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Universidade de São Paulo - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

Curso de Fonoaudiologia

Avaliação e Fonoterapia da Voz:

Grupo 4: Giullia Guaraldi - 10821422, Isabella Claudino - 10821418,


Mariana Pereira Silva- 10749891, Náthali Maganha de Moraes -
10749884

Ribeirão Preto
26 de junho de 2020
Paciente:
Elizabeth, 58 anos, passou por uma tireoidectomia total. Através da anamnese
relata ser analfabeta e sofrer de depressão. Queixa vocal: mudança vocal após a
cirurgia.

Avaliação:
Feita através de amostra de fala, usado o protocolo CAPE - V, repetição do pataka,
dias da semana, contagem de 1 a 10, análise da vogal sustentada A e E, repetição
de frases, cantar “parabéns pra você”.

Características vocais:
● G - Grau global moderado = 2
● R - Rugosidade moderada = 2
● B - Soprosidade discreta = 1
● A - Astenia ausente = 0
● S - Tensão ausente = 0
● I - Instabilidade discreta = 1
● Apresentou irregularidade na vogal sustentada
● Quebras nos harmônicos
● Quebra de frequências (instabilidade), indica soprosidade (presença de ruído)
● Jitter alterado, o que indica voz disfônica
● Shimmer dentro dos padrões de normalidade
● Voz rouca​, é uma qualidade vocal que auditivamente percebe-se um ruído, o
que indica irregularidade de vibração das pregas vocais. Esta voz pode ser
relacionada com lesões orgânicas ou organofuncionais
● Prosódia prejudicada
● Coordenação pneumofonoarticulatória alterada
● O ataque vocal parece se apresentar de forma soprosa
● A velocidade de fala aparenta ser reduzida
● Frequência fundamental = 146 Hz

Hipótese diagnóstica:
Paralisia de prega vocal, por lesão em uma das três ramificações do nervo vago
(precisa realizar a eletromiografia laríngea para confirmação). A HD é sugerida
devido a consequência tireoidectomia que a paciente realizou.

Planejamento terapêutico:
Devemos levar em consideração o quadro depressivo da paciente, assim pensamos
em realizar uma terapia mais interativa, que aumente seu ânimo, tornando uma
terapia prazerosa. Pois sua principal queixa é de não consegue se comunicar,
“ninguém a escuta e se sente sozinha”. Objetivos da terapia: ​Melhorar coaptação
glótica, melhorar qualidade vocal, maximizar a qualidade da vocação, melhorar
coordenação pneumofonoarticulatória, aumentar intensidade vocal, aumentar o
tempo máximo de fonação e melhorar a prosódia.

Estratégias de fonoterapia:

1. Técnica de sons fricativos: ​Essa técnica visa direcionar o fluxo aéreo,


aumentar o tempo máximo de fonação, melhorar o apoio respiratório,
proporcionar uma coaptação glótica melhor e de maneira suave. ​Variação
utilizada: ​Emissão de fricativos em tempo máximo de fonação, surdos e
sonoros.

2. Técnica de Som Basal/ Vocal Fry: ​Emissão do som mais grave possível.
Durante a execução da técnica, percebe-se pulsos de vibração glótica. O
som basal deve ser grave e crepitante. A técnica permite adaptação
miofuncional mais saudável, por meio da coaptação glótica e aumento da
amplitude de vibração da mucosa e essa proporciona o decréscimo da
frequência fundamental. ​Variação utilizada: ​Vogal A, com variação de
prosódia, para evitar monotonia. ​Observação: ​vale lembrar que deve-se
realizar a prova terapêutica, pois por apresentar tensão supraglótica pode ser
que a paciente não consiga realizar.

3. Técnica de Controle de Ataques Vocais: ​A técnica de ataque vocal brusco


promove uma aproximação forçada das pregas vocais. ​Variação utilizada:
Realizar ataques vocais bruscos ao iniciar a emissão de vogais ou palavras
(Ex.: Ave, Eva, Ivo, Ovo, Uva).

4. Técnica do Espaguete: ​Proporciona arredondamento labial, elevação do


palato mole e do dorso lingual, amplificação faríngea e o abaixamento
laríngeo pela contração do músculo esternotireóideo. Para realizar o
exercício o paciente deve inspirar a máxima quantidade de ar possível pela
boca (como se estivesse sugando algo, como um espaguete), sem, contudo,
tensionar a musculatura cervical. Durante este movimento a boca deve
permanecer arredondada e protruída. Repetição de 5 a 10 vezes prepara o
trato vocal para a demanda ressonantal. ​Variação utilizada: ​Exercício do
Espaguete Retido: Durante o exercício do espaguete retido a laringe deve
permanecer baixa e deve promover e manter a adução das pregas vocais. O
paciente deve ser instruído a puxar o ar pela boca e, posteriormente, emitir
os sons HÔ HÔ (som do papai noel), monitorando com as mãos se a laringe
permanece em posição baixa no pescoço.
5. Técnica de Messa di Voce: ​Emissão de um som com manutenção da
frequência fundamental, ressonância e qualidade vocal e variação apenas da
intensidade vocal, de um pianíssimo a um fortíssimo, retornando a um
pianíssimo novamente. Tal produção favorece o controle respiratório e da
pressão subglótica. ​Variação utilizada: ​Utilização da técnica com sons
fricativos, nasais e vibrantes. ​Observação: ​Essa técnica será utilizada como
terapêutica e não como aquecimento vocal.

6. Técnica de Sons Vibrantes: ​A vibração pode ser realizada pela vibração da


língua ou dos lábios, permitindo em uma emissão suave e equilibrada, pois
favorece o fechamento glótico. Com essa técnica possível perceber intensa
vibração de todo esqueleto laríngeo, o que proporciona relaxamento,
reduzindo o esforço fonatório. Além disso, ocorre também mobilização da
mucosa das pregas vocais. ​Variação utilizada: ​Vibração sonorizada de
lábio ou língua ou lábio e língua, simultaneamente./ Emissão em tempo
máximo de fonação. ​Observação: ​Realizar essa técnica junto com a técnica
de rotação de cabeça, e realizar para o lado da paralisia (se esse for o caso
definitivo).

7. Técnica de Som Hiperagudo: ​Trabalhar a produção vocal em registro de


falsete. Nessa produção há relaxamento dos músculos tireoartenóideos, e
contração do músculo cricotireóideo. Há também, estiramento das pregas
vocais sem tensão associada, o que permite uma emissão mais equilibrada,
menos disfônica e uma maior resistência vocal. ​Variação utilizada: ​Emissão
do som nasal hiperagudo e a sequência MINI, MINI, MINI, também
hiperaguda.

8. Será conversado com a paciente, sobre a hipótese de participação em um


grupo de coral, a fim de melhorar a prosódia e a intensidade. Essa atividade
proporcionará interação social, melhor qualidade de vida e melhoria da
comunicação, visando diminuir os sintomas da depressão.

Observação geral:
Deve-se lembrar que essas técnicas vão depender da individualidade da paciente.
Para todas, será realizado provas terapêuticas com a finalidade de observar suas
capacidades (se está adequado, se é efetivo para a terapia).
Deve-se levar em consideração o sua condição de analfabetismo, pois isso impede
a realização de algumas técnicas. Precisa visar, sempre, o conforto e as habilidades
da paciente.

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