nota musical emitida por instrumentos diferentes, graças à contribuição
das diversas freqüências harmônicas de que compõem um som denominado complexo.
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ONDA SENOIDAL
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ONDA COMPLEXA
Pode ser definida como sendo qualquer onda sonora composta de uma série de
senóides simples que podem diferir em amplitude, freqüência ou fase. Por exemplo: voz
humana, som de alguns instrumentos, ou seja, constituídos por mais de uma freqüência.
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Teoria de Fourier
“O grau de complexidade de uma onda sonora complexa depende do número de ondas
senoidais combinadas, bem como dos valores dimensionais específicos de amplitude,
freqüência e fase dos componentes senoidais”.
Todas as ondas sonoras podem ser classificadas com relação à presença ou ausência
de periodicidade e ao grau de complexidade da onda.
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ONDA PERIÓDICA
Quando a onda sonora se repete a iguais intervalos de tempo ela é conhecida como
onda periódica, isto é, as características do ciclo da onda são duplicadas exatamente nos
demais ciclos. Tanto as ondas senoidais quanto as ondas complexas são tipos de ondas
periódicas.
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Onda periódica.
- Por exemplo: f0 = 100 Hz, os harmônicos da onda complexa serão 200 Hz, 300 Hz, 400
Hz, e assim por diante, sendo essas freqüências múltiplas integrais da fundamental.
ONDA APERIÓDICA
É uma segunda categoria de forma de onda e seu nome deriva exatamente da falta de
periodicidade. O movimento vibratório de uma onda aperiódica é ao acaso, aleatório, e, por
essa razão, imprevisível.
São encontradas em ruídos produzidos por aviões, automóveis, cachoeiras, sons
sibilantes da fala.
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Onda aperiódica.
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FORMA DE ONDA
O nome foi atribuído a essa onda em função de sua forma se parecer com um dente-de
-serra. É uma onda complexa que contém energia em todos os múltiplos inteiros, pares e
ímpares da freqüência fundamental.
O espectro dessa onda é linear, pois existe energia somente em freqüências discretas,
múltiplas inteiras da freqüência fundamental.
O estudo dessa onda interessa particularmente àqueles que visam obter conhecimento
na área da acústica da fala, pois essa forma de onda se assemelha àquela produzida pela
vibração das pregas vocais.
ONDA QUADRADA
É também uma onda sonora complexa periódica, mas possui energia somente nos
múltiplos ímpares da freqüência fundamental.
ONDA TRIANGULAR
É uma onda sonora complexa periódica que também contém energia somente nos
múltiplos ímpares da freqüência fundamental, da mesma forma que a onda quadrada. Seu
espectro também é linear.
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PRESSÃO SONORA
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IMPEDÂNCIA ACÚSTICA
OBS: Imitância Acústica: Grandeza que inclui tanto a oposição quanto a facilitação que o
sistema oferece à passagem da onda sonora.
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INTERVALOS
Dados dois sons cujas freqüências são, respectivamente, f 1 e f2, sendo f1 maior ou igual
a f2, chama-se intervalo (I) entre esses sons a razão entre as suas freqüências.
Quando o intervalo for igual a 1 (um), isto é, f 1 = f2, ele recebe o nome de uníssono.
Quando o intervalo for igual a 2 (dois), ou seja, quando f 2 – 2.f1, ele recebe o nome de intervalo
de oitava.
Uma oitava refere-se ao dobro da freqüência. Assim, 250 Hz está uma oitava acima de
125 Hz; 500 Hz está uma oitava acima de 250 Hz e duas oitavas acima de 125 Hz. Uma oitava
sempre se refere à razão de 2:1 ou 1:2 e não à diferença de freqüência.
GAMAS
ESCALAS DE MEDIDAS
- Ordinal: Podemos dizer que dois ou mais itens são diferentes, mas também podemos
dizer que um objeto tem aproximadamente a mesma dimensão do outro. Ex: Conceitos de
avaliação de um aluno.
Xn Operação Resultado
100 10 x 0,1 1
101 10 x 1 10
102 10 x 10 100
103 10 x 10 x 10 1.000
104 10 x 10 x 10 x 10 10.000
105 10 x 10 x 10 x 10 x 10 100.000
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LOGARITMOS
Exemplos de progressões
PG PA
1 = 100 0
10 = 101 1
100 = 102 2
1.000 = 103 3
10.000 = 104 4
100.000 = 105 5
1.000.000 = 106 6
NOTAÇÃO CIENTÍFICA
Os valores são escritos como o produto de um número chamado coeficiente por uma
potência de 10. O coeficiente pode ser qualquer número maior ou igual a 1 e menor ou igual a
10. Ex: 2.000 pode ser escrito 2 x 103.
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A intensidade de uma onda sonora pode ser medida através de processos absolutos e
relativos. Quando medimos o afastamento da partícula material de sua posição de equilíbrio,
medimos a sua amplitude em metros ou centímetros. Também podemos fazê-lo através da
energia que atravessa uma área na unidade de tempo, ou seja, em watt/m2 ou erg/cm 2s.
Finalmente, através da força exercida pela partícula material sobre uma superfície na
qual incide, isto é, pela pressão efetiva, usando como unidades o Pascal, o Newton/m 2 ou
dina/cm2. Os três processos são denominados processos absolutos de medida da intensidade,
pois fornecem diretamente os valores através das respectivas unidades.
Quando usamos um processo de medida de intensidade sonora, tomando um valor de
referência que estabeleça uma razão ou relação entre os valores de energia ou pressão.
Quando a pressão ou a energia sonora de um ruído decresce, nossa sensação auditiva
também o faz, da mesma forma que quando ambas aumentam, existe um aumento em nossa
sensação de intensidade sonora. Entretanto, intensidade sonora e auditiva não varia
linearmente. Podemos aumentar a pressão sonora de um tom de 1.000 Hz um milhão de
vezes a partir de 20 mPa até que este seja incômodo aos nossos ouvidos.
A energia sonora é proporcional ao quadrado da pressão sonora de forma a relação
que para a pressão é de 1:1.000.000, para a energia é de 1:1.000.000.000.000 ou 1:1012 para
o mesmo tom de 1.000 Hz, sendo a menor energia necessária para ser ouvida da ordem de
10–16 watt/cm2 ou 10–12 watt/m2.
De acordo com a lei de Fechner-Weber, um indivíduo, ao receber um estímulo (E), a
sensação (S) não é proporcional ao estímulo, mas diretamente proporcional a uma constante
(K) multiplicada pelo logaritmo do estímulo, tomando por base um estímulo preexistente (E ref),
isto é, um valor de referência.
Matematicamente: S = K log E/E ref
Neste caso, se substituirmos o estímulo pela energia ou pela pressão, podemos afirmar
que a sensação produzida pelo som não é diretamente proporcional à pressão ou à energia,
mas a uma constante multiplicada pelo logaritmo da pressão ou da energia, tomando por base
uma pressão ou uma energia de referência, que são, respectivamente, 20 mPa e 10–12
watt/m2 ou 10–16 watt/cm2.
Os processos que tomam por base esta lei são chamados de processos audiológicos
ou relativos de medida da intensidade sonora, ou seja, o nível de intensidade sonora (NIS) e
o nível de pressão sonora (NPS), cuja unidade de medida é o decibel, em homenagem a
Alexander Graham Bell, inventor do telefone.
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O Bel era uma unidade usada para medições de perdas nas linhas telefônicas, nos
EUA, da qual derivou o decibel (dB), ou seja, a décima parte do Bel, definido como uma raiz
que nos diz em que razão um valor é maior ou menor do que outro, sendo este último, tomado
como referência.
Do Bel ao deciBel
- Bel (Bels): Medida relativa de intensidade, a qual comprimia uma ampla variação da escala
linear de intensidades pela transformação desta em uma escala logarítmica.
- DeciBel (dB) (DeciBels): 0,1 de um Bel.
Amplitude (A)
É a medida do afastamento ou deslocamento das partículas materiais de sua posição
de equilíbrio. Quanto maior é a amplitude de uma onda sonora, maior é o efeito que ela exerce
sobre a superfície na qual incide. Ela é medida em metros nos sistema internacional e no c.g.s.
em centímetros.
Pressão Sonora
A medida da intensidade sonora mais freqüentemente empregada é aquela que se
relaciona à pressão, isto é, à força exercida pelas partículas materiais sobre uma superfície na
qual incidem.
Quanto maior for a pressão sonora, maior será a intensidade sonora.
Os valores médios de pressão sonora normalmente audíveis para um tom de 1.000 Hz
variam de 20 μPa a 20 Pa.
Sendo assim, escreve-se da seguinte forma: NIS = 100 dB relativo a 10–16 watt/cm 2 ou
simplesmente, NIS = 100 dB re 10–16 watt/cm2.
PROPAGAÇÃO DO SOM
A propagação das ondas sonoras no mundo real não ocorre sem que elas encontrem
em sua trajetória forças friccionais, que fazem com que a amplitude do som produzido diminua
com o tempo e com a distância da fonte sonora.
Entretanto, se não houver no caminho da onda sonora nenhum obstáculo que se
interponha à sua passagem, bloqueando-a, essa condição é denominada transmissão em
campo livre.
Uma vez que haja um objeto na trajetória do som, parte dele será refletido, parte
absorvido e o restante será transmitido, passando pelo obstáculo ou, até mesmo, contornando-
o. A quantidade de som que é refletida, absorvida ou transmitida depende, por sua vez, das
características físicas do obstáculo, que determinam a resistência que ele irá oferecer à
passagem das ondas sonoras, ou seja, da impedância específica do obstáculo.
REFLEXÃO
Se uma bola de borracha é jogada contra uma parede rígida, obviamente ela não
atravessa a parede. Em vez disso ela bate e retorna à posição inicial, refletindo-se no
obstáculo, sem qualquer mudança na velocidade de propagação.
ECO e REVERBERAÇÃO
- Eco: Ocorre quando o som refletido retorna à fonte num intervalo de tempo igual ou
superior a 1/10 de segundo ou 17 metros;
- Reverberação: É o número de reflexões sucessivas, cujo tempo é inferior à discriminação
do ouvido, ou seja, inferior a 1/10 de segundo. Ou ainda, ocorre quando o som refletido
retorna à fonte num intervalo de tempo inferior a 1/10 de segundo ou 17 metros. É um
fenômeno característico de recintos fechados, como por exemplo, auditórios, teatros,
estúdios, etc.
- Tempo de reverberação: É definido como o tempo requerido para a onda sonora
refletida ser atenuada em 60 dB, em relação ao seu nível de intensidade original, ou o
tempo de permanência do som no ambiente.
TRANSMISSÃO
É quando ouvimos um som que vem do outro lado de uma parede que separa dois
recintos.
O som que incidiu na parede fez com que ela vibrasse, tornando-se uma nova fonte
sonora que transmite o som para os dois lados da parede. Assim, ao ouvirmos um som que
atravessa uma parede divisória entre dois ambientes acústicos, na realidade ouvimos o som
gerado pela própria parede que, excitada pela fonte original, passa a vibrar, transmitindo o som
para o lado oposto.
REFRAÇÃO
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Quando uma onda sonora penetra em outro meio ou encontra mudanças nas
“condições” de um meio que causem alteração na velocidade de propagação, inclinando o raio
de incidência, dizemos que ela foi refratada.
Exemplo: Devido ao fato da temperatura do ar da Terra variar com a altura acima da
superfície e da velocidade de propagação ser diretamente proporcional à temperatura do meio
de transmissão, a onda sonora é então refratada. Pela manhã, a onda sonora é refratada para
baixo, isto é na direção da superfície terrestre e, com a chegada da noite, ela é refratada na
direção oposta, indo para cima, para a atmosfera.
DIFRAÇÃO
É a mudança na direção de propagação da onda sonora, desviando-se ou contornando
um obstáculo.
Essa propagação depende do tamanho do obstáculo com relação ao comprimento de
onda do som. Quanto maior for o comprimento de onda maior é a freqüência, ou seja, os sons
graves conseguem contornar os obstáculos mais facilmente do que os sons agudos.
ABSORÇÃO
Quando o obstáculo não apresenta rigidez suficiente para refletir a onda sonora que
sobre ele incide, oferecendo pouca resistência à sua passagem parte da energia, penetra no
material do obstáculo, sendo dissipada dentro deste, caracterizando o fenômeno da absorção.
EFEITO DOPPLER
É a alteração na sensação de freqüência resultante de uma situação em que a fonte
sonora é móvel, deslocando-se a uma velocidade constante, e o receptor encontra-se parado
em algum ponto da trajetória desse móvel.
Esse efeito tem grande aplicação no diagnóstico médico para analisar estruturas em
movimento, como é o caso do fluxo sangüíneo ou do coração, em que ocorre variação na
freqüência da onda refletida com relação à da onda incidente.
Por exemplo: Imaginemos o que ocorre durante uma corrida automobilística na qual o
receptor está sentado em local determinado do circuito.
À medida que os carros se aproximam, a sensação do receptor é de que tanto a
intensidade quanto a freqüência do som gerado pelos motores dos carros aumentaram, ficando
o som mais agudo, no momento que os carros passam à sua frente.
Quando os veículos se afastam, a sensação é novamente de diminuição de freqüência
e, o som resultante parece ao receptor mais grave e, é claro, menos intenso.
DISTORÇÃO
Ocorre quando um sistema não consegue reproduzir fielmente a forma de onda
original, ou seja, distorce, indicando que a forma da onda foi alterada de algum modo. Ex:
Amplificação da onda sonora de maneira inadequada.
Existem quatro formas principais de distorção: harmônica, linear, intermodulada e
transitória.
MATERIAIS ACÚSTICOS
Dos vários fenômenos que ocorrem na propagação do som, os materiais tem influência
decisiva na absorção e na isolação.
Um material é absorvente quando não reflete o som, retendo-o em seu interior. Parte
do som absorvido é transformado em energia térmica e dissipado no material e parte
atravessa-o. Geralmente, o material absorvente é um mal isolante e se dividem em dois tipos:
os fibrosos e os porosos.
- Fibrosos: Ocorre a vibração das fibras e a transformação da energia sonora em calor.
(coeficiente de absorção mais elevado)
- Porosos: O som penetra nos poros, sendo refletido inúmeras vezes até ser absorvido.
(coeficiente de absorção menor).
absorvente e quanto maior for à freqüência, maior dificuldade terá o som fazer vibrar esse
material que, por sua massa, se opõe às vibrações mais elevadas. Ex: voz abafada, mais grave
vinda de um outro recinto.
FONTES SONORAS
Para que um corpo seja considerado fonte sonora, deve ser capaz de vibrar, de acordo
com sua massa e elasticidade, produzindo perturbações no meio elástico no qual o som gerado
por ela se propaga.
Muitas coisas podem servir como fonte sonora, porém serão destacados somente as
cordas, as barras, os tubos, as membranas e placas.
Cordas Vibrantes
É denominada como um fio elástico, inerte, porém de rigidez desprezível, tenso entre
dois pontos fixos. Tais cordas encontram amplo uso nos instrumentos musicais.
Nos instrumentos que apresentam poucas cordas, a variação da freqüência é feita pela
diminuição ou aumento do comprimento da corda, bastando, para isso, que ela seja
pressionada em diferentes pontos, como é o caso do violão, violino, etc.
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Quando tocadas, as cordas vibram, gerando ondas estacionárias que por sua vez,
fazem vibrar as partículas de ar ao seu redor, dando origem a uma onda sonora de igual
freqüência.
As possíveis freqüências de vibração de uma corda formam uma série harmônica e
estas freqüências são denominadas de freqüências naturais.
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Barras
Chama-se barra um sólido no qual uma dimensão predomina sensivelmente sobre as
outras duas, isto é, o comprimento é maior do que a largura e a espessura.
Devido a sua rigidez a barra pode vibrar com uma das extremidades livres, ao contrário
das cordas vibrantes, funcionando como fonte sonora pelas vibrações que gera nos meios
elásticos.
Exemplo: O diapasão é uma barra em forma de U que, na natureza produz o som que
mais se assemelha ao tom puro. É utilizado para a afinação de instrumentos, corais,
orquestras, sendo o de 440 Hz (Lá4) o mais freqüentemente usado. Na área de audiologia é
usado em testes que irão comparar a acuidade auditiva do indivíduo por VA e VO, sendo os
diapasões de 512 Hz, 1.024 Hz e 2.048 Hz, os mais empregados nessas medições.
Tubos Sonoros
O ar no interior de um tubo é capaz de oscilar de acordo com as ondas sonoras que o
estimularam. Tais ondas geram movimentos de freqüências que, por sua vez, são decorrentes
da forma e do comprimento do tubo, da mesma forma que o comprimento e o diâmetro de uma
corda vibrante influenciam sua freqüência natural ou de ressonância.
São encontrados nos instrumentos musicais de sopro, como corneta, saxofone, flauta,
etc. Dependendo da extremidade oposta à embocadura ser aberta ou fechada, os tubos
sonoros recebem a denominação de tubos abertos ou tubos fechados.
- Tubos Abertos: Ambas as extremidades do tubo serem abertas. O comprimento de onda
da freqüência fundamental será igual ao dobro do comprimento do tubo.
Membranas
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São corpos flexíveis que produzem ondas sonoras da mesma forma que corda, barras
e tubos, mas que apresentam uma das dimensões muito menor do que as outras duas, ou seja,
a espessura menor do que a largura e o comprimento.
A freqüência fundamental dos instrumentos musicais, que se utilizam de membranas
como fontes de vibração, dependem do tamanho da superfície e da tensão a que a membrana
seja submetida, podendo os mesmos ser afinados, bastando para isso, esticar ou afrouxar a
membrana que os recobre. Ex: tambor, bumbo, tambor, membrana timpânica.
Placas
São fontes sonoras rígidas, normalmente metálicas, que vibram com sua extremidade
livre, seja uma circunferência, como no caso dos pratos usados na percussão de uma
orquestra.
PRINCÍPIOS DA RESSONÂNCIA
Todo sistema elástico possui uma freqüência natural de vibração. Se uma fonte sonora
emitir uma onda sonora cuja freqüência coincida com a do sistema dizemos que os dois
entraram em ressonância.
A ressonância é utilizada para fazer a análise dos sons complexos, onde podemos
descrever seus componentes de freqüência e descobrimos a freqüência natural da fonte sonora
que os gerou.
Este princípio pode ser demonstrado pela aplicação de um diapasão em vibração sobre
uma superfície rígida.
Quando uma força vibratória periódica é aplicada a um meio elástico, o meio será
forçado a vibrar com a freqüência da força aplicada. Além disso, quanto mais próxima à
freqüência da forca aplicada estiver a freqüência natural do meio elástico, maior será a
amplitude de vibração resultante.
Consideremos alguns exemplos de como a ressonância pode ser empregada na
análise dos sons complexos com o auxílio de aparelhos:
- Freqüenciômetro de Frahm; ressonadores de Helmholtz e ressonador de Köening.
Outros exemplos dedo fenômeno de ressonância:
- Cantores líricos que quebram copos de cristal;
- Aviões supersônicos que estilhaçaram vidraças;
- Ponte de Tacoma, no Canadá, destruída pela ressonância causada pela coincidência entre
sua freqüência natural e a freqüência de vibração do vento;
- Tropas militares marchando em cima de pontes e viadutos
Sistemas Ressonadores
Os sons produzidos por instrumentos de corda, por exemplo, necessitam ser
enfatizado, em vez de dependerem simplesmente da vibração isolada de suas cordas. Isso é
feito pelo uso do que se convencionou chamar de “amplificador mecânico” ou ressonador,
porque, além de amplificar as ondas sonoras, o ressonador as reforça.
Existem dois tipos de ressonadores:
- Não Amortecidos: Reforçam uma faixa de freqüência muito estreita com baixo
amortecimento (diapasões, cordas vibrantes dos instrumentos musicais);
- Amortecidos: Reforçam uma faixa ampla de freqüências com amortecimento maior (alto
falante, membrana timpânica).
FILTROS ACÚSTICOS
Tipos de Filtros
- Filtros Passa-baixo: São aqueles que deixam passar energia abaixo de uma freqüência
de corte superior, acima da qual a energia é rejeitada. Tais filtros deixam passar graves e
cortam agudos.
- Filtros Passa-alto: São aqueles que deixam passar energia acima de uma determinada
freqüência de corte inferior. A energia para freqüências abaixo é rejeitada. Tais filtros
deixam passar agudos e cortam graves.
Durante toda a vida o homem recebe uma corrente contínua de informações sonoras
que são captadas por seus ouvidos, classificadas e arquivadas na memória de seu cérebro.
Desde o batimento cardíaco no peito de nossas mães, a cantiga de ninar, a música preferida,
até um grito de socorro, a buzina de um carro, o disparo de um canhão, a decolagem de um
avião a jato... nada escapa ao sensível ouvido humano, considerado como uma das mais
perfeitas obras de engenharia da qual somos dotados.
Dependendo do indivíduo, os sons podem provocar as mais diversas reações físicas e
emocionais: sustos, risos, lágrimas, sensações de prazer ou desprazer, participação e
segurança vitais, as quais compartilhamos com os nossos semelhantes, principalmente por
intermédio da linguagem falada, adquirida basicamente através da audição. Como se fosse um
radar, nossa audição estende-se em todas as direções e a grandes distâncias, fornecendo-nos
informações sobre a localização e a distância que nos encontramos da fonte sonora,
constituindo, assim, um mecanismo de defesa e alerta extremamente importante para nossa
Fundamentos de Física e Biofísica 29
segurança vital. Centenas de milhares de sinais sonoros, cujo fluxo não cessa nem mesmo
quando dormimos, são captados por nossos ouvidos que permanecem em constante vigília.
A Audiologia é a ciência da avaliação da audição e tem sua base científica na
Psicoacústica que, por sua vez, está relacionada àquilo que ouvimos, descrevendo as relações
existentes entre nossas sensações auditivas e as propriedades físicas de um estímulo sonoro,
como por exemplo: sua freqüência, intensidade, forma de onda, velocidade, etc.
A Psicoacústica (acústica fisiológica) lida com os atributos da sensação do indivíduo
para freqüência (pitch), para a intensidade (loudness) e, ainda, em relação a ruídos, sons
musicais, vozes humanas. Está relacionada à habilidade dos ouvintes em distinguir diferenças
entre os estímulos e não diretamente aos mecanismos fisiológicos que servem de base para a
detecção ou diferenciação dos sons, mas a relatos dos ouvintes sobre tais sons.
A diferença básica entre a Audiologia e a Psicoacústica reside na metodologia
empregada. A Psicoacústica interessa-se por pequenas diferenças e efeitos sutis, podendo
submeter os pacientes a inúmeros testes, horas a fio, para determinar a média dos resultados
obtidos para um grande número de indivíduos a fim de investigar estes efeitos. A Audiologia,
por outro lado, utiliza-se de testes simples, de rápida aplicação a um indivíduo em particular, a
fim de determinar a natureza do distúrbio e o local da lesão na via auditiva.
A diferença de abordagem, contudo, não impede o intercâmbio de idéias entre as duas
disciplinas, o que efetivamente ocorreu, pois uma é a base da outra (RUSSO, 1993).
20mPa para um tom de 1.000 Hz e podemos aumentá-la um trilhão de vezes até que atinjamos
o limiar da dor.
A loudness é definida como sendo o atributo da sensação auditiva em termos de
quais sons podem ser ordenados em uma escala que varia de fraco a forte (MOORE,
1989). Nossa sensibilidade auditiva para mudanças na intensidade sonora é menos precisa do
que para as de freqüência. Precisamos de pelo menos 1 dB de intervalo para percebermos
diferenças na intensidade, o que corresponde a uma mudança de 10%, dando-nos na faixa
audível cerca de 100 intervalos discrimináveis entre o limiar de audibilidade e o de desconforto
(BOOTHROYD, 1986). A unidade de medida da loudness é o fone, que equivale à sensação de
intensidade em dB produzida para um tom de 1.000 Hz, a partir das curvas de igual
audibilidade ou isofônicas, determinadas em experiências realizadas por FLETCHER &
MUNSON.
Timbre
Na natureza pode ser encontrada uma infinita série de variedades na qualidade de um
tom e, ainda é possível descobrir neles uma base fundamental e relativamente simples para
sua classificação e descrição. O que torna possível a distinção entre a mesma nota musical
executada em instrumentos diferentes depende da qualidade e da quantidade de harmônicos
presentes na onda sonora complexa, modificados pela sensação de freqüência absoluta e pela
intensidade total, é definido como timbre. Sendo também uma impressão subjetiva, não pode
ser medido diretamente, e sabe-se que o timbre de um som pode ser alterado por mudanças
na intensidade e/ou no número dos seus componentes harmônicos, ou seja, alterações no
modelo sonoro.
O timbre está diretamente relacionado à nossa habilidade de analisar freqüências e
depende das várias combinações de freqüências e intensidades no modelo físico da
estimulação acústica (DAVIS, 1970).
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Fundamentos de Física e Biofísica 31
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O processo auditivo parte de umas ondas sonoras, transmitidas no ar, para vibrações
mecânicas na orelha média (OE), aos efeitos hidráulicos na orelha interna (OI) até os impulsos
nervosos elétricos e engloba, pois, todas essas formas de energia.
O ouvido humano tem aproximadamente 17 cm3 e possui um sistema de som que
inclui um harmonizador de impedâncias, um analisador mecânico de grande capacidade, um
grupo móvel de retransmissão e amplificação, um transformador de muitos canais ou um
transdutor destinado a converter energia mecânica em energia elétrica, um sistema para
manter um delicado equilíbrio hidráulico e um sistema interno de comunicação em dois
sentidos. Ainda é capaz de se adaptar às fortes intensidades sonoras, distingue sons
diferentes, seleciona o som que quer captado e está em constate estado de vigília.
O ouvido possui um isolamento acústico especial que atenua os sons provenientes do
próprio corpo, inclusive o da voz do indivíduo. Entre todos os órgãos do corpo, poucos fazem
tanto em tão pequeno espaço.
Funcionando em conjunto, as estruturas da OE, OM e OI, discriminam cerca de
400.000 sons, desempenhado papéis vitais para o ser humano, tanto relacionado à sua
Fundamentos de Física e Biofísica 32
ORELHA EXTERNA
- O pavilhão apresenta o papel de localizar o som no sentido vertical, o sentido horizontal é
dado pela bilateralidade das orelhas, além de captar e canalizar as ondas sonoras para o
meato acústico externo (MAE);
- O tragus protege o MAE;
- O MAE protege as estruturas mais profundas e conduz a vibração sonora até a membrana
timpânica (MT), além de ajudar na ressonância e na amplificação do som.
ORELHA MÉDIA
implicando uma perda de transmissão de, aproximadamente, 30 dB. Para compensar essa
perda, a cadeia ossicular age como um transformador, combinando a baixa impedância do ar
com a alta impedância dos fluídos cocleares, propiciando, então, o casamento das
impedâncias entre os dois meios, a fim de propiciar a máxima admitância, isto é, máxima
transmissão da energia acústica. Essa ação é chamada de ação transformadora da cadeia
ossicular.
A impedância da OM é determinada por três fatores:
- Massa: Relacionada ao peso e à densidade dos elementos dentro do sistema, ou seja,
cadeia ossicular, MT e fluídos da OM;
- Rigidez: Relacionada ao movimento da platina do estribo e à resistência dos fluídos
cocleares, contribuindo para manter a forma e posição originais do sistema móvel.
- OBS: o efeito da massa e da rigidez no movimento resultante é conhecido como
reactância (depende da freqüência sonora). Os fatores massa e rigidez não atuam
na faixa de freqüência de 500 e 4.000 Hz, sendo esta denominada zona de
ressonância.
- Resistência: É proveniente da transformação da energia aplicada no sistema móvel em
uma forma alternativa de energia e pode ser conhecida como fricção ou atrito; a resistência
está ligada à suspensão dos ossículos pelos músculos e ligamentos e, por definição, é a
parte da impedância que não depende da freqüência sonora, sendo função da densidade
do meio e da velocidade de propagação do som no meio.
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As rampas vestibular e timpânica são separadas por uma membrana flexível em cuja
superfície repousa o duto coclear e as células ciliadas do órgão de Corti, cujos cílios estão
embebidos em outra membrana gelatinosa, a membrana tectória. A movimentação oposta das
duas membranas imposta pela inversão de fase na transferência de energia para as duas
janelas cocleares, faz com que os cílios dobrem e liberem uma substância química que
desencadeia o impulso eletronervoso que caminhará pelas fibras do nervo auditivo até o
cérebro. Este é o mecanismo de transdução desempenhado pela OI.
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A membrana basilar possui uma rigidez, mas é suficientemente elástica e tem massa
suficiente, o que lhe permite retornar à sua forma e posição originais após sofrer qualquer
deslocamento ou deformação. Por essa razão, ela tem uma freqüência natural ou de
ressonância na qual se move com maior facilidade e a grandes amplitudes ao ser estimulada
por uma onda sonora. Por ter menor quantidade de massa e ser mais rígida na base da cóclea,
entra em ressonância com freqüências altas e, à medida que vai recebendo maior número de
fibras, tornando-se, assim, mais densa e mais flexível, entra em ressonância com freqüências
médias e baixas, na proximidade do ápice. O modelo final de movimento, no qual a rigidez e a
tonalidade são continuamente graduadas na membrana basilar, é composto pelas chamadas
ondas viajantes (descritas por Georg Von Békésy), que apresentam maior amplitude de
movimento exatamente na região correspondente à sua freqüência natural.
A cóclea atua como um microfone, reproduzindo a forma de onda sonora original
transduzida em sua correspondente eletronervosa e esse é o chamado microfonismo coclear.
A classificação dos ruídos é subjetiva e sua distinção se refere ao fato deste ser ou não
desejável.
O termo ruído é utilizado para descrever um sinal acústico aperiódico, originado da
superposição de vários movimentos de vibração com diferentes freqüências, as quais não
apresentam relação entre si. (Feldman & Grimes, 1985).
O ruído afeta adversamente o bem estar físico e mental das pessoas, sendo que,
diariamente milhares de pessoas são expostas a ele. É usado para descrever um som
indesejado. Por exemplo: buzina, explosão, barulho de trânsito, máquinas. Para o som ser
percebido é necessário que esteja dentro da faixa de freqüência captável pelo ouvido humano
normal que varia em média de 20 a 20.000 Hz. Também é necessário uma certa variação de
pressão para percepção desse som.
Fundamentos de Física e Biofísica 36
Os ruídos podem ser mais lesivos (são de pouca freqüência no limite com o tom puro
e concentram a energia em um grupo pequeno de células) ou menos nocivos (contém muitas
freqüências e se dispersam por muitas células ciliadas).
De acordo com a Norma ISSO 2204/73 (Ïnternational Standard Organization”), os
ruídos podem ser classificados segundo o seu nível de intensidade em:
- Contínuo estacionário: Ruído com variações de níveis desprezíveis durante o período de
observação.
- Contínuo não estacionário: Ruído cujo nível varia significantemente durante o período de
observação.
- Contínuo flutuante: Ruído cujo nível varia continuamente de um valor apreciável durante
o período de observação.
- Ruído intermitente: Ruído cujo nível cai ao valor de fundo (ruído de fundo) várias vezes
durante o período de observação, sendo o tempo em que permanece em valor acima do
valor da ordem de segundo ou mais. (Ruído cujo nível varia de um valor apreciável durante
o período de observação, superior a 3 dB).
Uma exposição contínua a ruídos acima de 85 dBA pode causar perdas permanentes
de audição e, acima deste nível, um aumento de apenas 5 dB implica redução do tempo de
exposição ao ruído pela metade, conforme a tabela abaixo:
OBS: Os ruídos não são só ocupacionais, mas podem ser também de lazer.
FONTES DE RUÍDO
- Variam de acordo com o seu tipo e posição de trabalho;
- Entre as fontes de ruído encontradas temos: tipos de máquinas, distribuição geográfica das
máquinas, variabilidade da fonte, duração de diversas fases de ruído e pausas;
- A posição das máquinas também influencia na fonte de ruído;
- Ela pode ser fixa, móvel (mais definida) e móvel não definida;
- Exemplos de ruído de alguns ambientes de trabalho:
- Metalúrgica: 95 a 100 dB;
- Beneficiamento de Pedras: 100 a 118 dB;
- Indústria Têxtil: 101 a 105 dB;
- Vidreira: 100 a 110 dB;
- Gráfica Rotativa: 95 a 100 dB.
- Impulso: Usado para ruídos de impacto. Quando o aparelho não é dotado deste
circuito usa-se a resposta fast e o filtro de ponderação C.
- Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) (PTS – “Permanent Threshold Shift”): É
decorrente de um acúmulo de exposições a ruído, normalmente diárias, repetidas
constantemente, por um período de muitos anos.
No organismo:
- Transtornos:
- Comunicação;
- Sono;
- Neurológicos;
- Vestibulares;
- Digestivos;
- Cardiovasculares;
- Hormonais;
- Comportamentais;
- Psicossociais.
A IMPORTÂNCIA DA CALIBRAÇÃO?
Processo de calibração
O primeiro passo para aprender como verificar o funcionamento e calibrar o
equipamento é a leitura do manual de instruções que o acompanha. Algumas vezes os
resultados dos testes por si mesmos revelam a necessidade de calibração do instrumento. É
preferível assumir que o problema é do equipamento antes de atribuí-lo ao paciente sob teste.
Inicialmente, é recomendável que o fonoaudiólogo faça a calibração biológica do
audiômetro, verificando com o uso de seu próprio ouvido, a saída do sinal acústico nos
diferentes transdutores: fones, alto-falantes e vibrador ósseo.
Não é necessário ser portador de um ouvido especial ou absoluto para fazê-lo, pois
com um pouco de prática qualquer profissional pode ouvir falhas básicas no instrumento. A
seguir, deve ser feita a inspeção do audiômetro a fim de verificar possíveis fontes de mau
funcionamento, tais como: plugs e tomadas; fios enrolados ou partidos dos fones e vibrador
ósseo; botões e interruptores quebrados ou fora de alinhamento; cliques mecânicos audíveis
através dos fones, quando os atenuadores ou osciladores são manipulados.
Geralmente, há duas abordagens para a calibração dos fones do audiômetro. Uma é a
biológica, que utiliza o ouvido humano como referência e a outra a artificial ou eletroacústica,
feita no acoplador de 6 ml.
A calibração biológica é feita quando 10 indivíduos otologicamente normais de 18 a
25 anos de idade são submetidos, no mínimo mensalmente, a audiometria tonal para verificar
se a média de sua audição está em 0 dB para cada freqüência, obedecendo a referência de
limiares proposta pela norma ANSI S3.6–1989. Embora seja possível de ser realizada, a
calibração biológica não é considerada tecnicamente correta por referir-se a um nível de
audição arbitrariamente aceito por normas de padronização, sendo preferível a calibração
eletroacústica dos fones do audiômetro, através do uso do acoplador de 6 ml, também
chamado de “ouvido artificial”.
A calibração eletroacústica consiste no uso de um microfone de condensador ligado
a um acoplador de 6 ml, volume semelhante ao do ouvido humano quando o fone está
colocado (CORLISS & BURKHARD, 1953).
O fone é colocado no acoplador e sobre ele é depositado um peso de 500 g. A seguir é
gerado no fone um tom de baixa freqüência (125 ou 250 Hz) até que a intensidade mais
elevada seja atingida. A saída é registrada em voltagem e depois transformada em dB (re 20
mPa) e comparada com os valores de NPS esperados para cada freqüência, segundo os
padrões ISO 7566 – 1987, antiga ISO- 1964 ou ANSI S3.6 – 1989.
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“Do ponto de vista físico, o aparelho fonador consiste, essencialmente, em uma fonte de
vibração acoplada a um sistema ressonador, sendo a laringe a fonte, e o trato vocal o sistema
ressonador. Sabemos, contudo, que nenhum som pode ser produzido
sem um suprimento de energia”. (Fry, 1979).
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Quando não estamos falando, a respiração envolve uma atividade rítmica composta
basicamente de duas forças: a de inspiração e a de expiração.
A força de inspiração expande o volume do pulmão pela elevação da caixa torácica,
puxando o ar de fora para dentro; a força de expiração contrai o volume do pulmão pelo
abaixamento da caixa torácica, soltando o ar de dentro para fora, em uma média de 15 vezes
Fundamentos de Física e Biofísica 46
por minuto. Ambas possuem tempos relativamente iguais, ou seja, se gastamos 4 segundos
para respirar, levamos 2 segundos na inspiração e 2 segundos na expiração.
Ao falarmos, contudo, usamos somente a fase da expiração e, com isso, aumentamos
consideravelmente o tempo desta fase, em casos extremos 10 a 15 segundos, o que exige um
grande reservatório de ar como suprimento de energia.
A corrente de ar proveniente dos pulmões é responsável pela força utilizada na
produção dos sons da fala.
Durante a fala, parte do trato vocal é constrita de tal modo a impedir que essa corrente
de ar escape, aumentando assim a pressão do ar da traquéia. Essa pressão é a base
fundamental dos sons de fala, que se originam de variações de pressão de ar, movimentos de
vaivém ou oscilações, primeiramente de estruturas sólidas e depois das partículas de ar em
torno de sua posição de equilíbrio. Na fonação, a laringe desempenha essa função pela
vibração das pregas vocais.
“A vibração das pregas vocais exige uma aproximação (adução) das mesmas da linha média e,
ao assim procederem, obstruem a passagem do fluxo aéreo expiratório ao nível da glote. Com
isso ocorre um aumento da pressão subglótica até atingir níveis suficientes para forçar a
abertura das pregas vocais e superar a resistência oferecida por esta obstrução.”(Tabith, 1980).
A altura tom laríngeo é determinada pela freqüência dos pulsos emitidos pela abertura
das pregas vocais. A mudança na freqüência significa mudança no tempo ocupado por um ciclo
glotal, isto é, soma das fases aberta e fechada.
A onda glótica é quase periódica e não periódica, pois varia ligeiramente em forma,
freqüência e amplitude dos ciclos vibratórios, sendo esses parâmetros raramente iguais. A
intensidade do som produzido na glote é muito fraca, composta pela freqüência fundamental de
vibração das pregas vocais e seus harmônicos, que decrescem em intensidade a uma razão de
12 dB por oitava. Seu formato triangular deve-se principalmente à ação das freqüências mais
altas. Uma fase aberta mais curta significa que o triângulo possui uma base menor e um ângulo
mais agudo no ápice, estando os lados mais próximos da posição vertical. Isso significa que as
modificações dos movimentos vibratórios ocorrem em tempo muito curto, gerando freqüências
mais elevadas.
Seleção Vocal
É efetuada no momento em que fazemos a distinção do traço de sonoridade
(surdo/sonora) entre os sons, uma vez que são idênticos em ponto de articulação, diferindo
apenas na vibração laríngea que ocorre somente nas consoantes sonoras.
Qualidade Vocal
Embora existam divergências quanto à qualidade vocal, isto é, quanto ao dato da
impressão global deixada pela voz de um falante ser dependente unicamente da quantidade e
qualidade de harmônicos produzidos nas cavidades de ressonância de seu trato vocal, existe
um forte indício de que a mudança no padrão vibratório das ppvv contribui significativamente
para alterar a qualidade vocal do falante.
- Consoantes: Apresentam energia acústica menor do que a das vogais. São produzidas
pelas fontes friccionais, podem ser contínuos e/ou explosivos.
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ESPECTOGRAFIA ACÚSTICA
Na análise global da voz, podem ser empregados métodos qualitativos como a emissão
prolongada da vogal /a/ isolada ou desencadeada em uma sílaba ou trecho de fala espontânea,
nos quais são avaliados os seguintes parâmetros acústicos:
- Freqüência fundamental média e seu desvio padrão: Números de ciclos vibratórios por
segundo (Hz) e desvio para graves e agudos, medidos por meio de escaletas ou
diapasões.
- Fonetograma: Fornece o perfil de toda a extensão vocal, nota por nota, em diferentes
intensidades, sendo um gráfico que apresenta os limites vocais de um indivíduo em função
da freqüência e da variação de intensidade.