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Embriologia do Sistema Respiratório

Arsênio Neto – Turma 28


Medicina UNIVASF 2019.1

I - ARCOS E BOLSAS FARÍNGEAS

➢ Os arcos faríngeos começam a se desenvolver no início da 4ª semana quando as células


da crista neural migram para a futura região da cabeça e do pescoço. O primeiro par de
arcos faríngeos forma duas saliências: saliência maxilar (maxila, zigomático e a porção
escamosa do vômer) e saliência mandibular (mandíbula) → é a migração das células da
crista neural para os arcos e sal diferenciação em mesênquima que produzem essas
saliências.
➢ Os arcos faríngeos sustentam as paredes laterais da faringe primitiva, a qual deriva da parte
cefálica do intestino anterior.
➢ Cada arco faríngeo é constituído por um eixo de mesênquima (tecido conjuntivo
embrionário), recoberto externamente pelo ectoderma e internamente por endoderma.
➢ A faringe primitiva, derivada do intestino anterior, alarga-se cefalicamente, onde se encontra
com o estomodeu, e estreita-se caudalmente, onde se liga ao esôfago.
➢ O endoderma da faringe reveste as superfícies internas dos arcos faríngeos e estende-se
para os divertículos semelhantes a balões: bolsas faríngeas.

os pares de bolsas desenvolvem-se entre os


arcos faríngeos.

o 1º par de bolsas fica entre


o 1º e 2º arcos faríngeos.

➢ O endoderma das bolsas entra em contato com o ectoderma dos sulcos faríngeos, formando
as membranas faríngeas, as quais separam as bolsas dos sulcos.

OBS.: EXEMPLO DE SÍNDROME DO PRIMERIO ARCO FARÍNGEO → Síndrome de Treacher


Collins (disostose mandibulofacial), causada por um gene autossômico dominante, há hipoplasia
malar (subdesenvolvimento dos ossos zigomáticos da face) com inclinação para baixo das fissuras
palpebrais, defeitos das pálpebras inferiores, orelhas externas deformadas e algumas
anormalidades das orelhas média e interna.

II - DESENVOLVIMENTO DA FACE

➢ Os primórdios da face começam a se desenvolver no inicio da 4ª semana ao redor do


estomodeu.
➢ Depende da influência indutora do centro organizador prosencefálico.
➢ Os cinco primórdios da face aparecem como saliências em torno do estomodeu. Eles são
os centros de crescimento ativo do mesênquima subjacente.
− Saliência frontonasal (SFN)
− Par de saliências maxilares
− Par de saliência mandibulares
➢ A SFN forma a testa, o limite rostral do estomodeu, da boca primitiva e do nariz;
➢ As saliências maxilares foram os limites laterais do estomodeu;
➢ As saliências mandibulares constituem o limite caudal do estomodeu.

a mandíbula e o lábio inferior são os primeiros elementos da face a se formar


➢ Ao final da 4ª semana, os placoides nasais (primórdio do nariz e das cavidades nasais)
desenvolvem-se nas partes ínfero-laterais da SFN.

Inicialmente são convexos, porém


são estirados posteriormente, for-
mando uma depressão plana em
cada placoide.

O mesênquima de cada placoide como resultado, os placoides ficam


prolifera, produzindo elevações situados no fundo de depressões: as
em forma de ferradura: saliências fossetas nasais → primórdios das
nasais médias e laterais. narinas e das cavidades nasais.

➢ A proliferação do mesênquima nas saliências maxilares faz com que elas cresçam
medialmente em direção uma à outra e às saliências nasais. Isso desloca as saliências
nasais em direção ao plano mediano e uma em direção à outra.
➢ Ao final da 6ª semana, cada saliência maxilar começa a fundir-se com a saliência nasal
lateral ao longo da linha do sulco nasolacrimal (fenda que separa as duas saliências).
➢ Entre a 7ª e 10ª semanas, as saliências nasais mediais fundem-se uma com a outra e com
as saliências maxilares e nasais laterais.

quando as saliências nasais médias se fundem


elas formam um segmento intermaxilar (dá ori-
gem ao palato primário).

III - DESENVOLVIMENTO DAS CAVIDADES NASAIS

➢ Com o afundamento das fossetas nasais, há a formação dos sacos nasais primitivos.
Inicialmente, eles estão separados da cavidade oral pela membrana oronasal (rompe-se
ao final da 6ª semana).
➢ As regiões de continuidade entre a cavidade nasal e a cavidade oral são as coanas
primitivas → situadas posteriormente ao palato primário. Após o desenvolvimento do
palato secundário, as coanas se localizam na junção da cavidade nasal com a faringe.
➢ O epitélio ectodérmico do teto de cada cavidade nasal se especializa para formar o epitélio
olfatório;
➢ A maior parte do lábio superior, do maxilar e do palato secundário forma-se a partir das
saliências maxilares. Estas saliências se fundem lateralmente com as saliências
mandibulares.
➢ Alguns seios paranasais começam a se desenvolver durante o final da vida fetal, como os
seios maxilares; os outros se desenvolvem após o nascimento.

OBS.: Agenesia nasal (arrinia); polirrinia e nariz bífido.


IV - DESENVOLVIMENTO DO PALATO

A palatogênese inicia-se no final da quinta semana; entretanto, o desenvolvimento do palato não


se completa antes da 12ª semana. Período crítico: 6ª a 9ª semanas.

➢ O palato primário (processo palatino mediano) começa a se desenvolver no inicio da 6ª


semana. Forma a parte pré-maxilar da maxila, representa uma pequena parte do palato duro
no adulto.
➢ O palato secundário é o primórdio das partes dura e mole do palato. Ele começa a se
desenvolver no início da 6ª semana, a partir de duas projeções mesenquimais as quais se
estendem das faces internas das saliências maxilares.
Inicialmente, essas estruturas (processos palatinos laterais ou prateleiras palatais) projetam-
se ínfero-medialmente a cada lado da língua.
Durante a 7ª e 8ª semanas, os processos palatinos laterais alongam-se e ascendem para
uma posição horizontal superior à língua.
➢ Gradativamente, desenvolve-se osso no palato primário, formando a parte pré-maxilar da
maxila. Ao mesmo tempo, o osso avança a partir da maxila e do palato para os processos
palatinos laterais para formar o palato duro. As partes posteriores não se ossificam, mas se
fundem formando o palato mole e a úvula.
➢ Um pequeno canal nasopalatino persiste no plano mediano do palato entre a parte pré-
maxilar da maxila e os processos palatinos da maxila. Este canal é representado no palato
duro adulto pela fossa incisiva
➢ O septo nasal desenvolve-se como um crescimento para baixo a partir das partes internas
das saliências nasais mediais fundidas.

a fusão entre o septo nasal e os processos


palatinos começa pela parte anterior, durante
a 9ª semana, e termina pela parte posterior,
na 12ª semana, superior ao primórdio do pa-
lato duro.

V - PRIMÓRDIO RESPIRATÓRIO

➢ Indicado no 28º dia por um sulco mediano na extremidade caudal da parede ventral da
faringe primitiva: fenda laringotraqueal → desenvolve-se caudal ao quarto par de bolsas
faríngeas.
− O endoderma do sulco laringotraqueal origina o epitélio e as glândulas da laringe, da
traquéia, dos brônquios, como também o epitélio pulmonar;
− O tecido conjuntivo, cartilagens e musculatura lisa dessas estruturas se desenvolvem
do mesoderma esplâncnico que envolve o intestino anterior.
➢ No final da 4ª semana, essa fenda já se evaginou, formando o divertículo
laringotraqueal/respiratório (broto pulmonar), localizado na parte ventral da porção caudal
do intestino anterior.
➢ À medida em que o divertículo se alonga, ele é envolvido pelo mesoderma esplâncnico e
sua extremidade distal dilata-se para formar um broto traqueal.
➢ O septo traqueoesofágico divide a porção cranial do intestino anterior em uma parte ventral
– tubo laringotraqueal (primórdio da laringe, traqueia, dos brônquios e dos pulmões) – e
uma parte dorsal (primórdio da orofaringe e esôfago).
VI - DESENVOLVIMENTO DA LARINGE

➢ O epitélio de revestimento da laringe desenvolve-se do endoderma da extremidade cranial


do tubo laringotraqueal;
➢ As cartilagens da laringe desenvolvem-se das cartilagens do 4º e 6º pares de arcos
faríngeos;
➢ O mesênquima da crista ventral prolifera rapidamente produzindo um par de tumefações
aritenoides, as quais crescem em direção à língua, transformando a glote primitiva em um
canal laríngeo em forma de T e reduzindo sua luz a uma estreita fenda.

O epitélio laríngeo prolifera rapidamente,


o que resulta em oclusão temporária da
luz da laringe. A sua recanalização nor-
malmente ocorre na 10ª semana.

Os ventrículos laríngeos se formam durante


esse processo de recanalização. Esses se
tornam as pregas vocais e vestibulares.

➢ A epiglote desenvolve-se da porção caudal da eminência hipofaríngea.

OBS.: ATRESIA LARÍNGEA → Essa rara anomalia resulta da falta de recanalização da laringe e
causa obstrução das vias aéreas superiores do feto (síndrome da obstrução congênita das vias
aéreas superiores). Pulmões aumentados, diafragma achatado ou invertido, ausência de choro,
afonia.

VII - DESENVOLVIMENTO DA TRAQUEIA

O endoderma que reveste o tubo laringotraqueal distai à laringe se diferencia em epitélio e nas
glândulas da traqueia e no epitélio pulmonar. A cartilagem, o tecido conjuntivo e os músculos são
derivados do mesênquima esplâncnico que circunda esse tubo.

OBS.: FÍSTULA TRAQUEOESOFÁGICA (FTE): resulta de uma divisão incompleta da porção


cranial do intestino anterior em partes respiratória e esofágica, durante a 4ª semana.
Bebês com o tipo comum de FTE e atrésia esofágica apresentam tosse e se asfixiam quando
deglutem devido ao acúmulo de quantidades excessivas de saliva na boca e no trato respiratório
superior.

OBS 2.: ESTENOSE E ATRESIA TRAQUEAIS: anomalias incomuns e frequentemente associadas


a uma das variedades de FTE. Resultam de uma divisão desigual do intestino anterior na formação
do esôfago e traqueia.

VIII – DESENVOLVIMENTO DOS BRÔNQUIOS E DOS PULMÕES

➢ O broto traqueal que se desenvolve na extremidade caudal do divertículo respiratório


durante a 4ª semana logo se divide em duas tumefações: brotos brônquicos primitivos;
➢ Os brotos brônquicos crescem lateralmente para os canais pericardicoperitoneais,
primórdios das cavidades pleurais. Os brônquios secundários e terciários logo se
desenvolvem;
➢ No inicio da 5ª semana, a conexão de cada broto com a traqueia cresce para formar o
brônquio principal;
➢ Os brônquios segmentares começam a se formar em torno da 7ª semana → à medida que
isso acontece, o mesênquima circundante também se divide (cada brônquio segmentar e
sua massa mesenquimal circunjacente é o primórdio de um segmento broncopulmonar)
➢ Na 24ª semana, os bronquíolos respiratórios já se desenvolveram.
➢ O mesênquima esplâncnico dará origem às placas cartilaginosas, musculatura lisa e tecido
conjuntivo brônquico;
➢ À medida que os pulmões se desenvolvem, eles adquirem uma camada de pleura visceral
a partir do mesênquima esplâncnico.
➢ A parede torácica do corpo torna-se forrada por uma camada de pleura parietal, derivada do
mesoderma somático.
➢ Maturação dos pulmões
− Período pseudoglandular (6ª a 16ª semana): o pulmão em desenvolvimento parece-
se histologicamente com uma glândula
exócrina durante esse período. Na 16ª
semana, todos os principais elementos
estão formado, exceto os envolvidos em
trocas gasosas → os fetos que nascem
nesse período morrem.

− Período Canalicular (16ª a 26ª semana): durante esse período, a luz dos brônquios
e dos bronquíolos terminais torna-se mai-
or e o tecido pulmonar torna-se altamente
vascularizado.
Durante a 24ª semana, de cada bronquío-
lo terminal nascem dois ou mais bronquío-
los respiratórios → cada um desses se di-
vide nos ductos alveolares.
A respiração só é possível no fim desse pe-
ríodo, pois alguns sacos terminais se de-
senvolveram nas extremidades dos bron-
quíolos respiratórios e o tecido pulmonar
está bastante vascularizado.
Fetos nascidos nesse período podem so-
breviver.

− Período do Saco Terminal (26ª ao nascimento): desenvolvimento de mais sacos ter-


minais e suas células epiteliais tronam-se
muito delgadas. Os capilares começam a
fazer protuberâncias para o interior desses
alvéolos em desenvolvimento.
O contato intimo entre as células epitelias
e endoteliais estabelece a barreira hema-
toaérea.
Na 26ª semana, os sacos terminais são re-
vestidos principalmente pelos pneumocitos
tipo I.
A rede capilar prolifera no mesênquima ao
redor dos alvéolos em desenvolvimento.
Há a presença dos pneumócitos tipo II, que
secretam o surfactante pulmonar → mistura
de fosfolipídios que baixa a tensão superfi-
cial na interface ar-alveolo.
A produção de surfactante começa na 20ª
semana, mas este presente me pequenas
quantidades em bebês prematuros.
Entre a 26ª e a 28ª semana após a fecun-
dação, o feto pesa aproximadamente 1.000
g e estão presentes quantidades suficien-
tes de sacos terminais e surfactante para
permitir a sobrevivência de um bebê nas-
cido prematuramente.
Antes disso, os pulmões são comumente
Incapazes de proporcionar trocas gasosas
adequadas (a área da superfície alveolar é
insuficiente e vascularização é pouco de-
senvolvida.

− Período alveolar (32ª semana aos 8 anos):

o Quando exatamente acaba o período de saco terminal e começa o período


alveolar depende da definição do termo alvéolo. Estruturas análogas aos
alvéolos estão presentes em sacos na 32ª semana.
o No final do período fetal, os pulmões são capazes de respirar porque a
membrana alveolocapilar (barreira de difusão pulmonar ou membrana
respiratória) é suficientemente delgada para permitir as trocas gasosas.
Embora os pulmões não comecem a executar esta função vital até o
nascimento, eles devem estar desenvolvidos o suficiente para serem capazes
de funcionar logo que o bebê nasça.
o No início do período alveolar, cada bronquíolo respiratório termina num
agregado de sacos alveolares de delgadas paredes, separados entre si por
tecido conjuntivo frouxo. Esses sacos terminais representam os futuros duetos
alveolares.
o Alvéolos maduros característicos só se formam após o nascimento;
o O desenvolvimento alveolar é, em grande parte, concluído até os 3 anos de
idade, mas novos alvéolos podem ser acrescentados até os 8 anos de idade.

OBS.: AUTONOMIA PULMONAR → produção de quantidade adequada de surfactante nos


alvéolos; transformação dos pulmões de órgãos secretores para órgão de trocas gasosas;
estabelecimento das circulações pulmonar e sistêmica em paralelo; movimentos respiratórios
fetais.

OBS 2.: MOVIMENTOS RESPIRATÓRIOS FETAIS → ocorrem antes do nascimento e exercem


força suficiente para causar aspiração de líquido amniótico para os pulmões. Os MRFs ocorrem de
forma intermitente e são essenciais para o desenvolvimento normal dos pulmões.
O padrão dos MRFs é largamente usado no diagnóstico de trabalho de parto e na previsão de
sobrevivência de um feto nascido prematuramente.
Os MRFs, que aumentam com a aproximação da hora do parto, provavelmente condicionam os
músculos respiratórios. Além disso, esses movimentos estimulam o desenvolvimento dos pulmões,
possivelmente pela criação de um gradiente de pressão entre os pulmões e o líquido amniótico.
Três fatores são importantes para o crescimento dos pulmões: espaço torácico adequado para o
crescimento pulmonar, MRFs e volume adequado do líquido amniótico.
Os MRFs parecem ter um papel no crescimento pulmonar através de seus efeitos sobre a cinética
do ciclo celular do pulmão ao regular a expressão de fatores de crescimento. Também parecem ser
necessários para a diferenciação morfológica dos pneumócitos do tipo I e II.
1. Hipoplasia pulmonar → Em bebês com hérnia diafragmática congênita, o pulmão é incapaz
de se desenvolver normalmente porque é comprimido pelas vísceras abdominais
anormalmente posicionadas. A hipoplasia pulmonar é caracterizada por um pulmão com
volume bastante reduzido e hipertrofia do músculo liso nas artérias pulmonares.

2. Agenesia pulmonar → A ausência dos pulmões resulta da falta do desenvolvimento do


broto brônquico. A agenesia de um só pulmão é mais comum do que a bilateral, mas ambas
as condições são raras. A agenesia pulmonar unilateral é compatível com a vida.

3. Síndrome da Angústia Respiratória → Essa doença afeta cerca de 2% de bebês recém-


nascidos, e aqueles nascidos prematuramente ainda são mais suscetíveis. Esses bebês
desenvolvem uma respiração rápida e com dificuldade pouco depois do parto.Os pulmões
estão subinflados e os alvéolos contêm um fluido com alto conteúdo protéico similares à
membrana hiaiina ou vítrea. Foi sugerido que a asfixia intra-uterina prolongada pode produzir
alterações irreversíveis nas células alveolares tipo II, tornando-as incapazes de produzir
surfactante.

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