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FERNANDÓPOLIS – FEF
FONOAUDIOLOGIA
PATOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO
HUMANA – VOZ
ALUNA: ___________________________
2004
Patologias da Comunicação Humana – Voz 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEHLAU, S. M.; PONTES, A. P. Avaliação global da voz. São Paulo: EPM, 1990.
BEHLAU, S. M.; PONTES A. P. Princípios de reabilitação vocal nas disfonias. 2. ed. São
Paulo: EPM, 1990.
BEHLAU, S. M.; PONTES, A. P. Avaliação e tratamento das disfonias. São Paulo: Lovise, 1995.
BOONE, R. D.; McFARLANE, C. S. A voz e a terapia vocal. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
MARCHESAN, Q. I.; BOLAFFI, C.; GOMES, C. D. I.; ZORZI, L. J. Tópicos em Fonoaudiologia. São
Paulo: Lovise, 1994.
MARCHESAN, Q. I.; BOLAFFI, C.; GOMES, C. D. I.; ZORZI, L. J. Tópicos em Fonoaudiologia. São
Paulo: Lovise, 1997/1998.
OBS: Figuras retiradas do livro: BEHLAU, S. M.; PONTES, A. P. Avaliação e tratamento das
disfonias. São Paulo: Lovise, 1995.
OBJETIVO
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ANATOMIA DA LARINGE
É uma das estruturas mais complexas de todo mecanismo de fala e audição. A maioria
das lesões de laringe devem-se a abusos e é suscetível as mesmas patologias que afetam o
sistema respiratório como um todo.
O fato de sermos “animais falantes” significa que respiramos pela boca a maioria do
tempo, submetendo a laringe aos efeitos crescentes do ressecamento. O álcool, o fumo, o
excesso de vocalização e uma vida inteira inspirando poeira e ar poluído também funcionam
como abusos.
Ela se situa na região infra-hióidea do pescoço, entre a 4º e a 6º vértebras cervicais. É
formada por um arcabouço cartilaginoso, denominado esqueleto da laringe e pela musculatura
intrínseca.
OBS: A laringe é suspensa pelo osso hióideo, que também serve com ligação superior para
alguns músculos extrínsecos da laringe. Esse osso não está ligado a qualquer outro osso do
esqueleto, ao contrário, mantém-se na posição por um complexo sistema de músculos e
ligamentos que fazem dele uma estrutura altamente móvel.
CARTILAGENS DA LARINGE
a) Cartilagem Tireóidea: É a maior das cartilagens da laringe. É composta por duas lâminas
de cartilagem (LD e LE). A LD e LE fundem-se entre si na linha mediana anteriormente,
formando a maior parte das paredes anteriores e lateral da laringe, o ponto dessa junção é
conhecido como ângulo da tireóidea, proeminência laríngea ou “pomo de Adão”. O ângulo
formado pela união da lâminas tireóideas é de cerca de 90º para adultos do sexo masculino
e 120º para adultos do sexo feminino. A margem posterior de cada lâmina prolonga-se para
cima e para baixo, sendo denominadas respectivamente de: cornos superiores e cornos
inferiores.
- Cornos Superiores: Dirigem-se para cima e para trás e para medial. São unidos por
ligamentos ao corno maior do osso hióideo.
- Cornos Inferiores: Mais curtos e um pouco mais espessos que os superiores, tem
direção para baixo e são direcionados levemente para medial. Unem-se à cartilagem
cricóidea.
- Linha Oblíqua: Faz percurso através da face de cada lâmina para baixo e para frente,
do tubérculo tireóideo superior para o inferior.
c) Epiglótica: Mais conhecida como epiglote. É uma estrutura flexível em forma de folha,
composta por cartilagem elástica ou fibroelástica. Situa-se bem atrás do osso hióideo e da
raiz da língua. Em seu limite superior é ampla, arredondada e delgada. Abaixo, estreita-se
formando uma estrutura chamada pecíolo que em latim significa perna pequena. É ligada a
cartilagem tireóidea no ângulo, bem abaixo da incisura tireóidea, por meio do ligamento
tireoepiglótico. A face anterior guarda continuidade com a raiz da língua por meio de um
ligamento mediano e dois ligamentos glossoepiglóticos. Duas depressões ou valéculas
Patologias da Comunicação Humana – Voz 5
podem ser observadas entre a epiglote e a raiz da língua, uma de cada lado da prega
glossoepiglótica mediana. Um grande corpo adiposo, que se estende do osso hióideo até o
nível da incisura tireóidea, separa a epiglote do osso hióideo e da cartilagem tireóidea.
Afirma-se que a epiglote humana funciona para evitar que o alimento entre a laringe
durante a deglutição, entretanto, o mecanismo exato é passível de dúvidas. A epiglote
contribui muito pouco para a produção da fala:
- Nas freqüências baixas (graves) a epiglote quase cobre a entrada da laringe;
- Nas freqüências elevadas (agudas) a epiglote “saí do caminho” para permitir a
visualização completa das ppvv.
Fig. 5. Cartilagens
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MÚSCULOS DA LARINGE
1) EXTRÍNSECOS
São aqueles que tem uma ligação com as estruturas externas da laringe. São
primariamente responsáveis pela sustentação da laringe e por sua fixação na posição. Não
interferem diretamente na fonação. São eles:
b) Digástrico: Apresenta dois ventres com origens diferentes (anterior e posterior) e uma
mesma inserção. É um dos músculos mais importantes da deglutição. Sua ação principal
é elevar o osso hióideo na sua contração ou caso o osso hióideo esteja em posição fixa,
pode ajudar a deprimir a mandíbula.
2) INTRÍNSECOS
Apresentam origem e inserção na laringe. Possuem relação direta com a função
fonatória. Podem ser classificados de acordo com seus efeitos sobre a forma da glote e o
comportamento vibratório das ppvv. Existem músculos abdutores, adutores, tensores e
relaxadores da laringe.
Os músculos abdutores que separam as cartilagens aritenóides das ppvv para as
atividades respiratórias, sofrem a oposição dos adutores que aproximam as cartilagens
aritenóides e as ppvv para a fonação e também com a finalidade de proteção. Os tensores da
glote alongam esses tiram as ppvv e recebem a oposição dos relaxadores que as encurtam.
Os músculos intrínsecos da laringe atuam aos pares. Na laringe saudável os músculos
de um lado não contraem independentemente daqueles do lado oposto.
Há dois tipos de ajustes laríngeos internos: A extensão da força com que as ppvv são
unidas na linha média, denominadas compressão medial e o grau de força de estiramento
chamada de tensão longitudinal. Estes dois ajustes ou combinações, mais um suprimento de
ar, são responsáveis pela versatilidade da voz humana.
b) Cricoaritenóideo Posterior – CAP: É um músculo par, tem a forma de leque, com origem
na lâmina da cartilagem cricóidea e inserção no processo muscular da cartilagem
aritenóidea. Sua ação principal é abduzir as ppvv, permitindo a respiração (é o único
abdutor).
c) Cricoaritenóideo Lateral – CAL: É um músculo par, tem a forma de leque, com origem na
margem superior da cartilagem cricóidea e inserção no processo muscular da cartilagem
aritenóidea. Sua principal ação é girar a cartilagem aritenóidea para levar os processos
vocais na direção da linha média. Esse músculo contribui muito para a regulação da
compressão medial ou coaptação glótica.
d) Aritenóideo – A: É único e possui dois feixes (transverso e oblíquo). Está situado nas
faces posteriores das cartilagens aritenóideas. Sua ação principal é aduzir as ppvv,
permitindo a fonação.
f) Ariepiglótico – AE: É um músculo par situando-se nas pregas ariepiglóticas. Sua ação
principal é abaixar a epiglote com a sua contração promovendo o fechamento do ádito da
laringe.
f) Pregas Ariepiglóticas: São formadas por músculo ariepiglótico ( AE), tecido conectivo e
mucosa, estendendo-se das pontas das cartilagens aritenóideas até a epiglote, formando
um esfíncter que permite o fechamento da laringe durante a deglutição e nas situações de
proteção das vias aéreas inferiores.
INERVAÇÃO DA LARINGE
- X Par - Nervo Vago: Todos os ramos. Dá origem ao nervo laríngeo superior e o inferior.
- Nervo Laríngeo Superior: Divide-se em dois ramos, um sensitivo (interno) e um motor
(externo) O ramo interno, após atravessar a membrana tireohióidea penetra no seio
piriforme e praticamente produz a inervação sensitiva de toda a laringe supraglótica
(epiglote, prega ariepiglótica, vestíbulo da laringe). O ramo externo dá inervação motora ao
músculo cricotireóideo e sensitiva para a região subglótica ao nível da membrana
cricotireóidea.
- Nervo Laríngeo Inferior (nervo recorrente): Dá inervação sensitiva e motora para a metade
inferior da laringe. Ele inerva todos os músculos intrínsecos da laringe, ipsilateralmente
exceto o músculo cricotireóideo.
PREGAS VOCAIS
5) Músculo Vocal: Constitui a massa principal das ppvv e assemelha-se a um feixe de tiras
de borracha bem dura.
OBS: Quanto mais perto da superfície (do epitélio) é mais mole e quanto mais profundo fica
mais rígido. Se fosse todo rígido não teríamos vibração. Precisa ser molinho para entrar o ar e
vibrar e assim sair à voz.
FISIOLOGIA DA LARINGE
FUNÇÕES DA LARINGE
As principais funções da laringe são a respiração, a deglutiçào e a fonação. Além
dessas, há outras funções também importantes, como a esfincteriana e a tosse.
c) Fonatória: Considerada uma função inata e a voz sofre alterações ao longo da vida. A
fisiologia da produção da voz é extremamente complexa, envolvendo uma série de
mecanismos e a interação de diferentes sistemas. O comando inicial para produção vocal
ocorre no córtex cerebral, no giro pré-central do córtex motor. O refinamento da atividade
motora é dado pelos sistemas nervosos extrapiramidal e autônomo.
Os pulmões, através da contração do diafragma, da musculatura intercostal e ainda da
parede abdominal, projetam para cima a coluna de ar existente nos brônquios e na traquéia. Ao
atingir a glote (que está em adução), a pressão subglótica aumenta progressivamente. Essa
pressão supera a força de adução da glote, promovendo sua abertura e a vibração da mucosa
das ppvv.
Cada movimento de vibração da mucosa corresponde a 4 fases, denominadas ciclo
glótico: fase de abertura, de fechamento, fase fechada e de abertura. A quantidade de ciclos
glóticos em um segundo determina a freqüência fundamental da voz, que apresenta variações
conforme o sexo e a idade. Quanto a periodicidade e à amplitude, existem pequenas diferenças
entre um ciclo glótico e outro.
Existem diversas teorias sobre o mecanismo de produção da voz. A teoria mais
tradicional é a denominada teoria mioelástica, onde as ppvv (que são elásticas) sofrem uma
adução de 3mm de cada lado pela ação do CAP. Esta teoria tem como respaldo um processo
aerodinâmico obediente à lei de Bernoulli.
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O Som Pode Ser Puro ou Complexo: O som puro é produzido por uma única freqüência e o
complexo é produzido por uma freqüência mais importante chamada freqüência fundamental e
várias outras freqüências múltiplas dessa fundamental chamadas de freqüência harmônica.
QUALIDADES DO SOM
a) Altura: Em alguns livros a altura da voz é chamada de tom. A altura mede a freqüência e é
a variação de freqüência da onda sonora.
b) Pitch: Está relacionada com a sensação de grave e aguda; entra na área de psicoacústica
e é também subjetivo. Indivíduo numa conversação normal é capaz de produzir freqüências
que variam numa amplitude de quase duas oitavas.
d) Extensão Vocal: É individual e é uma série de notas que vai do dó mais grave ao dó mais
agudo que o indivíduo pode produzir. Todo ser humano possui 3 faixas de extensão vocal:
a potencial, a da voz cantada e a da voz falada. Tem que ter no mínimo oito notas.
DÓ1 RÉ MI FÁ SOL LÁ SI / DÓ2 RÉ MI FÁ SOL LÁ SI / DÓ3 RÉ MI FÁ SOL LÁ SI
e) Gama Tonal Habitual: É uma série de tons que utilizamos em conversa espontânea e tem
que estar dentro da extensão vocal (voz do dia-a-dia).
f) Gama Tonal Ótima: É uma série de tons que uma pessoa produz com menor esforço e
maior clareza. Os tons são coincidentes e também tem que estar dentro da extensão vocal
(voz treinada como, por exemplo, em palestras, seminários).
i) Timbre: Dois sons de fontes sonoras distintas de mesma altura e intensidade são
diferentes porque a amplitude dos harmônicos é diferente. É o efeito acústico final da voz
(qualidade). Do ponto de vista fisiológico o timbre ou a qualidade vocal, depende:
- Da força e controle da respiração,
- Da espessura, elasticidade, extensão e condições superficiais das pregas vocais,
- Da forma, tamanho, tensão e flexibilidade do mecanismo ressonador articulador,
- Da rigidez, densidade, conduções superficiais das paredes dos ressonadores.
j) Registro Vocal: Dizemos que um grupo de notas pertencem ao mesmo registro, quando
produzidas através de uma postura laríngea semelhante e qualidade vocal semelhante.
Quando eu passo de um registro para outro ocorre mudança na posição da laringe e na
qualidade do som. Os registros podem ser classificados: basal; modal – peito, médio,
cabeça; elevado – falsete, flauta.
Patologias da Comunicação Humana – Voz 16
k) Ressonância: Significa o aumento das vibrações aéreas. É um fenômeno onde uma fonte
sonora que vibra pode colocar em vibração outros corpos que estiverem ao seu redor. É a
modificação do som produzido por uma fonte sonora que se dá nas cavidades de
ressonância. O som produzido na laringe (que se compõe de uma freqüência fundamental
e vários harmônicos) atinge as cavidades de ressonância situadas acima da laringe, as
quais de acordo com suas características anatômicas reforçam ou não os harmônicos
produzindo o efeito final da voz. A ressonância é produzida na cavidade nasal (seios
paranasais), cavidade bucal, faringe (naso, oro e laringofaringe) e laringe.
Cada indivíduo apresentará uma qualidade vocal que fará parte da sua identidade,
partimos dos quatro sinais vocais básicos e vamos agrupando informações em nossa voz de
acordo com a nossa história de vida.
VOZ ADULTA
A voz adulta é aquela que se apresenta após o término da muda vocal nos rapazes, ou
seja, após os 18 anos de idade. Nas meninas, essa mudança é imperceptível.
A voz adulta apresenta-se bastante diferente de acordo com o sexo do falante, não
permitindo a identificação sexual correta, apenas em algumas situações de distúrbios
extremos.
Para falantes do português brasileiro, a freqüência fundamental média para adultos
(dos 18 – 45 anos) é de 113Hz (homens) e 204Hz (mulheres) respectivamente grave e aguda.
O tempo máximo de fonação nos homens é em torno de 17” e nas mulheres é de 12”; a
capacidade de ar para os homens é em torno de 2.945 cm 3 e para as mulheres é de 1.815 cm3.
A intensidade vocal de falantes brasileiros é em torno de 65 dB.
DISFONIA
Uma voz eufônica (harmônica), ou seja, normal é clara sem presença de ruído com
equilíbrio de ressonância e adequada ao tipo físico, personalidade e função que o indivíduo
exerce.
A disfonia pode ser definida como qualquer dificuldade que altere a produção normal
da voz. Podemos encontrar a disfonia como um sintoma principal da doença, ou como um
sintoma coadjuvante de uma afecção (doença) sistêmica que também afeta o sistema
fonatório, como por exemplo: doença de Parkinson, hipotiroidismo (disfunção da tireóide),
acidente vascular encefálico (AVE).
A classificação da disfonia se baseia na etiologia, sendo assim, podem ser
classificadas em: disfonias orgânicas, organo-funcionais e funcionais.
DISFONIA ORGÂNICA
DISFONIAS FUNCIONAIS
São aquelas que decorrem exclusivamente do uso irregular da voz, sem apresentar
lesão laríngea visível, por exemplo: a voz é normal e devido ao mau uso do aparelho fonador
aparece a disfonia. São por excelência o campo de domínio do fonoaudiólogo, onde se tem
mais condição de atuação e reabilitação do paciente, dependendo quase que exclusivamente
do trabalho vocal realizado. Representam na verdade desvio do comportamento vocal, ou seja,
no processo de emissão vocal que decorre do próprio uso da voz, isto é, da função fonação.
Exemplo: O professor tem que fazer abuso vocal, consequentemente um mau uso vocal e a
voz se altera ficando rouca.
Essas disfonias podem ter como mecanismo causal três diferentes aspectos: uso
incorreto da voz, inadaptações vocais e alterações psico-emocionais.
além das assimetrias das ppvv como diferenças de comprimento, massa, posição e
configuração, também temos assimetria de vestíbulo, que geralmente se traduzem por
diferenças entre as pregas ariepiglóticas. Estas alterações geralmente estão associadas as
alterações dos ciclos vibratórios das ppvv. Para a correta avaliação das inadaptações
laríngeas é necessário observar o quanto à laringe se distancia da imagem didática de
normalidade anatômica e funcional. Nem sempre é fácil definir os limites entre variação
anatômica e/ou funcional e lesões laríngeas, porém, como regra básica uma variação
anatômica pode não alterar as funções vitais, mas, compromete o bom desempenho do
órgão à fonação. O tratamento das assimetrias laríngeas, quando assintomáticas é
essencialmente fonoaudiológico, procurando-se conseguir um equilíbrio funcional; em
casos raros pode-se vir a considerar a utilização de técnicas cirúrgicas tais como as
tireoplastias, injeções de material aloplástico ou implantes intracordais.
E D
Fig.15. Proporção glótica feminina (E) e masculina (D)
c) Alterações da Cobertura das ppvv: Podem se limitar à túnica mucosa das ppvv ou até
mesmo envolver os ligamentos e musculatura laríngea.
Patologias da Comunicação Humana – Voz 23
Nesta categoria das AEMs, podemos observar as seguintes alterações: sulco vocal
(estria e bolsa), cisto (fistulizado), ponte de mucosa, vasculodisgenesias e microdiafragma
laríngeo.
- A fenda fusiforme à fonação também acompanha estas alterações, mas pode estar
mascarada pelo aumento de volume da ppvv.
- A presença do sulco em forma de bolsa pode ser suspeitada pela existência de
vasculodisgenesia na superfície da ppvv ou por alterações na ppvv.
- A voz típica é rouca e de freqüência fundamental grave, pela massa do cisto,
podendo ocorrer bitonalidade.
- Geralmente, o diagnóstico definitivo é feito no ato cirúrgico, onde a manipulação
das ppvv com as pinças cirúrgicas confirma sua presença. Também são presentes
as lesões secundárias que geralmente obscurecem o diagnóstico.
- O tratamento pode ser cirúrgico e fonoterápico ou apenas fonoterápico, na
dependência do impacto causado à fonação e de acordo com a demanda vocal do
indivíduo.
- O impacto vocal é de voz rouco-áspera, geralmente de grau discreto a moderado,
de característica flutuante; dificilmente assintomático.
- Freqüentemente acompanhado de lesões secundárias: reação nodular, pólipo,
edema, monocordite, leucoplasia e laringite crônica.
- A cirurgia é indicada para a remoção da bolsa quando sintomático ou quando
associado a reações secundárias na tentativa de reduzir as lesões associadas e
melhorar o rendimento vocal.
- Pode ocorrer retração cicatricial no pós-operatório, causando voz áspera ou fadiga
vocal; a fonoterapia reduz os risco de fibrose ou de seus efeitos na voz.
CISTO
- Também chamado de cisto fechado, epidermóide ou de inclusão.
- É mais facilmente detectado que o sulco em forma de bolsa em razão do aumento
de volume circunscrito, subepitelial, localizado geralmente no 1/3 médio da ppvv e
de coloração amarelada. Não é raro também haver vasculodisgenesia na superfície
da mucosa.
- A estroboscopia revela fixação da mucosa que recobre o cisto, visto que tais
alterações estão sempre envolvidas por tecido fibrosado.
- A voz típica é rouca e de freqüência fundamental grave, ocorrendo o chamado
ataque vocal em degrau, ou seja, o início da sonorização passa de soproso a
brusco, com desnível de sonoridade e de freqüência, o que não ocorre nos nódulos
de ppvv.
- Na variante fistulizada, o cisto apresenta uma abertura puntiforme geralmente
detectada apenas durante o ato cirúrgico, denominado cisto fistulizado. Do
momento em que tal abertura não serve para drenagem do conteúdo cístico, o
comportamento clínico desta lesão é o mesmo dos cistos totalmente fechados. O
tratamento é cirúrgico e/ou fonoterápico.
- A fonoterapia tem o objetivo de estabilizar o quadro vocal com aumento da
vibração da mucosa e controle dos abusos vocais, hidratação como recurso
auxiliar.
Patologias da Comunicação Humana – Voz 25
- A cirurgia ocorre para remoção do cisto como prova diferencial entre nódulo, em
função de pouco resultado na fonoterapia, ou quando produz lesões secundárias.
- É comum retração cicatricial na área de remoção do cisto, causando limitação na
qualidade vocal e na resistência fonatória.
- Cisto em meninos, pré muda vocal devem ser removidos cirurgicamente.
OBS:
- O cisto mucoso (ou glandular) e o cisto epitelial (ou pseudocisto) não fazem parte
das AEMs:
- O cisto mucoso constitui apenas uma glândula entupida, cuja remoção cirúrgica
geralmente não produz nenhum impacto negativo na voz, não provocando
retrações cicatriciais, não precisando ser acompanhado por fonoterapia no pós-
operatório.
- Por sua vez, o cisto epitelial ou pseudocisto, representa apenas uma coleção de
líquido no epitélio, sem parede cística envolvente e também com impacto vocal e
conseqüências fonatórias de diferente dimensão do observado no cisto
epidermóide.
PONTE DE MUCOSA
- Apresenta-se como uma alça de túnica mucosa com uma inserção anterior e outra
posterior, da extensão e espessura variáveis.
- As pontes de mucosa são dificilmente notadas sem microlaringoscopia porém, são
responsáveis ou encontram-se associadas a outras lesões, tais como pólipos,
edemas e leucoplasias, que podem denominar o quadro e serem diagnosticadas
erroneamente com as lesões primárias.
- As opções de condutas são basicamente três:
- Remoção da ponte, quando associadas a lesões tais como leucoplasias;
- Abertura da mucosa da ponte com sua adesão na mucosa da túnica da ppvv,
quando se quer aumentar a massa vibrante da prega em questão;
- Não remoção da ponte, quando esta não interfere na porção vibratória da ppvv
ou quando ao contrário, participa ativamente e sem conseqüências negativas,
no ciclo vibratório.
- O impacto vocal é mínimo quando a ponte vibra com a mucosa da ppvv, mais
pronunciado quando a alça de mucosa é rígida e praticamente contígua à túnica
mucosa.
- Não há indicação de fonoterapia, apenas no pós-operatório para melhorar a
coaptação glótica ou quando gera lesões secundárias.
- Pode ocorrer fenda glótica fusiforme pela remoção da ponte e conseqüente fadiga
vocal.
Patologias da Comunicação Humana – Voz 26
Fig.19. Ponte de mucosa, cuja alça está sendo tracionada por pinça cirúrgica, durante o transoperatório
VASCULODISGENESIA
- São alterações dos vasos da mucosa das ppvv, que se apresentam dilatados de
forma irregular, com direção tortuosa e geralmente dispostos transversalmente à
borda livre.
- Raramente aparecem isoladas de outras AEMs, por vezes, revelam um estado em
que a alteração anatômica não chegou a se caracterizar como uma das anteriores
restando no tecido subjacente ao enovelamento vascular, apenas fibrose.
- A luz estroboscópica revela alterações de elasticidade da túnica mucosa.
- Em geral, são tratadas apenas com fonoterapia, visto que o enrijecimento da túnica
mucosa é de difícil resolução cirúrgica.
- O impacto vocal é discreto, sendo mais comum a fadiga vocal.
- Geralmente acompanha outras lesões estruturais como cistos.
- Raramente é indicada a cauterização dos capilares com resultado muito bom
quando a lesão é isolada.
MICRODIAFRAGMA LARÍNGEO
- É uma membrana que une a região anterior das ppvv de forma triangular e com
inserção na comissura anterior.
- Geralmente não causam alterações mais expressivas do que uma freqüência
fundamental ligeiramente aguda, passando desapercebidos na maioria dos casos.
- Quando o microdiafragma laríngeo apresenta uma localização subglótica, reduz a
extensão da porção vibrante da ppvv e interfere no ajuste fonatório desde o
momento do ataque vocal, podendo contribuir para o desenvolvimento de lesões
secundárias, tais como leucoplasias e nódulos vocais.
- Quando necessário, o tratamento é cirúrgico.
- Pode aparecer associado à micronódulos vocais quando o microdiafragma é
infraglótico; glótico ou supraglótico raramente gera lesão secundária.
Patologias da Comunicação Humana – Voz 27
Fig.22. Fenda glótica triangular posterior, padrão típico de laringe feminina, sem interferência à fonação
Patologias da Comunicação Humana – Voz 28
- F. T. Médio Posterior: Grau II: Só atinge 2/3 posterior. Comum em caso de tensão
laríngea na produção da voz. No momento do fechamento das pregas vocais o
músculo abdutor não está relaxado como deveria. Como ele está contraído ele
força a abertura da glote no momento em que deveria ocorrer somente o
fechamento. A parte que se encontra com muita força causando um nódulo. O CAP
força as pregas vocais para abrir, por isso elas só fecham 2/3 posterior. A voz é
soprosa com queixa de fadiga vocal. São mais observadas em mulheres e
crianças, pelo favorecimento do padrão da laringe nesses indivíduos.
- F.T. Ântero Posterior: Grau III. Atinge toda a extensão. A configuração desta
fenda predispõe a um maior atrito na região anterior das pregas vocais, podendo
formar nódulos. Essa voz vai ser soprosa e muitas vezes com rouquidão. As
pregas vocais vibram, mas nunca se encontram. É mais comum em casos de
hipotonia de pregas vocais, principalmente casos de fadiga vocal (doença da
Parkinson). Normalmente neste tipo de fenda a voz é agravada. Quando a
fonoterapia não oferece resultados satisfatórios, pode-se pensar numa correção
cirúrgica, através da tireoplastia tipo I.
c) Fendas Paralelas: A glote não fecha, mas fica paralela. São raras e podem ser
confundidas com as fendas triangulares ântero-posteriores. Geram pequeno impacto vocal
e nenhuma qualidade específica as caracterizam.
e) Fendas Irregulares: A borda livre das ppvv não apresenta um limite constante e uniforme,
tornando a configuração geométrica do espaço glótico irregular. Geralmente, estão
associadas a laringites crônicas, atrofia de mucosa, refluxo gastroesofágico e também a
leucoplasias, câncer ou ainda em presbifonia. São de difícil tratamento.
3) ALTERAÇÕES PSICO-EMOCIONAIS
São responsáveis pelo aparecimento de um número grande de disfonias. Numa
observação simples, comprovamos a influência de nossas emoções em nossa voz, mesmo
com um processo de interferência sendo bem complexo. Nessas alterações existe uma nítida
discrepância entre a queixa, a qualidade vocal observada e o exame laringológico. Esse
contingente importante da disfonias funcionais recebe o nome de disfonia psicogênica que
aparece subitamente e permite ser classificada em:
b) Uso Divergente de Registro: Do ponto de vista auditivo, é uma manifestação vocal, onde
a voz pode dar saltos de um registro a outro, mais comumente peito e cabeça ou peito e
falsete. A alternância não mantém relação contextual com o discurso e sem consciência do
falante. Pode ser qualificado como a expressão profunda de um conflito de identificação;
são comuns em pacientes com personalidades instáveis, inseguras e incertas.
OBS: Basal – modal (peito, médio, cabeça) – elevado (falsete, flauta).
IMPORTANTE
A intervenção fonoaudiológica nas disfonias funcionais, além de ser a área de domínio
básico do fonoaudiólogo é, geralmente eficaz. O encaminhamento para a reabilitação
fonoaudiológica deverá ser realizado o mais breve possível, assim que diagnosticada a
alteração funcional ou quando existe uma chance potencial de se desenvolver uma disfonia.
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DISFONIA ORGANO-FUNCIONAL
É uma etiologia funcional com uma alteração orgânica. Na maioria dos casos é uma
disfonia funcional diagnosticada tardiamente, pelo atraso na busca da solução do problema
pelo próprio paciente ou pelo não reconhecimento da potencialidade de se desenvolver uma
lesão secundária.
Nesta categoria, é essencial a integração ORL e fono, porque em determinados casos
deve-se definir a conduta cirúrgica e a troca de informações entre os profissionais. Exemplo:
Um nódulo causado por abuso de voz.
1) NÓDULOS
São lesões de massa, benignas, bilaterais, de características esbranquiçada ou
levemente avermelhada, que se desenvolvem na região anterior das ppvv, ma metade da área
de maior vibração glótica, decorrentes essencialmente de abuso vocal.
É causada pela irritação das ppvv devido ao abuso vocal. São comuns em mulheres
jovens adultas, na faixa etária de 25 a 35 anos e também em crianças de ambos os sexos, por
possuírem proporção glótica mais favorável ao aparecimento deste tipo de lesão. Na maioria
das vezes há presença de fenda triangular médio posterior ou ampulheta associada.
Normalmente nódulo não dói. Na fase inicial o nódulo pode ser um simples edema e
em estágios mais avançados a fibrose vai ficando mais acentuada. Quanto mais recente for o
nódulo, maior a possibilidade de absorção pelo próprio organismo. Sem necessidade de
cirurgia, apenas com terapia fonoaudiológica. Se estiver em estágio mais avançado ele pode
não regredir apenas com fonoterapia e necessitar de cirurgia. Mesmo se for caso de cirurgia a
terapia fonoaudiológica é indispensável, pois se o abuso vocal persistir, pode haver formação
de nódulos novamente. É necessário um três meses de terapia fonoaudiológica, no mínimo.
Geralmente, durante a muda vocal o nódulo desaparece. A cirurgia não deve ser feita
em crianças. a cirurgia só deve ser feita em casos que mesmo depois de adulto o nódulo não
sumir.
2) PÓLIPOS
São lesões de massa unilaterais (porém 10% podem ser bilaterais assimétricos) na
borda livre da ppvv, podendo ser sésseil ou pediculado, de tamanho e coloração variado.
Podem ocorrer em diferentes regiões da ppvv, mais usualmente em sua metade anterior.
- Sésseis: Base alargada e com grande aderência na ppvv;
- Pediculado: São conectados à ppvv por um estreito filamento de mucosa, podendo,
portanto, apresentar ampla movimentação durante a respiração, deslocando-se para a
supraglote durante a fonação.
São mais freqüentes em adultos do sexo masculino, entre 35 e 45 anos, sendo
extremamente raros em crianças. São relacionados ao fumo conjugado com abuso vocal. Tem
também relação com o álcool também só que em menor escala.
Sua formação é de origem inflamatória e apresentam traumatismos mais profundos na
lâmina própria que os nódulos. São reconhecidos 3 tipos de pólipos:
Patologias da Comunicação Humana – Voz 33
- Gelatinoso: Constituído por tecido conjuntivo frouxo, invadido por substância de aspecto
gelatinoso e menos freqüente;
- Fibrótico: Constituído por tecido conjuntivo vascularizado, considerado por alguns autores
uma forma progressiva do gelatinoso e é mais encontrado;
- Angiomatoso ou Hemorrágico: É de natureza hemorrágica e constituído por uma grande
proliferação.
Geralmente necessita de cirurgia e fonoterapia após para que o pólipo não reapareça.
Em alguns casos faz-se primeiro a fonoterapia e se não houver regressão faz-se a cirurgia.
3) EDEMA DE REINKE
É um edema generalizado, trata-se de uma lesão benigna situada na camada
superficial da lâmina própria. Quase sempre bilateral e de localização variável.
Acomete principalmente mulheres de meia idade e tabagistas. A etiologia ainda é
desconhecida, sendo provavelmente multifatorial, envolvendo fatores inflamatórios, irritativos,
principalmente tabagismo e hormonais (menopausa é um agravante). Em homens (45 – 65
anos) o fumo é um agravante. Em segundo plano álcool mais abuso vocal. O álcool e o fumo
aumentam a temperatura das ppvv e aumentam a vascularização favorecendo o aparecimento
do edema de Reinke. Raramente pode ser caso infeccioso
Características clínicas: Edema flácido com grande quantidade de substância mucosa
infiltrada, voz com pitch gravado, variando de leve a extremo, dependo da extensão do edema,
pode haver rouquidão.
O tamanho é variável, de acordo com a gravidade do caso. A voz da pessoa é muito
grave (mais massa) e rouca. Tem uma aparência gelatinosa.
A fonoterapia é importante para diminuir os fatores possivelmente envolvidos na
etiologia dessa doença, mas não apresenta bons resultados quanto à reabsorção das lesões,
sendo necessário, na maioria das vezes procedimento cirúrgico. O paciente deve ser informado
que a não parada ou retorno aos hábitos nocivos, a lesão pode reicindivar.
4) ÚLCERA DE CONTATO
Conhecidas também com paquidermias apofisiária. São escavações bilaterais, com
imagem erosiva, algumas vezes unilateral no início do desenvolvimento, que ocorrem na
mucosa que cobre o processo vocal das cartilagens aritenóideas, chegando a expor sua
superfície medial.
Ocorre geralmente em homens adultos e o processo de formação é multifatorial, onde
a tensão muscular fonatória e refluxo gastroesofágico parece com destaque.
Os pacientes referem pigarros constantes e, às vezes, fadiga vocal.
O tratamento é através de antiinflamtórios e corticóides. A fonoterapia inclui
modificações no comportamento vocal e cirúrgico em alguns casos.
5) GRANULOMA
É uma lesão de aspecto proliferativo, caracterizado por um crescimento benigno de
tecido de granulação hipertrófico. Tem coloração esbranquiçada, amarelada ou avermelhada,
possuindo forma variável, arredondada e com rebordo irregular.
Situa-se na região posterior da laringe, uni ou bilateral e estão relacionados a abuso
vocal, doença do reflexo gastroesofágico e incubação orotraqueal prolongada.
Normalmente se localiza nos processos vocais das aritenóideas e parede lateral da
glote posterior. Pode ser assintomáticos e por acometerem principalmente a porção laríngea
posterior, a disfonia pode não estar presente.
Os sintomas do tipo pigarro e sensação de corpo estranho em orofaringe são
freqüentes entre os sintomas. A emissão é grave, tensa, com ataque vocal brusco.
O tratamento inclui o controle dos fatores associados. A remoção cirúrgica se faz
quando houver sintomatologia importante que não responde ao tratamento clínico, o qual é
feito com uso de medicação para controlar a hiperacidez e refluxo. A fonoterapia é realizada
quando há envolvimento do comportamento vocal.
6) LEUCOPLASIA
São hiperplasias esbranquiçadas, com imagem típica de camada de gesso, geralmente
raras. É definida pela OMS, 1978 como qualquer placa branca em superfície mucosa que não
possa ser destacada ou classificada clínica ou patologicamente como qualquer outra afecção.
Podem ser uni ou bilateral, assimétrica, aparecendo em pontos isolados, sendo mais presente
no terço anterior da ppvv.
O tratamento é cirúrgico, com remoção da lesão para estudo anatomopatológico.
Patologias da Comunicação Humana – Voz 35
1) PARALISIAS LARÍNGEAS
É o mais comum dos distúrbios neurológicos. Pode ter várias etiologias, podendo
decorrer de alterações cardíacas e pulmonares, de traumas, de lesões iatrogênicas,
principalmente nas tireoidectomias, de alterações neurológicas centrais, de síndromes
congênitas e idiopáticas.
A sintomatologia vai variar de acordo com as características do acometimento das
ppvv, que podem se encontrar paralisadas em posição mediana, paramediana e lateral, podem
ser uni ou bilaterais.
Em casos de paralisia unilateral, a recuperação costuma ser boa e completa.
- Engasgos constantes;
- Tosse deficiente.
- Fonoterapia:
- Resultados questionáveis e dependentes do arqueamento da prega paralisada não
ser acentuado.
- Cirurgia:
- Injeção de teflon, implante de hidrogel ou tireoplastia tipo I com rotação de
cartilagem aritenóidea.
A causa pode ser de origem tanto orgânica de base quanto emocional e o exame ORL
pode indicar presença de fase de fechamento da mucosa mais longa com redução da onda
mucosa.
A conduta deve abranger um trabalho de equipe e o tratamento inclui aplicação de
toxina botulínica (Botox – provocando uma paralisa temporária) e nos casos mais severos, a
secção do nervo laríngeo recorrente (provocando uma paralisia unilateral de ppvv e com isso a
voz fica soprosa, porém com impacto melhor do que antes) e tireoplastia tipo II.
AVALIAÇÃO DE VOZ
O objetivo de uma avaliação de voz é descrever o perfil básico de um indivíduo e ainda
verificar a influência do comportamento vocal na ocorrência de uma disfonia.
É essencialmente multiprofissional. A correlação entre dados auditivos, visuais e
acústicos é a base do raciocínio clínico diagnóstico e terapêutico. Deve ser um procedimento
contínuo durante todo o tratamento ou o processo de aperfeiçoamento vocal.
A avaliação depende basicamente do objetivo da avaliação e da hipótese diagnóstica,
quando se trata de uma disfonia.
Para uma triagem vocal mínima sugere-se a exploração dos seguintes itens:
- Análise perceptivo-auditiva da qualidade vocal;
- Medidas fonatórias: tempo máximo de fonação de uma vogal, tempo de números e relação
s/z;
- Avaliação corporal básica: relação corpo e voz.
Para uma avaliação fonoaudiológica vocal clínica completa, são considerados itens
essenciais:
- Anamnese completa;
- Análise perceptivo-auditiva da qualidade vocal;
- Medidas fonatórias: tempo máximo de fonação de uma vogal, tempo de números e relação
s/z;
- Avaliação corporal básica: relação corpo e voz;
- Análise acústica da onda sonora;
- Avaliação in loco nas vozes ocupacionais e profissionais.
A avaliação contribui para definir a importância do uso da voz na etiologia ou na
manutenção da disfonia; para oferecer dados para um processo de diagnóstico diferencial;
além de explorar as condições de agenda, personalidade e motivação do paciente para propor
uma reabilitação vocal.
Uma avaliação completa e precisa leva a um plano de reabilitação específico e
direcionado aos sintomas do paciente. Já uma não conclusiva, exige uma reabilitação como
prova diagnóstica, o que deve ser realizado como prova diagnóstica, o que deve ser realizado
por um curto período de tempo, de no máximo um mês.
Patologias da Comunicação Humana – Voz 38
1) IDENTIFICAÇÃO
A avaliação da voz necessita antes de tudo, a identificação pessoal. É ressaltado a
importância da profissão e da ocorrência de outra atividade secundária em que se empregue a
voz.
- Nome
- Data de Nascimento
- Naturalidade
- Nacionalidade
- Estado civil
- Idade
- Sexo
- Endereço
- Telefone
- Profissão
- Faz uso profissional da voz?
- Quantas horas trabalha por dia?
- Qual ambiente de trabalho?
- Outra atividade?
- Encaminhado por:
- Médico:
2) QUEIXA E DURAÇÃO
É o motivo da consulta. Ela pode revelar o grau de conscientização do paciente sobre
sua alteração e expressa a habilidade em organizar verbalmente a informação sobre a
dificuldade atual e o tempo de sua evolução.
- Qual o motivo que o levou a procurar uma fono?
- Desde quando apresenta o problema?
- Foi súbita ou progressiva?
- Associa algum fato que ocorreu com o início do problema vocal?
- Se percebe melhora ou piora em períodos específicos?
3) SINTOMAS
Quais os sintomas que sente?
a) Alterações na qualidade vocal
- Tudo é rouquidão ou afonia para o paciente.
b) Sensoriais
- Se sente dor, ardor, formigamento, qualquer outro desconforto nas regiões de
nasofaringe, orofaringe e laringe?
- Pigarreia com freqüência?
- Sente presença de secreção na garganta?
- Apresenta tosse e como é essa tosse? (não produtiva – tosse seca, geralmente
viciosa; produtiva – tosse com presença de secreção, geralmente acompanhada de
infecções de vias aéreas)
- O que produz secreção na garganta?
- Faz uso de álcool, alergia, abuso vocal?
- Tem dor de ouvido, de dente?
- Se tem fadiga? Ocorre na fonação? Após uso breve ou prolongado da voz?
- Desconforto na região do osso esterno?
- Dor na nuca, ombros, pescoço?
c) Auditivos
- É tudo aquilo que o paciente ouve da própria voz, ou o que os outros escutam e falam
para ele. O que acha da voz? É importante saber se o paciente tem consciência da
Patologias da Comunicação Humana – Voz 39
própria voz, saber se gosta da voz, às vezes, o paciente tem voz rouca e áspera, mas
gosta da voz, então como ele vai fazer os exercícios para sanar o problema
- Se tem rouquidão?
- Se fica rouco quando está resfriado, quando grita muito?
- Se acha que a voz é mais aguda ou grave, forte ou fraca?
- Se há momentos que a voz falha?
- Se percebe se a voz muda de grave para agudo repentinamente?
- Se percebe modificações na voz nos períodos de manhã, tarde, noite?
- Se a respiração é ruidosa?
d) Visuais
- Saliência das veias no pescoço?
- Saliência de músculo?
- Adota alguma postura durante a fala ou ausência de fala?
- Sudorese excessiva?
- Palidez?
- Vermelhidão?
5) HÁBITOS INADEQUADOS
Deve ser concentrados em dois grupos de fatores:
- Natureza Externa: Tabagismo, etilismo, uso de ar condicionado;
- Se fuma? Quantos por dia? Quanto tempo?
- Se bebe álcool? Que tipo? Que freqüência?
- Se ingere bebidas ou alimentos muito gelados ou muito quentes e se tem
sensibilidade a isso?
- Se está exposto a mudanças bruscas de ambiente?
- Se é sensível a isso e como ocorre a sensibilidade?
- Natureza Interna: Próprio comportamento vocal – mau uso vocal ou abuso.
- Se tem dificuldade em cantar? Quando? Aonde? E por quê?
- Se convive com pessoas deficientes auditivas?
6) INVESTIGAÇÃO COMPLEMENTAR
Procura levantar uma série de alterações que podem ter influenciado no
estabelecimento do quadro e podem estar contribuindo para a manutenção ou a recorrência
das crises disfônicas. As principais manifestações são:
- Distúrbios alérgicos;
- Distúrbios faríngeos;
- Distúrbios bucais;
- Distúrbios nasais:
- Distúrbios otológicos;
- Distúrbios pulmonares;
- Distúrbios do aparelho digestivo;
- Distúrbios hormonais;
- Distúrbios neurovegetativos.
- Se tem IVAs?
- Se tem gripes ou resfriados constantes?
- Se tem dor de garganta freqüente?
- Bronquite? Asma? Tuberculose? Pneumonia?
- Quando? Como? Fez tratamento? Que tipo?
Patologias da Comunicação Humana – Voz 40
8) TRATAMENTOS ANTERIORES
Devem ser investigados a existência e quais os resultados obtidos em tratamentos já
efetuados para a disfonia: medicamentoso, fonoaudiológico, cirúrgico e/ou psicológico.
2) QUALIDADE VOCAL
É o conjunto de características que identificam uma voz humana. É avaliação
perceptiva principal e relaciona-se à impressão total criada por uma voz e embora a qualidade
vocal varie de acordo com o contexto de fala e as condições físicas e psicológicas do indivíduo,
há sempre um padrão básico de emissão que o identifica.
A qualidade vocal sofre influências de algumas dimensões, tais como:
- Biológica: Refere-se às características anatômicas e fisiológicas do indivíduo.
- Psicológica: Fornece informações sobre as características básicas de personalidade de
um indivíduo e sobre seu estado emocional no momento da emissão.
- Sócio-educacional: Representa os sotaque, regionalismos.
3) TIPOS DE VOZ
Padrão básico de emissão de um indivíduo está relacionado com a seleção de ajustes
motores empregados. Nunca deve ser analisado isoladamente. Alguns tipos de voz mais
comuns são:
a) Rouca:
- É a mais comum manifestação de alteração vocal;
- Mostra irregularidade de vibração das ppvv tais como: vasodilatação, edema ou
presença de massa de característica flácida, como nódulos edematosos, pólipos,
podendo se apresentar em neoplasias;
- A voz é ruidosa (é raro a voz rouca vir sozinha – soprosidade);
- O pitch pode ser grave ou agudo;
- O loudness é mais freqüente fraco;
- Tem ressonância laringo-faríngea (voz interna);
- Voz característica de gripe;
- Alteração da vibração da mucosa (por secreção);
Patologias da Comunicação Humana – Voz 41
b) Áspera:
- De característica rude, desagradável e mesmo irritante da emissão. Nota-se esforço do
indivíduo ao falar e ataque vocal brusco;
- Presente em rigidez de mucosa das ppvv. Apresenta redução ou ausência da onda
mucosa produzindo um som pouco melodioso;
- É típico de sulco vocal;
- Está presente em patologias em que há rigidez de mucosa ou diminuição na
quantidade de mucosa causando diminuição de vibração;
- Geralmente está associada ao pitch agudo.
- Exemplo: Sulco (por causa de diminuição na quantidade de mucosa), paralisia
(dependendo da reação); edema (também dependendo da reação); tumores –
leucoplasia (na maioria dos casos a voz á áspera – rigidez); fenda fusiforme (é muito
comum); reação cicatricial (rigidez);
- É muito comum a voz áspera ser muito tensa;
- Voz desagradável podendo chagar irritante;
- Cisto, sulco, fenda fusiforme ântero-posterior.
c) Soprosa:
- Presença de ruído de fundo audível. (fenda, sulco vocal);
- Sua principal característica é o escape de ar a nível glótico, ruidosa;
- O fechamento glótico é incompleto;
- Loudness diminuído;
- Pitch pode ser grave ou variado;
- Lesão bilateral do tensor da ppvv, lesão unilateral dos adutores da ppvv, cisto, sulco,
fenda triangular médio posterior e ântero-posterior.
d) Sussurrada:
- É o máximo da soprosidade;
- Oclusão da região fonatória e todo ar é direcionado para a região da comissura
posterior;
- Usada para contar segredos, presente em certas paralisias de ppvv principalmente na
bilateral total;
- Existe uma abertura glótica tão grande não há produção de mucosa não havendo
produção vocal.
e) Fluida:
- Estágio de contração glótica intermediária entre as vozes neutra e soprosa;
- É uma marca de locução comercial masculina, de apresentador de telejornal. É usada
muitas vezes por locutores;
- Pode estar presente em edemas leves de mucosa;
- Geralmente o pitch é grave, não tem tensão e não é sinal de patologia, normalmente é
normal;
- Naturalmente mais presente em homens.
f) Gutural:
- Emissão tensa, de origem psicoemocional ou por modelo vocal deficiente;
- É a voz presa, posteriorizada, é para trás;
- Tipo de voz abafada, geralmente pobre em harmônico;
- Exemplo: voz de alemão.
Patologias da Comunicação Humana – Voz 42
g) Comprimida:
- Ajuste motor ineficiente;
- É a voz produzida com tensão no fechamento glótico ou supra glótica;
- Tem um fechamento glótico muito apertado;
- É encontrada nas disfonias hipercinéticas extremas e quadros psicossomáticos.
h) Tensa-estrangulada:
- É o máximo de aperto ao nível de fechamento glótico. É a comprimida ao extremo, às
vezes, a voz até é intercortada pelo excesso de tensão;
- Evidente ICPFA;
- Aparece na disfonia hipercinética e na disfonia espasmódica ou espástica (síndromes
neurológicas).
i) Bitonal:
- Dois diferentes sons com altura, intensidade e qualidade diversas como se ouvíssemos
duas vozes;
- Observadas em paralisias do nervo laríngeo inferior;
- É a voz que apresenta um tom logo seguido de outro. Pode ser concomitante ou
consecutiva;
- Voz desafinada, com duas freqüências;
- Pode ter voz bitonal em: pregas vocais, assimetria de prega vocal; sulco (porque o
sulco divide a prega vocal ao meio).
j) Diplofônica:
- Duas fonações;
- É igual a bitonal, porém, na diplofônica espera-se que outras estruturas entrem em
vibração além das pregas vocais;
- Exemplo: Prega Ariepiglótica mais prega vocal, prega falsa mais prega vocal.
k) Polifônica:
- É uma voz onde várias estruturas podem entrar em vibração dando uma característica
auditiva de vários sons;
- Apresenta grande quantidade de ruído como uma “estação de rádio fora de sintonia”;
- É comum em casos pós-cirúrgicos, principalmente em cordectomia e laringectomia.
l) Monótona:
- É uma voz que tem uma mesma altura e intensidade repetitivas, tem poucos
harmônicos;
- Não tem entonação;
- Não tem brilho;
- É desinteressante, não atrai o ouvinte;
- Pode apresentar nas desordens neurológicas, associadas a hipernasalidade e
articulação imprecisa, como na esclerose lateral amiotrófica (ELA).
m) Trêmula:
- Variação acentuada de altura e intensidade;
- Voz que tem valores de jitter e shimmer alterados, fisiologicamente não tem controle
neurológico ou psicogênico que causa tremor;
- Estabilidade emocional alterada;
- Causas patológicas que causa tremor: Parkinson, tremor essencial (neurológico,
presbifonia);
- Voz insegura, sensação de medo.
Patologias da Comunicação Humana – Voz 43
n) Pastosa:
- Voz arrastada, indiferenciação articulatória tem sempre hipernasalidade (não articula
boca, língua e palato mole – o som sai nasal);
- Redução no uso da ressonância orofaríngea;
- Comum em crianças com hipertrofia das amígdalas palatina, indivíduos obesos,
quadros neurológicos e na fala alcoolizada;
- Sempre relacionada a imprecisão articulatória;
- Comum em pacientes neurológicos, afasia. Parece que não tem espaço na boca;
- Pessoas que usam drogas ou álcool (voz de bêbado).
o) Branca ou Destimbrada:
- É uma voz monótona bem mais abafada, parece que não tem timbre;
- A alteração está no foco de ressonância.
p) Crepitante:
- Som mais grave que se consegue produzir;
- Uso de registro pulsátil. (o uso abusivo pode levar à lesão de ppvv);
- Também chamada de vocal Fry ou voz basal;
- No registro é muito grave; explosões pulsátil. Voz de monstro.
- Para fazer voz crepitante: encurta prega vocal, voz grave, no registro basal, aciona
músculo tireoaritenóideo;
- Em homens não é patológico;
- Em mulheres: edema, aumento de massa, na fase menstrual – agrava a voz da mulher
porque incha a prega vocal;
- Voz que passa sensualidade.
q) Infantilizada:
- Apresenta-se com tom agudo que não corresponde a idade do falante;
- Geralmente de origem psicológica, por imaturidade ou muda vocal incompleta;
- A sensação é de uma voz frágil, meiga;
- Transmite insegurança, fragilidade;
- Pode ocorrer em homem ou mulher;
- O pitch é agudo;
r) Feminilizada:
- Geralmente de origem psicológica, encontrada em rapazes com disfonias da muda
vocal por dificuldade de aceitação da responsabilidade da vida adulta e que, portanto,
mantém suas vozes infantis;
- Está relacionada à homossexualidade masculina;
- É uma voz de homem que se parece com voz de mulher;
- Só aparece em homens.
s) Virilizada:
- Apresenta-se num tom grave;
- Quando a mulher tem voz parecida com a de homem;
- A voz fica no limite em a voz de homem e de mulher;
- Geralmente ocorre em edema de Reinke, distúrbio hormonal;
- Pode ser orgânica e/ou psicogênica.
t) Presbifonia:
- Apresenta graus variados de deterioração, expressos na falta de sustentação da
freqüência, intensidade e qualidade de emissão, sendo constantes quebras de
sonoridade;
Patologias da Comunicação Humana – Voz 44
v) Hiponasal:
- Ao contrário do tipo anterior;
- Quando os sons nasais são denasalizados;
- Voz do resfriado porque o nariz está tapado.
w) Mista:
- Quando o paciente faz as duas coisas ao mesmo tempo (hipo/hiper).
- Exemplo: Fissurado com resfriado.
Grau de Alteração:
- Discreta (leve)
- Moderada
- Severa
- Extrema
Inadequação da Voz:
- Ao tipo físico
- À função exercida
- A emoção (personalidade)
- Inadequação total
4) SISTEMA DE RESSONÂNCIA
É o conjunto de elementos do aparelho fonador, que guardam íntima relação entre si,
visando à moldagem e à projeção do som no espaço. Consiste no reforço da intensidade de
sons de determinadas freqüências do espectro sonoro e no amortecimento de outras.
O sistema de ressonância vocal é composto por uma série de estruturas e cavidades
do aparelho fonador (caixas de ressonância): pulmões, a laringe, a faringe, a cavidade bucal,
nasal e seios paranasais.
O uso equilibrado das caixas de ressonância permite uma sensação de que a voz
“pertence” ao falante, além de dar liberdade a ajustes musculares, refinando o trabalho motor.
O sistema de ressonância pode se apresentar de maneira:
- Equilibrada;
- Uso excessivo de cavidade nasal – laringe – faringe;
- Predomínio nasal – oral;
- Foco de ressonância vertical: cavidade nasal, bucal e laringo-faríngea;
- Foco de ressonância horizontal: Anteriorizada/posteriorizada;
- Uso compensatório = cavidade nasal.
b) Relação s/z:
É a sustentação das fricativas mediais surdas (/s/) e sonora (/z/) e a proporção entre
elas é a chamada relação s/z.
Quando emitimos a fricativa medial surda (/s/) estamos avaliando o suporte aéreo
pulmonar, principalmente quanto à habilidade de controlá-lo, já que não há vibração da laringe
nesse som, portanto, a medida de /s/ nos oferece avaliação da fonte friccional do som.
Quando se emite a consoante sonora medial (/z/) acoplamos a fonte friccional inicial à
fonte glótica e podemos observar o comportamento vocal resultante.
Espera-se para indivíduos adultos normais um tempo médio de 15” a 25”. Por vezes
falantes normais pode ser observado um tempo de /z/ levemente maior ou igual que o de /s/
(até 3”) indicando hiperconstrição de ppvv. Quando os dois valores apresentam abaixo de 15”
constata-se comprometimento do suporte respiratório.
Portanto, pacientes portadores de disfonia com distúrbio ao nível das ppvv terão
geralmente tempo de /s/ normal e de /z/ alterado. Um valor de relação s/z maior ou igual 1,2 é
indicativo de fenda e /s/ maior que /z/ é indicativo de ineficiência glótica. Os segundos têm que
ser semelhantes.
Os valores de TMF em falantes do sexo masculino são maiores que os obtidos no sexo
feminino (de 3 a 8”).
Essa prova ajuda a compreender o possível comprometimento da laringe.
c) Contagem de Números:
Deverá ser efetuada de modo igual à das vogais sustentadas, ou seja, após a
inspiração profunda. Fornece dados da eficiência do indivíduo para controlar a respiração e a
fonação no processo de fala encadeada.
Avalia-se a quantidade de segundos em que o paciente manteve a contagem e qual foi
o dígito que ele alcançou. Geralmente, observa-se um tempo máximo de emissão de números,
de 1 a 3” maior que a média das 3 vogais testadas, e quando esse valor ultrapassa 4”, é
indicativo de tensão do mecanismo de fala, particularmente travamento articulatório, durante a
emissão.
RESUMO
- O paciente deverá repetir sons prolongados, tais como: /a/, /i/, /u/, /s/, /z/ e contagem de
números;
- /a/: Emissão de voz pura – observamos além do tempo o ataque vocal suave, brusco,
aspirado; articulação normal, imprecisa, tensa, relaxada ou exagerada; qualidade (qualquer
tipo); se houve o uso de ar de reserva;
- /s/ e /z/: São idênticas quanto articulação;
- Pede para o paciente fazer uma inspiração profunda, emitir a vogal ou consoante e quando
o ar acabar, para e marcar o tempo;
Patologias da Comunicação Humana – Voz 46
d) Ataque Vocal:
É a maneira como se inicia o som e está relacionado à configuração glótica no
momento da emissão. Pode ser realizado de 3 modos: isocrônico, brusco e aspirado, sendo
que são fisiológicos, dependendo da situação de comunicação. Deve ser observada a
articulação dos sons testados.
e) Qualidade de Emissão:
A estabilidade da emissão da vogal prolongada requer um acurado controle do SNC. A
simples observação auditiva da qualidade da sustentação de uma vogal fornece-nos subsídios
para avaliar a inter-relação das forças mioelásticas da laringe e aerodinâmica da corrente
pulmonar. Uma não sustentação adequada pode indicar desde faltar de treinamento vocal e
alterações emocionais até uma incipiente manifestação de doenças neurológicas.
Os atributos mais importantes quanto à qualidade da duração do som emitido são:
estabilidade ou flutuações na freqüência e na intensidade, quebra de sonoridade (indicativo de
parada na vibração da mucosa), bitonalidade (emissão concomitante de dois diferentes sons),
decréscimo na altura e na intensidade do início da emissão e uso de ar de reserva (observa-se
cansaço e fadiga vocal).
f) Extensão vocal:
É o número de notas que um indivíduo pode emitir, da mais grave à mais aguda. As
regiões da extensão potencial que podem ser usadas para o canto e para a fala são também
chamadas de tessitura da voz cantada e da voz falada.
A classificação vocal geralmente refere-se à voz cantada, mas os termos também
podem ser utilizados para a voz falada. São descritas 4 categorias principais: soprano e
contralto (voz femininas); tenor e baixo (vozes masculinas). A essas categorias principais
acrescentam-se mais duas: mezzo-soprano para as mulheres e barítono, para os homens,
intermediárias às duas anteriores. O que essa classificação indica é que as vozes diferenciam-
se em extensão e em qualidade vocal.
Deve-se levar em conta uma série de critérios para se categorizar uma voz, quais
podemos ressaltar os seguintes:
- Estrutura corporal do falante;
- Características anatômicas da laringe;
- Características funcionais da emissão;
- Características da personalidade.
g) Registros Vocais:
O termo deriva dos instrumentos musicais, especialmente do órgão, onde está
relacionado a um grupo de tubos controlados por um mesmo fole ou pedal.
Em relação à voz humana, o registro refere-se aos diversos modos de emitir os sons
da tessitura. Assim, as freqüências de um registro apresentam qualidade vocal quase idêntica,
com mesma base fisiológica, perceptiva e acústica, ou seja, sons de um mesmo registro
Patologias da Comunicação Humana – Voz 47
6) SENSAÇÃO DE FREQÜÊNCIA:
São considerados os seguintes parâmetros:
a) Freqüência Fundamental: É um parâmetro diretamente ligado à freqüência da vibração
das ppvv. Avaliamos freqüências graves ou agudas. Se a avaliação for subjetiva, avaliamos
o pitch e a freqüência fundamental. O pitch pode ser: normal/agudo/grave,
agudo/médio/grave.
b) Freqüência Habitual: (avaliação objetiva). É pedido que o paciente faça um /a/ prolongado
e compara com as notas de um teclado, para localizar a freqüência do paciente. Ex: dó3 =
262 Hz (ciclo por segundo).
7) SENSAÇÃO DE INTENSIDADE
É um parâmetro físico ligado diretamente à pressão subglótica da coluna aérea que,
por sua vez, depende de uma série de fatores, como amplitude de vibração e tensão das ppvv.
A intensidade que usamos é um ajuste fortemente fixado e modificá-lo requer uma
conscientização e um esforço pessoal muito grande.
A intensidade é medida pelo decibelímetro e numa conversação habitual ela chega a
65 dB.
A sensação psicofísica relacionada à intensidade é o loudness, ou seja, um som forte
ou fraco.
Na avaliação verificamos se o loudness é fraca, adequada e forte. Podemos verificar ainda a
modulação (se muda a intensidade durante a fala) se é adequada, excessiva, restrita,
repetitiva.
8) ARTICULAÇÃO E PRONÚNCIA
A articulação diz respeito ao processo de ajustes motores dos OFAs na produção e
formação dos sons. Uma articulação com sons bem definidos indica controle da dinâmica
fonoarticulatória e transmite ao ouvinte franqueza e clareza de idéias.
Pode ser avaliada pela leitura ou repetição de uma lista de palavras com todos os sons
do português e devem se apresentar bem definidas.
Patologias da Comunicação Humana – Voz 48
Deve ser observado se o tipo articulatório apresentado pelo paciente é normal, preciso,
indiferenciado, travado ou exagerado, se há distúrbio articulatório e se as zonas articulatórias
são normais ou alteradas.
A pronúncia refere-se ao uso de determinadas substituições de sons nas palavras ou
a variações articulatória de um mesmo som (resultante da exposição ao código lingüístico).
Deve-se observar se a pronúncia é normal, regionalista, se tem sotaque.
12) CPFA
Resultado da inter-relação harmônica das forças expiratórias, mioelásticas da laringe e
musculares da articulação. Devemos verificar se a CPFA é:
- Adequada;
- Inadequada – nível mais comprometido;
- Respiratório: Excesso de ar – insuficiência de ar;
- Fônico: Hipertonia laríngea – hipotonia laríngea;
- Articulatório: Exagero, imprecisão, alteração estruturais.
b) Língua: Posição na boca, dimensão, tonicidade, rebordo lingual marcado e sulcado pelos
dentes;
d) Palato Duro: Normal, ogival, com alteração da espinha posterior, ausência ou bífida;
- Expressão de idéias;
- Comunicação gráfica.
OBS: Todo o processo da avaliação deve ser gravado em fita cassete e/ou através de uma
filmadora para um estudo comparativo durante o processo de reabilitação.
1) ELETROMIOGRAFIA
Estuda a função neuromuscular, detectando a presença ou ausência de atividade. É de
extremo valor no diagnóstico de pacientes com desordens neuromusculares da laringe, pois é
capaz de designar a localização da lesão (neurônio motor inferior ou superior), diferenciar uma
miopatia de uma neuropatia e delinear especificamente qual(is) o(s) nervo(s) afetado(s).
2) FILTRAGEM INVERSA
É uma avaliação que oferece a contribuição da fonte sonora glótica, isolada da
transformação sofrida pela energia acústica básica no trato vocal, ou seja, nas cavidades de
ressonância. Assim sendo, os fatores que compõem a voz, situados acima da laringe, são
filtrados e o que se considera é o sinal gerado exclusivamente ao nível glótico. Para essa
avaliação é necessário computador potente e requer microfones especiais.
3) FLUXOMETRIA
Oferece dados interessantes sobre as condições aerodinâmicas dos pulmões em
prover ar para a produção da voz e a habilidade da glote em controlar o ar expiratório,
oferecendo várias medidas.
É a análise menos global e, apesar de já ter aparecido em versão computadorizada,
continua sendo uma aparelhagem muito cara para um investimento pessoal, além de não
oferecer o registro simultâneo do sinal acústico.
4) ELETROGLOTOGRAFIA (EGG)
É um procedimento simples, não invasivo e compatível com outros testes laríngeos. O
princípio básico dessa avaliação é que o tecido humano oferece uma resistência variável ao
fluxo de uma corrente elétrica. Além disso, espaços presentes entre os tecidos bloqueiam
efetivamente a corrente e oferecem uma elevada resistência ao fluxo da corrente.
São colocados 2 eletrodos na superfície diretamente sobre e no meio da lâmina da
cartilagem tireóidea, fixados através de uma faixa elástica, podendo ser movidos para se
observar o melhor sinal que se obtém. A pele do paciente deve está bem limpa com álcool e
deve-se utilizar gel próprio ara eletrodos facilitando a captação do sinal.
Com o objetivo de extração da freqüência fundamental, a forma de onda do EGG é
considerada mais simples de se usar que a forma de onda acústica, se o sinal EGG for
suficientemente forte. Geralmente, a forma de onda tem um pico único e mais fácil de ser
localizado que o pico da fundamental da forma de onda acústica, sendo que os intervalos entre
os ciclos são bem mais nítidos.
A avaliação da onda do EGG é essencialmente qualitativa e alguns aspectos que
podem ser observados são os seguintes:
- Uniformidade na amplitude da onda é associada a baixo nível de perturbação;
- Instabilidade na amplitude, ou no período, indica variabilidade anormal no padrão de
contato das ppvv;
- Pequenas oscilações na região do pico de fechamento indicam rebote das ppvv após
contato inicial;
- Alterações nos segmentos de abertura e fechamento indicam anormalidade de tensão das
ppvv;
- Alterações no ataque vocal também podem ser observadas nos primeiros ciclos glóticos;
- Uma fase de fechamento rápida e abruptamente definida indica boa excitação acústica do
trato vocal e produção vocal eficiente;
- A fase de fechamento leva menos tempo que a fase de abertura;
Patologias da Comunicação Humana – Voz 52
- Duração aumentada da fase fechada está correlacionada com picos de espectro não
abafados e amplificados;
- A onda EGG e a freqüência fundamental tem estreita relação, portanto as medidas de jitter-
F0 e jitter-EGG são comparáveis; mas a amplitude da onda EGG representa algo diferente
que a amplitude do sinal, portanto os valores de shimmer não são comparáveis.
- Tipo 2 – Onda com pico inclinado: Isto corre quando há um aumento de convergência na
glote, ou seja, uma prega vocal mais angulosa, em forma de cunha, do que quadrada.
Traçado normal, porém sem evidenciar o joelho EGG.
- Tipo 3 – Onda com borda abaulada: Quando ocorrem dois joelhos, um na subida e outro
na descida. As ppvv se contatam “face a face” e a superfície é praticamente vertical.
Traçado indicando uso profissional da voz para canto lírico.
- Tipo 4 – Onda com borda em rampa: É produzida por alterações na fase vertical.
Traçado com duplo pico, no caso com fonação mista de pregas vestibulares (pico menor) e
ppvv (pico maior).
5) AVALIAÇÃO ACÚSTICA
Realiza mensurações do sinal sonoro vocal, enquanto que a avaliação perceptivo-
auditiva oferece uma descrição do sinal vocal tendo como instrumento básico apenas a
audição.
O sinal sonoro a ser mensurado pode ter sido armazenado diretamente no computador
ou colhido previamente em um sistema de registro para análise posterior.
Os principais cuidados e observações para esta avaliação estão agrupados em 4
categorias:
- Verifique cada gravação imediatamente após sue término, antes de liberar o falante, já
que problemas técnicos ou falhas humanas no registro são muito comuns.
- Shimmer:
- Indica a variabilidade da amplitude da onda sonora em curto prazo, uma
medida de estabilidade fonatória.
- Representa as alterações irregulares na amplitude dos ciclos glóticos, de um
ciclo a outro.
- Tende a ser elevado nos distúrbios laríngeos, apresentando também maiores
valores nas freqüências graves e baixa intensidade.
- Oferece-nos uma percepção indireta do ruído na produção vocal e seus valores
crescem quanto maior e quantidade de ruído numa emissào, como ocorre na
soprosidade.
- O shimmer correlaciona-se com a rouquidão e soprosidade. Geralmente,
altera-se principalmente nas situações de redução de resistência glótica, como
ocorre nas paralisias de ppvv.
- Todas as medidas relativas de shimmer são oferecidas também em
porcentagem e o valor limite de normalidade é 3%. O programa
computadorizado Dr. Speech, da Tiger DRS, usa o jitter APQ (média de 5
pontos), mas outros valores podem ser obtidos.
- Vibrato:
- É uma modulação regular da freqüência fundamental usada pelos cantores
clássicos.
- É um tipo de tremor fisiológico ordenado, que faz com que a F 0 varie para cima
e para baixo, numa pequena extensão, algumas vezes por segundo.
- Vibrato é um uso estático da modulação da F 0, oferecendo à voz uma riqueza
expressiva, com grande poder emocional.
Patologias da Comunicação Humana – Voz 55
- A extensão do vibrato vai de 2 a 8 Hz, com uma média observada nos cantores
líricos de 5 a 7 Hz; a extensão da intensidade varia entre 2 e 3 dB.
c) Medidas de Ruído: A importância dessas medidas reside no fato de que o ruído acústico
parece ser um excelente correlato do que o nosso ouvido considera como disfonia.
- As vozes normais apresentam uma certa quantidade de ruído esperada, relacionada às
perturbações da produção da voz.
- Podem ser utilizadas na monitorização da evolução do tratamento de disfonias
paralíticas e laringectomias parciais.
- As principais medidas de ruído são: proporção harmônico-ruído ( PHR), proporção sinal-
ruído (PSR) e energia de ruído glótico (ERG).
- Proporção Harmônico-ruído (PHR): Contrasta o sinal regular das ppvv com o
sinal irregular das pregas e do trato vocal, oferendo um índice que relaciona o
componente harmônico versus o componente de ruído da onda acústica. É um dos
melhores parâmetros de aplicação clínica, tanto na quantificação dos desvios
vocais como na avaliação dos procedimentos dos tratamentos das disfonias. É
facilmente obtida nos programas acústicos computadorizados de voz.
- Energia de Ruído Glótico (ERG): É uma variante da PHR, expresso em dB, que
mede o ruído da onda sonora através da subtração do componente harmônico,
feita por meio de filtros especiais. Os valores de ERG são expressos em número
negativo, sendo o limite de normalidade até -10 dB. A ERG parece ser um índice
mais sensitivo na diferenciação de vozes normais e disfônicas que a PHR.
d) Perfil de Extensão Vocal PEV (vide bases da acústica da fonação – extensão vocal): É um
gráfico que apresenta os limites vocais de um indivíduo através da definição de uma área
de deslocamento de freqüências versus intensidade mínima e máxima em cada ponto
avaliado. Tal análise é conhecida como fonetograma, termo substituído por fonograma.
- O PEV analisa as propriedades da voz de um indivíduo e oferece dados diferentes dos
obtidos no exame laringológico e na estroboscopia.
- O PEV passou por uma adaptação e recebeu o nome de vocalgrama clínico. O
objetivo desse procedimento é obter, de modo simplificado, o traçado da área que
corresponderia à potencialidade vocal de um paciente, para se acompanhar a evolução
da reabilitação vocal, através da ampliação da área do gráfico.
- O programa computadorizado Dr. Speech, da Tiger DRS, possibilita a obtenção do PEV.
- Extensão Fonatória Máxima (EFM): Alguns programas indicam se o paciente não
correspondeu à nota musical fornecida como modelo.
- Extensão Dinâmica (ED): Corresponde à faixa de variação de intensidade que um
indivíduo é capaz de produzir, da mais fraca (com sonoridade) à mais forte (não grito)
emissão. Tem relação direta com a resistência glótica à passagem do ar, portanto, é
importante no acompanhamento de casos patológicos e de uso profissional da voz.
AVALIAÇÃO OTORRINOLARINGOLÓGICA
1) TERAPEUTA
- Consciente do processo proposto: Baseado na anamnese e avaliações, não apenas
copiando dos livros os exercícios.
Patologias da Comunicação Humana – Voz 57
- Respeito ao paciente
- Companheirismo ao paciente: Não achar que é superior, que sabe tudo.
2) PACIENTE
- Ouvi-lo: Espaço para ele se colocar, valorizar qualquer colocação que o paciente
apresenta.
- Participação ativa no processo terapêutico: Perguntar, relatar sobre o que está
sentindo.
- Procurar por vontade própria: Senão a terapia não surte efeito, quando for criança
há necessidade da ajuda da família para que a terapia flua normalmente e com bom
resultado.
- Monitoramento: Fazer com que o paciente se perceba e tome consciência do seu
problema para isso é necessário: uma propriocepção auditiva para o feedback; o
paciente tem que se conhecer visualmente; propriocepção tátilcinestésica - ter
percepção de si mesmo através dos sentidos como dor, ardor, pressão na garganta,
secreção.
- Motivação: Auto imagem; constância e dedicação no treinamento. Proporcionar ao
paciente estímulo para o decorrer da terapia.
3) AVALIAÇÃO
- Avaliação Multidisciplinar
- Avaliação ORL (obrigatoriamente)
- Como a voz se comporta em diferentes contextos?
- A avaliação deve ter continuidade durante toda a terapia para confirmar o diagnóstico
- Voz profissional (avaliação clínica normalmente e aonde se faz o uso da voz (in locu)
- Obrigatório – registro do exame fono em fita de áudio e da terapia periodicamente.
- Não obrigatório – porém importante o registro ORL em fita de vídeo, para o próprio
paciente ver a melhora de sua voz e verificar os maneirismos que utilizava quando
falava.
- A avaliação auxilia o terapeuta a adaptar a terapia de acordo com o caso, por exemplo:
Se foi possível verificar o nível social e cultural do paciente, assim como a saúde do
mesmo.
- Trabalhar juntos (T – P) para poder ter uma previsão da melhora vocal (percebida na
avaliação), ou seja, o paciente não chegar à voz normal, porém a melhor voz possível.
5) PSICODINÂMICA VOCAL
A voz deve estar adequada ao tipo físico, idade, sexo e personalidade.
O paciente precisa ter consciência da voz, querer mudar e também saber o que esta
voz representa para ele. Essa psicodinâmica é trabalhada o tempo todo durante a terapia.
O terapeuta não deve discutir como o paciente estas características de forma negativa
e sim como manifestação natural, caso contrário, sentimentos negativos podem prejudicar a
terapia.
Em algumas vezes a causa pode não ser definida em nível de psicodinâmica ou, às
vezes, inalterada, ou seja, a pessoa é consciente de como e o porque a sua voz é assim,
porém não consegue mudar.
Patologias da Comunicação Humana – Voz 58
Nos casos em que não se consegue definir dentro de psicodinâmica ou o paciente não
consegue mudar o padrão, não se consegue uma melhora de100%, porém também a melhora
não é 0%, sempre se consegue algo mesmo não sendo o ideal.
Pode acontecer do comportamento emocional se resolva, porém permanece a fixação
do gesto muscular, por exemplo, o indivíduo já resolveu o problema emocional, mas ficou o
movimento mecânico, porém consegue-se 100% de recuperação, pois é apenas um problema
motor.
6) TREINAMENTO VOCAL
É a realização de exercícios selecionados para fixar os ajustes motores necessários à
reestruturação do padrão de fonação alterado, além da compreensão dos objetivos das
técnicas pelo paciente, devido à motivação, porém de forma simples.
É composto por inúmeras abordagens, algumas delas oferecendo alterações na
qualidade vocal como um todo (método universal) e outras favorecendo mudanças laríngeas
específicas (método específico).
- Método Universal: Pode ser aplicado em quase todos os pacientes, melhoram
globalmente a produção vocal e ocupam boa parte da realização de uma avaliação. Por
exemplo: /m/ mascado e outras.
- Método Específico: Dependem de uma avaliação ORL dirigida e trabalho com grupos
musculares específicos. São usadas apenas para um determinado tipo de patologia. É
importante discriminar porque existem casos que não é possível fechar diagnóstico, então
se usa a técnica universal. Por exemplo: coaptação, empuxo, fonação inspirada e outras.
7) SELEÇÃO DE EXERCÍCIOS
- Depende da:
- Prova terapêutica;
- Aceitação do paciente;
- Habilidade de execução;
- Limites anátomo-fisiológicos;
- Experiência do terapeuta;
- Avaliação ORL;
- O comportamento vocal em si.
9) CIRURGIAS
- Paciente Pré Cirúrgico: Em duas situações:
- a) Quando não é certeza da cirurgia (nódulo, granulomas,...);
- b) Quando a indicação cirúrgica já está definida (pólipo).
11) RESPIRAÇÃO
- Há controvérsias entre os autores sobre o treino da respiração, pois eles acreditam que
o que faz com o que o ar saia mais rapidamente é a fenda (no disfônico) e não a CPFA.
- O treino respiratório é fundamental para o cantor lírico e não para o popular.
- Deve-se analisar caso a caso e realizar o treino da respiração se for necessário.
- Realizar os exercícios de voz associados aos de respiração.
- Os sons fricativos trabalham a CPFA.
- Visão Tradicional:
- Colocação do Padrão: Mexer o abdome e menos a região torácica. Isso pode ser
proporcionado da seguinte forma:
- Posição: Deitada, sentada e/ou em pé (o paciente deverá verificar a mais
facilitadora). Puxar a atenção do paciente para a respiração abdominal através da
propriocepção tátilcinestésica (livro, mão); explicação verbal do porque a barriga
mexe.
- Expansão: Através de exercícios.
- Controle e Conscientização:
- Controle de Ritmo: Inspiração lenta, reter, expiração lenta
Inspiração lenta, reter, expiração rápida
Inspiração rápida, reter, expiração lenta
Inspiração rápida, reter, expiração rápida
- Nasal/nasal ou bucal/bucal
- Para a fala é a mais utilizada
- Inspira/retém/expira 1, 2, 3, 4 ou mais tempos
- Início da CPFA: /s/, /f/, / /: Paciente disfônico é esperado na média
/z/, /v/, / /: Rebaixados
SONS VIBRANTES
- Vibração dos OFAs para atingir vibração da mucosa como um todo.
- Propicia uma emissão normotensa, um equilíbrio de ressonância e das forças
aerodinâmicas em mioelásticas.
- Se o paciente não souber vibrar a língua, vibra os lábios (não é eficiente como a
vibração de língua) e o exercício pode ser de várias formas.
- Variações: Língua e lábios, sintonia fina: trrr rrr rrr ...
- Objetivo: Relaxamento e vibração da mucosa e laringe.
- Indicações: Aquecimento vocal (reduz viscosidade e aumenta flexibilidade de mucosa)
e disfonias hiper e hipotônicas.
SONS PLOSIVOS
- Usa-se a seqüência articulatória /p/, /t/, /k/, /b/, /d/, /g/ dando uma boa motricidade.
- Com sons sonoros estimula também a vibração de mucosa.
- Objetivo: Solicitar a coaptação das ppvv, melhora a força de articulação e a clareza da
emissão.
Patologias da Comunicação Humana – Voz 61
HIPERAGUDO (FALSETE)
- Entrar em falsete sem tensão.
- Relaxa o TA e contrai o CT.
- Propicia o estiramento da ppvv sem tensão e o melhor ajuste fonatório.
- Diminuição da constrição mediana.
- Variações: /i/, /mimimi/, /miniminimini/, sopro, sirene ascendente, fonação inspiratória.
- Objetivo: Relaxamento vocal e emissão mais equilibrada.
- Indicações: Patologias hipercinéticas, voz de banda, paralisia unilaterais de ppvv,
edema de Reinke.
- Método Mastigatório:
- Fonação equilibrada e articulação precisa.
- Aquecimento vocal e resistência à fala prolongada.
- Mastigação selvagem.
- Voz Salmodiada:
Patologias da Comunicação Humana – Voz 64
- Mascaramento Auditivo:
- Retirar sintomas de disfonia psicogênica.
- Aumentar monitoramento proprioceptivo de profissionais que usam voz em ambiente
com competição sonora.
- Aumento de intensidade e projeção vocal.
- Sobrearticulação:
- Diminui tensão.
- Reduz hipertonicidade laríngea.
- Maior volume e projeção vocal.
- Diminui hipernasalidade.
- Melhora inteligibilidade em casos neurológicos.
- Vogal /i/ prolongada, som nasal ou /i/ - /a/ sucessivos (indicação com extrema cautela
em fendas triangulares médio posteriores).
- Fonação Sussurrada:
- Indicado para fenda anterior, quando o paciente faz sussurro há fechamento anterior
das ppvv.
- Indicado para úlcera e granuloma de contato, quando o paciente faz sussurro (fenda
ântero-posterior).
- Empuxo:
- Paralisias uni e bilaterais de ppvv.
- Socos no ar, mãos em gancho.
- Pode-se associar: plosivos, ataque vocal brusco, pressão na cartilagem tireoídea.
1) OBJETIVOS BÁSICOS
- Maximizar o uso da voz;
- Desenvolver compensações fonatórias;
- Desativar tratopatia de adaptação;
- Auxiliar o paciente a aceitar a nova voz e as limitações das funções reflexo-vegetativas.
2) PROGRAMA DE ATUAÇÃO
- Avaliação e orientação pré-operatória;
- Atendimento no pós-operatório imediato;
- Fonoterapia dirigida às necessidades;
- Refinamento das habilidades conseguidas.
3) FILOSOFIA DA REABILITAÇÃO
- Enfatizar os aspectos positivos;
Patologias da Comunicação Humana – Voz 66
c) Mandibulectomia:
- Muito raramente vem sozinha, geralmente tira parte do assoalho da boca ou da língua.
- Observar:
- Redução na abertura de boca;
- Seqüelas:
- Dificuldade de vedamento labial;
- Alteração de mastigação;
- Trismo;
- Voz pastosa;
- Fonoterapia:
- Reduzir trismo;
- Fazer articulação compensatória – sobrearticulação.
- Assimetria facial
- Hipernasalidade
- Fonoterapia:
- Produzir trismo
- Fazer sobrearticulação
- Aumentar fluxo oral (direcionar ar para boca)
e) Bucofaringectomia:
- Observar:
- Trismo
- Imprecisão articulatória
- Dificuldade de deglutição e mastigação
- Refluxo nasal
- Hipernasalidade
- Seqüelas:
- Aspiração
- Pneumonia freqüente
- Fonoterapia:
- Empuxo
- Deglutição
- Sobrearticulação
- Direcionamento do fluxo nasal
h) Maxilectomia:
- Observar:
- Quando se exterioriza aparece lesão no palato
- Seqüelas:
- Hipernasalidade porque interfere no palato mole
- Fonoterapia:
- Prótese com bulbo
5) CÂNCER
- Crescimento anormal de células;
- Quando um grupo de células prolifera atipicamente;
- É mais comum na região frontal da ppvv;
- Benigno: Não causa tumor em outros locai;
- Maligno: Células atípicas que podem atingir outras estruturas;
- Quando os vasos linfáticos são mais longe pode se proliferar para outras áreas;
- Ele pode ser extrínseco ou intrínseco;
- Extrínseco: Também chamado faringolaríngeo, pode atingir epiglote, pregas
ariepiglótes e aritenóide (acima da glote);
- Intrínseco: Também chamado intracavidade, pode atingir ppvv, pregas
vestibulares, ventrículo, base de epiglote, comissura anterior e região subglótica
(ppvv e subglote).
- Incidência:
- Mais em homens de 9:1 na faixa etária de 50 a 70 anos;
- Fatores Etiológicos:
- Fumo e álcool
- Uso vocal demasiado
- Processos inflamatórios crônicos
- Sífilis
- Inalação de substâncias tóxicas
- Hereditariedade
- Refluxo gastro-esofágico
- Pré Câncer:
- Coloração branca, também são chamados de carcinoma, in situ, leucoplasia (placa
branca), disqueratose e o carcinoma invasivo (aspecto polipóide irregular tendendo a
vermelho).
- Voz Esofágica: A forma de expulsar o ar não muda, o que muda é a maneira de introduzir
o ar. Tem três maneiras:
- Método da Deglutição: Engolir o ar num rápido momento e depois soltar. A palavra
chave é - engula o ar e degluta o ar. É o método mais fácil.
- MÚSCULOS SUPRA-HIÓIDEOS
- OSSO HIÓIDE
Patologias da Comunicação Humana – Voz 70
- CARTILAGEM TIREÓIDE
- CARTILAGEM CRICÓIDE
- CARTILAGENS ARITENÓIDES
Patologias da Comunicação Humana – Voz 71
A=
a=
a’ =
B=
C=
D=
1=
2=
3=
4 e 4’ =
5=
6=
7=
A= 1=
B= 1’=
b= 2=
b’= 2’=
C= 3=
D= 4=
E= 5=
F= 6=
G= a=
a’=
7=
1= 9=
1’= 10 =
2= 11 =
3= 12 =
4= 13 =
5= 13’=
6= 14 =
6’ = 15 =
7= 16 =
8=
- MÚSCULOS DA LARINGE, VISTA POSTERIOR
A= 1=
B= 1’=
b= 2=
b’= a=
C= a’ e a” =
D= 3=
E= 4=