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EMBRIOLOGIA
DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL – Aparelho Faríngeo
• O aparelho faríngeo é constituído por arcos faríngeos, bolsas faríngeas, sulcos faríngeos e
membranas faríngeas.
ARCOS FARÍNGEOS: ou arcos branquiais – termo antigo, pois as estruturas se assemelham às brânquias de
um peixe –, começam a se desenvolver no início da 4ª semana, quando as células da crista neural, derivadas
do processo de neurulação, migram do metencéfalo para a futura região da cabeça e do pescoço. Cada arco faríngeo é
constituído por um eixo de mesênquima (tecido conjuntivo embrionário indiferenciado), recoberto externamente por
ectoderma e internamente por endoderma.
• O primeiro par de arcos faríngeos, o primórdio da mandíbula e da maxila, aparece como
elevações superficiais laterais à faringe em desenvolvimento. Logo aparecem outros
arcos como cristas arredondadas, dispostas obliquamente a cada lado da futura região
da cabeça e do pescoço. Ao final da quarta semana, quatro pares de arcos são visíveis.
•Os arcos faríngeos sustentam as paredes laterais da faringe primitiva, que deriva da
parte cefálica do intestino anterior. A boca primitiva, ou estomodeu, aparece
inicialmente como uma pequena depressão do ectoderma superficial. Ela está separada
da cavidade da faringe primitiva por uma membrana bilaminar – a
membrana bucofaríngea – composta externamente por ectoderma
e internamente por endoderma. A membrana bucofaríngea se
rompe em torno dos 26 dias, fazendo com que a faringe e o
intestino anterior se comuniquem com a cavidade amniótica. Os
arcos faríngeos contribuem extensamente com a formação da
face, das cavidades nasais, da boca, da laringe, da faringe e do
pescoço. Durante a quinta semana, o segundo arco faríngeo
aumenta e recobre o terceiro e o quarto arcos, formando uma
depressão ectodérmica – o seio cervical. Ao final da sétima semana, os sulcos faríngeos, do segundo ao
quarto, e o seio cervical desaparecem, dando ao pescoço um contorno liso.
• O primeiro arco faríngeo forma duas saliências: a saliência maxilar menor origina a maxila,
o osso zigomático e a porção escamosa do vômer; e a saliência mandibular maior forma a
mandíbula.
• O segundo arco faríngeo contribui, sobretudo, para a formação do osso hioide.
Componentes dos arcos faríngeos: um típico arco faríngeo contém uma artéria do arco
faríngeo (artéria do arco aórtico) que surge do tronco arterial do coração primitivo e
passa ao redor do primórdio da faringe para entrar na aorta dorsal; um
bastonete cartilaginoso que forma o esqueleto do arco; um componente
muscular que se transforma em músculos na cabeça e no pescoço; e nervos
que suprem a mucosa e os músculos derivados do arco.
Derivados das cartilagens dos arcos faríngeos: cartilagem do
1º arco (cartilagem de Meckel) – forma dois ossículos da orelha
média, o martelo e a bigorna; forma o ligamento anterior do
martelo e ligamento esfeno-mandibular, além do molde
primordial para formação da mandíbula.
cartilagem do 2º arco (de Reichert) – estribo da orelha média, processo
estiloide do osso temporal, ligamento estilo-hioideo, ossifica-se
para formar o corno menor e a parte superior do osso hioide.
cartilagem do 3º arco – ossifica-se para formar a parte inferior e corno maior do osso hioide.
cartilagens do 4º e 6º - fundem-se para formar as cartilagens laríngeas, exceto a
epiglote.
Derivados musculares dos arcos faríngeos: os componentes musculares dos arcos
formam vários músculos da cabeça e do pescoço. A musculatura do primeiro arco forma
os músculos da mastigação e outros músculos.
Derivados dos nervos dos arcos faríngeos: cada arco é suprido por seu próprio nervo craniano.
1º arco: n. trigêmio (V par) - 2º arco: n. facial (VII par) - 3º arco: n. glossofaríngeo (IX par) -
4º arco: n. vago (X par).
BOLSAS FARÍNGEAS: a faringe primitiva alarga-se cefalicamente onde se encontra com a boca
primitiva (estomodeu), e estreita-se caudalmente onde se liga ao esôfago. O endoderma da
faringe reveste as superfícies internas dos arcos faríngeos e estende-se em bolsas faríngeas. Estas
separam internamente os arcos e se desenvolvem numa sequência cefalocaudal. Há quatro pares bem definidos de bolsas; o quinto é ausente
ou rudimentar. O endoderma das bolsas entra em contato com o ectoderma dos sulcos faríngeos e, juntos, foram as membranas faríngeas.
Derivados das bolsas faríngeas: 1º par de bolsas: dá origem à cavidade timpânica, antro mastoideo e tuba faringotimpânica // 2º par de
bolsas: desenvolvimento da tonsila palatina e fossa tonsilar // 3º par de bolsas: ajuda a formar a glândula paratireoide inferior e o timo // 4º
par de bolsas: desenvolve a glândula paratireoide superior e corpo ultimobranquial. Se o 5º par de bolsas é presente, acaba tornando-se
parte da quarta bolsa.
SULCOS FARÍNGEOS: desde a 4ª e 5ª semanas, as regiões da cabeça e do pescoço do embrião humano apresentam quatro sulcos (fendas)

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faríngeos em cada lado. Estes sulcos separam os arcos


externamente. Apenas um par de sulcos contribui para a
formação de estruturas no adulto – o primeiro par, que persiste
como o meato acústico externo.
MEMBRANAS FARÍNGEAS: se formam onde os epitélios dos
sulcos encontram com as bolsas. Apenas um par de
membranas persiste como estrutura nos adultos – a membrana
do primeiro sulco que se torna a membrana timpânica.
Embriologia bucal
• Como visto antes, o estabelecimento da comunicação entre a cavidade oral
primitiva (estomodeu) e intestino cefálico se dá pelo rompimento da
membrana bucofaríngea, em torno do 26, 27º dia.
DESENVOLVIMENTO DA FACE: os primórdios face começam a aparecer
no início da 4ª semana em torno do grande estomodeu primitivo. O
desenvolvimento da face depende da influência indutora dos centros
organizadores. O centro organizador prosencefálico, derivado do mesoderma
pré-cordal que migra da linha primitiva, fica localizado rostralmente à notocorda
e ventralmente ao prosencéfalo. O centro organizador romboencefálico
é inferior ao encéfalo médio.
• Os cinco primórdios da face, que
aparecem como saliências (projeções)
em torno do estomodeu,
são: um processo
frontonasal, um par de
processos maxilares e um
par de processos
mandibulares.
• Os pares de processos da
face derivam do primeiro par
de arcos faríngeos. Os processos
são produzidos predominantemente
pela proliferação de células da
crista neural, que migram para os arcos durante a 4ª semana. Estas células são a fonte principal dos componentes do tecido conjuntivo,
inclusive da cartilagem, dos ossos e dos ligamentos na regiões facial e oral.
• O processo frontonasal circunda a parte ventrolateral do encéfalo anterior, que origina as vesículas ópticas formadoras dos olhos. A parte
frontal do processo forma a testa; a parte nasal forma o limite rostral do estomodeu, da boca primitiva e do nariz. Os processos maxilares
pares formam os limites laterais do estomodeu, e o par de processos mandibulares constitui o limite caudal da boca primitiva. A mandíbula e
o lábio inferior são as primeiras partes da face a se formar.
• Ao final da 4ª semana, espessamentos ovalados bilaterais do ectoderma superficial – placóides nasais – se desenvolvem nas partes ínfero-
laterais do processo frontonasal. O mesênquima dos placóides prolifera, produzindo elevações em forma de ferradura – os processos nasais
mediais e laterais. Como resultado, os placóides ficam situados no fundo de depressões – as fossetas nasais. Essas fossetas são os primórdios
das narinas e das cavidades nasais. A proliferação do mesênquima nos processos maxilares faz com que estes aumentem de tamanho e
cresçam medialmente em direção uma à outra e às saliências nasais. A migração medial dos processos maxilares desloca os processos nasais
mediais em direção ao plano mediano e uma em direção à outra. Cada processo nasal lateral é separado do processo maxilar por uma fenda
denominada sulco nasolacrimal.
• Ao final da 5ª semana, seis elevações auriculares se formam em torno do 1º sulco faríngeo, dos primórdios da aurícula e do meato acústico
externo (canal), respectivamente. Inicialmente, as orelhas externas ficam localizadas na região do pescoço; entretanto, à medida que a
mandíbula se desenvolve, estas ascendem para o lado da cabeça ao nível dos olhos. Ao final da 6ª semana, cada processo maxilar começa a
fundir-se com o processo nasal lateral ao longo da linha do sulco nasolacrimal.
• O ducto nasolacrimal desenvolve-se de um espessamento ectodérmico em forma de bastão no assoalho do sulco nasolacrimal. Esse
espessamento dá origem a um cordão epitelial compacto, que se separa do ectoderma e se aprofunda no mesênquima. Mais tarde, em
consequência da degeneração celular, este cordão epitelial se canaliza para formar o ducto nasolacrimal.
• Entre a 7ª e 8ª semana, os processos nasais mediais fundem-se um com o outro e com os processos maxilares e nasais laterais, o que resulta
na desintegração dos epitélios superficiais que estavam em contato. Isto causa a mistura das células mesenquimais subjacentes. Quando as
saliências nasais se fundem, elas formam um segmento intermaxilar, que dá origem à parte central, ou filtro do lábio superior; à parte pré-
maxilar da maxila e a gengiva associada; e o palato primário.
• O lábio superior é formado pelos processos maxilares e nasais mediais, que crescem em direção à linha mediana, na qual se fundem. Dessa
maneira, o processo frontonasal é deslocado, deixando de ocupar a região do lábio superior. O lábio inferior é formado pela fusão dos dois
processos mandibulares na linha mediana.
DESENVOLVIMENTO DAS CAVIDADES NASAIS: à medida que a face se desenvolve, os placóides nasais tornam-se deprimidos, formando
fossetas nasais. A proliferação do mesênquima subjacente forma os processos nasais mediais e laterais, que resultam no aprofundamento das
fossetas nasais e na formação dos sacos nasais primitivos. Inicialmente, os sacos nasais estão separados da cavidade oral pela membrana
oronasal. Esta membrana se rompe ao final da 6ª semana, fazendo com que as cavidades se comuniquem. As regiões de continuidade entre as
cavidades nasal e oral são as coanas primitivas, situadas posteriormente ao palato primário. Após o desenvolvimento do palato secundário, as

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coanas se localizam na junção da cavidade nasal com a faringe. Enquanto


essas alterações estão ocorrendo, as conchas superior, média e inferior se
desenvolvem como elevações das paredes laterais das cavidades nasais.
DESENVOLVIMENTO DO PALATO: as cavidades oral e nasal somente se
separam após a formação do palato secundário.
• Palato Primário: no início da 6ª semana, o palato primário (processo
palatino mediano) começa a se desenvolver da parte profunda do
segmento intermaxilar da maxila. Inicialmente, este segmento é uma
massa de mesênquima em forma de cunha entre as superfícies internas
das saliências maxilares das maxilas em desenvolvimento. O palato
primário forma a parte pré-maxilar da maxila. Ele representa apenas uma
pequena parte do palato duro no adulto.
• Palato Secundário: o palato secundário é o primórdio das partes
duras e moles do palato; ele começa a se desenvolver de duas
projeções mesenquimais que se estendem das faces internas dos
processos maxilares. Inicialmente, estas estruturas – os processos
palatinos laterais – se projetam ínfero-medialmente a cada lado da
língua. Com o desenvolvimento da mandíbula, a língua torna-se
relativamente curta e assume uma posição inferior. Os processos
palatinos laterais se alongam e ascendem para uma posição
horizontal superior à língua. Gradativamente, eles se aproximam e
se fundem no plano mediano. Os processos se fundem também
com o septo nasal e a parte posterior do palato primário.
• O septo nasal desenvolve-se como um crescimento para baixo das partes internas dos processos
nasais mediais fundidos. A fusão entre o septo nasal e os processos palatinos começa pela parte
anterior e termina na parte posterior.
• Gradativamente, desenvolve-se ossificação intramembranosa no palato primário, formando a parte
pré-maxilar da maxila, que aloja os dentes incisivos. Concomitantemente, o osso avança da maxila e
do palato para os processos palatinos laterais para formar o palato duro. As partes posteriores destes
processos não são ossificadas. Elas se estendem posteriormente para além do septo nasal, fundindo-se
para formar o palato mole, incluindo sua projeção cônica mole, a úvula.
• A rafe palatina mediana indica a linha de fusão dos processos palatinos laterais. Um pequeno
canal nasopalatino persiste no plano mediano do palato entre a parte pré-maxilar da maxila e os
processos palatinos da maxila. Este canal é representado no palato duro adulto pela fossa incisiva.
Uma sutura irregular corre da fossa incisiva para o processo alvoelar da maxila, entre os dentes
incisivo lateral e canino em cada lado, indicando o local da fusão dos palatos primário e secundário
embrionários.
DESENVOLVIMENTO DA LÍNGUA: a língua têm origem na parede ventral da orofaringe, na região dos
quatro primeiros arcos branquiais. Na 4ª semana de gestação, duas saliências do ectomesênquima
aparecem no aspecto interno do primeiro arco branquial, formando, assim, as saliências linguais. Atrás
e entre essas saliências, aparece uma eminência medial, denominada tubérculo ímpar; sua margem caudal forma o forame cego.
• As saliências linguais crescem e fundem-se, cobrindo o tubérculo ímpar, de modo a formar a mucosa dos dois terços anteriores da língua
(parte oral), cujo epitélio é de origem ectodérmica.
• A formação do terço posterior da língua (parte faríngea) é indicada por duas elevações
que se desenvolvem caudalmente ao forame cego: a cópula (formada pelas porções
centrais do 2º arco) e a eminência hipofaríngea (desenvolve-se caudalmente à
cópula, formada pelo mesênquima das partes centrais do 3º e 4º pares de arcos).
Com o desenvolvimento da língua, a cópula é gradativamente englobada pelo
crescimento da eminência hipofaríngea e desaparece. A linha de fusão das partes anterior
e posterior da língua é aproximadamente indicada por um sulco em forma de V – o sulco
terminal. O mesênquima dos arcos faríngeos forma o tecido conjuntivo e os vasos da língua.
Os músculos da língua derivam dos mioblastos que migram dos somitos occipitais.
• O nervo hipoglosso acompanha os mioblastos durantes sua migração e inerva os músculos
da língua à medida que estes se desenvolvem. A língua conta com uma complexa inervação,
fazendo parte o nervo trigêmeo (1º arco), nervo facial (2º arco), nervos glossofaríngeo e
vago (3º e 4º arcos).
DERIVADOS DA CAVIDADE ORAL – GLÂNDULAS SALIVARES: parótidas,
submandibulares e sublinguais.
TIREOIDE: começa como um espessamento endodérmico mediano no assoalho da faringe
primitiva. Este espessamento logo forma uma pequena saliência – o primórdio da tireoide.
Com o crescimento do embrião e da língua, a tireoide em desenvolvimento desce pelo
pescoço, passando ventralmente ao osso hioide e às cartilagens laríngeas em
desenvolvimento. Por um curto período, ela fica conectada à língua por um tubo estreito,
o ducto tireoglosso. Como resultado da rápida proliferação celular, a luz do divertículo da
tireoide se oblitera e se divide em dois lobos, direito e esquerdo, unidos pelo istmo da

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tireoide. Na 7ª semana, já assume sua forma e posição definitiva e, normalmente, o ducto tireoglosso já se
degenerou. A abertura proximal do ducto persiste como uma pequena fosseta – o forame cego da língua.
HIPÓFISE: tem origem ectodérmica da evaginação do teto do estomodeu (adenohipófise; parte
glandular) e neuroectodérmica da invaginação do diencéfalo (neurohipófise; parte nervosa).
ESTRUTURA DO DENTE

ODONTOGÊNESE
Apesar de cada dente se desenvolver como uma estrutura independente e de tipos dentários
morfologicamente diferentes, o processo de formação do dente (odontogênese) é o mesmo.
• Inicia-se como resultado da interação entre o epitélio oral e o ectomesênquima subjacente,
originando a banda epitelial primária e, em seguida, a lâmina dentária. Os germes dentários
seguem, subsequentemente, as fases de botão, capuz, campânula, coroa e raiz. A formação específica
dos diversos tecidos que constituirão o dente e suas estruturas de suporte, entretanto, só se inicia a
partir da campânula – dentinogênese, amelogênese, cementogênese e osteogênese.
LÂMINA DENTÁRIA E LÂMINA VESTIBULAR:
CÉLULAS QUE MIGRAM DA CRISTA NEURAL CONSTITUEM O ECTOMESÊNQUIMA
• No embrião humano, a cavidade oral primitiva é revestida pelo ectoderma, um delgado epitélio. Por volta do
22º dia, este epitélio entra em contato com o endoderma que reveste o tubo digestivo anterior, formando-se,
assim, a membrana bucofaríngea, que persiste até aproximadamente o 27º dia de desenvolvimento, quando então sofre desintegração. Dessa
maneira, fica estabelecida a comunicação entre o estomodeu e a faringe, bem como do restante do tubo digestivo.
• Nessa fase, a cavidade oral primitiva é revestida por um epitélio de apenas duas ou três camadas de células, que recobre um tecido que está
sendo invadido por uma população de células de origem ectodérmica geradas nas cristas neurais. Essas células migram lateralmente quando
as pregas neurais dobram, chegando até as regiões do futuro crânio e da face. Uma vez nos locais, esse tecido de origem neural, e, portanto,
ectodérmico, passa a se comportar como um mesênquima, originando estruturas de natureza
conjuntiva – daí sua denominação ectomesênquima. O fator indutor inicial encontra-se no
epitélio oral primitivo, que, na 5ª semana de vida intrauterina, começa a proliferar,
invadindo o ectomesênquima subjacente e produzindo uma banda epitelial contínua
em forma de ferradura na região em que irão se formar os arcos dentários – a banda
epitelial primária. A partir deste momento, ocorrem interações entre o epitélio e o
ectomesênquima. Ainda não pode se afirmar que as células da crista neural são
pré-programadas para isso antes da sua migração ou se adquirem a especificidade
nos locais definitivos.
A BANDA EPITELIAL PRIMÁRIA SUBDIVIDE-SE NAS LÂMINAS VESTIBULAR E DENTÁRIA
• O cordão epitelial sofre, quase imediatamente após sua formação, uma bifurcação, resultando
em duas populações epiteliais proliferativas que seguem a mesma forma dos arcos, correndo,
portanto, uma paralela à outra. A banda epitelial situada do lado externo, ao continuar sua proliferação,e aumentar, com isso, o número de
suas células, tem as centrais degeneradas, dando lugar a uma fenda que constituirá o futuro fundo de saco do sulco vestibular, localizado
entre a bochecha/lábios e os futuros arcos dentários.
• Por essa razão, essa subdivisão externa da banda epitelial primária denomina-se lâmina vestibular. A
proliferação epitelial situada medialmente à anterior é responsável pela formação dos dentes e denomina-se,
portanto, lâmina dentária, representando o futuro arco dentário. Esta cresce mais lentamente que a lâmina
vestibular e possui uma lâmina basal subjacente muito dinâmica, que desempenhará importante papel no
processo de odontogênese, participando nas interações entre epitélio e ectomesênquima.

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FASE DE BOTÃO
A FASE DE BOTÃO REPRESENTA O VERDADEIRO INÍCIO DA FORMAÇÃO DE CADA DENTE
• Representando o início da formação dos germes dos dentes decíduos (‘’dentes de leite’’)
e, com base na sua morfologia, esta fase é chamada de fase de botão, caracterizando-se pela invaginação do
epitélio oral para o interior do ectomesênquima devida a intensa proliferação celular. A intensa atividade mitótica
das células da lâmina dentária forma pequenas esférulas que invadem o
ectomesênquima, de modo que não é raro identificar histologicamente várias
mitoses nas células epiteliais. Essas apresentam aspecto normal, embora após
cuidadosa observação, seja possível diferenciar as células cúbicas ou cilíndricas
baixas da periferia das células de formato poligonal do centro.
• Por sua vez, o ectomesênquima subjacente apresenta uma discreta
condensação de suas células em torno da parte mais profunda da esférula
epitelial. Nessa região de ectomesênquima condensado, aparecem duas
importantes moléculas, a glicoproteína tenascina e o sincedan-1, um
proteoglicano rico em sulfato de heparina. O aparecimento dessas substâncias
é regulado por sinais a partir das células em proliferação do botão epitelial. As duas moléculas interagem tanto com as próprias células
ectomesênquimais e com outros elementos da matriz extracelular quanto com fatores de crescimento, especialmente com fator de
crescimento de fibroblastos.
FASE DE CAPUZ: A FASE DE CAPUZ CARACTERIZA-SE POR INTENSA PROLIFERAÇÃO DAS CÉLULAS EPITELIAIS
• Com a continuação da proliferação epitelial, o botão não continua a crescer uniformemente, apresentando,
portanto, um crescimento desigual que o leva a adotar uma forma que assemelha a um ‘’capuz’’. No centro da
sua parte mais profunda, o capuz epitelial apresenta uma concavidade, sob a qual é observada maior
concentração de células ectomesênquimais do que a visualizada no estágio anterior. Embora haja algumas
células em divisão no ectomesênquima, provavelmente a razão para o aumento da condensação seja a
interação célula-matriz celular, na qual a tenascina e o sindecan-1 continuam desempenhando importante papel.
• Como o botão epitelial está em ativa proliferação, possivelmente a maior condensação ectomesenquimal seja,
em parte, fisicamente responsável pela concavidade inferior do capuz: é provável que a resistência criada pela
condensação ectomesenquimal localizada na parte central faça com que a proliferação epitelial do botão resulte
principalmente no crescimento da sua borda.
O GERME DENTÁRIO É CONSTITUÍDO PELO ÓRGÃO DO ESMALTE E PELA PAPILA DENTÁRIA
• Uma vez estabelecida a fase de capuz, observam-se vários componentes no germe dentário. A porção
epitelial, que, a partir desta fase, apresenta várias regiões distintas, denomina-se ‘’órgão do esmalte’’,
pois é responsável pela formação do esmalte dentário. Assim, ao observar essa porção epitelial,
distingue-se uma camada única e contínua de células que constitui a periferia do órgão do esmalte. As
células localizadas na concavidade adjacente à condensação ectomensenquimal constituem o epitélio
interno do órgão do esmalte e as células localizadas na convexidade externa do capuz epitelial
constituem o epitélio externo do órgão do esmalte. As células que ficam na região central do
órgão do esmalte vão se separando umas das outras, observando-se, entre elas, maior quantidade
de substância fundamental rica em proteoglicanos. Desse modo, essas células adotam uma forma
estrelada, com vários prolongamentos que estabelecem contatos entre si pelos desmossomos.
Em razão da forma das células, essa porção central do órgão do esmalte é dita ‘’retículo estrelado’’.
• Ao mesmo tempo, o ectomesênquima aumenta seu grau de condensação de maneira que se observa
claramente uma massa de células muito próximas umas das outras. Essa condensação celular, denominada
papila dentária a partir dessa fase de desenvolvimento, é responsável pela formação da dentina e da polpa.
O FOLÍCULO DENTÁRIO RODEIA COMPLETAMENTE O GERME DENTÁRIO
• Ainda na fase de capuz, o ectomesênquima que rodeia tanto o órgão do esmalte quanto a papila dentária sofre uma condensação de modo
que suas células alinham-se em torno do germe em desenvolvimento, formando uma cápsula que o separa do restante do ectomesênquima da
maxila e da mandíbula. Essa condensação periférica, chamada de ‘’folículo ou saco dentário’’, é a responsável pela formação do periodonto de
inserção do dente, isto é, do cemento, do ligamento periodontal e do osso alveolar. Ainda, nessa fase, capilares penetram o folículo dentário,
especialmente na região adjacente ao epitélio externo do órgão do esmalte. Assim a nutrição da porção epitelial do germe dentário provém da
vascularidade do folículo.
FASE DE CAMPÂNULA: OS PROCESSOS DE MORFOGÊNESE E DIFERENCIAÇÃO CELULAR INICIAM-SE NA FASE DE CAMPÂNULA
• Após a fase de capuz, a proliferação das células epiteliais e, portanto, o crescimento do órgão do esmalte, vai diminuindo. Nessa nova fase, a
parte epitelial do germe dentário (órgão do esmalte) apresenta o aspecto de um sino com sua cavidade mais acentuada e, consequentemente,
com suas margens mais profundas – uma aparência morfológica que determina a denominação da fase. Todavia, a diminuição da divisão
celular é acompanhada da diferenciação das diversas células do germe dentário, de modo que
esta fase é também chamada de ‘’fase de morfo e histodiferenciação’’.
OS EPITÉLIOS EXTERNO E INTERNO FORMAM A ALÇA CERVICAL
• Na porção epitelial, a região central correspondente ao retículo estrelado continua a crescer
em volume por causa do aumento da distância entre as células e seus prolongamentos. Esse
fenômeno é provocado pela maior quantidade de água, associada a outras moléculas, como
os proteoglicanos. As células do epitélio externo do órgão do esmalte são achatadas, tornando-se
pavimentosas; as do epitélio interno, por sua vez, alongam-se, constituindo células cilíndricas baixas
com núcleo central.
• Além dessas modificações nas diversas estruturas do órgão do esmalte, nessa fase aparecem,

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entre o epitélio interno e o retículo estrelado, duas ou três camadas de células pavimentosas que
constituem o estrato intermediário, que participa, acredita-se, formação do esmalte. Por outro lado, na
campânula, na região em que os epitélios externo e interno se encontram, ao nível da borda do sino, forma-
se um ângulo agudo. Essa região, chamada de alça cervical, é o local em que, por volta do final da fase de
coroa, tanto as células do epitélio externo quanto as do interno irão proliferar para constituir a Bainha
epitelial de Hertwig, que induz a formação da raiz do dente.
• Na papila dentária, as células ectomesenquimais apresentam-se indiferenciadas na sua região central,
com finas fibrilas colágenas ocupando a matriz extracelular, junto aos componentes não colágenos. Além
disso, os capilares inicialmente encontrados no folículo dentário começam também a penetrar, durante esta
fase, a papila dentária, aparecendo em grande número entre as células.
O GERME DENTÁRIO SEPARA-SE DA LÂMINA DENTÁRIA E DO EPITÉLIO ORAL
• O folículo dentário torna-se mais evidente, pois passa a envolver o germe dentário por completo, inclusive
na extremidade oclusal. Nesta fase, a porção da lâmina dentária entre o órgão do esmalte e o epitélio bucal
desintegra-se. Além disso, em geral, o osso do processo alveolar em formação acaba rodeando
completamente o folículo dentário, constituindo a cripta óssea. O dente em desenvolvimento separa-se do
epitélio oral, porém grupos de células epiteliais da lâmina permanecem nos pertuitos ósseos, nesta região,
formando o gubernáculo ou canal gubernacular, que desempenhará importante papel na erupção.
A FORMAÇÃO DE DOBRAS NO EPITÉLIO INTERNO DETERMINA A FORMA DA COROA DO DENTE
• Na fase de campânula, verificam-se alguns fenômenos morfogenéticos que levam à determinação
da forma da coroa do futuro dente. Isso se deve à formação de dobras no epitélio interno do órgão
do esmalte nos locais em que as primeiras células cessam sua atividade mitótica, antes da diferenciação em
ameloblastos, e também ao fato de que a alça cervical permanece fixa. Como o restante das células do epitélio
interno continua se dividindo por mais algum tempo, o aparecimento de novas células resultantes das
sucessivas mitoses ocasiona uma força no epitélio interno em direção aos pontos nos quais não há mais
divisão. Mais tarde, quando a atividade mitótica das células vai terminando sequencialmente a partir
dos vértices das cúspides, em direção à alça cervical, as vertentes das cúspides vão se delineando,
estabelecendo, assim, a forma da futura coroa do dente. Além disso, nesta fase aparecem acúmulos
de células epiteliais na região correspondente ao estrato intermediário, nos futuros vértices das cúspides, formando o nó do esmalte, o qual
tem sido relacionado com o fenômeno de determinação da forma da coroa dos dentes.
A DENTINOGÊNSE INICIA-SE ANTES DA AMELOGÊNESE
• Após esses eventos, as células de epitélio interno localizadas nos vértices das cúspides, até
então, cilíndricas baixas com núcleo próximo à lâmina basal, tornam-se cilíndricas altas. O
seu núcleo passa a se localizar do lado oposto à papila dentária. Após esse fenômeno,
denominado inversão da polaridade, essas células se transformam em pré-ameloblastos.
Nesse momento, na papila dentária adjacente, as células ectomesênquimais da região
periférica, sob influência dos pré-ameloblastos, param de se dividir, aumentam de tamanho
e começam sua diferenciação em odontoblastos, passando a secretar a primeira camada de
matriz de dentina – a dentina do manto.
• Essa matriz dentária, cujo componente mais abundante é o colágeno tipo I, e contatos
entre odontoblastos e pré-ameloblastos, desencadeia a diferenciação final destes em
ameloblastos, os quais sintetizam e secretam a matriz orgânica do esmalte – que também
é, basicamente, proteica, porém de natureza não colágena.
A INDUÇÃO RECÍPROCA RESULTA NA DIFERENCIAÇÃO DE ODONTOBLASTOS E AMELOBLASTOS
• Em resumo, esses eventos começam nos locais correspondentes às futuras cúspides
do dente e progridem sequencialmente, descendo pelas vertentes das cúspides até a
região da alça cervical. A diferenciação dos odontoblastos é induzido, com participação
da lâmina basal, pelas células do epitélio interno do órgão do esmalte, que, após a
inversão da sua polaridade, denominam-se pré-ameloblastos. Em estágio posterior, com
a primeira camada de dentina, completa-se a diferenciação dos pré-ameloblastos que se
tornam, assim, ameloblastos. Diversos produtos, como fatores de crescimento, fatores
de transcrição, moléculas de adesão, integrinas e elementos da matriz extracelular,
participam das várias interações epitélio-mesênquima, que, juntas, constituem o fenômeno
conhecido como indução recíproca.
FASE DE COROA: A DENTINOGÊNESE E A AMELOGÊNESE OCORREM NA FASE DE COROA
• A fase de coroa é denominada também ‘’fase avançada de campânula’’ e corresponde à deposição de dentina e esmalte da coroa do futuro
dente, que progride desde os locais correspondentes às cúspides para a região cervical. Portanto, há uma diferenciação progressiva de
odontoblastos e ameloblastos – em um mesmo germe dentário, poderão ser observadas zonas
próximas à alça onde o epitélio interno ainda não sofreu inversão de polaridade e, em uma
região adjacente, mais próxima da cúspide, a presença de pré-ameloblastos e
pré-odontoblastos já se diferenciando em odontoblastos.
• A deposição de dentina caracteriza-se por ser de fora para dentro (centrípeta) e a
deposição de esmalte, de dentro para fora (centrífuga).
FASE DE RAIZ: PROLIFERAÇÃO CELULAR NA ALÇA CERVICAL ORIGINA O DIAFRAGMA
EPITELIAL E A BAINHA EPITELIAL DE HERTWIG
• Como já foi mencionado, durante a formação coronária do dente, é necessário que células epiteliais

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(do epitélio interno do órgão do esmalte) induzam as células ectomesênquimais (da papila dentária)
a se diferenciarem em odontoblastos. Uma vez que a porção radicular do dente também é constituída
por dentina, é preciso que células de origem epitelial deem início ao processo de diferenciação
dos odontoblastos. Ao final da fase de coroa, quando os eventos de diferenciação alcançam a
região da alça cervical, os epitélios interno e externo do órgão do esmalte que constituem a alça
proliferam em sentido apical para induzir a formação da raiz do dente. As células resultantes da
proliferação não se aprofundam verticalmente, talvez em razão do folículo dentário e do folículo
do osso da base da cripta que rodeiam a base do germe dentário. Por esse motivo, o epitélio
resultante da proliferação das duas camadas da alça cervical sofre uma dobra, constituindo o
diafragma epitelial. A partir deste momento, as células epiteliais continuam a proliferar,
originando outra estrutura: a bainha epitelial de Hertwig. Desse modo, as duas estruturas,
bainhas e diafragma epitelial, são contínuas e constituídas pelas mesmas células.
A FASE DE RAIZ OCORRE ENQUANTO O DENTE ERUPCIONA
• Como a continuação da proliferação da bainha coincide com o processo de erupção
dentária, enquanto vai sendo formada a raiz do dente, o germe dentário movimenta-se
em sentido coronário. Antigamente, acreditava-se que a proliferação da bainha da raiz
ocorria no sentido apical, com aprofundamento gradual em direção ao futuro ápice radicular.
OS RESTOS EPITELIAIS DE MALASSEZ ORIGINAM-SE DA FRAGMENTAÇÃO DA BAINHA DE HERTWIG
• Para a formação da dentina radicular, as células da camada interna da bainha de Hertwig induzem
as células ectomesênquimais da papila dentária a se diferenciarem em odontoblastos. As células da região da bainha
que exerceram a indução cessam sua proliferação, secretando, sobre a dentina radicular em formação, uma fina matriz cuja composição é
similar à matriz inicial do esmalte.
• Enquanto isso, os odontoblastos recém diferenciados formam dentina radicular, aumentando gradualmente o comprimento da raiz. Uma vez
que apenas as células da bainha localizadas imediatamente adjacentes ao diafragma epitelial continuam proliferando, enquanto as mais
afastadas, que já induziram a diferenciação dos odontoblastos, não mais se dividem, gera-se uma defasagem em relação ao crescimento da
raiz. A contínua formação de dentina e a parte da bainha que não acompanha esse crescimento são responsáveis por esse fato. Por essa razão,
apenas a porção mais apical da bainha continua em contato com a raiz. No restante da bainha, localizada mais cervicalmente, aparecem
espaços devido ao aumento da superfície da dentina radicular subjacente, fenômeno denominado ‘’fragmentação da bainha de Hertwig’’. O
contínuo crescimento da raiz provoca aumento progressivo dos espaços, que se aglutinam, reduzindo a bainha a cordões celulares. Com o
progresso dessa fragmentação, os cordões se rompem, constituindo grupos isolados de células, denominados restos epiteliais de Malassez.
Esses restos aparecem nos cortes histológicos como grupos de 3 a 6 células separadas da matriz extracelular do ligamento periodontal por
uma lâmina basal contínua. Essas células epiteliais têm poucas organelas. Refletindo seu aparente estado inativo.
O PERIODONTO DE INSERÇÃO É FORMADO DURANTE A FASE DE RAIZ
• A fase de raiz, e, portanto, o processo de odontogênese propriamente dito, é concluída com
a formação da dentina radicular, até o fechamento do ápice. Os tecidos que compõem o
periodonto de inserção são também formados durante a fase de raiz.
CEMENTO, LIGAMENTO PERIODONTAL E OSSO ALVEOLAR SÃO FORMADOS SIMULTANEAMENTE
• A fragmentação da bainha epitelial torna possível o contato do folículo dentário com a dentina radicular
em formação. Assim, após entrar em contato com a dentina, as células ectomesênquimais do folículo
diferenciam-se em cementoblastos, secretando a matriz orgânica do cemento. Simultaneamente, as
células do lado externo do folículo diferenciam-se em osteoblastos, formando o osso alveolar,
enquanto as da região central tornam-se principalmente fibroblastos e formam o ligamento
periodontal. Dessa maneira, as fibras colágenas do ligamento são formadas ao mesmo tempo do
colágeno que constitui a matriz do cemento e do osso alveolar, possibilitando que as extremidades das
fibras do ligamento, denominadas fibras de Sharpey, fiquem inseridas quando o cemento e o osso se mineralizam.
O EPITÉLIO REDUZIDO RECOBRE O ESMALTE ATÉ A ERUPÇÃO COMPLETAR
• Enquanto ocorre a fase de raiz e o dente erupciona, na coroa, aumenta o teor de mineral do esmalte durante sua maturação pré-eruptiva.
Então, o órgão do esmalte colapsa completamente, constituindo o epitélio reduzido do esmalte, recobrindo esse tecido até o aparecimento da
coroa na cavidade oral. Após a completa erupção do dente, o epitélio reduzido contribui para a formação do epitélio juncional da gengiva.
OS DENTES PERMANENTES QUE TÊM PREDECESSOR DECÍDUO DESENVOLVEM-SE A PARTIR DO BROTO DO PERMANENTE
• A sequência do desenvolvimento dos tecidos dentários anteriormente descrita é idêntica
para os dentes decíduos e permanentes. Os dentes permanentes que têm predecessor
decíduo desenvolvem-se a partir de uma proliferação epitelial em relação à face palatina ou
lingual do germe do decíduo, denominado broto do dente permanente, cuja formação
ocorre durante a fase de capuz do dente decíduo. Os molares permanentes, entretanto,
desenvolvem-se diretamente da lâmina dentária original, que se estende posteriormente.
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RIZOGÊNESE: é o processo de formação da raiz do dente.

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ORGÃO DENTÁRIO x GERME DENTÁRIO


Germe dentário é a estrutura embrionária da
onde se derivam o elemento dental e suas
estruturas de suporte. É o conjunto do órgão
dentário e papila dentária, rodeado pelo folículo
dentário.
Órgão dental é dividido em dente e periodonto.
• O dente pode ser dividido anatomicamente em
coroa e raiz ou, estruturalmente, por esmalte
dentário, dentina e polpa.
• O periodonto pode ser dividido em periodonto
de proteção (gengiva) e periodonto de fixação
(osso alveolar, ligamento periodontal e cemento).

ESMALTE
• O esmalte é a estrutura que recobre a coroa dos
dentes, sendo o tecido mais mineralizado do
organismo. Entretanto, diferentemente dos outros
tecidos calcificados e mesmo dos outros tecidos
dentários, o esmalte é formado por células
epiteliais. Ainda, é o único que mineralizado
completamente acelular, não mantendo relação
com as células que o formaram após a erupção do dente.
• A extrema dureza do esmalte se deve ao seu alto conteúdo inorgânico (97%), representado por cristais de fosfato de cálcio sob a forma de
hidroxiapatita, com quantidades de carbonato, sódio, magnésio, cloreto, potássio e flúor no meio. Possui 1% de material orgânico de natureza
proteica (escassos carboidratos e lipídios) e 2% de água. Essa composição é responsável pela dureza, mas também pela sua fácil fragmentação
(friável), necessitando da sustentação da dentina subjacente.
• A coloração varia de branco-acinzentado à branco-amarelado; é translúcido dado sua estrutura quase exclusivamente cristalina. É insolúvel
em soluções aquosas e solúvel em soluções ácidas.
DESENVOLVIMENTO (AMELOGÊNESE): a amelogênese compreende o processo de
formação do esmalte, sendo dividida em 5 fases.
• FASE MORFOGENÉTICA: corresponde ao início do estágio de campânula, quando nas
regiões dos vértices das futuras cúspides (ou borda incisal) do dente as células do epitélio
interno do órgão do esmalte param de se dividir, determinando que a forma da coroa do
dente seja estabelecida pela dobra desse epitélio. As células, que, até então, multiplicam-se
por sucessivas divisões, são cúbicas, com núcleo ovoide, grande e central ou próximo à
lâmina basal que as separa da papila dentária; o citoplasma tem numerosos ribossomos
livres, mitocôndrias dispersas e C. Golgi pouco desenvolvido.
• FASE DE DIFERENCIAÇÃO: após o período de divisão, as células do epitélio interno do órgão do esmalte
alongam-se, passando de cúbicas à cilíndricas. Aparecem ainda duas ou três camadas de células achatadas
entre o epitélio interno e o retículo estrelado, constituindo o estrato intermediário. Com o alongamento
das células do epitélio, ocorre a inversão da polaridade: núcleo próximo ao estrato e C. Golgi no sentido
inverso, próximo à papila dentária; desenvolvem-se, também, cisternas de RER e um citoesqueleto bem
desenvolvido. Nessa nova disposição das organelas e do núcleo, as células passam a se denominar
pré-ameloblastos e, estes, induzem a diferenciação das células da periferia da papila dentária. Enquanto
isso, o processo de diferenciação dos pré-ameloblastos continua gradualmente, com aumento da altura,
desenvolvimento do C. Golgi e RER, liberação de enzimas lisossomais pelo seu polo distal, degradando a lâmina
basal. Ainda, desenvolvem-se numerosos e curtos processos na superfície distal, que se projetam para a matriz de
dentina (dentina do manto começando a se mineralizar). Esses processos dos pré-ameloblastos formam contatos com
os processos dos odontoblastos e com vesículas da matriz. Entre os pré-ameloblastos, estabelecem-se junções intercelulares comunicantes,
desmossomos e junções oclusivas nos dois polos celulares, formando, desse modo, os complexos juncionais proximais e distais (controle da
passagem de substâncias). Após esses eventos, os pré-ameloblastos tornam-se ameloblastos diferenciados, prestes a secretar matriz de
esmalte.
• FASE SECRETORA: no início da fase, o órgão do esmalte é constituído de epitélio externo, retículo estrelado, estrato intermediário e
ameloblastos recém diferenciados nas regiões dos vértices das futuras cúspides. Entretanto, como a amelogênese começa nessas regiões e
progride em direção à alça cervical, existe um gradiente de ameloblastos, pré-ameloblastos e células indiferenciadas do epitélio interno.
Ainda, todos os componentes do órgão do esmalte ligam-se entre si pelas junções intercelulares comunicantes e desmossomos; todavia, entre
os ameloblastos recém diferenciados, as junções oclusivas dos complexos juncionais distais, já observadas entre pré-ameloblastos,
desenvolvem-se ainda mais, passando a constituir extensas fileiras. Desse modo, a formação do esmalte e, sobretudo, sua mineralização, são
reguladas exclusivamente pelos ameloblastos, em razão da resultante restrição da via intercelular.
- A fase secretora marca o início da amelogênese propriamente dita; os ameloblastos já têm todas características estruturais das células
sintetizadoras e secretoras de proteínas. O RER inicia a síntese de proteínas da matriz orgânica do esmalte, segue-se a condensação e
empacotamento no C. Golgi e, posteriormente, os grânulos de secreção migram para o polo distal, sendo liberados nos espaços intercelulares
e sobre a dentina do manto (que está consolidando sua mineralização).

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- A composição da matriz do esmalte é basicamente proteica (natureza não colágena), contendo


ainda carboidratos e lipídios. As proteínas envolvidas mais importantes são as amelogeninas
(mais abundantes e hidrofóbicas, ricas em prolina), ameloblastinas (glicoproteínas sulfatadas),
bem como as enamelinas e as tuftelinas (ambas fosfoproteínas glicosiladas acídicas).
- A mineralização inicial chega apenas até 15% do total da matriz recém-formada, sendo, portanto,
o esmalte jovem constituído principalmente por componentes orgânicos. Os primeiros cristais de
mineral, ou seja, de hidroxiapatita, são depositados em contato direto com a dentina do manto, que, neste estágio,
forma uma camada mineralizada contínua. Desse modo, forma-se uma primeira camada mais ou
menos homogênea de esmalte, com os cristais de mineral alinhados perpendiculares à dentina.
Acredita-se que sejam os cristais de fosfato de cálcio da dentina do manto os agentes responsáveis para
desencadear esse processo no esmalte, em associação com algum componente da matriz do esmalte.
- Como consequência da deposição da primeira camada de esmalte, os ameloblastos afastam-se
em direção ao estrato intermediário, desenvolvendo uma curta projeção cônica a partir do seu
citoplasma distal, o processo de Tomes. O aparecimento dessa nova estrutura no polo distal
inicia a segunda parte da fase secretora, em razão dessas projeções passarem a comandar a
orientação do esmalte em formação.
- Enquanto a camada de ameloblastos secreta ativamente e apresenta, no conjunto, sua porção distal com
aspecto serrilhado, em razão dos processos de Tomes, os outros componentes do órgão do esmalte
sofrem também modificações: células do estrato intermediário passam a exibir alta atividade da enzima
fosfatase alcalina enquanto o retículo estrelado perde parte de seu material intercelular. Como
consequência disso, a tonalidade do órgão do esmalte, na região correspondente à matriz em formação,
sofre colapso, tornando possível a aproximação entre a camada de ameloblastos e o folículo dentário,
de modo que o folículo passa a representar a única fonte de nutrição, pois a dentina calcificada impede a
passagem de nutrientes provenientes dos vasos sanguíneos da papila dentária. Ainda, nesse estágio, vasos
sanguíneos do folículo penetram na região do folículo estrelado pelas invaginações do epitélio externo.
- Após a formação dos processos de Tomes, os ameloblastos formam um esmalte
estruturalmente diferente, constituído pelo arranjo de cristais de mineral em unidades
denominadas prismas, devido à mudança na movimentação dos ameloblastos durante a
deposição da matriz e mineralização. É o esmalte prismático. Com o avançar da secreção,
os outros componentes do órgão do esmalte (estrato intermediário, retículo estrelado e
epitélio externo) completam seu colapso, passando a compor uma só estrutura
constituídas por duas ou trêscamadas de células pavimentosas, adjacente à camada
ameloblástica. Tais processos ocorrem, por morte celular programada – apoptose.
- Ao finalizar a fase secretora, o ameloblastos não mais apresentam o processo de
Tomes; antes disso, entretanto, mais algumas camadas podem ser ainda depositadas,
estabelecendo o esmalte aprismático superficial (o esmalte aprismático constitui também a primeira camada de esmalte a ser depositada).
• FASE DE MATURAÇÃO: é caracterizada por uma fase transicional e por uma fase de maturação propriamente dita – após a deposição da fina
camada de esmalte aprismático, antes do esmalte começar a se mineralizar, grande parte dos ameloblastos sofre apoptose e os restantes
reduzem sua altura e diminuem suas organelas relacionadas com a síntese e secreção, apresentando-se como células cilíndricas baixas com
superfície distal lisa ou com dobras. Além disso, o alto conteúdo de amelogeninas é reduzido nessa fase, já
que elas inibem o crescimento de cristais.
- A fase de maturação é a mais longa da amelogênese e nela se completa toda a mineralização restante
(97% mineralizado ao final). Consiste em um processo cíclico de mineralização denominado modulação
ameloblástica onde se alternam as terminações lisas e rugosas das células. Enquanto as lisas estão
envolvidas na remoção de elementos orgânicos e água, as rugosas participam no rápido bombeamento de
íons de cálcio e fosfato para a matriz, tornando possível também o rápido crescimento dos cristais de hidroxiapatita. Assim, ocorre um
processo cíclico de degradação da matriz orgânica, para depois formação de uma estrutura mineralizada.
• FASE DE PROTEÇÃO: uma vez completada a maturação do esmalte, os ameloblastos perdem a ondulação na superfície distal, a qual se torna
definitivamente lisa. A altura das células diminui ainda mais, tornando-se cúbicas, e elas secretam um material semelhante ao da lâmina basal,
que é depositado sobre o esmalte recém-formado. São formados também hemidesmossomos que ligam os ameloblastos a essa lâmina basal.
Estabelece-se assim, com a camada de ameloblastos protetores, o epitélio reduzido do esmalte, estrutura que reveste a coroa até sua
erupção na cavidade oral, separando-a do conjuntivo adjacente.
ESTRUTURA DO ESMALTE: o esmalte maduro tem a maior parte da sua espessura constituída por unidades estruturais em forma de barras,
denominadas primas. As zonas periféricas dessas barras, chamadas regiões interprismáticas, completam a estrutura cristalina do dente.
• Prismas: são barras ou colunas mais ou menos cilíndricas que se estendem desde a camada estreita de esmalte aprismático depositada em
contato com a dentina do manto até a superfície externa do esmalte (que pode ser recoberta em algumas regiões superficiais por outra
camada de esmalte aprismático). Os cristais de hidroxiapatita dispõem-se seguindo mais ou menos o eixo do prisma, mas a exata orientação
no sentido longitudinal só se mantém na região central do prisma; daí para a periferia, a orientação dos cristais
muda. Os prismas possuem uma estrutura semelhante a fechadura, sendo reconhecidos uma cabeça, uma
cauda e uma bainha (matriz orgânica – não tem cristais).
• Estrias ou linhas incrementais de Retzius: em cortes histológicos por desgaste, visualizam-se
linhas paralelas mais escuras que refletem os períodos de repouso na formação do esmalte,
indicando as leves mudanças de direção dos ameloblastos quando recomeçam a deposição da matriz
durante a formação dos prismas.

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• Estriações transversais: leves estriações observadas em algumas regiões


de esmalte desgastado, supõem-se que estão relacionadas ao ritmo
circadiano na produção do esmalte pelos ameloblastos.
• Esmalte nodoso: as leves curvaturas dos primas, que determinam seu
trajeto sinuoso, não interferem no arranjo nas superfícies laterais da coroa
nem nas vertentes das cúspides. Entretanto, na região dos vértices
das cúspides, alguns prismas entrecruzam-se irregularmente uns com os
outros desde a junção amelodentinária até a superfície externa do vértice
da cúspide, constituindo a região denominada de esmalte nodoso.
• Tufos: lembram tufos de grama; são finas e curtas fitas onduladas que se originam na junção amelodentinária, alcançando no
máximo um terço da espessura do esmalte – são regiões hipomineralizadas que contêm a proteína tufelina.
• Lamelas: são também áreas hipomineralizadas em forma de fita, porém, são mais longas, alcançando frequentemente a superfície externa
do dente. Ambos, tufos e lamelas, são possivelmente geradas nos momentos finais da maturação.
• Fusos: deposição de matriz inorgânica ao redor do prolongamento do odontoblasto que atinge o limite amelodentinário; são continuações
dos túbulos dentinários.
• Junção amelodentinária: é a superfície de contato entre o esmalte e a dentina subjacente, bastante ondulada.
COMPLEXO DENTINA-POLPA
A dentina é um tecido mineralizado de natureza conjuntiva que constitui a maior parte da estrutura do dente, sendo recoberta pelo esmalte,
na porção coronária, e pelo cemento, na porção radicular. Ela aloja em seu interior um tecido conjuntivo não mineralizado – a polpa dentária
– com o qual tem muitas características em comum referentes a origem e função, sendo os dois intimamente ligados e constituindo o
complexo dentina-polpa.
• A dentina é uma estrutura avascular que não apresenta células em seu interior. Apenas os prolongamentos dos odontoblastos estão dentro
de túbulos que percorrem desde a polpa até a junção amelodentinária. Além disso, a dentina apresenta algumas semelhanças com o tecido
ósseo, ainda que tenha maior dureza, dado seu conteúdo mineral maior que o do osso (70% na forma de hidroxiapatita, 18% de material
orgânico e 12% de água). Apresenta cor branco-amarelada, que é parcialmente observada desde o exterior em razão da translucidez do
esmalte. É mais radiopaco que o osso e menos que o esmalte.
• A polpa, por sua vez, é um tecido conjuntivo não mineralizado ricamente vascularizado e inervado, rodeado inteiramente pela dentina. Se
comunica com o ligamento periodontal, outro tecido conjuntivo, pelo forame apical e pelas foraminas acessórias.
DESENVOLVIMENTO (DENTINOGÊNESE): a dentinogênese compreende o processo de formação da dentina, no qual células da periferia da
papila dentária (polpa primitiva) diferenciam-se em odontoblastos, que são as células responsáveis pela formação da dentina.
• DIFERENCIAÇÃO DOS ODONTOBLASTOS: durante a fase de câmpanula, as células do epitélio interno do órgão do esmalte sofrem inversão
da polaridade, constituindo os pré-ameloblastos. Esses parecem ter uma influência na indução da diferenciação das células ectomesênquimais
(pequenas, de forma fusiforme, núcleo central em um citoplasma escasso com poucas organelas) em pré-odontoblastos, que param de se
dividir e aumentam de tamanho graças ao desenvolvimento de organelas de síntese e secreção de proteínas, diferenciando-se nos
odontoblastos. Tal indução é mediada pela lâmina basal da interface epitélio-ectomesênquima com a participação de fatores de crescimento,
integrinas e matriz celular. Assim, simultaneamente com a diferenciação, ocorre a polarização dos odontoblastos, que se alongam e o núcleo
permanece na extremidade oposta ao epitélio interno, constituindo o polo proximal. Também desenvolvem-se o RER, o C. Golgi, alinhando-se
paralelamente ao eixo da célula. No polo distal dos odontoblastos, formam-se vários processos curtos. Posteriormente, com a deposição da
matriz orgânica, que resulta no consequente afastamento dos odontoblastos em direção à papila dentária, e como o avanço da polarização,
forma-se um prolongamento único – prolongamento odontoblástico –, que contém ramificações próximas ao limite amelodentinário. A
diferenciação final e sua subsequente polarização resultam no aumento da síntese de colágeno tipo I e na supressão da síntese do colágeno
tipo III, além do aparecimento de junções comunicantes e oclusivas.
• FORMAÇÃO DA MATRIZ ORGÂNICA DA DENTINA: a matriz orgânica da dentina tem dois componentes: o fibrilar (fibrilas colágenas) e a
substância fundamental interfibrilar. As células responsáveis pela síntese e secreção dessa matriz são os odontoblastos recém-diferenciados
que assumem características estruturais típicas de uma célula sintetizadora e secretora.
• FORMAÇÃO DA DENTINA DO MANTO: o processo de formação da dentina do manto começa
com a secreção dos principais componentes da matriz orgânica (fibrilas colágenas). Simultaneamente
com a secreção delas, aparecem corpos arredondados rodeados de membrana de tamanhos
variáveis, denominados vesículas da matriz, que brotam dos odontoblastos, passando a
situar-se entre as fibrilas colágenas.
- Com o aparecimento dos primeiros componentes da matriz orgânica da dentina, os pré-ameloblastos
completam sua diferenciação, tornando-se ameloblastos – a observação de lisossomos na superfície
distal deles sugere que essas células, em conjunto com a atividade proteolítica dos odontoblastos,
é responsável pela desagregação e remoção da lâmina basal.
- Nessa etapa inicial, cada odontoblasto emite, em média, 2 a 3 processos curtos. Entretanto, quase
imediatamente, como resultado do aumento da deposição de matriz e do consequente deslocamento dos odontoblastos em sentido da papila,
tornam-se um prolongamento único, o qual se apresenta bi ou trifurcado na extremidade distal (prolongamento odontoblástico).
- Uma vez formada uma fina camada de matriz orgânica, inicia-se a deposição de mineral em seu anterior, sendo os primeiros cristais de
hidroxiapatita observados nas vesículas da matriz. Nestes primeiros momentos da mineralização da dentina do manto, não há deposição
mineral no restante da matriz orgânica. Após a mineralização da maioria das vesículas, observa-se grandes regiões eletrón-opacas
correspondente a matriz mineralizada, não sendo mais liberadas novas vesículas; tais regiões tem um centro mineralizado muito denso e, ao
redor dele, a matriz calcificada é menos densa. A continuação do processo leva ao estabelecimento de uma banda contínua de dentina
mineralizada, situada logo abaixo do esmalte; essa primeira camada constitui a dentina do manto e é produzida pelos odontoblastos em
diferenciação (odontoblastos do manto ou imaturos). Durante essa dentinogênese, começam a ser estruturadas junções intercelulares entre

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as regiões distais dos odontoblastos, especialmente do tipo oclusivo.


• FORMAÇÃO DA DENTINA CIRCUMPULPAR: posteriormente, os
odontoblastos alcançam sua completa diferenciação e polarização
(tornando-se odontoblastos circumpulpares ou maduros) e, enquanto se
deslocam centripetamente, continuam a síntese e secreção, depositando as
moléculas de matriz orgânica. Como a formação ocorre por aposição
centrípeta, a dentina do manto é externamente adjacente a uma nova
camada de matriz não mineralizada, chamada de pré-dentina, a qual, por
sua vez, constituirá, quando mineralizada, a primeira camada de dentina
circumpulpar. Enquanto esses eventos ocorrem, os odontoblastos possuem
um único processo, o qual vai se tornando rodeado pela dentina
mineralizada na sua extremidade mais distal e pela pré-dentina.
- Inicialmente, durante a calcificação da dentina, permanece um espaço em
volta do prolongamento odontoblástico; uma vez alcançada determina espessura, começa a ser secretada pelas extremidades distais dos
prolongamentos, uma fina matriz orgânica de composição distinta (quase desprovida de fibrilas colágenas), que se mineraliza rapidamente,
tornando-se mais densa e homogeneamente calcificada que a dentina inicialmente formada. Essa camada muito fina em volta dos
prolongamentos é denominada dentina peritubular e forma a parede do túbulo dentinário em toda sua extensão. O restante da dentina é
chamado de intertubular e representa a maior parte do tecido.
- A dentina circumpulpar forma-se por aposição enquanto odontoblastos recuam em direção à papila à medida que novas camadas de pré-
dentina são depositadas, deixando o prolongamento e suas numerosas ramificações rodeadas por dentina peritubular, porém, com uma
camada muito final de material não calcificado entre eles, o espaço periodontoblástico. Assim, a parede da dentina peritubular que aloja o
prolongamento e esse estreito espaço adotam a forma de um longo túnel, denominado, por isso, túbulo dentinário. Os númerosos canalículos
oriundos do túbulo contém as ramificações do prolongamento odontoblástico. Uma vez formada cerca de metade da espessura da dentina, o
prolongamento odontoblástico começa a se retrair enquanto continua a deposição de nova pré-dentina. Com isso, as extremidades distais dos
túbulos vão tornando-se ‘’vazias’’, porém preenchidas pelo fluido dentinário, muito semelhante ao
líquido intersticial do restante do organismo.
- Como a mineralização da dentina do manto se inicia nas vesículas da matriz, a partir das quais a
mineralização progride para as fibrilas colágenas e para os espaços intefibrilares localizados em sua
volta, formam-se glóbulos de calcificação. A união desses glóbulos resulta no aparecimento de
pequenas regiões hipomineralizadas que constituem a dentina interglobular. Todavia,
após a formação de várias camadas de dentina circumpulpar, o processo de mineralização
torna-se mais regular, sendo menos evidentes as regiões interglobulares. Entretanto, a da dentina
continua a seguir um padrão globular, porém, a partir de glóbulos muito menores que se coalescem.
• FORMAÇÃO DA DENTINA RADICULAR: o início da odontogênese radicular marca o início da fase de
raiz da odontogênese. Do mesmo modo que na região coronária, em que eram necessárias as células
epitélio interno para induzirem a diferenciação dos odontoblastos, na porção radicular são também
elas que desempenham esse papel, porém, provenientes, desta vez, da bainha epitelial de Hetwig. Contudo, como não se forma esmalte
sobre a dentina radicular, as células epitelias não se diferenciam em ameloblastos; pouco tempo depois, ocorre a fragmentação da bainha,
constituindo-se os restos epiteliais de Malassez.
- A dentinogênese radicular ocorre com apenas algumas diferenças: as fibrilas colágenas mais grossas da primeira camada dispõem-se
paralelas, porém não justapostas à lâmina basal, isto é, paralelas ao eixo da raiz; os odontoblastos apresentam seus prolongamentos mais
ramificados na sua extremidade distal, próximos ao limite com o cemento. Além disso, os corpos dos odontoblastos são menos alongados que
nos da coroa, sendo, portanto, células cúbicas, em vez de cilíndricas.
• DESENVOLVIMENTO DA POLPA: a polpa deriva da papila dentária, tendo, portanto, origem ectomesênquimal. As mudanças na papila
começam na fase de campânula quando as células ectomesêquimais da sua periferia diferenciam-se em odontoblastos. O restante da papila é
constituído por células indiferenciadas, fusiformes ou estreladas, com numerosos prolongamentos citoplasmáticos e quase desprovidas de
organelas, com uma abundante matriz extracelular com escassas e finas fibrilas colágenas e grande quantidade de substância fundamental.
- No início da fase de coroa, é evidente a vascularização da papila graças à penetração de ramos da artéria alveolar, os quais chegam até a
periferia na camada de odontoblastos secretores. As primeiras fibras nervosas na papila aparecem, entretanto, mais tarde, quando a fase de
coroa está de fato estabelecida. Com o avançar da dentinogênese, o volume da papila diminui em razão da deposição centrípeta de dentina. A
transformação da papila em polpa dentária ocorre com a diminuição da concentração de células ectomesênquimais, o aparecimento de
fibroblastos e o aumento gradual das fibrilas colágenas na matriz extracelular. O colágeno começa a distribuir-se de maneira diferente entre as
regiões coronária e radicular da polpa recém formada. A transformação se completa, portanto, durante os estágios avançados da erupção
dentária, já no aparecimento do dente na cavidade oral.
ESTRUTURAS: • DENTINA PRIMÁRIA: é a dentina formada até o fechamento do ápice radicular que, compreende, portanto a dentina do
manto e a dentina circumpulpar.
- Dentina do manto: as fibrilas são grossas e dispõem-se à princípio, perpendicularmente à lâmina basal, isto é, a futura junção
amelodentinária, enquanto na dentina circumpulpar são finas e seguem uma orientação paralela a esse limite. O grau de mineralização da
dentina do manto é um pouco menor também.
- Dentina circumpulpar: formada por estruturas tubulares que seguem um trajeto sinuoso em toda espessura da dentina, por onde passam os
prolongamentos dos odontoblastos. Esses túbulos, denominados túbulos dentinários, são delimitados por uma dentina bastante mineralizada
(a dentina peritubular). Por entre os túbulos dentinários, localiza-se uma dentina menos mineralizada (dentina intertubular). Os túbulos
podem se comunicar entre si por intermédio de canalículos (canalículos dentinários), os quais podem inclusive conter partes dos
prolongamentos do odontoblastos.
- Linhas incrementais: a formação da matriz orgânica de dentina e sua mineralização seguem um padrão rítmico: longas fases de formação da

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dentina seguidas de curtos períodos de repouso, o que determina a formação de linhas incrementais ao
longo eixo dos túbulos dentinários (corresponde às linhas de Retzius no esmalte).
- Camada granulosa de Tomes: camada de aspecto granular observada na região mais periférica da dentina
na porção radicular dos dentes. Esses ‘’grânulos’’ representam pequenos espaços nas lamelas desgastadas
que aparecem escuros no microscópio de luz. Tais espaços ocorrem durante a formação da camada mais
externa da dentina radicular, quando os prolongamentos odontoblásticos ramificam-se excessivamente,
adotando a forma de alças ao redor dos quais é formada a dentina propriamente dita.
• DENTINA SECUNDÁRIA: é semelhante à dentina primária (dentina circumpulpar), sendo depositada durante
a vida do indivíduo (tanto nos dentes decíduos quanto nos permanentes), para repor tecidos dentinários
antigos e aumentar a camada de dentina. Por esse motivo, é também denominada de dentina fisiológica.
• DENTINA TERCIÁRIA: frente a diversos fatores, como atrição e cárie, é possível verificar a formação de outra
camada de dentina terciária do tipo reacional, que constitui uma tentativa dos odontoblastos em formar uma
barreira, restabelecendo a espessura de dentina e, tornando-se assim, mais afastados dos fatores que
representam agressão. Essa dentina reacional é irregular, não tendo, portanto, a estrutura tubular ordenada das
dentinas 1ª e 2ª. Ainda, há a dentina terciária do tipo reparativa, que é formada por células indiferenciadas da
polpa, originando-se, na maioria das vezes, um tecido semelhante ao osso primário (também denominada
dentina osteoide). Sua função é promover o reparo do tecido dentinário quando este sofre algum tipo de agressão e posterior destruição.
• PRÉ-DENTINA: camada de matriz não mineralizada que separa a dentina calcificada dos corpos celulares dos odontoblastos, evitando o
contato da parte mineralizada com a polpa, que poderia reabsorvê-la se houvesse o contato. É constituída de fibrilas colágenas e maior
quantidade de proteoglicanos/glicosaminoglicanos que a dentina mineralizada.
• POLPA DENTÁRIA: tecido conjuntivo frouxo com duas camadas periféricas: camada de odontoblastos e região subodontoblástica.
- Odontoblastos: dispõem-se em paliçada, constituindo uma só camada de células colada à pré-dentina, contornando a periferia da polpa
dentária e estabelecendo numerosos contato pelas junções intercelulares, de modo a compartimentalizar a dentina em relação à polpa.
- Região subodontoblástica: encontra-se logo abaixo da camada de odontoblastos e difere-se em duas zonas: pobre e rica em células.
Zona pobre em células: a mais periférica, é atravessada por numerosos prolongamentos das células subjacentes, estabelecendo contato entre
eles e com as superfícies basais dos odontoblastos. Apresenta numerosos vasos sanguíneos, que constituem o plexo capilar, cujas ramificações
penetram até a camada odontoblástica. A zona é também atravessada por fibras nervosas que se dirigem para os odontoblastos, podendo
alcançar a pré-dentina e a parte inicial dos túbulos dentinários.
Zona rica em células: subjacente, essa zona é constituída pelos corpos das células que emitem
seus prolongamentos para a zona acelular. Essas células têm, em maioria, forma bipolar,
apresentando também prolongamentos que se dirigem para a região central da polpa. Embora
algumas dessas células sejam fibroblastos (quase todas em estado de repouso), a maioria são
células indiferenciadas.
- Região central da polpa: as células mais abundantes são os fibroblastos em diversos estados
funcionais com seu aspecto fusiforme, núcleo central ovoide e longos prolongamentos, além de
citoplasma com organelas de síntese e secreção de proteínas, refletindo sua capacidade de
renovar os elementos da matriz extracelular, principalmente o colágeno. É encontrado também
células indiferenciadas, macrófagos e linfócitos, etc. A matriz extracelular é constituída por
elementos fibrosos (colágeno mais abundante) e substância fundamental.
INERVAÇÃO DO DENTE E SENSIBILIDADE DENTINOPULPAR: nervos que contém fibras sensoriais
provenientes do nervo trigêmeo e ramos simpáticos do gânglio cervical superior penetram pelo forame apical e pelos forames acessórios
como grandes feixes. Esses feixes, constituídos por axônios mielínicos e não mielínicos atravessam a polpa do canal radicular, chegando, assim,
até a câmara pulpar, onde ramificam-se em direção à periferia. A maioria termina no plexo subodontoblástico, alguns chegam a atravessar a
camada de odontoblastos e poucos chegam até os túbulos dentinários.
• Qualquer estímulo no complexo dentina-polpa (bacteriano, térmico, mecânico ou químico) é sempre traduzido em dor, além de que regiões
diferentes da dentina têm graus de sensibilidades diferentes. A maior sensibilidade dolorosa se dá tanto na dentina superficial, próxima à
junção amelodentinária, quanto na dentina profunda, próxima à polpa.
SUPRIMENTO VASCULAR DA POLPA: artérias de pequeno calibre provenientes das artérias alveolares superior e inferior penetram na polpa
pelo forame apical e dos forames acessórios. Atravessam longitudinalmente o canal radicular em direção à câmara pulpar, enviando pequenos
ramos colaterais que chegam até a região subodontoblástica em que se ramificam intensamente, constituindo um plexo vascular. Capilares
muito finos atravessam a zona pobre em células chegando até a camada odontoblástica, na qual formam alças entre os odontoblastos. Uma
vez que o dente completa sua formação, a quantidade de alças capilares nos odontoblastos secretores diminui.
• Ocorrem numerosas anastomoses (redes de canais que se bifurcam e recombinam em vários pontos) arteriovenosas na polpa coronária,
sendo que o retorno venoso segue o mesmo percurso da porção arterial. Vasos linfáticos são também observados, originando-se na polpa
coronária e dirigindo-se ao forame apical.
PERIODONTO
O periodonto é constituído pelas estruturas que participam na sustentação dos dentes na maxila e na mandíbula, podendo ser dividido em
duas partes: a primeira, constituída pelo cemento, ligamento periodontal e osso alveolar (responsáveis pela ancoragem do dente no alvéolo,
formando, portanto, o periodonto de sustentação) e a segunda, pela gengiva (recobre a crista do processso alveolar e estabelece
continuidade do epitélio da mucosa oral com o colo do dente pelo epitélio juncional, sendo chamada de periodonto marginal ou de proteção.
PERIODONTO DE INSERÇÃO OU DE SUSTENTAÇÃO: cemento, ligamento periodontal e osso alveolar constituem uma unidade estrutural e
funcional entre o dente e o alvéolo; possuem a mesma origem ectomesenquimal do folículo e dependem da formação da dentina radicular e
da bainha epitelial de Hertwig. Feixes de fibras colágenas do ligamento se inserem no cemento e no osso alveolar, formando as fibras de
Sharpey.

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CEMENTO: é um tecido conjuntivo mineralizado que recobre a dentina radicular, tendo como principal função a inserção das
fibras do ligamento periodontal na raiz do dente. Desenvolve-se a partir do folículo dentário, uma estrutura que não faz parte
do germe dentário propriamente dito. Por ser depositado sobre a raiz, uma vez mineralizado, adere firmemente.
• É muito semelhante ao tecido ósseo, com 60% de mineral, matriz orgânica constituída principalmente por colágeno
do tipo I e por proteínas não colágenas (osteopontina, sialoproteína óssea); suas células, cementoblastos e
cementócitos são similares aos osteoblastos e ostéocitos respectivamente. Em contraste, a matriz orgânica do
cemento contêm a proteína de adesão cementária e pequenas quantidades de fibronectina, esta última, associada a
algumas das fibras colágenas do ligamento periodontal inseridas no cemento. É um tecido avascular que depende do
ligamento para se nutrir por difusão. Ele não sofre remodelação normalmente, embora seja passível de reabsorção e
neoformação com uma intensidade muito menor.
• Desenvolvimento: o processo de formação do cemento, denominado cementogênese, coincide com o início da
formação radicular do dente. Antes de sua formação, ocorre a deposição de uma fina camada mista, denominada camada
hialina, de material oriundo de células da bainha epitelial de Hertwig e do ectomesênquima do folículo dentário. A
diferenciação das células ectomesênquimais da papila em odontoblasto é induzida pelas células da bainha, possivelmente pela secreção de
amelogeninas. Durante a formação da dentina do manto radicular, as células da bainha preservam sua membrana basal, ao contrário do que
ocorre com as epiteliais na coroa. A membrana basal permanece até que as células da bainha comecem a se separar e, nesse estágio, as
células ectomesênquimais do folículo entram em contato com a raiz em formação, pelos espaços que aparecem entre as células epiteliais da
bainha. Desse modo, as primeiras fibrilas colágenas se inserem na região da membrana basal, a qual começa a se mineralizar, estabelecendo a
camada hialina. As células ectomesênquimais diferenciam-se em cementoblastos e fibroblastos, exibindo organelas de síntese e secreção
desenvolvidas. Imediatamente após a sua diferenciação, tais células produzem a matriz orgânica do cemento, constituída principalmente por
fibrilas e outras moléculas. A mineralização do cemento ocorre pela deposição do fosfato de cálcio na forma de hidroxiapatita, à semelhança
do tecido ósseo e da dentina, porém, sem vesículas da matriz.
- Os três componentes do periodonto de inserção são formados simultaneamente, de modo que no início da cementogênese, inicia-se
também a formação das fibras do ligamento periodontal e do osso alveolar do lado externo do folículo. Interações das células
ectomesênquimais por meio de receptores de membrana (integrinas) com moléculas da matriz extracelular são as responsáveis pelo
desencadeamento da diferenciação para a formação simultânea das células dos três componentes. Por essa razão, fibroblastos diferenciados
de células do folículo depositam fibrilas, que se arranjam de maneira oblíqua em relação à superfície da dentina radicular – essas fibrilas
formam a maior parte do cemento das regiões da raiz próximas do colo do dente e, como não foram originadas dos cementoblastos, são
denominadas fibras extrínsecas ao cemento. Com a deposição do cemento sobre toda superfície radicular, as células da bainha em
fragmentação aparecem afastadas da dentina como grupos celulares (restos epiteliais de Malassez), que são observados no ligamento
periodontal, afastados do cemento, porém mais próximos que do osso alveolar.
- Durante os eventos inicias de formação dos componentes do periodonto, ocorre morte celular programada tanto nas células epiteliais
quanto nas ectomesênquimais. A formação do cemento ocorre por aposição, sendo que, durante a formação das primeiras camadas, na altura
do futuro terço cervical da raiz, tanto os fibroblastos que formam os feixes de fibras colágenas extrínsecas quanto os cementoblastos recuam
ao secretarem essa matriz, não sendo aprisionados por ela. Por esse motivo, o cemento dessa região é denominado acelular.
- Quando a formação da dentina radicular alcança, aproximadamente, a metade da raiz, os cementoblastos recém diferenciados passam a
secretar maior quantidade de matriz orgânica que nas regiões cervicais, nas quais a secreção dessas células é mínima. Além disso, nessa fase, o
dente encontra-se em processo de erupção, propiciando a mais rápida secreção de matriz. Durante esse processo, cementoblastos ficam
aprisionados na matriz, tornando-se cementócitos. Esse padrão de formação do cemento nos terços médio e apical da raiz, denominado
cemento celular, resulta em uma matriz contendo fibras mistas, isto é, fibras extrínsecas dos fibroblastos do ligamento periodontal e fibras
intrínsecas dos próprios cementoblastos.
• Estrutura: Cemento acelular (de fibras extrínsecas) – ou primário, encontra-se no terço cervical de todos os dentes, tem matriz bastante
fibrosa, constituída por grossos feixes de fibras colágenas produzidas pelos fibroblastos do ligamento periodontal.
Cemento celular (de fibras mistas) – encontra-se a partir do terço médio da raiz e nas áreas de furcação dos dentes bi ou trirradiculares, é
composto de fibras mistas produzidas pelos fibroblastos do ligamento e pelos cementoblastos e tem maior espessura que o tipo acelular.
Ainda, possui lacunas contendo cementócitos e numerosos canalículos percorridos pelos prolongamentos dessas células. Além disso, possui
uma mineralização incompleta das fibras de Sharpey.
Cemento celular (de fibras intrínsecas) – ou secundário, não se forma durante o desenvolvimento do dente. É originado e depositado durante
a vida, em casos de reparação, geralmente após reabsorção cementária ou na compensação dos desgaste oclusionais funcionais.
• Células: Cementoblastos – sintetizam a matriz orgânica de natureza intrínseca do cemento. Possuem abundantes organelas relacionadas à
síntese de fibras colágenas do tipo I. No dente formado, ficam justapostos ao cementoide, porém, em estado de repouso, apresentando forma
achatada e quantidade reduzida de organelas, sendo que podem voltar à atividade a qualquer momento.
Cementócitos – são os cementoblastos que ficaram aprisionados na matriz do cemento durante sua formação; possuem numerosos
prolongamentos que estabelecem comunicações com os das células adjacentes pelos canalículos; possuem baixa atividade metabólica e
nutrição dependente da difusão de nutrientes essenciais a partir dos vasos sanguíneos do ligamento periodontal (prolongamentos se dirigem
para a superfície externa do cemento).
Cementoclastos – semelhantes aos osteoclastos.
• Limite amelocementário: limite do cemento com o
esmalte determina a separação entre coroa e raiz do
dente. Podem se encostar borda a borda (30% dos casos),
o cemento pode recobrir parte do esmalte (60%) ou
podem não se encontrar, deixando uma faixa exposta de
dentina radicular (10%).

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