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BACHAREL EM TEOLOGIA
ECLESIÁSTICA
ESCATOLOGIA
Doutrina das Últimas Coisas
Disciplina
1
ESCATOLOGIA I - II
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 4
LIÇÃO 1 – O FIM INAUGURADO ................................................................................................ 5
4. Amilenismo............................................................................................................................ 7
5. Pós-milenismo ....................................................................................................................... 9
6. Pré-milenismo ..................................................................................................................... 10
7. Pré-milenismo Dispensacinalista......................................................................................... 11
Pré-milenismo Pré-tribulacionista.................................................................................................. 12
Conclusão ....................................................................................................................................... 31
3. O galardão ........................................................................................................................... 35
4. O dia do Juízo será o dia da revelação publica de quem de fato é o povo do Senhor........ 36
LIÇÃO 10 – RESUMO DE TODAS AS LIÇÕES ........................................................................ 37
CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 42
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................ 43
INTRODUÇÃO
Em forma, simbolismo, propósito e significado, o livro do Apocalipse é de uma beleza que as palavras não
podem descrever. Onde, em toda a literatura, encontraríamos qualquer coisa que possa superar a majestosa
descrição do Filho do homem andando no meio dos sete candeeiros (Ap 1.12-20), ou do vívido retrato de
Cristo, Fiel e Verdadeiro, avançando até a vitória, montado num cavalo branco, com uma vestimenta
respingada de sangue, seguido dos exércitos celestiais (19.11-16). Onde, além do mais, encontraríamos
contraste mais marcante do que este entre o juízo da Babilônia, de um lado, e o regozijo da Jerusalém de
Ouro, de outro (18.19; 21.22) E onde mais o trono celeste e a bênção da vida celestial são retratados de
maneira mais serenamente simples e, ainda assim, mais bela em sua simplicidade (4.2-5.14; 7.13-17). Que
riqueza de consolação; que visão e entendimento do futuro; sobretudo, que revelação do amor de Deus
estão contidos nas palavras da profecia desse livro!1
Esta apostila diz respeito não apenas ao estudo do livro de apocalipse, mas de toda a Bíblia, pois toda ela é
coerente com a esperança da redenção e vitória final do cordeiro, que é “o primeiro e o último e aquele que
vive; esteve morto, mas eis que está vivo pelos séculos dos séculos e tem as chaves da morte e do inferno”
(Ap 1.17,18). E é por causa do Senhor Jesus, que temos esperança no futuro; sua morte nos dá vida, mas
sobretudo, sua ressureição é o penhor da nossa (Ef 1.14).
Estudar escatologia é discorrer não apenas sobre o que acontecerá, mas sobre o que já acontece e, por isso,
devemos reajustar o nosso foco nos novos céus e nova terra que ainda virão. Estudar escatologia, coloca
nosso coração no lugar correto: a esperança do retorno do Senhor Jesus glorificado. Essa é a intenção desta
apostila.
Soli Deo Glória! Luiz Lacerda
A palavra escatologia significa: Doutrina das últimas coisas. Ela deriva-se de duas palavras gregas:
εσχατως, eschatos (Último), e λογος, logos (doutrina, ensino, palavra ).
1. Versículos que usam o termo eschatos
1 Pedro 1.20: “conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim
dos tempos, por amor de vós *...+”
1 João 2.18: “Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo,
também, agora, muitos anticristos têm surgido; pelo que conhecemos que é a última hora.+”
2 Timóteo 3.1: “Sabe, porém, isto nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis”
O termo escatologia pode ser entendido como referindo-se a eventos que ainda virão a acontecer,
relacionados tanto com o indivíduo como com o mundo.
Com relação ao indivíduo, é dito que a escatologia se ocupa de assuntos como morte física, imortalidade da
alma e sobre o estado intermediário, ou seja, o estado que se dá entre a morte e a ressurreição do corpo.
Com relação ao mundo, a escatologia e vista como tratando da volta de Cristo, da ressurreição geral, do
juízo final e do estado final das coisas.
A escatologia reformada trata de dois tópicos muito importantes que são: escatologia “inaugurada” e a
escatologia “futura”. Neste primeiro momento veremos sobre a escatologia inaugurada.
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2. Escatologia Inaugurada
Esse termo trata que as últimas coisas já começaram a acontecer, quem deu início ao fim foi o
próprio Jesus. Um texto bíblico que nos ajuda a entender isto é o texto de Gálatas 4.4-5 que diz:
“vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,
para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.” Este texto
nos diz que Jesus veio quando o tempo determinado foi cumprido, ou seja, vindo pois a
consumação ou o cumprimento dos tempos, Deus enviou seu Filho. Outro texto que nos ajudará
a entender isto é o texto de Marcos 1.14-15, que diz: “Depois de João ter sido preso, foi Jesus
para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus, 15 dizendo O tempo está cumprido, e o reino de
Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.” Jesus veio inaugurando o tempo do
fim.
A Bíblia deixa claro que toda a era do novo testamento são as últimas coisas, ou o tempo do fim.
Vemos isto em 1 Coríntios 10.11 “11 Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram
escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado.” Da
mesma forma em Hebreus 9.26: “*...+ porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez
por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado.” E também em 1 João 2.18
“Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também, agora, muitos
anticristos têm surgido; pelo que conhecemos que é a última hora.” (Cf. Hebreus 1.1-2; 1 Pedro
1:20) Esta verdade de que toda a era presente é o fim é também de enorme significância prática
para os cristãos. Ela significa que nós os cristãos precisamos vigiar, pois quando menos se
esperar o noivo virá (Mt 25.13) e que devemos viver em santa expectação aguardando a volta do
Senhor Jesus e não como se ela estivesse
“Os escritores do Novo Testamento estão conscientes de que eles já estão vivendo nos últimos
dias. Isto é, especialmente declarado por Pedro, em seu grande sermão, no dia de pentecostes,
quando ele cita o seguinte da profecia de Joel: ‘estes homens não estão embriagados, como
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vindes pensando, sendo esta a terceira hora do dia. Mas o que ocorre é o que foi dito por
intermédio do profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu
Espírito sobre toda carne...’”
As epístolas de João são normalmente consideradas como pertencendo aos últimos escritos do
Novo Testamento. Aqui também encontramos uma compreensão da era do Novo Testamento
como sendo de cumprimento escatológico. Entretanto, ao invés de usar a expressão: “os últimos
dias”, João usa as palavras: “a última hora”: “filhinhos, já é a última hora (eschate hora); e, como
o vistes que vem o anti-cristo, também agora muitos anticristos tem surgido, pelo que
conhecemos que é a última hora” (1 Jo 2.18).
Em Apocalipse 20.4, menciona aqueles que venceram as tribulações sem negar a Cristo, estes ao morrerem
vão estar na presença de Deus e reinarão com Cristo até a ressurreição do corpo. Interpretações divergentes
desta passagem levaram à formação de pelo menos quatro posições principais acerca da natureza do
milênio ou do Reino milenar descrito aqui. Estas quatro posições são: amilenismo, pós-milenismo, pré-
milenismo histórico e pré-milenismo dispensacinalista. Nesta lição apresentaremos uma breve descrição e
análise dessas quatro principais posições acerca do milênio. Dando ênfase na que nós, os Presbiterianos,
cremos.
4. Amilenismo
Vamos começar explicando a que cremos ser a mais coerente com os escritos bíblicos, o Amilenismo. A
palavra Amilenismo significa literalmente “nenhum milênio”. Isso não significa que os amilenistas não
creem em um milênio. O que eles não creem, é em um milênio literal, ou seja, quando a palavra de Deus
está se referindo a mil anos, ela está se referindo a um tempo determinado por Deus, mas desconhecido por
nós. O amilenismo ensina que o milênio de Apocalipse 20 é toda a era do Novo Testamento, desde a
primeira vinda de Cristo até o fim do mundo. Portanto, os mil anos de Apocalipse 20 devem ser entendidos
simbolicamente, e não literalmente. Este ensino é baseado, primeiro, no fato que os números na Escritura,
incluindo o número mil, são frequentemente simbólicos ao invés de literais. Um bom exemplo é
o Salmo 50.10, onde a Escritura certamente não quer dizer literalmente e somente “mil montanhas”, mas
todas as montanhas.
Visto que a prisão de Satanás é uma das principais características deste período de mil anos (Ap
20.1-3), ele não está completamente preso, mas com o seu poder limitado, ou seja, ele está
preso para que não possa impedir o evangelho de ser pregado e resultar na conversão dos povos
gentílicos. Veja o que diz o texto de Mt 12.28-29: “Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito
de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós. Ou como pode alguém entrar na casa
do valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarrá-lo? E, então, lhe saqueará a casa.” Sendo
assim, Mt 12.29 interpreta Ap 20.2 e mostra que o resultado da prisão de Satanás é o sucesso do
evangelho entre as nações no Novo testamento.
O Amilenismo, portanto, não espera um milênio ainda porvir, mas crê que estamos no meio do milênio, e
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que, quando o milenio terminar, o fim do mundo terá chegado. Estamos vivendo no tempo do fim. Os
amilenistas não esperam mil anos antes do fim, nem uma vinda de Cristo mil anos antes do fim, nem
esperam que a grande tribulaçao ocorra mil anos antes do fim do mundo. Antes, eles ensinam que todos
estes eventos ocorrerão no fim e serão seguidos pelo estado eterno. Por isso, o amilenismo ensina que a
trombeta de 1 Co 15.51-542 é a ultima, e apos esta trombeta os eleitos estarão para sempre com o Senhor
na Gloria Celestial (cf. 1 Ts 4.16-17). Da mesma forma, no ensino amilenista, a grande tribulação de
Mateus 24.29-313 é imediatamente seguida pela trombeta que anuncia a vinda de Cristo. Os amilenistas
também sustentam que o Reino de Deus está presente agora no mundo, pois o Cristo vitorioso está
governando seu povo através de sua Palavra e seu Espírito, embora eles também aguardem um Reino
futuro, glorioso e perfeito na
nova terra na vida por vir. Apesar do fato de Cristo ter conquistado a vitória decisiva sobre o pecado e o
mal, o Reino do mal continuará a existir lado a lado com o Reino de Deus até o fim do mundo.
O amilenista, portanto, espera que, antes da volta de Cristo, sejam completadas a pregação do Evangelho a
todas as nações e a conversão da plenitude de Israel. Ele igualmente aguarda uma forma intensificada de
tribulação e da apostasia, bem como a manifestação de um anticristo pessoal, antes da Segunda Vinda. Esta
Segunda Vinda de Cristo, segundo a compressão amilenista, será um evento único, não um evento que
envolva duas partes. Na hora da volta de Cristo haverá uma ressurreição geral, tanto de crentes como de
incrédulos. Após a ressurreição, os crentes que ainda estiverem vivos serão transformados e glorificados.
Estes dois grupos, crentes ressurretos e crentes transformados, são então elevados para as nuvens para
encontrar com o Senhor nos ares. Após este “arrebatamento” de todos os crentes, Cristo completará sua
descida a terra e conduzirá o juízo final. Após o juízo, os incrédulos serão entregues à punição eterna, ao
passo que os crentes desfrutarão para sempre das bênçãos dos novos céus e da nova terra.
5. Pós-milenismo
O Pós-milenismo é a crença de que o retorno de Cristo ocorrerá depois do Milênio. Defendem que a Igreja
já é o Reino de Cristo e que a pregação do evangelho, gradualmente converterá o mundo, inclusive os
judeus. A primeira ressurreição é espiritual e refere-se à conversão do pecador e a segunda, uma única
ressurreição física geral, de crentes e ímpios. No fim do milênio haverá um aumento da iniquidade, a grande
tribulação e a soltura de satanás por um pouco de tempo.
Os Pós Milenistas esperam que a proclamação do evangelho ganhe a vasta maioria dos seres humanos para
Cristo na presente era. O aumento do sucesso do evangelho produzirá gradualmente um tempo na história
antes do retorno de Cristo no qual a fé, justiça, paz e prosperidade prevalecerão nos assuntos do povo e das
nações. Ele descansa na crença que a pregação do evangelho terá tanto sucesso que o mundo será convertido
e desfrutará de um longo período de paz e prosperidade chamado o milênio. Diferente das outras visões, o
pós-milenismo espera que as condições fiquem melhor no tempo precedente ao retorno de Cristo. Eles
esperam uma era dourada para mostrar que uma visão triunfalista da igreja durante este tempo vai contra o
testemunho do Novo Testamento – 2 Tm 3:1-5: “Sabe, porém, isto nos últimos dias, sobrevirão
tempos difíceis...”
A expectação pós-milenista de uma era dourada futura, anterior à volta de Cristo, não faz jus à tensão
contínua na história do mundo entre o Reino de Deus e as forças do mal. Está havendo e continuará a haver
uma tensão sempre presente na história. Já em Gênesis 3.15, Deus anunciava a antítese que continuaria por
toda a história: inimizade entre a semente da mulher e a semente da serpente. Esta antítese continua até ao
fim da história. Encontrada em Mt 13.36-43, Jesus ensina que o povo que o maligno continuará a existir
lado a lado com o povo redimido de Deus até a hora da ceifa.
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6. Pré-milenismo
Prosseguiremos agora examinando uma terceira importante posição acerca do milênio, que é o pré-
milenismo. Ele [o pré-milenismo] é a visão de que a segunda vinda de Cristo ocorrerá antes do Seu Reino
Milenar e que esse reino será um período literal de 1000 anos.
Segundo esse ponto de vista, a presente era da igreja continuará até que, com a proximidade do fim, venha
sobre a terra um período de grande tribulação e sofrimento. Depois desse período de tribulação no final da
era da igreja, Cristo voltará à terra para estabelecer um reino milenar. Quando ele voltar, os crentes que
tiverem morrido serão ressuscitados, terão o corpo reunido ao espírito, e esses crentes reinarão com Cristo
sobre a terra por mil anos4. Durante esse tempo, Cristo estará fisicamente presente sobre a terra em seu
corpo ressurreto e dominará como Rei sobre ela. Os crentes ressuscitados e os que estiverem sobre a terra
quando Cristo voltar receberão o corpo glorificado da ressurreição, que nunca morrerá, e nesse corpo da
ressurreição viverão sobre a terra e reinarão com Cristo.
Quanto aos incrédulos que restarem sobre a terra, muitos (mas não todos) se converterão a Cristo e serão
salvos. Jesus reinará em perfeita justiça e haverá paz por toda a terra. Muitos pré-milenistas sustentam que a
terra será renovada e veremos de fato o novo céu e a nova terra durante esse período5. No início desse
tempo, Satanás será preso e lançado no abismo, de modo que não terá influência sobre a terra durante o
milênio (Ap 20.1-3).
De acordo com o ponto de vista pré-milenista, no final dos mil anos Satanás será solto do abismo e unirá as
forças com muitos incrédulos que se submeteram externamente ao reinado de Cristo, mas por dentro
revolvem-se em revolta contra ele. Satanás reunirá esse povo rebelde para batalhar contra Cristo, mas serão
derrotados definitivamente. Cristo então ressuscitará todos os incrédulos que tiverem morrido ao longo da
história, e esses comparecerão diante dele para o julgamento final. Uma vez realizado o juízo final, os
crentes entrarão no estado eterno. Mas, assim como no caso do pós-milenismo, os argumentos a favor do
pré-milenismo não se baseiam em observação de eventos correntes, mas em passagens específicas das
Escrituras, especialmente Ap 20.1-10.
7. Pré-milenismo Dispensacinalista
Segundo esse ponto de vista, a era da igreja continuará até que, de repente, de maneira
inesperada e secreta, Cristo chegará a meio caminho da terra e chamará para si os crentes. Essa
afirmação, segundo essa linda é retirada de 1Ts 4.16-17: “*...+ os mortos em Cristo ressuscitarão
primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre
nuvens, para o encontro do Senhor nos ares”. Cristo, então, retornará ao céu com os crentes
arrebatados da terra. Quando isso acontecer, haverá uma grande tribulação sobre a terra por
um período de sete anos.
Durante esse período de sete anos de tribulação, cumprir-se-ão muitos dos sinais que, segundo predições,
precederiam a volta de Cristo. O grande ajuntamento da plenitude dos judeus ocorrerá à medida que eles
aceitarem Cristo como o Messias. Em meio ao grande sofrimento haverá também muita evangelização
eficaz, realizada em especial pelos novos cristãos judeus. Ao final da tribulação, Cristo voltará com os seus
santos para reinar sobre a terra por mil anos. Depois desse período milenar haverá uma rebelião que
resultará na derrota final de Satanás e suas forças, e então virá à ressurreição dos incrédulos, o último
julgamento e o começo do estado eterno.
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Pré-milenismo Pré-tribulacionista
Essa postura se encontra quase exclusivamente entre os dispensacionalistas que desejam fazer distinção
clara entre a igreja a Israel. Essa posição pré- tribulacionista permite que a distinção seja mantida, uma vez
que a igreja é retirada do mundo antes da conversão geral do povo judeu. Esse povo judeu, portanto,
permanecerá um grupo distinto da igreja. Outra característica do pré-milenismo pré- tribulacionista é sua
insistência em interpretar as profecias bíblicas “literalmente sempre que possível”. Isso se aplica em
especial a profecias do Antigo testamento acerca de Israel. Os que defendem essa posição argumentam que
essas profecias da futura bênção de Deus à Israel ainda irão se cumprir entre o próprio povo judeu; elas não
devem ser “espiritualizadas”, tentando-se ver o seu cumprimento na igreja. Entretanto, se olharmos para as
próprias Escrituras veremos que elas mesmas afirmam que hoje a “Israel de Deus” é Sua Igreja universal do
Senhor Jesus. Vejamos alguns abaixo:
“9Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de
Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz; 10 vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não
tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia.” (1 Pe 2.9-10)
10 “O Verbo estava no mundo o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o
conheceu. 11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. 12 Mas, a todos quantos o
receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome;
13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas
“1 Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. 2 Ele
segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; 3 lançou-o
no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se
completarem os mil anos. Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo.” (Ap. 20.1-3)
Quando analisamos este texto em um contexto geral das escrituras, ele se auto explica. Veja o que
diz o texto de Mateus 12:28-29. “Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus,
certamente é chegado o reino de Deus sobre vós. Ou como pode alguém entrar na casa do
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valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarrá-lo? E, então, lhe saqueará a casa.” Esse texto
está mostrando que Jesus para saquear o reino de Satanás teve que o amarrar possibilitando
assim a pregação do evangelho aos povos gentílicos. O reino de Deus é chegado, o poder do
diabo é limitado pelo próprio Cristo.
A eficiência da pregação é verificada já nos tempos de Jesus, quando ele envia os setenta e eles voltam
maravilhados. Veja o que diz o texto de Lc 10.17-20:
“17 Então, regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios
se nos submetem pelo teu nome! 18 Mas ele lhes disse: Eu via Satanás caindo do céu como um
relâmpago. 19 Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder
do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano. 20 Não obstante, alegrai-vos, não porque
os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus.”
O significado geral disso é claro: O próprio Satanás caiu com grande força de sua posição de poder. Isso é
o que Jesus tinha visto com seus próprios olhos. Os partidários de Satanás não podem se manter. O que
conta nessa conexão e o que é dito aqui é essencialmente a mesma coisa encontrada em Mt 12.28-29 e
Lc 11.20-226. Aqui, o grande momento de colapso do governo de Satanás chegou e ao mesmo tempo, marca
a chegada do Reino do Céu. A redenção não é mais futura, mas tornou- se presente. Nessa luta é o próprio
Jesus quem quebrou o poder de Satanás e que continua a fazê-lo. O diabo está preso, ele teve sua cabeça
esmagada, isto não significa que Satanás não possa fazer qualquer mal enquanto estiver preso. Significa
apenas que enquanto Satanás estiver preso, ele não poderá enganar as nações de modo a impedi-las de
aprenderem acerca da verdade de Deus.
Jesus segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu, limitando o seu poder para
que não mais enganasse as nações, possibilitando assim, a pregação do evangelho aos povos gentilicos, ou
seja, aos povos não judeus.
10. Conclusão
O significado, então, é este: A época durante a qual a Igreja, como poderosa organização missionária, será
capaz de espalhar o evangelho em todos os lugares não durará para sempre; nem mesmo até o momento da
segunda vinda de Cristo. Observe o que acontece hoje mesmo em alguns países. Não há regiões desta terra
que parecem estar já entrando no “pouco tempo” de Satanás? A Batalha de Gogue e Mogogue é a batalha
do Armagedom. Satanás enganará o mundo iníquo; Levará eles a pensar que será possível uma vitória real e
absoluta sobre a Igreja e que Deus poderá ser derrotado, no entanto ele próprio já sabe o desfeche desta
peleja. Então, o que significa a o termo “Besta” na visão reformada? Besta é o poder perseguidor de
Satanás; Falsos Profetas são as religiões anticristãs.
Na morte, “ *...+ o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec 12.7).
João Calvino comentando sobre a parábola de Lázaro e o homem rico, escreve:
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“A verdade geral transmitida é que as almas dos crentes, quando deixam os seus corpos,
desfrutam de uma vida alegre e bendita fora deste mundo, e que para o réprobo, há terríveis
tormentos preparados”. [Comentário sobre Lucas 16.23]
Desta forma, podemos entender que na morte, o corpo do homem retorna ao pó, vê a corrupção e se
decompõe, mas a alma, o homem em si, entra no estado intermediário e permanece consciente. A Bíblia vê
esta condição incorpórea como temporária. O estado eterno será um no qual os homens terão novamente
corpos; eles terão os mesmos corpos, no entanto estes corpos serão glorificados, ou seja, um corpo sem
corrupção, sem defeito, não sujeito a enfermidades e necessidades.
Um dos símbolos de fé da Igreja Presbiteriana do Brasil, A Confissão de Fé de Westminster, diz o seguinte:
O corpo dos homens, depois da morte, volta ao pó e vê a corrupção; mas a alma deles (que nem morre,
nem dorme), por ter uma substância imortal, volta imediatamente para Deus que a deu. A alma dos justos,
sendo então aperfeiçoada em santidade, é recebida no mais alto dos céus, onde contempla a face de Deus
em luz e glória, esperando a plena redenção do corpo deles; e a alma dos ímpios é lançada no inferno, onde
permanecerá em tormentos e em trevas espessas, reservada para o juízo do grande dia. Além destes dois
lugares destinados às almas separadas de seus respectivos corpos, as Escrituras não reconhecem nenhum
outro lugar. (2 Co 5.8; Fp 1.23)
Paulo escrevendo sobre isso diz: “21 Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. 22
Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. 23
Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é
incomparavelmente melhor” (Fl 1.21-23). O que Paulo está dizendo aqui é que, no momento em
que ele parte ou morre, naquele mesmo momento ele estará com Cristo. Esta condição, ele
acrescenta, será “muito melhor” do que a presente, rejeitando claramente a ideia de que, após a
morte, ele entrará num estado de sono da alma ou não existência. Porque, como poderia o sono
da alma ou não existência ser “muito melhor” do que o estado atual no qual ele tem comunhão
consciente, embora imperfeita, com Cristo?7
Outro texto que nos mostra qual será a condição eterna dos filhos de Deus está em 2 Co 5.1; 6-8. Estes
versículos nos afirmam que no momento em que a morte acontecer, em que nossa casa terrestre se desfizer,
ou seja, nosso corpo, nós temos imediatamente, uma casa eterna nos céus. No momento em que deixarmos
nosso corpo, estaremos com o Senhor. Uma vez que não estaremos mais no corpo, deveremos ser libertos
dos sofrimentos, imperfeições e pecados que afligem esta vida presente. Mas nossa glorificação não será
completa até que tenha acontecido a ressurreição do corpo. Por causa disso, a condição dos crentes, durante
o estágio intermediário, conforme é ensinado por Calvino, é uma condição de ser incompleto, de
antecipação, de felicidade provisória.
Ao mesmo tempo, o ensino bíblico sobre o estado intermediário é de grande importância. Os crentes que
morreram são “os mortos em Cristo” (1 Ts 4.16); estejam eles vivos ou mortos, eles são do Senhor (Rm
14.8). Nem a morte nem a vida, nem qualquer outra coisa em toda a criação, será capaz de separá-los do
amor de Deus em Cristo Jesus (Rm 8.38,39). Este ensino deveria nos trazer grande conforto. Nos termos
da imagem de 2 Co 5.6-8, nossa vida atual é um estar ausente do Senhor, uma espécie de peregrinação. A
morte, para o cristão, entretanto, é um chegar em casa. É o fim de sua peregrinação; é seu retorno à sua
casa verdadeira.8
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LIÇÃO 5 – OS SINAIS DA VOLTA DE CRISTO (O PRINCÍPIO DAS DORES)
Texto Básico: Mt 24.3-31
No Novo Testamento existem mais de 300 referências apontando para a volta de Cristo. Jesus
voltará em breve, e ele mesmo afirma isso: “1 Venho sem demora. Conserva o que tens, para que
ninguém tome a tua coroa” (Ap. 3.11). No entanto, reina no coração daqueles que servem a Deus
uma pergunta: Quando Jesus voltará? A palavra de Deus nos afirma que: “... a respeito daquele
dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai. 37 Pois assim como foi
nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem” (Mt 24.36-37). Nós não sabemos o dia
certo da volta de Jesus, mas podemos ter certeza que este dia está próximo. O Senhor não nos
revelou a data de sua volta, mas deixou-nos alguns sinais de que sua vinda está próxima,
vejamos quais são.
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O sinal dos “terremotos” (Mt 24.7)
O último século ainda testemunhou dois dos maiores terremotos da história9. O terremoto no Japão foi
descrito na ocasião como a “maior catástrofe desde o dilúvio”. Isso, sem mencionar os terríveis terremotos
do Haiti, e o quarto maior terremoto da história, ocorrido no Japão, com intensidade máxima de 9 graus na
escala Richter. De acordo com a pesquisa geológica dos Estados Unidos:
De 1890 a 1930 – houve apenas 8 terremotos medindo 6.0 na escala Richter. De 1930 a 1960 – houve 18.
De 1960 a 1979 – houve 64 terremotos catastróficos.
De 1980 a 1996 – houve mais de 200 terremotos dramáticos.
a violência, assassinato, roubo e estupro, estes estão aumentando em proporções alarmantes. Os governos
podem restringir10, mas não eliminar esses problemas.
Jesus nunca nos pediu que crêssemos na proximidade de Sua vinda com base apenas em um sinal. Mas
quando todos os sinais rapidamente se multiplicam, dando assim seu testemunho acumulado, se
transformam evidências claras de que Jesus está voltando. Portanto, esses sinais da vinda de Cristo não
deixam margem para que pessoas inteligentes deixem de reconhecê-los. São sinais claros da volta de Jesus.
Hoje, Deus está nos dando o privilégio de saber que o seu filho amado está voltando. Diante disto devemos
fazer o que está registrado no evangelho de Lucas 21.28: “Ora, quando estas coisas começarem a
acontecer, olhai para cima e levantai a vossa cabeça; porque a vossa redenção está próxima.”
Nesta lição veremos os sinais dos tempos em particular, conforme eles são desenvolvidos nas Escrituras.
Embora seja difícil desenvolver uma visão sistemática desses sinais, poderá ser útil agrupá-los sob os
seguintes três títulos: (1) Sinais que evidenciam a graça de Deus, (2) Sinais que indicam oposição a Deus e
(3) Sinais que indicam julgamento divino.
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1. Sinais que evidenciam a graça de Deus: A proclamação do Evangelho a
todas as nações.
Jesus não quer dizer que cada derradeira pessoa da terra tem de se converter antes da Parousia11, uma vez
que é evidente pelo restante das Escrituras que esse nunca será o caso. Jesus também não quer dizer que
cada indivíduo sobre a terra precisa ouvir o Evangelho antes que ele retorne. O que ele efetivamente diz é
que o Evangelho tem de ser pregado por todo o mundo como um testemunho para todas as nações.
Temos humildemente de admitir que somente Deus poderá saber quando este sinal tiver sido totalmente
cumprido. O fato de que o Evangelho está sendo pregado por todo o mundo é um sinal que nos assegura
que Cristo veio e está voltando novamente, mas não nos conta exatamente quando ele estará voltando outra
vez. Entremete, a Igreja deve continuar a proclamar fielmente o Evangelho por todo o mundo, sabendo que
missões continuarão a ser a característica peculiar desta era até a Parousia.
“Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para
com todos os que o invocam” (Rm 10.12)
Defendemos a interpretação desta passagem como indicando que Deus cumpre suas promessas a Israel da
seguinte forma: Embora Israel tenha sido endurecido em sua incredulidade, este endurecimento sempre foi
e continuará a ser um endurecimento parcial, nunca um endurecimento total. Em outras palavras, Israel
continuará a voltar para o Senhor até a Parousia, ao passo que ao mesmo tempo a plenitude dos gentios
continuará a ser arrebanhada. E dessa forma todo o Israel será salvo: não somente a última geração de
israelitas, mas todos os verdadeiros israelitas - todos aqueles que não apenas são de Israel, mas que
são Israel, para usar a linguagem de Romanos 9.6. Uma outra forma de dizer isto seria: todo o
Israel, em Romanos 11.26, significa a totalidade dos eleitos dentre Israel. A salvação de todo o
Israel, portanto, não acontece exclusivamente no tempo do fim, mas acontece ao longo da era
entre a primeira e a Segunda Vinda de Cristo - na verdade, desde o tempo da chamada de Abraão.
Todo o Israel, portanto, difere do remanescente eleito mencionado em Rm 11.5, mas apenas como
a soma total de todos os remanescentes ao longo da história.
“Então sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu
nome. Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros” (Mt 24.21-22)
O sinal da tribulação não é restrito ao tempo do fim, mas caracteriza a era entre as duas vindas de Cristo. Por
causa da oposição continuada do mundo ao Reino de Deus, os cristãos devem esperar sofrer tribulações e
perseguição de uma ou outra espécie durante toda esta era. Baseados nas palavras de Jesus em Mateus
24.21-30, entretanto, somos de parecer que haverá também uma tribulação final e culminante
imediatamente antes de Cristo retornar. Essa tribulação não será basicamente diferente de tribulações
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anteriores, que o povo de Deus teve de sofrer, mas será uma forma intensificada dessas mesmas tribulações.
William Hendriksen sugere que a Grande Tribulação não necessita de vir sobre todo o mundo ao mesmo
tempo, mas pode já estar sendo experimentada por cristãos que são perseguidos por causa de sua fé em
países controlados por governos anticristãos.
O Sinal da Apostasia (2 Ts 2.1-12)
O fato de este sinal ser denominado um “abandono” ou “apostasia” implica que esta será uma rebelião
contra a fé cristã, ao mesmo tempo em que ela for ouvida ou professada. Por essa razão, podemos
pressupor que aqueles que a abandonam, estarão, ao menos exteriormente, associados com o povo de Deus.
A apostasia acontecerá dentro das fileiras dos membros da igreja visível. Aqueles que são crentes
verdadeiros não apostatarão (Jo 10.27,29; 1 Pe 1.3-5); mas muitos que tinham feito uma profissão exterior
de fé, o farão. No entanto, quem pode dizer exatamente quando ou como virá a apostasia final? Ela pode vir
muito em breve, ou pode ainda tardar anos - temos sempre de estar prontos, orando por graça para
podermos continuar firmes na fé.
O terceiro e mais notável sinal de oposição a Deus é o sinal do anticristo. O termo anticristo (antichristos)
é encontrado apenas nas epístolas de João (1 Jo 2.18,22; 4.3; 2 Jo 7). O significado original do prefixo grego
anti é “ao invés de” ou “em lugar de”. Nesse sentido, antichristos significa um Cristo substituto. No Novo
Testamento ele também é mostrado como o adversário declarado de Cristo. Podemos, então, combinar
ambas as ideias: o anticristo é tanto um Cristo rival como um oponente de Cristo. Um importante aspecto
do ensino bíblico acerca do anticristo já foi antecipado: embora deva haver uma anticristo culminante no
fim dos tempos, pode haver precursores ou antecipações do anticristo antes que ele apareça (1 Jo 4.2- 3).
Paulo chama este anticristo de “homem da iniquidade”, que surgirá com a grande
apostasia.
Resumindo, concluímos que o sinal do anticristo, assim como os outros sinais do tempo, está presente ao
longo da história da Igreja. Podemos até dizer que cada época providenciará sua própria forma particular
de atividade de anticristo. Mas só aguardamos uma intensificação deste sinal na manifestação do anticristo
pouco antes de Cristo retornar.
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Estes sinais fazem lembrar continuamente que o Juízo está às portas, como Tiago nos diz:
“Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados. Eis que o juiz está às portas”
(Tg 5.9).
1. O anticristo
A figura do anticristo é uma das mais mal compreendida no cenário bíblico. Quem vai nos auxiliar numa
compreensão coerente sobre a figura do anticristo é o apostolo João. Há somente quatro versículos da
Escritura que expressamente mencionam “anticristo”, todos nas cartas de João.
1 Jo 2.18-19: “Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também, agora,
muitos anticristos têm surgido; pelo que conhecemos que é a última hora. Eles saíram de nosso
meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido
conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos.”
1 Jo 2.22: “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o
que nega o Pai e o Filho.”
1 Jo 4.3: “todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo
contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e,
presentemente, já está no mundo.”
2 Jo 1.7: “Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não
confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo.”
João corrige a falsa noção de anticristo que apareceu entre os cristãos em seu tempo; em
primeiro lugar, declara que o anticristo não é uma realidade de um futuro distante, mas da
presente realidade. Em segundo lugar, ele diz que o anticristo não é simplesmente uma pessoa,
mas um grupo amplo de pessoas. Terceiro, ele define o anticristo não como uma pessoa (um
futuro líder mundial), mas como um movimento em curso: “Filhinhos, esta é a última hora e,
assim como vocês ouviram que o anticristo está vindo, já agora muitos anticristos têm surgido.
Por isso sabemos que esta é a última hora” (1Jo 2.18).
Muitos cristãos do tempo de João tinham ouvido que o anticristo (singular) estava vindo. João respondeu-
lhes dizendo que já agora muitos anticristos (plural) têm surgido. O verbo “surgido” ou “aparecido”
(gegonasin)13 indica que esses anticristos apareceram no passado e que ainda estão presentes. A presença
desses anticristos prova que “esta é (tempo presente) a última hora” (2.18). Assim, é evidente que João
(que escreveu o livro de Apocalipse) rejeitou a ideia de um anticristo futuro e individual; ao invés disso,
alertou os cristãos acerca de um movimento (ou movimentos) heréticos.
Há muitos anticristos. “De fato, muitos enganadores têm saído pelo mundo, os quais não
confessam que Jesus Cristo veio em corpo. Tal é o enganador e anticristo”
(2 Jo 1.7). “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo:
aquele que nega o Pai e o Filho” (1 Jo 2.22).
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“Esses anticristos que têm surgido”, diz João, “saíram do nosso meio, mas na realidade não eram
dos nossos”. Em outras palavras, eles se elevaram à posição de cristãos, alegaram ser cristãos,
professaram ser líderes da Palavra na Igreja Cristã, e, no entanto, foram separados dos cristãos
para que ficasse evidente a todos que não eram deles. Em suma, demonstravam um deleite na
verdadeira religião e não obstante a destruíam.
João focaliza a atenção dos seus leitores sobre um, ou talvez dois, movimentos heréticos. O primeiro,
provavelmente gnóstico na sua origem, negou a humanidade genuína de Jesus Cristo (2 Jo 1.7). O segundo,
provavelmente judaico na sua origem, negou que Jesus tenha sido Messias (1 Jo 2.22). João claramente
aplica a concepção de anticristo (ho antichristos) à tendência generalizada de se propalar inverdades sobre
a identidade de Cristo, mas todo espírito que não confessa Jesus [como vindo em carne] não procede de
Deus.
“Esse é o espírito do anticristo, acerca do qual vocês ouviram que está vindo, e agora já está no
mundo” (1Jo 4.3). O anticristo não é um governador individual, malévolo, aparecendo no futuro.
Antes, o anticristo foi uma tendência herética contemporânea acerca da identidade de Cristo,
influente entre muitas pessoas dos dias de João.
Em Apocalipse 17.9-10, João identifica as sete cabeças como sete colinas (lugares) e sete reis (indivíduos).
No mundo antigo Roma era conhecida como a cidade das sete colinas. João, situado na extremidade do
mar Mediterrâneo, olha em direção a Roma e vê uma besta surgindo do mar. Roma foi um império
mundial que detinha autoridade sobre todos os povos e nações (Ap 13.7); constituía o auge dos quatro
impérios em Daniel, um império completamente satânico (v. 2); e que existiu sobre sete colinas (v. 9). A
seguir estão algumas outras características da besta.
Características Gerais
A besta não foi apenas um império, mas também um homem (Ap 13.18). João diz que a besta tinha em
cada cabeça um nome de blasfêmia (v. 1). Os césares de Roma eram adorados como deuses. Os
imperadores de Roma foram designados como:
Sebastos (alguém a ser adorado);
Divus (deus);
Então, o que significa o termo Besta na visão reformada? Besta é o poder perseguidor de
Satanás.
A Marca da Besta
Estamos próximos de receber um código de barras na fronte e/ou na mão direita a fim de podermos comprar e
vender coisas? O governo caminha no propósito de forçar as pessoas a ter um chip de computador inserido
na mão direita para fins de identificação? Ainda que essas coisas sejam possíveis, não têm absolutamente
nenhuma relação com a marca da besta citada no Apocalipse.
No Antigo Testamento Deus falou da total sujeição à Ele e à Sua lei prendendo- a na testa e
amarrando-a como um sinal nos braços: “Amarre-as como um sinal nos braços e prenda-as na
testa” (Dt 6.8). João também se refere a isso como um selo: “Não danifiquem, nem a terra, nem
o mar, nem as árvores, até que selemos as testas dos servos do nosso Deus” (Ap 7.3). O Senhor
avisa à Igreja de Filadélfia: “Farei do vencedor uma coluna no santuário do meu Deus, e dali ele
jamais sairá. Escreverei nele o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova
Jerusalém…” (Ap 3.12). João diz que mesmo após a Sua segunda vinda “O Seu nome estará em
suas testas” (Ap 22.4).
Portanto, a marca da besta deve ser assumida como a paródia satânica do ‘selo de Deus’ das testas
e mãos dos retos. Israel rejeitou Cristo, e é ‘marcada’ com o selo do absoluto senhorio romano;
ela se aliançou com César, acatando o seu governo e a sua lei. Israel escolheu ser salva pelo
estado pagão, e perseguiu aqueles que visavam salvação em Cristo. A marca da besta é uma
imitação barata do selo de Deus ao Seu povo. Aqueles que se submetem a César e ao estado
romano têm respeitabilidade social e os seus benefícios (econômicos, políticos, religiosos, etc.). O
estado romano exigiu total submissão a César; todos deveriam fazer uma oferta de incenso a
César como sendo Deus. “Todos os habitantes da terra adorarão a besta, a saber, todos aqueles
que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida…” (Ap 13.8). Mas os cristãos se negaram a
adorar a besta e assim foram perseguidos até a morte e tornaram-se econômica e socialmente
proscritos. A marca da besta reflete um coração perverso que adora e serve a César.
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O Número da Besta
João dá outro indicador da besta: um número. “Aqui há sabedoria. Aquele que tem
entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Seu número é seiscentos e
sessenta e seis” (Ap 13.18). Por que João simplesmente não diz quem é a besta? Por que ele fala
em linguagem secreta?
João estava escrevendo de Patmos, onde foi exilado pelos romanos. A igreja sofria uma perseguição
sistemática pelo estado romano sob Nero. João identifica o imperador romano, mas o faz de uma forma que
preserve a igreja das represálias no caso da carta ser interceptada pelas autoridades romanas. Quase todas as
igrejas no império romano eram constituídas por judeus e gentios. Champlin no seu comentário de
Apocalipse diz o seguinte:
“João usou um criptograma que nos é desconhecido hoje em dia, no entanto, os interpretes tem
feito seus cálculos usando valores latinos ou valores gregos, e até mesmo hebraicos, os nomes
que tem esses valores numéricos, ‘666’, são: Nero, Diocreciano, Balaão, César.
A solução mais provável é a seguinte: O nome desejado é “Neron Caesar” em que o cálculo é
feito à base do valor das letras gregas, Neron Kaisaar, transliteradas do hebraico, dá o total de
666.” (R.N. Champlin, Ph.D.)
“O número da besta é número de homens. Ora, o homem foi criado no sétimo dia. O número seis,
sobretudo, não é o número sete e jamais chega a sete. Falha sempre em atingir a perfeição, isto
é, nunca se torna sete. Seis significa não atingir a marca, significa falha. Sete significa perfeição
ou vitória. Regozije- se, ó Igreja de Deus! A vitória está do seu lado. O número da besta é 666, isto
é, falha sobre falha, sobre falha. É número de homens, pois a besta se gloria no homem; e tem de
falhar!”14
a. Nos Evangelhos
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sumo-sacerdote que este veria o Filho do Homem sentado à destra poderosa de Deus e vindo com as nuvens
do céu (Mc 14.62). Frequentemente Jesus falou aos seus ouvintes para vigiar por sua volta, uma vez que ele
viria numa hora em que eles não esperavam (Mt 24.42,44; Lc 12.40). Ele falou da felicidade daqueles
servos a quem ele encontraria fiéis quando retornasse (Lc 12.37,43). Após ter descrito alguns dos sinais
que precederiam sua vinda, o Senhor disse: “Ora, ao começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei
as vossas cabeças; porque a vossa redenção se aproxima” (Lc 21.28); e em seu discurso de despedida
Jesus contou a seus discípulos que, após ter deixado a terra, ele viria novamente e os levaria consigo (Jo
14.3).
b. No livro de Atos
Os anjos disseram aos discípulos que assistiam à ascensão de Jesus aos céus: “Esse Jesus, que
dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do modo como o vistes subir” (At 1.11). E Paulo disse
aos atenienses que um dia Deus julgará o mundo pelo homem a quem levantou dos mortos, o
Senhor Jesus Cristo (At 17.31).
As epístolas paulinas revelam uma consciência vívida da proximidade e certeza da volta do Senhor:
“pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o dia do Senhor vem como ladrão de
noite” (1 Ts 5.2); “Perto está o Senhor” (Fp 4.5). Paulo insta com os Coríntios para serem
cautelosos em fazer julgamentos, uma vez que o Senhor está vindo: “Portanto, nada julgueis
antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz das coisas ocultas
das trevas...” (1 Co 4.5) Em Tito 2.13 ele descreve os cristãos como aqueles que estão
“aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador
Cristo Jesus”. E em Romanos 8.19 ele nos fala de que a “ardente expectativa da criação aguarda,
a revelação dos filhos de Deus”.
O autor de hebreus diz que “assim também Cristo, tendo se oferecido uma vez para sempre para tirar os
pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação” (Hb 9.28).
Tiago fala de modo semelhante quando diz: “fortalecei os vossos corações, pois a vinda do Senhor está
próxima” (Tg 5.8). Pedro enfatiza tanto a certeza da volta do Senhor como a incerteza sobre sua hora:
“Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis [os anciãos] a imarcescível coroa da glória” (1
Pe 5.4); “Virá, entretanto, como ladrão, o dia do Senhor” (2 Pe 3.10). João insta com seus leitores a
permanecerem em Cristo a fim de que, quando ele se manifestar, eles possam ter confiança (1 Jo 2.28);
mais adiante, ele afirma que quando Cristo efetivamente aparecer de novo, seremos como ele, uma vez que
o veremos como ele é (1 Jo 3.2).
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e. No livro do Apocalipse
“Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá” (Ap 1.7). “Venho sem demora”, diz Jesus à Igreja
em Filadélfia; “Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (3.11). E em Apocalipse
22.20, o penúltimo verso do Novo Testamento, lemos: “Aquele que dá testemunho destas coisas
diz: Certamente venho sem demora. Amém. Vem, Senhor Jesus!”
Conclusão
Esta mesma expectação vivida pela volta de Cristo deveria marcar a Igreja de Jesus Cristo nos dias de hoje.
Se esta expectação não mais estiver presente, há algo radicalmente errado. É o servo infiel da parábola de
Jesus que diz em seu coração: “Meu senhor tarda em vir” (Lc 12.45). Pode haver várias razões para a
perda deste
senso de expectação. É possível que a Igreja hodierna esteja tão envolvida em assuntos materiais e
seculares que o interesse pela Segunda Vinda esteja se desvanecendo no segundo plano. É possível que
muitos cristãos não mais creiam numa volta literal de Cristo. É também possível que muitos dos que creem
numa volta literal empurram este evento para tão longe, no futuro distante, que não vivem mais na espera
dessa volta. Quaisquer que sejam as razões, a perda de uma expectativa vívida e vital da Segunda Vinda de
Cristo é um sinal de uma enfermidade espiritual das mais sérias na Igreja. Embora possa haver diferenças
entre nós acerca dos diversos aspectos da Escatologia, todos os cristãos deveriam aguardar ansiosamente
pela volta de Cristo e deveriam viver à luz desta expectação renovada a cada dia.
O próprio Cristo voltará em sua própria pessoa. Isto é claramente ensinado, por exemplo, em Atos
1.11, que registra as palavras dos dois homens com vestes brancas, que falaram aos discípulos na
hora da ascensão de Cristo: “Varões galileus, porque estais olhando para as alturas? Esse Jesus
que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do modo como o vistes subir?”. No mesmo sentido
são as palavras de Atos 3.19-21, proferidas por Pedro no templo:
Paulo também ensina que Cristo voltará em pessoa: “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde
também aguardamos o salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20). Veja também o que ele diz em
Colossenses 3.4: “Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então vós também sereis
manifestados com ele, em glória”.
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b. Será uma vinda visível
Os Testemunhas de Jeová alegam que Cristo voltou em 1914 de modo invisível. Mas com certeza o texto de
Apocalipse 1.7 exclui qualquer concepção dessa espécie sobre a Segunda Vinda: “Eis que vem com as
nuvens e todo olho o verá”. Relacionado com isso veja também Tito 2.11-13:
“Porquanto a graça de Deus se manifestou (epephane) salvadora a todos os homens, educando-
os para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos no presente século,
sensata, justa e piedosamente aguardando a bendita esperança e a manifestação (epiphaneian)
da glória do nosso grande Deus e salvador Cristo Jesus”
O Substantivo epipheneia15, uma das três palavras mais comuns que o Novo Testamento utiliza para a
Segunda Vinda, é colocado em paralelo com apephane que é uma forma verbal do mesmo termo grego. Se
a primeira manifestação de Cristo, descrita nas palavras de abertura do texto, foi visível – o que ninguém
ousaria negar
– o uso de uma forma cognata do verbo epiphino, para designar a segunda manifestação de Cristo, prova
acima de qualquer dúvida que a Segunda Vinda será tão visível quanto foi a primeira.
c. Será uma vinda gloriosa isso: A primeira vinda de Cristo foi uma vinda em humilhação. Isaías
já tinha predito
“Ele não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos
agradasse. Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que
é padecer; E como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos
caso” (Is 53.2,3).
Paulo também nos lembra que, quando Cristo veio à terra pela primeira vez, ele “a si mesmo se esvaziou,
assumindo a forma de servo”, e “a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e
morte de cruz” (Fp 2.7,8).
Mas quando Cristo vier de novo, tudo será diferente. Ele retornará em glória. O próprio Cristo nos
falou disso, em seu Sermão Profético: “*...+ e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do
céu com poder e muita glória” (Mt 24.30). Paulo
acrescenta mais alguns detalhes: “Porquanto o próprio Senhor descerá dos céus, com uma sonora
ordem, com a voz do arcanjo e com o chamado da trombeta de Deus” (1 Ts 4.16, NIV). Cristo
voltará para ser glorificado nos seus santos (2 Ts 1.10), e nós que somos seu povo apareceremos
com ele em glória quando ele retornar (Cl 3.4). Cristo voltará como o glorioso conquistador, o
Juiz de tudo, o redentor de toda a criação, o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.16).
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LIÇÃO 9 – O JUÍZO FINAL
Texto Base: Mt 25.31-46.
1.4 que o destino dos salvos é não apenas pré-conhecido por Deus, mas tem, também, sido predeterminado
desde a eternidade: “assim como nos escolheu nele [Cristo] antes da fundação do mundo”. Vemos em
João 10.27, 28 que Cristo conhece as suas ovelhas e lhes deu vida eterna, de modo que ninguém pode tirá-
las de sua mão. Então para que um julgamento sendo que o destino eterno já está traçado?
3. O galardão
O que tratamos anteriormente nos leva à questão do galardão. Sem dúvida a salvação é dada totalmente
pela graça; mesmo assim a Bíblia indica que haverá diferenças no galardão a ser recebido pelo povo de
Deus no dia do juízo.
Sobre esse assunto, uma passagem neotestamentária que é especialmente importante para entendermos este
assunto está em 1 Coríntios 3.10-15. Seremos julgados segundo as nossas obras para galardão. Conforme o
24
verso 11, o fundamento único sobre o qual todos têm de construir é Jesus Cristo, mas muito depende de como
a pessoa constrói sobre esse fundamento. Ela pode construir com ouro, prata e pedras preciosas - ou ela pode
construir com madeira, feno e palha (v.13). Então a passagem fala acerca de um fogo que testará o tipo de
obra que cada um tem realizado - uma referência óbvia ao Dia do Juízo:
“Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a
obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que
através do fogo” (vs. 14, 15).
Ambos os tipos de edificadores são salvos pela graça, pois ambos construíram sobre o fundamento único
que é Jesus Cristo. Mas o construtor, cuja edificação sobre o fundamento passar no teste do fogo e
sobreviver, receberá um galardão. O homem cuja obra não passe no teste do fogo, porém, sofrerá perda.
Que quer dizer a perda? Não pode significar a perda da salvação - veja o verso 15. A perda que
este homem sofre tem de ser uma perda de galardão. Este homem é salvo como “alguém que
escapou por entre as chamas”, assim como um homem escapa de um prédio em fogo, tendo
perdido todas as suas posses com exceção das roupas do corpo. Parece óbvio que esta passagem
fala sobre um galardão que alguns crentes recebem e outros não. Esse galardão será
diretamente proporcional ao tipo de material com o qual a pessoa construiu sobre o
fundamento da fé em Cristo - em outras palavras, à qualidade de sua vida cristã. Todos serão
julgados e serão julgados segundo as suas obras. Este julgamento não é para a salvação, mas
sim para galardão.
Em Apocalipse 20.12, está especificamente declarado que “os mortos foram julgados segundo as
suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros”. Veja o que diz em 1 Co 3.8: “Ora, o que
planta e o que rega são um; e cada um receberá
o seu galardão, segundo o seu próprio trabalho. ” Nem é necessário dizer que tantas boas obras
como as más obras são levadas em conta.
Observe, em adição a passagem de Efésios 6.8, onde se lê: “Certos de que cada um, se fizer
alguma coisa boa, receberá isso outra vez do Senhor, quer seja servo, quer livre”; e também
Hebreus 6.10, onde está escrito: “Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso
trabalho e do amor que evidenciastes para com
o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos”. E ainda: “Eis que venho rapidamente; e meu
galardão está comigo; para retribuir a cada homem conforme é a sua obra” (Ap 22.12).
surpresa, que as “ovelhas” não praticam estas boas obras para merecer o Reino: “Senhor, quando foi que te
vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber?” (v.37). Sua surpresa revela que
eles não estavam fazendo estas obras para merecer a vida eterna, mas antes como um modo espontâneo de
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expressar sua devoção genuína à Cristo, mostrando amor aos irmãos de Cristo. Suas obras foram
evidências de sua fé. Os “cabritos”, por outro lado, não revelaram amor por Cristo pelo fato de não
demonstrarem amor aos irmãos de Cristo; dessa forma, mostraram que eles próprios não eram verdadeiros
crentes. Em outras palavras, a cena do julgamento de Mateus 25 ilustra, vividamente, a natureza do juízo
final. Cada um será julgado segundo as suas obras.
Às vezes é dito que os pecados dos crentes, que Deus perdoou, apagou e lançou no mar do esquecimento
(Is.43.25) não serão mencionados no dia do juízo. Entretanto, se é verdade que nada há que agora esteja
oculto que não venha a ser revelado (Lc 8.17), e que o juízo se ocupará de todas as nossas obras, palavras e
pensamento, então certamente os pecados dos crentes também serão revelados naquele dia. No entanto,
podemos descansar em Cristo Jesus, pois como diz a palavra de Deus: “Agora, pois, já nenhuma condenação
há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1).
4. O milênio de Apocalipse 20
Quando analisamos este texto em um contexto geral das escrituras, ele se auto explica. Veja estes versos 2 e
3:
“Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos;
lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se
completarem os mil anos. Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo.”
a. Jesus amarrou o valente. Jesus segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo,
Satanás, e o prendeu, limitando o seu poder para que não mais enganasse as nações,
possibilitando assim, a pregação do evangelho aos povos gentílicos, ou seja, aos povos não
judeus.
b. O Pouco Tempo de Satanás. Quando os mil anos se passarem, Satanás será solto de
sua prisão. Então fica muito claro que uma final e mais terrível perseguição se dará, por meio das
forças anticristãs. Estas oprimirão a Igreja, motivadas pelo próprio Satanás.
c. A perseguição Final. A perseguição de Gogue Mogogue, foi a grande opressão que o
povo de Deus teve de suportar na antiga dispensação. Sobre o ataque da Síria sob Antíoco
Epifanes. Este ataque violento de gogue e Mogogue contra Israel serve como excelente símbolo
para o conflito final dos ímpios contra a Igreja. Todo o mundo iníquo perseguirá a Igreja. A
perseguição será mundial. Essa interpretação se dá com base no versículo 9, onde diz:
“Marcharam sobre a superfície da terra”. Descrevendo assim um conflito entre a Igreja e o
mundo. Esse é o último ataque das forças do anticristo contra a Igreja.
5. O Estado Intermediário
O que acontece com o homem após a morte? Na morte, o corpo do homem retorna ao pó, vê a corrupção e
se decompõe, mas a alma, o homem em si, entra no estado intermediário e permanece consciente. A Bíblia
vê esta condição incorpórea como temporária. O estado eterno será um no qual os homens terão novamente
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corpos; eles terão os mesmos corpos, no entanto estes corpos serão glorificados, ou seja, um corpo sem
corrupção, sem defeito, não sujeito a enfermidades.
7. As Falácias da Escatologia
a. O anticristo
O apostolo João (que escreveu o livro de Apocalipse) rejeitou a ideia de um anticristo futuro e
individual; ao invés disso, alertou os cristãos acerca de um movimento (ou movimentos) heréticos.
Há muitos anticristos. “De fato, muitos enganadores têm saído pelo mundo, os quais não confessam
que Jesus Cristo veio em corpo. Tal é o enganador e anticristo”
c. A Marca da Besta
A marca da besta é uma imitação barata do selo de Deus ao Seu povo. Aqueles que se submetem a César e ao
estado romano têm respeitabilidade social e os seus benefícios (econômicos, políticos, religiosos etc.). Mas os
cristãos se negaram a adorar a besta e assim foram perseguidos até a morte e tornaram-se econômica e
socialmente proscritos. A marca da besta reflete um coração perverso que adora e serve a César.
d. O número da Besta
Os judeus que viviam nos dias de João usavam o seu alfabeto tanto na simbologia sonora (fonética) quanto nos
seus valores numéricos. Cada letra do alfabeto hebraico tinha um equivalente numérico. A pronúncia hebraica
do nome de Nero em documentos da época relativos aos escritos de Apocalipse, que equivale exatamente a
666.
CONCLUSÃO
“Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro” (Ap 22.14). Cada
pessoa porta uma veste. Está sempre tecendo essa veste, pois cada pensamento seu, cada palavra e
cada obra entram na sua tecedura. Essa veste está sempre manchada, suja e totalmente
corrompida (cf. Zc 3.3). No mundo inteiro não existe poder que possa limpá-la.
Nem todos os detergentes da terra poderiam alvejar essas vestes. Seriam inúteis. Leia Jeremias 2.22, uma
passagem marcante e bela. Tais vestes são nosso caráter. Deus, entretanto, providenciou uma solução. Ele é
quem diz: “Bem- aventurados os que lavaram suas vestiduras”. Lavar as vestes significa recorrer às fontes
purificadoras do sangue de Jesus Cristo. Ele não só pode remover nossa culpa, mas, também, conceder-nos a
purificação e a santificação no Espírito - ao que devemos recorrer constantemente. Aquele que lava suas
vestiduras na fonte purificadora recebe, pela graça soberana de Deus, o direito de se aproximar da árvore da vida
(cf 2.7; 22.2) e pode entrar pelas portas da cidade. Fora da cidade ficam os que mantêm as características da
meretriz (cf Ap 17.2, 4, etc.).
Cristo prometeu voltar breve (cf. Ap 22.1.12) e a noiva, isto é, a Igreja responde dizendo: “Vem!” É uma oração
ardente a que a Igreja é movida pelo Espírito Santo. O Espírito e a noiva operam juntos (cf. Rm 8.16). Estão,
constantemente, dizendo: “Vem!” Esse, deve-se notar, é um presente imperativo. Refere-se não apenas ao
evento da volta de Cristo, mas à totalidade do curso da História que ainda precede o evento. Significa:
“Cumpra seu plano na História com vistas à sua vinda, Senhor!”17
Ao final deste curso de Escatologia, devemos estar apenas com uma oração em nossos corações: “Maranata,
ora Vem Senhor Jesus! Vem! ”. Esse é o propósito do estudo das últimas coisas; este é o propósito do livro de
Apocalipse dado a nós, Igreja do Senhor representada pelos sete candeeiros em Ap 1. E, à ardente oração da
Igreja por sua volta, Cristo responde, dizendo: “Certamente venho sem demora!” (Ap 22.20).
Amém! Vem, Senhor Jesus!
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SETEKE HERESIOLOGIA
BIBLIOGRAFIA
LOPES, Hernandes Dias. Marcos: O evangelho dos milagres. São Paulo: Hagnos, 2006.
LOPES, Hernandes Dias. Apocalipse: O Futuro chegou: as coisas que em breve devem acontecer. São Paulo:
Hagnos, 2005.
A HOEKEMA, Anthony. A Bíblia e o futuro. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1989.
HENDRIKSEN, William. Mais que Vencedores. São Paulo: Cultura Cristã, 2001. KISTEMAKER, Simon.
Apocalipse. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. (Comentário do Novo Testamento).
LIMA, Leandro Antônio de. Razão da Esperança: Teologia para hoje. São Paulo: Cultura Cristã,
2006.
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