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Elaboração:
Profª Mariana Lopes Junqueira
Profª Tereza Cristina Benevenutti Lautério
J95p
ISBN 978-85-515-0458-1
CDD 780
Impresso por:
Apresentação
Prezado acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Prática Vocal. A
voz é o “instrumento” de trabalho do professor. Segundo Nemr et al. (2002),
a voz é um dos aspectos mais importantes da comunicação. Assim, trabalhar
com a voz possibilita revelar nossos sentimentos, nossas emoções, nosso
estado afetivo, traços de nossa personalidade. Com relação à música, a voz
é o mais natural de todos os instrumentos musicais. A voz também pode se
configurar em um instrumento muito importante para o ensino de música na
educação básica, uma vez que é acessível a quase todos.
Bons Estudos!
Profª Mariana Lopes Junqueira
Profª Tereza Cristina Benevenutti Lautério
III
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
V
VI
Sumário
VII
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 91
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 92
VIII
UNIDADE 1
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
FUNÇÃO VOCAL
1 INTRODUÇÃO
Você já parou para pensar de que forma a sua voz é produzida? A
produção e a emissão da voz são um trabalho complexo, nos quais vários músculos
trabalham intensamente. A voz é uma ferramenta de comunicação e expressão,
seja falada ou cantada. Fisiologicamente falando, “a voz é a utilização inteligente
dos ruídos e sons musicais produzidos no interior da laringe com o impulso da
expiração controlada, ampliados e timbrados nas cavidades de ressonância e
modelados pelos articuladores no tempo, no meio e no estado pulsátil de cada
pessoa” (COELHO, 1994, p. 13). Para as autoras, além da definição citada, a voz
é também a expressão sonora da personalidade dos sujeitos, bem como o reflexo
de seu estado psicológico.
3
UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS
2 APARELHO RESPIRATÓRIO
A respiração é uma função vital que garante a troca do gás carbônico
(CO2), que está no sangue, por oxigênio (O2), vindo do ambiente, é “um gesto
inconsciente, instintivo, cujos movimentos são regulares, rítmicos, simétricos e
sincrônicos” (DINVILLE, 1993, p. 51). Segundo Coelho (1994), a respiração é um
ato espontâneo de caráter ativo-passivo realizado pelo movimento do músculo
diafragma e dos músculos intercostais, este movimento tem sua origem no
cérebro. Assim, o ato de respirar envolve o trabalho de muitos músculos e órgãos
do nosso corpo. O aparelho respiratório é formado pelas vias aéreas e pulmões:
4
TÓPICO 1 | FUNÇÃO VOCAL
FONTE: <http://static.todamateria.com.br/upload/54/07/540759a3340e6-sistema-respiratorio.jpg>.
Acesso em: 1º set. 2019.
Órgão Características
Narinas Têm como função aquecer, umedecer e filtrar o ar.
Traqueia Divide-se em bifurcações que dão origem aos brônquios.
Tórax Composto de 12 pares de costelas, que são fixas atrás da coluna vertebral.
Pulmões Localizam-se na caixa torácica e são os principais órgãos do aparelho respiratório.
Os pulmões possuem consistência esponjosa e cor rosada, devido à grande
quantidade de sangue que nele circula.
Brônquios Levam ar aos pulmões.
Alvéolos Realizam a troca de oxigênio pelo gás carbônico. O oxigênio vem do ar inspirado
e o gás carbônico vem do sangue, que é devolvido para o ar. O ar entra e sai dos
alvéolos pelo movimento realizado pelo tórax e diafragma.
5
UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS
NOTA
2.1 RESPIRAÇÃO
A voz é o som produzido pelo ar que sai dos pulmões, passa pelas pregas
vocais, comumente chamadas de cordas vocais, e é amplificado e modulado pelas
cavidades de ressonância (face e tórax) e órgãos articuladores (palato, língua e
maxilar). A passagem do ar faz com que nossas pregas vocais vibrem, assim,
sem ar não há som. O ar pode ser considerado o combustível da nossa voz. Para
uma boa emissão vocal, é muito importante aprendermos a respirar de maneira
correta. Para tanto, é preciso que tenhamos consciência de como nosso sistema
respiratório funciona, assim como é importante exercitarmos nossa respiração.
6
TÓPICO 1 | FUNÇÃO VOCAL
FIGURA 2 – DIAFRAGMA
FONTE: <https://drauziovarella.uol.com.br/wp-content/uploads/2017/06/
diafragma2-e1497469202603.jpg>. Acesso em: 7 set. 2019.
FONTE: <https://www.sobiologia.com.br/figuras/Fisiologiaanimal/respiracao11.jpg>.
Acesso em: 9 set. 2019.
7
UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS
DICAS
8
TÓPICO 1 | FUNÇÃO VOCAL
NTE
INTERESSA
Vamos exercitar? Um lembrete: procure inspirar pelo nariz e expirar pela boca.
É importante lembrar que ao inspirar pelo nariz, o ar é filtrado e umedecido, retirando assim,
as impurezas presentes. Em alguns momentos, em especial, no canto, será necessário fazer
a inspiração oro-nasal, pelo nariz e pela boca, considerando o tempo das frases musicais.
Você pode realizar os exercícios em frente ao espelho. Assim, você pode observar os seus
músculos trabalhando durante a respiração. Ao realizar os exercícios você pode sentir uma
tontura, se isso acontecer com você, pare um pouco e, quando se sentir melhor, volte a
realizar os exercícios. Com a prática você não vai mais sentir essas tonturas.
9
UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS
Obs.: durante a realização dos exercícios de respiração, procure ingerir água, para hidratar
o corpo e as mucosas do trato vocal.
NOTA
3 APARELHO FONADOR
O aparelho fonador é composto pela laringe, onde se encontram as pregas
vocais, pelos pulmões, traqueia, órgãos articuladores e ressonadores. O aparelho
fonador é o lugar “onde o ar se transforma em som” (MARSOLA; BAÊ, 2000). A
voz é produzida por um som básico, gerado na laringe. A laringe está localizada
na região anterior do pescoço e é formada por músculos e cartilagens. A laringe
é responsável pela entrada e saída de ar do pulmão, pela proteção da via aérea
enquanto engolimos (deglutimos) os alimentos, e pela produção do som. É um
órgão que conecta a faringe com a traqueia, e está situada na linha mediana
do pescoço, diante da quarta, quinta e sexta vértebra cervical (WEISS, 1988). A
traqueia, por sua vez, é um tubo que dá continuação à laringe, passa pelo tórax e
bifurca-se nos dois brônquios principais.
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TÓPICO 1 | FUNÇÃO VOCAL
11
UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS
FONTE: <https://static.mundoeducacao.bol.uol.com.br/mundoeducacao/conteudo/traqueia3.
jpg>. Acesso em: 7 set. 2019.
NTE
INTERESSA
Você já se perguntou se uma pessoa muda possui pregas vocais? Essa é uma
dúvida muito comum. Segundo Pacheco e Baê (2006):
a laringe tem função biológica e não biológica. Sua função biológica é possibilitar a entrada
e a saída de ar do pulmão e também proteger a via aérea durante a deglutição, expulsando
elementos estranhos através da tosse. Sua função não biológica é a fonação. Assim, o som
é produzido, enquanto as funções biológicas não acontecem (PACHECO; BAÊ, 2006, p. 33).
As pregas vocais que estão localizadas na laringe, então, apresentam funções biológicas e
não biológicas, sendo parte do corpo humano.
Nos músculos adutores, que são responsáveis por unir as pregas vocais,
encontramos o músculo Tireoaritenóideo (TA). O TA se divide em duas partes: a
12
TÓPICO 1 | FUNÇÃO VOCAL
externa e a interna. A parte interna desse músculo é chamada de corpo das pregas
vocais, esse músculo é o responsável pelo fechamento das pregas vocais durante
a fonação (PACHECO; BAÊ, 2006).
FIGURA 6 – MÚSCULO TA
FONTE: <https://3.bp.blogspot.com/--96tnnRNPkU/VlYz9vDbpVI/AAAAAAAAL7U/MpfN9jNxwd4/
s400/laringe-intrinsecos-adutores.jpg>. Acesso em: 9 set. 2019.
FONTE: <https://static.wixstatic.com/
media/6d7400_43200834411240c28827260753c5fbbd~mv2.jpeg/v1/fill/w_333,h_297,al_c,lg_1,
q_90/6d7400_43200834411240c28827260753c5fbbd~mv2.webp>. Acesso em: 28 fev. 2019.
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UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS
FIGURA 8 – MÚSCULO IA
FONTE: <https://massoterapiataichi.files.wordpress.com/2014/09/muscoli_della_laringe.jpg>.
Acesso em: 16 set. 2019.
FIGURA 9 – MÚSCULO CT
14
TÓPICO 1 | FUNÇÃO VOCAL
DICAS
15
UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS
TUROS
ESTUDOS FU
16
TÓPICO 1 | FUNÇÃO VOCAL
4 APARELHO RESSONADOR
O aparelho ressonador é o local onde se tira a qualidade do som, ele
influencia na constituição do timbre, na sonoridade e na amplitude da voz. O
timbre é uma das características do som. É o que distingue uma mesma frequência
quando produzida por diferentes instrumentos ou vozes, ou seja, é a identidade
dos sons. Sem o aparelho ressonador não seria possível ouvirmos a voz. O ar que
faz as pregas vocais vibrarem, produz um som fundamental, que é amplificado
e modulado pelo aparelho ressonador. O aparelho ressonador é formado pela:
Quando o som passa pelo nosso trato vocal (formado pela laringe, faringe,
palato mole, palato duro, língua, mandíbula, dentes, lábios e cavidade nasal) ele
é ampliado ou abafado. O trato vocal interfere na produção vocal, assim cada
alteração influenciará na nossa voz. Isso também faz com que cada pessoa tenha
uma voz única, pois cada um de nós possui caixas de ressonâncias diferentes
(PACHECO; BAÊ, 2006).
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UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS
DICAS
NOTA
Acústica da Voz
A acústica é um ramo da física que estuda o som e suas propriedades. O som é definido,
acusticamente, como uma onda que vibra e se propaga num meio elástico, por exemplo,
o ar. O ar é feito de partículas ou moléculas, que se movem em resposta à energia que o
movimenta. Se fizermos vibrar a corda de um violão o vai e vem que se repete recebe o
nome de vibração. Essas vibrações põem as moléculas de ar em movimento, deslocando-
as e fazendo-as voltar ao lugar anterior. Esse vai e vem é representado na forma de ondas
sonoras, que se propagam em todas as direções. As ondas sonoras, ao atingirem nossos
ouvidos, colocam em movimento a membrana do tímpano. Esta movimentação do
tímpano é transmitida ao cérebro por impulsos nervosos, possibilitando que os diferentes
sons sejam identificados por nós. Portanto, o som é a sensação produzida no ouvido pela
vibração de corpos elásticos.
FONTE: <https://anasoares1.files.wordpress.com/2011/01/som_freq1.png?w=300&h=230>.
Acesso em: 28 fev. 2020.
18
TÓPICO 1 | FUNÇÃO VOCAL
Outros aspectos importantes que fazem parte do som que escutamos são:
Frequência – corresponde ao número de vibrações por segundo do corpo elástico que está
vibrando, sendo medida em hertz.
Harmônicos – o som tem uma frequência principal denominada frequência fundamental.
Essa frequência vem acompanhada de outras frequências ou sons secundários denominados
harmônicos.
FONTE: PACHECO, C.; BAÊ, T. Canto: equilíbrio entre corpo e som: princípios da
fisiologia vocal. São Paulo: Irmãos Vitale S/A Indústria e Comércio, 2006.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
● Quanto maior e mais espessa as pregas vocais, mais grave será a voz
produzida. Quanto menor e menos espessa as pregas vocais, mais aguda será
a voz produzida.
20
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – V – V – F.
b) ( ) V – F – F – F.
c) ( ) F – F – V – V.
d) ( ) F – V – F – V.
3 Cada pessoa possui uma voz única, assim como a impressão digital é única,
não existem duas pessoas com o mesmo timbre de voz. Disserte sobre o que
faz cada pessoa ter uma voz única.
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22
UNIDADE 1
TÓPICO 2
CARACTERÍSTICAS VOCAIS
1 INTRODUÇÃO
A voz é considerada um instrumento de comunicação, e por meio dela é
possível transmitir informações e emoções. Vários profissionais utilizam a voz
como instrumento de trabalho, como: atores, dubladores, locutores, repórteres,
telefonistas, vendedores, professores, entre outros.
2 VOZ FALADA
Já nascemos com a nossa voz, e ela se manifesta por meio do choro, riso e
grito, ou seja, ela é um dos meios de interação mais poderosos que temos, assim
como um meio de comunicação entre as pessoas (BEHLAU; PONTES, 2001).
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UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS
Conforme as autoras:
• Dimensão biológica – revela nossos dados físicos básicos, como gênero, idade
e condições de saúde.
• Dimensão psicológica – está relacionada às características básicas da
personalidade e do estado emocional durante a emissão da voz.
24
TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS VOCAIS
Quando falamos devemos ter alguns cuidados, para que possamos nos
expressar melhor. Um desses cuidados é a velocidade em que falamos, se falamos
muito rápido, as pessoas podem ter dificuldade em nos entender, mas também
passamos a sensação de sermos uma pessoa ansiosa e que queremos falar rápido
para terminar logo o assunto. Temos que cuidar com a velocidade que estamos
falando, não podemos falar nem muito rápido, nem muito devagar.
25
UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS
26
TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS VOCAIS
3 VOZ CANTADA
27
UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS
A ressonância é geralmente
alta, dita “na máscara” (quando
A ressonância é geralmente média, em
são utilizados os ressonadores
condições naturais do trato vocal, sem
faciais), o que indica que o foco
Ressonância e maior uso de uma ou outra cavidade,
ressonantal concentra-se na
projeção de voz pois geralmente não há necessidade de
parte superior do trato vocal.
grande projeção vocal, a não ser para
Estes recursos são utilizados
gritar.
para se conseguir uma maior
projeção vocal.
Os distúrbios na produção da
Qualidade
Os distúrbios na produção da voz falada voz cantada denominam-se
vocal (timbre
são chamados de disfonias. disodias, podendo ou não ser
da voz)
acompanhados de disfonia.
28
TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS VOCAIS
se você contrair a região mais alta do abdômen pode causar uma tensão nas
costelas. É importante frisar que ao contrair o abdômen, você não pode apertá-lo,
para não tencioná-lo.
NTE
INTERESSA
Durante a fala e o canto é muito importante que você faça o apoio durante
a respiração. O apoio é a capacidade de controlar a saída do ar, para não o gastar
desnecessariamente. O apoio é muito importante, em especial, para o canto,
pois permite uma boa projeção da voz, melhora a qualidade vocal e ajuda na
sustentação das notas musicais. Vários órgãos trabalham para fazer a função de
apoio enquanto cantamos. São eles:
DICAS
Para a abertura das costelas, para que a base dos pulmões receba o ar, imagine
que seus pulmões são dois balões.
30
TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS VOCAIS
FONTE: <http://4.bp.blogspot.com/-vyRJBLtPlGQ/UI-y5o5O5aI/AAAAAAAAADM/aYhkuAk5HA8/
s640/popo.jpg>. Acesso em: 7 set. 2019.
Outro ponto importante para uma boa respiração é a postura. Uma boa
postura na hora de cantar, auxilia na respiração. Uma boa postura para cantar, é
manter o corpo relaxado, mas firme, é importante não tensionar o corpo, manter as
costas retas e a cabeça alinhada. Se estiver sentado, o ideal é sentar mais na ponta
31
UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS
NTE
INTERESSA
32
TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS VOCAIS
33
UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS
Mezzo-soprano Intermediária
Contralto Grave
Barítono Intermediária
Baixo Grave
FONTE: As autoras
Soprano
34
TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS VOCAIS
Mezzo-soprano
Contralto
Tenor
Barítono
Baixo
DICAS
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UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS
NTE
INTERESSA
3.3 AFINAÇÃO
Tafuri (2000) considera que a afinação é uma questão cultural que adquire
sentido e importância diferente aos contextos culturais e, por isso, não podemos
absolutilizá-la. Contudo, para nossa cultura é um elemento determinante,
sobretudo, pelos aspectos sociais como cantar em uma festa de aniversário –
cantar em grupo, e imprescindível na atividade musical em sala de aula.
Para termos uma boa afinação, é muito importante termos uma boa
audição. Alguns fatores interferem na afinação: Marsola e Baê (2000) apontam
que a falta de percepção auditiva é um deles e que todos devem aprender a ouvir.
Quem canta, ao ouvir um som, deve conseguir compará-lo e diferenciá-lo dos
demais, por exemplo: sons graves, médios e agudos; sons fortes ou fracos, sons
mais longos ou mais curtos, até distinguir intervalos das notas musicais. Por isso,
a audição está atrelada à afinação: porque quando o nosso ouvido capta o som,
outros estímulos transmitem a informação para os centros cerebrais, que guarda
o som na nossa memória. Quando emitimos o som, novos estímulos partem do
nosso cérebro para os centros nervosos dos músculos respiratórios, laríngeos,
bucais, entre outros necessários para emitir o som. Assim, ouvimos, guardamos o
36
TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS VOCAIS
som na memória, para depois emiti-lo. A falta da percepção sonora, pode afetar a
afinação (MARSOLA; BAÊ, 2000).
DICAS
Uma dica para você conseguir melhorar a sua afinação, é que você grave
enquanto estiver cantando, e depois ouça para identificar se em algum ponto da música
você está desafinando. Você pode treinar essa parte específica, e depois gravar novamente
para ouvir se a sua afinação melhorou.
DICAS
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UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS
3.4 VIBRATO
Você deve utilizar o vibrato no canto, de acordo com seu gosto musical,
mas você deve ter o cuidado de observar se não está exagerando no uso de
vibratos, e se o vibrato condiz com o estilo da música. O vibrato, também deve
ser estudado e treinado, para ser emitido com mais naturalidade e controle.
DICAS
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Quando falamos devemos ter o cuidado para não falarmos muito rápido,
não falarmos com uma intensidade muito forte e devemos articular bem as
palavras, para que as pessoas possam nos entender.
• As vozes masculinas são classificadas em: tenor (voz aguda), barítono (voz
intermediária) e baixo (voz grave).
• Afinação é quando cantamos com a mesma frequência em que a nota foi tocada
na melodia original que devemos cantar.
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AUTOATIVIDADE
( ) Percepção sonora.
( ) Tonalidade da música.
( ) Nervosismo.
( ) Respiração.
a) ( ) V – V – F – F.
b) ( ) F – F – V – F.
c) ( ) F – F – V – V.
d) ( ) V – V – V – V.
a) ( ) F – V – F – F.
b) ( ) V – F – F – V.
c) ( ) F – V – V – V.
d) ( ) V – F – V – F.
40
a) ( ) Apoio.
b) ( ) Inspiração.
c) ( ) Diafragma.
d) ( ) Máscara.
41
42
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
O uso da voz em alta demanda, seja falada ou cantada, requer cuidados.
Para assegurar uma saúde vocal, a higiene é o cuidado que temos que ter. Quem
trabalha muito com a voz deve ter um cuidado com a higiene vocal, para que
as irregularidades não provoquem rouquidão, irritação ou alterações vocais.
Behlau e Rehder (1997) definem o termo higiene vocal como sendo algumas
normas básicas que auxiliam a preservar a saúde e a prevenir o aparecimento de
alterações e doenças. Assim, a higiene vocal consiste em um conjunto de normas
básicas e cuidados que ajudam a preservar a saúde vocal e prevenir qualquer tipo
de alteração ou patologia vocal. Essas normas e cuidados devem ser seguidas
por todos nós, principalmente, por pessoas que usam a voz como instrumento de
trabalho e que podem ter qualquer tipo de alteração vocal.
• rouquidão;
• extensão vocal reduzida;
• falta de projeção;
• fadiga vocal;
• tremor vocal.
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Não existe nenhum estudo científico que comprove a eficácia dessas soluções
caseiras sobre a voz. Se você costuma experimentar essas receitas, você deve fazer
com cautela pois algumas delas podem irritar a boca e a faringe, dificultando
a emissão vocal. Assim, nunca experimente uma dessas receitas antes do uso
importante da voz, e analise os efeitos produzidos por essas substâncias em sua
voz. O automedicamento também é muito perigoso (BEHLAU; PONTES, 2001).
Agora, conversaremos sobre algumas dicas para manter uma boa saúde vocal:
Bons hábitos
FONTE: <https://png.pngitem.com/pimgs/s/68-687814_water-bottle-clipart-png-type-of-water-
is.png>. Acesso em: 3 fev. 2020.
44
FIGURA 15 – ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
FONTE: <https://encrypted-tbn0.gstatic.com/
images?q=tbn:ANd9GcQkgRPQ0KX3W2Ps2O14Y6Z6j4mHiHLktfA8MAoZBtwflY70aXLdLA&s>.
Acesso em: 3 fev. 2020.
4) Alguns alimentos fazem bem para a voz, como a maçã que auxilia na limpeza
da boca e da faringe, pois possui propriedade adstringente, o que deixa a
saliva mais fina. O suco de laranja e de limão também auxiliam na absorção do
excesso de secreção. Como a maçã é uma fruta com consistência dura, quando
mordemos ela e mastigamos, ajuda no trabalho com os músculos da face, que
são os responsáveis pela articulação.
FONTE: <https://cdn.iset.io/assets/35418/produtos/5263493/maca-extrato-glicolico.jpg>.
Acesso em: 3 fev. 2020.
5) Descanso vocal e corporal: dormir bem faz com que você descanse a sua voz.
O que evitar
45
1) Fumo: a faringe e as pregas vocais são revestidas por um tecido chamado
mucosa. A mucosa possui cílios móveis que expelem a secreção do trato
vocal. Quando a fumaça do cigarro atinge as pregas vocais, é acionado um
mecanismo de defesa que aumenta a produção de secreção, e outro para a
movimentação dos cílios, que causa o depósito de muco, provocando assim o
pigarro. Devemos ficar atentos que não somente as pessoas que fumam sofrem
as consequências do cigarro, mas, as que estão expostas à fumaça do cigarro
em algum ambiente.
FONTE: <https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTDW6C9vTcNwa0HM6NAj
G2Z2bV08V3T57s8KmIbmYUBWj12L4-J&s>.
3) Álcool: quando ingerimos álcool antes de cantar, nos sentimos mais soltos e
a laringe é levemente anestesiada, assim cometemos abusos vocais que serão
percebidos apenas após o efeito da bebida. Como consequência desses abusos
podemos sentir ardor, queimação e voz rouca e fraca. Assim, não devemos
tomar bebidas alcoólicas antes de cantar ou de falar muito. Além disso, o álcool
causa a desidratação e irritação do aparelho fonador.
FIGURA 18 – ÁLCOOL
7) Não gritar: deve-se ter o cuidado para não gritar, ou falar muito alto, forçando
assim a voz. Você precisa ter o cuidado para manter a intensidade vocal em
um nível moderado em todas as situações, mesmo que você esteja em um local
com muito barulho.
FIGURA 20 – AR CONDICIONADO
47
e estimular o refluxo. A cafeína pode ser encontrada também em alguns
refrigerantes. É importante evitar o consumo de cafeína antes de cantar ou
falar muito.
FIGURA 21 – CAFÉ
12) Roupa: não utilize roupas apertadas na região da garganta ou da cintura, para
que você possa utilizar com maior liberdade os músculos.
13) Evite falar ao fazer exercícios físicos, ou enquanto estiver carregando peso,
pois isso pode sobrecarregar o aparelho fonador.
48
maior rouquidão, podendo haver presença de aspereza. Assim, geralmente, a
rouquidão e a soprosidade são os principais sinais, que conseguimos identificar
por meio da audição, da presença de nódulos vocais. Segundo Behlau, Azevedo
e Pontes (2008), a pessoa com nódulos vocais pode também sentir fadiga vocal,
perda da potência da voz com o uso, dor na laringe ou no pescoço, e dificuldade
em produzir notas agudas.
FONTE: <https://www.msdmanuals.com/-/media/manual/professional/images/ent_
laryngeal_disorders_pt.gif?la=pt&thn=0>. Acesso em: 14 set. 2019.
49
NOTA
Não ocorre 0
Raramente ocorre 1
Ocorre às vezes 2
Ocorre muitas vezes 3
Ocorre sempre 4
50
QUADRO 8 – LISTA DE SITUAÇÕES DE ABUSO E MAU USO VOCAL E CONDIÇÕES
ADVERSAS À SAÚDE VOCAL
51
QUADRO 9 – CLASSIFICAÇÃO DO COMPORTAMENTO VOCAL
Você tem arriscado demais e pode vir a perder um dos maiores bens
que possui – sua voz. Talvez você já apresente uma disfonia e já tenha recorrido
a um especialista. Siga corretamente a orientação e o tratamento indicados.
Procure refletir sobre o modo como você se comunica com as pessoas, em
diferentes situações, caracterizando os principais focos de tensão e estresse de
seu dia a dia, procurando reunir condições para reverter esse quadro. Pense
o quanto sua vida se tornará difícil se você tiver de viver com uma limitação
vocal definitiva. Reaja!
52
se apresenta saudável, você ainda se apresenta saudável, você pertence a esse
raro tipo de indivíduo com resistência vocal a toda prova. Contudo, cuide-se,
pois a voz não é eterna e os limites do organismo mudam constantemente com
a idade e com as condições gerais de saúde. Além disso, seu comportamento
vocal pode estar sendo invasivo para seus interlocutores, representando
também um modelo vocal inadequado, principalmente para as crianças. Que
tal mudar?
Como o professor utiliza muito a voz, ele deverá ficar atento quando
aparecer algum desses sintomas, porque é sinal de que algo não vai bem:
rouquidão, cansaço ao falar, dor na garganta, garganta seca, dificuldade para
engolir, pigarro, instabilidade na voz, dificuldade para projetar a voz, sensação
de garganta “arranhando”. O professor atua como um modelo para seus alunos,
em especial o professor de música. Assim, os hábitos que o professor tiver em
suas aulas, poderão refletir diretamente na atividade vocal de seus alunos.
1) Tente modular a sua voz enquanto fala, evitando falar sempre na mesma
tonalidade. Procure trabalhar com entonações: forte, fraco... além de não forçar
a voz em uma única região, auxiliará na compreensão da mensagem a ser
transmitida.
2) Cuidar com a intensidade que você fala, se você fala com intensidade muito
forte, logo irá cansar sua voz, se você fala com intensidade muito fraca, os
alunos terão dificuldade para lhe ouvir.
3) Mantenha-se hidratado, não deixe para tomar água após falar, tome água
53
durante o dia, em pequenas frações.
4) Faça repousos vocais, você não pode falar por horas sem parar, senão irá
desgastar muito a sua voz.
5) A escola geralmente é um ambiente muito ruidoso, devemos cuidar para não
competir sonoramente com esses sons. Pois iremos cada vez falar muito alto,
o que irá desgastar nossa voz. Devemos evitar falar em locais muito ruidosos,
nem sempre isso é possível na escola, mas ainda podemos realizar alguns
ajustes. Por exemplo, se você for fazer uma atividade em um local muito aberto,
com muito ruído, explique a atividade em um ambiente mais silencioso, para
depois se deslocar para esse ambiente ruidoso.
6) Não tente competir com barulhos excessivos, por exemplo, quando passa um
carro tocando uma sirene, ou quando tiver uma obra.
7) Durante a aula, dê espaços para que os alunos possam participar, deixe eles
realizarem algumas leituras, e deixe os seus alunos falarem mais durante a
aula. Assim, você terá mais espaço para descansar sua voz, assim como irá
permitir que seus alunos participem mais das aulas.
8) Ao falar se movimente pela sala, para que todos os alunos possam lhe ouvir.
9) Faça gestos naturais enquanto fala. Utilize os gestos para reforçar pontos
específicos da sua fala.
10) Evite falar enquanto você estiver escrevendo no quadro, pois você estará
falando de costas para os alunos o que atrapalha a projeção da sua voz. Assim
você vai ter que falar com uma intensidade maior, desgastando mais a sua voz.
11) É importante cuidar da sua respiração enquanto fala, e realizar um aquecimento
vocal.
12) Ao final do dia faça um repouso vocal (ficar em silêncio) mais prolongado.
54
prevalentes nas professoras, uma vez que elas são em maior número na atividade
docente, e por possuírem ainda dupla jornada de trabalho: o docente e os afazeres
domésticos, o que contribui para o desenvolvimento de doenças relacionadas
ao estresse. Além disso, há a influência de fatores biológicos, como a ácido
hialurônico, que é uma proteína que atrai água para a lâmina própria das pregas
vocais e que diminui o trauma de superfície durante a emissão sonora. Esse ácido
é mais presente nos homens, o que pode explicar a menor frequência de nódulos
vocais neles (SOUZA et al., 2011).
Os autores ainda abordam que as patologias das pregas vocais foram mais
prevalentes em professores com mais de sete anos de docência. O uso intenso da
voz, somado ao falar alto e gritar podem ser as principais causas do aparecimento
dessas patologias. Outro fator que influenciou no surgimento das patologias, foi
o ambiente de trabalho, visto que nas escolas podemos encontrar ruído excessivo,
umidade, poeira, dentre outros fatores que podem influenciar na saúde vocal
(SOUZA et al., 2011).
55
UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS
LEITURA COMPLEMENTAR
1 INTRODUÇÃO
2 AFINAÇÃO VOCAL
Para explicar esta definição, é necessário entender o que seria esse acordo
perfeito entre as notas. Entendendo a altura de uma nota ou som musical definido
por sua frequência. Pelo fato de os princípios da afinação mudarem conforme as
culturas e épocas, é admissível que se escute uma música que corresponda a um
princípio de afinação que não consista no aguardado, tenha-se a ideia de que os
sons ouvidos estão desafinados.
56
TÓPICO 1 | FUNÇÃO VOCAL
3 DESAFINAÇÃO VOCAL
57
UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS
uma linha melódica. Desta forma, o problema pode ser corrigido ou reduzido,
mesmo que as decorrências podem mudar nos diferentes indivíduos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
[...]
58
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• A higiene vocal são os cuidados que temos que ter para assegurar uma saúde
vocal.
CHAMADA
59
AUTOATIVIDADE
1 O uso da voz em alta demanda, cantada ou falada, requer cuidados para que
possamos garantir uma boa saúde vocal. Observe as informações a seguir:
a) ( ) I, II, III.
b) ( ) II, III, IV.
c) ( ) II, III.
d) ( ) III, IV.
e) ( ) I, III, IV.
60
( ) É importante que o professor procure falar sempre na mesma tonalidade.
a) ( ) V – V – V – F.
b) ( ) V – F – V – V.
c) ( ) V – F – F – F.
d) ( ) F – F – V – F.
61
62
UNIDADE 2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
TÓPICO 4 – EXERCÍCIOS
CHAMADA
63
64
UNIDADE 2
TÓPICO 1
TÉCNICA VOCAL
1 INTRODUÇÃO
Nesta unidade estudaremos as questões relacionadas à técnica vocal.
O que é técnica vocal? Na unidade anterior abordamos as questões sobre
a respiração e sua importância no momento da fala e do canto. Neste tópico,
trataremos das questões referentes à ressonância, articulação, emissão e projeção
vocal. Enquanto professor, você poderá trabalhar com as atividades apresentadas,
procurando uma melhora em sua produção vocal, tendo em vista que a voz é seu
instrumento de trabalho. No entanto, os exercícios são direcionados para o ensino
e aprendizagem do canto.
65
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
FIGURA 1 – VIDEOLARINGOSCOPIA
FONTE: <http://srv218.teste.website/~otorrinoc/wp-content/uploads/2017/09/exame-
viodelaringoscopia.png>. Acesso em: 5 fev. 2020.
2 RESSONÂNCIA
Você já deve ter se perguntado, o que acontece com o som depois que
sai das pregas vocais? Sabemos que o ar, vindo dos pulmões, ao fazer vibrar as
pregas vocais, produz um som semelhante ao som de vibração de língua, que
necessita encontrar uma caixa de ressonância para poder amplificar-se. O aparelho
ressonador é o local onde se tira a qualidade do som, e influencia também na
constituição do timbre, na sonoridade e amplitude da voz. Desta forma, o que
escutamos não é somente o som que sai de nossas pregas vocais, escutamos um
66
TÓPICO 1 | TÉCNICA VOCAL
som que é modificado ao passar por nosso trato vocal, podendo ser amplificado
ou abafado (PACHECO; BAÊ, 2006), assim a forma do trato vocal determina as
propriedades de ressonância. Sobre os órgãos e músculos que fazem parte do
nosso trato vocal, estudaremos na próxima seção. Vamos recapitular!
67
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
FONTE: <http://srv218.teste.website/~otorrinoc/wp-content/uploads/2017/09/exame-
viodelaringoscopia.png>. Acesso em: 5 fev. 2020.
E
IMPORTANT
68
TÓPICO 1 | TÉCNICA VOCAL
1) inspire profundamente;
1) inspire profundamente;
3) coloque as mãos no peito para sentir a vibração (MARSOLA; BAÊ, 2001, p. 17).
FONTE: <https://acordesprajesus.files.wordpress.com/2017/07/voz-humana-aparelho-fonador.
jpg>. Acesso em: 5 fev. 2020.
69
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
NOTA
DICAS
70
TÓPICO 1 | TÉCNICA VOCAL
FIGURA 4 – FARINGE
FONTE: <https://sites.google.com/site/sistdigestorio/_/rsrc/1401294071511/home/
faringe/Faringe.png>. Acesso em: 5 fev. 2020.
71
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
O palato mole também faz parte das estruturas que formam a faringe,
sendo “importante para a ressonância do som” (PACHECO; BAÊ, 2006, p. 52).
Quando elevamos o palato, ampliamos o espaço da orofaringe e fechamos o espaço
da nasofaringe. A úvula faz parte do palato mole, auxiliando no fechamento da
nasofaringe na emissão de sons orais. Quando produzimos sons nasais, o palato
mole se abaixa e permite que o som passe pelas cavidades nasais. Pacheco e
Baê (2006) ressaltam que os movimentos de elevação do palato mole podem ser
observados no início de um bocejo. A Figura 5 apresenta o palato dividido em
palato mole e palato duro.
FIGURA 5 – PALATO
72
TÓPICO 1 | TÉCNICA VOCAL
NTE
INTERESSA
3 ARTICULAÇÃO
Articulação é a movimentação muscular dos órgãos que participam
no processo de produção dos sons, nos momentos de fala ou de canto, como
os dentes, a língua, os músculos faciais e o maxilar. A articulação vocal, ajuda
na dicção, interferindo na pronúncia das palavras. Segundo Coelho (1994), a
articulação vocal é uma série de movimentos realizados pelas partes móveis das
cavidades de ressonância através dos quais o ruído e o som glótico, os sons que
são produzidos pelas pregas vocais, se transformam em palavras e linguagem.
Coelho (1994, p. 43) apresenta que “a boa dicção inclui pronúncia correta,
enunciação clara, movimentos musculares livres e depende da ação correta do
sistema articulatório".
Uma boa articulação precede uma boa dicção, possibilitando uma maior
compreensão de texto, e facilitando assim sua interpretação. No canto essa prática,
além de facilitar o entendimento do texto, possibilita um menor esforço ósseo-
muscular. Assim, exercícios de articulação, que serão apresentados mais adiante,
devem ser realizados em frente ao espelho, pois segundo Coelho (1994, p. 44)
nenhum de nós jamais viu seu próprio rosto – pelo menos não da forma como os
outros o veem. “[...] ao cantarmos, o centro de atenção de todos está localizado
exatamente no ponto mais desconhecido por nós mesmos”.
NTE
INTERESSA
73
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
FIGURA 6 – ARTICULADORES
74
TÓPICO 1 | TÉCNICA VOCAL
DICAS
Para sentir o movimento do palato mole, inspire; emita a vogal “a”, passando
em seguida para “an”; se necessário, encoste um dos dedos no palato mole para sentir
melhor o movimento. Ao realizarmos este exercício, “a” e “an” várias vezes dentro de uma
respiração, vamos perceber o movimento do palato mole no “a” para trás (saída de ar pela
boca) e no “an” para frente (saída de ar pelo nariz) (PACHECO; BAÊ, 2006, p. 52).
75
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
DICAS
76
TÓPICO 1 | TÉCNICA VOCAL
77
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
78
TÓPICO 1 | TÉCNICA VOCAL
FONTE: As autoras
79
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os articuladores são estruturas que fazem parte do trato vocal, com as cavidades
de ressonância modulam, modificam e amplificam o som.
80
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) V – V – V – V.
c) ( ) F – V – V – F.
d) ( ) V – F – F – V.
81
c) ( ) A parte denominada orofaringe é responsável pelos sons orais e nasais.
d) ( ) A nasofaringe corresponde ao espaço logo ao fundo da cavidade nasal.
82
UNIDADE 2 TÓPICO 2
INTERPRETAÇÃO VOCAL
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos as questões relacionadas à interpretação
vocal. Você estudará mais profundamente a importância de uma boa emissão e
projeção vocal, às quais ampliam as possibilidades de interpretação e expressão
do cantor. Como já vimos no capítulo anterior, a voz é uma forma de expressão e
comunicação, e não somente na voz falada, mas na voz cantada também.
83
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
DICAS
Uma dica para encontrar a melhor forma de projetar a sua voz é gravar áudios
de você mesmo cantando para entender os seus próprios volumes.
DICAS
Imagine uma bola arremessada em uma parede. Para voltar ao arremessador, ao jogá-
la, ele deverá utilizar de uma força muscular, neste caso, estarão envolvidos os membros
inferiores e superiores (pernas e braços). Assim é o som. Este deve ser arremessado, e a
força muscular com o trabalho de respiração e articulação. Experimente! Você pode “jogar”
o som para uma colega, podendo utilizar as questões da intensidade: forte...fraco...
84
TÓPICO 2 | INTERPRETAÇÃO VOCAL
3 VOZ E INTERPRETAÇÃO
Interpretar é a forma com que você executa uma determinada canção,
trazendo sua personalidade para a música. O maior desafio de cantores iniciantes,
é colocar sua personalidade e identidade ao cantar. A interpretação também
está ligada com as emoções, as quais são postas pelo compositor, e devem ser
transmitidas aos ouvintes pelo cantor. Segundo Amato (2006, p. 66) “o canto deve
ser entendido como uma forma de expressão e comunicação dos sentimentos,
tanto quanto a fala, sem dicotomizar a racionalidade que está presente na voz
falada e a emoção inserida na voz cantada”.
Todo o nosso corpo participa do ato de cantar, “toda voz habita um corpo
e quando ela soa todo este corpo vibra, movimenta-se sentido as sensações dessa
vibração” (MARSOLA; BAÊ, 2000, p. 59). Além de cantar afinado, utilizando
corretamente todos os recursos corporais disponíveis, o cantor deve buscar a
emoção. A emoção quando é verdadeira, faz com que o corpo reaja através de
gestos, expressões faciais e corporais (MARSOLA; BAÊ, 2000).
UNI
85
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
UNI
(Frances Aronoff)
FONTE: Brito (2003, p. 90)
86
TÓPICO 2 | INTERPRETAÇÃO VOCAL
DICAS
1. Falar o texto da canção em voz alta, para que o ouvido se habitue à diferenciação
das vogais e à clareza das consoantes.
87
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
9 - Não acredite em tudo o que dizem que é bom para a voz, pois nem sempre
é.
89
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
• Uma boa projeção vocal precede uma boa respiração, articulação e ressonância
vocal, as quais são melhoradas com a realização de exercícios específicos.
• Para uma boa projeção vocal, também é preciso considerar as questões acústicas
dos espaços.
• Interpretar é a forma como o cantor executa uma canção, imprimindo nela sua
personalidade.
90
RESUMO DO TÓPICO 2
• A emissão e a projeção vocal estão ligadas à amplificação da voz, isto é, ao
volume vocal produzido.
• Uma boa projeção vocal precede uma boa respiração, articulação e ressonância
vocal, as quais são melhoradas com a realização de exercícios específicos.
• Para uma boa projeção vocal, também é preciso considerar as questões acústicas
dos espaços.
• Interpretar é a forma como o cantor executa uma canção, imprimindo nela sua
personalidade.
91
AUTOATIVIDADE
II- Uma boa projeção auxilia para que a emissão vocal aconteça com menos
esforço, seja na voz falada ou cantada.
III- O espaço onde é realizada a atividade de canto também contribui para uma
boa projeção vocal. A acústica do espaço poderá ou não a favorecer.
IV- Para uma boa projeção vocal não é interessante a realização do apoio
respiratório, uma vez que a projeção da voz depende apenas da ação dos
articuladores.
Estão CORRETAS:
a) ( ) I, II e III.
b) ( ) I, II e IV.
c) ( ) II e IV.
d) ( ) II, III e IV.
a) ( ) F – V – V – V.
b) ( ) V – V –V – V.
c) ( ) V – F – V – F.
d) ( ) F – F – F – V.
92
3 Com relação à preparação de uma apresentação musical pública, é correto
afirmar, EXCETO:
93
94
UNIDADE 2 TÓPICO 3
CARACTERÍSTICAS VOCAIS
1 INTRODUÇÃO
Como já vimos no Tópico 1, o timbre é característica que permite reconhecer
a origem do som. Dependendo do som que ouvimos, “podemos identificá-lo
como sendo de um piano, de um violino ou de uma voz” (PACHECO; BAÊ, 2006,
p. 47). Com relação à voz não existem timbres iguais, pois o timbre é único para
cada pessoa, enfatizando as características vocais de cada um.
2 VOZES INFANTIS
95
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
NTE
INTERESSA
O canto acompanha a vida da criança desde que ela nasce por meio de
cantigas de ninar e, à medida que ela vai crescendo, outras canções vão surgindo,
com os jogos e rodas. Brito (2003) ressalta que o bebê cantarola algumas linhas
melódicas antes dos seis meses, antes mesmo da fala, que acontece aos poucos,
próximo aos nove meses começa a habilidade de produzir as vogais e próximo
aos doze meses, as consoantes.
O desenvolvimento vocal das crianças deve ser muito rico. Muito mais
que cantar, é importante brincar com a voz, explorando e experimentando
possibilidades sonoras. Segundo Beyer (1998, p. 31), “a música é vista como
um elemento humanizador das crianças”. Conforme Brito (2003), cantar com as
crianças, estabelece um vínculo afetivo e prazeroso. Cantando coletivamente,
aprendemos a ouvir a nós mesmo, o outro e ao grupo como um todo. Dessa forma,
desenvolvemos também aspectos da personalidade, como atenção, concentração,
cooperação e espírito de equipe.
96
TÓPICO 3 | CARACTERÍSTICAS VOCAIS
DICAS
97
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
3 VOZES ADOLESCENTES
fica impossibilitado de alcançar com precisão notas extremas, tanto para o grave
como para o agudo, este fato se deve em função da mudança anatômica da prega
vocal, denominada muda vocal.
NTE
INTERESSA
99
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
DICAS
Você pode observar que há uma preocupação com a mudança vocal nos
100
TÓPICO 3 | CARACTERÍSTICAS VOCAIS
FONTE: <https://pt.scribd.com/document/386929931/Partitura-Gabril-Levy-Quando-a-morena>.
Acesso em: 28 out. 2019.
101
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
DICAS
Ouça a gravação da ciranda realizada pelo Coral do Projeto Guri, formado por
jovens. O vídeo está disponível no link https://www.youtube.com/watch?v=wlzOkZpoIbA.
4 VOZES ADULTAS
DICAS
102
TÓPICO 3 | CARACTERÍSTICAS VOCAIS
103
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
DICAS
E
IMPORTANT
Para trabalhar uma canção com adultos, o professor pode inicialmente fazer a
parte rítmica, apresentando ao aluno a teoria musical, estudar a parte melódica e por fim,
trabalhar a interpretação.
É importante você lembrar! Para cantar bem, uma série de fatores estão
envolvidos (físicos, psicológicos), e independente da faixa etária é importante
realizar exercícios de preparação e técnica vocal. Você conhecerá os exercícios no
próximo tópico.
104
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
105
AUTOATIVIDADE
a) ( ) I, II e IV.
b) ( ) I, II e III.
c) ( ) II, III e IV.
d) ( ) II e IV.
106
UNIDADE 2
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 4, você aprenderá exercícios direcionados à técnica vocal. Estes
exercícios irão preparar a voz e o corpo como um todo para a atividade da fala e
do canto. Trataremos da importância do relaxamento corporal e do aquecimento
e desaquecimento vocal após a prática do canto.
107
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
E
IMPORTANT
108
TÓPICO 4 | EXERCÍCIOS PARA TÉCNICA VOCAL
Objetivo Procedimento
Postura Buscar relaxamento (pescoço, Posição 1: pedir que todos fiquem de
ombros, costas etc.) e uma pé, braços relaxados ao longo do corpo,
posição ereta que beneficie a olhando para frente sem elevar o queixo,
coluna de ar. pés paralelos ligeiramente afastados,
coluna ereta.
109
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
Para conceituar o termo afinação, Sobreira (2002, p. 58), aponta que deve
se levar em consideração aspectos como: influências fisiológicas e emocionais, ou
de estado de humor, e cultura na qual o cantor está inserido. As autoras enfatizam
que tanto a afinação quanto a desafinação devem ser analisadas a partir não
apenas do ponto de vista acústico, mas também do cultural, sendo esse último o
fator – o mais influente – na definição de ambos os termos.
110
TÓPICO 4 | EXERCÍCIOS PARA TÉCNICA VOCAL
frequência que foi tocada ou ouvida na melodia original a ser cantada. Tafuri (2000)
também afirma, afinar é uma questão cultural que adquire sentido e importância
diferente em contextos culturais e, por isso, é preciso não absolutilizá-lo, porém,
para nossa cultura é um elemento determinante, sobretudo, pelos aspectos sociais
como cantar em uma festa de aniversário – cantar em grupo.
111
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
4) Relaxamento cervical: faça uma massagem cervical com a ponta dos dedos.
FONTE: As autoras
112
TÓPICO 4 | EXERCÍCIOS PARA TÉCNICA VOCAL
respiração.
• Bocejos vocálicos: fazer bocejos com sons, bem ampliados com terminação em
“m”: Ahhhhhhhhhmmm; Ehhhhhhmmmm, e assim com todas as vogais.
• Emitir: “nnn” com um leve sorriso, em seguida “mmm” e após fazer a emissão
das vogais.
4 VOCALIZES
1) Mantenha uma atitude relaxada (mas não largada). Sua coluna deve estar reta,
e seu peso distribuído uniformemente sobre as duas pernas. Rosto, pescoço e
ombros devem estar livres de tensão.
3) Procure bocejar antes dos exercícios. Durante o bocejo, você eleva naturalmente
o palato e abaixa a base da língua; além disso, o som do bocejo é um excelente
modelo para a sonoridade da voz cantada.
113
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
DICAS
114
TÓPICO 4 | EXERCÍCIOS PARA TÉCNICA VOCAL
FONTE: <http://1.bp.blogspot.com/-hEJVR00p_EA/UU8cCkK8SDI/AAAAAAAAAPQ/
IDWrMwmtVjw/s400/vocalize+1.png>. Acesso em: 16. out. 2019.
FONTE: <http://2.bp.blogspot.com/-A1bdRhlDYhg/UU8cCR2RzOI/AAAAAAAAAPM/yeXPhJohwj4/
s400/vocalize+2.png>. Acesso em:16 out. 2019.
<http://2.bp.blogspot.com/-3R2lowS1e5c/UU8cCvQMIMI/AAAAAAAAAPU/mvr7cf4YXIo/s400/
vocalize+5.png>. Acesso em: 16 out. 2019.
115
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
Caso você trabalhe com este público, os vocalizes podem ser os mesmos
realizados pelas vozes adultas, os quais serão abordados a seguir.
FONTE: <http://canone.com.br/images/stories/users/file/artigos/canto/vocalizes_2/voc_03.gif>.
Acesso em:17 out. 2019.
FONTE: <https://musicaeadoracao.com.br/recursos/imagens/tecnicos/tecnica/voc_04.gif>.
Acesso em: 20 out. 2019.
FONTE: <https://musicaeadoracao.com.br/recursos/imagens/tecnicos/tecnica/voc_02.gif>.
Acesso em: 15 out. 2019.
116
TÓPICO 4 | EXERCÍCIOS PARA TÉCNICA VOCAL
117
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
118
TÓPICO 4 | EXERCÍCIOS PARA TÉCNICA VOCAL
VOCALIZE 15 – PARA TREINAR STACCATO E LEGATO: A PRIMEIRA FRASE DEVE SER CANTADA
COM STACCATO (SONS CURTOS) E A SEGUNDA FRASE COM LEGATO (LIGANDO AS NOTAS)
119
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
Para trabalhar a articulação, além dos vocalizes, você pode realizar também
trava-línguas. No estudo do canto, os trava-línguas auxiliam para melhorar a
dicção e a pronúncia das palavras. Segundo Leffa (2004), um trava-línguas pode
ser definido como uma expressão ou frase difícil de pronunciar quando falada
rapidamente, devido a aliteração ou a repetição de sons semelhantes.
120
TÓPICO 4 | EXERCÍCIOS PARA TÉCNICA VOCAL
Em pequenos diálogos:
• O seu Tatá tá? — Não, o seu Tatá não tá, mas a mulher do seu Tatá tá. E quando
a mulher do seu Tatá tá, é a mesma coisa que o seu Tatá tá, tá? — Tá.
• Qual é o doce mais doce que o doce de batata doce? O doce mais doce que o
doce de batata doce é o doce feito com o doce do doce de batata doce
E em pequenos textos:
• O vento perguntou pro tempo qual é o tempo que o tempo tem. O tempo
respondeu pro vento que não tem tempo pra dizer que o tempo do tempo é o
tempo que o tempo tem.
• Compadre compre pouca capa parda porque quem pouca capa parda compra
pouca capa parda gasta. Eu pouca capa parda comprei e pouca capa parda
gastei.
• Pardal pardo, por que palras? Palro sempre e palrarei, porque sou pardal pardo
palrador del-rei.
• Num ninho de mafagafos tinham seis mafagafinhos. Quem os desmafagafizar,
bom desmafagafizador será.
121
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
LEITURA COMPLEMENTAR
122
TÓPICO 4 | EXERCÍCIOS PARA TÉCNICA VOCAL
Ante o exposto, podemos perceber que a voz, seja ela cantada ou falada,
é um fenômeno complexo sujeito a uma série de variantes. O ato de cantar é
caracterizado por processos que envolvem funções cognitivas, físicas, emocionais
e acústicas, internas e externas. Tais processos constituem o objeto de estudo das
pedagogias vocais, sejam elas quais forem. Assim, uma melhor compreensão do
ato de cantar somente é possível a partir da análise das inter-relações existentes
entre cada um desses fenômenos.
Contexto atual
Uma vez que a voz é um fenômeno complexo, uma abordagem que priorize
a complexidade dos fenômenos se faz necessária. Nesse sentido, os conceitos de
Morin acerca do pensamento sistêmico, dos princípios dialógico e hologramático
podem contribuir de forma significativa para uma melhor compreensão dos
processos de ensino e aprendizado do canto.
123
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
124
TÓPICO 4 | EXERCÍCIOS PARA TÉCNICA VOCAL
É preciso que haja, por parte do professor, uma atitude tanto dialógica, ao
levar em conta as contradições presentes na emissão vocal, como hologramática,
sempre contextualizando os fenômenos através de uma interligação dinâmica
entre o todo e as partes.
125
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
Sá (2013, p. 132) afirma que “o sistema não pode ser uma totalidade
fechada em relação ao seu entorno ou a outros sistemas”. O professor de canto
não pode se fechar à diversidade de estilos de canto presentes no contexto
brasileiro, não pode ignorar as particularidades de cada um deles, e, ainda que
opte por um lócus de produção específico, deve estar ciente de que as abordagens
por ele utilizadas nesse lócus não são universais e podem não funcionar em
outros estilos. Ainda que alguns recursos técnicos utilizados em um estilo sejam
semelhantes aos de outro estilo, não significa que as práticas empregadas sejam
iguais (PICCOLO, 2006). Ao levar em conta o complexus, os diferentes fios que se
entrecruzam e que formam aquela voz, aquele estilo, e abarcar os mais diversos
saberes dialogando com a diversidade das complexidades, o professor poderá
propiciar um desenvolvimento técnico satisfatório a seus alunos.
126
TÓPICO 4 | EXERCÍCIOS PARA TÉCNICA VOCAL
127
UNIDADE 2 | A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS
128
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os vocalizes são exercícios vocais com notas musicais, isto é, com altura
definida.
CHAMADA
129
AUTOATIVIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
131
132
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Na educação básica é comum vermos professores que utilizam o canto
em suas aulas, principalmente com as crianças menores. Muitas vezes o canto
tem servido apenas como apoio para outros fins, como cantar para aprender
conteúdos de outras disciplinas, ou cantar para marcar os diferentes momentos
que acontecerão durante a aula (música de chegada, música do recreio, música
para lavar as mãos, música de saída, entre outras). Muitas vezes quem trabalha a
prática vocal, não é um professor que tem preparo para realizar esse trabalho, o
que pode causar grandes danos à voz infantil ou adolescente.
133
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
134
TÓPICO 1 | O CANTO NA EDUCAÇÃO MUSICAL
vocal do bebê:
Idade Desenvolvimento
Primeiros meses de vida O bebê explora uma grande quantidade de sons vocais, para
se preparar para a fala, sem se limitar aos sons e fonemas
presentes em sua língua materna, isso começa a acontecer
a partir dos oito meses. Quando emite os sons vocais, com
movimentos sonoros ascendentes (do grave para o agudo)
ou descendentes (do agudo para o grave), o bebê não emite
o som buscando uma afinação baseado no seu repertório
cultural, mas explora as qualidades dos sons, descobrindo e
ampliando novas possibilidades.
Cantar com as crianças, de maneira mecânica, não significa que estamos fazendo
música com elas. O mesmo acontece nos momentos de rotina na escola (música
da entrada, do lanche, de lavar as mãos), essas cantigas de rotina são repetitivas,
monótonas, mecânicas e não se constituem como uma aula de educação musical.
As crianças precisam ter a oportunidade de desenvolver sua expressão, para
isso é importante que nós como professores permitamos que ela possa criar seus
gestos, que possam observar e imitar os colegas e que possam se concentrar na
interpretação da canção sem ter que realizar gestos comandados em todo o tempo
(BRITO, 2003).
136
TÓPICO 1 | O CANTO NA EDUCAÇÃO MUSICAL
Tempo máximo
de fonação (é o
tempo medido em
As mulheres sustentam As mulheres sustentam
segundos, que um
Sustenta no máximo acima de 15 segundos. acima de 10 segundos.
sujeito consegue
até 12 segundos. Os homens sustentam Os homens sustentam
sustentar uma vogal,
acima de 20 segundos. acima de 15 segundos.
na altura e intensi-
dade normais da
fala).
Moderada para Tem tendência a ser
Intensidade Extensão ampla.
elevada. reduzida.
137
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
Canta afinado.
Pode começar a desenvolver, com o
acompanhamento do professor, a voz de
De 6 a 7 anos
cabeça (notas na região aguda).
Começa a controlar a sua voz recorrendo à
expressividade.
Canta afinado em um âmbito de oitava com
De 7 a 8 anos
uma tessitura pequena.
Canta afinado em um âmbito de oitava com
uma tessitura pequena.
De 8 a 9 anos
Consegue cantar canções com uma base
harmônica definida.
Canta afinado em um âmbito de oitava com
uma tessitura pequena.
De 9 a 10 anos Pode sofrer a primeira mudança vocal (mais
comum nos meninos).
Consegue cantar diferentes tipos de canções.
Canta afinado em um âmbito de oitava com
uma tessitura pequena.
De 10 a 11 anos Escolhe canções ao seu gosto.
Canta a 2 vozes para além da voz que
contêm a melodia principal.
Canta afinado em um âmbito de oitava com
uma tessitura pequena.
De 11 a 12 anos É muito seletivo na escolha do repertório.
Canta a 3 vozes para além da voz que
contêm a melodia principal.
138
TÓPICO 1 | O CANTO NA EDUCAÇÃO MUSICAL
só.
7) É aconselhável não ultrapassar o tempo de 15 a 20 minutos, do uso da voz
cantada das crianças.
8) Utilizar um repertório em um registro confortável para as crianças, evitando os
extremos agudos.
9) Utilizar a expressividade musical sem que a criança esforce a sua voz, deve-se
evitar o uso de grandes contrastes de dinâmica.
10)
Ser cuidadoso ao utilizar exemplos do que se espera da criança, uma vez que
o professor serve de modelo para a criança, e que a criança geralmente imita o
som a ser produzido.
11) Ajustar o repertório para uma tonalidade confortável para a criança (COELHO,
2012).
139
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
140
TÓPICO 1 | O CANTO NA EDUCAÇÃO MUSICAL
141
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
8 anos
Crescimento ainda lento e
gradual. Braços e mãos crescem Maior repertório de canções longas.
Desenvolvimento físico em maior proporção.
Olhos agora aptos para a visão Cantam de cor e com uso de
de perto e de longe. partitura.
Deve-se planejar atividades
musicais em função das diferenças
Nova consciência de diferenças
individuais. Há crianças aptas à
individuais.
cantar cantigas de roda e melodias
populares, outras não.
Deve-se ter no repertório canções
Impulsivas, mais entusiasmadas que enfatizam segurança.
do que conscientes. Alto índice
de casualidade.
142
TÓPICO 1 | O CANTO NA EDUCAÇÃO MUSICAL
9 anos
Deve-se promover um programa
Diferenças individuais distintas
musical variado a fim de se adequar
e claras.
às diferenças individuais. Atitudes
Habilidades aparentes.
de afinação, se necessário.
Atividades musicais devem durar
Capazes de manter o aproximadamente 30 minutos.
interesse prolongadamente. Partituras de canto simples podem
Frequentemente fazem planos e ser introduzidas. Deve-se promover
vão adiante com eles. experiências criativas nas atividades
musicais.
Forte tendência a formarem
Repertório pode conter canções
Reações características grupos só de meninas e grupos
onde os meninos cantam uma
só de meninos, fechados, de
parte e as meninas outra.
curta duração e rotatividade alta.
P e r f e c c i o n i s t a s , q u e r e m P ro f e s s o r d e v e e n c o r a j a r o
d e s e m p e n h a r b e m s u a s desenvolvimento da autoconfiança
a t i v i d a d e s , m a s p e rd e m o por meio da participação bem-
interesse se desencorajadas ou sucedida em atividades individuais
pressionadas. ou grupais.
Menor interesse em contos de
fadas e fantasias, maior interesse Repertório deve conter canções
na comunidade, no seu país, em relacionadas à realidade da vida.
outros países e pessoas.
Jogos ativos e vigorosos. Canções de atividades e ritos ativos.
Explanações moderadas, falar Explicações claras e simples sobre
143
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
10 a 11 anos
Falta de coordenação motora. As
relações de força e movimento se
alteram continuamente, levando a
Rápido crescimento muscular.
uma falta de controle do próprio
Desenvolvimento físico corpo.
2.1 EXERCÍCIOS
É interessante que os exercícios utilizados com as crianças sejam
realizados de forma lúdica, com temas que façam parte do contexto da criança, o
que tornará o aprendizado mais significativo. Ao iniciar as aulas com exercícios
de relaxamento, estamos ajudando as crianças a se concentrar, assim como
preparando a musculatura delas para o trabalho vocal.
Exercícios de relaxamento
1) Para realizar esse exercício, as crianças precisam estar deitadas no chão com
a barriga para cima, se possível as cortinas devem estar fechadas e as luzes
apagadas, mas a sala não deve estar totalmente escura, uma vez que você se
movimentará pela sala. Antes de iniciar o exercício, você pode explicar para
as crianças de uma maneira simples, que durante esse exercício elas precisam
se concentrar e ficar em silêncio, pois será um momento de relaxamento.
144
TÓPICO 1 | O CANTO NA EDUCAÇÃO MUSICAL
DICAS
Exercícios de respiração
145
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
146
TÓPICO 1 | O CANTO NA EDUCAÇÃO MUSICAL
8) A parte final do próximo exercício pode ser utilizada para exercitar o controle
respiratório, ao se buscar fazer a sequência de quatro colcheias em um único
fluxo.
9) Esse exercício da Figura 5 pode ser utilizado com crianças acima de nove anos.
Deve-se ter o cuidado de quando for executado em regiões agudas, que seja
realizado de forma gradual e cuidadosa com o aparelho fonador infantil.
147
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
10)Esse exercício da Figura 6 é indicado para crianças acima de nove anos, no final
é realizado um glissando.
2.2 REPERTÓRIO
No trabalho de musicalização com crianças, é importante apresentar para
elas, canções do cancioneiro infantil tradicional, música popular brasileira, música
regional e de outros povos. As crianças não devem apenas cantar o repertório que
é apresentado a elas, que já está pronto, mas é importante também estimular a
improvisação e invenção de canções (BRITO, 2003).
148
TÓPICO 1 | O CANTO NA EDUCAÇÃO MUSICAL
149
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
150
TÓPICO 1 | O CANTO NA EDUCAÇÃO MUSICAL
FIGURA 9 – BAMBALALÃO
Brito (2003) sugere que esse brinco seja realizado balançando-se como
cavalinho.
Brito (2003) propõe que nesse brinco, o adulto deve sentar-se no chão com
os joelhos dobrados e os pés apoiados no chão. Deve-se colocar o bebê sentado
sobre os seus joelhos e acompanhar a música como se estivesse galopando.
Quando a música terminar, ele deve abaixar os joelhos e esticar as pernas.
151
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
Dedo Mindinho
Dedo mindinho,
Seu vizinho,
Maior de todos,
Fura-bolos,
Cata-piolhos.
Paca,
Cotia,
Tatu,
Traíra,
Muçu.
Cadê o bolinho que estava aqui?
O gato comeu.
Foi por aqui, por aqui, por aqui...
Essa brincadeira deve ser realizada com os cinco dedos da mão. Agora,
apresentaremos algumas parlendas sugeridas por Brito (2003):
152
TÓPICO 1 | O CANTO NA EDUCAÇÃO MUSICAL
153
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
FIGURA 14 – SAMBA-LELÊ
Samba-lelê tá doente
Tá com a cabeça quebrada
Samba-lelê precisava
É de umas boas lambadas
(Refrão)
Samba, samba, samba, ô lelê
Pisa na barra da saia ô lelê (bis)
154
TÓPICO 1 | O CANTO NA EDUCAÇÃO MUSICAL
FIGURA 15 – BAMBU
Em seu livro Brito (2003), sugere que as canções devem fazer parte do
repertório infantil. A canção é um gênero que une a música e a poesia. Como no
exemplo dado pela autora da canção "Canto do povo de um lugar", de Caetano
Veloso:
DICAS
Você pode ouvir essa canção assistindo ao vídeo disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=Uj-kQGdK1q8.
155
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
DICAS
Você pode ouvir essa canção assistindo ao vídeo disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=wuuPJn47n4I.
156
TÓPICO 1 | O CANTO NA EDUCAÇÃO MUSICAL
DICAS
Você pode ouvir essa canção assistindo ao vídeo disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=h11-DDDaDOg.
DICAS
Você pode ouvir essa canção assistindo ao vídeo disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=WV_IFbr6-4w.
Outra sugestão de obras que podem ser utilizadas como repertório com as
crianças, são as canções da Palavra Cantada, fundada pelos músicos Sandra Peres
e Paulo Tatit, em 1994, com músicas compostas para crianças. Palavra Cantada já
gravou alguns CDs voltados para o público infantil e publicou materiais voltados
para educação musical, com livros para alunos e professores.
157
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
FONTE: <https://emc.acidadeon.com/dbimagens/programese/lnvTEiY15102018134944.jpg>.
Acesso em: 16 dez. 2019.
DICAS
Você pode ouvir várias canções da Palavra Cantada que estão disponíveis no
Youtube, como: https://www.youtube.com/watch?v=uAVPMdtpVwM. No site oficial da Palavra
Cantada, você pode conferir as cifras de algumas músicas, disponível em: http://palavracantada.
com.br/.
158
TÓPICO 1 | O CANTO NA EDUCAÇÃO MUSICAL
FONTE: <https://biabedran.com.br/wp-content/uploads/2018/07/slide-show-cancoes-historias-
brincadeiras-03.jpg>. Acesso em: 16 dez. 2019.
DICAS
159
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
FONTE: <http://ceciliacavalierifranca.com.br/wp-content/themes/cecilia/images/banner1.png>.
Acesso em: 16 dez. 2019.
DICAS
160
TÓPICO 1 | O CANTO NA EDUCAÇÃO MUSICAL
DICAS
161
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
FIGURA 25 – BARBATUQUES
DICAS
Essas são algumas sugestões de repertório que podem ser utilizados com
bebês e crianças, mas ainda há muitos outros exemplos de músicas que podem ser
trabalhas na prática vocal com as crianças, como por exemplo, músicas de cada
região do país e músicas de outras culturas. Essas sugestões, não servem como
modelo pronto do repertório a ser utilizado, uma vez que precisamos adaptar às
especificidades dos estudantes e objetivos da aula.
162
RESUMO DO TÓPICO 1
• O canto é utilizado como uma das atividades que fazem parte da educação
musical, e é muito utilizado na educação básica, uma vez que quase todos
possuem o elemento fundamental para cantar: a voz.
• O canto, na educação básica, deve ser visto como uma atividade significativa,
que constitui a educação musical, e não somente como uma atividade para
outros fins (para determinar os diferentes momentos, como facilitador de
aprendizagem de outras disciplinas e apenas como resultado para uma
apresentação).
163
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – V – F – F.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) F – F – F – V.
d) ( ) F – V – F – V.
164
adequadas para a extensão vocal dele.
c) ( ) A escolha do repertório deve respeitar as características vocais das
crianças.
d) ( ) Podemos utilizar com as crianças, o mesmo repertório utilizado com
os adultos.
165
166
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Durante a adolescência, tanto as meninas quanto os meninos passam pela
muda vocal. O processo de muda vocal nos meninos ocorre entre 13 e 15 anos, e
nas meninas ocorrem entre os 12 e 14 anos. Na puberdade há um crescimento da
laringe e um alargamento das pregas vocais. Durante a puberdade, o adolescente
perde o controle e a estabilidade vocal, no qual são alterados a extensão vocal,
o timbre e a sustentação da voz. Nesse período, a extensão vocal pode diminuir
uma oitava para os meninos e meia oitava para as meninas, e os adolescentes
perdem a precisão em notas extremas, tanto para o grave quanto para o agudo
(MOTA; ANDRADE; LINHARES, 2011).
Um cuidado que se deve ter é beber muita água durante a prática vocal,
assim como realizar um repouso vocal quando o adolescente perceber que
tensionou seu trato vocal. Henry Leck (2009 apud MOTA; ANDRADE; LINHARES,
2011), especialista em coral para adolescentes, aborda que as vozes masculinas
167
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
não devem cantar apenas na região grave, uma vez que ao passar pela muda
vocal não significa que a voz sofreu a mudança da região aguda para a grave, mas
sim que sofreu uma expansão. Quando os meninos permanecem cantando na
voz aguda, eles mantêm a voz que utilizavam antes da muda vocal. Após a muda
vocal, a voz aguda serve de base para a voz grave e, assim, na fase de muda vocal,
os meninos que durante os vocalizes partem das notas agudas descendo para as
graves expandem o agudo e desenvolvem a voz grave, exercitando essa passagem
do agudo para o grave (LECK, 2009 apud MOTA; ANDRADE; LINHARES, 2011).
2 EXERCÍCIOS
Exercícios de alongamento
1) Rodar os ombros para trás e para frente. Depois subir os ombros fazendo
pressão em direção às orelhas e relaxar em seguida.
2) Massagear o rosto e o pescoço com as pontas dos dedos.
3) Em dupla, realizar o jogo do espelho: um estudante é o líder e realiza
movimentos lentos e contínuos com o corpo, a sua dupla repete todos os
movimentos. Depois a dupla troca os papéis.
4) Jogo da confiança: um estudante fecha os olhos, o outro o guia pela sala, o
estudante que está com os olhos fechados precisa explorar o local apenas com
as ponta do dedo indicador. Depois a dupla troca os papéis.
5) Cabeça inclinada para frente (como se o queixo fosse encostar no peito).
Movimentar a cabeça lateralmente em movimento circular amplo, iniciando por
um lado e depois pelo outro. Cabeça inclinada para trás (como se fosse olhar
o teto), esse movimento não deve ser exagerado e a boca deve ficar aberta,
evitando tensão exagerada na musculatura da parte da frente do pescoço.
6) Movimentar a cabeça lentamente para a frente e para trás (como se estivesse
fazendo "sim" com a cabeça). Movimentar a cabeça lentamente para os lados
sem modificar o eixo do corpo (como se estivesse fazendo "não" com a cabeça)
(PHILLIPS, 1992 apud CARNASSALE, 1995).
7) Tensionar os músculos da face “fechando” o rosto: apertar os olhos, boca em
forma de U. Relaxar. Tensionar músculos da face “abrindo” o rosto: abrir os
olhos, levantar sobrancelhas, abrir bem a boca. Relaxar (CARNASSALE, 1995).
Exercícios respiratórios
168
TÓPICO 2 | TRABALHANDO COM A VOZ ADOLESCENTE
2) Em pé, colocar as palmas das mãos sobre a barriga (abdômen), de modo que as
pontas dos dedos médios encostem um no outro. Inspirar – os dedos médios
devem afastar-se um do outro. Expirar – os dedos médios devem encostar-se
novamente.
3) Inspirar e expirar de uma só vez provocando uma pequena explosão de lábios
como proferindo a consoante “P”, não utilizando o som vocálico. Inspirar
e expirar em “F” mantendo a continuidade do som (PHILLIPS, 1992 apud
CARNASSALE, 1995).
4) Inspirar pela boca em posição de “U”, como se estivesse sugando o ar por
um canudinho, “enchendo a barriga” como se fosse um balão, a expiração
deve durar 3 tempos. Expirar lentamente com a consoante “S”, em 5 tempos.
Aumentar progressivamente o exercício até chegar em 10 tempos de expiração
(CHYNGTON, 1969 apud CARNASSALE, 1995).
5) Executar o exercício a seguir, respirando na indicação por vírgulas:
CARNASSALE, 1995).
170
TÓPICO 2 | TRABALHANDO COM A VOZ ADOLESCENTE
171
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
3 REPERTÓRIO
Classificar a voz dos adolescentes não é uma tarefa fácil, uma vez que,
dentro de um ano ele pode mudar de classificação mais de uma vez, devido a
muda vocal. Iremos apresentar a classificação da voz dos adolescentes, abordada
por Carnassale (1995), lembrando que essa classificação pode variar de acordo
com os estudantes com quem estamos trabalhando.
172
TÓPICO 2 | TRABALHANDO COM A VOZ ADOLESCENTE
173
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
174
TÓPICO 2 | TRABALHANDO COM A VOZ ADOLESCENTE
176
TÓPICO 2 | TRABALHANDO COM A VOZ ADOLESCENTE
177
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
178
TÓPICO 2 | TRABALHANDO COM A VOZ ADOLESCENTE
179
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
180
TÓPICO 2 | TRABALHANDO COM A VOZ ADOLESCENTE
FIGURA 38 – SIYAHAMBA
DICAS
181
RESUMO DO TÓPICO 2
• A fase de muda vocal não acontece de forma igual para todos os adolescentes,
nem ao mesmo tempo. Assim em uma mesma sala de aula podemos ter
adolescentes que estão passando por diferentes fases, assim como em um
mesmo ano, a adolescente pode passar por várias fases de mudança na voz.
• Canções com partes faladas, em cânone e a duas vozes podem fazer parte do
repertório a ser trabalhado com os adolescentes.
182
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – F – V – F.
b) ( ) V – V – F – F.
c) ( ) V – V – V – F.
d) ( ) F – V – F – V.
183
184
UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos como trabalhar o canto com adultos e idosos.
Como professor, você poderá ter a oportunidade de trabalhar com essa faixa
etária em diversos espaços como igrejas, associações de moradores, asilos, na
Educação de Jovens e Adultos (EJA), entre outros.
Como foi abordado nos tópicos anteriores, cada faixa etária possui suas
especificidades, por isso é importante conhecer como a voz é produzida em cada
faixa etária, para não causar nenhum dano à saúde vocal de seus estudantes.
185
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
respeitada. Isso não significa que o trabalho realizado com os adultos deve ser
somente o que o repertório que eles já conhecem.
Exercícios de alongamento
1) Em pé, erguer os braços e ficar na ponta do pé, colocando o rosto para trás,
olhando para cima. Deve-se ter o cuidado para não forçar o pescoço.
2) Em pé, expirar e abaixar a cabeça, deixando os braços caírem completamente.
Sentir o balanço do corpo e dos braços, flexionar os joelhos até sentir o equilíbrio.
Inspirar e jogar os braços para trás e para o alto. Repetir a atividade.
3) Em pé, girar o corpo para a esquerda e para a direita em torno de um eixo
imaginário.
4) Em pé, flexionar os joelhos e baixar o corpo em uma linha vertical, sem inclinar-
se, como se fosse sentar-se no ar.
5) Sentar-se em uma cadeira, sem encostar-se, mantendo as pernas e os pés
paralelos, apoiando o quadril paralelamente ao assento. Deixar os braços
pendidos e girar o corpo em torno de um eixo imaginário.
6) Na mesma posição do exercício 5, levantar um pé de cada vez, em uma altura
de mais ou menos 10 cm, desenhar círculos no ar, com o dedão, de um lado
para o outro (COELHO, 1994).
Exercícios de Respiração
186
TÓPICO 3 | TRABALHANDO COM A VOZ ADULTA E IDOSA
“S”.
3) Inspirar pela narina direita enquanto fecha a esquerda com um dedo. Reter o
ar e trocar a posição da mão para tapar a narina direita. Expirar pela esquerda.
4) Expirar, inspirar e soltar o ar com golpes de diafragma utilizando fonemas
curtos como “F”, com um breve intervalo entre eles. Repetir o exercício em “S”
e “X”.
5) Repetir o exercício anterior, mas agora articulando “P”, “T” e “K” (COELHO,
1994).
2) Realizar o exercício a seguir, cantando a vocal “I”. Esse exercício pode ser
cantado com “Mi”, “Vi”, “Si” e “Zi”.
187
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
188
TÓPICO 3 | TRABALHANDO COM A VOZ ADULTA E IDOSA
No trabalho vocal com adultos, se esse for o primeiro contato que eles
têm com a educação musical, pode-se iniciar o trabalho em uníssono, para que
depois possa se realizar um trabalho a mais vozes. Os cânones também são um
bom recurso para iniciar a prática vocal. Lembramos que a prática vocal não deve
ser realizada apenas com o fim de estudar o canto, mas também com o fim de
ser parte integrante de um trabalho de educação musical. A seguir, sugerimos
algumas canções que podem ser feitas com adultos:
189
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
190
TÓPICO 3 | TRABALHANDO COM A VOZ ADULTA E IDOSA
FONTE: <http://www.festivaldecorais.com.br/wp-content/uploads/fic/arranjos/
Can%C3%A7%C3%A3o-da-Am%C3%A9rica-FIC2015-Voice-3.pdf>. Acesso em: 23 dez. 2019.
191
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
FONTE: <http://www.festivaldecorais.com.br/wp-content/uploads/fic/arranjos/CIO%20DA%20
TERRA%20-%20coral%20SAH%20Arr%20Bantzeye%20Sandoval.pdf>. Acesso em: 23 dez. 2019.
192
TÓPICO 3 | TRABALHANDO COM A VOZ ADULTA E IDOSA
193
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
FONTE: <http://www.festivaldecorais.com.br/wp-content/uploads/fic/arranjos/Teco%20Galati%20
-%20Mulher%20Rendeira%20duas%20vozes%20D.pdf.pdf>. Acesso em: 23 dez. 2019.
Essas são apenas algumas sugestões de obras que podem ser cantadas
com adultos, sendo que as canções abordadas do Tópico 1 e no Tópico 2, também
podem ser utilizadas com adultos.
Isso não significa que você deve limitar o que seu aluno idoso pode
fazer, é importante assim como nas demais faixas etárias, observar seus alunos
e adaptar as atividades conforme a necessidade de cada um (RODRIGUES,
2009). Por ser idoso, não significa que seu aluno não irá conseguir adquirir novos
conhecimentos.
Exercícios de alongamento
Exercícios de respiração
5) Esse exercício é parecido com o anterior, mas agora são utilizadas outras
consoantes.
FIGURA 51 – EXERCÍCIO DE RESPIRAÇÃO
196
TÓPICO 3 | TRABALHANDO COM A VOZ ADULTA E IDOSA
3) O exercício a seguir pode ser realizado com as consoantes “Z”, “V” e “Z”.
5) Esse exercício pode ser realizado com as palavras “ziu”, “lui” e “rio”.
197
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
198
TÓPICO 3 | TRABALHANDO COM A VOZ ADULTA E IDOSA
199
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
FONTE: <http://www.festivaldecorais.com.br/wp-content/uploads/fic/arranjos/Maria%20
Maria%20Soprano.pdf>. Acesso em: 24 dez. 2019.
Sansa Kroma é uma canção tradicional da África do Sul, ela pode ser
executada em uníssono ou à duas vozes:
200
TÓPICO 3 | TRABALHANDO COM A VOZ ADULTA E IDOSA
FIGURA 59 – ACALANTO
201
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
FONTE: <http://www.festivaldecorais.com.br/wp-content/uploads/fic/arranjos/Acalanto.pdf>.
Acesso em: 24 dez. 2019.
Essas canções são apenas algumas sugestões para serem trabalhadas com
alunos idosos, lembrando que você precisa observar se elas são apropriadas para
seus alunos, caso contrário, você precisará adequá-las.
202
TÓPICO 3 | TRABALHANDO COM A VOZ ADULTA E IDOSA
LEITURA COMPLEMENTAR
Marcia Degani
Elizabeth Frohlich Mercadante
203
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
204
TÓPICO 3 | TRABALHANDO COM A VOZ ADULTA E IDOSA
Música
205
UNIDADE 3 | A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL
Conclusão
206
RESUMO DO TÓPICO 3
CHAMADA
207
AUTOATIVIDADE
a) ( ) O trabalho com a voz idosa requer alguns cuidados, haja vista que nessa
idade é possível que se tenha perdido um pouco da extensão vocal e sua
capacidade respiratória.
b) ( ) É necessário limitar o canto com a voz idosa pois nessa faixa etária o
estudante está passando por diversas mudanças e tem foco apenas em canto
lírico.
c) ( ) A soprosidade da voz acontece apenas na voz adolescente.
d) ( ) O cantar para alunos idosos não traz nenhum benefício pois nessa idade
as músicas trabalhadas exigem muito pouco ou quase nada do estudante.
a) ( ) V – F – V – V.
b) ( ) V – V – F – F.
c) ( ) V – V – V – V.
d) ( ) F – V – F – V.
a) ( ) Não é necessário ter cuidados com a voz na fase adulta, uma vez que
o sistema produtor da voz nessa fase, está completamente desenvolvido.
b) ( ) O trabalho vocal com adultos só é possível de ser realizado, se for iniciado
na infância.
c) ( ) No trabalho de educação musical com os adultos, eles precisam vivenciar
a música.
d) ( ) No trabalho vocal com adultos, o professor ensina tudo o que sabe, e o
aluno apenas aprende o conteúdo ensinado.
208
REFERÊNCIAS
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Graduação, Campinas, 2005. Disponível em: http://www.republicacenica.com.
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